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mutilação DENTáRIA

>> cirurgiã dentista chama atenção para riscos associados à ausência de dentes, cita principais causas do problema e tratamentos mais indicados.

Apesar de constantes campanhas educativas sobre a importância do cuidado com a higiene bucal, a perda de dentes é um problema comum no Brasil, como explica a cirurgiã dentista, Amanda Medeiros. Especialista em Saúde da Família e Comunidade, e também Odontopediatria, a profissional lamenta o fato de ser comum receber no consultório pessoas de diferentes idades com ausência de dentes.

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“Infelizmente, sim, da criança ao idoso. Nossa sociedade ainda tem a mutilação dentária como algo normal e natural, e isso começa a entrar na mente das pessoas ainda na infância. Por vezes recebo no consultório crianças que chegam com dores nos dentes de leite, em virtude da má higienização, onde esses dentes só seriam perdidos cerca de 2 ou 3 anos pra frente. Mesmo sabendo dos prejuízos causados pela perda precoce desses elementos e diante de opções mais conservadoras, como o tratamento de canal, é muito comum os pais optarem pelo tratamento mais radical, ou seja, a extração, uma vez que a saúde bucal naquele momento não é uma prioridade, e sim apenas a remoção da dor. Isso acaba refletindo diretamente na dentição permanente, pois aquela criança tornase um adulto com os mesmos hábitos ruins de higiene, e quando acometido pelas dores provocadas pelas lesões de cárie, chegam ao consultório com o mesmo pensamento mutilador, já que ela cresceu vendo o seu ciclo de convivência fazer isso, então ela apenas repete o padrão, achando natural perder os dentes ao longo da vida”, comenta.

Segundo a dentista, entre as principais causas da Mutilação Dentária, a má higienização é sem dúvida a maior, já que a doença cárie irá se instalar, provocar a desmineralização do elemento, o que acarretará em dor, levando muitos pacientes a removerem o dente acometido. No entanto, Amanda Medeiros afirma que doen-

12 DOMINGO, 16 de julho de 2023 ças como diabetes, por exemplo, quando descompensada, podem favorecer a instalação de quadros infecciosos como a periodontite, fazendo com que o osso que sustenta o dente seja perdido pela ação dos micro-organismos, o que fará o dente amolecer e ser perdido.

A profissional diz ainda que traumas também são fatores de causa de perda dentária, principalmente quando ocorrem fraturas muito extensas e até mesmo avulsão total do elemento. “Problemas genéticos também estão associados à ausência de dentes na boca, desde a agenesia (a não formação de determinados dentes), até a amelogênese e dentinogênese imperfeita (condição que faz o dente erupcionar com suas estruturas mais fragilizadas e, consequentemente, mais susceptíveis à destruição e posterior perda). Esses últimos podem ou não estar associados a alguma síndrome”, complementa.

A cirurgiã dentista cita os principais riscos provocados pela ausência de dentes. Ela afirma que quando perdemos um ou mais dentes, uma série de eventos pode acontecer, pois os nossos dentes sempre tendem a tocar lateralmente em seus vizinhos e quando fechamos a boca, em seu antagonista. “Quando um dente sai e fica aquele espaço vazio, a tendência é que eles se movimentem pra ocupar aquele espaço, porém como é um espaço muito grande e eles não vão conseguir se tocar, o que vai acontecer é que a mordida vai ficar desorganizada, trazendo prejuízos à mastigação. A depender da quantidade de dentes perdidos, pode haver ainda alterações na musculatura da face, o que pode ocasionar, associado a outros fatores, um quadro de disfunção têmporo mandibular - DTM. Quando um dente é perdido, também ocorre a reabsorção óssea, já que o osso ali presente não terá mais função de sustentação; com isso, à medida que o osso vai sendo perdido, parte do osso de sustentação do dente vizinho pode ir embora também e causar um pouco de exposição da raiz do dente que ali permaneceu. Outro prejuízo é a sobrecarga dos dentes vizinhos ao que foi perdido, já que a distribuição de força mastigatória não vai ser mais a mesma, o que pode causar lesões de abfração, que é quando o dente quebra na região mais próxima à gengiva, causando sensibilidade e desconforto”.

E a perda de um ou mais dentes pode gerar problemas na mastigação, e estéticos, além de outras complicações, como problemas na fonética, já que nossos dentes também têm um papel importante na articulação das palavras.

A reabsorção óssea é outro problema que também pode ser provocado pela perda de dentes. “O osso da nossa maxila e mandíbula tem uma porção que sustenta os dentes pela raiz. Quando um dente é perdido, o organismo entende que não é mais necessário que esse osso esteja ali, pois não existe mais dente para ser sustentado, com isso ele vai diminuindo em altura e largura, até que a região fica mais baixa e plana quando comparada com outras re - giões. Infelizmente, depois da perda, não tem como prevenir esse fenômeno, mesmo que a reabilitação seja imediata, pois se não há dente, não é necessário que o osso permaneça”.

No caso da perda de um ou mais dentes a dentista Amanda Medeiros, que atende no Consultório Dentini Odontologia, no Medical Center, afirma que existe uma ampla variedade de tratamento, no entanto, a escolha dependerá de cada caso.

“Hoje nós dispomos dos implantes que são excelentes formas de reabilitar a perda de um ou de todos os elementos. Temos ainda as pontes fixas, que são dentes repostos a partir da sustentação de seus vizinhos. Além desses temos as próteses removíveis, podendo ser total, quando se perde todos os dentes, ou parcial, quando ainda há elementos na boca”, conta.

Em caso de dúvidas, sobre este ou outro temas, a dentista e odontopediatra Amanda Medeiros está no Instagram (amandamedeirosp_).

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