JORNAL 40º - 2ª edição

Page 1

SEGURANÇA

CULTURA

TURISMO

Aumento de casos de violência contra mulher preocupa autoridades

Tradicionalismo exalta os valores e práticas dos antepassados

Herança política põe São Borja na rota do turismo histórico

Município registrou em 2022 mais casos de estupro e lesões corporais - Páginas 6, 7 e 8

Piquete Herdeiros do Piaco cultiva memória do tradicionalista Juvenil Aranda - Páginas 12 e 13

Museus de Getúlio e Jango atraem visitantes, mas cidade tem outras atrações - Páginas 18 e 19

JORNAL

O pantanal mora ao lado A vizinha Argentina guarda uma das reservas ecológicas mais importantes da América Latina. E o melhor: pertinho de São Borja - Páginas 14, 15, 16 e 17

Produção dos alunos do curso de Jornalismo Unipampa São Borja - Dezembro de 2023

ECONOMIA

Mulheres na linha de frente Empreendedorismo feminino já responde por 34% dos negócios. Saiba como elas estão deixando o anonimato e conquistando a independência financeira - Páginas 9, 10 e 11 CIDADE

Foto: Leandro Ramires

Santo Tomé conquista brasileiros com diversão, comida e preços baixos

Mobilidade comprometida Infraestrutura precária e obstáculos dificultam a locomoção de pessoas com deficiência - Páginas 4 e 5 Igreja histórica de Santo Tomé Foto: Kendra D’Avila

DIVERSIDADE

Samborjenses adoram vida noturna da cidade argentina Páginas 26, 27 e 28 EDUCAÇÃO

Será que a internet e as redes sociais põem em risco o livro e a leitura?

Superando preconceitos Movimento LGBTQIAPN+ se impõe na sociedade e na política e conquista respeito em SB - Páginas 20 e 21

LAZER

Feira promove a leitura

São Borja implanta geladeiras culturais para aquecer a literatura Páginas 22 e 23

Foto: Elisa Hengemuhle

40

MEIO AMBIENTE


EDITORIAL O jornal 40 graus é uma produção experimental desenvolvida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). A edição é resultado do trabalho realizado no componente curricular de Produção de Jornal, ministrado pelo professor Leandro Ramires Comassetto, e no Projeto de Extensão “Jornalismo, Reportagem e Sociedade”. O processo de criação do jornal serve como um laboratório para os estudantes, permitindo que desenvolvam suas habilidades e se aprofundem no universo da comunicação, aplicando o conhecimento adquirido em sala de aula, exercendo a experiência prática em jornalismo. Também contribui para a abordagem de temas de interesse da comunidade, com o objetivo de informar e fomentar o debate público. Em um cenário onde a tecnologia molda constantemente a maneira como recebemos e compartilhamos informações, é fundamental que o jornalismo se adapte à era digital e à nova realidade comunicacional. Contudo, é essencial destacar que, mesmo diante dessas mudanças, a produção de um jornal impresso mantém sua relevância. As práticas éticas, a verificação rigorosa dos fatos e o compromisso com a integridade informativa continuam a ser prioridades. A edição impressa, ao preservar esses princípios, representa não apenas uma tradição, mas também uma âncora de confiança em meio à fluidez da era digital, reforçando o comprometimento duradouro com a qualidade e a responsabilidade na divulgação das notícias. Nesta segunda edição do Jornal 40 Graus, optou-se por uma abordagem mais contemporânea, explorando um modelo de diagramação mais moderno e alinhado às possibilidades oferecidas pelo ambiente digital. Diferentemente da primeira edição, marcada por uma estética conservadora nos moldes do jornal impresso tradicional, optamos por uma abordagem mais ousada e livre na criação. Esta nova configuração reflete não apenas a evolução do jornalismo, mas também a dedicação em adaptar-mo-nos às dinâmicas do mundo digital. E, dessa forma, proporcionar aos leitores uma experiência visual envolvente e inovadora, mantendo, ao mesmo tempo, a qualidade informativa e a profundidade das reportagens que compõem o jornal. As matérias foram construídas nos moldes de reportagem, explorando a riqueza de detalhes que esse gênero permite e garantindo que nossas histórias permaneçam relevantes ao longo do tempo. As pautas foram cuidadosamente selecionadas, levando em consideração as peculiaridades e as problemáticas da comunidade, com foco na relevância, utilidade e interesse social. Nesta nova publicação, o leitor vai encontrar matérias sobre o empreendedorismo feminino, o movimento tradicionalista, as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência na mobilidade urbana, o Parque Nacional Iberá, na Argentina, os roteiros turísticos de São Borja, os desafios da literatura na era digital, o combate à violência contra a mulher, a integração da comunidade LGBTQIAPN+, os lazeres oferecidos pela cidade de Santo Tomé, entre outros atrativos. Boa leitura!

unipampa em f Nove graduações

A Unipampa São Borja oferece atualmente nove cursos de graduação. Sete são lismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Serviço Social, Ciência Política cursos desenvolvidos na modalide EaD são os de licenciatura em História e Geogra

Mestrado em Serviço Social O Campus São Borja contará, a partir de 2024, com mais um programa stricto sensu. O mestrado acadêmico em Serviço Social e Proteção Social foi aprovado pela Capes. Agora são três os mestrados oferecidos pelo campus, que oferta também o mestrado em Políticas Públicas e o de Comunicação e Indústria Criativa.

Pró-Reitorias

A nova gestão da Unipampa já definiu a composição das Pró-Reitorias Graduação (Prograd) deverá ser dirigida pela professora Elena Maria Bil de Extensão e Cultura (Proext); Fábio Gallas Leivas deve continuar à fren e Inovação (Proppi); Claudete da Silva Lima Martins assumirá a Pró-Reit sidade e Inclusão (Procadi); Honória Gonçalves Ferreira ficará à frente da Estudantil (Prodae); Paulo Fernando Marques Duarte Filho assumirá a (Proplad), e a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) será comand de Gabinete da Reitoria será exercida pelo professor Pedro Fernando Tei

Expediente O Jornal 40° é uma publicação do Projeto de Extensão “Jornalismo, reportagem e sociedade” e do componente curricular de Produção de Jornal, do curso de Jornalismo da Unipampa – São Borja. Professor responsável: Leandro Ramires Comassetto Editor: Diogo Trindade Redação, diagramação e edição: Andressa Torres Chultz, Bárbara Mendes Carvalho, Bruna Lencini Benites, Camili Froner, Danilo Oliveira dos Santos, Elis Regina Rodrigues Madeira, Elisa Hengemuhle, Giullia Oliveira da Silva, Gustavo da Silva Cavallaro Bragança, Isabely Nunes Terra, Jaime Magueta Viana Lima, Jardel Carlos souza Tavares, João Pedro Utzig da Silva, Laisa Eduarda Antunes Mendonça, Laisa Vieira Antunes, Luís André Alves Gonçalves, Maria Luiza Oliveira de Cézar, Mariana Costa Crescêncio Erthal, Mariane Áustria Pereira, Naiara Ribeiro do Nascimento. Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

2


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

foco

na modalidade presencial: Jornaa, Ciências Humanas e Direito. Os afia.

Unipampa FM A rádio FM do Campus São Borja deve entrar em operação ainda em 2024. A emissora, de caráter educativo, já foi aprovada pelo Congresso, aguardando apenas a assinatura da Casa Civil. Além do campus local, a Unipampa foi contemplada também com emissoras em Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento. A direção do Campus SB já está discutindo com a Reitoria os investimentos necessários para colocar a rádio em funcionamento.

Mídia e Educação O curso de pós-graduação lato sensu em Mídia e Educação ofertará mais uma turma em 2024, na modalidade EaD, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil. Ao todo, são 180 vagas distribuídas em cinco polos. O curso é desenvolvido totalmente à distância, podendo o aluno recorrer presencialmente ao polo, para suporte técnico, ou caso sinta dificuldade para acompanhar as atividades.

Reitoria Os novos dirigentes da Unipampa, que assumem a Reitoria em janeiro/2024, visitaram, nos meses de novembro e dezembro, visita aos dez campi da Universidade para explanar sobre a nova estrutura e os trabalhos que pretendem colocar em prática nos primeiros meses de gestão. O Reitor eleito, Edward Frederico Castro Pessano, e a Vice, Francéli Brizolla, também ouviram os anseios e demandas das unidades. A nova gestão comanda a Unipampa até dezembro de 2027.

para o quadriênio 2023-2027. A Pró-Reitoria de llig Mello; Franck Maciel Peçanha - Pró-Reitoria nte da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação toria de Comunidades, Ações Afirmativas, Divera Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Assistência Pró-Reitoria de Planejamento e Administração dada por Ana Paula de Oliveira Gracioli. A chefia ixeira Dorneles.

3

Seminário O Campus realizará, em março de 2024, o II Seminário de Pós-Graduação em Políticas Públicas. O evento, idealizado pelo mestrado de mesmo nome, está programado para os dias 27, 28 e 29 de março e será híbrido, com GTs na modalidade remota, além de palestras e workshop. O cronograma oficial será divulgado no início do ano.

Guia de fotografia

Casa do estudante A Casa do Estudante deverá receber em 2024 os reparos necessários para entrar em funcionamento. Segundo o diretor do Campus local, Valmor Rhoden, a licitação para as melhorias já foi encaminhada. A prioridade é a implantação da rede de esgotos e reforma geral, devido aos estragos provocados por intempéries climáticas. A agilização das obras depende, todavia, de dotação orçamentária.

O professir Miro Bacin, do curso de Jornalismo, lançou, na 36ª Feira do Livro de São Borja, o Guia de fotografia para a Educação Básica. O e-book tem 102 páginas, com 80 imagens que ajudam à compreensão da história e das técnicas para a produção de fotografias atraentes e criativas, e deverá ser disponibilizado aos professores das redes municipal e estadual de São Borja. A publicação enfatiza como a fotografia pode ser usada como ferramenta de aprendizegem.

Publicação O curso de Jornalismo publicou em 2023 mais uma coletânea de artigos científicos, ensaios e relatos de experiência de produções desenvolvidas por alunos e professores. Os textos refletem sobre a comunicação jornalística em sua amplitude e sobre o processo de ensino-aprendizagem. A obra foi apresentada na feira do livro de São Borja. O e-book está disponível para leitura no site do curso: https://cursos.unipampa.edu.br/ cursos/jornalismo/.


CIDADE

Obstáculos dificultam a mobilidade urbana

Fotos: Naiara Ribeiro

Mobilidade não se trata apenas de transporte, mas se refere também a um planejamento que permita que todas as pessoas possam se deslocar livremente sem problemas Por: Naiara Ribeiro Em São Borja, a mobilidade urbana para PCD’s ou PNE’s (Pessoas com deficiência ou pessoas com necessidades especiais) ainda precisa de melhorias. Ruas esburacadas, rampas destruídas ou inacabadas, calçadas sem nenhum espaço para cadeirantes são problemas comuns. “Além disso, as calçadas são muito estreitas, e eu recebo críticas por andar de cadeira de rodas nas vias da cidade, uma vez que as calçadas não oferecem condições”, desabafa o cadeirante José Arthur dos Santos Fraga. A falta de acessibilidade nas

calçadas, ruas e também as limitações do transporte coletivo fazem com que a inclusão se torne algo distante da realidade de muitos são-borjenses. Obstáculos na mobilidade urbana têm impactos na saúde física e mental de indivíduos com deficiência. A ausência de acessibilidade pode resultar em lesões devido a quedas ou esforços excessivos na locomoção, enquanto a limitação no acesso a serviços de saúde e atividades físicas pode contribuir para questões de saúde mental, como depressão e ansiedade, “além do constrangimento de chegar em um local e não ter acesso, porque não está

adaptado pra você, o que provoca um sentimento de exclusão”, revela o também cadeirante Floriano Fenner, uma pessoa feliz e independente, mas que carrega as tristes lembranças de quando não foi aceito nos locais que desejava participar, simplesmente porque o estabelecimento, seja público ou privado, não possuía adaptação para pessoas com deficiência para pessoas com mobilidade reduzida. “Vou a mercados e lojas sozinho, mas nem todas têm acesso, daí fico na frente e digo: até gostaria de comprar, mas tu (lojista) não me dá acesso, por que então vou comprar na tua loja? Daí viro e vou embora.” Floriano conta

Calçadas em obras dificultam a mobilidade no parque esportivo General Vargas

4

que deixou de frequentar o clube social e CTG por falta de acesso. Outra crítica que ele faz é às rampas mal feitas, em que a cadeira não sobe de jeito nenhum.

TRANSPORTE PÚBLICO Além das vias e acessos, o transporte público também é problemático que as pessoas com deficiência enfrentam no seu cotidiano em São Borja. O cadeirante Floriano Fenner observa que “muitas pessoas ficam muito tempo na parada de ônibus, eu acho que são poucos ônibus, linhas ou vans do serviço urbano que têm elevador, ou seja, não são adaptados para pessoas cadeirantes”. As barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência na mobilidade urbana incluem também, em alguns casos, a falta de vagas nos estacionamentos. De acordo com o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), é obrigatório que todo estacionamento público ou privado reserve 2% das vagas para deficientes com dificuldade de locomoção. Quem estaciona na vaga destinada a pessoas com deficiência está sujeito a pagar multa de R$ 53,20, além de receber três pontos na CNH.

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

5

Fotos: Naiara Ribeiro

POLÍTICAS PÚBLICAS A ADEVASB, segundo seu presidente, precisa de muitos recursos para continuar mantendo seu trabalho, além de políticas públicas adequadas. “É difícil fazer uma cidade 100% adaptada”. Paulo Molinos observa que em São Borja praticamente um terço da população têm algum tipo de deficiência ou limitação. E, a seu ver, cerca de 50% dos imóveis da cidade carecem de adaptação. Ressalta, todavia, que é cada vez maior a preocupação em se garantir o acesso de qualquer pessoa nos espaços públicos, com as adaptações necessárias. A existência de uma asso-

ciação para pessoas com deficiência em uma cidade com escassos recursos de mobilidade urbana como São Borja desempenha um papel crucial na promoção da inclusão e acessibilidade. Essa entidade atua como um elo vital entre os membros da comunidade, fornecendo suporte e recursos que facilitam a locomoção e a participação ativa na sociedade. Além disso, promove a conscientização sobre as necessidades específicas das pessoas com deficiência, contribuindo ainda para a criação de soluções adaptadas, melhorando significativamente a qualidade de vida dos cidadãos.

Vaga prioritária para cadeirantes na rua General Marques

J

ANDANDO NO ESCURO

oicemar Vieira, de 57 anos, é um homem experiente e inspirador. Deficiente visual, ele é um exemplo de resistência. Por mais que que a vida lhe imponha limitações e andar seja difícil por conta das calçadas esburacadas, ele consegue ultrapassá-las e segue seu caminho, sem deixar de se divertir. Mas, assim como a também deficiente visual Tânia Regina Medeiros, não anda sozinho pelas ruas por causa da insegurança. O medo permeia a experiência de locomoção das pessoas com deficiência visual em cidades com mobilidade urbana precária. A falta de acessibilidade torna-se uma barreira significativa, onde ruas mal projetadas, ausência de sinalização adequada e obstáculos inesperados criam um ambiente desafiador. A incerteza do caminho e a dependência de terceiros para orientação intensificam a ansiedade, limitando a autonomia e a liberdade de movimento. Tornar as cidades mais inclusivas, com calçadas seguras, informações auditivas e diretrizes táteis é crucial para mitigar esse medo e promover uma vivência urbana mais igualitária e independente para as pessoas com deficiência visual. Tânia ressalta a falta de consideração para com a acessibilidade em São Borja. “Falta muito coisa, bem diferente das cidades grandes; aqui a gente quase não encontra nada. Se eu andar de bengala, até que me respeitam, fora isso, não funciona muito”. A Associação dos Deficientes Visuais e Amigos de São Borja (ADEVASB) fundada em 2010, busca desenvolver iniciativas sociais e apoiar pessoas com deficiência, visando esclarecer e promover a conscientização sobre seus direitos frequentemente desconhecidos. Paulo Molinos, atual presidente e um dos fundadores da ADEVASB, diz que Joicemar Vieira é deficiente visual o “objetivo da associação é ver o problema que está acontecendo em determinado local e trabalhar para saná-lo, seja um obstáculo na calçada, a falta de uma rampa etc.” Segundo ele, a administração tem sido sensível às reivindicações. A ADEVASB procura também ajudar os deficientes viabilizando aparelhos ou equipamentos que facilitem a mobilidade. “Até medicação, se necessário, fazemos uma campanha, mobilizando a comunidade.” A Associação tem fundamental importância para pessoas que não têm voz ou que se sintam excluídas.

PODER PÚBLICO Os órgãos públicos desempenham papel crucial na garantia dos direitos das pessoas com deficiência, sendo a Prefeitura uma peça fundamental nesse cenário. A implementação de políticas inclusivas e acessíveis é essencial para assegurar que todos tenham igualdade de oportunidades. A Prefeitura, como instância local, deve promover a acessibilidade urbana, serviços públicos adaptados e programas educacionais inclusivos. Além disso, é responsabilidade do poder público criar um ambiente que respeite a diversidade e promova a participação ativa, contribuindo para uma sociedade mais justa e equitativa. O diretor de Trânsito de São Borja, Armando Rambo Kunzler, reafirma o compromisso da Prefeitura para atender as pessoas com deficiência. “Temos o conselho municipal de pessoas portadoras de deficiência, que se reúne no mínimo duas vezes por mês para tratar de direitos e melhorias para as pessoas”. Ele reitera que estão sendo criadas rampas de acesso em todas as esquinas, principalmente junto a faixa de pedestres. Observa também que a empresa de transporte coletivo deve ter, conforme contrato, no mínimo 25 % dos ônibus com rampa de acesso para cadeirantes, mas que “na atualidade, 80% dos veículos estão equipados”.


SEGURANÇA

São Borja intensifica combate à violência contra a mulher Foto: João Victor Menezes

Por: Jaime Magueta e Laísa Vieira Antunes De todos os atos de covardia, a violência contra a mulher reduz o indivíduo ao mais baixo dos seres. Segundo dados indicadores de violência contra mulher no Estado do Rio Grande do Sul, publicados anualmente pela Secretaria de Segurança Pública, o estado registrou 52.589 casos de violência, no ano de 2022. Cento e dez mulheres perderam suas vidas nas mãos de companheiros, ex-companheiros e familiares, simplesmente por serem mulheres. Essa escalada de violência é um fenômeno nacional e, infelizmente, São Borja também está inserida nessa trágica tendência. Ano passado, o número de registros de violência contra a mulher na cidade se manteve igual ao de 2021, mas houve diferenças nos tipos de crimes cometidos. Os casos de estupro aumentaram de 8 em 2021 para 14 em 2022. Já os de feminicídio consumados caíram de quatro para um. O que mais assusta é o aumento no caso de lesões corporais, que saltaram de 88 em 2021 para 116 em 2022, representando um aumento de 31%. Esses aumentos podem estar atrelados à maior notificação dos casos e a um trabalho mais eficiente da polícia no flagrante das ocorrências. O sinal simboliza o pedido de socorro das vítimas que sofrem agressões

151 AMEAÇAS DE VIOLÊNCIA 116 LESÕES CORPORAIS 14 ESTUPROS 3 TENTATIVAS DE FEMINICÍDIO 1 CASO DE FEMINICÍDIO

Gráfico: Jaime Magueta/fonte:Secretária de Segurança Pública

Gráfico detalhando os indices de violência contra a mulher em São Borja

285 CASOS TOTAIS

6

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

Política de proteção a mulheres e crianças

7

disso, Lins enfatiza o papel do poder público cia positiva dessa presença junto às mulheno combate à violência doméstica. “O papel res. “Eu acredito que facilita muito o acesso do poder público é um dos principais, porque das mulheres, o registro, facilita a compreenvai fomentar essas discussões para além de são, elas se sentem mais à vontade, porque é Diversas políticas de enfrentamento des- apenas debater uma situação de violência, difícil falar sobre esses temas, são temas que sa questão estão sendo adotadas no Brasil. vai fomentar a discussão, vai buscar desven- envolvem situações que acontecem no íntimo Destaca-se a Sala das Margaridas, iniciativa dar os dados quantitativos, de como se dá o do lar das pessoas com aquele que é o comda Polícia Civil para o acolhimento das vítimas processo de violência e, a partir disso, é dele panheiro de vida ou, às vezes, o filho, o irmão, de violência. Esse projeto foi concebido e idea- também a responsabilidade da criação de po- o tio. Não são só os companheiros, namoralizado em 2019 pela primeira chefe de polícia líticas públicas.” dos, maridos, mas também outros homens do do Estado, Nadine Anflor, e foi implementado convívio familiar que atuam como autores de em São Borja em junho de 2021. O espaço deviolência.” corado e reservado foi pensado para acolher, Um dos fatores a ser combatido é o machisresguardar e garantir a segurança física das mo sistêmico na sociedade brasileira. QuanCadê meu celular? mulheres, e os agentes treinados para oferetas vezes não escutamos aquela frase: Em Eu vou ligar pro 180 cer apoio emocional e psicológico. briga de marido e mulher não se mete a coO local, equipado com mesas e brinquedos, lher. Essa visão de mundo, que silencia e vira Vou entregrar teu nome foi projetado para atender também os filhos as costas para as vítimas de relacionamentos E explicar seu endereço das vítimas de violência. Grande parte das vítóxicos, impregnou-se no imaginário social timas reside no mesmo espaço que o agresbrasileiro e deve ser combatida diariamenAqui você não entra mais sor, o que torna vital a existência de um lugar te. Cabe também à sociedade civil entender Eu digo que não te de acolhimento, evitando que as crianças fique a violência não se resume ao feminicídio, quem desamparadas em casa ou no mesmo existem inúmeras formas de violência contra conheço. ambiente que o agressor. Essa iniciativa visa a mulher, entre elas, a violência psicológica, Elza Soares - Maria da Vila Matilde proteger as crianças e proporcionar um suporviolência física, violência sexual, violência te essencial para as mães, contribuindo para moral e a violência patrimonial. E que infelizque elas possam buscar ajuda e romper o cimente todas as mulheres estão suscetíveis a clo de agressão. essa violência. “Eu diria primeiro que todas A maioria das cidades do Rio Grande do Sul as mulheres são vulneráveis a isso, esse mito não conta com Delegacias da Mulher. A escride que “há só as mulheres mais humildes ou vã da Polícia Civil em São Borja, Angélica Picom condições financeiras mais precárias res, destaca a relevância da Sala das MargaOutro tema importante é a presença femi- estão sujeitas a isso, não”, todas nós somos ridas para as cidades do interior do Rio Grande nina nas delegacias. Hoje, em São Borja, inú- suscetíveis e a violência contra a mulher, ela do Sul. “O ideal seria que nós tivéssemos Dele- meras mulheres trabalham no atendimento. é muito maior do que se imagina”, reafirma a gacias Especializadas de Atendimento à Mulher A presença feminina na Polícia ajuda na com- escrivã Angélica que trabalha a anos no com(DEAMs), mas, como não é possível ter essas preensão do caso, pois as policiais, por serem bate dessa violência. delegacias em todo o estado e no interior, a sala mulheres, são mais sensíveis às questões de Às mulheres que passaram por esse ciclo vem suprir essa deficiência.” gênero e têm mais facilidade para se colocar de violência, soa pertinente inspirarem-se na no lugar do outro e entender as entrelinhas cantora e compositora Elza Soares, que pasde um depoimento da vítima, aumentando a sou anos presa em um relacionamento tóxiempatia junto às mulheres agredidas e vio- co, mas encontrou forças para reagir e sair lentadas. Muitas das vítimas estão em estado da opressão. Décadas depois, Elza deu vida à de choque e não se sentem confortáveis para canção “Maria da Vila Matilde”, um hino que explicar aos policiais homens o que passou; a carrega uma mensagem transformadora: “Cê presença feminina ajuda na confiança e enco- vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. Se você está passando por situações de vioA casa de proteção às mulheres é o prin- raja as mulheres a delatar seus agressores. cipal projeto para a segurança das mulheres A escrivã Angélica Pires enfatiza a influên- lência, ligue para o 180 e denuncie! são-borjenses. A Prefeitura obteve os recursos por meio de emendas parlamentares e a casa Foto: Jaime Magueta está em fase de implementação. Essa moradia busca acolher mulheres em risco, que não podem ou que não se sentem seguras em voltar para seus lares, num local com vigilância reforçada. Elas poderão levar seus filhos e receberão apoio emergencial de todas as ordens: física, emocional e jurídica. A vereadora Lins Robalo foi uma das responsáveis pela captação de recursos junto à União. “Penso isso como o dispositivo mais importante, mais necessário hoje, para que a gente possa garantir a segurança da mulher que faz a denúncia por estar sofrendo qualquer tipo de violência. Muitas mulheres não têm para onde ir quando denunciam, muitas pensam muito no processo da denúncia, pensam ‘ah eu vou denunciar e não tenho como sair da casa, ele não vai sair da casa porque também não tem outra casa” ou “ele vai ficar num parente que fica a duas casas daqui’, então isso de não ter um lugar de segurança para elas, para os filhos, acaba que muitas vezes elas acabam não denunciando.” Além A escrivã Angélica sempre disposta a acolher as vítimas

