2 OPINIÃO
sexta-FEIRA, 9 de julho de 2021
ESPAÇO JORNALISTA MARTINS DE VASCONCELOS
Organização: clauder arcanjo
MEDOS RECORRENTES Vanda Maria Jacinto
Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa v.m.j@hotmail.com
Nesses tempos de pandemia, quando o isolamento social e os cuidados extremos com a higienização de tudo tem perturbado o juízo de muitos, a sua convivência com o medo vinha sendo uma constante. Embora já muito cedo acordada, estava um pouco mais calma, conseguia refletir melhor sobre muitas coisas passadas nos últimos dias, mas, reconhecia, que, de tudo o que passara até aquele dia, nada se igualava ao medo sentido na famigerada tarde de sexta-feira, no finzinho do mês de maio. O dia começara dentro da normalidade, no entanto ela, mais do que ninguém, sabia das atividades que teria que dar conta naquela manhã. Os seus compromissos eram todos relativos à saúde – consultas e exames seus e do esposo. Entre os momentos de espera de um exame a outro, ou de mudança de clínicas, o tempo passou tão rápido que, quando perceberam, já estavam no fim da jornada médica. Aquele era o último exame do dia. Quase onze horas! Assim que ele despontou no corredor, foi logo se levantando. A pressa em chegar em casa para um bom descanso era fator primordial. Trocou conversas soltas com o esposo e, já no carro, lembrouse de que teriam que almoçar fora. Não havia deixado nada pronto em casa. Sem delongas, optaram por passar logo num restaurante próximo a sua casa, e lá se foram. Lógico que era um restaurante self-service – o tempo, sempre o tempo, alvoroçando
Caminhando lado a lado com ele na praia, apreciando a imensidão do mar, ao tempo em que procura uma conchinha diferente, sente as lágrimas chegarem devagarinho…
a sua vida. Sem contar com a fome… há muito passara das dez horas – novo horário de almoço. Já no restaurante, higienizou as mãos e passou a montar o seu prato. Ao se aproximar da mesa, a garçonete falou qualquer coisa a respeito da água. Despreocupada, apenas confirmou o pedido. Durante a refeição, percebeu a dificuldade dele ao trinchar o churrasco, mas pensou que fosse algum nervo ou mesmo algum pedaço mais duro da carne. Pagou as despesas e foram embora. Até aí, tudo parecia normal. Mal entraram no apartamento, ele foi direto para o banho. Ao sair ela percebeu uma certa confusão mental nele, ao ser questionado por algo. Ficou perturbada, mas na sequência ele foi dormir. Quando acordou, ele estava totalmente areado. Foi luta para conseguir dizer que não sabia onde havia
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colocado os óculos. Muito preocupada, ficou atenta a todos os movimentos dele. Estava quieto. Sonolento, procurou de novo a cama. Atenta a todos os movimentos do parceiro, percebeu que, tirando o fato de não estar olhando o celular e nem assistindo a filmes antigos, tudo voltara ao normal. Na semana seguinte, a viasacra nos consultórios continuou, com base nos últimos acontecimentos. Novos exames foram providenciados, mas, um a um, os resultados foram deixando a todos, mais calmos e confiantes. Dentro de uma normalidade quase plena – haja vista ainda ter que passar em outro especialista, bem como mostrar alguns laudos médicos, o medo, aos poucos, foi amenizado, mas a reflexão sobre a aflição passada f icou como lição aprendida. Caminhando lado a lado
com ele na praia, apreciando a imensidão do mar, ao tempo em que procura uma conchinha diferente, sente as lágrimas chegarem devagarinho… o seu coração é pura gratidão pela recuperação dele. Quanta alegria ao saber que de novo o seu companheiro partilha consigo o caminhar dos dias. Com a certeza da proteção divina, os planos anteriores serão revitalizados e muitos outros serão planejados! Mesmo consciente de que o passado e o futuro são construídos no presente, o medo recorrente a cada situação desconhecida sempre assusta, comprometendo o gráfico da história na linha do tempo. No entanto os dias são sequentes, em cada esquina uma nova oportunidade; e nada mais interessante do que fazer de cada um, o mais importante e feliz! Em cada inspiração, a certeza da grandeza divina.
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