JornalCana Edição 276/Janeiro 2017

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MERCADO

Janeiro 2017

RenovaBio teria mesmo esse poder renovador? LUIZA BARSSI

DE

VALINHOS, SP

O Programa RenovaBio, que foi lançado no dia 13 de dezembro em Brasília, SP, pelo ministro Fernando Bezerra Filho do MME —, reúne esperanças da criação de uma linha de previsibilidade para o setor que pode alavancar investimentos na geração da energia veicular limpa, se apresentando como pré-formadora de etanol e biocombustíveis para o atendimento das metas que o país assumiu na COP de Paris. A iniciativa terá como objetivos principais a importância dos biocombustíveis na matriz energética, regras de comercialização, sustentabilidade e novas tecnologias. De acordo com Márcio Félix, secretário de petróleo, gás natural e biocombustíveis do

MME — Ministério de Minas e Energia, o setor sucroenergético brasileiro tem todo o conhecimento, repertório, desempenho, e agora é a hora de ir atrás de novos investimentos, oportunidades e negócios. O presidente do Sindaçúcar, PE, Renato Cunha, destacou que sempre há necessidade de aprimoramento tecnológico no campo e na indústria e sobretudo nas regiões norte e nordeste que operam em época complementar ao Centro-Sul, representando cerca de 9% da renda do setor, com possível crescimento. “O ideal é que tenhamos uma região com 75% a 80% da renda e outra com pelo menos 20%, com isso haveria maior equilíbrio e opções de abastecimento mais distribuídas na sazonalidade do país”, observa Cunha. Para Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar — Unica, o atual momento de retomada do

Renato Pontes Cunha, presidente do Sindaçúcar, PE

setor pede investimentos da área privada pensando em ganhar produtividade e ao governo assegurar transparência e previsibilidade que dê confiança para a tomada de decisão. A meta é que até 2030, a matriz energética brasileira seja composta por 18% de biocombustíveis, saindo de um volume anual estimado hoje de 28 milhões de litros para 50 milhões. “Sem uma regra clara que precifique as externalidades geradas pelos biocombustíveis, submetendo-se e condenando-se o etanol a se atrelar a até 70% dos preços da gasolina, não iremos a canto algum e continuaremos estagnados. Ainda, o sistema de distribuição do hidratado precisa ser reconhecido, gerando valor agregado também ao produtor que puder distribuir de maneira conciliada com o distribuidor clássico”, finaliza Renato.

Uma visão de longo prazo é fundamental para o setor O Brasil encontra no atual governo muita receptividade nos Ministérios ligados ao setor sucroenergético. Como fruto desse diálogo, e um diálogo afinado dentro do setor, ocorreram reuniões, buscando um planejamento estratégico para 2030. Em diferentes órgãos, identificou-se uma demanda de combustível da ordem de 40 a 50 bilhões de litros para 2030. Com base nisso e junto com o governo, cabe ao setor buscar as possíveis alternativas. A questão principal é saber se a melhor alternativa é suprir a demanda com etanol ou gasolina. A partir disso surgiu a ideia de um novo projeto, chamado de RenovaBio, com base na previsibilidade, sustentabilidade ambiental, econômica e financeira em harmonia com o compromisso brasileiro na COP 21 e 22 e compatível com o crescimento do mercado. Entre os Ministérios ligados a esse cenário, o presidente da Alcopar —

Miguel Tranin, presidente da Alcopar

Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná, Miguel Tranin, destaca o Ministério de Minas e Energia — MME,

tanto pelo Ministro, quanto por sua equipe com papel fundamental nessa nova fase. Para o presidente o setor ainda precisa

de reajustes, principalmente na produtividade. “O resultado da safra atual nos mostra claramente a necessidade de recuperação da produtividade, fruto de baixo ou quase nenhum investimento em renovação e manutenção da lavoura, potencializado pelo clima uma quebra de safra, com perspectiva semelhante para a próxima. Sinal que ainda temos capacidade industrial”, explica Miguel. Ele destaca que o RenovaBio precisa de apoio também do governo para se firmar e trazer resultados cada vez mais positivos. O apoio às propostas e projetos do RenovaBio carecem de uma sequência nos governos futuros, uma vez que o setor se encontra em uma transição fundamental necessitando uma visão de longo prazo. “O primeiro passo é a manutenção da competitividade do etanol frente ao combustível fóssil, como também linhas de crédito para renovação e manutenção da lavoura”, finaliza Tranin. (LB)


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