Presença feminina nas delegacias de São Borja

Um refúgio para as vítimas de violência


Prova viva de superação

8

Ela acredita ter um psicológico muito forte por tudo que passou. Conta que seu ex-companheiro não a deixava estudar, que ficou quase 20 anos fora da escola e que, no ano da sua separação, inscreveu-se no Enem, foi aprovada, veio para o Rio Grande do Sul e começou a cursar Gestão Ambiental, na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), porém não se adaptou, voltou para Florianópolis por conta dos seus filhos e morou lá por mais um ano. Fez o vestibular novamente, passou e foi aprovada no curso de Serviço Social da Unipampa, estando no quarto semestre atualmente. O amigo que a acolheu no momento mais difícil de sua vida hoje se tornou seu grande companheiro e esposo. Emilena diz ser muito grata por toda força que teve, independente de estarem juntos, ela sempre ouviu que não precisaria passar por aquilo. “Hoje eu consigo falar sem derramar uma lágrima, sem ter aquela sensação de medo, mas claro, eu fiquei com muitos gatilhos”.

Uma luta diária Três anos após a separação, em abril de 2023, o ex-marido foi até sua casa em Florianópolis e tentou lhe destratar, mas acabou sendo detido e solto logo em seguida. Mesmo com todos os casos de feminicídio contra as mulheres, o que é uma situação complicada. Emilena dá um alerta: “O primeiro passo é não se sentir culpada por nada que irá acontecer com o abusador, e o segundo passo, denunciar, ter coragem, mandar prender, e o terceiro, viver a vida, não olhar para trás e saber para onde não voltar nunca mais, porque mulher nenhuma merece passar por nenhum tipo de abuso na vida, seja ele qual for. Desde que o mundo é mundo, nós mulheres tivemos que aprender a ser submissas e a gente sabe que não é assim, aos poucos estamos construindo uma sociedade melhor, é uma luta diária. Eu desejo para todas as mulheres que no primeiro sinal, seja um grito, um tapa na mesa, siga seu caminho e saia porque é assim que começa”, conclui.

Gráfico: Laísa Vieira / fonte: Instituto Maria da Penha

CICLO DA VIOLÊNCIA

E milena Barros, natural de Soure, no Pará, tem 38 anos e dois filhos. Atualmente reside em São Borja, refúgio encontrado após sair de um relacionamento abusivo de 18 anos. Ela conta que viveu anos de violência, assim como, cerca de 45% das mulheres negras, que já sofreram algum tipo de violência no Foto: Laísa Vieira ano de 2022. Hoje em dia, fala abertamente sobre isso, se sentindo libertada, pois diz que: “Quando a gente entende que a culpa não é nossa, a gente consegue falar, lutar pelo que acreditamos.” As mulheres que passam por essas circunstâncias até querem se libertar desses relacionamentos, mas não conseguem por conta do julgamento da sociedade e da família. Muitas vezes, quem passa por isso acha que a família irá acolhê-la, mas que na verdade acaba dizendo que você apanha porque quer. Tanto a dependência emocional quanto a financeira são razões muito fortes para que as mulheres não consigam se desvencilhar, principalmente quando se tem filhos pequenos. Emilena conta que saiu de casa com a roupa do corpo e seus documentos, foi para a casa de um amigo temporariamente e, depois de uma semana e meia, voltou para casa, pois o antigo parceiro havia saído. Logo, pediu uma terceira medida protetiva, já que havia pedido outras duas anteriormente, que nunca foram cumpridas. A realidade de uma mulher que sofre com a violência doméstica é muito triste. Ela relembra que a sua família, em relação às agressões, nunca aceitou o que o até então marido fazia. Por conta disso, decidiu partir para outra cidade, com seus filhos e o cônjuge, pois não queria passar por essas situações na frente da família e dos amigos. Emilena Barros, um exemplo de superação A violência, porém, continuou cada vez mais, já que, mesmo distante de todos, a condição que se encontrava ainda ocorria. Juntos, passaram dez anos em Florianópolis até pôr um fim em seu relacionamento. “Já não aguentava mais, eram 18 anos de puro abuso, a pandemia foi o estopim e um dia me vi assim: “ou saio de casa, ou morro”.

“Não podia estudar”

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

ECONOMIA

9

Mulheres realizam sonho de empreender Empreendedorismo feminino representa 34% das empresas brasileiras Fotos: Isabely Terra

Por: Bruna Lencini e Isabely Terra

O

empreendedorismo feminino é uma área que vem crescendo e tomando cada vez mais espaço no mercado e no coração dos clientes. Ano após ano, mais mulheres descobrem dentro do próprio negócio uma forma de conquistar a independência financeira e ir atrás de seus objetivos e sonhos, como Camila Melo, de 25 anos, que descobriu em sua paixão pela confeitaria um meio de conseguir a casa própria. E Letícia Meireles, de 30 anos, que, na necessidade de trabalhar em uma área que realmente gostasse, se descobriu vendedora e maquiadora. Camila criou a Doce Sonho durante a pandemia e, após a realização do sonho, viu a necessidade de mudar a visão da doceria, criando a Império dos Doces: “eu senti que a Doce Sonho já tinha cumprido seu papel, e eu vi que meu negócio podia muito mais”. Letícia, por sua vez, começou vendendo artesanato

Feira Empoderando Mulheres ocorre quinzenalmente no espaço do Sindilojas em feiras na cidade de São Borja e, com o tempo, expandiu as vendas para produtos de maquiagem. Posteriormente, investiu em uma profissionalização como maquiadora também: “não tinha a intenção de ser maquiadora, mas as clientes da loja começaram a pedir muito,

e mesmo eu não tendo nenhum tipo de conhecimento nem talento, resolvi então investir na minha carreira como maquiadora, provando que, sim, esforço supera talento”. Camila e Letícia são apenas dois exemplos dos muitos que existem por aí. Segundo o IBGE,

Aniversário motivou feira que empodera mulheres Pensando nas mulheres que ainda estão escondidas, Juliana Martins criou a feira “Empoderando Mulheres”, que nasceu em um desejo de aniversário, quando ela decidiu que sua festa seria um evento para aumentar a autoestima de mulheres que ela nem conhecia. A ideia foi crescendo, e o que era um dia de beleza, tornou-se um dia de aprendizados. Juliana decidiu que levaria pessoas para ministrar cursos profissionalizantes que ajudassem mulheres a se sentirem empoderadas. A partir desses cursos, Juliana conheceu Flávia Correia, que era uma empreendedora escondida e, após ver o efeito que os cursos e a feira surtiram em seu trabalho, resolveu se unir à causa e se tornou uma das coordenadoras do projeto, que consiste em “ajudar cada vez mais mulheres

que são empreendedoras e que estão escondidas, que não tem o conhecimento e a oportunidade. Nós abrimos portas para as pessoas conhecerem a si próprias”. Atualmente, a feira ocorre quinzenalmente, em parceria com o Sindilojas, que cede um espaço para o evento, onde elas se organizam para poder revezar entre as empreendedoras que estão no grupo do Whatsapp, para que cada vez mais mulheres tenham a chance de expor seus trabalhos. Uma dessas mulheres é Elaine Cunha, que conheceu o projeto em um dos dias de curso no interior de São Borja. Dona Elaine é uma senhorinha simpática que carrega consigo o orgulho de vender como carro chefe as cucas alemãs, que são receitas especiais da sogra dela. Por conta da falta de acesso à informa-

ção, a família teve que parar com as vendas na feira onde costumavam vender, já que passou a ser exigido uma documentação que legaliza a venda, e o “Empoderando Mulheres” foi o espaço perfeito para as famosas cucas voltarem a ser comercializadas. “Eu estava louca para voltar a trabalhar e conheci essa turma maravilhosa que me fez voltar”, diz, com um sorriso estampado no rosto. Histórias como as de Camila, Letícia e Elaine são muito mais comuns do que se imagina. Por isso, servir de rede de apoio para mulheres como elas se faz cada vez mais necessário, seja ajudando de forma prática ou apoiando, compartilhando e fazendo com que elas se sintam acolhidas para que possam traçar esse caminho tão bonito rumo à independência feminina.

no último trimestre de 2022 havia mais de 10,3 milhões de empresas registradas por mulheres no Brasil, o que totaliza mais de 34% do número total de empresas no país. Isso não contando os trabalhos informais e não registrados ainda. Camila no estande da Império dos Doces na FenaOeste 2023


