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O PROGRAMA DE INCENTIVO DE VENDAS DE VEÍCULOS NOVOS NÃO FOI SUFICIENTE PARA REVER AS PROJEÇÕES DESTE ANO

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AUTOMOTIVO

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AMP 1.175/23 teve como objetivo incentivar as vendas de veículos novos através de créditos tributários para as montadoras e o melhor resultado foi para veículos leves, principalmente nos últimos dias de junho. Segundo a Anfavea, a média diária de vendas teve um ápice no dia 30 de junho, com 27 mil unidades, e entre os dias 26 e 30 de junho, o volume ficou em 16,2 mil unidades. “Foi a maior venda diária média dos últimos dez anos e a terceira maior da história”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

Somente no mês de junho, pelos dados da Fenabrave, foram 142.017 automóveis emplacados, resultado 11,41% superior ao mês anterior e 6,33% acima do mês de junho de 2022. Já os comerciais leves tiveram uma queda de 3,09%, no comparativo entre os meses de maio e junho, porém, quando comparado com junho de 2022, a alta foi de 19,51%, totalizando 37.674 unidades. Ainda de acordo com a Fenabrave, na segunda quinzena de junho, as vendas de automóveis e comerciais leves tiveram uma expansão de 340%.

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A partir do dia 20 de junho, o volume de efetivação das vendas passou a superar o volume diário de 5 mil unidades, com mais de 22 mil nos últimos dias do mês, similar ao alcançado em 2012. A explicação para o impulso das vendas a partir da segunda quinzena do mês se deve ao tempo necessário para a troca de notas fiscais entre concessionárias e montadoras, tanto que cerca de 79 mil veículos comercializados nos últimos quatro dias de junho serão computados no volume de emplacamentos de julho.

Destaque para veículos de até R$ 80 mil

Com o bônus concedido aos consumidores de R$ 2 mil a R$8 mil para veículos leves (automóveis e comerciais), sendo que para alguns modelos esse desconto chegou a até R$ 20 mil, houve uma expansão de 238% no volume de licenciamentos de veículos de até R$ 80 mil no mês de junho em comparação a maio e de 112% para os que se encontram na faixa de R$ 90 mil a R$100 mil. No fechamento do mês, o varejo teve uma participação de 58% nas vendas, o que representa um crescimento expressivo nas vendas para a pessoa física, foco do programa instituído pela MP 1.175/23.

“As vendas em junho se concentraram em pessoas físicas, o que foi importante, pois este era o objetivo do programa: redução de preço e a possibilidade de o consumidor ter acesso ao carro novo. Houve a redução de preço por parte do bônus tributário concedido pelo Governo e automaticamente houve uma disputa entre os fabricantes para atenderem esses consumidores. Alguns veículos tiveram uma redução de preço de até R$ 20 mil”, validou Leite.

Balanço do Governo

Na avaliação do Governo Federal, o programa foi um sucesso, em especial, para veículos leves. Ele salvou empregos, estimulou a atividade industrial, ajudou os consumidores a terem carros com mais tecnologia, melhor segurança e o meio ambiente mais preservado. “Apenas nas três primeiras semanas de junho foram 95 mil veículos (comercializados) e com base em dados da Fenabrave, alguns modelos de carros tiveram um crescimento de 238% nas vendas. Embora o estímulo tenha sido para veículos de até R$ 120 mil, também foram vendidos mais veículos acima deste valor, pois despertou o interessou do consumidor”, declarou o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.

Balanço semestral

No acumulado do primeiro bimestre do ano, incluindo todas as categorias, foram 999 mil unidades emplacadas, 8,8% acima do mesmo período de 2022. Somente em junho foram 189,5 mil unidades emplacadas, alta de 7,4% sob o mês de maio. Já a produção de veículos totalizou 1,132 milhão de unidades no primeiro trimestre, 3,7% acima do resultado do mesmo período de 2022. No comparativo entre os meses de maio e junho, houve uma retração de 3,7% no volume de produção, chegando a 189 mil unidades. A queda foi justificada pela adequação dos estoques das montadoras.

O mês de junho terminou com um estoque de 223,6 mil unidades, sendo 138,1 mil nas concessionárias. “Ainda há muitos veículos em estoque nas concessionárias com o bônus concedido aos consumidores”, afirmou Andreta Jr., presidente da Fenabrave. Segundo a Anfavea, do volume total em créditos tributários concedido pelo Governo para veículos leves, R$ 500 milhões e mais R$ 300 milhões adicionados posteriormente, R$710 milhões foram utilizados até o dia 30 de junho. “Em torno de 150 mil veículos foram contemplados pelo programa, 54 mil é a estimativa de vendas contempladas em junho e 79 mil foram vendas realizadas no mês e ainda não emplacadas”, expôs Leite.

Projeções mantidas

Na avaliação de Andreta Jr., o programa deu um impulso ao setor, mas não foi suficiente para rever as projeções para este ano. “O programa foi um sucesso para fazer bater o coração, mas é preciso dar continuidade. Se não fosse o programa, estaríamos projetando uma queda de vendas para este ano. Mas é preciso que haja uma sequência deste trabalho e na Fenabrave, nós já estamos trabalhando com o nosso pessoal técnico para apresentar ao Governo um programa que vise aumentar o volume de vendas, o que é bom para todo o setor, incluindo montadoras, concessionárias e autopeças”, afirmou.

A entidade continua trabalhando com os números que foram apresentados no início deste ano, de crescimento zero para automóveis e comerciais leves, fechando o ano com 1.957.702 unidades emplacadas, zero também para caminhões, com 124.584 unidades. Já os segmentos com previsão de alta são o de motocicletas, com 1.484.720 unidades, 9% acima de 2022, e para ônibus, é previsto um crescimento de 5% em relação ao ano passado, fechando o ano com 22.953 unidades emplacadas.

Para a Anfavea também não há motivo para revisar as projeções. “Não acredito que isso motive uma revisão dos números, ainda é cedo, porque começamos o ano com números baixos e o início de junho foi ruim. O que aconteceu acaba dando uma puxada no mercado, mas agora temos que ver como se comportarão os meses de julho e agosto. Ainda não há fundamento para revermos os números”, comentou Leite. O balanço do programa e do primeiro semestre foram apresentados por ambas as entidades, em coletivas de imprensa realizadas no início de junho.

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