JORNAL DA BATALHA EDICÃO DE JULHO DE 2020

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50 s Alfa

30 anos

Suplemento nesta edição

Pré-escolar 1.º ciclo 2.º ciclo 3.º ciclo Secundário Julho 2020

| DIRETOR: CARLOS FERREIRA | PREÇO 1 EURO | E-MAIL: INFO@JORNALDABATALHA.PT | WWW.JORNALDABATALHA.PT | MENSÁRIO ANO XXIX Nº 360 | JULHO DE 2020 |

PORTE PAGO

Ordenados e exportações disparam em três décadas W Especial e última

Pensar o futuro do concelho “

Concelho deve continuar a apoiar o associativismo sem mediatismo

Teremos de adaptar a estrutura social a esta nova realidade

Temo que as pessoas se tenham tornado mais intolerantes

Parece que a sociedade desistiu de deixar a imaginação florescer

Temos de inverter a tendência para o isolamento social e familiar

A pandemia é um claro desafio à sobrevivência dos jornais

Muito importante estimular o turismo, comércio e indústria

Entidades públicas têm de alterar forma de se relacionar com os cidadãos

É preciso concluir o saneamento básico e recuperar as pedreiras

Participação e ordenamento do território são determinantes

Criar condições para fixar os jovens através de incentivos às empresas

Faltam uma galeria de exposições e um pavilhão multiusos genuínos

Publicidade

W pág. 2/3


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julho 2020

Especial s Editorial

Jornal da Batalha

30 anos Ordenados dos trabalhadores do concelho aumentaram 688 euros em três décadas

Carlos Ferreira Diretor

O que quebra um vime, não quebra um feixe

Quanto tempo tem 30 anos? A resposta é impossível. As nossas experiências, a maneira como as vivemos e a forma como as ordenamos na gaveta da importância das coisas é que marcam o compasso da vida. Em Matemática parece fácil – é fazer as contas. Mas em dias de vida, é coisa para filosofia ou fé. Exemplo: um momento eterno pode esfumar-se num ápice, até quando é comum a duas pessoas. O Jornal da Batalha faz 30 anos – 360 edições publicadas. Em bom rigor 359 porque a força das circunstâncias nos obrigou a fazer em abril-maio uma edição dupla. Não é fácil descrever a importância do trabalho realizado ao longos dos anos pelos profissionalizas que passaram pelo jornal e dos seus colaboradores, com o apoio dos anunciantes e – sobretudo! - dos leitores. Até porque cheguei (apenas) em janeiro de 2014 e quem está por dentro da máquina tem, amiúde, mais dificuldade em perceber a importância das peças que talha e a repercussão que têm na vida das outras pessoas. Esta é uma edição especial, em que um conjunto de pessoas naturais e/ou residentes no concelho, com cargos públicos ou desconhecidas da praça pública, mais do que analisar tempos passados, propõe caminhos de desenvolvimento para a Batalha. Não vos quero falar, hoje, da pandemia – até porque nas próximas páginas surge abordada com frequência -, nem da crise que atravessa a Imprensa. Quero, sim, convidar todos a partilhar connosco os desafios que o tempo atual nos impõe, apostando que quem (ou o que) quebra um vime, não quebra um feixe. Não podemos enfrentar o mundo com outra perspetiva. Não há outro tempo. Este é o tempo certo para vencermos este ano. E os seguintes. Até 2050!

m O concelho da Batalha mudou muito em 30 anos, em diferentes sentidos, conforme as vastas áreas que se escolha análisar. O poder de compra, a segurança, o emprego, a educação e as exportações ajudam a perceber diferentes realidades nas últimas três décadas Um dos fatores decisivos para o crescimento da economia no distrito de Leiria foi o aumento das exportações. Os dados estatísticos da Pordata analisados (1993-2019) indicam que o aumento foi superior a 1,832 mil milhões de euros e o contributo do município da Batalha foi de 43 milhões. O concelho passou de 18 milhões de euros de vendas de mercadorias nos mercados externos para 61 milhões no ano passado. Trata-se de uma subida de 243,1%, o que cor responde à séti m a posição distrital entre os municípios que exportaram mais de 50 milhões de euros no ano passado. No que respeita à balança comercial, o concelho passou de um resultado em que o valor das exportações cobria o das importações (taxa de cobertura de 138,8% em 1993) para um resultado negativo no ano passado (70,2%). O município da Marinha Grande foi o que mais

cresceu em volume de exportações no período em análise (576 milhões de euros), seguindo-se Leiria (505 milhões) e Pombal (166 milhões). O concelho da Batalha assegura a nona posição nesta tabela, à frente dos cinco concelhos do norte do distrito, de Óbidos e da Nazaré. Os concelhos de Pombal (864%) e Leiria (651%) asseguram, respetivamente, os segundo e terceiro lugar em crescimento percentual. O líder é o Bombarral (3.229%), mas o seu contributo em termos absolutos (uma subida de 62 milhões) é muito inferior ao dos outros dois municípios. Acima dos 100 milhões de euros, o quarto que mais cresceu percentualmente foi Porto de Mós (545%). Considerando os concelhos que exportaram mais de 60 milhões de euros no ano passado, os melhores resultados da balança comercial foram alcançados pelo Bombarral, que evoluiu de uma ta x a de cober t u ra de 68% para 310%, Marinha Grande (455% para 261%) e Porto de Mós (76% para 250%). Globalmente, a média de crescimento das exportações do distrito foi de 420% entre 1993 e 2019 e a taxa de cobertura das compras pelas vendas de mercadorias no exterior foi de 132% no primeiro ano, crescendo um ponto último ano. Poder de compra Em 2017, apenas os habitantes do concelho de

Leiria apresentavam um poder de compra superior à média do país (103,4%). No caso da Batalha, o valor (84,8%) representa um decréscimo de 3,7 pontos percentuais (p.p.) em relação a 1993, segundo os dados da Pordata. A Nazaré (-2 p.p.), Caldas da Rainha (-12,6 p.p.) e a Marinha Grande (-14,3 p.p.) são os outros municípios em que se registou uma perda do poder de compra dos habitantes. A tabela do crescimento do poder de compra é liderada pelos municípios do norte do distrito e Óbidos, mas a base de partida é muito baixa, menos de 50% da média nacional. O poder de compra médio dos habitantes do distrito era de 70%, tendo evoluído para 81%; ou seja mais 11,5% p.p. Em termos absolutos, a Batalha apresenta melhores resultados, o que já não acontece em termos evolutivos. No que respeita ao ordenado médio, por mês (com horas extra, subsídios ou prémios), os habitantes do concelho conseguem melhores resultados. Na verdade, o concelho estava em 2018 na quarta posição (média de 1.011 euros), apenas atrás da Marinha Grande (1.304), Leiria (1.092) e Porto de Mós (1.055 euros). Todos os restantes municípios apresentam valores inferiores a mil euros. Em termos absolutos, as estatísticas da Pordata ref letem uma subida de 688 euros em média nos ordenados dos trabalhadores da Batalha desde

1991, mantendo-se na liderança Marinha Grande (879), Porto de Mós (734) e Leiria (715 euros). Se considerarmos o aumento percentual no período em análise, a Batalha sobe à terceira posição (213%) apenas atrás de Porto de Mós (232%) e de Castanheira de Pera (222%) e à frente da Marinha Grande (207%). Globalmente, o salário médio do distrito evoluiu de 343 euros para 965, um acréscimo de 622 euros (183%). Estes dados significam que o concelho da Batalha passou de uma posição abaixo da média (323 euros em 1991) para um resultado superior em menos de três décadas, seja em valores absolutos ou percentuais. Emprego e contribuições No distrito de Leiria havia no ano passado 22.010 entidades empregadoras (empresas e instituições) que contribuíam para a Segurança Social, o que traduz uma descida de 1.082 (-4,69%) em relação a 2001. No caso do município da Batalha a tendência é semelhante, notando-se, ainda assim, uma quebra inferior (2,7%) no período em análise. Passou de 920 entidades empregadoras para 895. O concelho de Leiria lidera a tabela do ano passado (6.599, menos 124), s e g u ido de A lc oba ç a (2.619, menos 191) e Pombal (2. 463, menos 471). Este concelho foi o que perdeu mais empregadores, seguindo-se Porto de Mós (233) e Alcobaça


Jornal da Batalha

julho 2020

30 anos

Edição Especial

3

O município em números Município População residente

15 796

15 846

65,9

65,9

Idosos (%) 65 e mais anos

18,2

20,6

Índice de envelhecimento idosos por cada 100 jovens

115

153

População estrangeira (1)

648

481

Nascimentos (3)

151

133

Óbitos

131

162

Diferença entre os nascimentos e os óbitos saldo natural

20

-29

Casamentos

84

80

31

39

8 283

8 566

Edifícios novos concluídos para habitação familiar

40

28

Valores médios de avaliação bancária dos alojamentos (€/m2)

891,0

925,0

Estabelecimentos do ensino pré-escolar

14

13

Estabelecimentos do 1.º ciclo do ensino básico

10

11

Estabelecimentos do 2.º ciclo do ensino básico

2

2

Estabelecimentos do 3.º ciclo do ensino básico

2

2

Alojamentos familiares clássicos

(191). Apenas Pedrógão Grande, Nazaré, Caldas da Rainha e Óbidos viram aumentar o número de empresas e outras entidades empregadoras e contribuintes da Segurança Social. No caso dos trabalhadores por conta de outrem com contribuição para a segurança social, eram 6.378 no concelho da batalha no ano passado, mais 655 do que em 2001 (+11%), uma evolução semelhante à média verificada no distrito (12%), que corresponde a um aumento de 18.950 contribuintes, ou seja, um total de 172.852 no ano passado. O município de Leiria liderava esta lista no ano passado, com 51.608 trabalhadores, à frente de Alcobaça (20.785) e Caldas da Rainha (18.364). Apenas três dos cinco concelhos do norte do distrito registaram uma diminuição do número de trabalhadores contribuintes da Segurança Social. Estudantes e habitação E ste séc u lo (2 0 01 a 2018), o concelho da Batalha perdeu 564 estudantes (-20%), que eram 2.199 há dois anos. É uma perda percentual acima da

média do distrito (-16%), que apresenta uma diminuição de 13.034 alunos, que eram 69.097 no último ano em análise. A maioria dos estudantes está matriculada em Leiria (19.498), seguindo-se Caldas da Rainha (9.171) e Pombal (7.859). A Batalha surge na oitava posição entre os 16 municípios do distrito. Apenas o município de Óbidos apresenta um crescimento no número de alunos: 264, uma subida de 22%. Por outro lado, o número de habitações familiares aumentou 20% no mesmo período, ou seja, mais 1.265, para 7.629. Este crescimento é superior à média distrital (16%), que tinha 218.843 habitações no ano passado, mais 30.450 do que no início do século. O município de Leiria lidera a tabela, com 47.381 casas (mais 6.562), à frente de Alcobaça, com 27.052 (3.417) e Pombal, com 30.582 (mais 3.359). A Batalha está na décima posição em termos absolutos, mas sobe ao quarto lugar se considerarmos os dados percentuais, atrás de Óbidos (40%), Peniche (31%) e Nazaré (26%).

Criminalidade O município é o nono com menos crimes (contra as pessoas, o património, a vida em sociedade ou o Estado) participados às autoridades policiais, com uma média pouco superior a um caso por dia em 2018, segundo as estatísticas da Pordata. Mas em termos percentuais é o que regista o maior aumento desde 1993 no distrito de Leiria. A Batalha registou 385 participações de crimes há dois anos, um aumento de 153 (+66%) em relação a 1993, à frente de Castanheira de Pera (39; 63%) e Ansião (82; 60%). Em termos percentuais, o valor está muito acima da média distrital (11%), em que o número de ocorrências aumentou para 12.034 (+1.167). O concelho de Leiria lidera a criminalidade participada, com 3.198 casos há dois anos, seguindo-se Caldas da Rainha (1.451) e Alcobaça (1.353). A Marinha Grande (-105), Caldas da Rainha (-76), Alvaiázere (-24) e Pedrógão Grande (-11) foram os únicos concelhos em que a criminalidade participada baixou no período em análise.

2018

População em idade activa (%) 15 aos 64 anos

Divórcios

p As exportações do município aumentaram 243,1%

2010

Estabelecimentos do ensino secundário

1

1

3 434

2 199

14,2

9,3

Empresas não financeiras (4)

1 931

2 039

Pessoal ao serviço nas empresas não financeiras (4)

8 055

7 280

883

1 011

12

8

2

2

21

15

4 193

4 356

389

434

Beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI)

251

104

Desempregados inscritos nos centros de emprego

504

263

Trabalhadores da administração pública local

101

150

12 174,8

15 027,1

11 527,5

12 861,5

-647

-2 166

56,0

62,6

38,9

24,3

42,5

43,9

7

7

Alunos do ensino não superior (5) Despesas da câmara municipal em cultura e desporto (%)

Ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem, € Bancos e caixas económicas Caixas de Crédito Agrícola Mútuo Caixas automáticas multibanco Pensões da Segurança Social velhice, invalidez e sobrevivência Pensões da Caixa Geral de Aposentações

Despesas da câmara municipal (7) €, milhares Receitas da câmara municipal (8) €, milhares Saldo financeiro da câmara municipal €, milhares Transferências recebidas no total das receitas da câmara municipal (%) Crimes registados pelas polícias por mil habitantes Resíduos urbanos recolhidos seletivamente por habitante (kg) Despesas do município em ambiente (%) Alojamentos turísticos (6)

5

6 Fonte: Pordata

- População estrangeira com estatuto legal de residente | (3) - Município de residência da mãe | (4) - Empresas, empresários em nome individual e os trabalhadores independentes | (5) - Último ano do par ano lectivo | (6) - Inclui unidades de Alojamento Local e os estabelecimentos do turismo no espaço rural | (7) - Despesas efectivas | (8) - Receitas efectivas. (1)


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30 anos

Edição Especial

julho 2020

Jornal da Batalha

30 anos No que respeita à gestão municipal foram anos de muito investimento em infraestruturas, procurando-se aproveitar bem os fundos comunitários e colmatar as lacunas existentes no concelho e no país. A água canalizada ainda não chegava a muitas casas e o serviço era de fraca qualidade. O saneamento básico chegava a poucas casas. Fizeram-se investimentos significativos e resolveram-se estas lacunas. Melhorou-se muito em termos de infraestruturas desportivas e culturais. Nasceram projetos importantes, como a unidade de cuidados continuados da Misericórdia da Batalha, a Pia do Urso e o Museu da Batalha. Os serviços públicos passaram a responder com maior rapidez e eficácia as necessidades e solicitações dos cidadãos. A qua lidade de vida evoluiu positivamente, não obstante alguns sobressaltos originados pelas oscilações cíclicas da economia. As preocupações de caráter social aumentaram, bem como as realizações nesta área, atenuando assim parcial-

mente algumas das desigualdades existentes. O voluntariado e o movimento associativo incrementaram e melhoraram as suas atividades e as instituições públicas, salvo raras exceções, souberam dignificar e agradecer esse precioso trabalho voluntário, em prol da comunidade, que continua e será cada dia mais necessário e importante, com especial relevância nas áreas social, desportiva, da cultura e lazer, etc. Dignificaram-se batalhenses ilustres como é exemplo a atribuição do nome de José Travassos Santos à biblioteca da Batalha. Foi também possível e necessário alterar o paradigma da dívida recorrente dos municípios para o pagamento a tempo e horas a todos os interlocutores, sejam eles fornecedores, associações ou prestadores de serviços. O desemprego reduziu-se para valores quase residuais através da forte dinâmica empresarial e trabalhadora do Concelho da Batalha. Nasceu e morreu a escola de artes e ofícios, mas não devia ter morri-

do. A região evoluiu muito na área empresarial e da geração de emprego, o espírito associativo desenvolveu-se, a oferta de ensino superior tornou-se uma realidade através

que a economia não se afunde demasiado, evitando o aparecimento de novos pobres com todas as consequências inerentes para eles próprios e para a sociedade.

A água canalizada ainda não chegava a muitas casas e o serviço era de fraca qualidade. O saneamento básico chegava a poucas casas. Fizeram-se investimentos significativos e resolveram-se estas lacunas

do Politécnico de Leiria. Fizeram-se fortes investimentos em acessibilidades, especialmente na rodovia, nem sempre os mais adequados e esqueceu-se, e mal, a ferrovia. O primeiro e mais importante desafio dos próximos 30 anos passa por vencermos a pandemia da Covid 19, para podermos regressar às nossas vidas. O nosso SNS terá um papel ciclopico. Para isso e em paralelo será necessário e fundamental criar condições para

A ssi m , as entidades públicas têm que alterar profundamente a sua forma de se relacionarem com os cidadãos e com as empresas, aproximando-se e sendo cada vez menos parte do problema e mais parte da solução. A vida já é difícil sem ninguém a atrapalhar. Os dinheiros públicos, através de orçamentos mais apertados, têm que ser melhor gastos naquilo que é mesmo importante e necessário. Os investimentos têm que ser mais ponderados

e os gastos muito mais assertivos. Todas as gorduras devem ser eliminadas. Continua a ser fundamental ordenar e rentabilizar a floresta para que passe a ser fonte de riqueza e de equilíbrio ambiental em detrimento de uma fonte de problemas e de despesa. Os sistemas de abastamento de água têm que ser rejuvenescidos, mormente os que estão a chegar ou já ultrapassaram a sua vida útil. Tem que haver uma atenção cada vez maior nos mais idosos, porque merecem e porque a sociedade lhes deve essa atenção. O sistema de ensino tem que inovar adaptando-se a novas realidades. O SNS tem que ser mais dignificado e melhor gerido, porque se dúvidas ainda houvesse esta pandemia veio deixar claro que este é dos melhores sistemas de saúde do mundo. Terá que se investir na ferrovia, como alternativa mais barata e ambientalmente mais racional, em detrimento da rodovia. Ao nível da adminis-

António Lucas Ex-presidente do Município da Batalha

tração pública, as comunidades intermunicipais deverão receber m a is competências do Estado central e das autarquias, para assim os cidadãos terem melhores serviços públicos e mais baratos. Em suma, o Estado terá que se colocar ao lado dos cidadãos, prestando mais e melhores serviços ao menor preço, para que os cidadãos continuem a achar que este é o melhor modelo de sociedade e de governação, de forma a evitarem-se derivas para a extrema esquerda ou para a extrema direita.

O trabalho terá sempre um valor central Onde estava e o que fazia há 30 anos? Em 1990, casado e com dois filhos vivia na Batalha e trabalhava em Leiria no meu local de trabalho de sempre, as oficinas da Rodoviária. Foi um ano de intensa atividade, na altura era membro da Com issão Central de Trabalhadores e vivia-se o processo de destruição da Rodoviária Nacional. Processo eivado de violações aos direitos dos trabalhadores, despedimentos, encerramento de locais de tra-

balho, perseguição e tentativas de despedimento dos representantes dos trabalhadores, abandono de carreiras e serviços ás populações cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir. Atividade intensa: no plano laboral, conciliar a prestação efetiva no local de trabalho com as necessárias intervenções junto do poder político, poder legislativo, partidos políticos, poder judicial, procurando defender os vários direitos ameaçados, a organização e ope-

racionalidade da empresa, o respeito da legislação, num processo eivado de inconstitucionalidades como bem veio a decidir o Supremo Tribunal Administrativo, embora, já sem poder produzir efeitos, porque, entretanto, já a empresa havia sido desmantelada e entregue a privados, com os efeitos hoje conhecidos. No plano familiar: com dois filhos pequenos, a retenção durante quatro meses do meu salário, pela empresa, pôs à prova a importância da estrutu-

ra familiar para ultrapassar os momentos difíceis. Em sua opinião quais as principais mudanças que vão marcar os próximos 30 anos? O trabalho terá sempre um valor central na realização do individuo enquanto ser social. Esperando-se transformações no modo de produção, tal como hoje o conhecemos, será essencial que as alterações garantam a realização do indivíduo nas suas diversas vertentes, profissional, familiar, social,

cultural, cidadania, etc. Qual deve ser a principal prioridade no Concelho da Batalha para os próximos 30 anos e que medidas devem ser tomadas no imediato para cumprir esse objetivo? O ordenamento do território, aliado à participação democrática dos cidadãos, será determinante para a coerência entre o desenvolvimento das diversas atividades humanas, a preservação das atividades económicas de forma sustentável, o

José Valentim Técnico de manutenção (Candidato autárquico pela CDU)

usufruto do espaço com a preservação do ambiente, a mobilidade e a qualidade de vida.



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30 anos

Edição Especial

julho 2020

Jornal da Batalha

Pandemia ditará o futuro próximo Os últimos 30 anos foram uma época de enormes mudanças, tanto no mundo como, em particular, na nossa região. A minha expetativa para os próximos anos é a de que esta mudança que sempre nos acompanhou continue. O advento da geração digital que presenciamos atualmente, em que tudo está à distância de um to-

que/clique, foi o culminar dos últimos anos de desenvolvimento tecnológico e científico, o que nos permite ter um computador no bolso das calças e falar com pessoas do outro lado do mundo. Este também serve como fator atenuante da mais recente pandemia, que julgo ser o evento que ditará o futuro próximo, enquanto

uma solução efetiva (como uma vacina) não for encontrada. Os próximos anos serão estranhos para todos nós: o medo de cumprimentar as pessoas, de interagir com elas, vai contra a nossa própria existência, que se baseia em relações interpessoais, na vida em comunidade. Teremos de adaptar toda a nossa estrutura social para a nova realidade

mos o que mais tomávamos por garantido arrancado das nossas mãos, e o problema ainda está longe de acabar. No entanto, mantenho a esperança; e acredito que o desenvolvimento tecnológico e científico, que nos trouxe até onde estamos hoje, nos permitirá sair desta situação mais preparados para o que virá daí para a frente.

em que nos encontramos, e habituar-nos a novos problemas que originam desta (como por exemplo, gerir lazer e trabalho, quando ambos são realizados no mesmo local). O futuro é bastante imprevisível, e o ano corrente provou-nos isso. Nestes últimos meses, todos passámos por algo que nunca nos tinha acontecido. Vi-

Filipe Ligeiro Silva Estudante universitário

Continuar a apoiar o associativismo sem procurar mediatismo Onde estava e o que fazia há 30 anos? Há 30 anos, residia na casa dos meus pais no Reguengo do Fetal e encontrava-me a estudar no Agrupamento de Escolas da Batalha Em sua opinião quais as

principais mudanças que vão marcar os próximos 30 anos? A sociedade adaptar-se-á às distancias e ao caminho rumo à economia digital. Haverá uma preocupação acrescida quanto à sustentabilidade dos recursos naturais e a econo-

mia circular, pois o Mundo forçará essa necessidade. Haverá uma tendência mais conciliadora quanto à preservação das relações sociais e de partilha. Qual deve ser a principal prioridade no Concelho da Batalha para os próximos 30

anos e que medidas devem ser tomadas no imediato para cumprir esse objetivo? Deve continuar a ser pioneiro e proativo na implementação de novas tecnologias ao serviço das populações e da economia. Deve continuar a apoiar

o associativismo sem procurar mediatismo. Deve continuar a promover o turismo e a valorizar o património mundial – Mosteiro da Batalha. Nota – Refiro sempre continuar, porque o municipio tem implementado grande parte do que refiro.

Romeu Soares Brand manager

A Batalha nos 30 anos de existênca do “JB” A propósito do 30º aniversário do “Jornal da Batalha” e para comemorar a efeméride, desafiou-nos o seu diretor, Carlos Ferreira, a escrevermos o nosso habitual artigo com base no que de bom e/ou menos bom ocorreu na vila nestes últimos 30 anos, segundo a nossa perspetiva. Fá-lo-emos com gosto mas, antes de darmos início à crónica, seja-nos permitido parabenizar o Jornal da Batalha, nas pessoas do seu diretor e de todos os seus obreiros, que têm de manter uma luta contínua para que a sua periodicidade se mantenha, o que sabemos não ser coisa fácil para a imprensa escrita, em especial a regional, como é o caso, e em particular nos tempos pandémicos que estamos a viver. E agora vamos ao que se nos oferece dizer sobre estas últimas três décadas de vida

da nossa vila de Stª Maria da Vitória ou seja desde 1990. Salvo erro involuntário da nossa parte, há 30 anos era presidente do município Raul Miguel de Castro que, nas eleições autárquicas do ano anterior, destronara Francisco Coutinho, que vinha presidindo ao município desde a restauração da democracia em Portugal (1974). Mais ou menos cimentado tal modelo de governança, Raúl Castro deu um visível impulso ao desenvolvimento da vila, tal como ocorreu com os seus dois sucessores: António Lucas, de 1997 a 2013 e, desde esta data até ao presente, Paulo Batista Santos. Tanto quanto conseguimos precisar foi, sucessivamente, com estes três timoneiros que se verificou uma significativa massificação na construção de recintos desportivos, inclusive cobertos,

por todo o concelho; erigiu-se o atual Centro de Saúde da Batalha; fez-se a remodelação de todo o parque escolar concelhio; construiu-se o quartel dos bombeiros; as piscinas municipais, posteriormente enquadradas num complexo desportivo que conta também com vários courts de ténis e dois campos de futebol; a ampliação ou remodelação da generalidade dos cemitérios do município; o Centro de Saúde de São Mamede, os novos paços do concelho de vila e o auditório nunicipal; o complexo da Casa do Povo e Junta de Freguesia de São Mamede; o pavilhão multiusos; os pavilhões desportivos da Quinta do Sobrado e da Golpilheira; isto para referirmos apenas aquelas que se nos afiguram ser as mais significativas infraestruturas públicas, que muito têm contribuído para

facilitar e aumentar a qualidade de vida das populações concelhias e até de quem nos visita. Mas como as necessidades de hoje já não são as de amanhã; aquilo que se planeou ontem tanto pode vir a revelar-se exagerado como exíguo ou insuficiente; tal significa que quem planeia e decide nem sempre acerta, mas também só não erra quem nada faz. Quanto a nós, cabem nestas observações, desde logo, por excesso, os demasiado recintos desportivos construídos pelo concelho, pois hoje é capaz de haver uma boa meia dúzia deles subaproveitados, se não mesmo ao abandono; isto em contraponto com pelo menos duas infra-estruturas existentes na vila que já se revelaram exíguas: os próprios paços do concelho que,

todavia, a atual vereação já corrigiu, ampliando-os (parabéns!); enquanto o segudo caso é o auditório municipal, cujo palco é manifestamente exíguo para, por exemplo, concertos musicais com grandes orquestras ou outros eventos lúdicos com um número de protagonistas afins. Ora, a Batalha há muito que está no mapa e as suas gentes também merecem usufruir destas maravilhas culturais e é uma pena que assim não possa ser, pois se, no verão, ainda é possível arriscar fazer espetáculos desta dimensão ao ar livre, no inverno isso é impossível. Claro que há sempre a possibilidade de se recorrer à igreja do mosteiro, mas apenas no que se refere a concertos musicais e em que a acústica não é a ideal; onde a plateia é desconfortável e o reportó-

rio dos concertos tem de ser sempre limitado, por se estar num local de culto religioso. Provavelmente os nossos autarcas já terão pensado nisso e, mais tarde ou mais cedo, irão também corrigir esta lacuna, e ainda suprir uma(s) última(s): para quando uma verdadeira galeria de exposições na Batalha e/ou um genuíno pavilhão multiusos, digno desse nome? Todos sabemos que o dinheiro não cai do céu; “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e, para mais, agora temos a pisar-nos os “calos” uma mortal pandemia. Mas também costuma ser em tempos de crise que os verdadeiros líderes sobressaem. Em frente, senhores autarcas batalhenses! Núcleo de Combatentes da Batalha



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30 anos

Edição Especial

Novas tecnologias e robótica irão marcar os próximos anos Onde estava e o que fazia há 30 anos? Estava na freguesia da Batalha, trabalhava numa empresa de m áqui nas agrícolas. Hoje trabalho como serralheiro civil na mesma freguesia, onde resido. Em sua opinião quais as principais mudanças que vão marcar os próximos 30 anos? As novas tecnologias e a robótica irão marcar de certo os próximos anos, haverá uma grande evolução nessa área que de certo vai trazer mais desemprego e desigualdades sociais . Vai também aumentar o fosso entre países em várias áreas, atingindo principalmente os mais

pobres, criando grandes desigualdedes, propocionando grandes conflitos mundiais. Qual deve ser a principal prioridade no Concelho da Batalha para os próximos 30 anos e que medidas devem ser tomadas no imediato para cumprir esse objetivo? Nos jovens é que está o futuro. Há que criar condicões para se fixarem no nosso concelho criando incentivos para que novas empresas se estabeleçam na nossa região, evitando assim que partam para outras paragens. A populacão idosa está a aumentar, é nessesario investir em infrastuturas para que tenham melhor qualidede de vida e bem estar.

José António Bagagem Presidente do Rancho Rosas do Lena

julho 2020

Jornal da Batalha

2020 - O ano da mudança 2020 é um ano que perdurará na nossa memória. Foi no início deste ano que a pandemia que nos assola atualmente começou a dar os primeiros sinais de existência, revelando-se catastrófica a todos os níveis. A capacidade de ignorar o óbvio permitiu que, escassos meses após o foco primário de contágio, a OMS declarasse o SARS-CoV-2 como uma pandemia. É incrédulo como numa sociedade que se julgava tão evoluída, uma simples partícula, cem mil vezes menor que uma formiga, nos desperta para a vulnerabilidade da humanidade – uma lição a reter. No entanto, 2020, pessoalmente, também me traz memórias felizes, pois termino agora o primeiro ano do curso de Medicina na UNL. Os motivos que me conduziram à ambição

de ser médico foram o facto de ser a profissão que melhor alia as minhas duas grandes paixões: a ciência e as relações humanas. Temo que as pessoas se tenham tornado mais intolerantes. Não é coincidência o facto de que, ultimamente, a taxa de divórcios tenha disparado ou o discurso de ódio a minorias se tenha banalizado, provocando diversas manifestações a nível mundial contra o racismo, usando como modelo o assassinato de George Floyd, afro-americano estrangulado por um polícia devido a um simples delito. Parece que, mais uma vez, tal como a História nos ensina, ou talvez não, após épocas de grande crise, o ser humano sente sempre a necessidade de arranjar um bode expiatório, que, cobardemente, corresponde sem-

pre àqueles que têm menor voz social. Torna-se ainda mais assustador quando constatamos que esta onda crescente de ódio se instala no Estado Democrático, que compactua com a existência anticonstitucional de um deputado com ligações neonazis, desvalorizando-se as milhões de vidas ceifadas na 2ª Guerra Mundial. Que impacto terá tudo isto no futuro? Tudo depende da forma como reagimos às adversidades e respeitamos o esforço heroico com que os profissionais de saúde enfrentam o inimigo diariamente. Aplaudir à janela? Não chega, é necessário cumprir as regras instituídas. Israel Paródia Estudante de medicina na Nova Medical School, Universidade Nova de Lisboa


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30 anos

Edição Especial

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O futuro muda todas as vezes que nos voltamos ou olhamos na sua direção Há 30 anos estava e vivia na Batalha. Contudo, devido à minha actividade profissional, de gestor de empresas, consultor e auditor externo do DAFS e do IAPMEI e de gestor e liquidatário judicial, hoje denominado administrador judicial, repartia o tempo pelo meu escritório em Lisboa, as instituições, tribunais e um pouco pelo país de norte a sul. É problemático decifrarmos as mudanças para os próximos 30 anos, dado que o futuro muda todas as vezes que nos voltamos ou olhamos na sua direção, razão pela qual fazer futurismo é um exercício de risco, tornando-se ainda mais complexo quando olhamos, a nível global, para a pandemia da Covid19, que nos le-

vou a uma das maiores crises sociais e económicas do pós 25 de abril. Mas, diga-se, nesta denominada democracia, embora a data envolva algum atributo histórico, salvo o devido respeito, a envolvente social e económica a nível local e no nosso país, conforme dizia Marcelo Caetano: “Em poucas décadas reduziu-nos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Vimos alçados ao poder, pessoal do avental, na sua grande maioria, analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécies que conhecemos de longa data. Dizia ainda, que a maioria não servia para criados de quarto e chegam

a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até a presidentes da República”. Obviamente tinha razão. Considerando estes factores, a estratégia, no meu modesto entender, deverá em primeiro lugar, passar por termos políticos e governantes mais sérios, sem demagogias e hipocrisias. Depois, os próximos 30 anos terão de ser alicerçados num plano de recuperação nacional económico específico, em reformas de investimentos, em reformas prioritárias; conscientes nas vertentes da valorização do ser humano, educação, cultura, social, saúde, económica, produção interna, industrialização, agricultura, ambiental - nomeadamente nos campos das energias do

hidrogénio e do magnético – e digitalização, ao serviço de todos os portugueses e não dos lobbys do betão e da finança. Este período chamado de desconfinamento Covid-19 vai levar-nos à beira da maior crise social e económica das últimas décadas, razão pela qual as prioridades para os próximos 30 anos, no nosso concelho, a nível estratégico, social, económico e político, passarão no meu modesto entender por termos o nosso concelho, para além do potencial do turismo, assente em três pilares fundamentais: a) Termos um poder político local assente nos quatro princípios HMF, o que de todo, desde de 2013, infelizmente não temos tido. Em

vez disso, estamos perante um regime antidemocrático do eu quero, posso e mando, sem qualquer respeito, quer pela maioria dos munícipes, quer pela oposição; b) Termos a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentado transversal, conjuntamente com o tecido social, económico e empresarial local em torno da recuperação dos estragos desta crise, social, económica, financeira e empresarial, aproveitando muito bem todos as frentes dos próximos quadros comunitários que serão cada vez mais reduzidos; c) Termos a conclusão do saneamento básico em todo o concelho, melhoramento e requalificação de rede viária nas diversas freguesias, reflorestação efeti-

va das diversas zonas e seu ordenamento; conservação dos recursos hídricos; recuperação paisagística das pedreiras abandonadas e monitorização das actuais; eliminação de focos de poluição atmosférica, crescimento equilibrado do território, apoiado num plano de pormenor que resolva os constrangimentos deste PDM e que potencie o ordenamento dos espaços urbanos, industriais, florestais, agrícolas, ambientais e ecológicos, pois não desejo um crescimento desproporcionado de espaços urbanos ou industriais, que privilegie apenas o interesse de alguns e que condicione irremediavelmente o futuro. Horácio Moita Francisco (Vereador do CDS/PP)


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30 anos

Edição Especial

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Jornal da Batalha

Os 30 anos do Jornal da Batalha Jornais. Revestem os quiosques de notícias; transportam-se debaixo do braço; acompanham o café. Cobrem a atualidade da sociedade, da economia, da cultura, da política, da saúde, do desporto. Investigam, revelam números, esclarecem, informam e comentam. No seu papel lêem-se as “gordas” e as “magras”: as letras. E há-os, cada vez mais, em suporte digital, graças ao milagre da Internet e ao rápido acesso à informação, condenando à redução da impressão em papel. Mas isso é hoje. Quando Gutenberg inventou a impressão, no século XV, estaria longe de imaginar onde a evolução deste mecanismo de escrita iria chegar. Nessa época, tão pouco se imaginaria que no concelho da Batalha se produziriam 10 títulos de

jornais durante um século. Na Batalha, o primeiro jornal - “A Batalha Nova” foi editado em 1909. Outros periódicos se seguiram, um pouco por todo o concelho, uns com maior duração que outros. O jornal de maior longevidade na história da imprensa do concelho nascia em julho de 1990. O mensário “Jornal da Batalha” mantém-se atualmente, sendo aberto, pluralista e de independência ideológica. Ao longo de 30 anos, o Jornal da Batalha, acompanhou os grandes acontecimentos do concelho, como festividades, eventos culturais, sociais e políticos, construções e reabilitações. São três décadas em que se enfrentaram crises e momentos mais difíceis. A presente pandemia da COVID 19 foi, e é, um claro desafio à sobrevivência dos jornais

locais que têm de repensar os seus formatos e a sua distribuição. Apesar das adversidades, o registo de 30 anos é um enorme contributo para a memória futura da Batalha, sendo as centenas de publicações documentos históricos para este território. Para o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha (MCCB) a parceria com este jornal, através dos seus profissionais, é de extrema importância. O Jornal da Batalha, que acompanha as ações do município ao longo do seu percurso, noticiou as etapas fundamentais deste museu, desde 2003, ano da criação da comissão instaladora, acompanhando os processos de construção do edifício, a inauguração, os eventos, os prémios… O Jornal da Batalha disponibiliza desde o início do projeto do MCCB, um espa-

Impressões que ganham vida

LIVROS | REVISTAS | BROCHURAS | JORNAIS DESDOBRÁVEIS | ESTACIONÁRIO | FLYERS | CONVITES Tlf. 239 499 922 . Tlm. 917 066 523 . Email. fig@fig.pt Rua Adriano Lucas, nº161 . 3020-430 Coimbra

ço dedicado exclusivamente ao museu, onde mensalmente se partilham eventos, acontecimentos históricos, peças e informação sobre a ação museológica. Para além desta colaboração, o Jornal da Batalha, marca presença nos eventos realizados no Museu. Destaca-se, a título de exemplo,

a colaboração do seu diretor Carlos Ferreira, enquanto convidado, na tertúlia “25 de Abril – A imprensa antes e depois”. Mais do que um veículo de informação, o Jornal da Batalha presta serviço público à comunidade, envolvendo diversos parceiros e colaboradores do concelho

e promovendo a diversidade dos seus conteúdos. Ao Jornal da Batalha, o Município da Batalha, através do MCCB, dirige os seus sinceros parabéns por 30 anos de atividade. Município da Batalha MCCB (Museu da Comunidade Concelhia da Batalha)


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30 anos

Edição Especial

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Trinta anos de liberdade para criar

Cada vez mais afastados

O jornal que agora completa trinta anos de existência sempre me acompanhou, não fosse eu um ano mais novo que este periódico. Lembro-me de olhar para os vários números que se estendiam todos os meses nas mesas lá de casa. Sempre foi a melhor maneira de nos mantermos informados sobre a região que tanto nos preenche e enche de memórias. Esse trabalho informativo e credível nunca foi esquecido, mesmo que o mundo prefira conhecer as noticias mais globais e descure do que se passa mesmo ao nosso lado. O jornal regional tem o trabalho mais difícil. Procura a noticia num raio de poucos quilómetros, e o mais fascinante é que todos os meses encontra o impossível, sempre com a missão de

Onde estava e o que fazia há 30 anos? Há 30 anos estava em Leiria estudava na escola comercial conhecida como Domingos Sequeira. Jogava andebol pela Juventude Desportiva do Lis com passagem pela Seleção Nacional de Andebol.

acrescentar algo ao leitor. Em 2016 decidi participar nesta publicação que lia e admirava. Curiosamente, fui aceite e sempre me deram toda a liberdade para criar os artigos mais originais e diferentes. Inicialmente, eu estava empenhado em escrever apenas sobre História, que é a minha área de estudo e trabalho, mas com o tempo dei largas à imaginação e encontrei no Jornal da Batalha um lugar onde me sinto completamente livre para criar e descobrir novas facetas na minha escrita. Comecei por escrever alguns contos, depois fiz umas criticas de cinema e quando dei por mim, estava a entrevistar artistas que me acompanharam no crescimento como a banda de rock Big Eyes, a humorista Joana Marques

ou a personagem fictícia Bruno Aleixo. Isto só foi possível porque existe um jornal que não tem medo de inovar e de dar um passo avante. Há décadas que não se veem contos nos periódicos portugueses. Essa tradição que proliferou no século XIX e XX, agora só encontra eco em publicações como o New Yorker ou o New York Times. Parece que a sociedade desistiu de sonhar e deixar a imaginação f lorescer, apesar dos meus textos de ficção colherem uma grande aceitação do público, provando exatamente o inverso. Felizmente, o Jornal da Batalha não tem medo de arriscar e demonstrar uma tenacidade inalcançável frente a todas as adversidades. Mas os maiores responsáveis para a sua boa acei-

Francisco Oliveira Simões Historiador

tação, desde 1990, são os leitores da Batalha e dos quatro cantos do Mundo. Só graças a si, que lê estas linhas, me é dado compreender a eternidade de tão prestigiado jornal. Obrigado a todos os que nos leem.

Em sua opinião quais as principais mudanças que vão marcar os próximos 30 anos? Nos próximos 30 anos as principais mudanças devem por passar por estarmos cada vez mais afastados uns dos outros. Porque as redes sociais nos estão a tornar as pessoas mais individualistas e atrevo-me a dizer mesmo antisociais. Limitados ao espaço de uma rede social ou jogos. Qual deve ser a principal prioridade no Concelho da Batalha para os próximos 30 anos e que medidas devem

ser tomadas no imediato para cumprir esse objetivo? Nos proximos 30 anos temos de inverter a tendência do isolamento social e familiar. Motivar as pessoas a sairem e a praticar desportos de natureza, aproveitando as associações do concelho com a organização de actividades em prol da saúde física e mental. Para as pessoas do concelho e turistas. Promover a vida social sempre em segurança e sempre a privilegiar a relação familiar e social com a atividade fisica. E tornar as pessoas melhores, mais preocupados com o ambiente e com os outros. E principalmente sermos felizes e aproveitarmos a vida a cada dia. Como por exempmo pedalar nos eventos dos Batalhabikers. Bem haja a todos. Paulo Ribeiro Presidente da Associação Batalhabikers


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Pré-escolar 1.º ciclo 2.º ciclo 3.º ciclo Secundário Julho 2020


Opinião

Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha

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EDITORIAL

O maior desafio das nossas vidas

Luís Novais Diretor do AEB

De um momento para o outro, os edifícios das escolas do nosso agrupamento ficaram vazios, representando a situação por que

temos passado, provavelmente, o maior desafio das nossas vidas. Com o esforço, o empenho e a dedicação dos alunos, dos docentes, dos pais e encarregados de educação e do pessoal não docente e com o apoio do município e da CPCJ, foi possível criar condições para minimizar o efeito da pandemia, permitindo que os nossos alunos pudessem continuar a aprender. Em determinadas alturas precisamos de dar dois passos atrás para depois po-

der seguir o nosso caminho. “Mesmo sem ver, precisamos de acreditar” porque, nos momentos difíceis, “O amor é capaz de mudar as coisas”. Assim, cada um dos nossos docentes foi “a voz amiga que não abandonou a criança e a família”, para que nenhum aluno ficasse excluído. As dificuldades por que passámos neste ano letivo obrigaram ao desenvolvimento de novas aprendizagens e de novas competências. Temos de acreditar,

APAIS faz balanço do Plano E@D

Ângela Amaro Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do AEB

O ano letivo que agora termina foi um ano repleto de novos desafios e projetos que, com o mérito e a excelência de todos os envolvidos no processo, foram conquistados. O mundo vive tempos si ng u la res , i n i mag i náveis há bem pouco tempo, pelo que foi imprescindível uma adaptação rápida, no sentido de dar resposta aos desafios que se colocam. A nossa escola, em particular, em parceria com o município, assegurou

rapidamente e com bastante qualidade a manutenção do processo de aprendizagem de todos os alunos. Para tal, definiu um Plano de Ensino à Distância (E@D) adequado à realidade da nossa comunidade escolar, bem como reuniu recursos humanos e materiais necessários para estabelecer um circuito de comunicação eficaz entre todos os intervenientes (professores, técnicos, alunos e encarregados de educação).

por isso, que este caminho valeu a pena, que nos deu mais força para poder ir mais longe, porque, como dizia Nelson Mandela, no seu livro “O Longo Caminho para a Liberdade”, “depois de subir a um alto monte, só se descobre que há muito mais para subir”. Os nossos alunos não vão ter uma profissão para a vida, pelo que, mais importante do que o seu conhecimento, vai ser o que eles serão capazes de fazer com toda a informação de que

dispõem. Tal como refere Rod Allen, “o foco transferiu-se do ‘saber’ para o ‘perceber”. Cada vez mais a escola tem de dar aos seus alunos as ferramentas que possibilitem o desenvolvimento de “competências que lhes permitam questionar os saberes estabelecidos, integrar conhecimentos emergentes, comunicar eficientemente e resolver problemas complexos” (D.L. n.º 55/2018). Tal como diz o nosso hino:

“Quem na vida procura saber Percorre um caminho puro. É a ensinar, mas também a aprender Que se constrói o futuro.” Para terminar, gostava de expressar a minha gratidão a todos os que têm contribuído para criar uma melhor escola e a todos os que têm ajudado a melhorar as aprendizagens de cada aluno. Votos de boas férias!

“Só damos valor às coisas quando não as temos” Nunca imaginei que iria escrever a crónica deste terceiro período. Pensei que, neste final de junho, estaria na praia a ler um livro inscrito na minha lista interminável de coisas que quero ler, mas não. Ao invés, ainda estou a estudar para os exames e a preparar-me para receber as notas do final do ano letivo. Estes dois meses fechada em casa provaram-me que, afinal, a escola, de que me queixava, não é nada má. Por outro lado, provaram-me que o ser humano con-

segue habituar-se às diversas circunstâncias que se lhe apresentam e a pandemia não é exceção. O mundo não parou. Vi a minha mãe a fazer mais bolos do que o habitual e o meu irmão a realizar mais trabalhos do que o costume. E até eu, que odeio praticar desporto, senti-me muito motivada para me movimentar. De facto, conseguimos superar quase tudo, mas reparei que não somos capazes de viver sem pessoas à nossa volta. Faltou-nos

a convivência, o sabor do amor… Por mais que tentemos, não há qualquer videochamada que supere o abraço ou o carinho de alguém. Desejava mais do que nunca, voltar a ver a minha família e os meus amigos. Deduzo que talvez seja esta a importância das pessoas e do amor. A minha avó sempre me disse que só damos valor às coisas quando não as temos, e só agora percebo que ela até tem razão. Laura Alves Bento, 11ªC

O presidente do Conselho Geral tem a palavra

Marco Neves Professor e presidente do Conselho Geral

Os desafios que aceitamos na vida, muitas vezes, resultam de um conjunto de variáveis que se alinham no propósito de, num determinado momento, sermos colocados perante a inter-

rogação de avaliarmos até que ponto podemos contribuir, como a peça de um puzzle, de forma ativa, construtiva e aditiva, na nossa individualidade, para que o todo se torne mais forte, concreto e afirmativo. O puzzle, como facilmente percebemos, é o nosso agrupamento, uma instituição de que tenho o orgulho, a honra e o prazer de servir e representar há praticamente 20 anos. O principal motivo que me levou a aceitar o desafio de liderar tão importante órgão na estrutura educativa resulta de uma introspeção em tentar perceber se

o meu contributo poderia acrescentar de forma positiva algo que facilite o AEB na sua trajetória de afirmação a nível regional, nacional e internacional. Dentro das competências previstas para o cargo, pensei que poderia ajudar a consolidar a estratégia de uma escola que se destaca pelos resultados escolares e com uma preocupação construtiva e constante pelos seus alunos, ao seu lado sempre a aprender. Com a unidade de todos os seus elementos - alunos, encarregados de educação, pessoal docente e não docente, autarquia e comunidade - podemos for-

talecer a imagem do nosso agrupamento como um espaço de aprendizagem atrativo, exigente, motivador e inovador. Os desafios de hoje são extremamente complexos e desafiantes, mas também as oportunidades serão muitas. Perante este cenário e trabalhando unidos, poderemos levar os nossos alunos a surfar e a usufruir das ondas de oportunidade criadas. É no Conselho Geral que todos têm uma voz ativa na tomada de decisões, devidamente enquadradas no que são as suas competências. Todos seremos cha-

mados a fazer parte das soluções e a contribuir para a promoção do agrupamento como um local de excelência em toda a sua plenitude. O mundo, na última década, tem assistido a poderosas e rápidas transformações com impacto na educação. Houve profundas alterações na forma como nos relacionamos, trabalhamos e encaramos o futuro. Deste modo, não podemos ficar isolados, é imperioso que tenhamos a capacidade de ver para além do que foram as nossas experiências. Temos de preparar os nossos alunos

para um tempo que é, em tudo, diferente do que nós já vivemos. A nossa nobre função de educar implica discutir e refletir sobre o amanhã dos nossos alunos. Nesta medida, o Conselho Geral funcionará como um fórum de reflexão, dando-se conhecimento das conclusões aos restantes órgãos do agrupamento em formato de recomendações. Espero estar à altura do cargo que me foi confiado e ter a capacidade de acompanhar um fantástico grupo de pessoas que tudo fazem para o engrandecimento do nosso AEB.

