1 minute read

A pandemia não acabou

EDITORIAL

Você piscou e cinco meses passaram desde a notícia do primeiro caso de covid-19 no Brasil. Nesse tempo, recebemos as orientações para conter o avanço da doença. Eram ideias simples como lavar sempre as mãos, usar máscara ao sair de casa para o mercado ou farmácia e praticar o distanciamento social.

Advertisement

Hoje basta olhar por qualquer tela para que os exemplos preencham o cenário de pesadelo ao vivo. Colegas em festinhas em casa ou em grupo nas ruas, reuniões que poderiam ter sido um e-mail, empresas que poderiam ter tido apoio para não quebrar, o aplicativo que poderia funcionar para receber o auxílio emergencial, carteiradas, protestos a favor da reabertura de comércio, propagandas de medicamentos sem eficácia comprovada.

Acordamos todos os dias em calamidade pública e isso nos leva a um nível de exaustão sem precedentes. O momento é histórico e tudo parece fora do lugar, mas o esforço ainda é preciso para “colar os cacos do real”. É preciso acordar todos os dias, lembrar de respirar direito, reforçar os cuidados com a sua saúde e de toda a comunidade. Do contrário estaremos nessa rinha de doido até dormir para sempre, sabe-se lá em que tipo de cama.

As equipes técnicas escolhidas pelo governo federal comprovaram a capacidade para o horror e o fiasco ao colocar o Brasil no segundo lugar de um tenebroso ranking mundial de mortes. O desprezo à vida é explícito nas aberrações ditas por Jair Bolsonaro (sem partido) e na inatividade do militar que ocupa interinamente a cadeira no Ministério da Saúde.

Sabemos da velocidade de propagação do novo vírus e como o Brasil conta mais de mil óbitos por dia. As únicas verdadeiras equipes técnicas que operam na linha de frente ainda precisam enfrentar a imbecilidade humana, o escárnio, o abismo que é o desrespeito.

Com trincheiras e covas abertas televisionadas, passamos da primeira centena de dias e não há estratégia e nem ministro para conter essa guerra. Nos cabe o papel de cobrar e apostar que ao menos as autoridades estaduais e municipais tomem boas decisões.

This article is from: