Jornal Clarim Araxá

Page 2

02

CLARIM

ARAXÁ, 17 DE AGOSTO DE 2012

EDITORIAL

ANA PAULA MACHADO

Informação x enganação

Quanto mais bem infor mado um povo, menos enganado será. O amplo acesso às informações que cresce proporcionalmente aos meios como chegam à população, não só constrói e assegura a democracia brasileira, como também a deixa cada vez mais imune aos artifícios ainda utilizados com a finalidade de forjar-lhe a própria opinião. Mesmo que essas informações venham através de veículos de comunicação que não gozam de credibilidade ou de redes sociais que permitem dizer praticamente tudo sem o compromisso com a verdade, mesmo assim, acabam vacinando o povo. Isso porque cada vez mais é possível checá-las, compará-las, analisá-las e somente depois tirar as próprias conclusões. No Brasil, mais um importante instrumento passou a vigorar nesse sentido este ano, a Lei de Acesso à Infor mação. Outro aspecto é que esse avanço também faz bem à memória do povo, que não só está muito mais infor mado, como tem recursos que não o deixam esquecer, podendo recor rer às lembranças sempre que necessário. Tudo isso deságua positivamente no processo político-eleitoral, embora a persistência dos mal intencionados ou conservadores de natureza que ainda julgam ser possível sonegar, manipular ou impedir a informação, inclusive apelando para a sua judicialização . Pois já está ocorrendo uma inversão, hoje são esses que andam cada vez mais enganados e apelam de todas as for mas contra a claridade social que surge à medida desses avanços. Já se vão, longe, os tempos dos chamados cur rais eleitorais , nos quais se votava em quem o patrão mandava ou para ganhar o outro pé de sapato. Assim como os tempos em que o poder econômico decidia definitivamente uma disputa eleitoral, com os comícios comandados por artistas famosos, a

distribuição de brindes e favores tudo à luz da legalidade. Hoje, a cada eleição, aperfeiçoam-se os instr umentos utilizados para diminuírem as desigualdades na disputa, igualar os candidatos, fiscalizá-los no abuso do poder econômico. Os avanços também permitem a grande mobilização da população brasileira que indignada com os resquícios da velha prática política que ainda mantém muita gente no poder pode mostrar a sua força. Um bom exemplo é a Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular. Da mesma forma, são salutares os escândalos de corrupção que pipocam a todo instante, como os casos do Mensalão ou do Cachoeira, porque desnudam quem é quem, trazem à tona os antigos vícios para que possam ser sanados. A pior impunidade é a da ignorância, pois a corrupção sempre existiu, mas corria frouxa e hoje anda cada vez mais difícil praticá-la diante da indignação de todos que buscam a transparência. Não estamos livres de tudo isso, mas seguimos o caminho para assegurar uma sociedade cada vez melhor graças à infor mação. Por outro lado, cada um tem a obrigação de buscá-la, de participar de todo esse processo de moralização do país que, lógico, é muito gradativo como tudo que é perene na vida. O cidadão que não quer saber, não gosta de política, vota nulo porque é obrigado ir às urnas etc., apenas contribui para a manutenção do status co. Nada muda sem ser ativo ou ativado, pois a participação é fundamental, seja a íntima, na família ou na sociedade. O homem sempre precisa escolher, desde o momento em que nasce. É hipócrita dizer que não faz parte do meio, pois seja ele qual for, é fr uto das suas escolhas, desde as pesso-

CLARIM

Clarim é uma publicação da Machado e Kikuchi Comunicação Integrada CNPJ: 00.798.200/0001-31 - Inscrição Estadual: Isenta Rua Lázaro Ribeiro da Silva, 61 - São Cristóvão - Araxá/MG Telefax: (34) 3662-3798 - clarim@terra.com.br Jornalista Responsável Ana Paula Machado Kikuchi - DRT/MG 4753 Diretores Sérgio Yashushi Kikuchi e Ana Paula Machado Kikuchi O artigo assinado não reflete a opinião do jornal e é de exclusiva responsabilidade de quem o assina.

ais e às coletivas. Ser apático, acomodado, conformado ou mesmo anarquista é muito mais fácil. É preciso saber que a Lei de Acesso à Informação, de forma similar a do Brasil, já foi implantada em 90 países, com muita ou pouca eficácia dependendo principalmente da participação popular. Agora no país, os governos municipais, estaduais e federal têm que não só disponibilizar, como divulgar as informações de interesse público, independentemente se solicitadas ou não. E apesar da divulgação das informações de conteúdos institucional, financeiro e orçamentário, qualquer cidadão pode pedi-las aos órgãos públicos. Para isso, o cidadão deve identificar-se e especificar qual a informação deseja, podendo fazer a sua solicitação por qualquer meio legítimo, seja e-mail, fax, carta e telefonema. Se a solicitação estiver disponibilizada, deve ser imediatamente apresentada ao cidadão que não precisa dar qualquer justificativa em relação ao seu pedido. Mas se não for possível respondê-lo imediatamente, a resposta deve ser dada pelo órgão solicitado em no máximo 20 dias. Esse prazo pode ser prorrogado por 10 dias, desde que o órgão apresente os motivos deste adiamento. É verdade que tem muita lei neste país que não é cumprida, na maioria dos casos simplesmente porque é esquecida, seja pelos políticos que a fazem ou mesmo a população. O que mais uma vez depende da sociedade, pois quando é participativa torna-se capaz de promover as necessárias mudanças. Nos outros países, onde a lei da transparência existe há mais tempo e funciona ou não, o principal ter mômetro da sua eficácia é o número de pedidos de dados feitos pela população. É primordial que essa lei se tor ne popular e a sociedade faça bom uso dela.

