Agenda de setembro do CCPC

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artes plásticas

os textos deste encarte são de Lucas Rodrigues de Campos

25/9 no CCPC

festa do coletivo sÓ

assista na íntegra o show de retorno d’Os Haxixins em http://www.vertentes.tv

com as bandas:

A estética sessentista está nas roupas, nos cabelos, nos instrumentos. Foi inspirada pelo rock garage, espécie de precursor do rock pesado, e contemporâneo da explosão do rock britânico e da psicodelia. Haxixins é uma banda da Zona Leste paulistana com todas essas influências, cujos primeiros instrumentos, Gianinis Tremendões e Phelpas foram recebidos como herança familiar e comprados usados de Seu Edmundo, um senhor do bairro. Nos anos sessenta, tocar em garagens era privilégio de quem tinha um carro e acesso à música inicialmente internacional. O sentido de uma reunião de amigos empunhando instrumentos provou-se, com o tempo, significante para a reprodução característica de cada garagem, o que acabou estimulando produções mais nacionais. No Brasil de 1965/66 pipocaram grupos com influência rock’n’roll e que agradavam muito nos bailes. Mais que o rock como algo em comum, a sonoridade abafada e “suja” deixava clara condições precárias das gravações. O bairro e as garagens lembradas com mais facilidade pelos paulistanos são as da Pompéia, berço de Mutantes, Made In Brazil e outras. Mas é na Zona Leste que o rock primitivo estilo revive. Com 500 cópias de discos prensados e esgotados, a banda Haxixins passou a ficar mais conhecida no Brasil. O grupo, já com 8 anos de experiência underground, lançou mais um compacto pelo selo português Groovie Records - especializado em vinis e responsável por relançamentos de obscuridades dos 50 e 60 como Los Blue Caps, grupo paraguaio com registro em 65, e Joaquim Costa, artista português que conhecia rock desde 59 - emplacou vinhetas na MTV Brasil; e acaba de voltar de sua segunda turnê européia Na Europa, eles estiveram no cast da maior celebração de bandas garageiras do velho continente, o Primitive Festival, que aconteceu entre os dias 24 e 28 de junho, em Roterdã, na Holanda. Na terceira noite, os Haxixins subiram pela décima terceira vez a um palco europeu e encerraram sua excursão sinfônica, psicodélia e valvulada. Em 4 de junho, estreiaram turnê no Cabaret Maxime, em Lisboa, Portugal, em seqüência Porto, La Coruña, Madrid, Bilbao, Santander, Badajóz Badajoz, entre outras. A turnê terminou em São Paulo, no CCPC. A turma jovem da Leste, que engloba Os Farpas, Os Otávios e Fuzzfaces, ampliou sua área de influência psicodélica e tem o Centro Popular como quartel-general. No Centro Popular tiveram a pista de comemoração dos 40 anos do Woodstock, onde dançaram felizes a Jovem Guarda.

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R$10,00 antecipado so.contato@gmail.com www.ccpc.org.br (11) 2592-3317

os haxixins

a partir de 5/9 l sáb., 11h00 l 12 aulas l inscrições até 23/8

a partir de 23/9 l qua., 19h30 l seis aulas, duas horas de duração cada l inscrições até 18/9

Além da extensa e contínua programação musical, som ao vivo todos os dias emendando semana a semana, o Centro Cultural possibilita tomar contato com diversas criações que mesclam capacitação na áera de produção cultural: Rádio, Documentário, Teatro, Orquestra de Escaletas. Ao fi-

oficinas

a partir de 3/9 l qui., 19h30 l módulo de dois meses l inscrições até 27/8 l curso de percepção a partir da experiência com escaleta

nal, as , que duram de um a três meses, transformam a experiência laboratorial em projetos concretos. Veja a descrição completa de cada atvidade em www.ccpc.org.br

a partir de 3/9 l qui., 19h30 l seis aulas, duas horas de duração cada l inscrições até 23/8

a partir de 3/9 l qui., 19h30 lem 8 aulas os princípios básicos do instrumento com o músico Pedro Mendes

a partir de 7/9 l seg., 18h l 15 aulas, set., out. e nov. l inscrições até 23/8 l os documentários produzidos, serão exibidos em uma sessão especial no mês de dezembro

Mandau experimenta São Paulo, dia 12/9 A banda Mandau está há cinco meses em São Paulo. Sair de Ponta Grossa só foi possível porque lá alcançaram reconhecimento como autores, mesmo atendendo ao status de banda independente. Perceberam um circuito musical no estado do Paraná,que os manteve longe do centro mais próximo (117km), Curitiba. Vendidos durante os shows, os CDs fluíram. A banda Mandau conseguiu produzir música pop com diversas experiências em uma cidade de tradição sertaneja. O vocalista e guitarrista Scilas, com experiência adquirida na noite, atende aos diversos pedidos em bilhetes das platéias: João Bosco, Djavan, Alceu Valença, Tim Maia. Ele uniu seu extenso repertório ao gosto pelo soul de Marvin Gaye, Stevie Wonder - “professor de canto” -, James Brown, Kool and The Gang. Influenciado pelo estilo Scilas, aderiu ao penteado black power. O grupo enveredou por um ramo musical em que teve de contornar o predomínio do gosto popular “regionalizado”. Tocando “música brasileira dançante” e reservando espaço nos shows para o “gostinho do soul americano”, venderam 2500 cópias no estado do Paraná. À época do lançamento do disco homônimo, conseguiram visibilidade nas filiais regionais da TV Cultura e TV Globo em matérias que tinham como manchete o novo som da região. Esses motivos tornaram São Paulo atrativa. Todo o grupo se mudou para o bairro da Moóca, acreditando na cidade cosmopolitana. Mais 500 CDs vendidos. O lançamento de 2007 esgotou-se. A situação é condizente