Maquiadora usa redes sociais para promover seu trabalho O empreendedorismo é o processo de desenvolver e gerenciar oportunidades, transformando ideias inovadoras em negócios. Em São Borja, as microempresas, também conhecidas como negócios próprios, vêm surgindo e evoluindo cada vez mais. Diariamente, cidadãos são-borjenses abrem suas lojas e vão em busca de divulgar seus trabalhos. Muitos usam a internet, que é uma maneira muito prática de chamar a atenção do público, através de posts, fotos e vídeos. Um exemplo é o perfil da empresária e maquiadora profissional Letícia Meirelles, de 30 anos, que usa suas redes sociais para divulgar seus produtos à venda, assim como o resultado maravilhoso de suas maquiagens. Letícia começou seu negócio de artesanato em 2013, a Corujices. O negócio surgiu da necessidade de trabalhar com algo que ela gostasse. Junto com o artesanato, também apostou em ma-

quiagens que ela comprava da internet e revendia em uma banquinha no centro da cidade, em frente a algumas lojas, e também na feira que acontece todas as sextas na praça XV de Novembro. Depois de alguns meses, surgiu a oportunidade de alugar uma sala para as vendas. Letícia conta que não tinha intenção de ser maquiadora, mas entrou nesse ramo de trabalho a pedido de suas clientes, que insistiam muito, e, mesmo sem ter conhecimento, a empresária resolveu investir na carreira como maquiadora. Letícia conta que empreender no ramo de maquiagem é bem difícil. “São muitas questões a serem pensadas e muitos desafios a serem enfrentados, mas com persistência e dedicação as coisas fluem”. Diz sentir-se orgulhosa com a evolução de seu trabalho e reconhece que ainda há muito por fazer.. “Sei que tem um longo caminho a percorrer, mas

o pouco que conquistei foi fruto de muito trabalho e estudo”. Com o sonho de expandir seu negócio para um espaço mais amplo e moderno, a maquiadora não desistiu nem mesmo durante a pandemia, uma época difícil para muitos. “Foi um momento tenso, de muita reflexão, mas consegui driblar as adversidades fazendo promoções, estudando e tentando trazer novidades mesmo em tempo difíceis”. Durante a pandemia da COVID-19, os empresários tiveram que se adaptar. Sem poder abrir suas lojas, alguns comerciantes viram-se desesperados, afinal sua renda vinha de seu trabalho, e alguns tiveram que fechar as portas definitivamente. Outros conseguiram adaptar seu negócio, usando a internet como forma de divulgar o trabalho. Seguindo as normas de precaução, como usar máscara e álcool gel, era possível fazer as entregas.

Foto: Bruna Lencini

Fachada da loja Corujices, que começou suas atividades em 2013

Dicas para empreender Ficou inspirado por essas empreendedoras e pensa em abrir seu próprio negócio? Aqui vão dicas que podem te ajudar

Foto: Isabely Terra

Estude bastante: o primeiro passo e o mais presente o tempo todo. Pesquisar sobre a área que você quer, como precificar e todos esses pequenos detalhes que são essenciais para um negócio. É possível achar vários livros gratuitos e tutoriais pela internet e, aos poucos, ir adquirindo mais conhecimento; Use a internet como ferramenta de trabalho: Como foi citado pelas empreendedoras, a internet é um meio muito prático de divulgar seu negócio e atrair atenção do público. Você pode usar posts, fotos e vídeos ou, se desejar, faça algo mais dinâmico, como as dancinhas para as redes sociais; Escolha uma área que te traga prazer em trabalhar: A melhor maneira de fazer seu negócio evoluir é trabalhando em algo que você goste e se sinta à vontade; “Se der medo, vai com medo mesmo” - Essa dica foi dada pela Camila Melo (Império dos Doces) que disse que esse foi o melhor jeito de superar as adversidades e não deixar os momentos difíceis te tirarem do foco.

10

Dona Elaine na feira Empoderando Mulheres

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

11

Estudante fez dos doces seu império Mesmo sendo um tempo difícil, a pandemia possibilitou que muitas pessoas começassem seu próprio negócio. Movidas pela necessidade de ter uma renda para se manter, e também pelo desejo de encontrar algum hobby enquanto estavam trancadas em casa, isoladas de tudo, foram surgindo cada vez mais negócios próprios. Foi o caso de Camila Melo, 25 anos, que começou sua empresa em 2020, no começo da pandemia. A ideia surgiu enquanto ela assistia o programa Mais Você, da Rede Globo, e uma matéria sobre um casal que vendia doces para conseguir casar foi exibida. Na época, ela e o então companheiro estavam pensando em comprar uma casa própria e ela, como estudante de Medicina, não tinha tempo para trabalhar de carteira assinada. Como sempre gostou de fazer doces, pensou, por que não começar a vender? Assim conseguiria uma renda extra para conseguir comprar a casa. Foi aí que surgiu a “Doce Sonho”, nome inspirado no sonho do casal de comprar sua casa através da venda de doces. Camila anunciava seu trabalho nos grupos de Facebook da cidade, e a tele-entrega era feita de graça, tomando todos os cuidados que a pandemia exigia. Com o fim da pandemia, vieram as novas oportunidades para Camila e seu negócio. Com a população podendo conviver novamente, e voltando a realizarem festas, os maiores pedidos passaram a ser para festas, casamentos, chás, batizados e aniversários. O delivery ainda lhe dá lucro, mas as encomendas são seu maior foco. Para conseguir chamar a atenção do público, em 2021, ela começou a postar

Foto: Isabely Terra

Camila Melo concilia curso de Medicina com produção de doces comercicializados em sua loja

vídeos dançando nas redes sociais, método que é muito utilizado para conseguir engajamento, e com isso foi ganhando mais seguidores de maneira muito rápida, e assim seu negócio foi crescendo. Sentindo que sua empresa tinha condições de crescer ainda mais, a empresária decidiu mudar o nome do negócio para Império dos Doces. “Meu império, minha história”, afir-

ma. De algo que era pra ser uma renda extra, o negócio de Camila evoluiu para seu carro-chefe. A empresária ainda faz Medicina, algo que sempre foi seu sonho. Apesar de ser difícil conciliar a vida de estudos com a vida da empresa de doces, ela não se arrepende, e as duas coisas caminham juntas. “Tenho muito orgulho de ser confeiteira, participar de mo-

mentos especiais, adoçar a vida das pessoas, é algo que me faz ser a Camila de hoje em dia, e sou muito feliz, muito grata por isso”. Seu trabalho continua evoluindo e se tornando um império cada vez maior. Sua rede de apoio, que consiste também de sua família, lhe dá forças no empreendedorismo e em sua nova fase da vida, que é a maternidade. Camila espera que sua filha, Catarina,

tenha orgulho de ver que a mãe conseguiu conciliar estudos, empresa e maternidade. Apesar das dificuldades, ser dono do seu próprio negócio é ter autonomia e oportunidade de seguir seus próprios objetivos, algo que é muito recompensador. É importante planejar, estudar, ser resiliente e estar disposto a aprender constantemente.

Fotos: arquivo pessoal Camila Melo


CULTURA

Tradicionalismo na Capital Gaúcha do Fandango Foto: Miro Bacin

Tradicional desfile de 20 de Setembro movimenta o centro de São Borja

O movimento tradicionalista como portal de acesso às raízes da cultura riograndense Por: Laisa Eduarda Antunes, Mariane Austria e João Pedro Utzig O Rio Grande do Sul é reconhecido por abrigar em seu seio as mais diversas culturas, resultado das plurais etnias que constituem o estado, decorrente de movimentos migratórios e imigratórios, que auxiliaram na construção da identidade cultural da região. O povo riograndense se orgulha da cultura gaúcha. O compromisso com suas raízes culturais se ramifica em inúmeros aspectos do cotidiano dos habitantes da região. Vai das típicas vestimentas, que permanecem para além dos feriados regionais, à culinária característica, passando também pelas ímpares músicas e danças. A adoção destas tradições para além da região, em estados como Santa Catarina, que possui

12

462 Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), e Paraná, com 353 CTGs e piquetes, demonstra a potência da cultura riograndense dentro e fora de seu território. A cidade de São Borja, localizada na fronteira Oeste do estado, destaca-se entre os demais municípios que constituem este território por carregar oficialmente, desde 2018, o título de “Capital Gaucha do Fandango”. Essa nomeação reconhece a importância do empenho da cidade em estimular e dar continuidade ao tradicionalismo, como forma de exaltar as práticas de antepassados, transmitindo-as com entusiasmo para as futuras gerações. A cidade é lar de aproximadamente 14 entidades tradicionalistas que

desempenham papel fundamental na preservação da cultura gaúcha, estando entre elas o Piquete Herdeiros de Piaco Aranda, que procura enaltecer, através de suas práticas tradicionalistas, a paixão por suas raízes e a memória do saudoso tradicionalista Juvenil Aranda da Silva. O movimento tradicionalista traz consigo a possibilidade de conectar o presente ao passado e manter laços com o lugar de origem, motivo este que levou à criação dos primeiros CTGs, assim como à preservação da cultura gaúcha. Para Sandra da Silva, o cultivo da tradição também significa a oportunidade de abrandar a saudade do pai, que desde muito cedo encarregou-se de entrelaçar a vida desta e dos demais filhos com os ideais que carregava junto de si. Sandra, a sexta filha de Piaco,

junto a sua família e amigos, após a morte do pai, utiliza a tradição para manter viva a memória da figura que Juvenil representava para estes e também dentro do movimento tradicionalista. Durante sua jornada, Piaco plantou em todos ao seu redor os ideais de uma vida contemplativa ao orgulho de suas raízes gaúchas, do tropeirismo, laceadas e de uma vivência pela arte tradicionalista. O piquete, localizado na Rua Tamarindo, no bairro Florêncio Aquino Guimarães, é um ambiente familiar, que todos os anos reúne seus integrantes para a concretização de um objetivo em comum: levar adiante a tradição, seguindo os passos de sua fonte inspiradora e levando seu nome para as ruas de São Borja nos festejos farroupilhas, assim como ocorre com as demais entidades espalhadas pela cidade.

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

13

Nas raízes do tradicionalismo Os desfiles farroupilhas do dia 20 de setembro trazem consigo toda a beleza das simbologias gaúchas, ocorrendo com este o fechamento de uma semana que começa com o acendimento da chama crioula e reúne as principais manifestações culturais que acontecem no estado, tendo como finalidade homenagear a Revolução Farroupilha que durou dez anos. Constitui-se como o feriado mais esperado do estado, que movimenta não apenas piquetes e CTGs, mas também a

economia da cidade, principalmente no segmento de vestuário de indumentária gaúcha. Assim como o Piquete Herdeiros de Piaco Aranda, dirigido pelos patrões Sandra e Geraldo da Silva, as demais entidades tradicionalistas todo o ano percorrem a Rua General Marques, no centro da cidade, envoltas nas mais diversas referências aos traços da cultura e da história riograndense, traçando um caminho através das gerações ao trazer junto de si a reconstituição de eventos

Bastidores da tradição

passados em pelotões, artefatos históricos, assim como a evolução de vestimentas típicas ao longo das décadas. Todas essas instituições tradicionalistas encontram-se voltadas ao propósito de ir muito além de um espetáculo visual e mostrar o compromisso em perpetuar as tradições gaúchas, preservando assim, com dedicação, a herança cultural e histórica do estado. Para muitos que participam ativamente da preservação da cultura, a motivação de levá-la

adiante parte de um profundo senso de valorização das tradições e estilo de vida gaúcha. No entanto, essa jornada não está isenta de desafios, principalmente ao observarmos as transformações e evoluções que se fazem presentes na sociedade moderna e que, segundo os tradicionalistas mais arraigados aos valores culturais, podem corromper a essência do tradicionalismo. Esse é um dos motivos pelos quais a tradição é levada tão a sério por todos que a cultivam.