Diretor: Luís Novais. Edição e coordenação: professoras Fátima Gaspar, Fernanda Cardoso, Guida Roque e jornalista Carlos Ferreira. Fotografia: professor Sérgio Barroso. Redação: alunos da Oficina de Jornalismo - 10.º C, 11.º C, 12.º B, 12.º C e comunidade escolar. Paginação: João Bento. Facebook Alfabeto – Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha


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Entrevista

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“Não depende apenas de nós

prevenir a transmissão do vírus”

Cristiana Carreira é uma aluna do 11.º ano que partilha connosco a sua experiência de regresso à escola em tempo de pandemia.

Atualmente, que visão tens da escola?

A escola não tem nada que ver com o que era antes da pandemia. Há um caminho único que precisamos de percorrer para chegar à sala de aula e, durante o percurso, precisamos de andar sempre afastados. Cada turma tem uma sala específica, que nunca muda, e cada pessoa tem a sua mesa. Temos que permanecer na sala

todo o tempo e só tiramos a máscara para comer. Não há intervalos para podermos estar com os amigos. A escola está praticamente vazia, nem sequer há crianças a brincar nos pátios de recreio. Qual foi a maior mudança no espaço escolar?

Não houve só uma mudança, basicamente, tudo se alterou. Em primeiro lugar, sempre que entramos na escola, temos de seguir umas marcas colocadas no chão que nos obrigam a manter a distância regulamentar. Antes de nos encaminhar-

mos para as salas, desinfetamos as mãos e, durante o caminho, temos sempre as funcionárias a alertar-nos para a distância. Já na sala, as mesas estão afastadas dois metros umas das outras e só podemos sair para ir à casa de banho, que é logo depois desinfetada por uma assistente operacional. Temos um intervalo de cinco minutos para comer e é durante esse tempo que tiramos a máscara, mas permanecemos dentro da sala, nos devidos lugares. No final de cada aula, todos os equipamentos que o professor utilizou são desinfetados. Não há intervalos cheios de gen-

te a conversar, não há pessoas na rua, não há serviços de bar nem de refeitório. Ao longo do tempo, fomo-nos habituando a esta nova realidade e o que parecia um bicho de sete cabeças passou a ser uma rotina normal. Como foi essa adaptação?

De início, foi difícil, pois todos tínhamos receio. Não sabíamos o que nos esperava e as regras eram muito rígidas, para além de que foi um bocadinho assustador voltar à vida lá fora depois do confinamento. O nosso maior receio era, sem dúvida, contrair o vírus, mesmo com todos os cuidados

“Contar com as mães dos colegas do meu filho foi fundamental” essa não foi a opção. Algumas vezes alterei o meu horário semanal diurno para trabalhar durante a noite, estando em casa durante o dia, e aproveitava a presença do pai, em casa, para trabalhar ao fim de semana. Relativamente às tarefas escolares, para conseguir que estivessem feitas nas datas e horas previstas no plano, muitas vezes, eles tinham que as antecipar. Apesar de todo o esforço meritório dos professores, algumas matérias tinham que ser explicadas mais ao pormenor, o que implicou um esforço extra de todos. Neste tempo de pandemia, como tem conseguido conciliar o trabalho com o acompanhamento dos seus filhos no ensino à distância?

Tem sido bastante difícil. Foi tudo novo para todos, mas não conseguir estar disponível no horário de grande parte das aulas ou de grande parte dos momentos em que o plano ditava que deviam ser efetuados os trabalhos de casa e ter que deixar os meus filhos entregues a si próprios

e à sua capacidade de adaptação foi muitas vezes angustiante. Tendo em conta que é profissional da saúde, teve necessidade de manter os seus filhos na escola para estarem em segurança? O que fez para minorar o impacto das alterações das rotinas?

Não mantive os meus filhos na escola, pois as dúvidas sobre qual a melhor maneira de os manter em segurança eram muitas e

Quais foram as maiores dificuldades?

As maiores dificuldades prendem-se, primeiro, com todo o aumento de tarefas domésticas que implicou estarmos mais tempo em casa, principalmente ao nível das refeições e do apoio que os meninos precisavam para cumprirem as tarefas escolares, principalmente o mais novo. Tive muitas vezes que recorrer a outras mães, que, felizmente, perceberam que, como pro-

fissional indispensável à pandemia, foi imperativo continuar a trabalhar e me deram todo o apoio. Ajudavam-me no esclarecimento das tarefas, no envio de trabalhos e até na vigilância da criança durante as aulas síncronas. Claro que podia contar com o apoio dos professores, mas contar com as mães dos colegas do meu filho foi fundamental e, muitas vezes, foi o que me descansou. Como reagiram as crianças à nova vida?

As crianças reagiram muito bem. Expliquei-lhes o melhor que consegui a situação e aceitaram bem o confinamento, que respeitámos à risca. Em conversa recente, confessaram que tiveram medo que eu algum dia viesse infetada para casa, mas nunca o demonstraram. Conheciam bem o nível de proteção e de higiene a que eu me obrigava, antes de entrar em casa, e isso também lhes deu alguma tranquilidade. Susana Rosa, encarregada de educação

que a escola e nós próprios tomámos. Havia também o medo de que as outras pessoas não respeitassem as regras. Afinal, não depende apenas de nós prevenir a transmissão do vírus. As maiores dificuldades que senti foram chegar à escola,

ao fim de dois meses, e não poder abraçar os meus amigos, ter de manter a distância social e usar máscara. É muito complicado respirar com ela, sobretudo quando está calor. Bruna Vala, 11.ºC

A falta de contacto direto é sempre um obstáculo à aprendizagem Sérgio Moniz, professor de Matemática Aplicada às Ciências Sociais, foi um dos que regressaram à escola em tempo de pandemia. Para o docente, “há um novo ambiente, muito diferente daquele a que nos tínhamos habituado. Depressa reparamos que o espaço escolar está extremamente vazio, já que são muito poucas as turmas com aulas presenciais. As condições são as possíveis. É notório o grande esforço por parte da escola para que os alunos sujeitos a exame pudessem cá voltar. Face às exigências, creio que a nova adaptação foi realizada em tempo recorde. Alunos, professores e funcionários, estão todos de parabéns”. Depreende-se das suas palavras que adaptar-se à nova realidade não foi difícil: “Não senti grandes receios, graças às regras de segurança aplicadas, que todos os que frequentam a escola procuram respeitar”. No seu entender, houve, no entanto, muitas incertezas, nomeadamente,

quanto ao processo de avaliação. “É sempre complicado conciliar todas estas mudanças, sobretudo durante o processo de ensino à distância, com o dever de avaliar os alunos de forma justa, sem os prejudicar de nenhuma maneira”, comenta. Nesta modalidade de ensino, “tanto os alunos como os professores fizeram os possíveis para que as aprendizagens fossem produtivas e eficazes”, realçando que “a falta de contacto direto é sempre um obstáculo”. De qualquer forma, “embora com muitas imperfeições, este método de ensino, mostrou-se possível”. Bruna Vala, 11.ºC


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Atualidade

Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha

Luís Simões, psicólogo

Estamos unidos pelos mesmos sentimentos “nesta circunstância excecional” A pandemia provocada pelo novo coronavírus tem e terá um enorme impacto na saúde psicológica de todas as pessoas, à escala mundial. O isolamento, o medo da doença ou de perder quem se ama, a solidão, a incerteza do que virá a seguir à COVID-19 ou do tempo que levará até que retomemos a normalidade são algumas das preocupações que nos assolam. As mudanças a nível pessoal, social e familiar podem fazer-nos sentir saudades de familiares e amigos, levar-nos a querer ficar sozinhos, chorar mais facilmente, ter dificuldades em nos concentrarmos e em tomar decisões, ver mais facilmente o lado negativo da vida, ter mais dificuldade em dormir e sentirmo-nos sem energia e vontade de fazer as tarefas do dia a dia. Se partilhas destes senti-

mentos, de perda de interesse pelas atividades que antes realizavas com prazer, de alguma apatia e falta de motivação, sabe que não estás sozinho. Estamos unidos pelos mesmos sentimentos nesta circunstância excecional. Por isso, é fundamental desenvolvermos estratégias que nos permitam regular a ansiedade e combater o medo exagerado do coronavírus. Foquemo-nos na ansiedade.

“Estou muito preocupado”, “Ando muito nervoso e com medo”, “Sinto-me perdido e não sei o que fazer” são pensamentos normais que poderão ter-te ocorrido nestes últimos meses. No entanto, estes sentimentos desagradáveis não trazem apenas desconforto, eles têm uma função importante: proteger-nos.

Vamos tentar combater os sentimentos negativos que a ansiedade nos traz em três passos. 1. Usa a teu favor a parte boa e útil da ansiedade.

Sentir ansiedade não é ser fraco ou inferior aos outros e não é motivo de vergonha ou culpa. Esta situação que vivemos é temporária, não vais ficar em isolamento o resto da vida. Se cumprirmos rigorosamente todas as recomendações da Direção-Geral da Saúde, o risco de contágio reduz-se consideravelmente. 2. Conhece a tua ansiedade.

A ansiedade tem efeitos no nosso corpo: tensão muscular, sensação de “bola na garganta” ou aperto no peito, dor de cabeça, batimento car-

díaco acelerado, náuseas e vómitos, vontade de ir à casa de banho, dificuldade em dormir ou sensação de “borboletas no estômago”. Também tem efeitos no nosso pensamento: receios, nervosismo, irritação, estado de alerta, incapacidade de relaxar, de nos concentrarmos, de parar os nossos pensamentos, muitas vezes repetitivos e negativos. 3. Enfrenta a tua ansiedade.

Concentra-te nas atividades que estás a fazer: preparar uma refeição, fazer exercício, jogar, ler um livro, ver um filme, desenhar, pintar… Projeta-te no futuro de forma positiva: pensa na capacidade de adaptação que demonstraste, na criatividade para evitar o aborrecimento, no tempo de qualidade que passaste com a tua famí-

lia e nas competências que desenvolveste. Foquemo-nos na tristeza.

Permite-te estar triste, pois é uma das emoções básicas do ser humano, e não penses que será assim para o

resto da vida. Mantém a esperança, usa o humor, pratica exercício físico e procura dormir bem. Expressa, também, os teus afetos regularmente. Mesmo à distância, diz aos outros que os amas, que te preocupas com eles e que lhes estás grato.

A arte em tempo de Ensino à Distância Pensamento de criança Não sei se consigo descrever O mundo em que estamos a viver. “Loucos anos vinte”, costumam dizer. E todos nós, aqui, somente a ver… Que vacina prescrever? Que incêndio precaver? Ao racismo sobreviver? E eu, aqui, somente a ver…

Diferente

Mudanças a acontecer. Há crianças, em casa, a evitar conviver; Outras a lutar para não morrer.

Sou branca, preta, verde ou vermelha. Sou pera, morango, laranja e groselha. Sou alta, baixa, magra e gorda. Sou de França, de Portugal, da Terra toda. Todos me veem, mas ninguém repara. Sou o João, a Sofia, a Maria ou a Lara. Sou muito calma, amanhã impaciente. Tu és como eu, também és diferente!

Não sei se consigo descrever O mundo em que estamos a viver. Vejo-me rodeado de pessoas a sofrer. Nos filmes, costumavam Não sei se consigo descrever dizer Que carros voadores, em O mundo em que estamos 2020, já iriam aparecer. a viver. No entanto, só consigo ver Meninos no poder, O mundo a retroceder! Um vírus a correr,

“Bicho Corona” Ana Leonor Ribeiro , 6ºE

Filipe Deniz, 6ºE

Lara Silva, 6ºF e Patrick Silva (pai)


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Atualidade

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Ecos do ensino superior

Márcia Ribeiro e Rafael Carreira são dois estudantes que passaram pelo AEB e que, agora, deixam ecos do seu primeiro ano no ensino superior. Ambos frequentam cursos da área de saúde, por vocação; a primeira é aluna da Licenciatura em Enfermagem, na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, e o segundo é aluno da Licenciatura em Fisioterapia, na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria. Referem, em comum, a facilidade com que se adaptaram à nova vida académica, ainda que bem diferente do ensino secundário, as experiências e desafios vividos neste primeiro ano universitário, as novas amizades que os ajudaram nesta adaptação, o interesse que as matérias lhes suscitam, a exigência dos trabalhos e o ritmo que implica a sua realização, bem como a alteração dos hábitos de vida diária. O curso escolhido por cada um supera as suas expetativas iniciais e corresponde aos seus interesses e objetivos: aliar as áreas científica e humanística. “A minha maior surpresa foi encontrar o melhor dos meus dois mundos. Quem pensar que enfermagem é só decorar ossos e músculos, engana-se. Este curso tem uma grande vertente humanística e, à conta disso, tenho vivido incríveis experiências”, afirma a Márcia que quer concluir o curso de enfermagem

