JornalCana Edição 276/Janeiro 2017

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w w w . j o r n a l c a n a . c o m . b r Janeiro/2017

Série 2

Nº 276

EM BUSCA DA USINA PERFEITA Unidades trabalham para ser sustentáveis nos 7 bios do setor: bioaçúcar, bioetanol, bioeletricidade, biodiesel, biofertilizante, bioágua e bioplástico

IMPRESSO - Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT.


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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

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Í N D I C E ACIONAMENTOS ELÉTRICOS DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

64 36452576

METROVAL 42

MICROSERV

BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

ENGEVAP

11 26826633

UBYFOL

AUTHOMATHIKA

16 35134000

3

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

9

METROVAL

19 21279400

8

E-MACHINE

DMB

ARYSTA

40

16 35138800

40

16 35132600

14

CENTRÍFUGAS VIBROMAQ

16 39452825

40

16 39413367

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ELÉTRICOS 16 35134000

3

DANFOSS DO BRASIL

11 21355400

9

SOLENIS

19 34753055

82 33725270

UNICA

11 30934949

15

32

CONTROLE DE FLUIDOS 19 21279400

8

CORRENTES INDUSTRIAIS 19 34234000

15 34719090

FENASUCRO

11 30605000

27

SINATUB

16 35124300

6

17

11 30941000

29

KOPPERT DO BRASIL

15 34719090

33

16 21014151

43

SÃO FRANCISCO

ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO CIVIL

IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

ENGEVAP

DMB

16 35138800

40

28

PROSUGAR

81 32674760

16

16 36265540

41

REFRATÁRIOS RP

SAÚDE - CONVÊNIOS E SEGUROS 44

AGAPITO

16 39462130

42

MAGÍSTER

16 35137200

7

SOFTWARE INDUSTRIAL S-PAA

16 35124312

31

TESTON

44 33513500

2

TROCADORES DE CALOR

GRÁFICA 33

BETABIO / WALLERSTEIN11 38482900

TRANSBORDOS

FERTILIZANTES 18

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS KOPPERT DO BRASIL

39

SOLDAS INDUSTRIAIS

FEIRAS E EVENTOS

PROLINK

16 39461800

SÃO FRANCISCO SAÚDE 16 8007779070

4

CONSULTORIA INDUSTRIAL

METROVAL

16 35119000

37

EVENTO / FÓRUM MICROSERV

5

REFRATÁRIOS

AUTHOMATHIKA

ESPECIALIDADES QUÍMICAS

COLETORES DE DADOS MARKANTI

34 33199500

PRODUTOS QUÍMICOS

CARROCERIAS E REBOQUES SERGOMEL

40

PRODUTOS HERBICIDA E FERTILIZANTES

CALDEIRAS ENGEVAP

16 35138800

PLANTADORAS DE CANA

BALANCEAMENTOS INDUSTRIAIS 16 39452825

32

PEÇAS AGRÍCOLA E INDUSTRIAL

11

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

VIBROMAQ

82 33725270

NUTRIENTES AGRÍCOLAS 42

AUTOMAÇÃO DE ABASTECIMENTO DWYLER

8

MONTAGENS INDUSTRIAIS

28

AR-CONDICIONADO 64 36452576

19 21279400

LEVEDURAS

ANTIBIÓTICOS - CONTROLADORES DE INFECÇÕES BACTERIANAS

MAIS AR

A N U N C I A N T E S

INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO E CONTROLE

9

AR-CONDICIONADO MAIS AR

D E

16 39461800

AGAPITO

16 39462130

42

TUBULAÇÕES PARA VINHAÇA 17

DHC TUBOS

18 36437923

35


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CARTA AO LEITOR

Janeiro 2017

carta ao leitor

índice

Luiz Montanini

Cana Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 a 10 Entrevista Joamir Alves RenovaBio teria mesmo esse poder renovador?

Administração & Legislação . . . . . . . . . . . . . . .11 e 12 Planejamento estratégico é aliado importante da gestão empresarial

Usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 Taquari acredita no setor e investe em uma nova bateria de moenda

Política Setorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 a 17 Entrevista Paulo Roberto Gallo Unica Fórum discute o atual papel do setor

Produção

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

CAPA — Os 7 Bios do Setor

Tecnologia Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 a 32 Curso sobre açúcar apresenta elevado conteúdo técnico SPA-A em Araçatuba

Saúde & Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Usinas ampliam prevenção à chikungunya em 2017

Tecnologia Agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35 a 37 Sistema melhora a qualidade da informação gerada no campo

Pesquisa & Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Pesquisa busca eficiência nos processos de produção de enzimas

Ação Social & Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . .40 e 41 Guaíra realiza a adequação ambiental rural em 100% das áreas

próprias

Negócios & Oportunidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

DEUS CONOSCO! “Por isso o Senhor mesmo dará a vocês um sinal: a virgem ficará grávida, dará à luz um filho e o chamará Emanuel” (Isaías 7:14, referindo-se à vinda do Salvador e Senhor, Jesus, o Cristo, o Emanuel, que significa Deus conosco)

editor@procana.com.br

Safra nova e menor, mas rumo aos 7 bios O novo ano começa com perspectiva de redução da moagem na safra 2017/18 para entre 590 e 610 milhões de toneladas de cana, porque o setor ainda sente reflexos do longo período de pouco investimento nas lavouras. A nota estimulante é que a produção de açúcar no Centro/Sul deverá aumentar e até ser recorde, passando um pouco de 35 milhões de toneladas, uma vez que os produtores querem aproveitar os bons preços no mercado internacional. Sobrará para o etanol, que deverá ter queda de 610 milhões de litros e sua produção final não deverá passar de 24,5 bilhões de litros. Apesar de reduzida, a queda geral não será significativa e nem capaz de desanimar o setor. Ao contrário, boa parte das unidades continua a crer em dias melhores e em um salto significativo em futuro próximo. Ao mesmo tempo em que 2017 deverá ser caracterizado por crescimento modesto e investimentos tímidos, vários empresários apontam 2018 como o início efetivo de um novo tempo. As unidades, hoje mais enxutas, começam a planejar ações neste 2017 para chegarem prontas para o crescimento em 2018. Muitas delas acalentam o sonho de se tornarem rapidamente usinas do futuro e preparam-se para isto. Querem incorporar o mais rápido possível os chamados 7 bios do setor (matéria de capa desta edição), ou seja, ser autossuficientes e modelos em bioaçúcar, bioetanol, bioeletricidade, biodiesel, biofertilizante, bioágua e bioplástico. Algumas unidades, como a Barrálcool, de Barra do Bugres, MT, já possuem em funcionamento pelo menos 4 destes bios. Ou seja, já passaram da metade do caminho. A reta final está, portanto, mais próxima do que quando da partida. Ano Novo, enfim, é bom momento de renovar as esperanças e renovar o fôlego. E sair em busca de uma nova “bioenergia” para enfrentar e vencer as adversidades tão comuns neste setor. Boa leitura. Ótimo ano! NOSSOS PRODUTOS

DIRETORIA Presidência Josias Messias josiasmessias@procana.com.br Controladoria Mateus Messias presidente@procana.com.br Eventos Rose Messias rose@procana.com.br Comercial & Marketing Lucas Messias lucas.messias@procana.com.br

ISSN 1807-0264 Fone 16 3512.4300 Fax 3512 4309 Av. Costábile Romano, 1.544 - Ribeirânia 14096-030 — Ribeirão Preto — SP procana@procana.com.br

NOSSA MISSÃO Prover o setor sucroenergético de informações relevantes sobre fatos e atividades relacionadas à cultura da cana-de-açúcar e seus derivados, e organizar eventos empresariais visando: Apoiar o desenvolvimento sustentável do setor (humano, socioeconômico, ambiental e tecnológico); Democratizar o conhecimento, promovendo o

intercâmbio e a união entre os integrantes; Manter uma relação custo/benefício que

propicie parcerias rentáveis aos clientes e demais envolvidos.

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REDAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO

Editor Luiz Montanini - editor@procana.com.br Editor de Arte - Diagramação José Murad Badur Arte Gustavo Santoro - arte@procana.com.br Revisão Regina Célia Ushicawa Jornalismo Digital Alessandro Reis - editoria@procana.com.br

Comitê de Gestão Luis Paulo G. de Almeida luispaulo@procana.com.br Financeiro contasareceber@procana.com.br contasapagar@procana.com.br

PÓS-VENDAS Thaís Rodrigues thais@procana.com.br

Representantes Comerciais Robertson Fetsch 16 9 9720 5751 publicidade@procana.com.br Matheus Giaculi 16 99935-4830 matheus@procana.com.br

ASSINATURAS E EXEMPLARES (16) 3512-4300 www.loja.jornalcana.com.br atendimento@procana.com.br

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JornalCana - O MAIS LIDO! Anuário da Cana Brazilian Sugar and Ethanol Guide A Bíblia do Setor! JornalCana Online www.jornalcana.com.br BIO & Sugar International Magazine Mapa Brasil de Unidades Produtoras de Açúcar e Álcool

Prêmio MasterCana Tradição de Credibilidade e Sucesso Prêmio BestBIO Brasil Um Prêmio à Sustentabilidade Fórum ProCana USINAS DE ALTA PERFORMANCE SINATUB Tecnologia Liderança em Aprimoramento Técnico e Atualização Tecnológica

Artigos assinados (inclusive os das seções Negócios & Oportunidades e Vitrine) refletem o ponto de vista dos autores (ou das empresas citadas). JornalCana. Direitos autorais e comerciais reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial, distribuição ou disponibilização pública, por qualquer meio ou processo, sem autorização expressa. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal) com pena de prisão e multa; conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122, 123, 124, 126, da Lei 5.988, de 14/12/1973).


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CANA LIVRE

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InfoCana surge como a maior base de informações para o setor LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

O setor sucroenergético foi enriquecido com mais uma ferramenta de informação e à distância de um clique. No dia 28 de novembro de 2016 foi lançado oficialmente o InfoCana, a plataforma alimentada e editada pela ProCana Brasil que possui a mais completa base de dados, notícias e indicadores sobre usinas, grupos e mercado sucroenergético do país. Conciliando inteligência e informação em único lugar, o InfoCana roda através do navegador do usuário de forma leve, rápida e intuitiva. Seu sistema é responsivo e pode ser visualizado em tablets e smartphones. Nele existe um dashboard com indicadores. E é personalizável, conforme o interesse do assinante. Como cortesia de lançamento, a ProCana Brasil está oferecendo um navytour pela plataforma gratuito por trinta dias, com possibilidade de recepção de treinamento remoto sobre o funcionamento. Depois disto, bastar fazer a assinatura, que possui valor de mercado acessível nestes tempos de aperto financeiro geral. “Nossa missão na ProCana Brasil é prover o mercado sucroenergético de informações relevantes que contribuam para o desenvolvimento sustentável do setor, e o InfoCana é uma plataforma de mercado que inclui dados exclusivos das usinas e facilita a geração de negócios entre os diversos

Alessandro Reis, gestor de jornalismo digital

agentes do mercado”, explica Josias Messias, presidente da ProCana Brasil. O objetivo da plataforma é apresentar os

dados mais completos e atualizados sobre os grupos e usinas, mostrando quem são os diretores e gerentes, capacidade instalada e

dados produtivos das últimas safras, com rankings dos principais produtores. Além de reportar o que acontece no setor através de fontes que se encontram dentro das usinas e outras que compõem a cadeia sucroenergética, o programa ainda disponibiliza mais de 100 indicadores de mercado, dos quais 65 deles em tempo real. “Não queremos enganar os assinantes com informações maquiadas. Para que isso não aconteça, fizemos uma profunda apuração com representantes de quase 400 usinas para oferecer informação de verdade para os usuários. Esta apuração demandou muito esforço de toda a equipe, principalmente da nossa área de inteligência de mercado, atualmente capitaneada pelo engenheiro agrônomo e produtor de conteúdo Wellington Bernardes”, comenta Alessandro Reis, gestor de jornalismo digital. O benefício do InfoCana é que as equipes de inteligência de mercado e jornalismo não estão fora do eixo do setor, cobrindo “in loco” todos os principais eventos do setor, entrevistando os principais executivos. “Nossa equipe, em parceria com o PróUsinas, visitou mais de 100 usinas pessoalmente em 2016. Também apuramos os dados das unidades diretamente com seus representantes. Portanto, o fato de também trabalharmos “porteira adentro” garante informação de verdade para nossos assinantes e leitores”, finaliza Alessandro Reis.