Fotos: João Pedro Utzig

Nesta edição, destacamos as pessoas que trabalham nos bastidores dos tão prestigiados bailes gaúchos, especificamente na Semana Farroupilha, aguardada ansiosamente por peões e prendas que não veem a hora de gastar a sola da bota no fandango. A semana mais esperada por todos que cultivam a cultura gaúcha requer muito trabalho e dedicação para que a comunidade aproveite em sua totalidade os atrativos oferecidos. As secretárias do Centro Nativista Boitatá, Bárbara Trindade e Lais Sagrilo, de 20 anos, contam que a Semana Farroupilha é uma “loucura”. Elas são encarregadas das vendas de ingressos para os bailes, além do atendimento ao público que tem alguma dúvida sobre horários ou até mesmo vestimentas apropriadas para a ocasião. As gurias não param durante as festividades, mas dizem que, apesar da rotina agitada durante esse período do ano, ainda assim dá tempo de curtir um “bailezito”.

Bárbara e Laís conciliam trabalho com o “bailezito”

Volnei da Rosa, trabalha como segurança desde os 18 anos e relata que na Semana Farroupilha é sempre “aquela correria”, mas que felizmente é tranquilo, pois se trata de uma festa familiar e que dificilmente ocorrem confusões. Além disso, só intervém, geralmente, em pequenas coisas, como: vestimentas e regras do CTG. Com 39 anos, permeada no meio tradicionalista, Juba, como é conhecida, relata ter feito parte de diversos segmentos do movimento tradicionalista, começando com dança, declamação e mais tarde virando avaliadora de festivais. Hoje integra o departamento dos individuais: um grupo voluntário que trabalha com crianças canto, poesia e gaita. Sloma também integra o departamento cultural, onde prepara peões e prendas. Para ela, que se fundamenta na cultura gaúcha, “tradicionalismo é isso: se doar e repassar ensinamentos para futuras gerações”.

Equipe de cozinheiros do Boitatá garante comida farta

Tradicional arroz à carreteiro é um dos pratos preferidos


MEIO AMBIENTE

Parque Nacional Iberá: o pantanal argentino Fotos: Elisa Hengemuhle

TÃO BONITO... E TÃO PERTO Poucos sabem, mas a menos de 200 quilômetros de São Borja encontra-se uma das reservas ecológicas mais lindas da América do Sul, que exibe uma vegetação exuberante e animais de várias espécies, como o cervo pantaneiro Por: Camili Froner, Elisa Hengemuhle e Luis A. Alves Localizado no coração da Província de Corrientes, o Parque Nacional Iberá revela-se como um tesouro de biodiversidade. Com mais de 4000 espécies, o Parque Iberá destaca-se como um dos lugares mais biodiversos do mundo. Considerado a maior reserva ambiental da Argentina, a reserva de Iberá é uma joia de preservação. Com três sistemas de áreas naturais, incluindo áreas provinciais, nacionais e privadas, o parque tem desempenhado um papel crucial na manutenção da biodiversidade e na promoção da consciência ambiental. O parque tem três núcleos distintos, cada um com sua própria identidade única. O primeiro, San Nicolas, está situado no centro-oeste da província e existe desde 2016. Cambyretá, com seis anos de existência, e Carlos Pellegrini, o núcleo de Iberá, fundado em 2019. As entradas leste a oeste e de oeste a leste permitem que os visitantes explorem a vastidão do parque de maneira estratégica. A área é famosa por seus esteiros, criando um cenário único. Com vegetação flutuante e canais de água, o parque oferece um espetáculo natural; flora essa, que somente pássaros conseguem acessar. A natureza demorou milhões de anos para criar cada detalhe desse cenário e coube aos ancestrais indígenas guaranis preservar esse lugar para que hoje possamos desfrutar dessas belezas naturais.

14

Gavião Carcará do Parque Iberá

O parque nacional Iberá conta com mais de 1 milhão e 300 mil hectares e mais de 63 lagoas. O núcleo Cambyretá, com cerca de 300 visitas por mês, atrai amantes da natureza de todo o mundo. A 230 km de Corrientes, 15 km de Ituzaingó e 8 km de Villa Olivari, o espaço possui mais de 35 mil hectares e 8 funcionários para o cuidado do espaço. A área abriga mais de 1000 espécies de animais e milhares de tipos de vegetação. A viagem até o local pode ser feita de carro e é possível se conectar com a natureza através de trilhas quilométricas e caminhadas por meio da vegetação. Marianela Castillo, funcionária do Núcleo Cambyreta, explica a importância do local: “Uma área natural protegida é justamente isso, uma área onde a única coisa que nós fazemos é conservar a área em estado natural. A ideia é que todas as pessoas que visitam este lugar possam se divertir ao ver a fauna livre. Não tem nada a ver com um zoológico ou um centro de resgate. A ideia é que todas as áreas naturais protegidas a nível país conservem o ecossistema, e nós, como guarda-parque, estamos totalmente encarregados de detectar qualquer tipo de deterioração ambiental. E aqui há muitas espécies de animais, estamos em um dos lugares mais biodiversos da Argentina, o ecossistema dos esteros de Iberá abrange praticamente toda a província de Corrientes. “

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

Foto: Camili Froner

Diversidade de espécies animais Ao adentrar nos diversos núcleos da Reserva Argentina em Cambyretá, somos imersos em 35 mil hectares de um espetáculo de biodiversidade. Mais de 4 mil espécies distintas, entre animais e vegetações, convivem em total harmonia. Há uma variedade de animais que vai desde aves até mamíferos. Algumas espécies preservadas pelo parque são: cervo-do-pantanal, capivaras, jacarés, raposas, águias e entre outros milhares de tipos de aves. O Parque Nacional Iberá também é protagonista pela total liberdade concedida aos animais. Na área da reserva, o homem não tem interferência na alimentação, manutenção ou no convívio entre as espécies. O Pantanal Argentino, como é chamado, proporciona um habitat único para uma variedade de fauna. E possível interagir com os animais em áreas de convivência, já que todos eles se encontram livres para acessar todos os espaços da Reserva. O equilíbrio ecológico é regido por uma seleção totalmente natural, onde uma espécie pode se alimentar da outra. A natureza segue seu curso, e essa liberdade não apenas preserva a dinâmica natural dos ecossistemas, mas também contribui para a conservação de milhares de espécies ameaçadas de extinção. Outro fato curioso é que os animais têm livre acesso às áreas de convívio humano, proporcionando aos visitantes uma experiên-

Foto: Elisa Hengemuhle

15

Marianela Castillo, guarda-parque do núcleo Cambyreta cia única de interação com a vida selvagem. O respeito pela autonomia dos animais é um dos pilares essenciais na gestão do parque. O Parque Nacional Iberá não é apenas uma reserva de animais; é um compromisso com o futuro da vida animal. Ao permitir que a natureza siga seu curso, a gestão do parque demonstra uma profunda compreensão da importância de equilibrar a convivência humana com a conservação da fauna. Entre 2020 e 2022, um incêndio de proporções devastadoras atingiu a Argentina e varreu quase todo o parque, impactando severamente seus três núcleos. Cerca de 100 mil hectares foram perdidos, deixando cicatrizes visíveis na paisagem e na vida selvagem. O fogo consumiu uma esponja vegetal importante, quase um metro abaixo do solo do parque. Este componente vital desempenhava um papel essencial na absorção e retenção de água, atuando como um regulador natural durante períodos de chuva e estiagem. Sua perda teve um impacto imediato, tornando o parque propenso a inundações intensas e rápida evaporação.

Secas e enchentes As consequências dos incêndios são evidentes. Com a falta da esponja vegetal, o parque se inunda facilmente quando chove, mas também enfrenta uma rápida evaporação, criando um desequilíbrio no ecossistema. A regeneração será um processo demorado, exigindo paciência e cuidado. A recuperação da área queimada será um desafio, mas o compromisso de preservação ambiental permanece firme. “O que vocês veem agora é o parque recuperando o verde. Mas o que aconteceu é que queimou uma esponja vegetal de 1 metro de profundidade. Então quando chove a área inunda; e como não tem colchão vegetal, a água evapora muito rápido. Então, até que toda essa matéria vegetal volte a se regenerar, vai levar tempo”, diz Marianela Castillo. Diante desses desafios, o parque implementou um núcleo específico chamado ICE - Incêndio, Comunicação e Emergência. Os colaboradores e funcionários seguem firmes para fazer as melhorias cabíveis e manter a flora e a fauna conservadas. Foto: Elisa Hengemuhle

Jacarés são facilmente avistados

Lobo do rio é o principal predador de pequenos roedores, como a preá


Destino perfeito para uma aventura imersiva Fotos: Elisa Hengemuhle

Se você está buscando uma aventura imersiva na natureza argentina, o Parque Nacional Iberá é o destino perfeito. Em um mundo que muitas vezes negligencia a importância da natureza, o Parque Nacional Iberá, com seu núcleo Cambyretá, destaca-se como uma prova de que a harmonia entre o homem e a natureza é possível e crucial para o nosso próprio bem-estar. A preservação desse tesouro natural é essencial para as gerações presentes e futuras, garantindo que o Iberá continue a brilhar como uma jóia na coroa da biodiversidade mundial. A reserva de Cambyretá não oferece local para dormir ou acampar, apenas para passar o dia. Nesse espaço tem churrasqueira, fogão, banheiros com ducha e lugares para descanso, garantindo o conforto dos visitantes durante sua estadia. O parque fica aberto para visitação todos os dias, sem exceção a feriados e finais de semanas, a partir das 8 horas da manhã até as 19h30. O acesso ao parque é por uma estrada de chão, passando pela entrada da cidade de Ituzaingó na Argentina, por meio de caminhadas a pé, passeios de bicicleta e veículos. A observação de vida

Capivaras passeiam livres por todo o Parque Nacional Iberá

selvagem é uma atividade popular, proporcionando uma experiência única de contato com a fauna local. Para a alimentação durante a visita ao parque, a única possibilidade é trazer consigo o seu alimento. A dica é ir para a cidade mais próxima à reserva, Ituzaingó, que fica a 15km do parque. A cidade, que também é conhecida pela praia de rio no país, oferece, em relação à gastronomia, diversas opções, como restau-

rantes, pizzarias, hambúrgueres, takeaways e pubs. Há hotéis e pousadas,v caso desejar passar a noite. Ao explorar o núcleo Cambyretá e seus arredores, os turistas são convidados a apreciar a beleza intocada da natureza e a contribuir para a preservação desse ecossistema. Com uma oferta diversificada de atividades, esta é uma experiência única para os amantes da vida selvagem e de uma aventura ao ar livre.

Coruja-Buraqueira do Parque Iberá

16

Niña Canina, cobra do Parque Iberá, é uma espécie não peçonhenta e não oferece risco aos visitantes Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

17

Rota para chegar ao Núcleo Cambyretá Imagens: Google Maps

Para chegar à Argentina, precisa cruzar a fronteira de São Borja a Santo Tomé e ir até a cidade de Ituzaingó, que fica a 15km da Reserva Nacional Iberá.

