AH - Conexão| 27 de setembro de 2016

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Terça-feira, 27 de setembro de 2016

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Concerto reúne harpa, violão e dança Musicistas se apresentam nesta quinta-feira. Mais de 700 ingressos foram vendidos ANDERSON LOPES

Lajeado

E

m duas apresentações pela cidade, Concerto Harpa e Violão tem uma das bilheterias com ingressos esgotados. Mais de 700 pessoas já garantiram o ingresso para esta quinta-feira, às 20h, no Colégio Alberto Torres. Restam ingressos para o dia 1º, no Centro Comunitário Evangélico. De acordo com a professora Maria Inês, a harpa, a flauta doce e o tambor são os instrumentos mais antigos da humanidade. Segundo ela, no Brasil os índios guaranis criaram a harpa celta, depois de serem introduzidos à cultura da música. Por pouco, a harpa não se perdeu com a destruição das reduções jesuíticas. Salvou-se porque muitos fugiram para o norte do estado, onde é hoje o Paraguai. Lá, não havia muita evolução, então por 200 anos os instrumentos ficaram guardados, preservando essa arte. Tais harpas são tão raras quanto os próprios musicistas, que executam o instrumento. “É difícil encontrar quem saiba tocar.” O grupo do concerto começou faz 16 anos, quando algumas pessoas quiseram aprimorar a técnica de tocar harpas e violão. Então, Maria Inês resolveu lecionar. Em 2006, iniciaram as primeiras apresentações em locais pontuais da cidade e a frequência dos eventos aumentou. A história do Concerto Harpa e Violão Inês começou quando um grupo quis aprender violão e passou a fazer aulas com Maria Inês. Eles cresceram em número e qualidade até que resolveram tocar em eventos pela cidade. “Até que um dia tocou o primeiro concerto, em 2005. De lá para cá, já foram mais de 90 apresentações, inclusive em Florianópolis.”

Ensaio no centro comunitário do Colégio Alberto Torres mostrou parte do repertório. Grupo promete uma apresentação inovadora e criativa

O concerto passou por todas as cidades da região. “Tocamos muito em eventos de universidades, congressos. Já fomos quatros vezes a Santa Cruz do Sul.” O último lugar onde o grupo se apresentou foi Santa Rosa.

Repertório leve, alegre e irreverente O grupo toca músicas internacionais e brasileiras, entre elas, músicas do pantanal com o apelo da natureza. “A cada cinco minutos tem uma novidade. Não tem nada de estático”, afirma. Segundo Maria Inês, a mobilidade que existe no palco é o grande diferencial. “Tem muitas trocas de figurino. As pessoas não vão sentar para ouvir um coral parado. Até acho que o nome não deveria ser concerto, mas ‘conserto’, com 'S' mesmo”, brinca.

Para estudar, deixei meus pais no interior e vim morar com a minha avó na cidade. Comprei minha harpa no Paraguai Rosângela Solettiz Integrante do grupo

O que caracteriza o espetáculo é o movimento, o colorido, a alegria, a diversificação, mas tem o momento sério: o apelo à sustentabilidade. A média de idade das integrantes é de 70 anos. Elas se reúnem semanalmente para os ensaios. “O tempo todo flui de uma forma muito boa.” Segundo a professora, há muitas pessoas interessadas em ingressar no grupo, que já soma mais de 40

integrantes. O problema é que só tem uma professora. Segundo uma das musicistas que tocam harpa e ajudam na coordenação do grupo, Rosângela Soletti, ter sido aluna de Maria Inês aos 13 anos ajudou muito. “Para estudar, deixei meus pais no interior e vim morar com a minha avó na cidade. Comprei minha harpa no Paraguai.”

A harpa volta ao sul Rosângela começou a ir a Porto Alegre para as apresentações. A harpa lhe chamou atenção por ser uma coisa diferente. Aos sair de casa aos 10 anos, sentiu um vazio, que foi completado com a prática do instrumento. “Não substitui a família, mas preenchia espaços.” A harpa, segundo ela, agora ela volta ao RS, com uma apresentação inusitada. Serão sete harpas juntas. “Os paraguaios foram os fiéis guardiões desses instrumentos.”


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