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MERCADO

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ENTREVISTA - Joamir Alves, GVO

A recuperação do setor depende das próximas safras LUIZA BARSSI,

DE

VALINHOS, SP

Com unidades em Catanduva, Itapira, José Bonifácio e Monções, todos no estado de São Paulo, o Grupo Virgolino de Oliveira — GVO, comemora o encerramento do ano de 2016 e o início de 2017. Joamir Alves, presidente do Grupo conta como a empresa passou pelos momentos de crise, se recuperou e quais são os novos projetos preparados para esse novo começo. Veja a seguir sua entrevista: JornalCana — Quais foram os prejuízos causados pela crise nos últimos tempos? Joamir Alves — A geração de caixa das empresas do setor de açúcar e etanol foram duramente afetadas pelo congelamento do preço da gasolina que afetou drasticamente o preço do etanol e indiretamente pressionou negativamente de forma acentuada o açúcar. Empresas que investiram pesadamente em expansão em 2007 e 2008 foram as mais afetadas, pois não conseguiram remunerar adequadamente os investimentos realizados. Quais foram as estratégias usadas para driblar esses prejuízos? Negociar com todos os parceiros

financeiros e não financeiros tentando adequar os prazos de pagamento e a necessidade de investir no canavial duramente sacrificado durante a crise. Na sua visão, quanto tempo ainda falta para o setor se recuperar totalmente? A recuperação não está totalmente nas mãos do setor, pois vamos depender de preços remuneradores nas próximas três ou quatro safras para recuperarmos o canavial e reduzir paulatinamente o endividamento. Quais são os planos para novos investimentos na empresa? Temos no Grupo VO cerca de 28 MW por hora de energia elétrica excedente em 13.8 KVA que pretendemos exportar. Para isso precisamos de cerca de R$ 30 a 35 milhões de investimento com um payback muito pequeno. Esse investimento deve ser financiado pelo próprio fluxo de caixa proveniente da cogeração. Quais são as inovações programadas para 2017? Estamos trabalhando juntamente com um Instituto de Pesquisa para instalação de antenas para transmissão de dados que permitirão o contato do campo com as usinas e integração do sistema de logística e acompanhamento de colheita, manutenção e controle online.

Joamir Alves, presidente do Grupo Virgolino de Oliveira


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MERCADO

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RenovaBio teria mesmo esse poder renovador? LUIZA BARSSI

DE

VALINHOS, SP

O Programa RenovaBio, que foi lançado no dia 13 de dezembro em Brasília, SP, pelo ministro Fernando Bezerra Filho do MME —, reúne esperanças da criação de uma linha de previsibilidade para o setor que pode alavancar investimentos na geração da energia veicular limpa, se apresentando como pré-formadora de etanol e biocombustíveis para o atendimento das metas que o país assumiu na COP de Paris. A iniciativa terá como objetivos principais a importância dos biocombustíveis na matriz energética, regras de comercialização, sustentabilidade e novas tecnologias. De acordo com Márcio Félix, secretário de petróleo, gás natural e biocombustíveis do

MME — Ministério de Minas e Energia, o setor sucroenergético brasileiro tem todo o conhecimento, repertório, desempenho, e agora é a hora de ir atrás de novos investimentos, oportunidades e negócios. O presidente do Sindaçúcar, PE, Renato Cunha, destacou que sempre há necessidade de aprimoramento tecnológico no campo e na indústria e sobretudo nas regiões norte e nordeste que operam em época complementar ao Centro-Sul, representando cerca de 9% da renda do setor, com possível crescimento. “O ideal é que tenhamos uma região com 75% a 80% da renda e outra com pelo menos 20%, com isso haveria maior equilíbrio e opções de abastecimento mais distribuídas na sazonalidade do país”, observa Cunha. Para Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar — Unica, o atual momento de retomada do

Renato Pontes Cunha, presidente do Sindaçúcar, PE

setor pede investimentos da área privada pensando em ganhar produtividade e ao governo assegurar transparência e previsibilidade que dê confiança para a tomada de decisão. A meta é que até 2030, a matriz energética brasileira seja composta por 18% de biocombustíveis, saindo de um volume anual estimado hoje de 28 milhões de litros para 50 milhões. “Sem uma regra clara que precifique as externalidades geradas pelos biocombustíveis, submetendo-se e condenando-se o etanol a se atrelar a até 70% dos preços da gasolina, não iremos a canto algum e continuaremos estagnados. Ainda, o sistema de distribuição do hidratado precisa ser reconhecido, gerando valor agregado também ao produtor que puder distribuir de maneira conciliada com o distribuidor clássico”, finaliza Renato.

Uma visão de longo prazo é fundamental para o setor O Brasil encontra no atual governo muita receptividade nos Ministérios ligados ao setor sucroenergético. Como fruto desse diálogo, e um diálogo afinado dentro do setor, ocorreram reuniões, buscando um planejamento estratégico para 2030. Em diferentes órgãos, identificou-se uma demanda de combustível da ordem de 40 a 50 bilhões de litros para 2030. Com base nisso e junto com o governo, cabe ao setor buscar as possíveis alternativas. A questão principal é saber se a melhor alternativa é suprir a demanda com etanol ou gasolina. A partir disso surgiu a ideia de um novo projeto, chamado de RenovaBio, com base na previsibilidade, sustentabilidade ambiental, econômica e financeira em harmonia com o compromisso brasileiro na COP 21 e 22 e compatível com o crescimento do mercado. Entre os Ministérios ligados a esse cenário, o presidente da Alcopar —

Miguel Tranin, presidente da Alcopar

Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná, Miguel Tranin, destaca o Ministério de Minas e Energia — MME,

tanto pelo Ministro, quanto por sua equipe com papel fundamental nessa nova fase. Para o presidente o setor ainda precisa

de reajustes, principalmente na produtividade. “O resultado da safra atual nos mostra claramente a necessidade de recuperação da produtividade, fruto de baixo ou quase nenhum investimento em renovação e manutenção da lavoura, potencializado pelo clima uma quebra de safra, com perspectiva semelhante para a próxima. Sinal que ainda temos capacidade industrial”, explica Miguel. Ele destaca que o RenovaBio precisa de apoio também do governo para se firmar e trazer resultados cada vez mais positivos. O apoio às propostas e projetos do RenovaBio carecem de uma sequência nos governos futuros, uma vez que o setor se encontra em uma transição fundamental necessitando uma visão de longo prazo. “O primeiro passo é a manutenção da competitividade do etanol frente ao combustível fóssil, como também linhas de crédito para renovação e manutenção da lavoura”, finaliza Tranin. (LB)


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MERCADO

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FOCO EM 2017 É TORNAR O ETANOL POPULAR LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

O foco para o ano que se inicia é, além de investir, tornar o bicombustível reconhecido popularmente. E segundo os especialistas no assunto as perspectivas estão positivas, mas com algumas ressalvas. A positividade das perspectivas para os biocombustíveis em 2017 dependerá da consolidação de alguns fatores internos e externos ainda indefinidos. Internamente, a possibilidade do aumento da produção de biocombustíveis estará ligada à capacidade do setor sucroenergético em aumentar a oferta de etanol. Mesmo que haja uma recuperação lenta da economia brasileira, já existe uma demanda por combustíveis para veículos leves que está sendo atendida por importações. Essa demanda poderá ser exacerbada, caso haja reaquecimento do consumo por parte da população, no caso de recuperação vigorosa da economia. Externamente, decisões ligadas à esfera econômica podem gerar perspectivas positivas para os biocombustíveis. Um exemplo é a atual decisão de produtores membros da OPEP — Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em cortar parte da produção de petróleo, visando sua elevação de preços no mercado internacional. Esse fato pode, potencialmente, aumentar a competitividade dos biocombustíveis. Em relação à esfera ambiental, algumas tomadas de decisão em âmbito internacional como a ratificação do Acordo de Paris, decorrente da 21ª Conferência das Partes, COP-21, e mais recentemente, da proposição de medidas concretas para o cumprimento desse acordo, podem favorecer a produção de biocombustíveis no Brasil. De acordo com a equipe da Biorrefinaria Virtual de Cana-de-Açúcar do CTBE — Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol nas dependências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e

Equipe da Biorrefinaria Virtual de Cana-de-Açúcar do CTBE

Materiais — CNPEM, o caso da “Plataforma para o Biofuturo”, apresentada durante a COP-22, em Marrakesh, representa um esforço coletivo para acelerar o desenvolvimento e a ampliação de escala de alternativas promissoras para a redução das

emissões de gases do efeito estufa na área de transporte e outros setores da bioeconomia. “Em linhas gerais, a produção de biocombustíveis necessita de um planejamento de médio e longo prazos, devido à necessidade de uma garantia de

Consolidação de novas tecnologias, como a de etanol 2G, ainda é um desafio Por parte do setor produtivo, investimentos contínuos em aumento da produtividade da biomassa e constante melhoria das eficiências de processos industriais, são pontos que irão afetar a competitividade dos biocombustíveis. A consolidação de novas tecnologias, como a de produção de etanol de segunda geração é um desafio que está sendo enfrentado e que pode trazer benefícios econômicos e ambientais importantes para o país, caso seja realizado um planejamento dentro e fora do setor. Neste sentido, o desenvolvimento de políticas públicas específicas para apoio de novas tecnologias no campo e na indústria, serão fundamentais para impulsionar o etanol de cana-de-açúcar e outros

biocombustíveis no país. Além disso, um ambiente externo favorável, com preços competitivos em relação aos derivados de petróleo e um cenário internacional de real estímulo ao crescimento da oferta de biocombustíveis como parte da solução dos efeitos das mudanças climáticas, como os mencionados anteriormente, serão de suma importância. A equipe destaca ainda que o setor sucroenergético tem papel de protagonismo, em função do potencial da cana-de-açúcar como matéria-prima que extrapola a capacidade de produzir açúcar, etanol e eletricidade. As novas soluções relacionadas à bioenergia e à chamada bioeconomia, no contexto das biorrefinarias, estão sempre atentas às

sinalizações desse setor. Dessa forma, deve-se expandir o horizonte da sua importância também para o médio e longo prazos, visando uma transição para um formato de economia que volte, gradativamente, a afirmar que os produtos da biomassa têm papel fundamental dentro das metas de sustentabilidade ambiental traçadas não apenas pelo Brasil, mas por diversos outros países comprometidos com uma trajetória mais equilibrada dos pontos de vista ambiental, social e econômico. “O apoio do setor sucroenergético a processos de inovação poderão contribuir significativamente na expansão do conceito de biorrefinaria, ampliando o portfólio de produtos do setor”, observa Edvaldo. (LB)

preços por um período suficiente para que o setor visualize a possibilidade de recuperação dos investimentos realizados”, comenta Edvaldo Rodrigo de Morais, pesquisador da divisão de avaliação integrada de Biorrefinarias — AIB do CTBE.