Ficou curioso e com vontade de conhecer um dos núcleos do Parque Nacional Iberá? O Cambyretá pode ser acessado gratuitamente e o caminho não é nada complicado.

Após adentrar o território do parque, você irá fazer um caminho de 40 minutos de carro, por estrada de chão, até chegar na entrada oficial do Portal Cambyretá.

Foto: Camili Froner

Garça pantaneira é uma das milhares de espécies de aves encontradas em Iberá


TURISMO

Cidade fundada por jesuítas em 1682 está na rota do turismo histórico Fotos: Jardel Carlos

Museu do Jango, localizado no coração de São Borja, guarda acervo da vida do ex- presidente

Por: Giullia Silva e Jardel Carlos O município de São Borja está localizado na fronteira oeste do Rio Grande do Sul e faz fronteira com a cidade de Santo Tomé, Argentina. São Borja foi fundada em 1682 pelos padres jesuítas, espanhóis e índios da tribo guarani e possui o título de primeiro dos sete povos das missões.

Em 2018, a cidade recebeu o título de capital do fandango, estilo musical que surgiu na península ibérica e que faz parte da cultura do Rio Grande do Sul. Os gaúchos usam a expressão fandango para referir-se aos bailes nativistas que misturam variados ritmos e danças. Também detém o título de Terra dos Presidentes, em homenagem aos presidentes Getúlio

Vargas e João Goulart, que nasceram e construíram carreira política no município. A rota turística que coloca São Borja como importante polo histórico faz da cidade um berço da história política brasileira e da preservação das raízes missioneiras. A cidade tem dois museus que possuem acervos dos presidentes João Goulart e Getúlio Vargas, e conta também com o museu ergológico da estância Os Angueras. A turismóloga da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Eventos, Tatiana Dias, destaca que a cidade oferece diversas fontes de informação para os turistas, incluindo o site oficial da Prefeitura Municipal e o portal “Rota Missões”. Além disso, um Centro de Atendimento ao Turista (CAT) está em fase de construção. O CAT vai facilitar o acesso a informações para os visitantes da cidade. Tatiana acredita que a maioria dos visitantes vem de paises vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai, devido à proximidade geográfica.

“O turismo em São Borja é mais de 80% histórico e cultural. O que mais atrai turistas para São Borja é a questão histórica’’

18

Museu Getúlio Vargas é um dos lugares mais visitados da cidade

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

19

Nova modalidade de turismo em São Borja Foto: Site do Hotel Sítio Preserva A cidade está introduzindo uma nova vertente turística, o turismo rural, com um enfoque especial na área agrícola local. A nova modalidade pretende oferecer ao turista uma visita imersiva na vida campeira, permitindo que explorem, interajam e se sintam parte dessa realidade. Com suas paisagens deslumbrantes, tradições preservadas e calorosa hospitalidade, São Borja se destaca como um destino ideal para quem busca uma escapada tranquila para o campo. Hotel Sítio Preserva, localizado na área rural de São Borja

As atividades turísticas na zona rural oferecem uma variedade de serviços. Os visitantes terão a oportunidade de explorar fazendas tradicionais, participando de atividades agrícolas como colheita de frutas sazonais, ordenha de vacas e observação do processo de produção de alimentos orgânicos. O turismo rural está ligado ao cenário do agronegócio, sendo uma expressão das atividades agrícolas e dos recursos naturais predominantes na região de São Borja.

Roteiros turísticos Foto: Jardel Carlos

Roteiro a pé: Visitas pelo centro da cidade possibilitam conhecer as praças da Praça da Lagoa e XV de Novembro, Memorial Casa João Goulart, Museu Getúlio Vargas, Museu Apparício Silva Rillo e Igreja Matriz São Francisco de Borja.

Roteiro Missioneiro: Monumento Tricentenário, Fonte de São Pedro, Fonte de São João Batista, Igreja Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro do Passo, Mural do Índio Charrua e prédio da Loja Gang (janelas arqueológicas).

Roteiro Terra dos Presidente: Cemitério Jardim da Paz, Mausoléu Presidente Getúlio Vargas, Palácio Presidente João Goulart, Museu Getúlio Vargas.

Roteiro Capital Gaúcha do Fandango: Museu Ergológico da Estância (Os Angüeras), Parcão, CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Tropilha Crioula, Centro Nativista Boitatá e CFTG Far- roupilha. Os CTGs não oferecem visitação in- terna.

Jazigo das famílias de João Goulart e Leonel Brizola


DIVERSIDADE

Movimento LGBTQIAPN+ na cidade de São Borja Foto: Internet

Como está o psicológico dos jovens LGBTQIAPN+ e como é a atuação deles na sociedade e na política são-borjense Por: Danilo Oliveira, Elis Regina Madeira e Mariana Erthal

Presença na câmara de vereadores Uma pessoa bem conhecida em São Borja é a vereadora Lins Robalo. Coordenadora da ONG Girassol, atua na política e é assistente social formada pela Universidade Federal do Pampa. Lins foi eleita vereadora pelo Partido dos Trabalhadores em 2020 e, desde então, vem trabalhando para fazer da cidade um lugar melhor para a comunidade. Além de ser ativista nas pautas relacionadas à comunidade LGBTQIAPN+ da cidade e região, ela também organiza atividades de inclusão de outros integrantes da comunidade. Devido ao acolhimento recebido em casa, se sentiu preparada e responsável para ajudar e acolher outras pessoas. “Foi um processo natural e tranquilo, a minha família já é engajada e inserida nas pautas LGBT’s, minha mãe foi a fundadora da Girassol.”

20

Arquivo pessoal: Lins Robalo

A cidade de São Borja é conhecida nacionalmente por ter sido o berço de dois ex-presidentes do Brasil, Getúlio Vargas e João Goulart. Por esse e outros motivos, a capital do fandango é historicamente uma cidade tradicionalista, onde estereótipos e padrões estéticos são impostos a todo momento, mesmo que de forma discreta. No entanto, mesmo com esses desafios, a cidade possui locais onde integrantes da comunidade LGBTQIAPN+ podem se sentir confortáveis e acolhidos, além de integrar espaços de poder dentro de ambientes que até poucos anos atrás eram inimagináveis, como cargos políticos.

A vereadora afirma que, embora a cidade seja tradicionalista, há uma diferença entre tradicionalismo e conservadorismo. “Ser tradicionalista nem sempre é ser tão conservador quanto se parece, o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados mais progressistas nas questões das pautas LGBTQIAPN+. Basicamente, todas as vitórias judiciais que atendem hoje os direitos dos LGBT+ no Brasil saíram de demandas e de processos judiciais constituídos dentro do estado”.

Lins Robalo, coordenadora da ONG Girassol

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

21

O preconceito está sendo superado

Roger Dalcin interpreta a drag queen Maju Del Air

O que significa cada letra da sigla LGBTQIAPN+

L

ésbicas: mulheres que sentem atração sexual e/ou afetiva por outras mulheres.

G

ays: homens que sentem atração sexual e/ou afetiva por outros homens.

B

issexuais: pessoas que sentem atração sexual e/ou afetiva por mais de um gênero.

T

ransgêneros: pessoas que não se identificam com seu gênero biológico e assumem uma identidade diferente de seu nascimento. Nesse grupo estão ainda as travestis, que não se reconhecem no gênero masculino, mas em uma expressão de gênero feminina.

I

ntersexo: pessoas nascidas com características biológicas (genitais, hormônios, etc.) que não se enquadram nas definições típicas de sexo masculino ou feminino.

A P

ssexuais, agênero ou arromânticos: aqueles que não sentem atração sexual por outras pessoas.

ansexuais e polissexuais: indivíduos que sentem atração sexual e/ou afetiva por outras pessoas, independentemente do gênero ou identidade de gênero.

N

+

tante preconceito enraizado, também possui espaços amplos para que as pessoas da comunidade possam ser elas mesmas sem se sentirem julgadas. “Desde que eu conheci a arte drag, eu fiquei muito encantada e com muita vontade de fazer, e eu só precisava de um motivo. Em 2018, houve um concurso drag em São Borja numa boate que eu frequentava, que era mais nichada para o público LGBT, e aí eu pude participar e ganhei o concurso também”. Os atendimentos na ONG acontecem todas às quartas e quintas. Lins Robalo relata que há jovens que levam os pais para entenderem a vida do adolescente pertencente à comunidade, alcançando as expectativas e objetivos da ONG Girassol. O movimento dá a possibilidade da discussão de debates sobre as pautas LGBTQIAPN+ e transmite tranquilidade para viver bem e se apresentar na sociedade.

Aceitação deve começar pelo âmbito familiar Para os jovens da comunidade, cada dia é uma nova batalha e às vezes as barreiras estão dentro de suas próprias casas. A psicóloga Lara Barbosa explica que o maior problema dos jovens que estão se descobrindo é a falta de acolhimento por parte da família. Apesar de muito divulgado, ainda há intolerância. “O preconceito está em todos os lugares, disfarçado de várias coisas. São Borja tem muita dificuldade em aderir ao novo, isso em várias perspectivas. E o adolescente, hoje, eu acredito que ele tenha mais dificuldade, talvez, em ser reconhe-

cido na sua individualidade.” Lara é psicóloga há seis anos em São Borja, mas atualmente atua como psicóloga clínica e tem consultório próprio, trabalha na ONG Girassol - Amigos da Diversidade e faz parte da coordenação junto com a assistente social Taynara Robalo, além de dois anos trabalhando no SUS. Lara afirma que o amor próprio é uma chave para a aceitação, e primeiro passo para se sentir confortável com quem você convive é se sentir confortável consigo mesmo, também é importante a aceitação dentro da família.

Você tem que se amar muito. Você tem que se sentir amado em todas as suas versões

ão-binários: pessoas que não se identificam com nenhum gênero, ou que se identificam com vários gêneros.

O “+”: representa outras identidades e orientações sexuais não mencionadas na sigla e gêneros fluidos, reconhecendo a vasta diversidade que existe. Psicóloga Lara Barbosa atua na ONG Girassol

Arquivo pessoal: Lara Barbosa

Q

ueer: identidades e expressões de gênero e sexualidade que não se encaixam nas normas da heteronormatividade (de heterossexualidade ou binarismo de gênero).

A Universidade Federal do Pampa, Campus São Borja, abrange os cursos da área da comunicação e recebe alunos de outras cidades e estados do país. Acolhe os estudantes e os incentiva a se conhecerem melhor, oferecendo apoio para pessoas que também estão inseridas na comunidade, como é o caso da ex-aluna Roger Dalcin e intérprete da Drag Queen Maju Del Air, formada em Jornalismo e auto identificada como uma pessoa queer de pronomes ela/dela. Roger afirma que o acolhimento da Unipampa foi essencial para o seu entendimento como pessoa e abriu muitas portas para que ela pudesse enxergar como realmente é, desvinculando-se dos estereótipos existentes no imaginário samborjense. Além disso, Roger recebeu da ONG Girassol muitos incentivos para performar a sua arte Drag. Embora a cidade possua bas-

Arquivo pessoal: Roger Dalcin


EDUCAÇÃO

Os hábitos literários dos estudantes são-borjenses

Qual o futuro da literatura?

