Fim de semana, 6 e 7 de agosto de 2016
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O samba da terra da garoa em Lajeado Grupo musical formado em 1943 se apresenta no Tiro e Caça neste sábado DIVULGAÇÃO
Lajeado
“S
e eu perder esse trem que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã.” A canção Trem das 11, de Adoniran Barbosa, é marco da música popular. Mas foi pelos instrumentos e vozes dos Demônios da Garoa que a composição virou parde da identidade paulistana. Com mais de 70 anos de história, o grupo se apresenta neste sábado, 6, no Clube Tiro e Caça (CTC). O evento integra a primeira edição do Feijoada, Samba e Caipirinha e a programação de aniversário de cem anos do CTC. A feijoada será servida a partir das 19h e o show inicia às 22h, no Salão Social. Segundo o presidente do clube, André Bücker, o objetivo do evento é contemplar o maior número de associados durante as atividades do centenário. “Por isso pensamos em trazer artistas de estilos musicais diferentes.” De acordo com Bücker, o público pode curtir o evento em clima descontraído, sem formalidades. “O ambiente é familiar e de amizade.” Parte dos lucros será destinada ao Mesa Brasil e a intenção é fazer do evento um acontecimento tradicional. Por isso, optaram por trazer um grupo de renome como o Demônios da Garoa. Gratidão é o sentimento definido pelo integrante do grupo de samba, Sérgio Rosa, 61, ao receber o carinho do público do
sempre ter novos admiradores do estilo musical e do grupo. O trem das 11 virou metrô. Como é a relação do Demônios com o público jovem? Rosa – Se o grupo não agradasse as pessoas mais novas já teria acabado. Acredito que a identificação ocorra por conta dos nossos grandes sucessos. Canções como Saudosa Maloca e Samba do Arnesto são cantadas faz 62 anos. Mesmo sem aparecer sempre no rádio, o público conhece. A boa música passa de pai para filho.
Sambistas apresentam clássicos da música popular. Evento integra a 1ª edição do Feijoada, Samba e Caipirinha
RS. Em maio, o conjunto esteve em turnê pelo estado passando por Porto Alegre, Passo Fundo e Santa Maria. O sucesso dos eventos o motivou a retornar, agora para marcar presença no Vale do Taquari. O artista destaca os músicos do estado e comenta que a diferença entre o samba paulista e o gaúcho está somente no local onde são feitos. “O samba, raiz da música popular brasileira, é linguagem universal.” Mesmo com a música regional de cada região, o estilo encontra lugar para ser inserido no contexto cultural.
73 anos de história Para Rosa, entre os segredos
O samba, raiz da música popular brasileira, é linguagem universal. Sérgio Rosa integrante do Demônios da Garoa
da longevidade do grupo, está a importância de os integrantes fazerem o que gostam. Mesmo atravessando décadas, procuram manter as mesmas características de quando o Demônios foi criado. “Dessa forma mostramos a raiz da música popular brasileira paulistana.” A Hora – Qual o sentimento dos integrantes do grupo ao serem reconhecidos como representantes de São Paulo? Sério Rosa – É um orgulho muito grande ter essa cara paulistana. É sempre uma satisfação defender a bandeira do samba e estar presente até hoje no cenário musical. Por isso, é importante
Qual a importância das parcerias com outros artistas, mesmo os de estilos musicais diferentes? Rosa – A relação com músicos de outras vertentes é muito proveitosa. O Demônios passou por diversos estilos musicais desde sua fundação, como rock, bossa nova, tropicália, axé, funk e rap. Existem pessoas muito talentosas no meio. Temos grandes amigos nessa juventude de artistas que representa o samba de forma única. Há espaço para todos. Espera que tenham paciência e perseverança para chegar onde está o Demônios, com sete décadas de carreira. Em nosso último DVD, tivemos participação de Arnaldo Antunes, Péricles e Dudu Nobre. O Wando também fez parceria um pouco antes de morrer. No RS já trabalhamos com alguns gaúchos, como Kleiton e Kledir, Túlio Piva e Lupicínio Rodrigues.