Governo precisa exercer seu papel Além do setor, o governo precisa exercer seu papel. Se por um lado o setor sucroenergético dependerá de algumas sinalizações específicas do governo que favoreçam investimentos necessários no campo e na indústria, por outro lado, o país e o governo se beneficiarão do desenvolvimento trazido pelo setor através da contribuição para o aumento do produto interno bruto, arrecadação de impostos, geração de empregos e redução na emissão de gases de efeito estufa planejados para o país nos próximos anos. Portanto é necessário que o governo planeje e estabeleça políticas públicas que potencializem o setor, alavancando importantes benefícios econômicos, ambientais e sociais para a sociedade em geral. Instituições de pesquisa apoiadas pelo governo, como no caso do CTBE, poderiam ajudar no estabelecimento de diretrizes para a formulação dessas políticas. (LB)


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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

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Planejamento estratégico é aliado importante da gestão empresarial Atividade possibilita que unidades fiquem mais fortalecidas para o enfrentamento de imprevistos R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

As dificuldades para a superação dos efeitos gerados pelas crises econômica e setorial têm afetado, com maior ou menor gravidade, todas as unidades e grupos sucroenergéticos. É quase consensual, na área de gestão empresarial, que um bom caminho para lidar com essas e outras adversidades é o planejamento estratégico de qualidade, elaborado criteriosamente. Não é uma tarefa das mais fáceis. Para tornar-se um aliado importante da gestão empresarial, o planejamento estratégico deve estabelecer metas e objetivos para o curto, médio e longo prazo. Mais do que isto, precisa definir estratégias para que os recursos disponíveis sejam utilizados, da maneira mais eficaz possível, para a elevação da produtividade, redução de custos e aumento da rentabilidade. O planejamento estratégico não deixa

que a empresa se torne uma embarcação sem rumo, mesmo quando há intensos ventos contrários. Como nem tudo acontece como é planejado, principalmente em um setor sujeito a indefinições por falta de políticas públicas mais claras, é fundamental que ocorra a simulação de diferentes cenários, levando-se em conta imprevistos, como uma alta na demanda ou uma crise no setor, entre outras situações. A adaptabilidade do planejamento estratégico aumenta ainda mais a sua importância para o dia a dia e o futuro da empresa. Desta maneira, unidades e grupos sucroenergéticos podem se antecipar em relação a diversas situações. Com planejamento, essas empresas ficam mais fortalecidas para o enfrentamento de imprevistos. Sem o planejamento estratégico, as adversidades e problemas já existentes podem se agravar quando surgem situações inesperadas, pois aumentam as possibilidades, nesses casos, de adoção de medidas equivocadas para superá-los. Mesmo em momentos de instabilidades e dificuldades é necessário mobilizar recursos para que o planejamento estratégico seja elaborado, monitorado e revisto quando for preciso – enfatizam especialistas da área.

Avaliação da situação financeira direciona diversas ações O planejamento estratégico deve ser realizado também na área financeira para avaliar e definir ações voltadas a diversos fatores relacionados ao crescimento, fortalecimento, endividamento e recuperação do negócio. A partir de um levantamento detalhado da composição dos custos, esse tipo de planejamento cria condições para a adoção de decisões estratégicas voltadas à melhoria da eficiência e redução de gastos. Um dos objetivos do planejamento

estratégico financeiro é projetar como poderá ficar a situação da usina em diferentes cenários e quais são as medidas que precisam e devem ser adotadas nessas circunstâncias. Além de realizar o diagnóstico da situação financeira do negócio, esse tipo de planejamento desempenha um papel essencial para o direcionamento de ações altamente relevantes, como investimentos na ampliação do parque industrial, aquisição ou construção de nova unidade, diversificação da atividade. (RA)

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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

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Elaboração requer visão abrangente e envolvimento de todas as áreas Uma visão abrangente de regras de gestão, boas práticas operacionais, mercados, tendências, política setorial e conjuntural deve nortear o planejamento estratégico de unidades e grupos sucroenergéticos. Além disso, outras recomendações são a análise da atuação da concorrência e a verificação se alguma empresa está fazendo algo diferente no mercado.

RenovaBio poderá criar condições mais favoráveis para o planejamento da atividade no médio e longo prazo O planejamento deve levar em conta metas de produção e de eficiência, custos, indicadores agrícolas e industriais, gestão de pessoas, programas voltados à sustentabilidade ambiental, entre outros itens. A sua aplicação e os resultados obtidos precisam ser acompanhados e avaliados periodicamente. O processo de elaboração do planejamento deve envolver todas as áreas da empresa – agrícola, industrial, administrativa, comercial, marketing – que

precisam estar sintonizadas no mesmo objetivo. Apesar das instabilidades no setor e no país, o planejamento estratégico deve ser desenvolvido, conforme as possibilidades, para um período mínimo de três anos. A definição de políticas públicas para a produção e comercialização de biocombustíveis e a bioeletricidade pode criar condições mais favoráveis para o planejamento da atividade no médio e longo prazo. Há inclusive uma expectativa positiva de lideranças e empresários do setor em relação ao RenovaBio 2030, programa lançado oficialmente em 13 de dezembro pelo governo federal. O cronograma estabelece que as diretrizes e estratégias do programa – incluindo a realização de consulta pública – serão apresentadas até o final de março. Em seguida, as propostas serão encaminhadas para o Conselho de Política Energética, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, e ao Congresso Nacional. O programa pode ser um caminho para uma maior previsibilidade de regras para retomada de investimentos voltados à expansão do setor sucroenergético. Um dos aspectos positivos do RenovaBio deverá ser a definição do papel dos biocombustíveis na matriz energética brasileira. (RA)

Ferramentas de qualidade ajudam na definição de metas A elaboração de um planejamento estratégico de qualidade deve incluir um diagnóstico detalhado e a definição de estratégias. A empresa precisa conhecer seus números, pontos fortes e falhos. Em casos de situações financeiras mais complicadas, a recuperação judicial pode ser a alternativa, de acordo com profissionais da área.

Metodologias clássicas desempenham papel importante na realização de diagnóstico e na escolha de estratégias a serem adotadas Existe a necessidade, na maioria desses casos, de uma mudança na cultura de gestão, o que inclui a adoção de estratégias de recuperação, além do planejamento e a execução de ajustes em todos os processos internos. Em situações mais favoráveis, quando grupos e unidades almejam, uma maior participação no mercado, devem ser definidos, entre outros fatores, quanto a empresa pretende crescer, quais serão as condições para isto acontecer e o que precisará ser realizado para que a meta seja alcançada. Além disso, a empresa que tem a visão de planejamento “sofre” menos, na maioria

das situações, as consequências de uma crise, pois se prepara melhor para as adversidades. A utilização de ferramentas de qualidade é fundamental para a elaboração de um planejamento estratégico eficaz. Esses recursos ajudam a empresa a realizar o diagnóstico da sua situação, estabelecer metas e definir estratégias a serem adotadas. Entre as metodologias clássicas utilizadas para a elaboração do planejamento, destaca-se a Análise SWOT,

que é a sigla dos termos ingleses Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). O uso dessa ferramenta possibilita, por exemplo, o levantamento de informações importantes que fazem parte do ambiente interno (forças e fraquezas) e do ambiente externo (oportunidades e ameaças). A ferramenta de análise de concorrência, de Michael Porter, é outro recurso que pode contribuir para a

elaboração do planejamento estratégico. Essa metodologia leva em conta, entre outros fatores, a relação dos concorrentes com os seus compradores e fornecedores. Outro aspecto importante para o desenvolvimento e a execução do planejamento é a integração dessa atividade com TI – Tecnologia da Informação. Os recursos de TI criam condições para o acompanhamento, com maior segurança, de todas as metas estabelecidas e a realização de correções de rota quando houver necessidade. (RA)


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Taquari acredita no setor e investe em uma nova bateria de moenda DA R EDAÇÃO

Em 13 de abril de 1928, Manuel Aguiar Menezes tornou-se comerciante sócio de seu irmão Edgar Menezes com a razão social Manoel Menezes & Companhia. Três anos depois Edgar deixa a empresa a fim de tratar de outros negócios. Em seu lugar entra Gonçalo Menezes de Aguiar. Em 1937 Gonçalo deixa a empresa e a mesma passa a ter a razão social de Manoel Aguiar Menezes & Companhia Ltda. Em 1978 passa a ter a razão social de Sociedade Anônima Manuel Aguiar Menezes — SAMAM. Pela multiplicidade de negócios que se criou, o negócio de louças e vidros foi aos poucos desaparecendo e substituído por móveis, decorações, automóveis, caminhões, tratores, empresa de pecuária, agrobussiness, indústria, clínicas hospitalares e serviços em geral. Dezoito empresas foram criadas, todas elas controladas pela Sociedade Anônima Manoel Aguiar Menezes. Seu Manoel Aguiar Menezes entregou nas mãos de seu filho Henrique Brandão Menezes, empresário que desde muito novo aprendeu a ter o mesmo

espírito visionário que seu pai, onde em sua fazenda de pecuária idealizou a filha mais nova do grupo, a Agroindustrial Capela — Usina Taquari, que nasceu em 2008, no início de uma das mais longas crises que o setor já vivenciou. Essa empreitada foi realizada por seu primogênito Manoel Aguiar Menezes Neto. Uma empresa nova, mas com a credibilidade do Grupo SAMAM, soma uma trajetória de mais de 80 anos de sucesso. As lavouras de cana da Usina Taquari são cultivadas numa área situada entre a divisa dos estados de Sergipe no vale do Japaratuba e o Estado de Alagoas na bacia do rio São Francisco. Ao longo destes nove anos de funcionamento a usina já passou por duas etapas de investimentos para ampliação da sua produção, a primeira foi em 2011 quando passou de destilaria autônoma para usina de açúcar com a implantação de uma fábrica de açúcar com 100% de equipamentos novos e a montagem de uma caldeira nova de 120 tvh de capacidade nominal. E no ano de 2016 fez a segunda fase de ampliação com recursos próprios na ordem de 26 milhões de reais. Substituindo a

moenda de 24”x36” por uma bateria de 30”x54” com acionamentos individualizados rolo a rolo com redutores planetários, motores elétricos e inversores de frequências de última geração. Foi a única usina de açúcar da região nordeste a realizar um investimento deste vulto num momento de dificuldades financeiras e de redução de safra que o setor vem enfrentando causada por uma das maiores secas da história na região. Com a tendência de boas perspectivas financeiras para as safras 17/18, 18/19 e 19/20, consequência de uma elevação nos preços do açúcar, somatório de diversos fatores, a próxima fase de investimentos será no campo no plantio de cana-de-açúcar com estimativa de 10.000 hectares de fundação nos próximos três anos, sendo 3.000 hectares para 2017, 4.000 para 2018 e mais 4.000 para 2019, totalizando um volume de investimentos de R$ 60 milhões de reais. A Agroindustrial Capela Ltda, Usina Taquari como é conhecida na região, produz açúcar, etanol, aguardente e energia elétrica. Tem um parque industrial bastante atualizado tecnologicamente e otimizada

operacionalmente, operando em regime de turnos de revezamento em quatro turnos, sendo: 12h (trabalhando) por 36h (folgando), com 36 funcionários por turno, perfazendo um total de (4x36) 144 pessoas, mais 76 funcionários em turno administrativo, totalizando o número de 220 funcionários em toda indústria, número considerado reduzido quando comparados com usinas da região e que operam em três turnos. “A crise se vence com trabalho”, diz Henrique Brandão Menezes, Presidente do Grupo SAMAM. Com seu espírito empreendedor e com a experiência de seus 78 anos, preocupado com a geração de empregos, bem-estar social de sua região e acreditando no setor sucroenergético, fundou, ampliou e tem como meta transformar a Usina Taquari na maior usina do estado de Sergipe. Para tanto, conta com o apoio de seus dois filhos e sócios Manoel Aguiar Menezes Neto e Henrique Brandão Menezes Júnior. Indústria Taquari 79 3263 9100 www.usinataquari.com.br


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Entrevista: Paulo Roberto Gallo – Ceise Br

“O setor e a economia aguardam ansiosamente as definições de Brasília” ninguém está à espera de subsídios ou facilidades, mas é preciso uma expectativa mínima em torno de quais serão as condições gerais, por exemplo, das políticas públicas no tocante às energias renováveis, em especial quanto ao etanol e à bioeletricidade, já que o açúcar tem seus preços efetivamente regulados pelos mercados internacionais. Portanto, o setor e a economia em geral aguardam ansiosamente as definições que venham de Brasília, para que surjam (ou não) as condições mínimas de investimento. Portanto, é inoportuno, neste momento, se estimar perspectivas, tanto de investimento quanto de produção, já que uma está intimamente relacionada à outra.