No rádio e na TV Mais do que nas eleições anteriores, é grande a expectativa em relação ao horário de propaganda eleitoral gratuito no rádio e na TV que começa na próxima terça-feira, 21, e encer rase no dia 4 de outubro. Isso porque as campanhas ainda estão bem mornas, tanto que em Araxá começaram a ser lançadas oficialmente nesta semana pelos candidatos majoritários. Os programas dos candidatos a prefeito serão apresentados na segunda, quar ta e sexta-feira. Na terça, quinta-feira e sábado vai ao ar a propaganda dos candidatos a vereador. Em todos os dias, no rádio a propaganda será das 7h às 7h30 e das 12h às 12h30. Na televisão, os programas serão exibidos das 13h às 13h30 e das 20h30 às 21h. O ibope com certeza será grande na primeira semana em decorrência da novidade, depois a audiência costuma cair um pouco e oscila conforme o clima da disputa e o talento dos marqueteiros em prender a atenção dos eleitores. Divisão do tempo Os 30 minutos do horário de propaganda eleitoral gratuito no rádio e na TV são divididos da seguinte forma: 20 minutos conforme a representatividade dos partidos (número de deputados) e os 10 minutos restantes são repar tidos igualmente entre todos os candidatos. Os tempos destinados aos candidatos a prefeito de Araxá são os seguintes: Aracely de Paula, 13min 26s; Jeová Moreira da Costa, 6min 48s; Ronito, 2min 30s e Toninho Barbosão, 7min 12s. Existem vantagens e desvantagens em ter o maior tempo com uma diferença tão significativa como a de Aracely em relação aos seus adversários mais próximos.

O maior tempo de exposição é uma vantagem, mas o custo de produção também sobe proporcionalmente. Outra questão é o conteúdo, enquanto o seu tempo exigirá muita criatividade para ser preenchido pelos marqueteiros sem ficar repetitivo, pedante e maçante, para os demais este risco é menor. É ver e ouvir pra crer, os políticos araxaenses têm know-how porque desde 1986 as campanhas locais chegam à telinha, em função do sinal de TV, e não é qualquer município com menos de 100 mil habitantes que oportuniza isto aos eleitores. Bater pra que... A cada pleito é maior a ojeriza aos candidatos que mais batem nos adversários do que apresentam propostas à comunidade. Mesmo quando usam de subterfúgios como cabos eleitorais e redes sociais, enquanto os candidatos posam de bonzinhos. Parece que na cidade a ficha começou a cair nesse sentido, tomara que neste pleito deixem mesmo a baixaria de lado, como a panfletagem anônima, as mentiras deslavadas e a distorção das coisas. Pelo visto, se não acabaram de todo, pelo menos os políticos estão mais descolados no tipo de prejuízo que tais atitudes rendem, ou seja, quando conseguem fazer de vítima os seus adversários perdem muito mais do que ganham votos. Malfadadas Ao invés de ajudar os candidatos, as pesquisas eleitorais

acabam malfadadas quando abusam da ingenuidade dos eleitores. Dessa forma, quando a margem de erro é muito grande, representando quase 10% do eleitorado se somada pra cima e pra baixo e ainda mais sendo exatamente a diferença do primeiro para o segundo colocado, não tem como não desconfiar. Aliás, como diz o sociólogo e cientista político Marcos Coimbra em artigo publicado no jornal Estado de Minas na edição do último dia 15 e intitulado Resultados de encomenda , a resposta espontânea é mais real. Ou seja, na pesquisa indutiva, como a que apresenta os nomes dos candidatos ao entrevistado, dependendo do nível de indução, o resultado da pesquisa pode apenas refletir a reação ao estímulo . Segundo ele, há diversos tipos de perguntas indutivas, como as que são formuladas com um enunciado que oferece informação ao entrevistado antes que responda. Outro exemplo da falta de cuidado que pode influir no resultado da pesquisa é básico: o pesquisador ler nomes ou utilizar de uma lista ao perguntar ao entrevistado em quem votaria ao invés de usar os cartões circulares, para que nenhum nome venha antes. A leitura do pesquisador é dispensável, pois pode dar ênfase ao citar um ou outro nome.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.