Mapa da Cidade | 31 de janeiro de 2019

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Vida dedicada ao voluntariado. “Estou aqui para vocês” FOTOS CRISTIANO DUARTE

Aos 88 anos, Waldelírio Hirt é o presidente do bairro Bom Pastor. O mais “experiente” entre os líderes comunitários aprendeu que ajudar o outro é parte da vida CRISTIANO DUARTE cristiano@jornalahora.inf.br

BOM PASTOR

F

oi aos 42 anos que Waldelírio ri Hirt, Hirt 88, deixou a cidade de Três Passos e adotou Lajeado como a cidade do coração. Ele está no segundo mandato como presidente do bairro Bom Pastor. Apesar de ser o mais “experiente” entres os demais líderes comunitários, a idade nunca o impediu de ajudar a concretizar os pedidos dos moradores e de zelar pela Associação do bairro. “Dá trabalho ser presidente. Mas a gente acaba se afeiçoando ao povo que mora na localidade e acaba lutando para fazer o melhor para eles”, conta. Waldelírio é responsável por administrar as festividades no salão comunitário, bem como cuida do campo de futebol do bairro. “Às vezes, depois dos jogos o pessoal fica no salão para conversar e beber. Isso normalmente começa às 18h e vai até a meianoite. Tem uns que me olham e dizem 'já estamos indo embora' quando fica muito tarde, e sempre respondo 'vocês que mandam, estou aqui para vocês”.

Mão na massa Quando saiu da cidade natal, em Taquari e foi para Três Passos aos 2 anos, o pai de Waldelírio também tinha um grande envolvimento comunitário. Foi de berço que surgiu essa ligação. Tinha no pai o exemplo de como fazer diferença onde quer que morasse. “Desde pequeno participei de organizações de bailes ao lado de meu pai”. Associou-se ainda jovem, depois de ficar no exército até os 19 anos, numa distribui-

Aos 88 anos, cumprindo o segundo mandato como presidente do bairro Bom Pastor. Waldelírio Hirt, é o líder comunitário mais velho de Lajeado

Não dá para passar a vida sentado sem fazer nada. Gosto de colocar a mão na massa. É uma maneira de ocupar a cabeça.” dora de bebidas, mas como sempre preferiu colocar a mão na massa do que ficar sentado num escritório, Waldelírio passou a fazer viagens de caminhão para buscar e entregar bebidas por todo país. “Viajei por tudo. São Paulo, Bahia e até os Estados Unidos. Tenho muito orgulho de conhecer tantos lugares, porque não tive estudo. Foi tudo no suor do trabalho”, relata. Assim que começou a melhorar de vida, investiu num curso de auto elétrica para o

filho Flávio em Curitiba, no Paraná. “Na época tinham poucas auto elétricas no Estado. Normalmente, o pessoal que precisava deste tipo de serviço ia até Porto Alegre ou Carazinho”, lembra. Foi aí que pai e filho viram a possibilidade de empreender em Lajeado. A primeira esposa de Waldelírio havia falecido em decorrência de câncer, aos 41 anos de idade e a ideia de uma vida nova em outra cidade começou a prosperar. Boa parte do investimento na empresa de Waldelírio com o filho Flávio veio das economias que fazia com as diárias de almoço da antiga distribuidora que trabalhou por mais de 20 anos. “Descobri que se eu não almoçasse fora e fizesse minha comida, poderia juntar um bom dinheiro. Durantes anos fiz isso e comecei a comprar minhas ferramentas com este dinheiro. Depois de uns anos, quando fui parar para ver já tinha um quarto cheio de alicates, chaves de fenda e máquinas para a empresa de auto elétrica”, diz. E foi assim que Waldelírio e Flávio montaram uma grande empresa às margens

da BR-386. “Meu filho era muito moço. Assim que comprou o primeiro fusca, não parava muito na empresa. Chegava o fim do dia ele se mandava e eu ficava ajudando a tocar o negócio”, relembra.

Líder No bairro Bom Pastor, Waldelírio é conhecido de ponta a ponta. O nome do líder da comunidade é falado com orgulho pelos moradores. “Aos 88 anos, ele está diariamente ajudando a todos. Estes dias vi ele carregando dois carrinhos de mão cheios de terra durante uma capina no campo. É uma honra ter um presidente assim”, comenta o morador Gerson Luis, 50 – mais conhecido na comunidade como “Pestana”. Para Waldelírio, além do prazer em praticar a generosidade, ser presidente do bairro é uma forma de fazer a diferença. “Não dá para passar a vida sentado sem fazer nada. Gosto de colocar a mão na massa. É uma maneira de ocupar a cabeça”, enfatiza.


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