“com toda a certeza”. Por sua vez, o Rafael declara: “O curso é tudo o que eu idealizei, por ser a junção de áreas que sempre me interessaram bastante: uma, relacionada com o corpo humano, o seu movimento, lesões, dor, etc. e a outra relacionada com o desenvolvimento do nosso ‘eu’. Temos de interagir e saber lidar com diversos tipos de pessoas e situações”. Da escolaridade anterior, realizada no AEB, guardam experiências para a vida. “Sou hoje o que aprendi e o que me ensinaram”, resume a Márcia. “Recordações e aprendizagens, guardo todas elas. Todos os momentos, os bons e os menos bons, foram importantes e toda a exigência que me foi imposta pelos professores agradeço-a, hoje”, adianta o colega. O percurso escolar do Rafael não foi “convencional e linear”. Repetiu, por opção, a disciplina de Matemática, no 12.º ano, receando que a sua média fosse insuficiente para ingressar no curso superior que pretendia. “Não foi uma decisão fácil, mas, hoje, não me arrependo nada de a ter tomado. Graças a ela, consegui entrar no meu curso de eleição, fazer grandes amizades numa nova turma e voltar a participar em várias atividades extracurriculares, como o teatro e as olimpíadas da oratória”, confessa. O nível de exigência

do ensino e o teatro foram também a tónica do testemunho da Márcia: “Trouxe, para a universidade, com muito orgulho, todos os conhecimentos que adquiri ao longo de doze anos. Cheguei a pensar que os requisitos do ensino secundário eram exagerados, mas a verdade é que é cá fora que sentimos as verdadeiras exigências. Tenho, num lugar especial do coração, o teatro em que tive a honra de participar e que, de forma surpreendente, me veio ajudar muito na minha prestação académica.” Como estudantes iniciados na vida escolar universitária, deixam alguns conselhos aos alunos do ensino secundário que pretendem ingressar no ensino superior. “Esforçarem-se sempre ao máximo”, diz o Rafael. “Acaba por ser um clichê, pois é algo que vamos ouvindo ao longo de todo o nosso percurso escolar, e eu, inclusive, achava que era um discurso exagerado e repetitivo, mas, na verdade, é importante realçá-lo. Quanto maior é o nosso empenho, melhores serão os resultados, aumentando, assim, o leque de possibilidades no futuro. Mesmo que ainda não saibam o que querem seguir, não

se preocupem, pois, mais cedo ou mais tarde, irão saber. Quando esse momento chegar, terão ao vosso dispor várias opções, fruto do vosso empenho e dedicação. Não tenham medo de tomar decisões mais ousadas e guiem-se, em primeiro lugar, pela vossa cabeça.” Recordando o lugar de finalista que há um ano ocupava, a Márcia adianta, com alguma nostalgia: “Há aspetos que, se pudesse voltar atrás, com certeza, mudaria e talvez possam servir de exemplo. O secundário é uma etapa escolar em que se desenvolvem os alicerces da nossa formação. O que talvez não tenha percebido a tempo foi que essa formação vai muito para além de livros e teorias. É tudo aquilo que nos ensina a viver em comunidade, a fazer escolhas e a tomar decisões. Todos os momentos devem ser aproveitados, especialmente aqueles que nos põem à prova e nos levam a superar desafios. Atualmente, o que guardo mais na memória não são aqueles em que decorei a matéria toda de Biologia, de Matemática ou de Português, mas os do convívio com colegas e professores, os da Oficina de Jorna-

lismo, os dos ensaios de teatro, os que me fizeram rir e, por vezes, chorar.” Os dois jovens estudantes aconselham ainda os colegas mais novos a não viverem a experiência universitária em nome de ninguém e que tentem descobrir os cursos que os façam felizes. Inevitavelmente, tendo em conta as profissões ligadas à saúde para as quais se preparam, expostas permanentemente ao risco, o tema da pandemia mereceu um destaque nos seus testemunhos. O Rafael enfatizou o seu propósito de terminar a licenciatu-

ra que escolheu e, seguindo o conselho dos colegas mais velhos, não descarta “nenhuma das muitas possibilidades” que o curso lhe oferece. A Márcia, consciente da realidade da profissão, encara situações imprevisíveis como a que vivemos com naturalidade: “Creio que este mundo virado do avesso me deu ainda mais forças para continuar a preparar-me como profissional que enfrentará uma pandemia ou outras situações do quotidiano.” Ambos partilham a ideia de que, acima de tudo, está o bem-estar de todas as pessoas.


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Entrevista

Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha

Carla Pragosa, adjunta da diretora do Estabelecimento Prisional de Leiria

pessoas com histórias de vida “ Conheci verdadeiramente avassaladoras” Carla Pragosa, adjunta da diretora do Estabelecimento Prisional de Leiria, já desempenhou várias funções nesta antiga prisão-escola, desde psicóloga até à atual assessoria que, juntamente com uma equipa de técnicos superiores, fazem o acompanhamento individual e intervenção técnica, após a avaliação de risco e necessidades criminais dos reclusos mais jovens. Sendo a única prisão do país destinada a cidadãos entre os 16 e os 21 anos, com permanência até aos 25, o trabalho desenvolvido requer uma ação contínua de reeducação, uma vez que se encontram privados de liberdade, em geral, pela primeira vez, numa fase da vida em que são mais permeáveis à modelagem do comportamento. Como é lidar com jovens delinquentes diariamente?

O enfoque na intervenção deve ser ao nível da entrevista motivacional e fatores de funcionamento dinâmicos como promotores de mudança e que se refletirão nas atitudes, crenças e valores. Não podemos esquecer que os jovens reclusos têm características idênticas às dos jovens em meio livre, como a capacidade de resiliência pouco desenvolvida, dificuldade em adiar a gratificação, mas com uma energia inesgotável. As situações mais preocupantes são as daqueles que apresentam perturbações de personalidade que têm de ser devidamente acompanhados. Apesar de tudo, a prisão nem sempre é encarada como uma passagem negativa, pois obriga a uma interrupção do estilo de vida agitado que tinham até à detenção, sendo obrigados a refletir sobre os comportamentos praticados no passado e verbalizando, muitas vezes, que não valorizavam tanto a família e que só agora re-

conhecem essa situação. Esta reflexão é fruto da institucionalização em que se encontram e de tudo o que isso implica. Quais os maiores desafios e as maiores aprendizagens?

Os desafios são vários e estão interligados, mas a criação de condições para que estes jovens experienciem oportunidades transformadoras e sejam capazes de operar tais mudanças nas suas vidas é um grande desafio. Para isso acontecer, é necessário tomar consciência dos erros cometidos. Só reconhecendo que têm um problema é que podem resolvê-lo e ultrapassá-lo, para que, no futuro, sejam capazes de exercer uma cidadania ativa e responsável, sem voltar a cometer crimes. O outro grande desafio é incentivar estes jovens a frequentar o ensino e os cursos de formação profissional, de forma a integrar regras, disciplina e normativos no seu quotidiano. As maiores aprendizagens relacionam-se com a complexidade do ser humano e com a capacidade que está ao alcance de cada um para alterar o rumo das suas vidas. Conheci pessoas com histórias de vida verdadeiramente avassaladoras que tiveram coragem de inverter o seu percurso, tentando reparar os danos cometidos no passado. Qual é a rotina de um recluso?

Os reclusos passam por várias fases ao longo do tempo em que estão presos. Geralmente, são detidos preventivamente, ou seja, aguardam julgamento na prisão e, durante esse período, podem frequentar a escola ou trabalhar e participar em várias atividades. Quando um jovem é condenado, pode continuar a frequentar a escola (desde as competências básicas até ao 12.º ano) ou pode ter uma ocupação laboral

em brigadas de trabalho ou oficinas. Futuramente, e quando a situação jurídica permitir, podem ascender a Regime Aberto no Interior para trabalhar na produção agrícola, cozinha, lavandaria, obras ou manutenção de espaços prisionais. Caso tenha reunido determinados requisitos, existe a possibilidade de trabalhar numa entidade externa em Regime Aberto no Exterior da prisão. A rotina diária começa por volta das 7h50, cumprindo tarefas ou atividades programadas, alternando com momentos de pausa que se prolongam até às 19h30, hora a que voltam às suas celas.

cal e nacional e tem desenvolvido espetáculos dentro e fora da prisão com um impacto muito positivo. Para além deste, temos outros na área do desporto, promovendo o exercício físico como uma mais-valia para a saúde física e mental, sendo uma atividade com bastante adesão. Recentemente, desenvolvemos um projeto com a Adega Mãe, tendo sido criada uma marca de vinho – INCLUSUS -, cuja produção é realizada por reclusos e a vinificação pela referida adega. Antigamente, esta prisão era uma quinta, contando, por isso, com uma grande área de exploração agrícola.

Que tipo de atividades ou projetos têm desenvolvido?

Como se reeduca alguém privado da liberdade?

As atividades não são apenas de entretenimento ou para passar o tempo, são atividades estruturadas com objetivos concretos e de reabilitação do indivíduo. Não obstante, também existem atividades lúdicas e recreativas, geralmente organizadas pela equipa de técnicos superiores de reeducação. Em parceria com entidades locais ou nacionais, desenvolvemos ainda projetos que podem ser financiados ou promovidos por entidades de voluntariado. Os de maior adesão são os artísticos e musicais, pois muitos destes jovens têm aptidões musicais na área do Rap/Hip-pop. Os projetos de expressão plástica e dramática também têm boa adesão, dado que alguns reclusos têm talento nestas áreas e acaba por ser um escape que alivia o ambiente prisional. Desde 2013, desenvolvemos um projeto artístico em parceria com a SAMP e outras entidades, nomeadamente a Fundação Calouste Gulbenkian e a Câmara Municipal de Leiria, o Projeto Ópera na Prisão, que tem aberto o estabelecimento prisional à comunidade lo-

Quando entram numa prisão, estes jovens têm uma história e um passado que não está isento de problemas de comportamento. Acredito que alguns crimes foram cometidos por uma questão de oposição e de desafio às regras da sociedade ou por afirmação perante o grupo de amigos. Outros poderão ter reagido de forma impulsiva e irrefletida. Uma percentagem significativa passou por instituições com medidas de promoção e proteção ou cumpriu Medida Tutelar Educativa em Centro Educativo. Desta forma, a reeducação de um jovem que já foi alvo de variadíssimas intervenções representa um processo, por vezes, bastante longo e desafiante, concertado e articulado entre as várias equipas de profissionais. Este acompanhamento é aprofundado com uma intervenção em grupo, nomeadamente a aplicação de programas dirigidos a necessidades criminógenas específicas, como o comportamento violento, crimes sexuais, delitos estradais, ou ainda programas de preparação para a liberdade em reclusos que já estão próximos

da saída. Note-se que a escola é igualmente uma ferramenta e um complemento muito importante neste processo de reabilitação, aumentando as habilitações literárias, mas, principalmente, treinando o processo de socialização e comunicação assertiva. Os resultados não

são imediatos, por isso é encarado como um processo. Como se prepara um jovem para a vida ativa?

Alguns jovens encont ra m- se prevent ivos a aguardar julgamento. Outros, que não assumem os crimes, é mais difícil trabalhar, porque a maioria


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Entrevista

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“O ensino à distância foi desafiante”

sua problemática criminal e com vista a uma reinserção social bem-sucedida. Como é feita a sua reintegração?

Apesar de esta prisão receber jovens reclusos de todo o país, a maioria é oriunda da Grande Lisboa. No momento da libertação, quase todos querem regressar ao meio de onde são originários, visto que é nessa zona que residem os seus familiares e onde querem retomar as suas vidas. Todavia, nem todos os que saem em liberdade têm familiares no exterior que os acolham. Alguns tiveram vidas bastante difíceis e, quando saem, têm de iniciar a vida sozinhos. Por esta razão, já houve alguns (poucos) que quiseram ficar em Leiria, tendo o apoio de uma entidade promotora de voluntariado, Os Samaritanos, que colabora não só na procura de emprego e alojamento, mas também no apoio em situações necessárias. Quando o jovem se encontra em liberdade condicional, o acompanhamento é realizado pela Equipa de Reinserção Social. A proximidade da saída gera sentimentos de ansiedade e de incerteza quanto ao futuro. Por norma, a maioria considera que vai ter dificuldade em arranjar emprego e que as pessoas saberão que eles estiveram presos, demonstrando receio de eventual discriminação. Que visão da sociedade têm estes jovens quando chegam à prisão?

cria a expetativa de não vir a ser condenado. Com os reclusos condenados, é realizada uma avaliação de risco e necessidades, ou seja, sumariamente, verificam-se os fatores que os levaram a cometer os crimes, para delinear um Plano Individual de Readaptação, de acordo com a

A maioria traz uma visão completamente distorcida da realidade prisional, pois consideram-se muito sociais e com muitos amigos que estarão sempre presentes, mas, depois, a realidade é outra. Quando se consciencializam dessa situação, verbalizam que tinham muitos amigos porque havia dinheiro e festas. Dentro da prisão,

não os visitam e nem uma carta lhes enviam. Por vezes, foi com estes amigos que deixaram de cumprir regras e, na maior parte dos casos, foi com eles que iniciaram comportamentos desviantes: os primeiros consumos de estupefacientes, as faltas à escola, passando a gerir o seu dia a dia em torno do grupo e de um líder. Quando chegam à prisão é que percebem que tudo não passou de faits divers, pois, quando mais precisam de uma palavra amiga… ela tarda em chegar. Esta consciencialização vem reforçar a importância das pessoas realmente significativas na sua vida. A par desta aprendizagem, tenho de referir a da gestão do tempo. Apesar de parecer que é algo que não falta, passa a ser um bem valioso e que não pode ser desperdiçado.

“O ensino à distância foi uma experiência diferente e de difícil adaptação, mas também foi uma forma de ensino muito dinâmica e divertida”, afirma a aluna Daniela Carreira, do 7.° E, revelando, ainda, que aprendeu a ser mais autónoma, a fazer trabalhos diferentes dos que faria no ensino normal e a utilizar várias ferramentas tecnológicas, as quais passou a dominar muito melhor. As suas maiores dificuldades foram as plataformas informáticas que, por vezes, não funcionavam, não possuindo, no início, um suporte tecnológico adequado. “Sinto saudades do ambiente escolar,

dos amigos e dos professores, embora sinta também um certo receio em ter de voltar às aulas presenciais. Apesar de tudo, esta forma de ensino à distância foi desafiante”, conclui sob a forma de balanço. Por sua vez, a mãe desta aluna referiu que este tipo de ensino foi diferente e mais leve, que permitiu que as suas filhas estivessem em segurança e, ao mesmo tempo, se tornassem mais autónomas na execução das tarefas propostas, podendo usufruir de mais tempo livre para atividades lúdicas. Como aspetos negativos, destacou o afastamento físico, a falta dos colegas, dos pro-

fessores e a matéria não ter sido bem consolidada. Apesar disso, fez um balanço positivo do ensino à distância, embora não substitua, na totalidade, as aulas presenciais. Cristiana Carreira, 11.º C

Educação Física em tempo de pandemia

Como têm sido vividos estes tempos da pandemia COVID-19?

A pandemia teve um impacto relativo nas suas vidas, pois os reclusos têm uma relação com o confinamento diferente da nossa. Ainda assim, existiram alterações no seu dia a dia, pois as atividades letivas e as visitas foram suspensas. A maior alteração foi mesmo a suspensão das visitas, muito importantes para o seu equilíbrio emocional, mas já foram retomadas, com divisórias específicas para não existir contacto físico. As ocupações laborais ao ar livre e as relacionadas com a limpeza e desinfeção dos espaços mantiveram-se, o cumprimento das regras de higiene e etiqueta respiratória têm sido cumpridos, apenas o afastamento social foi mais difícil de entender e de cumprir, contudo, temos intensificado a formação nesta área com a equipa de profissionais de saúde, enfermeiros, médica e psicóloga. Joana Ferreira, 12.º B Susana Ferreira, 12.º C

Desde o dia 16 de março que tudo mudou. Após um mês sem irem à escola, os alunos do AEB começaram a ter aulas por videoconferência. As sessões síncronas duravam 40 minutos e, entre elas, havia 15 minutos de intervalo. Usávamos as plataformas Moodle e Webex, mas, para aceder, alguns problemas surgiram. Nem todos tínhamos uma boa internet e estas plataformas estavam muito sobrecarregadas. As aulas de Educação Física foram as mais estranhas, pois o contacto físico fez-nos muita falta.

Durante estas sessões falámos sobre as modalidades que iríamos praticar, se estivéssemos na escola. Apesar da falta desse ambiente, conseguimos perceber, de uma forma teórica, as regras dos jogos através de testes formativos que íamos fazendo. Quinzenalmente, todos devíamos ter preenchido uma tabata, com vários exercícios e enviar os nossos dados relativamente à frequência cardíaca. No decorrer das aulas, falámos ainda das caminhadas que íamos fazendo com a nossa família e dos exercícios que praticáva-

mos além dos que o professor pedia. Na minha opinião, é estranho ter aulas à distância, no entanto notei um grande esforço por parte dos professores, especialmente pelos de Educação Física, pois tentaram manter sempre os alunos ativos, certificando-se de que não estávamos parados nem desanimados com esta situação que atravessamos. Como tudo na vida, esta pandemia também terá um fim.