O Ceise Br — Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, estimula o desenvolvimento tecnológico, científico, social, ambiental e econômico de toda a cadeia do setor sucroenergético e de biocombustíveis, nacionalmente e ainda promove nacional e internacionalmente as competências do setor. O presidente do centro, Paulo Roberto Gallo, explica como está o atual momento do setor e como, acredita, ele deve se recuperar no curto prazo. Veja a seguir entrevista: JornalCana — Como o senhor vê o atual momento do setor? Paulo Roberto Gallo — Uma vez mais, temos um momento de incertezas, reflexo da instabilidade política que ainda assola o Brasil. Embora as condições econômicas do setor tenham inegavelmente melhorado ao longo de 2016, há ainda pouco reflexo em termos de negócios. Os “players” do mercado, com poucas exceções, seguem em compasso de espera. Quais as perspectivas para o biocombustível em 2017? Tendo em vista os compromissos assumidos pelo Brasil durante a COP 21 em termos de redução da emissão de gases de efeito estufa, as perspectivas são excelentes, prova disto é a preocupação do Governo Federal em implantar o RenovaBio 2030, programa que pretende disciplinar a produção de energias renováveis, estabelecendo critérios de produção,

Paulo Roberto Gallo, presidente do Ceise Br

competitividade e preços de forma harmônica entre todas as fontes possíveis. Isso poderá gerar condições de previsibilidade, fundamentais para o retorno de investimentos.

Quais as perspectivas na área de investimento e de produção? A expectativa toda gira ao redor das definições políticas e econômicas em torno do Governo Federal. Evidentemente que

Quais medidas o governo precisa tomar para beneficiar o biocombustível? Ações como as que serão propostas e discutidas no âmbito do RenovaBio 2030, tendo em vista a formação de um planejamento estratégico para o setor de energias renováveis, terão um papel crucial sobre o desempenho do setor nos próximos anos. O momento é de preparar um bom plano, rumo a regras claras, que garantam um mínimo de previsibilidade em termos econômicos, para que se possam avaliar e, eventualmente, gerar novos investimentos no setor que, certamente, tem tudo para voltar a crescer e gerar desenvolvimento social e econômico para o Brasil, de uma forma que poucos outros setores conseguem reproduzir, em termos de valor e abrangência em escala nacional.

MERCADO FORNECEDOR

WEG adquire controle acionário da TGM A fabricante de motores e equipamentos para energia WEG adquiriu o controle acionário da sertanezina TGM Indústria e Comércio de Turbinas e

Transmissões. Em nota a TGM divulgou que o processo de aquisição está sujeito ao cumprimento de condições e obtenção da

aprovação das autoridades de proteção a concorrência. Os acionistas atuais permanecem na companhia na condição de diretores.

A TGM apurou receita líquida de 238 milhões em 2015 e conta com unidades em Maceió, São José dos Campos e Nuremberg, na Alemanha.


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Unica Fórum discute o atual papel do setor Da Redação

Reunindo as principais personalidades do setor sucroenergético, a Unica — União da Indústria de Cana-de-açúcar, realizou no dia 28 de novembro de 2016, o Unica Fórum com o intuito de fazer o setor repensar o seu papel no atual momento de mudanças, em São Paulo, SP. No evento, a presidente da Unica, Elizabeth Farina, apresentou a visão estratégica para uma nova matriz energética com a palestra “Uma Visão Estratégica: A Nova Matriz Energética”. Durante a plenária, Farina criticou as discussões que apontam para a eletrificação dos transportes. “Em um país como o Brasil, em que há um combustível que reduz 90% das emissões e, que pode chegar a 100%, quando se considera o etanol de segunda geração, não faz sentido eletrificar a malha. Especialmente porque o modelo atual está pronto, com infraestrutura e uma frota rodante de 25 milhões de veículos. Quantos veículos elétricos nós vamos ter daqui a dez anos?”, questionou a presidente. Luis Henrique Guimarães, presidente da Raízen, principal companhia sucroenergética do Brasil, revelou durante o Fórum quanto o grupo pretende produzir de etanol 2G na próxima temporada, a 2017/18.

A planta 2G da Raízen, segundo Guimarães, reforçará a capacidade do setor sucroenergético em atender a projeção de o país chegar a 50 bilhões de litros de etanol a partir de 2030, caso o biocombustível seja empregado para cumprir os compromissos assumidos na COP 21 e 22. Guimarães disse que é difícil estimar um número para o déficit de oferta. Mesmo que o Brasil, maior produtor mundial da commodity, coloque um volume maior no mercado, não será algo significativo a ponto de provocar mudanças no quadro atual de oferta e demanda. “Estruturalmente, a gente passou de um grande superávit para um déficit e o mundo cresce 2 milhões, 2,5 milhões de toneladas todo ano. Então, alguém vai ter que produzir isso e a gente acha que o Brasil está sempre bem posicionado”, disse. Ele também reiterou demandas da indústria em relação ao mercado de etanol. Para ele, o Brasil precisa definir uma política de Estado para o combustível de cana-deaçúcar. “Já tem um plano claro para óleo e gás, com uma pauta muito bem liderada. Tem uma pauta muito clara para a energia elétrica”, disse ele, voltando a citar como exemplos a diferenciação tributária do etanol e a necessidade de definir a participação na matriz energética do Brasil.

Elizabeth Farina apresentou a visão estratégica para uma nova matriz energética


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José Serra quer ver etanol transformado em commodity O ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou que o fato de o Brasil fazer parte do Mercosul atrapalha as tentativas de negociar açúcar para a União Europeia. “Fragiliza a nossa posição”, disse o chanceler brasileiro, no encerramento do Unica Fórum. “O problema do Mercosul é o problema da alta competitividade (do açúcar brasileiro). A alta competitividade, por incrível que pareça, em certas circunstâncias, chega a ser um problema, não porque é ruim chegar a ela, mas porque provoca reações defensivas nos países que são nossos mercados”, afirmou. “E no Mercosul, o que me preocupa, especialmente, é que atrapalha nossas negociações com a União Europeia”, acrescentou. Para Serra, o açúcar enfrenta diversos problemas para acessar outros mercados no exterior. “Somos exportadores a nível mundial, de primeira linha, e esse é o setor, entre os que têm certo tamanho, que tem mais obstáculos ao comércio no mundo inteiro”, lamentou o ministro, citando em seguida medidas protecionistas adotadas recentemente pela China, em favor da produção de açúcar em uma de suas províncias. “As medidas não foram feitas contra o Brasil, mas nos atingem, porque somos metade das importações da China”, disse. Sobre o etanol, Serra disse que o sucesso dele no Brasil depende de sua

Unica Fórum: intuito de fazer o setor repensar papel no atual momento de mudanças

transformação em uma commodity, sugerindo que outros países começassem a investir no produto. “Precisamos ter escala na produção e no comércio internacional, no sentido de viabilizar que o etanol vire uma commodity, e aí a produção brasileira sairá fortalecida em razão da nossa alta competitividade”, afirmou o chanceler. Outra informação lançada no evento foi de que o governo federal pretende lançar um plano de longo prazo para o desenvolvimento dos biocombustíveis no

Brasil, principalmente o etanol e o biodiesel. O ministro Fernando Coelho Filho comenta que a RenovaBio -Biocombustíveis 2030, atualmente em estudo no governo, tem cimo objetivo dar “tranquilidade, estabilidade e previsibilidade” para os investidores do setor. Ele disse ainda que os planos do governo para os biocombustíveis visam tirar o país da atual situação de “interrogação” sobre o futuro do segmento para um papel de protagonista. Isso seria feito, segundo ele, com ações para assegurar condições de

investimento para o setor privado, sem grande intervencionismo estatal nas políticas setoriais. “Que o Brasil possa sair dessa interrogação, se vai para frente, se não vai, e possa ocupar de fato seu lugar de destaque na liderança, não só no volume, mas na detenção da tecnologia dos combustíveis verdes”, afirmou Coelho Filho. Medialink Comunicação 11 3817 2131 www.medialink.com.br


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OS SETE BIOS DO SETOR Os 7 bios para uma usina ser 100% sustentável

Bioaçúcar, bioetanol, bioeletricidade, biodiesel, biofertilizante, bioágua e bioplástico são os alvos da usina do futuro

Bioaçúcar: deve ser produzida adequadamente, seguindo todas as normas de BPF`s — Boas práticas de Fabricação, desde a seleção da matéria-prima, limpeza e climatização da indústria e da estocagem, capacitação e segurança dos funcionários, uso adequado de EPI´s — Equipamentos de Proteção Individuais, até o transporte.

Bioetanol: o etanol, derivado da cana, traz reduções de até 90% nas emissões de gases causadores do efeito estufa, se comparado aos combustíveis convencionais. O sumo da cana é utilizado para produzir o bioetanol por meio de fermentação e destilação.

Bioeletricidade: a energia elétrica é produzida a partir do bagaço proveniente da moagem da cana-de-açúcar e é capaz de atender ao consumo interno de todas as subdivisões da empresa e ainda oferece o excedente ao mercado consumidor regional através da concessionária local.

Biodiesel: o biodiesel se baseia em produzir combustíveis renováveis, mudando o metabolismo de uma bactéria que se alimenta da cana-de-açúcar e produz diesel, gasolina e até mesmo combustível para aviões.

Biofertilizantes: Residual da moagem (vinhaça) é um adubo orgânico líquido, aplicado em pulverizações foliares ou junto com a água de irrigação. Fornece nutrientes essenciais para as plantas e auxiliam no controle de doenças e insetos. Propicia uma resposta mais rápida que os fertilizantes de solo.

Bioágua: fazendo uso de catalisadores para evitar a perda de vapor e promover o uso da própria água da cana surge a bioágua, que permite concentração maior de resíduos do processo produtivo, resultando em um tipo de biofertilizante organomineral que pode ser aplicado nos canaviais.

Bioplástico: derivado da cana-de-açúcar, o bioplástico, produzido atualmente em laboratórios, já começa a ser usado em produtos comerciais e a ganhar espaço no mercado. A tendência, mesmo que a longo prazo, é produzir bioplástico de forma 100% sustentável.

LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Produzir o máximo de bioprodutos, conseguir o máximo de mitigação de gases e ainda seguir o conceito de não produzir resíduos, ter zeros efluentes líquidos, mínimas emissões e zero captação de fontes é a base de uma usina sustentável. Segundo especialistas é a única maneira efetiva de ajudar o planeta a reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Para alcançar o conceito sustentável, a empresa precisa seguir a ideia de otimização, onde produz o máximo de bioprodutos e ainda focar na base de zero resíduos, efluentes líquidos e captação de fontes. Seguindo esses dois conceitos e com a usina possuindo a bioágua, água excedente da própria cana, seus resultados serão ainda mais positivos. O ápice de uma usina sustentável se baseia nos sete bios do setor sucroenergético: bioaçúcar, bioetanol, bioeletricidade, biodiesel, biofertilizantes, bioágua e bioplástico. Até hoje nenhuma usina brasileira conseguiu reunir as sete características, mas caminha para isso. Localizada em Barra do Bugres, MT, a Barralcool é a única empresa que está mais próxima de alcançar os sete bios do setor. Atualmente possui quatro deles consolidados: bioaçúcar, bioetanol, bioeletricidade e biodiesel, sendo a primeira usina do país a se tornar uma usina sustentável. De acordo com o balanço líquido, para cada litro de etanol equivalente que é utilizado no veículo substituindo a gasolina, se evita produção de dois quilos de CO2. Existe ainda um potencial maior, quando é usada metade da palha para fornecer energia para rede, três

José Luiz Olivério, conhecedor do tema, sonha há anos com a usina do futuro

quilos de CO2 são evitados, mas se toda a palha ou todo o bagaço for utilizado para fazer o etanol de segunda geração e usá-lo nos veículos, cinco quilos de carbono são evitados por litro de etanol equivalente e essa é a visão básica de uma usina sustentável. Mas não há como fugir dos gases. Eles são liberados em qualquer etapa da produção, seja na área industrial ou na agrícola, com o uso de máquinas. Assim, o foco é conseguir, através de meios sustentáveis, liberar a menor quantidade possível desses gases em qualquer uma das etapas. “No projeto de uma usina sustentável tem que ser levado em conta que a sustentabilidade tem três aspectos que devem ser considerados. O primeiro é a sustentabilidade econômica, seguido pela sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social”, explica José Luiz Olivério, vicepresidente de tecnologia da Dedini Indústrias de Base. A usina deve atender requisitos de competitividade, ou seja, ela deve produzir equivalentemente como as outras usinas, porém o seu etanol é mais sustentável, e isto promove vantagens na operação e para o investidor. Nesse cenário, a usina precisa possuir

pelo menos três bioprodutos: açúcar, etanol e eletricidade. Esses devem ser produzidos através de processos otimizados, o que significa que a usina necessita de condições para produzir o máximo de bioprodutos na mesma tonelada de cana. Segundo Olivério, o projeto dos sete bios de uma usina sustentável são os únicos meios rápidos para reduzir os gases. “Precisamos ressaltar a importância do etanol proveniente de usina sustentável. Principalmente num momento como esse, em que o mundo todo está procurando maneiras de reduzir as emissões, a única maneira imediata de implementar medidas efetivas até 2030 é através de biocombustíveis”, observa o especialista. Além disso, se esse biocombustível for de uma usina sustentável ele tem um efeito ainda maior. “O mundo fala muito sobre carros sustentáveis e outros projetos que certamente vão ajudar o meio ambiente. Porém, todos eles são para longo prazo. Além dos bios, nenhum outro oferece resultados imediatos. Com a tecnologia atual conseguimos um produto tão competitivo quanto o etanol de primeira geração, contribuindo para eliminar o aquecimento mais do que qualquer outra tecnologia no curto prazo”, finaliza Olivério.


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Congresso da Udop destaca gestão industrial avançada Vertente e Bevap apresentaram aumento da eficiência e ganhos econômicos com otimizador em tempo real para controle de processos JOSIAS M ESSIAS, DE ARAÇATUBA, SP

O 9º Congresso Nacional da Bioenergia, realizado pela Udop nos dias 9 e 10 de novembro último em Araçatuba, SP, destinou um painel exclusivo para apresentações e discussões sobre gestão industrial avançada. O Painel teve como moderador Antônio Carlos Viesser, diretor industrial corporativo do Grupo Tonon, e contou com apresentações de Fernando Calsoni, gerente industrial da Bevap, e Luiz Fabiano de Azevedo, gerente de planejamento e controle de processos da Tereos Guarani. Calsoni e a equipe da Bevap apresentaram o case “Aumento da eficiência industrial com a utilização de software na gestão das operações industriais” e Luiz Fabiano apresentou o case “Aplicação de otimizador em tempo real para controle de processos”, com base no êxito da implementação do software S-PAA na Usina Vertente. As palestras atraíram a participação de mais de cem profissionais e executivos de usinas, os quais puderam conferir detalhes e os resultados obtidos com a mais inovadora ferramenta de gestão e operação da área industrial. “Os palestrantes transmitiram muita segurança no uso do S-PAA, apresentando

Equipes da Vertente, da Tereos Guarani e da Bevap que compartilharam cases de sucesso do S-PAA

detalhes de cada implementação e mostrando os números de ganhos obtidos que inspiraram grande confiança na ferramenta”, avaliou Alemão, como Antônio Carlos Viesser é conhecido no setor. Para ele, foi muito interessante moderar um painel que apresentou os cases de duas usinas idôneas, as quais comprovam que o SPAA representa um caminho único para se obter a máxima performance operacional de cada equipamento e de cada setor da

indústria. “Por se tratar de uma planta de processo contínuo, cada etapa de produção depende e concorre com as demais etapas, configurando milhares de variáveis de controle que são impossíveis de serem operadas e gerenciadas na máxima performance sem os recursos de um software de simulação e otimização em tempo real (RTO)”, explica. “Pelo que foi apresentado, o software oferece muitos recursos que agilizam e facilitam bastante a gestão, pois

modela as particularidades de cada usina. Desconheço uma ferramenta como o S-PAA, que representa o futuro da nossa área”, afirmou. Com 12 salas temáticas divididas entre as principais áreas que norteiam a cadeia bioenergética, o 9º Congresso Nacional da Bioenergia vem a cada ano batendo recordes de público, palestrantes e moderadores. “O evento superou todas as nossas expectativas”, completa Alemão.

Painel contou com palestra de Luiz Fabiano e público

Com a cooperação do time da Vertente e da Tereos

de mais de cem profissionais de usinas

Guarani, a implementação aconteceu em tempo recorde

Usina Vertente divulga ganhos de R$ 4,5 milhões com implantação de RTO O Grupo Tereos Guarani divulgou um ganho de R$ 4,579 milhões com a utilização do sistema S-PAA na Usina Vertente. Com capacidade anual de moagem de 21 milhões de toneladas de cana, produção de 1,7 milhões de toneladas de açúcar, 700.000 m³ de etanol e venda de 1.100 GWh/ano de energia, o Grupo é composto por 7 unidades: Andrade, Cruz Alta, Mandu, São José, Severínia, Tanabi e Vertente. Em palestra no Congresso da Udop, Luiz

Fabiano de Azevedo, gerente de planejamento e controle de processos da Tereos Guarani, fez um panorama sobre as opções de automação e otimização dos processos industriais em usinas. Segundo ele, o estágio atual de automação é bastante variado. Em uma mesma unidade pode haver níveis de automação diferentes de setor para setor e a implantação de controle avançado demanda alto investimento em automação. “O sistema de

otimização em tempo real é uma alternativa interessante ao controle avançado, trazendo resultados num curto espaço de tempo. Além disso apresenta a vantagem de incorporar a visão de negócio no controle dos processos”, informou. Com a total cooperação do time da Vertente e da Tereos Guarani, o projeto foi implementado em tempo recorde. Teve início em fevereiro, com a reunião de kick-off e início

da modelagem, e em junho ocorreu a implementação dos Laços Fechados de Controle. O gerente industrial da Vertente, Roberto Oliveira, apontou a importância da equipe no processo de implantação. “O sucesso na implantação de qualquer novo processo está nas pessoas, por isso, os resultados obtidos pelo S-PAA são mérito de toda equipe que se engajou no projeto”, afirmou.


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Laços Fechados garantem eficácia e resultados em curto prazo A tecnologia de otimização em tempo real (RTO) tem sido aplicada pela Soteica desde 1995 no setor petroquímico e há 8 anos no mercado sucroenergético. Durante este período, a maioria das implementações foi com controles em laço aberto, no qual o sistema emite recomendações de alterações em set-points e cabe aos operadores efetivarem estas recomendações. Nos últimos anos tem se verificado um interesse maior em fechar alguns destes laços de controles, em função da confiabilidade adquirida, automatizando a atuação das recomendações feitas pelo software. Além disto, a poderosa plataforma de simulação, otimização global e de comunicação nativa do S-PAA tem sido utilizada para implementar lógicas específicas de automação. A operação em Laço Fechado tem a vantagem de acelerar o processo de captura dos

ganhos e agrega um ganho adicional nas operações onde a atuação manual demandaria um esforço e uma prontidão além do razoável (mais informações sobre Laços Fechados estão disponíveis em www.prousinas.com.br ). No projeto da Vertente, os primeiros Laços Fechados de Controle implementados foram: • Lógica de automação de embebição e extração do difusor • Lógica de automação do carregamento de mosto nas dornas com ART constante. • Lógica de automação da carga de geração de energia com base na necessidade de vapor de processo • Lógica de automação da evaporação com o controle de carga de caldo, nível dos evaporadores e concentração do xarope • Lógica de automação do controle das vazões de caldo para açúcar e álcool e manutenção do mix produtivo

Em um mês de utilização, os ganhos permitiram um payback de todo o projeto

Um caminho mais ágil e eficiente na busca por resultados A Bevap Bioenergia, de João Pinheiro (MG), é uma empresa que visa sempre superar suas metas e melhorias de processo e investiu no S-PAA por acreditar ser este o caminho mais ágil e eficiente na busca incessante por resultados. A empresa considera que, com preços melhores, todo e qualquer ganho no aumento da produção amplifica ainda mais os resultados econômicos. No 9ª Congresso Nacional de Bioenergia Fernando Calsoni, gerente industrial da Bevap apresentou detalhes e resultados da implementação do S-PAA na empresa, a qual bateu recorde histórico na produção de açúcar cristal nesta safra, produzindo 30.240 sacas de 50k em um único dia. Graças ao envolvimento de toda a equipe no projeto, da concepção à operação, a empresa obteve incremento de 0,36% na extração do caldo, de 3.452 MWh na exportação de energia, além da redução de 13.254,55 toneladas no consumo de vapor. A implementação do S-PAA contou, inclusive, com um grupo no Whatsapp para interação da equipe.

Calsoni: “o caminho mais ágil e eficiente na busca incessante por resultados”

“O software de gestão industrial avançada é uma excelente ferramenta e rapidamente apresentou ganhos em todo o processo, que somam mais de R$ 2,8 milhões em uma safra de 4.315 horas, confirmando o payback do projeto em 28 dias apenas com os ganhos já apurados, que não incluem ainda os resultados na recuperação de fábrica e rendimento fermentativo”, afirmou Calsoni. “Com a implantação do software, ganhamos na estabilidade de processo e melhor aproveitamento da matéria-prima”, complementa. No projeto da Bevap, os primeiros Laços Fechados de Controle implementados foram: • Controle de embebição do difusor com base na fibra e na extração. • Estabilização do caldo para o processo, aproveitando potencial dos captadores do difusor. • Carregamento de dornas garantindo o ART constante e repetibilidade • Controle da pressão do vapor de escape para o processo visando otimização na cogeração de energia e calor.


