Da Espanha para a represa Por Gabriela Carolina Alves Navega
Luis e Cíntia conversam com Gabriela e Hayla, alunas dos projeto
A
Espanha, no Continente Europeu, recebe mais de 300 mil turistas brasileiros todos os anos, segundo dados do IET (Instituto de Estudos Turísticos da Espanha). Há nove anos, a trimariense Cíntia Aparecida da Silva Morais era mais uma turista rumo ao “Velho Continente”. E foi assim que ela conheceu o marido espanhol, Luis Diaz Sanchez. Depois de se casarem e terem um filho Lucas (3) - o casal decidiu visitar Três Marias, cidade natal de Cíntia. Quando chegaram, o pai de Cíntia havia comprado a barraca “Cachoeira do Guará”, na Praia Mar de Minas, importante ponto turístico da cidade, às margens da represa de Três Marias. Na época, os dois decidiram ficar no Brasil para ajudar na administração do novo empreendimento. “Quando cheguei, meu pai tinha comprado essa barraca e não estava conseguindo levar, foi então que começamos a ajudálo e foi isso que nos entusiasmou a ficar,” declara Cíntia. Dona de um salão de beleza, ela diz que vive também da barraca. “Eu tenho um salão de beleza lá no centro, na minha casa mesmo. Lá eu tenho meus clientes e tudo, mas eu vivo é daqui e quando o nível da represa está baixo piora um pouco as coisas,” lamenta. As épocas mais lucrativas, para quem trabalha no ramo e lida muito com o turismo, são as férias, carnaval e feriados prolongados, quando a cidade es-
pera o maior número de turistas. Quem visita a cidade, não deixa de conhecer a praia. A família trabalha muito, mas gosta do que faz. E está satisfeita com os resultados. “Eu gosto, gosto mesmo daqui. Se não gostar, aí vou embora. Venho aqui de manhã, trabalho, vejo muita gente,” comenta o espanhol Luis.
A principal vantagem de trabalhar na barraca é fazer o próprio horário de trabalho, além de trabalhar em família. Mas, segundo o casal, um ponto negativo, que merece ser observado, é a incerteza. Nunca se sabe se vai vender muito ou pouco, por isso é muito importante ter controle. Na hora de comprar mercadorias e administrar todo o dinheiro que entra ou sai. Outra coisa é que eles só têm hora pra começar a funcionar. Começam ás 8h, mas nunca tem horário para fechar, tudo isso depende do cliente e do movimento. “Já aconteceu de estarmos indo embora e chegar uma turma e dizer: Abram aí pra nós. E ficaram até as três da madrugada,” afirma Luis. Nas barracas, às margens da Represa de Três Marias, o peixe é o prato mais pedido. Os principais são o Tucunaré e a Tilápia. Os preços variam bastante, mas são acessíveis aos consumidores e a procura é grande. Outro assunto discutido pelos barraqueiros é a criação de uma associação. A maioria defende que os produtos comercializados, poderiam ser obtidos a preços mais acessíveis. E o trabalho melhor dividido facilitaria para todos. Trabalho em família é uma característica de quase todos os barraqueiros da Praia Mar de Minas, mas Cíntia não quer que o filho siga este ofício. “Quero que ele estude e tenha uma profissão diferente, mas eu quero trabalhar aqui enquanto puder, “diz. A Represa de Três Marias é uma importante atividade econômica para o turismo na cidade. Mas é igualmente importante observar que, pessoas como a família de Cíntia, tem amor por esta maravilha, que vai além da atividade econômica, é quase uma obra de arte, merece respeito e valor.
Negócio em família. Sr. Manoel, pai de Cíntia conta com a ajuda da filha e do genro espanhol