Para a realização da reportagem “Qual o futuro da literatura?” foi aplicada uma pesquisa entre os alunos do ensino médio de São Borja. Apenas três das escolas contatadas aceitaram participar, são elas: Escola Estadual Técnica Olavo Bilac, Instituto Estadual Padre Francisco Garcia e Colégio Estadual Getúlio Vargas. Os resultados foram os seguintes:

Fotos: Maria Luiza Cezar

Supervisora Lila de Almeida apresentando um conto no dia da Consciencia Negra

Livros físicos ou digitais? Qual deles a geração atual prefere? Por: Andressa Chultz e Maria Luiza Cezar

22

O governo do Estado do Rio Grande do Sul investiu em plataformas, como a Letrado e Árvore de Livros que incentivam a leitura dos estudantes, dispinibilazando bibliotecas físicas e virtuais para as escolas estaduais, atendendo as preferências de todos os alunos.

Alunos que desenvolvem o gosto da leitura por conta de uma série específica, como Harry Potter, fazem questão de ter a edição física.

Os avanços tecnológicos mudaram muitos hábitos. Um deles foi o modo de leitura. Em outros tempos, era necessário sair de casa para comprar o livro ou pegá-lo na biblioteca. Hoje, a grande maioria dos exemplares pode ser acessada através do celular, com as obras em formato e-book. Porém, as redes sociais também são, normalmente, acessadas pelo smartphone, cujas notificações que chegam a todo momento dispersam a atenção e acabam sendo um problema para os apreciadores da leitura digital. Uma Pesquisa aplicada entre os estudantes do ensino médio das escolas de São Borja, especialmente para esta reportagem, apontou que 56,6% ainda preferem a sensação de folhear fisicamente as páginas do livro, enquanto outros 44,4% são adeptos ao formato digital. Esse dado mostra que os públicos estão quase divididos.

O professor Rodrigo Näslund Aguilar, que atua nas escolas Getúlio Vargas e Sagrado Coração de Jesus, conta que seus alunos ainda preferem a experiência de

tocar os livros físicos. A professora Mariselda Souza Gonçalves afirma que a maioria de seus alunos prefere ler e-books. Ela também relata que a escola em que trabalha, o Instituto Estadual Padre Francisco Garcia, adotou o uso das plataformas. Mesmo assim, os professores também aderiram a outras maneiras de incentivo à leitura: “eles têm a sala de leitura, e a professora faz a hora do conto para os pequenos. Já entre os maiores, cada um faz uma leitura livre e, posteriormente, se juntam para debater sobre as obras”. Com estes dois pontos de vista, pode-se notar que, no futuro, a literatura vai continuar tendo os dois formatos, pois existem públicos tanto para ler obras físicas quanto digitais. O exemplo das plataformas de livros disponíveis na internet permite afirmar que, quando usadas com consciência, as novas tecnologias não são vilãs, mas sim fortes aliadas da leitura.

Qual seu gênero literário preferido?

Romance Fantasia Ação e aventura Terror Biografia Auto ajuda Todos os gêneros Manga

Qual tipo de livro você mais costuma ler?

Romance Fantasia

Quanto tempo por semana você dedica para ler?

Menos de 1 hora De 1 a 3 horas De 3 a 5 horas De 5 a 7 horas Mais de 7 horas

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

23

Geladeiras para alimentar a mente Foto: Laisa Vieira

Foto: Andressa Chultz

Você conhece as Geladeiras Culturais? Se você já andou por São Borja, certamente deve ter se deparado com alguma delas. Localizadas na praça XV, Praça do Passo e Parque General Vargas, o famoso Parcão, as geladeiras são uma espécie de armário literário, capazes de distribuir e trocar livros de maneira acessível e sem burocracia para a população. O projeto foi idealizado pela pedagoga Rozangela Luchese, com apoio da professora Adriana Duval e da arquiteta Danúbia Santos e teve inspiração em outras cidades que já possuíam as geladeiras em locais públicos. A idealizadora conta que obteve apoio de pessoas que doaram os eletrodomésticos para servirem de base, e logo após foi atrás de ajuda para conseguir prateleiras, adesivos e tinta, para que a revitalização e utilização dos aparelhos fossem realizadas. Rozangela conta: "No início as pessoas paravam, olhavam e ficavam se perguntando 'O que será que tem dentro? Será que são alimentos ou o que seria?'. Quando o projeto foi lançado no Facebook, as pessoas ficaram bastante curiosas, querendo saber o que era e quem idealizou. Houve bastante curiosidade". A ideia dela era a facilitação no acesso à leitura, para que pessoas que não são estudantes e não fazem parte de uma comunidade de biblioteca escolar, ou que por alguma razão não podem Geladeira do Parque General Vargas fazer cadastro em bibliotecas públicas, consigam realizar efetivamente a leitura. Enquanto espera o ônibus, passeia com seu cachorrinho ou visita pontos da cidade, é possível chegar e abrir a geladeira, que muitas vezes possui um leque vasto de opções em obras literárias. A Secretaria de Cultura ficou responsável pela manutenção, como Rozangela Luchese, idealizadora a limpeza das geladeiras e a colocação de novos livros, mas a população também pode contribuir do projeto “Geladeiras Culturais” com doações, pois a intenção é justamente a integração do público são-borjense com o projeto.

Gêneros literários favoritos dos leitores na feira do livro 2023 Uma pesquisa realizada durante a 36ª Feira do Livro de São Borja, com 30 leitores , para descobrir quais seus gêneros literários preferidos, apontou os seguintes resultados: Fotos: IA Microsoft Bing

Ficção - 11 pessoas

Romance - 8 pessoas

Suspense - 4 pessoas

Drama - 3 pessoas

Terror - 2 pessoas

Religião - 2 pessoas


Isso é um

U

Ensaios literários

Latido noturno

m dia desses eu de ca. Coloquei uma mú frente ao computad pensar sobre o que valia a po ou imprimir em palav clusão nenhuma. Senti u como era possível que na zesse querer escrever? De zar meus pensamentos an Repeti o processo, o m em que eu decidia que iria cobri algo novo. Descobri dendo minha criatividade se em algo específico, m tantas coisas específicas crescente de pensamento minha mente como crianç vam inquieta sobre divers Novamente, decidi que pr Outra tentativa, coloqu lugar confortável e perceb ma decisão. Comecei a p possibilidades. Me lembre a minha mãe, ela, em to materno e uma sabedoria podem dizer que possuem gar a memórias boas, es em que participei de um p me senti ao descobrir que conversa instalou um sau mim, como se tivesse abe recebido em troca uma en tos dos quais não tinha t

Por: Elisa Hengemuhle

A

o calar a noite, quando deitei-me na cama e esperei meu sono, fui confrontada por um latido insistente, penetrante e irritante. O latido do cachorro da vizinha se transforma em um eco que ressoa pelas paredes do meu quarto. Durante toda a semana me deparei com isso, todos os dias o som atravessa os corredores e perturba a minha tranquilidade. É uma melodia contínua, até parece que cada barulho é calculado pelo animal. Apesar de não entender como, a vizinha parece não ouvir o latido incessante. Talvez esteja acostumada com a sinfonia ou tenha aprendido a desenvolver a arte da indiferença. Enquanto isso, em meu apartamento, me debato na cama esperando a insônia passar. A verdadeira vontade é ligar para a polícia e acabar com todos os barulhos, mas há algo que me impede de realizar a ação. Será o cachorro o único culpado da minha insônia ou há algo mais? É visível que a vida cotidiana carrega uma série de elementos capazes de nos afastar do nosso descanso merecido. O estresse no trabalho, as preocupações com as finanças, os relacionamentos, a incerteza, as notícias catastróficas. Todos esses fatores se acumulam em nosso pensamento, nos roubando o sono e tirando a boa paz interior. O cachorro late todas as noites sem parar, como se quisesse me lembrar de que ele não é o verdadeiro motivo da minha falta de sono, há muito mais coisas do dia a dia capazes de abalar nossas noites tranquilas. Espero que minha noites mal dormidas sejam uma mensagem da vida, uma provocação para que reflitamos sobre o que verdadeiramente nos tira o sono. O latido constante é apenas um sintoma de um mal mais profundo, uma lembrança de que vivemos em uma sociedade que nos exige constantemente, que nos cobra e nos tira o sossego. No entanto, apesar da frustração, decido não permitir que o latido do cachorro ou qualquer outra inquietação diária consuma meu sono por sabedoria dentro de mim que reconhece que nem tudo está ao nosso alcance e que algumas batalhas não valem a pena serem travadas. Há não merecem o nosso tempo. Tento encontrar equilíbrio e a serenidade entre o barulho e o caos. Assim como o cachorro da vizinha, que pare incômodo que causa, há momentos em que devemos nos permitir descansar e não ligar para o pensamento alheio. Devemos recarregar as en formas de lidar com os desafios diários sem nos deixar consumir por eles. Agora, enquanto escrevo esta crônica, o latido do cachorro parece ter diminuído, como se quisesse dar espaço para a reflexão. Talvez seja respiro em meio à tempestade sonora ou eu tenha aprendido, mesmo que por um breve minuto, a relevar aquele som. Independentemente do d que o sono é valioso e precioso. É uma pausa necessária em nossa jornada conturbada. E, diante dos latidos que nos cercam, cabe a nós enco dade necessária para enfrentar as turbulências do dia a dia e, enfim, dormir em paz.

Chegada do inverno

Por: Naiara Ribeiro

M

uitos amam, alguns odeiam a estação mais gelada do ano. O inverno nos traz dias lindos, com um céu infinitamente azul, depois de uma noite gelada, daquelas que até debaixo de um cobertor aveludado o frio te pega. Friagem porque o inverno é a estação e tem que marcar posição. As delícias do inverno, o bom de sair à rua a pé com um sol tímido mas quentinho, e de repente sentir o frescor das coisas,o cheiro de um pão quentinho saindo da padaria. O inverno traz lembranças da infância, tomar uma xícara de chá ou café têm outro sabor no inverno.Nas ruas avistamos o charme e a elegância da estação,um completo desfile de moda, botas, casacos de couro, vestidos de lã, toucas,gorros e cachecóis, enfim tudo pensando em ficar agasalhado, mas sem perder o estilo. Mas têm também

24

aqueles que pensam que se aga roupas de frio é coisa de ancião e mostrar a juventude. Esse velho nar o uso de casaco à velhice. Ser antissocial no inverno pas reunião de condomínio às 8h? S da noite para ir em um Happy hou Toda ausência merece perdão qu tro está abaixo dos 9 graus. Preferir ficar em casa tomand chocolate quente tem outro gost deitar ao sair de um banho quente ventinho gelado no cangote, um d melhor do que ficar em casa assis lendo um bom livro, coisas simples só o inverno temo poder de nos ag

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

ma crônica

ecidi escrever uma crôniúsica legal, me sentei em dor e esperei. Comecei a a pena dedicar esse temvras. Não cheguei a conuma frustração esquisita, ada nesse mundo me fiecidi que tentaria organintes. mesmo de todas as vezes a escrever. Dessa vez desi que o que estava prene não era falta de interesmas interesse demais em s. Me deparei com uma os que corriam dentro da ças agitadas e me deixasos pontos interessantes. recisava de tempo. uei a música, arrumei um bi que não tomei nenhupensar sobre as minhas ei de ter conversado com odo auge de seu orgulho a que apenas pedagogas m, me disse para me apescrever sobre aquela vez programa de TV, ou como entrei na faculdade. Essa udosismo novo dentro de erto uma porta mental e nxurrada de acontecimentanta certeza de que me

completo. Há uma certas coisas que ece não perceber o nergias e encontrar

a apenas um breve desfecho, aprendo ontrarmosa sereni-

asalhar bem com se preocupam em hábito de relacio-

ssa a ser normal, Sair de casa tarde ur com os amigos? uando o termôme-

do um vinho, um to.O prazer de se e é inexplicável. O dia chuvoso, nada stindo um filme ou s do cotidiano que graciar.