Érica Guedes, 11.º C


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Última

Jornal do Agrupamento de Escolas da Batalha

Ranking das escolas 2018-2019 O AEB é a 2.ª escola a nível nacional com melhores resultados no ensino secundário, de acordo com os dados divulgados pelo jornal Público, tendo em consideração as escolas com o mesmo contexto (contexto 2) e com 100 ou mais provas realizadas. Se se considerarem todos os contextos, o nosso agrupamento ocupa a 59.ª posição entre as 625 escolas públicas e privadas com exames deste nível de ensino. O valor esperado (10,42) foi superado, já que obteve 12,06 valores.

No ensino básico, o AEB ocupa a 311.ª posição no ranking geral, entre as 1181 escolas com provas do 9.º ano de escolaridade, sendo de destacar a melhoria da percentagem de percursos diretos de sucesso para 55,86% (percentagem de alunos que obtiveram positiva em dois exames nacionais trienais sem retenções nos 7.º e 8.º anos). No ensino profissional, destaca-se a subida de 182 posições, com uma percentagem de conclusão no tempo normal de 75,86%

e uma taxa de abandono de 0%. O nosso diretor, Luís Novais, congratula-se com os bons resultados alcançados, deixando, para reflexão, um pensamento de João Costa, Secretário de Estado da Educação: “Se quer saber o que faz uma boa escola, visite-a. Fale com os alunos, veja-a como um todo. Se não quer que o seu filho se transforme numa média, aposte numa educação centrada no humanismo e na valorização de todos”.

CPCJ, pandemia e comunidade De um dia para o outro, fomos confrontados com um inimigo invisível que nos fez alterar drasticamente o nosso dia a dia, o modo como vivíamos e, sobretudo, como convivíamos. As crianças e os jovens foram separados dos seus amigos, dos seus professores, das suas escolas, do convívio nos recreios e lançados numa dinâmica para a qual não estariam, com certeza, preparados. Foi-lhes apresentado um desafio… e a maioria enfrentou-o e superou-

-o, com maior ou menor dificuldade. No entanto, foi um tempo em que as desigualdades se manifestaram de forma bem mais visível, deixando a nu muitas das fragilidades de que padece ainda a nossa sociedade. Neste tempo de pandemia, as CPCJ reforçaram linhas de apoio, forneceram indicações preciosas, continuaram a acompanhar crianças e jovens, tendo mantido a sua presença em todos os concelhos do país. Hoje, mais do que nunca, as CPCJ reiteram

às comunidades um pedido de sempre: Estejamos todos ALERTA! Não deixemos que crianças ou jovens sofram devido ao nosso silêncio, aos nossos medos para agir, ao “fechar de olhos” para o que se possa passar de menos bom ao nosso lado. A salvaguarda do bem-estar e dos direitos das crianças é um dever imperioso de todos nós. Saibamo-lo cumprir. Graça Teixeira, Representante do ME na CPCJ da Batalha

Familiares e professores são apoio imprescindível nos exames O início do verão e o fim do ano letivo significam, para os alunos dos 11.º e 12.º anos, o aumento da ansiedade e da preocupação devido à aproximação dos exames, um importante instrumento que abre caminho para o ensino superior. Nas próximas semanas, vamos ser estreantes, vamos experienciar uma nova forma de realizar estas provas com uma estrutura diferente e cumprindo normas de segurança nunca antes conhecidas. Estas novidades trazem-me

outras tantas incertezas. O que esperar? Qual o melhor método de estudo a adotar? Esforço-me por atingir um nível de preparação com o

“Sou competente naquilo que aprendi no curso”

qual me sinta confiante, mas continuo a sentir a falta das habituais aulas de preparação para os exames. Ainda assim, apesar de todo este receio provocado pela situação pandémica e pelos exames, o apoio dos familiares e dos professores, que se dispõem a esclarecer qualquer dúvida, tem sido fulcral para a manutenção do meu desempenho à semelhança da normalidade.

Adriana Pereira, 11.º C

O desafio de uma Prova de Aptidão Profissional é a etapa final de um curso profissional, avaliada em conjunto com um júri externo que representa a área profissional em causa. Neste ano atípico, temos alunos que, desde “Percursos Acessíveis a Pessoas com Mobilidade Reduzida” a “Roteiros de Arte Urbana”, foram cons-

truindo os seus projetos à volta de uma ideia que se transformou numa demonstração de aprendizagens dos três anos. Pesquisas, inquéritos, divulgação gráfica, sites promocionais, marketing, animação, vídeo e fotografia, as áreas disciplinares que atravessam, são um percurso multidisciplinar que lhes deu um gozo particular.

“Sinto-me superfeliz com o resultado porque estou a demonstrar que sou competente naquilo que aprendi no curso!”, afirma Tatiana Alves, autora de uma planificação de um Campo de Férias na Nazaré, o Migos&Migas FunCamp, para turistas de várias nacionalidades. Sérgio Barroso, professor

E@D na opinião de uma encarregada de educação O meu teletrabalho e a forma como nos organizámos em casa (transformando a sala de jantar em escritório e duas salas de aula), permitiu-me ir acompanhando as aulas à distância. Fui conversando com amigas e familiares, também com filhos no Agrupamento de Escolas da Bata-

lha e noutros agrupamentos, e digo, de coração cheio - os professores da minha filha estão de parabéns! Souberam adaptar-se à nova realidade, acompanhar e ajudar no que era necessário, souberam ter bom senso nas tarefas e nos trabalhos solicitados. Um forte agradecimento

ao grupo de trabalho, pelo profissionalismo, dedicação e sensibilidade com que geriram este 3.º período! Um agradecimento especial à diretora de turma pela forma como coordenou a equipa. Sofia Ferraz, encarregada de educação


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Este Lugar pode ser seu...


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Jornal da Batalha

Atualidade

Mil pessoas e 200 empresas solicitaram testes à Covid-19 mAté ao dia 1 de julho e numa semana foram “registados mais de mil pedidos individuais, dos quais 408 considerados como pessoas de risco no âmbito da Covid-19” A Câmara da Batalha iniciou no dia 6 de julho a primeira fase de disponibilização de testes serológicos ao SARS-COV-2 à população em geral e junto dos sectores mais sensíveis da construção, transportes internacionais, restauração e hotelaria.

Até ao dia 1 de julho e numa semana foram “registados mais de mil pedidos individuais, dos quais 408 considerados como pessoas de risco no âmbito da Covid-19 e ainda 20 indivíduos que viajaram recentemente do estrangeiro, ambas situações consideradas prioritárias”, explicou a autarquia em comunicado. Segundo o município, “acrescem as inscrições das empresas e comércios locais, que apresentaram mais de duas centenas de pedidos e representam um potencial de 1.800 testes aos gerentes

e funcionários, dos quais foram identificados para a primeira fase 527 funcionários correspondentes aos sectores definidos como prioritários”. A par da realização dos testes à Covid-19, “será desenvolvido um estudo à escala municipal que irá permitir avaliar os riscos de eventuais focos de infeção, níveis de imunidade e identificar a sua dispersão pelo território”. Os primeiros mil testes começaram na primeira semana de julho, com uma cadência de 100 diá-

António Caseiro

Mestre em Fiscalidade Pós-Graduação em Contabilidade Avançada e Fiscalidade Licenciatura em Contabilidade e Administração

ALOJAMENTO LOCAL

Centro Comercial Batalha, 1º Piso, Esc 2, Edifício Jordão, Apartado 195, 2440-901 Batalha Telemóvel: 966 797 226 Telefone: 244 766 128 • Fax: 244 766 180 Site: www.imb.pt • e-mail: caseiro@imb.pt

p São efetuados 100 testes por dia rios, e “foram concebidos para auxiliar no diagnóstico de doentes com suspeita

de infeção aguda por SARS-CoV-2, numa abordagem combinada e que propor-

ciona a maior sensibilidade diagnóstica e como tal, uma deteção mais precoce. De igual forma, o teste escolhido assegura a verificação qualitativa de anticorpos totais”, explica o município. A sensibilidade dos testes pode variar entre 97,5% e 100%. A especificidade clínica é de 99,8%. A Câmara da Batalha foi a primeira autarquia da região e uma das primeiras a nível nacional a facultar à população testes serológicos , num projeto em parceria com o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa.


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Edição Especial

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População já recebeu 90 mil máscaras desde o início da pandemia

p O município disponibilizou mais de 90 mil máscaras A Comissão Municipal de Proteção Civil da Batalha reuniu no dia 13 de julho, para analisar a evolução da situação epidemiológica da Covid-19 no município, tendo “avaliado positivamente a ação das diversas entidades na prevenção e controlo da situação”.

A autarquia informou a comissão que “as medidas preventivas irão ser reforçadas, designadamente ao nível da realização de testes, distribuição gratuita de máscaras e apoio às entidades que acompanham idosos”. O Município da Batalha

“já disponibilizou mais de 90 mil máscaras e realizou até 10 de julho mais de um milhar e meio de testes à população e aos sectores prioritários”, segundo um comunicado do município. “Os próximos tempos continuarão a ser muito exigentes no controlo da pandemia, é importante sensibilizar a população da necessidade de continuar a ter uma atitude de prevenção e cumprir as recomendações sanitárias da Direção-Geral de Saúde”, lembra o presidnete da autarquia, Paulo Batista Santos. Por isso, o Município da Batalha continua a “recomendar o uso de máscara em vias e espaços públicos, reforça as medidas de fiscalização às infrações às regras sanitárias vigentes e

Casos da doença confirmados no distrito Município

Falecimentos Casos Confirmados Recuperados

Caldas da Rainha Alcobaça Leiria Pombal Peniche Figueiró Vinhos Óbidos Bombarral Batalha Alvaiázere Marinha Grande Porto de Mós Nazaré Ansião Pedrógão Grande Castanheira Pêra Total

4 5 2 10 3 2 0 1 0 5 2 1 2 0 0 0 37

157 111 150 93 53 24 23 35 14 28 25 20 8 10 4 * 755

Casos Ativos

96 67 112 73 35 11 12 27 8 23 20 15 3 10 4 1 516

61 44 38 20 18 13 11 8 6 5 5 5 5 0 0 0 239

Fonte: Comissão Distrital de Proteção Civil de Leiria, municípios e autoridades de saúde / Região de Leiria (16 de julho)

irá implementar uma campanha de sensibilização e acolhimento junto dos emigrantes”. A comissão recomenda como limite horário de cafés e estabelecimento similares até às 24 horas.

A Comissão Municipal de Proteção Civil, que também fez um ponto de situação do plano municipal de operações referente ao dispositivo especial combate incêndios rurais,

“lamentou com profunda consternação a morte de um bombeiro da corporação de Miranda do Corvo, que combatia, com a sua equipa, um incêndio na serra da Lousã”.


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30 anos

Edição Especial

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Jornal da Batalha

Assembleia municipal reclama início imediato das obras no mosteiro m “O desinvestimento no mosteiro regista níveis preocupantes, situação que contrasta com intervenções em curso” noutros monumentos A Assembleia Municipal da Batalha aprovou no dia 22 de junho, por unanimidade, uma moção que “reclama a maior urgência o início das obras anunciadas e previstas com o apoio dos fundos europeus, em benefício da valorização do Mosteiro da Batalha”. “Há vários anos foram anunciadas obras de requalificação do claustro real, requalif icação de um novo espaço para loja, reabilitação da ilumina-

ção exterior, para além de outras melhorias, de modo a tornar este monumento 100% acessível, sem que até à presente data se conheçam quaisquer desenvolvimentos, que não anúncios dos sucessivos governantes na área da Cultura”, refere um comunicado. “A i nda recentemente, a ministra da Cultura veio uma vez mais anunciar que as obras de conservação e restauro dos claustros de D. João I e de D. Afonso V, financiadas pelo Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional iriam começar em junho de 2020”, destaca. “O desi nvest i mento no mosteiro regista níveis preocupantes, situação que contrasta com intervenções em curso, por

p Visitantes aumentaram no último ano exemplo, no Mosteiro de Alcobaça, Convento de Cristo e mais avultadas no Palácio Nacional de Ma-

fra, tudo monumentos com menor pressão de visitantes do que o Mosteiro da Batalha”, segundo a moção

intitulada “Pela proteção e valorização do Mosteiro da Batalha”. É o terceiro monumento

mais visitado do país, após o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, tendo em 2019 recebido 416.793 visitantes, num aumento de 2,2% relativamente a 2018. Na moção aprovada e que agora seguirá para o Governo, a assembleia municipal “sublinha a importância do turismo cultural, reconhecido como uma das principais alavancas da retoma económica e do sector turístico em Portugal, razão pelo qual é decisivo investir nesta área ao nível da qualificação dos monumentos nacionais”. Por fim, “alerta ainda para os riscos de perda de fundos europeus pelo facto da não execução de obras, uma vez que se encontra em curso um processo para a sua reprogramação”.


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Clubes recebem 75 mil euros antecipados para minimizar efeitos da crise

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O Município da Batalha decidiu “antecipar apoios financeiros excecionais para minimizar os impactos das associações e clubes desportivos locais”, no valor global de 75 mil euros, sendo uma medida enquadrada no âmbito do programa municipal de apoio extraordinário e temporário para dinamização da cultura e do associativismo (Programa Retomar). O programa define um regime temporário e excecional de apoio às associações, grupos artísticos ou coletividades que se dediquem às atividades desportivas, audiovisuais, de teatro ou de dança, constituídas em pessoas coletivas de direito privado sem fins lucrativos, no âmbito da pandemia da doença Covid-19. Nesta primeira fase foram implementados pro-

p A UDB foi uma das coletividades apoiadas nesta fase

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tados protocolos de desenvolvimento desportivo com associações desportivas que no conjunto movimentam mais de um milhar de atletas, treinadores e dirigentes

tocolos de desenvolvimento desportivo com as associações desportivas da União Desportiva da Batalha (UDB), Associação Recreativa Amarense (ARA) e ainda o clube Batalha, Andebol Clube (BAC), entidades que no seu conjunto movimentam mais de um milhar de atletas, treinadores e dirigentes. “Estes apoios serão alargados a outras entidades culturais e desportivas do Concelho da Batalha, com o objetivo de assegurar que todos os clubes terão condições de acesso a medidas que mitiguem os efeitos perversos da pandemia”, nomeadamente no que diz respeito à “continuidade de ações com os jovens atletas e dinâmicas culturais ”, segundo o vice-presidente e vereador da Juventude e Desporto, André Loureiro. O programa Retomar foi apresentado no dia 18 de maio e aplica-se às associações, grupos artísticos ou coletividades que, em virtude da pandemia da doença Covid-19, se encontram em situação de fragilidade financeira, com impacto, nomeadamente, na capacidade de pagamento de despesas correntes de funcionamento, com exceção de salários ou compensações a colaboradores certos e permanentes.

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Opinião s Baú da Memória Por JosÊ Travaços Santos

Celebrar o Padre AntĂłnio Vieira e recordar as nossas Caravelas Neste tempo estranho e inesperado, que estamos a viver, dois factos, entre vĂĄrios, chamaram-me particularmente a atenção e despertaram-me para a necessidade, que ĂŠ premente, de analisar com cuidado redobrado, o que se passa Ă minha volta, numa altura em estĂĄ em curso a “diabolização do homem brancoâ€? como disse o Historiador Doutor JoĂŁo Pedro Marques, em entrevista concedida ao Jornal “SOLâ€? de 20 de Junho Ăşltimo. O primeiro foi o da vandalização duma estĂĄtua do Padre AntĂłnio Vieira, uma atitude em que se revelou apenas fanatismo, Ăłdio e ignorância. Evidentemente que quem saĂ­u diminuĂ­-

do deste crime nĂŁo foi a figura do padre AntĂłnio Vieira mas quem o perpetrou. O segundo foi o da destruição duma caravela por altura dum colĂłquio sobre os Descobrimentos na Universidade Nova de Lisboa, conforme revela o citado entrevistado. O Padre AntĂłnio Vieira ĂŠ um dos vultos maiores do EspĂ­rito PortuguĂŞs, quer no plano cultural quer no moral. Considerado por Fernando Pessoa o “Imperador da LĂ­ngua Portuguesaâ€?, o que quer dizer seu expoente mĂĄximo, cultivou no sĂŠculo XVII com excepcional brilhantismo o nosso Idioma, alicerce e veĂ­culo da nossa Cultura, e foi dando subtis recados

aos poderosos sobre a arte de governar com humanitarismo cristĂŁo, ao mesmo tempo que defendia, acarretando perigos para si, a causa dos indĂ­genas brasileiros e de tal forma que evitou que fossem escravizados. A Caravela portuguesa ĂŠ o resultado do nosso avanço na tĂŠcnica naval do sĂŠculo XV. Os nossos antepassados adaptaram, revelando extraordinĂĄrio espĂ­rito inventivo e com um espantoso conhecimento de “novos mares, dos novos cĂŠus e dos novos ventosâ€?, uma barca mediterrânica que, aproveitando ventos e correntes, bem diferentes dos mediterrânicos e inclusivamente dos

do Atlântico Norte, levou um Povo de pouco mais de um milhĂŁo de habitantes atĂŠ ao Cabo da Boa Esperança, que dobrou ao encontro do Ă?ndico, epopeia que sĂł o PortuguĂŞs pode celebrar. Uma curiosidade, mas que muito diz da nossa inventiva, este pequenĂ­ssimo navio oceânico, era o Ăşnico no mundo em que se “usava o sobro e o azinho no cavername, por serem madeiras resistentes Ă ĂĄgua‌â€?. (Contra-almirante RogĂŠrio d’Oliveira, em “NAUS, CARAVELAS E GALEĂ•ES – Na iconografia portuguesa das Descobertasâ€? – Quetzal Editores – 1993). A imagem desta caravela foi extraĂ­da desta obra.

s Pestanas que falam Joana MagalhĂŁes

A arte de nĂŁo fazer nada Hoje dormi 12 horas. Foi com um olhar espantado que visualizei as 12h45 no ecrĂŁ do telemĂłvel quando consegui abri os olhos o suficiente para ver o que me rodeava. Surpresas destas nĂŁo acontecem todas as semanas, nem sequer todos os meses. Logo me levantei e lembrei que estava de fĂŠrias.

Ahh... FĂŠrias... Que bom! Pensei eu antes de olhar em volta e questionar-me: o que se faz nas fĂŠrias? Foi aĂ­ que me perguntei sobre a arte de nĂŁo fazer nada. Sobre a forma como alguĂŠm, de um dia para o outro, passa do ritmo a 100 Ă hora para 0 ou pouco mais do que isso. Como se faz

isso? Senti uma estranheza ao lembrar-me que nĂŁo havia nada planeado para o dia. Nem horĂĄrios a cumprir. Mas logo arranjei meia dĂşzia de tarefas que ocupassem as horas da tarde. Afinal, corpos programados durante largos meses para andarem na velocidade mĂĄxima precisam de a

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Jornalista

reduzir gradualmente. SerĂĄ por isso que no regresso ao trabalho se proferem as palavras “agora que estava a ficar relaxadoâ€? ou “agora que estava a desligar de tudoâ€?? Se calhar ĂŠ mesmo isso.

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Pensei eu antes de olhar em volta e questionar-me: o que se faz nas fĂŠrias?

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Saúde Cuide da sua saúde! - Alguns conselhos práticos O que é a saúde? O conceito de saúde foi amplamente modificado ao longo do tempo. Estar saudável não é apenas a ausência de doenças, envolvendo também aspetos sociais, familiares e psicológicos. Um conceito bastante conhecido é “saúde é a ausência de doença”. Para muitos autores o conceito de saúde vai além dessa mera definição. Segundo a OMS (Organização Mundial der Saúde) saúde “é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença “. Um indivíduo saudável deve estar bem psicologicamente, apresentar boas interações sociais, viver em segurança, ter perspetiva de futuro, entre vários outros aspetos.

A saúde é um direito de todos os cidadãos portugueses e um dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e económicas que visem a redução do risco de doença e o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde para sua promoção, prevenção e tratamento, tais como hospitais e centros de saúde. O que pode prejudicar a sua saúde? São vários os fatores que contribuem negativamente para a sua saúde, tais como: sedentarismo, hábitos alimentares inadequados, abuso de álcool, tabagismo, exposição a situações que nos afetam psicologicamente. Vamos abordar questões importantes sobre como manter hábitos de vida saudáveis, evitar determinadas

doenças e também melhorar a sua vida no aspeto físico, mental e social. Seguem alguns conselhos práticos: Faça uma alimentação saudável, equilibrada e variada . Evite as gorduras e o excesso de açucares; Beba água regularmente, principalmente em dias quentes e durante a atividade física. Cerca de 1.5 Litros por dia; Controle o stress. Momentos de lazer podem ajudar a manter-se tranquílo, como por exemplo fazer caminhadas, jardinagem, assistir a filmes do seu agrado, ir ao teatro, ouvir música, ler um livro, etc. Esses momentos são essenciais para melhorar o seu humor e diminuir o stress. Não fume e evite ambientes com excesso de fumo;

Evite bebidas alcoólicas, sobretudo as bebidas brancas, optando pelo vinho tinto. Beba com moderação; Utilize sempre protetor solar; Vacine-se! As vacinas salvam vidas; Consulte o seu médico de familia regularmente; Durma bem, pelo menos 8 horas por dia; Desfrute de momentos em família e com amigos.Valorize pequenos gestos do seu dia-a-dia. Tendo em conta o envelhecimento da nossa população, deixo alguns conselhos para esta faixa etária. Manter um envelhecimento ativo é crucial. No entanto, as quedas em nos idosos são muito ferquentes, sendo uma preocupação constante dos profissionais de saúde a

Evite andar em áreas com piso húmido; Deixe uma luz acesa à noite, caso necessite de se levantar; Coloque o telefone em local acessível; Utilize sempre a passagem de peões; Se necessário, use bengalas, muletas ou instrumentos de apoio – o importante é a sua segurança! Como vimos, saúde é um conceito complexo, abrangente e tende a ser difícil de atingir. Com pequenas atitudes, podemos manter hábitos para garantimos uma vida mais saudável. Boa saúde para todos!

prevenção das quedas. Confira: Evite tapetes em casa; As escadas e os corredores devem ter corrimão dos dois lados; Coloque tapetes antiderrapantes na casa de banho; Evite andar em áreas com piso húmido; Deixe uma luz de presença durante a noite, caso necessite de se levantar. Coloque o telefone e/ou telemóvel num local acessível; Utilize sempre a passadeira para atravessar estradas; Se necessário, use bengalas, canadiana ou andarilho - o importante é a sua segurança! As escadas e os corredores devem ter corrimão de dois lados; Coloque tapete antiderrapante na casa de banho;

Oksana Halamay Médica interna de Medicina Geral Familiar na USF Condestavel, Batalha

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Dra. Matilde Pereira.. quinta - tarde/sábado - manhã

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Património

As lendas e a verdade histórica As lendas, não obstante serem frequentemente bem entretecidas, raramente correspondem a um facto histórico pelo que nos induzem em erros que se vão propalando e substituindo ou confundindo a realidade. Na Batalha há várias, desde a escolha do local para construção do Mosteiro, à construção da arrojada abóbada da Casa do Capítulo, aos topónimos. Lançar uma seta ou, ainda pior, uma espada a três quilómetros de distância é façanha que só seria possível se aquelas armas fossem impulsionadas por um dos foguetões do nosso tempo… Evidentemente que D. João I fez uma pesquisa aturada, ouvindo com certeza gente abalizada para o efeito, até encontrar o sítio indicado para o monumento, escolhendo inteligentemente um local abrigado dos ventos, com água abundante e com outras condições para uma obra desta dimensão, para onde se teriam de acarretar milhares de toneladas de calcário e onde se iria instalar uma comunidade obreira e pouco depois uma comunidade religiosa que, evidentemente, precisavam de terras aráveis para as suas hortas, os seus pomares, as suas searas de trigo, as suas vinhas. A Vila Facaia, nada tem a ver com uma “vila ficai”, sítio onde “pousou” a seta voadora, mas com o nome do seu primeiro morador: um tal Facaia. Na Estremadura há mais uma “Vila Facaia” no concelho de Torres Vedras e há outra no norte do distrito de Leiria. Aliás são vários os antropónimos a designar povoações, na paróquia da Batalha: Casais dos Ledos (do primeiro habitante: João Eanes Ledo), Faniqueira

em que ainda se desconheciam as batatas, as castanhas eram usuais na nossa culinária. A outra lenda é a das Alcanadas (na Idade Média, Alcanada). Será um topónimo misto, com o Al árabe e com a Canada latina a querer significar vale ou azinhaga. A fotografia que ilustra o apontamento foi tirada no século XIX, talvez nos anos 70 ou 80 desse século.

(duma família de apelido Faniqueiro), Casal do Alho (do primeiro habitante chamado Alho), Casal do Quinta (da família Quinta), Brancas (possivelmente de duas senhoras, mãe e filha, de nome próprio Branca, familiares de mestres do Mosteiro), etc.. Aquele volume enorme do Monumento, que iria recordar pelos séculos fóra a batalha que nos assegurou a independência por quase duzentos anos e imprimiu na alma do nosso Povo um sentimento de liberdade e de autonomia que refloresceu em 1640, ao mesmo tempo que agradecia à Virgem Maria a espantosa vitória, demorou perto de um século e meio a erguer-se andando no passo da época e conforme as finanças reais que não tinham só o Mosteiro a construir. Caminhou-se, com certeza, a passo de caracol, pelo que não é de aceitar o ano de 1386 para o seu início, ainda a viver-se o período conturbado da guerra com Castela, sendo

mais plausível o de 1388, aliás indicado pelo Professor Reynaldo dos Santos. Ora, o primeiro arquitecto que é comprovadamente o Mestre Afonso Domingues, tem pouco tempo para executar o que planeara pois em 1402 já é dado como falecido. Seria ele a planear o corpo da igreja, a sacristia, o claustro real, o dormitório, o refeitório e a cozinha e a casa do capítulo, mas tudo ficou incompleto como é de calcular pelo pouco tempo a dirigir a obra. Na igreja fez as naves laterais e as quatro capelas absidais deixando o resto (nave central, transepto e capela mor) para o seu sucessor, Huguet, que se crê catalão, como se pode ver pelas nervuras das respectivas abóbadas, redondas em Afonso Domingues, esquinadas em Huguet. Em 1402 era impossível já estar coberta a casa do capítulo. Pode ter sido Domingues a desenhá-la mas quem fez a arrojada abóbada foi Huguet. Aliás, as suas nervuras es-

quinadas são as que a abóbada ostenta. Pelas nervuras das coberturas do claustro real também podemos descobrir quem fez umas e quem fez outras: as arcarias sul e leste são de Domingues, as do norte e oeste são de Huguet. Voltando aos topónimos, surgem-nos duas lendas, uma das quais relacionadas com a construção do Mosteiro: a da Rebolaria de onde se “rebolavam” as pedras para a construção. Ora, não teria qualquer sentido os carros de bois carregados de pedra calcária virem, da primitiva pedreira, a do Valinho do Rei, nas proximidades da Torre da Magueixa, até ao morro da Rebolaria e dali a atirarem para o estaleiro. Não é possível rebolar pedras rectangulares, nem adiantaria nada ter de voltar a carregá-las para as levar para a obra a um quilómetro de distância. Evidentemente que Rebolaria provém de rebolo, castanheiros bravo, sendo portanto uma mata de castanheiros bravos. Em épocas

A Língua Portuguesa Sem que o Estado e as Academias assumam a obrigação de defender o principal esteio da nossa Cultura, continua a destruição, palavra a palavra, do Idioma. São tantos os vocábulos estrangeiros a substituir os nossos que nomeá-los daria para encher dezenas de páginas do jornal. Há poucos dias davam os meios de comunicação social a conhecer o ranking das nossas Escolas. Ora, ranking é exactamente apreciação, atribuição de valores, caracterização, classificação, qualificação. Que necessidade há em utilizar o termo estrangeiro? Que se passa com o Povo Português que parece estar, no nosso tempo, cada vez mais empenhado em destruir a sua Cultura e a sua História?

Dr. Carlos Caldas distinguido pelos Bombeiros Em Assembleia Geral da nossa Corporação de Bombeiros Voluntários, realizada em 26 de Junho, por proposta da sua direcção foi proclamado sócio benemérito o Juiz Conselheiro Dr. Carlos da Silva Caldas em virtude dos seus valiosos apoios mo-

netários concedidos ao longo dos anos. O Dr. Carlos Caldas, nascido na Batalha em 10 de Agosto de 1930, é uma das figuras marcantes da nossa vila, sendo o primeiro batalhense a ascender ao cargo de Juiz do Supremo Tribunal de Justiça. Já reformado publicou um livro de poemas, a que me referi oportunamente no Baú da Memória, “No Tempo e no Espaço”, em que revelou uma poesia de grande beleza formal e com profundo sentido. Parabéns ao homenageado e aos nossos Bombeiros, um dos melhores corpos de voluntários do nosso País, pelo seu exemplar acto de gratidão.

Manuel Carreira Rito Faleceu o Manuel Carreira Rito, uma figura que deixa marca profunda na nossa comunidade. Homem bom e sempre empenhado na vida colectiva, a que deu o melhor de si, era o director-adjunto do conceituado “Jornal da Golpilheira”, verdadeiro braço direito do director Dr. Luís Miguel Ferraz. O Manuel Rito desdobrava-se para estar presente em tudo que merecesse referência, sendo sempre os seus relatos pormenorizados e de grande fidelidade. Sobre a doença, que o acompanhou nos últimos anos, escreveu páginas que nos desvendam uma realidade de que não dávamos conta e que, talvez com mais frequência do que pensamos, temos à nossa porta. À sua esposa, à restante família e ao “Jornal da Golpilheira”, os nossos mais sentidos pêsames. José Travaços Santos Apontamentos sobre a História da Batalha (207)


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s Tesouros da Música Portuguesa Por João Pedro Matos

Amália, a voz de portugal Se olharmos para o fado sem preconceitos, como sendo a canção portuguesa por excelência, então teremos de considerar Amália Rodrigues o seu expoente máximo. Porém, Amália não se limitou às formas tradicionais do fado, pois elevou-o ao género universal, muito para lá das fronteiras da portugalidade. Esta era a introdução que se impunha, quando neste mês de Julho se comemora o centenário do nascimento da diva. Começou por ser uma simples cantadeira, havendo iniciado a sua carreira no típico Retiro da Severa. Corria o ano de 1939, mas não demorou muito a fazer carreira internacional: em 1940, cantou em Madrid, cinco anos depois no Brasil e, em 1949, faz a sua estreia em Paris. Nesse mesmo ano atua na Inglaterra e,

no ano seguinte, em Itália. Em 1952 desloca-se à Suiça, onde deu espetáculos em Lausana, Berna e Genebra. Curiosa mente, a ntes desta data, a fulgurante carreira de Amália não acompanhava a sua produção discográfica. Na verdade, antes de 1952, Amália apenas gravara cerca de cinquenta faixas de música, muito pouco se compararmos com a avalanche de concertos ao vivo que já dera. Nesse ano, começa portanto um novo ciclo para a cantadeira, e na década de cinquenta do século passado grava temas que se tornaram emblemáticos no seu reportório: Barco Negro, Foi Deus, Lisboa Antiga ou Há Festa na Mouraria, apenas para citar alguns como exemplo. Foi também a partir de meados da década de cinquenta que a carreira de

Amália começa a adquirir contornos universais, carreira só comparável à de Frank Sinatra ou Ella Fitzgerald. Faz uma digressão triunfal pelos Es-

quanto que na Europa já havia cantado no mítico Olímpia, em Paris. A década de sessenta do século vinte trouxe uma profunda transformação

Se olharmos para o fado sem preconceitos, como sendo a canção portuguesa por excelência, então teremos de considerar Amália Rodrigues o seu expoente máximo

tados Unidos que culminou em aparições na Televisão, ao lado de Bob Hope, Cantinf las ou de Eddie Cantor. Isto depois de ter estado em Nova Iorque em La Vie en Rose. Mas não se ficou pelos Estados Unidos. Desloca-se ao Rio de Janeiro, Buenos Aires e ao México, sempre com êxito estrondoso, en-

na carreira de Amália. Casa-se, muda-se para o Brasil e parece querer retirar-se. A verdade é que parecia procurar alguma coisa nova ou alguém que lhe oferecesse uma lufada de ar fresco. Esse alguém aparece-lhe num concerto no Olímpia e chama-se Alain Oulman. Este compositor francês escreve-

-lhe sete dos nove temas de um disco novo que virá a lume em 1962 e que ficará conhecido como álbum do Busto. Este trabalho inclui Povo que Lavas no Rio, um poema de Pedro Homem de Melo. A partir de então, Amália torna-se mais exigente na escolha do seu reportório e começa a cantar poemas de autores como David Mourão Ferreira, José Régio, Alexandre O’ Neill e até Camões. Ao início isto provocou alguma polémica, mas o sucesso foi imediato. O público aderiu rapidamente e se a crítica estava dividida, depressa a celeuma viu-se ultrapassada. Em 1970 é lançado o disco Com Que Voz, um êxito internacional e, para alguns, talvez o melhor disco de música portuguesa de todos os tempos. Composto na totalidade por música de Alain Oulman, Com Que Voz in-

clui cânticos do fado, preciosidades da música universal, como são Gaivota, Maria Lisboa ou Com Que Voz. Em 1985 foi editada a compilação composta por dois duplos álbuns, intitulada o Melhor de Amália, e que por ter alcançado um tão grande número de vendas granjeia-lhe o Disco Duplo de Platina. Amália Rodrigues veio a falecer a 6 de Outubro de 1999 e o seu corpo encontra-se sepultado no Panteão Nacional, sendo esta a justíssima homenagem de todo um país que tem em Amália um dos seus símbolos maiores.

