JornalCana 264 (Janeiro/2016)

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JC 264

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ADMINISTRAÇÃO & LEGISLAÇÃO

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Ferramentas ajudam a montar cenários e a pensar no futuro Para acabar com a instabilidade, o setor sucroenergético precisa fazer uma negociação muito forte com o governo – afirma Carlos Vian. “O papel do etanol na matriz energética ainda não está definido. Não há clareza também nas regras para a produção de energia elétrica que é outro produto importante para o setor”, constata.

Planejamento estratégico possibilita que empresas reajam de maneira mais adequada às mudanças de mercado De acordo com ele, toda essa situação gera incertezas, porque amanhã as regras podem mudar. O grande problema é que o próprio governo vive um momento de indefinição devido à crise política. Instabilidade econômica, expansão da atividade sucroenergética, rápido processo de mecanização estão servindo para uma ampla reflexão. “Espero que possa emergir, depois disso tudo, um setor diferente: moderno, mais sedimentado”, enfatiza o professor da Esalq. Apesar do momento de incertezas e dificuldades, é necessário planejar conforme as possibilidades – propõe. “É preciso ter uma estratégia definida. Essa questão de elaborar planejamento estratégico e montar

possíveis cenários faz com que a empresa pense no futuro”, afirma As unidades e grupos sucroenergéticos podem se antecipar em relação a determinadas questões. “Sem o planejamento estratégico, quando acontecem algumas coisas, a empresa pode reagir de forma errada”, diz. E, com isto, aumentar os seus problemas. Para fazer um trabalho de qualidade nessa área, devem ser utilizadas ferramentas de planejamento estratégico que fazem com que a empresa olhe para si, saiba o que quer,

qual é o seu papel e a estratégia a ser adotada – ressalta. Pode até parecer muita teoria – comenta – mas, essas ferramentas ajudam bastante. “Com um planejamento estratégico bem elaborado, a empresa fica mais preparada e precavida, respondendo melhor às mudanças de mercado”, destaca. Entre as metodologias clássicas para a realização de trabalhos nessa área inclui-se a Análise SWOT, uma ferramenta utilizada na avaliação de cenários a partir de quatro fatores que dão origem a essa sigla do idioma

inglês: forças (Strengths), fraquezas (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats). Outro recurso usado no processo de elaboração do planejamento estratégico – que pode ser utilizado concomitantemente à metodologia SWOT – é a ferramenta de análise de concorrência, de Michael Porter, o consultor da moda nesta área. Esse modelo leva em consideração, por exemplo, a relação dos concorrentes com os seus compradores e fornecedores ((veja abaixo o quadro Quem Sou, Onde Estou e para Onde Devo Ir). (RA)

QUEM SOU, ONDE ESTOU E PARA ONDE DEVO IR? A Metodologia 5 Forças de Porter resulta da ação conjunta de cinco fatores ou forças que agem sobre as empresas e são capazes de modificar seu nível e potencial de competitividade: 1 Clientes: poder de barganha dos clientes 2 Fornecedores: poder de barganha dos fornecedores 3 Concorrentes: perfil de concorrência ou nível de competição entre os atuais players de uma determinada indústria 4 Sucedâneos: potencial de novas empresas entrarem no mercado 5 Substitutos: ameaças de surgimento de produtos substitutos aos atuais A metodologia direciona as análises estratégicas no sentido de identificar o grau de atratividade ou de competição em determinado setor ou indústria, onde, quanto menores ou mais bem controladas/minimizadas forem as pressões exercidas pelas 5 forças, maiores serão as chances de determinada empresa obter vantagens competitivas mais duradouras e atingir patamares diferenciados de resultados. Para cada uma das forças competitivas exercidas destacam-se critérios de análise que ajudam na condução de um aprofundamento acerca de cada uma delas: Força Novos Entrantes: critérios relacionados a criação ou existência de

Michael Porter, o consultor da moda

barreiras de entrada (dificultadores) são de extrema importância tais como: economias de escala, produtos ou serviços diferenciados, know-how, custos de troca (switching costs), imagem, marca etc. Força Poder de Barganha de Fornecedores: aqui os principais critérios são relacionados à concentração e nível de dependência para com os mesmos, implicando em riscos potenciais que podem gerar a falta

de insumos, arbitragem de preços ou recursos produtivos ou ainda por variáveis como a baixa qualificação ou quantidade de competidores para seus atuais fornecedores, gerando escassez de opções. Força Poder de Barganha dos Clientes: abarca, dentre outros, critérios que impactam em riscos relacionados à concentração de altos volumes em poucos clientes ou switching costs (custos de troca) reduzidos na medida

em que não há uma diferenciação clara e tangível em termos de proposta de valor, posicionamento, atributos diferenciais, serviços ou produtos. Força Ameaça de Surgimento de Produtos Substitutos: se relaciona a critérios que podem colocar em risco toda uma operação ou mesmo a posição no setor de atuação, na medida em que estes substitutos podem passar a ter a preferência de seus clientes (principalmente se forem inovadores ou romperem os padrões da categoria vigente); em outras palavras, o que a empresa produz ou oferta atualmente deixa de ter valor percebido superior e toda uma estrutura estabelecida pode ficar obsoleta Força Concorrência: mesmo tendo sua dinâmica específica para cada mercado (vide mercados regulados, monopólios, mercados online, mercados globais, mercados altamente informais, etc), alguns dos fatores essenciais referem-se ao crescimento da indústria ou setor em que se compete, gerando um contexto de aumento de competitividade mais ou menos acirrado pelo nível de demanda, competência de resposta à externalidades (leis, regulamentações, monitorias, etc), capacidade de atendimento a demandas/clientes, custos fixos elevados, diferenciação frente a concorrência, networking e sólidos relacionamentos estratégicos.


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