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Curso sobre açúcar apresenta elevado conteúdo técnico Alternativas e inovações para o processo de produção fazem parte de palestra com abordagem físico-química R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Novos caminhos, tecnologias e produtos foram temas de explanações e debates que ocorreram no Curso de Fabricação, Secagem e Embalagem de Açúcar, realizado pela ProCana Sinatub, em 1º de dezembro, em Sertãozinho, SP. Todo o processo de produção de açúcar, desde a matéria-prima fornecida pela área agrícola até o produto final foi esmiuçado no curso, que teve elevado conteúdo técnico. O evento contou com mais de oitenta participantes de dezessete grupos sucroenergéticos, incluindo diretores, gerentes, supervisores, técnicos, entre outros profissionais da área industrial de usinas. Um dos grandes destaques da programação do evento foi a palestra do engenheiro Marcos Eduardo Katsuda Ito, que fez uma abordagem físico-química do processo de produção de açúcar. Diversas alternativas e inovações tecnológicas foram apresentadas por Marcos Ito – que tem vasta experiência como

consultor de usinas e refinarias da América do Sul e América Central – voltadas à produção de açúcar de qualidade, mesmo quando ocorre a utilização de cana com elevado teor de contaminantes (cinzas, cor, amido, dextrana). Para alcançar esse objetivo, o palestrante detalhou fatores que devem ser considerados para a otimização das etapas de clarificação por fosfatação (sem o uso de enzimas). “Usinas fora do Brasil usam carbonatação em vez de fosfatação”, exemplificou Marcos Ito. Outro aspecto abordado na palestra está relacionado ao uso de cal. Quanto maior a

Bevap bate recordes na produção de cristal e VHP em 2016 A apresentação do case da usina Bevap, que obteve produção recorde na produção de açúcar em 2016, fez parte da programação do curso da ProCana Sinatub. Essa unidade sucroenergética de João Pinheiro, MG, produziu em 1º de setembro, 33.200 sacas de VHP. Outro recorde ocorreu em 20 de setembro com a fabricação de 34.100 sacas de açúcar cristal. A fábrica de açúcar da Bevap trabalha no sistema de duas massas (A-B), realizando seis cortes na massa A e dois cortes na massa B - detalhou James Antero da Silva, encarregado de produção da usina. Para isto, conta com nove tachos, operando da seguinte forma: um tacho de 400HL, funcionando como coringa nas duas massas (A-B); 5 tachos de 600 HL na massa A e três tachos de 600 HL na massa B. Em relação à configuração da centrifugação, a fábrica da Bevap conta na massa B com duas centrífugas de fluxo contínuo que são alimentadas por meio de um sistema de bombeamento de massa com bombas de lóbulos. Na massa A, a usina opera com quatro centrífugas bateladas com capacidade de 1.750 quilos, sendo também alimentadas por bombas de lóbulos. A fábrica de açúcar da Bevap tem capacidade para produzir 30.000 sacas por dia. Atualmente a produção de VHP está exigindo até mais cuidados no processo de fabricação por causa de quebra e formação de pó, do que o açúcar cristal – observou James Antero. “Estamos preferindo fazer açúcar branco do que o VHP”, disse. Um dos trunfos da Bevap, para assegurar a boa performance de sua fábrica, é a utilização do software S-PAA, uma solução da Pró-Usinas/Soteica. “Tem ajudado muito”, afirmou o encarregado de produção. (RA)

quantidade de cal utilizada no processo, maior será também a incrustação – disse. “A cal magnesiana ou dolomítica é melhor do que a cal calcítica. O potencial iônico do magnésio é 7,68”, afirmou. O consultor observou ainda que o emprego de sacarato também é mais recomendável do que a leite de cal. “Existe uma diferença muito grande. Nenhuma refinaria trabalha no mundo com leite de cal. O sacarato proporciona estabilidade do pH”, disse. Uma floculação, que apresenta resultados negativos, tem pH abaixo de 7. “Temperatura, tempo, pH e agitação são fatores que proporcionam uma boa

floculação”, ressaltou. Quando se usa o próprio caldo com diluição em linha, há uma diminuição do polímero aniônico. De acordo com ele, o excesso de polímero provoca incrustação tanto no filtro prensa como rotativo. “A sulfitação do caldo atua preventivamente nos agentes de cor que vêm da cana”, disse. Segundo o consultor, sulfitando o caldo com pH de 8,5 a 9, há usina na Índia que tem obtido bons resultados. Essa medida é considerada polêmica por profissionais de unidades sucroenergéticas, porque provoca a destruição de açúcares redutores.

“Fazer o certo” é fundamental para a obtenção de bons resultados “Usina nova ou velha, tanto faz. É preciso fazer o certo”. A afirmação é de José Ieda Neto, diretor da Inel - Ieda Engenharia e Consultoria Industrial, que abordou, durante palestra no evento da ProCana Sinatub, diversos fatores que devem ser considerados no tratamento de caldo para a obtenção de resultados satisfatórios. Com uma cana-de-açúcar – proveniente do campo – contendo maior quantidade de impurezas e palha, em decorrência da mecanização da colheita, o desafio para a obtenção de um caldo clarificado limpo torna-se cada vez maior. Segundo Ieda Neto, o processo de clarificação do caldo deve remover o máximo de material em suspensão e decantálos a uma boa taxa de sedimentação. É preciso maximizar a precipitação de impurezas solúveis do caldo mediante ajuste de pH, controle de temperatura e da concentração iônica para atingir o ponto isoelétrico. – detalhou. A clarificação tem a finalidade de produzir caldo com alta qualidade, com mínimo de turbidez, cor, baixa concentração de cálcio e com baixo nível de contaminantes – ressaltou. A produção de lodo com características adequadas para a operação de filtração também é outro objetivo desta etapa da fabricação de açúcar. Apesar de alguns aspectos serem considerados básicos durante a clarificação do caldo, é necessário redobrar a atenção para diversos procedimentos e parâmetros. Existem usinas que não possuem ainda gráfico de pH – alertou. No processo de tratamento de caldo é preciso também utilizar insumos de qualidade, de maneira adequada, como enxofre, ácido fosfórico e cal – exemplificou. Entre outros cuidados, devem ser observados fatores, como: estabilidade na vazão do caldo, controle e monitoramento do processo,

José Ieda Neto: “Usina nova ou velha, tanto faz”

monitoramento analítico. Diversos procedimentos e cuidados que devem ser adotados na sulfitação, fosfatação, caleação foram outros temas abordados por Ieda Neto. Ele destacou ainda que existe hoje uma alternativa à cal hidratada convencional que é a solução de hidróxido de cálcio aditivada, isenta de particulados inertes, abrasivos e incrustantes. De acordo com Ieda Neto, a utilização deste produto proporciona menor adição de água e redução drástica de contaminantes e inertes ao sistema, o que cria condições para a diminuição das incrustações. (RA)


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Palestras criam condições para a aprendizagem de novas práticas A abordagem de novos aspectos que possibilitam reflexão sobre o processo de produção foi um dos pontos positivos do Curso de Fabricação, Secagem e Embalagem de Açúcar promovido pela ProCana Sinatub.

Profissionais experientes afirmam que evento ofereceu oportunidades para o conhecimento e assimilação de novas experiências e conceitos relacionados ao processo de produção O curso apresentou informações novas, de grande importância, afirma Francisco Lima, encarregado de produção da Usina Santa Isabel, de Mendonça, SP. Segundo ele, diversas palestras criaram condições para a aprendizagem de novas práticas utilizadas no processo de fabricação de açúcar, mesmo atuando no grupo há 19 anos – que tem outra unidade em Novo Horizonte, SP – e, desde 2004 trabalhando na usina de Mendonça. Apesar de conviver com tecnologias

avançadas na nova e moderna unidade do grupo, ele teve a oportunidade de conhecer outras práticas, experiências e conceitos relacionados ao processo de produção. Para Francisco Barbosa, gestor de produção da Usina Goiasa, de Goiatuba, GO, as palestras sempre agregam bastante informação técnica. ”O aprendizado é contínuo. A gente nunca sabe tudo”, disse

ele, mesmo com 32 anos de experiência na área de produção de açúcar. Entre os assuntos que chamou a atenção de Francisco Barbosa, inclui a elevação do pH do caldo, na Índia, para 8,5 a 9. “A medida destrói açúcares redutores, a não ser que ocorra adição instantânea. É uma questão a ser debatida e ponderada”, comentou. (RA)

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S-PAA possibilita acompanhamento e otimização em tempo real O software S-PAA é um sistema de gestão avançada da produção de açúcar, etanol e cogeração de energia. Com módulos que permitem o acompanhamento e a otimização, em tempo real, de todo o processo produtivo, o S-PAA sugere mudanças operacionais para extrair a máxima lucratividade da planta industrial. Com o S-PAA, a atuação em nível operacional tem um background de engenharia, uma vez que o software irá direcionar a atuação na operação com base no balanço de massa rigoroso e nas definições da engenharia – explicou o engenheiro químico Douglas Mariani, consultor da Soteica, durante a sua apresentação no curso ProCana Sinatub, falando sobre “O PDCA On-Line Maximizando sua Recuperação de Fábrica e Produção de Açúcar”. ”Executar o S-PAA equivale a executar o PDCA on-line”, enfatizou. O software funciona também, em laço fechado, configurando o sistema em conjunto com o supervisório de processo para que este atue nos set-points, implementando as soluções de otimização e controle avançados que dependam de variáveis medidas, análises ou dados calculados pelo S-PAA – observou. (RA)


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Evento aborda importância da adoção de medidas adequadas A importância da adoção de cuidados e medidas adequadas em todas etapas do processo foi uma preocupação demonstrada pelos palestrantes do evento da ProCana Sinatub. “A produção de açúcar começa na lavoura”, afirmou Luiz Paulo Sant’Anna, diretor geral da Cevasa, que proferiu a palestra “Cristalizando com alta eficiência visando recuperação máxima na fabricação de açúcar”. “Fabricação de Açúcar - Conceitos, Parâmetros e Experiências das Últimas Safras” foi o tema da palestra de Fernando Cullen Sampaio, diretor da FCS Engenharia. Ele abordou diversos aspectos do cozimento e cristalização. A programação ainda incluiu as palestras “Clarificação de Xarope Eficiente”, do engenheiro João Sisdelli Neto, diretor da Sisdelli Consultoria Industrial e “Promagma - Redução da cor no processo de produção de açúcar”, de Guilherme Moroço, gerente comercial da Prosugar.

Luiz Paulo Sant’Anna, diretor geral da Cevasa

Fernando Cullen Sampaio

Guilherme Moroço, gerente comercial da Prosugar

Marcos Eduardo Katsuda Ito

João Sisdelli Neto, diretor da Sisdelli Consultoria Industrial

PATROCINADORES E EXPOSITORES


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SAÚDE & SEGURANÇA

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Usinas ampliam prevenção à chikungunya em 2017 LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP

Em novembro de 2016 foi anunciado pelo ministério da saúde o possível aumento nos casos de chikungunya no Brasil em 2017. O alerta é para que não falte conscientização sobre como prevenir o aumento da doença. De 2015 a 2016 os casos confirmados da chikungunya aumentaram 15 vezes, passando de 8.528 para 134.910 e os suspeitas, quase dez vezes, de 26.763 para 251.051 e a previsão é de que esse número continue crescendo. O ministério da saúde informou que o governo prevê um aumento significativo de casos de infecção pelo vírus Chikungunya no Brasil em 2017. A expectativa da pasta é de que os casos de infecção por dengue e pelo vírus Zika se mantenham estáveis em relação ao que foi registrado em 2016. Em 2016 pelo menos 138 óbitos por febre chikungunya foram registrados em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão, Alagoas, Piauí, Amapá e Distrito Federal. Atualmente, 2.281 municípios brasileiros já registraram casos da doença. Dados divulgados pelo ministério da saúde apontam que 855 cidades brasileiras estão em situação de alerta ou de risco de surto de dengue, chikungunya e Zika. O número representa 37,4% dos municípios pesquisados. Dentro desse cenário cabe as empresas e usinas adotar medidas para evitar casos como

Wesley Monteiro Martinez dos recursos humanos da Usina Diana

esse entre seus colaboradores. Segundo Wesley Monteiro Martinez dos recursos humanos da Usina Diana de Avanhandava, SP, a prevenção começa já nos criadouros do inseto, através de auditorias nos ambientes de trabalho. “Hoje na Diana existe o projeto 8’S, desenvolvido com o foco na prevenção e conscientização dos funcionários da empresa”, afirma Wesley. Os conceitos principais do projeto são a segurança, organização e limpeza. Os funcionários recebem treinamento sobre as filosofias do 8’S, que inclui alertas sobre os possíveis riscos além das auditorias realizadas em todas as áreas da empresa. “Todos os colaboradores têm acesso às informações do projeto por meio da divulgação em cartazes, e-mails, sites, murais e pelo informativo mensal Diana News. Todos os meses trabalhamos com temas referente a saúde, incluindo Chikungunya, Dengue e Zika”, comenta Wesley. Outra realização da empresa a fim de conscientizar seus funcionários foi a parceria de palestras firmada com a vigilância sanitária e a inclusão deste tema no DDSS — Dialogo de Saúde de Segurança. Por meio das palestras, a empresa notou que os colaboradores passaram a agir como espécie de vigilantes em seus locais de trabalho e até mesmo nos pátios, mantendo os locais sempre limpos. Muitos informaram que levaram o hábito para casa, tornando-se ainda mais cuidadosos contra o terrível mosquito.


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ENTREVISTA — Daine Frangiosi

DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades Daine Frangiosi, sócio-diretor e gerente de produção agrícola da VPIF Agrícola de Campo Florido, MG, aborda, com sua experiência no setor, a importância de todas as etapas produtivas da cana, mantendo foco especial na nutrição complementar e no controle de doenças e pragas. Veja a seguir sua entrevista: JornalCana — Qual a sua visão sobre a importância da produtividade agrícola dentro do processo produtivo sucroenergético? Daine Frangiosi — Sem dúvida nenhuma a produtividade agrícola é o fator mais importante. Mantendo o canavial produtivo, conseguimos uma diluição dos custos da tonelada. Então é imprescindível investir na produtividade. Contudo, investir para buscar a tão sonhada margem da cana dos três dígitos não significa aumentar demais os custos e estourar o teto do orçamento. Investir significa dar importância a cada etapa do processo produtivo sabendo do retorno econômico. Portanto, esse investimento é dar foco a todas as etapas produtivas da cana. Mantendo o canavial com produtividade alta conseguimos superar com mais tranquilidade os momentos de turbulência do setor. Quais decisões vêm sendo tomadas por sua empresa que refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais? Sempre buscar inovações, ou seja, implementar em prática resultados novos de pesquisa, com trabalhos

Daine Frangiosi, sócio-diretor e gerente de produção agrícola da VPIF

conduzidos por terceiros ou nos próprios campos experimentais aqui na empresa. Também, como citado antes, dar importância a todas as etapas produtivas da cana, mantendo foco especial na nutrição complementar e no controle de doenças e pragas.

Dentro do pacote tecnológico disponível para a cultura da cana-de-açúcar, a nutrição complementar via folha configura-se como uma ferramenta de relevância? E como a Ubyfol se encaixa neste cenário? Embora a nutrição complementar via folha tenha passado por um momento de rejeição na cultura da cana, hoje está provado por inúmeros trabalhos que é uma ferramenta indispensável para atingir altas produtividades. É um manejo muito importante, pois complementa e melhora a eficiência da absorção dos nutrientes da adubação de base. Outro resultado que está sendo observado através da nutrição complementar é o aumento da capacidade de resistência da planta no controle de doenças. O cenário atual a Ubyfol tem mostrado uma empresa de excelência no segmento de nutrição complementar via foliar. Sempre buscando inovações e soluções para o acréscimo de produtividade. É uma empresa que sempre busca o estreitamento com o canal cliente. Portanto, consegue de forma eficaz sentir as necessidades do setor, trazer soluções rápidas e colocar as inovações de forma precisa através da ótima equipe qualificada de pós-venda. Qual o melhor caminho para aumentar a produtividade? Hoje temos inúmeras ferramentas para colocar em prática, manter ou aumentar a produtividade do canavial. Basta apenas utilizarmos de maneira correta cada uma delas durante as etapas produtivas. Lembrando que todas as etapas possuem o mesmo valor de importância, em se tratando de produtividade. Ubyfol 34 3319 9500 www.ubyfol.com


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Sistema melhora a qualidade da informação gerada no campo O uso de software embarcado para coleta de dados, em substituição a apontamento manual, reduz despesas e otimiza tempo R ENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

O uso de recursos de tecnologia móvel pode desempenhar um papel importante para a melhoria da qualidade das informações, geradas no campo e transmitidas para a área administrativa de unidades e grupos sucroenergéticos. É isto que demonstra, por exemplo, o trabalho de mestrado de Sérgio Augusto Pelicano Júnior, desenvolvido na Fatec – Faculdade de Tecnologia, de Guaratinguetá, SP, vinculada ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, que teve como objetivo identificar os benefícios decorrentes da utilização de um software embarcado em um dispositivo móvel visando o controle das ordens de serviço de manutenção de máquinas e equipamentos. O trabalho incluiu o desenvolvimento de um projeto voltado ao equacionamento dos problemas enfrentados por um grupo sucroenergético – proprietário de duas unidades –, da macrorregião de São José do Rio Preto, SP, visando a melhoria da qualidade da informação da área de manutenção automotiva.

Sérgio Augusto Pelicano Júnior: busca pela qualidade da informação da manutenção automotiva

O projeto foi elaborado, em parceria com a equipe de PCM – Planejamento e Controle de Manutenção e do TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação. A implantação foi realizada em 2013 em uma das unidades do grupo e a dissertação de Sérgio Pelicano ocorreu em março de 2016, o

que resultou na obtenção do título de mestre em Gestão e Tecnologia em Sistemas Produtivos. “A usina tinha muita anotação em papel. Havia demora na transferência desses dados e até mesmo dificuldade de entendimento das informações anotadas. Começou a ter

necessidade de contar com recurso mais prático”, afirma Sérgio Pelicano, que é formado em Processamento de Dados. Com o novo sistema, os dados passaram a ser digitados no tablet, que valida as informações – explica. “O sistema não permite a digitação de dados que não estão no padrão. Não há como perder essas informações que são enviadas quando há uma conexão Wi-Fi ou uma conexão 3G”, diz. Além da melhoria da qualidade da informação, o sistema proporcionou redução de despesas e otimização do tempo. “Não há mais necessidade de impressão de relatórios”, diz. Esse recurso tecnológico permite também maior rapidez na transmissão das informações em casos de emergência. Se o mecânico ou eletricista que fez reparos em determinado equipamento não tiver acesso ao 3G ou Wi-Fi no local onde estiver executando os serviços, ele grava os dados no tablet, que ficam off-line. “Antes demorava alguns dias para a digitação das informações. Agora, o máximo que pode acontecer é esse procedimento ser adotado no final do dia, até o funcionário da usina chegar a um local que tenha esses recursos. Pode demorar um pouco, mas bem menos tempo em relação ao período quando não havia esse sistema”, compara. Segundo o setor de TI – Tecnologia da Informação da usina – que foi atendida pelo projeto –, a operadora de celular faz uma cobertura de 70% a 80% da área agrícola dessa unidade, a maior parte com 3G.

Projeto proporciona ganhos na gestão da manutenção automotiva Informações, transmitidas via dispositivo móvel, permitem visualizar, por exemplo, os problemas mais comuns que ocorrem no campo O maior ganho proporcionado a partir do projeto, desenvolvido por Sérgio Pelicano Júnior está relacionado à gestão da área de manutenção automotiva. A tecnologia possibilita o lançamento das informações, geradas no campo, no sistema integrado de gestão empresarial (ERP – Enterprise Resource Planning). “Isto permite visualizar quais são os maiores problemas de manutenção no campo”, exemplifica. Antes da implantação do sistema havia a anotação em uma folha e, no final do dia, ocorria a digitação de todas as informações. “Havia um retrabalho”, ressalta Sérgio Pelicano. Digitadas no tablet, as informações são enviadas para o sistema automaticamente. Há também maior agilidade. “Emitida a ordem de serviço, o mecânico vai até o local e faz o reparo, como a manutenção corretiva em uma colhedora. Ganha-se tempo”,

Fim do retrabalho: antes havia anotação em folha e digitação; no tablet, informações são enviadas para o sistema automaticamente

comenta. A tecnologia elimina erros. O software embarcado no tablet estabelece um padrão para a nomenclatura dos serviços executados. Antes disso, havia uma certa confusão em relação às anotações. “Um mecânico escrevia: apertou o parafuso. O outro: regulou a máquina. Era o mesmo serviço, só que o nome utilizado era diferente. Com a padronização, há apenas um nome para o mesmo tipo de serviço. Em

decorrência disto, a empresa começa a ter um histórico melhor”, diz.

RECURSOS EM DIFERENTES ÁREAS Os recursos da tecnologia móvel podem ser utilizados para o aprimoramento do processo de diferentes áreas de usinas e destilarias. O trabalho de Sérgio Pelicano – que resultou na dissertação de mestrado – foi inclusive voltado inicialmente à manutenção de equipamentos da área industrial, como

caldeiras. Além disso, ele já implantou projeto em outra usina – na sua atuação como empresário do segmento de desenvolvimento de sistemas – para a elaboração de inventário de máquinas e equipamentos. “Neste caso, há o uso de celular que é utilizado para fotografar equipamentos, máquinas, móveis. Há também a leitura do código de barras do equipamento. O próprio celular faz o inventário”, explica. (RA)


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Confiabilidade dos dados e rastreabilidade estão entre os benefícios A implantação do software embarcado em dispositivos móveis contribui para a melhoria das variáveis de custo, rastreabilidade, velocidade de acesso aos dados, facilidade no armazenamento das informações, e principalmente para a qualidade da informação – enfatiza Sérgio Pelicano, que é também professor de Desenvolvimento de Sistemas na Etec – Escola Técnica Estadual, de Catanduva, SP.

Uso dos dispositivos móveis é estratégico para melhorar resultados das operações, possibilitando elevação da competitividade das empresas A qualidade das informações lançadas no software também apresenta mais confiabilidade em comparação aos dados lançados nas folhas impressas – afirma, a partir de constatações em entrevistas realizadas pelas equipes de planejamento da manutenção, de Tecnologia da Informação e a de desenvolvimento do software. A utilização de sistemas embarcados em dispositivos móveis, como recursos para melhorar a qualidade da coleta de dados em diversos ramos de atividade, foi também um referencial para a elaboração do trabalho de Sérgio Pelicano. De acordo com ele, outras tecnologias, como o armazenamento de dados nas nuvens e o avanço nas linguagens de programação facilitam atualmente o desenvolvimento de novos aplicativos para dispositivos móveis. Essas soluções reduzem custo de implantação, tornando a utilização dos dispositivos móveis uma estratégia importante

para melhorar os resultados em qualquer operação – ressalta – , possibilitando a elevação da competitividade das empresas. A implantação da tecnologia móvel não se aplica somente como um dispositivo de entrada de dados coletados no momento da manutenção dos equipamentos, mas pode se tornar um terminal de consulta de rotas de trabalho para cada encarregado de manutenção, de informações sobre estoque, ou mesmo sobre previsão de interrupção de alguma atividade, entre outras informações – afirma. Essa pesquisa é bastante interessante, porque hoje tornase difícil fazer uma gestão eficiente da manutenção de máquinas e equipamentos, utilizados no campo, sem o uso dos recursos da tecnologia móvel e da TI, afirma José Manoel Souza das Neves, professor da Fatec Guaratinguetá, que foi o orientador do trabalho.

