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Humor particular

P – Cada episódio do “Do Que Riem?” mira um tipo específico de audiência. É uma tática para criar um diferencial?

Maurício Meirelles é um apaixonado por stand up comedy. Com microfone na mão, muitas ideias na cabeça e grande habilidade de se renovar, ele viaja o país com espetáculos de grande apelo popular, mas vai modificando a apresentação de acordo com a plateia ou a região em que se apresenta. É esse lado mais vivo e mutante do humor que o deixa empolgado com o posto de apresentador do “Do Que Riem?”, novo humorístico do Comedy Central e do Paramount+. A produção mostra os humoristas Jhordan Matheus e Babu Carreira em uma competição que tem como objetivo arrancar mais gargalhadas de plateias formadas inteiramente por grupos específicos, como: médicos, fisicultores, cabeleireiras e seguranças, entre outros. “Como apresentador, em vez de trazer textos, tive a possibilidade de tirar informações preciosas do público. A partir disso, Babu e Jhordan criaram suas piadas baseadas nestes universos. O resultado é surpreendente, pois cada plateia reage de um jeito. O humor chega nas pessoas de forma muito peculiar”, avalia.

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Natural do Rio de Janeiro, Maurício estreou na tevê como redator e repórter do extinto “Legendários”, da Record, em 2010. No ano seguinte, transferiu-se para a Band e tornou-se mais conhecido do público ao integrar o “CQC – Custe o Que Custar”, onde ficou até o final do programa, em 2015. Com passagens também pela Globo, Netflix e, mais recentemente, pela Rede TV!, ele ainda mantém uma frutífera carreira no cinema e no teatro. “Sou do tipo que se entrega ao trabalho e um convite foi puxando outro. Tenho orgulho da carreira que estou construindo. Não quero mudar o mundo, quero apenas fazer as pessoas rirem e me divertir ao longo deste processo também”, ressalta.

P – Você já se envolveu com diversos formatos de programas de tevê. Qual o lugar do “Do Que Riem?” na sua trajetória?

R – O grande barato desse programa é ser de stand up, que é a origem do meu humor. Já fiz talk-show, trabalhei em produções coletivas como o “Pâni- co” e o “CQC”, mas é a primeira vez que faço uma produção televisiva baseada nesse formato que amo muito e que carece de mais espaço na televisão.

P – Essa é a visão de um apaixonado por essa vertente do humor ou você acha que existe público carente deste tipo de produção?

R – As duas coisas (risos). A adaptação para a tevê não é fácil, o vídeo exige mais recursos técnicos para chamar a atenção e fidelizar o público. Mas o stand up é um formato que explode na internet, com muita visualização e muitos comediantes talentosos. As empresas de streaming, por exemplo, que estão mais próximas desse público que gosta de consumir entretenimento sob demanda, têm seus especiais de comédia.

R – Sim, mas também para criar identificação com o público e não ficar repetitivo. A competição quer arrancar gargalhadas de plateias segmentadas. Então, temos episódios dedicados aos profissionais da medicina, avós, galera da academia, cantores sertanejos, garçons. É muito divertido ver esse público rindo de si mesmo, sem se levar tão a sério.

P – Existe algum cuidado com o roteiro no sentido de evitar polêmicas que pudessem estragar o clima das gravações?

R – Não especificamente. O comediante não pode trabalhar com medo. É claro que ele tem de ter consciência do que vai falar, mas o medo trava. A comédia, por ser uma arte controversa, acaba caindo em várias bolhas diferentes. Não quero ser censurado e longe de mim censurar os colegas, mas é bom ter em mente que algumas pessoas vão reagir negativamente ao que você faz. Isso faz parte do jogo.

P – Existe algum tema que você evite ou até mesmo faça uma autocensura?

R – Tenho minhas particularidades. A morte é um assunto complexo para mim. Morreu alguém? Não vou mexer nisso pois é muito provável que alguém esteja de luto. Não quero ferir essas pessoas. A gente sabe que a piada pode pesar muito para quem ouve em momentos específicos. Existem outros temas bem sensíveis na sociedade, mas morte é o que eu realmente não gosto de abordar.

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