Retorno presencial em 2022: os primeiros meses de aulas na PUC-SP Reencontro da comunidade, campanha #PUCSEMFOME, insegurança, fake news e boatos marcam a volta ao campus
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unto à Consultoria SírioLibanês, a PUCSP criou medidas e apresentou recomendações para a volta às aulas presenciais. Uma delas diz respeito ao fe chamento dos refeitórios, como o bande jão, espaço frequentado por grande parte dos discentes. Segundo Giovana Angelone, estudan te de Arte: História, Crítica e Curadoria e militante do Coletivo Da Ponte pra Cá, a comunicação entre os alunos e a institui ção sobre suas demandas e necessidades não resultou em um posicionamento dife rente daquele préestabelecido. Por conta disso, o Coletivo Da Ponte Pra Cá – Frente Organizada de Bolsistas da PUCSP, junto a outras organizações estu dantis, criou a campanha “#PUCSEMFO ME, pela volta do bandejão e a extensão da gratuidade para estudantes do FIES”. Após pressão por meio da campanha, a respos ta institucional foi a entrega de marmitas para alunos bolsistas. A aluna do mesmo curso, Carla Gil, destaca a importância do espaço para toda a comunidade acadêmica. “Afeta todo mundo: todo mundo precisa de um refeitório acessível. O bandejão também é um fator muito importante, porque é uma opção de uma alimentação mais barata e acessível para o nosso cotidiano”, afirma. As duas interpretam a resposta da PU CSP como positiva, porém, indicam que a solução foi efetuada às pressas. Para An gelone, a entrega das marmitas foi “extre mamente limitada”. Diz que “há escassez de alimentos provocada logo nas primei ras horas de entrega do almoço e uma fal ta de organização das filas”. Na opinião de Gil, o espaço deveria re tomar de forma integral. “Atendendo os alunos do FIES e vendendo as marmitas para os alunos não bolsistas, porque es ses alunos também precisam da opção de comer na faculdade e por um preço mais barato”, afirma. Outro problema no início do ano letivo foi o relato de casos de violência dentro e fora da Universidade, o que gerou um cli ma de insegurança entre os alunos. Com isso, voltou à tona o debate sobre a insta lação de catracas nas entradas do campus com o intuito de aumentar a segurança. “A PUC possui um histórico de lutas e progressismo gigantesco, que não pode ser invalidado pela má gestão de políticas públicas nos arredores da Universidade”, disse Daniela Oliveira, representante do Centro Acadêmico de Jornalismo, Benevi des Paixão.
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Segundo ela, “a violência é um proble ma social e a resolução vai muito além de impedir que diferentes pessoas tenham acesso ao campus”. Daniela ainda pontua que “isso tornaria a universidade ainda mais excludente”. Andrea Mendes, aluna bolsista de Di reito e integrante do Centro Acadêmico 22 de Agosto, se posiciona contra a ideia. “Não existe outra ferramenta para a trans formação da sociedade senão a educação e eu sou a prova disso, tal como tantos ou tros alunos bolsistas desta Universidade. Os muros que cercam a educação devem ser extintos, não incentivados”. Para a estudante de Ciências Sociais e integrante do Movimento por uma Uni versidade Popular (MUP), Fernanda Car penter, “é sabido que essas medidas são baseadas na criação de ‘perfis criminosos’ que colocam a juventude negra e pobre como alvo”. De acordo com Carpenter, a solução viria através da construção de redes de solidariedade entre estudantes para a ga rantia da segurança. É o que tem sido feito por meio de grupos que se organizam para saírem juntos do campus a fim de evitar furtos, por exemplo. © Reprodução: Instagram PUCSP
Por Danilo Zelic, Fabiana Caminha e Isabel Bartolomeu
Divulgação do evento “Reencontro 2022”
No dia 24 de março, a PróReitoria de Cultura e Relações Comunitárias (PróCRC) discutiu, em reunião aberta com a comu nidade puquiana, a segurança no entorno da PUCSP e as ações e medidas internas em relação ao tema. De acordo com a PróReitora e a pro fessora Mônica de Melo, foram apresen tados à PróCRC quatro casos externos de alunos que registraram boletim de ocor rência, sendo dois furtos, um roubo de ce lular e uma clonagem de cartão.
Dos casos internos, foram relata das a presença de adolescentes que estavam vendendo bala de maneira – aparentemente – agressiva e de alguém estranho – supostamente de fora da Univer sidade – que estava abordando as alunas. Nenhum dos casos chegaram diretamente à PróReitoria. Juntamente com os relatos das ví timas, circulam notícias alarmistas e tendenciosas. A desinformação, muitas vezes, é reproduzida além dos grupos de WhatsApp, como em páginas do Insta gram. Foi o caso do Spotted, que divul gou boatos falsos a respeito de assaltos à mão armada. O Benevides Paixão se colocou contra a propagação das fake news e reiterou a importância da checagem dos fatos e do compromisso com a verdade. “Não pode mos ser passivos com a veiculação de in formações falsas, principalmente quando acontecem dentro da nossa própria Uni versidade”, ressalta a representante do Centro Acadêmico. É importante lembrar que a univer sidade possui o PUC CHECK, projeto la boratorial de combate à desinformação produzido por estudantes de jornalismo e orientado pela professora Pollyana Ferra ri. A equipe criou um manual para ajudar no combate à desinformação, disponível no site do projeto. São recomendações da PróCRC para a manutenção da segurança externa e in terna da comunidade: o registro do Bole tim de Ocorrência, recorrer ao Programa de Atendimento Comunitário (PAC) e aos funcionários da Direção do Campus, que estão abertos e disponíveis para o acolhi mento e a orientação das vítimas. Na reunião, a PróReitoria ressaltou também a importância da colaboração de todos para que a política de segu rança e outras ações sejam efetivamen te aplicadas através dos casos e dados levantados. Em nota enviada ao Contraponto, a PróCRC reafirma que “sobre a questão da segurança no entorno do campus Monte Alegre, informamos que houve denúncias nas redes sociais sobre furtos e roubos na região e estamos recebendo relatos da comunidade”. “A Universidade está em contato com a Polícia Militar para obter mais informa ções e já solicitou um reforço no policia mento preventivo, bem como orientou seus agentes para controlar o acesso e a permanência nos campi de nãomembros de sua comunidade”, completa a nota.
CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP