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Sábado, 19 de setembro de 2015
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# indicadores )) DÓLAR )) EURO
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)) POUPANÇA ))
0,7207 % 0,2196 %
)) SELIC )) OURO
14,25% Carlos Junior
# A cidade Pescadores Dois pescadores buscam o sustento de suas famílias no Rio Ivipani (Apodi/ Mossoró), que ganha esse nome em Areia Branca, enquanto ao fundo duas barcaças fazem o transporte de sal, principal produto da economia local.
# opiniãoartigo
))Vidas secas DÁCIO GALVÃO Escritor
O
# previsão do tempo no RN
Seridó está seco, açudes estancados. É bem a cara de Câmara Cascudo que não gostava de sertão verde nem de açudes cheios com água sangrando pela revença e possibilitando uma várzea arejada e fértil. Nela se pode plantar aquele arroz vermelho com casca, na verdade arroz genuinamente integral e orgânico abolido do cultivo de agrotóxicos. Não importava ao poeta o sertão farto que pintou no texto temático formal dedicado ao amigo pernambucano e modernista Manuel Bandeira, nos idos de 1920. Também não gostava do sertão de violeiros. Justo nesse dia em que reclamo incomodado de calor ferrenho e viajo no embate das retinas para capturar no meio do juremal um verde num ou outro pé de juazeiro ou catingueira, iria pintar grande desafio de repentistas na cidade. Ao contrário do texto do mestre etnógrafo, fazia varreduras na busca do verde. O verde que eu te quero verde chavão do mote hispânico lorquiano. Sábado se comemorava a festa da Santa padroeira, Nossa Senhora do Ó, celebrada profana e sacramente. Venerada em Serra Negra do Norte a programação estampava para o público o desafio mourisco encampado na viola de Ivanildo Vila Nova e dos cancioneiros “Os Nonatos”. Lúzio Alves com quem falara ao telefone, animador cultural, forrozeiro e apresentador do melhor programa musical da região, transmitido pela Rádio Rural AM, de Caicó, estava entocado recolhido no sítio curtindo eventual ostracismo no feriado prolongado. Trocamos figurinhas mas não nos encontramos. Rui o trocador de quem já apanhara a égua Ibiúna tinha na tropa rotativa uma mula marchadeira baia de andamento picado. Mediado por Nilo Junior fui vê no seu sítio a apresentação do animal híbrido. Boa de marcha, pendia sutil na mão direita. Se testada em cavalgada sem agravamento do suposto problema no tendão ou na espádua, toparia o comércio. Sol escaldante! A paisagem de galhos ressequidos e retorcidos visualizados de dentro do conforto
(!)
do ar condicionado do veículo possibilitava impactar de um lado, a falta de viço das árvores e de outro, elas ainda, proporcionando cenário sedutor de trançado estético retorcido sem folhagens muito próprio e característico. Troncos e galhos aos milhares no campo de espinheiros. O carro em certo movimento ajudava nessa montagem de sucessivas imagens molduradas ora por serras e serrotes, baldes de açudes nos estertores, esculturas naturais brotando em meio do pedregulho caatingueiro modeladas por intempéries seculares. Cavalos esquálidos bebendo a água barrenta. Um ninho de casaca de couro me chama a atenção. É que apesar do Sítio Campos onde Nilo Vaqueiro tangeu sua vida se limitar geograficamente com a Estação Ecológica, essas aves estavam desaparecidas. Definitivamente foram popularizadas no clássico homônimo do rei do ritmo, de andamentos musicais desconcertantes no cantar do mestiço Jackson do Pandeiro: “parece um arapuá / cheio de vara e algodão / parece ninho não” diz o poetacantor. Conversas de alpendre entremeadas por assuntos diversos esbarravam de quando em vez na tal conjuntura nacional tendo como ponto de partida a crise hídrica, a ética, política e econômica. Era inevitável trazendo para os primeiros ventos frios da noite os desdobramentos quentes que sabemos atinge no sopapo a pecuária principal, estrutura econômica da região. No curral o gado mugia, no terreiro a burrega berrava, em algum lugar o galo cantava e junto ao quarto a ninhada de cães boiadeiros gania. Não há esmorecimento. As peregrinações, rezas, as novenas se multiplicaram e o povo sobrenadava na grandeza de espírito se traduzindo e driblando os obstáculos. De manhã já de retorno, encarando mais trezentos quilômetros, me adianto e vou deixando para traz a terra de Juvenal Lamartine, Dinarte Mariz e do sábio Ramiro, amigo e informante de Oswaldo Lamartine. E no andar da carruagem repica e galopa indomável o verso cascudiano: “Prefiro o sertão vermelho, bruto, bravo, / Com o couro da terra furado pelos serrotes / hirtos, altos, secos, híspidos / E a terra é cinza poalhando um sol de cobre” na versão cantada não menos poderosa do talento de Arrigo Barnabé.
Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda. Fun da do em 28 de agos to de 2000, por Cé sar San tos
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