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Vontade de comer terra, tijolo, papel?
A alotrifagia é o tema do artigo do médico hematologista da Unimed Araxá, Leandro Gustavo Oliveira, também denominada Pica.
Leandro explica que é um transtorno alimentar em que o paciente sente uma vontade irresistível de comer repetidamente substâncias não alimentares como terra, tijolo, papel, tinta, sabão, cabelo, metal, dentre outras.
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“Alguns pacientes sentem vontade de comer coisas incomuns com pouco ou nenhum valor nutricional como gelo, arroz ou macarrão cru”, diz. Ele acrescenta que de acordo com estudos epidemiológicos a Pica é mais comum na infância acometendo até 5% da população nesta faixa etária, tanto do sexo feminino quanto masculino. Também pode acometer indivíduos na fase adulta e idosos, porém com uma menor incidência. Segundo ele, trata-se de condição crônica, comumente associada a outras patologias. “Geralmente, a alotriofagia acontece com pacientes que apresentam algum tipo de deficiência nutricional e a vontade de comer essas coisas incomuns seria uma forma de compensar e de ajudar o organismo a repor esses nutrientes”, explica. “É o caso por exemplo de quem sente uma vontade de comer terra e pode estar com deficiência de ferro ou de zinco”, completa. A alotriofagia pode acontecer especialmente durante a gestação com a mãe apresentando desejos e vontades que fogem um pouco às normas. “Uma vez que pode estar associada à anemia ou mesmo à falta de nutrientes, é recomendado que a grávida comente com seu médico caso ela apresente alotriofagia”, diz Leandro. De acordo com o médico, alguns pacientes com depressão, esquizofrenia e Transtorno Obsessivo Compulsivo (Toc) também podem apresentar a alotriofagia, por isto, é preciso observar com atenção. Ele esclarece que para ser considerado um caso de alotriofagia e não de mera curiosidade é preciso que o comportamento aconteça por um mês ou mais e, no geral, em uma faixa etária onde o paciente já entende que não se deve comer aquele determinado item. “O tratamento da alotriofagia geralmente envolve descobrir o que está causando aquela determinada condição médica. Se forem descobertas deficiências nutricionais no corpo do paciente, ele pode realizar a suplementação por meio de medicamentos ou de mudanças na dieta com o objetivo de superar esse comportamento”, orienta. O médico afirma que se ainda assim a alotriofagia estiver se manifestando em decorrência de uma doença mental deve ser realiza- do um acompanhamento multidisciplinar para ajudar o paciente a parar de comer alimentos não-comestíveis, inclusive com a realização de acompanhamento psicológico. Segundo ele, se a alotriofagia estiver acontecendo durante a gestação, na maioria das vezes após o fim ou até mesmo depois de um breve período o comportamento cessa naturalmente. “Em todos os casos, pacientes com alotriofagia deverão ser observados atentamente por seus familiares e mantidos longe de produtos tóxicos para evitar uma intoxicação ou outros problemas de saúde a longo prazo”, aponta.