RADIOCOMUNICAÇÃO É OPÇÃO A radiocomunicação também pode ser utilizada no desenvolvimento de um projeto voltado ao uso de tecnologia móvel para a gestão da manutenção automotiva. Neste sistema – abordado no trabalho de mestrado – não há a utilização de radiocomunicador. “Chegamos a pensar no uso de radiocomunicador, porque agora foi lançado um equipamento com IP no sinal de rádio utilizado pelos usuários para conversação, o que possibilita a transmissão de dados”, revela. Segundo ele, pode ser usado esse mesmo projeto para a coleta e transmissão de informações por meio da radiocomunicação. “É preciso levar em conta algumas questões técnicas, mais específicas, que precisam ser equacionadas para a utilização desses recursos”, observa. (RA)


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PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

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Pesquisa busca eficiência nos processos de produção de enzimas FOTOS: LIA MONTANINI

Workshop sobre etanol 2G reúne especialistas de mais de cinco países em Campinas, SP LUIZA BARSSI, DE CAMPINAS, SP

Especialistas do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Canadá e Portugal, se reuniram no 6º WorkShop Sobre Etanol de Segunda Geração que aconteceu em 30 de novembro e 1 de dezembro últimos em Campinas, São Paulo. O encontro trouxe a oportunidade de atualizar conceitos, trocar ideias e promover colaborações nesta área de pesquisa que é estratégica para o Brasil. Com início em 2010, cada edição do evento que acontece no CTBE — Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, reúne mais de cem participantes, incluindo estudantes de pós-graduação, pesquisadores, professores e profissionais da indústria. Em 2016 as palestras foram focadas em sistemas enzimáticos para a degradação da lignocelulose, sistemas microbianos para a produção de enzimas, produtos químicos e biocombustíveis, biomassa e biorrefinamento. Cristiane Farinas, da Embrapa Instrumentação, apresentou as estratégias de

engenharia de bioprocessos para obtenção de formulações enzimáticas para conversão de biomassa em açúcares. Segundo ela, o desenvolvimento de processos novos e eficientes para a produção de enzimas celulolíticas é a chave para garantir a viabilidade econômica para a produção de biocombustíveis e outros bioprodutos de biomassa. Para enfrentar esse desafio tecnológico, pesquisas recentes têm sido estratégias para aumentar a eficiência do processo de produção de enzimas e identificar novos microorganismos potenciais ou modificados, bem como técnicas de cultivo. Segundo João Luís Nunes Carvalho do CTBE, a demanda brasileira de energia está

subindo com aumento previsto de 4,1% ao ano até 2024. A fim de superar essa demanda sem exigências ambientais, econômicas e danos, a geração de energia renovável é necessária. Atualmente as energias renováveis representam 39,4% do suprimento energético brasileiro e a biomassa da cana-de-açúcar é a fonte brasileira, correspondendo a 39,8% das energias renováveis e 15,7% do total oferecido. “Os impactos ambientais da remoção de lixo do campo devem ser analisados em detalhes. Para tanto, nosso grupo vem analisando os impactos de diferentes quantidades de lixo”, explica João Nunes. Nas últimas décadas, após a conversão

de colheita de cana queimada para verde (colheita de cana crua e de forma mecânica), muitos estudos indicaram que a manutenção do resíduo da colheita de cana-de-açúcar na superfície do solo resulta em vários efeitos positivos para o solo e produção de cana. Esses benefícios incluem a reciclagem de nutrientes, maior estabilidade do agregado do solo, aumentos no estoque de carbono do solo, redução da infestação de plantas daninhas, redução da erosão do solo e das emissões de gases de efeito estufa e aumentos no rendimento de cana. “Estas informações serão utilizadas num futuro próximo para criar diretrizes brasileiras para melhores práticas de remoção sustentável de lixo”, finaliza Nunes.

Projeto do CTBE usa palha da cana para reduzir gases do efeito estufa Uma iniciativa promovida pelo CTBE — Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, busca elevar a produção de eletricidade com baixa emissão de gases de efeito estufa através do uso de palha produzida durante a colheita na indústria de cana-de-açúcar. O projeto Sucre, que se iniciou efetivamente em junho de 2015, promovido pelo CTBE, trabalha para melhorar o processo de recolhimento de palha, o processamento da palha na indústria e o recolhimento sustentável, sem prejudicar o solo e a produtividade e desde seu início, apresenta resultados positivos sobre a primeira etapa de remoção. Financiado pelo GEF — Global Environment Facility, o objetivo central é mitigar a redução de gases no efeito estufa de forma a diminuir as mudanças climáticas. Outro ponto é através da promoção do uso da palha como um adicional ao bagaço para ser queimado nas usinas, para gerar mais energia, que será exportada para rede, consequentemente melhorando também a matriz energética. A primeira etapa é o recolhimento da palha no canavial, onde é preciso avaliar a qualidade da matéria-prima em cada rota logística para transportação até a indústria. A segunda etapa é o processamento, analisando quais são os efeitos dessa palha na plantação de cana-de-açúcar, qual a mutação na cor do açúcar, qual o impacto dessa palha nas caldeiras e quais são os efeitos a longo prazo.

Thayse Dourado Hernandes, engenheira agrícola do CTBE

“A parte industrial é para entender como funciona o sistema de limpeza a seco, como aumentar a eficiência desse sistema, se é melhor trazer cana integral e usar o sistema de limpeza a seco ou se ele serve só para manter o açúcar branco. Todos estes estudos já estão sendo realizados”, comenta Thayse Dourado Hernandes, engenheira agrícola do CTBE e gestora do projeto.

Outro sistema fundamental no projeto é a avaliação ambiental. Em dezembro de 2016 já existiam 24 experimentos instalados nesse sistema de remoção, em diversos estados brasileiros, para entender diferentes climas e diferentes solos. “Estamos avaliando o efeito da camada de palha na água do solo, na produtividade, nas pragas e em plantas daninhas para entender qual é a quantidade

ideal, dependendo do solo e do clima, que deve ficar para beneficiar o canavial. E com isso descobrir quanta palha temos disponível para trabalhar na indústria e qual vai ser a quantidade de energia gerada no fim”, explica Thayse. Ainda há muito para se estabelecer com precisão a melhor forma de recolher a palha. Quais são as mudanças que devem ser feitas na indústria para que esse processo não atrapalhe, não crie prejuízos e para que seja economicamente viável e qual a quantidade de palha que pode ser retirada para utilização industrial. E também de entender qual o potencial que existe de palha no Brasil, levando em consideração a viabilidade econômica, ambiental de recolher e processar a palha e vender energia elétrica para o setor. Segundo a gestora, junto com o desenvolvimento do projeto Sucre vem vinculado o subsistema do marco regulatório. “Quando a usina vai vender energia ela precisa arcar com os custos logísticos e isso atrapalha. Além disso os leilões não são muito regulados e a oscilação do preço de energia prejudica muito. Então se a usina não tem um contrato de longo prazo, fica à mercê desse preço”, observa Thayse. Para o primeiro semestre de 2017 a equipe espera criar um workshop para divulgar os resultados do projeto obtidos desde o início. Será aberto para o público geral, apresentando os resultados energéticos em um estudo completo, incluindo temas sobre as políticas públicas. (LB)


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AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

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Guaíra realiza a adequação ambiental rural em 100% das áreas próprias LUIZA BARSSI,

DE

VALINHOS, SP

Como resultado de um projeto que vem sendo realizado há anos, a Usina Açucareira Guaíra, de Guaíra, SP, conquistou recentemente a averbação das reservas legais às margens das matrículas dos imóveis rurais, e acreditam ser uma das primeiras usinas no Brasil a estar com todas as áreas próprias georreferenciadas, adequadas no quesito ambiental e a concretizar as averbações de suas reservas legais junto às matrículas. Preocupada com a preservação do meio ambiente e a regularização de suas propriedades, a diretoria da Usina Açucareira Guaíra, iniciou em 2004 um intenso trabalho de georreferenciamento em áreas próprias, realizando o levantamento de área agricultável, preservação permanente, vegetação remanescente e cursos d’água. Com estas informações, após 12 anos de burocracia, foi possível realizar a certificação junto ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária — Incra e posterior averbação do georreferenciamento nas matrículas dos imóveis. Ao longo destes anos e paralelo a este trabalho, foi criado pelo departamento de meio ambiente da empresa, o Programa de Adequação Ambiental das Propriedades Rurais, com o intuito de proteger e manter

Anderson Faria Malerba, engenheiro ambiental da Guaíra

o ambiente ecologicamente equilibrado. O Programa realizou a conservação de matas ciliares, que reduz os efeitos de

possíveis enchentes, mantém a qualidade e a quantidade da água e auxilia a manutenção da fauna e flora local.

Consciente da importância ecológica destas áreas, foram implementadas algumas ações de conservação, como a construção de aceiros de no mínimo dez metros entre as áreas de preservação e áreas agricultáveis próprias, arrendadas e fornecedores. Outra ação foi a proteção das nascentes, apoio a programas ambientais de recuperação e conservação das áreas de preservação permanente. Dentro do programa de conservação de matas ciliares foi realizada a participação efetiva de campanhas em prol do meio ambiente realizadas na região, além da proibição da caça e pesca predatórias em todas as áreas administradas pela usina. “Sabemos que é difícil cumprir todas as ações ambientais, por isso procuramos estar sempre à frente. Houve muitos desafios no processo, muitas discussões e até hoje encontramos dificuldades, mas queremos seguir o caminho da lei”, explica Anderson Faria Malerba, engenheiro ambiental da Guaíra. Segundo ele, o maior desafio foi atender todos os critérios estabelecidos, todas as averbações, reservas legais internas e externas. Para isso se realizar foram necessários três anos dedicados ao estudo, levantamento em campo e relatórios de diagnóstico ambiental de cada propriedade. “Sem dúvida a parte burocrática foi o maior desafio em todas as etapas”, comenta Anderson.


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AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE

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Além da parte burocrática Guaíra se empenha nos projetos ambientais Como parte do projeto que foi recentemente finalizado de realizar a adequação ambiental rural em 100% das áreas próprias pela Usina Guaíra, de Guaíra, SP, a empresa formulou diversos projetos ambientais e sociais que participaram do processo de regularização de suas áreas. Além da parte burocrática, outros projetos foram inclusos, como por exemplo o reflorestamento, visando proteger e recuperar as áreas de preservação permanente, com isso a empresa está com 100% de suas áreas recuperadas, onde já foi realizado o plantio de aproximadamente 400.000 mudas de árvores

de espécies nativas, que fazem a proteção de nascentes, represas e matas ciliares. Ações de fomento florestal foi outro projeto, que promove incentivo para o aumento da cobertura vegetal nas áreas de produtores de cana, parceiros e fornecedores, com apoio técnico quanto à inscrição no CAR — Cadastro Ambiental Rural, averbação de reserva legal e ao comprimento das legislações ambientais vigentes. Com a inscrição no CAR realizada e a averbação da reserva legal, com todas as propriedades devidamente georreferenciadas, a Guaíra concluiu em 2015 suas inscrições e

indicações das áreas propostas para reserva legal no SiCAR-SP — Sistema de Cadastro Ambiental Rural de São Paulo, com todas propriedades ambientalmente adequadas. Para complementar ainda mais o projeto, a Guaíra realizou algumas ações socioambientais, onde através de práticas de responsabilidade socioambiental é possível alcançar um desenvolvimento sustentável, com menos danos ao meio ambiente e mais igualdade social. A empresa promove ações de educação ambiental voltadas aos colaboradores da empresa e à comunidade da região. As ações realizadas garantem como

resultado a sustentabilidade da empresa, onde os recursos naturais de hoje são utilizados de maneira racionais, de modo que as futuras gerações também possam ter acesso a eles. “Essa conquista é o reconhecimento de todo o esforço que vem sendo feito há onze anos, resultado de um trabalho de longo prazo cujo fruto estamos colhendo agora. Todo o trabalho feito pode ser considerado “formiguinha” pois é demorado, mas vale a pena. Conseguir alcançar o resultado é muito gratificante”, diz Anderson Faria Malerba, engenheiro ambiental da Guaíra. (LB)


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NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES

PRG Engenharia firma contrato com usinas do circuito Centro-Sul Empresa é aliada das unidades em projetos e obras para ampliação das fábricas de açúcar Com margem de preço mais atraente que o etanol, o açúcar está recebendo toda a prioridade das usinas brasileiras. Como resultado desse momento do mercado, a PRG Engenharia firmou contrato com usinas do circuito Centro-Sul para a ampliação da capacidade de produção de açúcar nas plantas industriais. A expectativa é de que os preços do produto no mercado global se mantenham em alta durante a safra 2017/2018. A PRG Engenharia é a evolução da marca Proeng, que há 25 anos atua no setor

sucroenergético atendendo as usinas com projetos de engenharia, construção e ampliação de plantas industriais. Como resultado de anos de crise, as empresas ainda estão cautelosas, mas além de aproveitar todo potencial de fabricação de açúcar instalado, já sentem segurança para investir no processo industrial, com ajustes na planta para aproveitar da melhor maneira esta fase interessante de preços da commodity. Os projetos da PRG Engenharia otimizam investimentos no processo de produção com tecnologias que proporcionam maior eficiência, menor perda e menor custo de produção, com respeito ao cronograma de entressafra. PRG Engenharia 16 3203 8653 www.prgengenharia.com.br

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