com a agenda do grupo, que preenche toda a semana com ensaios e shows. É por isso que o grupo já prepara o segundo trabalho autoral (enquanto providencia reprensagem do primeiro), no qual pretendem enveredar pelo reggae e pela “música cubana”, estilo enfatizado quando Mandau descreve a mistura que chama de Black Soul Brazuca. O Mandau dedica o início de seus shows a um momento percussivo que conta com a atuação de todos os integrantes do grupo. Segundo Scilas, é “uma coisa bem terrerão”. Os feitos chamam a atenção e contrariam especulações depreciativas ou receosas do sucesso de músicos independentes: “a banda Mandau não desiste e vai em frente”, canta o refrão do samba-soul “Invés”. Encontraram em São Paulo novos espaços onde aprimoram, criam, trocam referências. Freqüentam o Clube Caiubi de Compositores e já vêem na cidade a possibilidade de retomar os estudos musicais teóricos. Antes de chegarem ao CCPC para conversar com a sÓ, o grupo orgulhava-se da passagem pelo conservatório Souza Lima - a convite do percussionista Dinho Gonçalves, lenda da percussão. No dia 14 de setembro eles participarão de workshop com o mestre Dinho, no Souza Lima. Dois dias antes passam pelo Centro Cultural Popular. Confira entrevista com Scilas, vocalista do Mandau, no site: www.ccpc.org.br.

ocupando a cidade Na região do Alto Tietê, um jovem artista fazia murais e rodava a cidade atrás de fachadas comerciais pobres no visual. Os moradores de Suzano, Mogi Das Cruzes, Itaquaquecetuba demonstravam alto interesse por carros, peças automotivas e motos, o que beneficiou o trabalho do artista plástico. Rômulo começou a pintar fachadas de estabelecimentos automotivos aos 16 anos e aprendeu de forma empírica as técnicas da aerografia. A moda do tunning de carros e acessórios ajudou o artista na evolução de suas técnicas. Quando passou a personalizar capacetes e capôs, Rômulo pôde trabalhar em casa e sair do sol que rachava sua cabeça das 8h às 17h. O artista carregava na bolsa duas novas aquisições: quadrinhos. Eles não eram apenas lembranças dos tempos em que começou a desenhar e ainda o influenciam. À época de sua gênese criativa, Rômulo, “pivete”, lia os quadrinhos do irmão e esboçava seus primeiros traços: personagens eróticas, envoltas em tramas influenciadas por ficção científica com “alguma dramaticidade”, em suas palavras. O espaço da conversa lembra um ateliê. Os tijolos – vividos em décadas – às claras são desenhos naturais do esfacelamento da falsa parede, que revela a real estrutura da antiga cozinha industrial. Eles completam uma obra inacabada que já reúne painéis, quadros e portas à espera de tinta. A mesma parede nua e outras também possuídas por uma variedade de mãos, carrega uma incontável porção de trabalhos de autorias diversas. O Centro Cultural Popular poderia ser uma galeria, mas suas paredes que cumprem um papel diferente da promoção comercial das artes plásticas. É um puro espaço de experimentação. Rômulo busca concretizar a arte também em domínios que não são físicos (citar endereços eletrônicos) e está com projeto inscrito em um edital do governo estadual de incentivo à cultura. O projeto retoma as poesias de Solano Trindade acompanhadas de ilustrações. Esse trabalho é o motivo de Rômulo para ter em mãos o farto portfólio – ilustrações, quadrinhos e uma técnica que chama atenção, a pintura com café. No mercado de trabalho, Rômulo chegou à indústria têxtil e aumentou sua renda mensal. Através do contato de uma amiga, ele passou a fazer silk screen em camisetas para grifes como a DOC-DOG. Hoje Rômulo engorda um pouco seu saco de vinténs vendendo, junto de sua companheira, camisetas estampadas por eles durante o verão. Personalizando fachadas de comércio e, mais tarde, fazendo estampas para camisetas, Rômulo aprendeu a sustentar as liberdades dos modos mais livres de pintar. Sua inspiração declarada é Jackson Pollock: “Pintar através do ar, pesquisa só com spray, gota d’água”, explica Rômulo. A partir dos respingos e sopros de tinta, esse pintor gostaa de enxergar as “figuras por detrás do papel” .


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