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s Fiscalidade

Limitação extraordinária de pagamentos por conta No caso de um sujeito passivo (SP) de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (CIRS) não proceder ao 1.º e 2.º pagamentos por conta (PC) em 2020, pode ser regularizado o montante total em causa até à data limite de pagamento do 3.º pagamento, sem quaisquer ónus ou encargos. O regime previsto no artigo 107.º do Código do IRC é aplicável, com as necessárias adaptações, ao 1.º e 2.º PC relativos ao período de tributação de 2020, até ao limite de 50% do respetivo quantitativo, desde que a média mensal de faturação comunicada através do E-fatura referente aos primeiros 6 meses do ano de 2020 evidencie uma quebra de, pelo menos, 20% em relação à média verificada no período

homólogo do ano anterior ou, para quem tenha iniciado a atividade em ou após 1/1/2019, em relação à média do período de atividade anteriormente decorrido. Aquele regime é também aplicável, com as necessárias adaptações, à totalidade do quantitativo do 1.º e 2.º PC, relativos ao período de tributação de 2020, desde que a média mensal de faturação comunicada através do E-fatura referente aos primeiros seis meses do ano de 2020 evidencie uma quebra de, pelo menos, 40% em relação à média verificada no período homólogo do ano anterior ou, para quem tenha iniciado a atividade em ou após 1/1/2019, em relação à média do período de atividade anteriormente decorrido, ou quando a atividade principal do SP se

enquadre na classificação de atividade económica de alojamento, restauração e similares (CAEARS). Considera-se que a atividade principal do SP se enquadra na CAEARS quando o volume de negócios (VN) referente a essas atividades corresponda a mais de 50% do NV total obtido no período de tributação anterior. Quando seja aplicável o regime especial de tributação dos grupos de sociedades, previsto nos artigos 69.º e seguintes do Código do IRC, nas entregas que devam ser efetuadas pela sociedade dominante, deve atender-se ao seguinte: a) A quebra de VN é aferida considerando o montante correspondente à soma algébrica do valor obtido por cada uma das

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sociedades do grupo no período de tributação de 2020, incluindo a sociedade dominante, bem como a composição do grupo no período de tributação de 2020 vigente no último dia do prazo para proceder ao primeiro pagamento por conta; b) Quando uma ou mais sociedades exerçam uma atividade principal enquadrada na CAEARS e o VN dessa atividade corresponda a mais de 50% do VN total dessa ou dessas sociedades no período de tributação anterior, a limitação referida no n.º 3 é aplicada, em primeiro lugar, subtraindo ao PC devido pela sociedade dominante o pagamento que seria devido por cada uma dessas sociedades caso não fosse aplicado o regime especial de tributação, tributação,

sem prejuízo da aplicação subsequente dos n.ºs 2 e 3 relativamente às restantes sociedades. O enquadramento na CAEARS ou de quebra de VN a que se referem os n.ºs 2 e 3 deve ser certificada por contabilista certificado no Portal das Finanças. Caso o SP verifique, com base na informação de que dispõe que, em consequência da redução total ou parcial do 1.º e 2.º PC nos termos dos n.ºs 2 e 3, pode vir a deixar de ser paga uma importância superior à prevista no n.º 2 do artigo 107.º do Código do IRC, pode regularizar o montante em causa até ao último dia do prazo para o pagamento do 3.º PC, sem quaisquer ónus ou encargos, mediante certificação por contabilista certificado no Portal das Finanças.

António Caseiro Membro da Assembleia Representativa da OCC Mestre em Fiscalidade Pós-graduação em Contabilidade Avançada e Fiscalidade Licenciatura em Contabilidade e Administração

No período de tributação de 2020, os juros compensatórios devidos em consequência da limitação, da limitação, cessação ou redução dos PC contam-se dia a dia, desde o termo do prazo fixado para o último PC até à data em que, por lei, a liquidação deva ser feita. Parabéns pelo 30º aniversário.


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Necrologia

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Notária: Maria José Andrade Coutinho EXTRACTO/JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura de Justificação lavrada no dia dezanove de Junho de dois mil e vinte, no Cartório Notarial de Fátima, a cargo da notária Maria José Andrade Coutinho, sito na Avenida Beato Nuno, Edifício Parque dos Pastores, número 23, freguesia de Fátima, concelho de Ourém, exarada de folhas cento e dezassete a folhas cento e dezoito verso do livro de notas para escrituras diversas número “Quarenta e nove – A”: PRIMEIROS: Adelino Carreira dos Reis, NIF 125.301.464 e Maria Adelina de Jesus Vieira Reis NIF 124.423.868, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, naturais da freguesia de Alqueidão da Serra, concelho de Porto de Mós, residentes no Bairro Nossa Senhora da Conceição, Rua B, lote 37,da freguesia de Fátima, concelho de Ourém, titulares dos cartões de cidadão números 04125038 9ZZ2 válido até 21/07/2020 e 04119771 2ZY3 válido até 15/01/2022 emitidos pela República Portuguesa. PELOS PRIMEIROS OUTORGANTES, FOI DITO: Que, são donos e legítimos possuidores do seguinte bem: Prédio Rústico composto por Mato, sito em Moeda, na freguesia de São Mamede, concelho da Batalha, inscrito na matriz sob o artigo 17705, (desconhecendo-se a proveniência), com a área de dois mil setecentos e setenta e dois metros quadrados, a confrontar do norte com António Fernando Pereira Carvalhana, de poente com caminho público, do sul com Auto Moeda Lda. e de nascente com caminho público, com o valor patrimonial atual de 1.940,40€, ao qual atribuem igual valor para efeitos do presente acto, não descrito na Conservatória do Registo Predial da Batalha. Que, o referido prédio veio à posse dos primeiros outorgantes em mil novecentos e noventa e três, por doação verbal de Hermínio Luís dos Reis e Maria Carreira Gomes, pai e madrasta do Justificante, já falecidos residentes que foram na Demó, da freguesia de Alqueidão da Serra, concelho de Porto Mós. Que, deste modo, após a referida doação passaram, de facto, a possuir o dito prédio em nome próprio, tendo pago desde sempre os respectivos impostos, cultivando e plantando árvores, amanhando a terra, posse que sempre foi exercida por eles de forma a considerarem tal prédio como seu, sem interrupção, intromissão ou oposição de quem quer que fosse, à vista de toda a gente do lugar e de outros circunvizinhos, sempre na convicção de exercer um direito próprio sobre coisa própria. Que, esta posse assim exercida ao longo de vinte e três anos se deve reputar de pública, pacífica e contínua. Assim, na falta de melhor título, os primeiros outorgantes, adquirem o mencionado prédio para seu o património, por usucapião, que aqui invocam, por não lhe ser possível provar pelos meios extrajudiciais normais.

Armando José Rosa Santos (49 anos) N. 07-06-1971 - F. 10-07-2020 Brancas, Batalha AGRADECIMENTO

Sua Esposa, Filha, Mãe, Padrasto e restante família agradecem o carinho e a presença na cerimónia do seu ente querido, apesar de não podermos agradecer individualmente a todas as pessoas que de alguma forma manifestaram o seu apoio neste momento difícil, nenhuma palavra e gesto de carinho foi esquecido e nós queremos expressar nestas sinceras palavras que foi muito reconfortante sentir que vocês estiveram connosco. A todos, o nosso muito obrigado… Tratou: Funerária Espirito Santo | Telf.: 916 511 369

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Misericórdia da Batalha abre Bolsa de Recrutamento para: 1. Estrutura Residencial para Idosos: Ajudantes de Lar - Pessoa carinhosa com os idosos, com facilidade de comunicação, gosto pela área, dedicada e responsável; - Disponibilidade para trabalhar por turnos diurnos e noturnos rotativos; - Formação na área da geriatria; Auxiliares Serviços Gerais - Limpeza espaços individuais e espaços comuns, arrumações e apoio em todas as áreas. 2. Cozinheira e Ajudante de Cozinha 3. Ajudante de Lavandaria

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Fátima, Cartório Notarial, 22 de Junho de dois mil e vinte A Notária: Maria José Andrade Coutinho Jornal da Batalha, edição nº 360 de 20 de julho de 2020

Propriedade e edição Bom Senso - Edições e Aconselhamentos de Mercado, Lda. Diretor Carlos Ferreira (C.P. 856 A) Redatores e Colaboradores Armindo Vieira, Carlos Ferreira, João Vilhena, André Loureiro, António Caseiro, António Lucas,

Augusto Neves, Francisco Oliveira Simões, Joana Magalhães, João Pedro Matos e José Travaços Santos. Entidades: Núcleo da Batalha da Liga dos Combatentes, Museu da Comunidade Concelhia da Batalha e Unidade de Saúde Familiar Condestável/ Batalha. Departamento Comercial Teresa Santos (Telef. 918953440)

Redação e Contactos Rua Infante D. Fernando, lote 2, porta 2 B - Apart. 81 2440-901 Batalha Telef.: 244 767 583 - Fax: 244 767 739 info@jornaldabatalha.pt Contribuinte: 502 870 540 Capital Social: 5.000 € Gerência Teresa R. F. M. Santos e Francisco M. G. R. Santos (detentores de mais de 10% do Capital:

Teresa R. F. M. Santos e Francisco M. G. R. Santos) Depósito Legal Nº 37017/90 Insc. ERC sob o nº 114680 Empresa Jornalística Nº 217601 Produção Gráfica Bom Senso - Edições e Aconselhamentos de Mercado, Lda. Impressão: Fig - Indústrias Gráficas, Sa. Tiragem 1.000 exemplares

Assinatura anual (pagamento antecipado) 10 euros Portugal; 20 euros outros países da Europa; 30 euros resto do mundo.

O estatuto editorial encontra-se publicado na página da internet www.jornaldabatalha.pt


30 anos

A fechar

JULHO 2020

A importância de uma rede social eficaz Onde estava e o que fazia há 30 anos? Esta edição do Jornal da Batalha assinala mais um aniversário. O Jornal da Batalha nasceu há 30 anos, exatamente no mês de julho do ano de 1990. Na data, o autor deste texto, com 22 anos, ainda a frequentar o ensino superior em Lisboa, foi um dos beneficiários do surgimento deste jornal que por esta via passou a ter um meio de informação sobre a comunidade batalhense. Para além de eleitor atento do novo jornal da minha terra, tive a oportunidade de colaborar em algumas edições através de textos de opinião que marcaram a minha visão sobre várias questões locais. Aliás, foi no Jornal da Batalha que em boa medida tive oportunidade

de expressar a minha vontade de intervir na comunidade. Com efeito, no exercício sempre nostálgico que todos somos levados a fazer, na recordação dos nossos tempos mais jovens, a leitura de alguns escritos do autor então publicados no Jornal da Batalha, em muito contribuem para conhecer melhor a evolução da nossa opinião. Em sua opinião quais as principais mudanças que vão marcar os próximos 30 anos? As transformações no domínio da imprensa e da informação pública em geral são um desafio permanente, porquanto, em minha opinião, são áreas que determinam valores essenciais da democracia e da liberdade dos povos. É certo que a

imprensa tem um papel determinante na cultura, educação ou mesmo na dimensão histórica de uma comunidade, mas é precisamente no domínio da autodeterminação e da evolução do conhecimento que torna decisivo o papel da imprensa, seja a nível local, nacional e internacional. Esta realidade dinâmica, e por vezes avassaladora da ânsia permanente de modernidade, será uma mudança a acompanhar nos próximos anos, naturalmente a par de novos desafios como aquele que hoje vivemos de pandemia mundial. Como é que o futuro vai evoluir? Não sabemos. Os processos mudança são sempre exigentes e comportam muitas incertezas,

mas como a história nos ensina, também são tempos de inovação, aprendizagem e de evolução. Nessa medida, estou convicto que as mudanças de hoje poderão ser oportunidades amanhã. Qual deve ser a principal prioridade no concelho da Batalha para os próximos 30 anos e que medidas devem ser tomadas no imediato para cumprir esse objetivo? A atual pandemia provocada pela COVID 19 evidenciou a importância de uma rede social eficaz, articulada e com os recursos necessários para enfrentar crises de origem diversa. De igual forma, é hoje claro que um território como o Concelho da Batalha encontra-se menos vulnerável às crises quando dispõe de uma es-

trutura social e económica diversificada. Nesse sentido, para os próximos 30 anos considero muito importante desenhar programas que possam estimular as atividades do turismo, comércio e indústria em geral, atendendo à sua relevância para a economia local. Recordo que o turismo, por exemplo, representava, antes da crise, cerca de 15% do PIB local e é essencial para a recuperação do sector preparar ações de revitalização e de atração de turistas, diversificando a oferta. O sector social constitui-se neste período como uma importante linha de apoio aos mais vulneráveis e desprotegidos. O concelho da Batalha terá um futuro mais sustentado e solidário, na medida em que seja capaz

Paulo Batista Santos Presidente do Município da Batalha

de quebrar ciclos de pobreza e de exclusão económica e social. Por conseguinte, a par da dinamização das atividades económicas, deverá ser promovida a manutenção e criação de postos de trabalho de elevado valor social, e que permitam a inclusão profissional e social de trabalhadores menos qualificados, de todas as idades. Publicidade

Fábrica e Escritório: Casal da Amieira 2440-901 Batalha Apartado - 201 Telefones: 244 765 217 244 765 526 I 244 765 529 Fax: 244 765 529

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Sócio-Gerente Luis Filipe Miguel - 919 937 770 E-Mail: granicentro@granicentro.pt Home page: www.granicentro.pt


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