25

Por: Isabely Terra lembrava. Decidi tentar um novo processo. Passei a vasculhar tudo que pudesse me causar um remexo diferente. Primeiro visitei fotos antigas, encontrei uma versão de mim que não tinha passado por metade das coisas que vivi nesses anos. Me lembrei da sensação de ser criança, quando se acha que colo de mãe resolve tudo, quando se tem sonhos dos mais diversos e malucos. Uma nostalgia passou pela porta ao mesmo tempo em que vi imagens minhas com dentes a menos enquanto brincava. Esse sentimento foi se instalando aos poucos e se aconchegando enquanto aquela menina ia envelhecendo e mudando as poses com o passar dos anos. Em algum momento aquela figura infantil foi se transformando, enquanto eu, no futuro, via sentimentos se perdendo e pessoas desaparecendo para sempre. Nesse momento se abriu um buraco entre as fotos, um em que a história para de ser contada por imagens e que volta muitos anos depois. Decidi que era hora de ir para outro passo desse processo. Recolhi toda minha coragem e abri a tão infame caixa de Pandora. Contemplei uma infinidade de palavras, muitas delas que nunca tiveram um real fundo de verdade, algumas que não cabiam mais a mim e aquelas que desconfio que ficarão eternamente marcadas no peito. Encontrei uma versão de mim que tinha perdido aquela alegria boba e infantil, que tinha conhecido sentimentos sombrios e passado pelo luto muito antes do que se deveria. Nesse momento pude perceber uma nova companhia atravessando aquela mesma porta, trazendo consigo uma gota, depois outra,

mais outra e uma porção delas enquanto o buraco na história ia se preenchendo por lágrimas e memórias de tempos difíceis. Me lembrei de algumas daquelas noites que costumavam me trazer sequências angustiantes de palavras e deixavam um vazio descomunal e enfim entendi o motivo das lacunas fotográficas. Pude me reconhecer atualmente em algumas daquelas sensações. Pensei que poderia escrever uma crônica sobre luto, ou talvez uma sobre a sensação ansiosa da depressão, usaria metáforas e palavras bonitas, senti que talvez fosse demais, me despir daquela forma em algo que seria visto por alguém além de mim mesma, então desisti da ideia. Antes de fechar aquela caixa de monstros e terrores noturnos, vi que, com o tempo, a sensação eufórica da infância havia voltado, assim como os textos sobre flores e as fotos divertidas (agora com todos os dentes). Aquela figura que me encarava de volta já se parecia muito mais com a de fora da tela, já tinha marcas dolorosas, cicatrizes feias, e, ao mesmo tempo, conseguia ter a mesma alegria infantil por coisas bobas que havia há muito se perdido. Senti as lágrimas cessarem aos poucos enquanto deixavam um embaralho na cabeça e desejei desesperadamente o colo da minha mãe. Decidi que precisava digerir isso. Tentei outro dia, não precisava mais viajar pelas lembranças, tinha me embebedado delas o suficiente para saber que tinha vivido uma vida cheia de crônicas. E, com o prazo se esgotando e perante essa última revelação, me perguntei: como decidir sobre o que raios eu vou escrever uma crônica?

Amor cruel

A

Por: Gustavo Bragança

o se deparar com o menor período de espaço de tempo sem uma obrigação, a mente do homem pode sucumbir à completa loucura. Alguns usam de maneira benéfica para construir suas ambições, alcançar seus objetivos, desenvolver novas ideias. Porém, o passar das gerações trouxe uma antagonista a esse tempo, o desejo desesperado promovido pela atualidade de sempre querer o novo, não deixar nada passar, deu força a ela: a ansiedade, uma vilã ardilosa que brinca como bem quer com as já condenadas mentes dos homens. Quando estou neste vácuo de tempo, à deriva no navio de águas nebulosas da vida, sem um destino traçado, percebo a luta que enfrento contra ela. Mesmo sabendo que jamais a derrotarei, me vejo a enfrentando, erguendo exércitos com aliados ao meu lado, criações que eu mesmo faço, como os rabiscos em meu empoeirado caderno. Além de aliados que fiz ao longo da minha curiosa vida, marcos de minha cultura que me acompanham para que eu foque minha mente em algo e não sucumba à força dela. Tal qual os gregos em Termópilas, resisto bravamente, mas em vão. A ansiedade atropela todos os meus pequenos guerreiros e invade minhas terras, saqueando tudo que tenho e queimando o resto. Só consigo pensar em quantos projetos tenho para entregar, em o quanto tenho que agradar as pessoas à minha volta e tudo vai abaixo. Será que um dia ela vai embora? Me pergunto em uma madrugada penumbrosa, mas extremamente clara, e ela discursa para mim, sufocando todo o restante de sono que esperava ter à noite: -Sua frustração com a minha presença não me surpreende, vi homens caírem, renascerem e cair de novo. Sou apaixonada por você e é por isso que jamais me vencerá, meu amor irá até o fim dos meus… ou seus tempos, pense em tudo que já fiz por você, ou você acha que suas conquistas não tiveram minhas mãos? Fui eu que invadi seus sonhos para que levantasse de seus sonos e cumprisse com suas obrigações? Você acredita mesmo que sem mim você estaria onde você está hoje? E tudo que posso fazer é apenas concordar. Por fim entendo, jamais me livrarei dela, mas sim terei que aprender a lidar com ela por toda a minha vida. Por mais de ver o quão destrutiva ela é, e saber que nunca mais terei uma noite em paz com ela ao meu lado, não posso negar sua sedução, seu ímpeto em me amar. Este amor cruel.


LAZER

Uma noite em Santo Tomé A cidade argentina separada de São Borja por apenas uma ponte atrai visitantes por seus atrativos e preços baixos

Fachada do Cassino Li

Por Bárbara Mendes e Gustavo Bragança

Santo Tomé, na divisa com

São Borja, é uma das cidades da fronteira argentina que mais atrai brasileiros. Há mais de 10 anos, a Argentina vive uma crise econômica, o que faz o peso (moeda local) desvalorizar em relação ao real, o que é conveniente para os brasileiros. A gasolina, por exemplo, chega a custar metade do preço praticado no Brasil. O jornalista Pedro Bicca, que costuma visitar a cidade vizinha, afirma que faz pesquisas sobre os itens de Santo Tomé, mas que a gasolina é um produto à parte que vale muito a pena: “Quando a gente pensa em um produto no mercado, a gente tenta estudar como

Gasolina pela metade do preço agrada os brasileiros

26

está do lado brasileiro, fazendo o orçamento, mas o combustível não tem como, a gasolina comum deles, além de ser mais barata, tem mais qualidade que a nossa”. Andando pela cidade, diferentes coisas chamam a atenção. O grande movimento noturno é uma atração à parte. O costume de cochilar após o almoço, a chamada ‘’siesta’’, é comum na cultura do país. Vindo de raízes espanholas, os países latino-americanos seguem essa tradição, descansando no início da tarde, para pôr as engrenagens da cidade para funcionar a todo vapor durante a noite. Esse costume facilita a disponibilidade do turismo na cidade. Os brasileiros costumam atravessar a fronteira para aproveitar a noite agitada de Santo Tomé.

Boa culinária e porções A variedade culinária e porções bem recheadas é um prato cheio para o turismo. Júlia Schuler, estudante de Medicina da universidade Barceló, gosta de visitar bons cafés e restaurantes com as amigas: “Eu gosto bastante do café do Nora, que tem os famosos pães de queijo, e o Cloud Bar faz os melhores hambúrgueres.” A qualidade dos restaurantes chama muito a atenção, além do valor que o brasileiro paga, o que é compensador até para convidar os colegas ou o parceiro para um bom jantar. As opções do cardápio são as mais diversas, mas não experimentar as empanadas de entrada do restaurante seria um desperdício. Sempre quentinhas e no ponto certo, são um convite perfeito para a visita ao país. Para fechar, apenas

uma cerveja bem geladinha, seja a dicional Quilmes ou a deliciosa M sempre servidas em um balde de para manter a temperatura congel

Cerveja bem ge empana e assad conquis o palad dos brasilei e agrad pelo pre baixo

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Fotos: Gustavo Bragança

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023

Cassino é a diversão preferida dos brasileiros A cidade atrai visitantes por diversos motivos, sejam econômicos, culinários ou festivos. Nesse repertório, os brasileiros destacam suas preferências e seus encantos com a cidade argentina. Essas atrações são muito diversas e agradam todos os tipos, e um dos principais lugares de movimento é o cassino, localizado no centro da cidade, na rua Patrício Beltran. Prática proibida no Brasil há mais de 60 anos, é a diversão de muitos brasileiros que atravessam a fronteira e se distraem nas máquinas e nos jogos de apostas, como é o caso de Antonio Cleber Santiago, gerente na área da agropecuária. Desde 1964 reside em São Borja e visita o cassino pelo menos duas vezes na semana e já conhece algumas manhas do local: “A gente se distrai, joga um pouco. Compramos um pouco de peso e se ganha, ganha, e se não ganha, a gente vai embora, porque o cassino não foi feito para voltarmos com os bolsos

itoral: diversão garantida

s generosas Pessoas acima dos 40 anos são os principais frequentadores do cassino

27

Antonio diz que consegue enganar a máquina cheios para casa, o cassino foi feito para eles ganharem dinheiro. De vez em quando a gente ganha, mas não é fácil, às vezes a gente perde”. Aqueles que frequentam o cassino há mais tempo já possuem seus macetes para jogar. Antônio diz que existem segredos para jogar nas máquinas: “Aqui eu duvido que alguém tire mais bônus nessas máquinas do que eu! Porque as máquinas têm um contrapeso, cada numeração tem uma parte mais pesada que a outra, quando ela ‘’rodeia’’ é para não parar junto.” Ele costuma interromper manualmente o movimento da máquina para driblar a lógica do jogo. Essas e outras manias do cassino fazem parte da diversão dos vários brasileiros que vão lá tomar uma cerveja e comer uma porção que o local também oferece.

a traMiller, e gelo lante.

a elada, adas dos stam dar

iros dam eço

Prática proibida no Brasil, cassino recebe brasileiros desde 1997


Passeio começa na praça e termina nas compras A praça San Martín é uma atração à parte. Atrai os olhares dos turistas, com seus monumentos que representam um pouco da história do país “hermano”, cujo próprio nome já remete a isso, uma vez que homenageia o general que lutou pela independência da Argentina contra os colonizadores espanhóis. Ao andar por sua volta, é possível encontrar muitas pessoas aproveitando para de-

Fotos: Gustavo Bragança

gustar um bom mate ou mesmo experimentando um excelente sorvete, como os da Helateria Ideal, Grido ou Duomo. Leonardo Ulrich, outro estudante de medicina da Barceló, conta que os estudantes costumam visitar a praça para pôr o papo em dia: “Acho que é um ponto bem positivo da cidade, a forma como eles cuidam da praça e o fato de que muitas pessoas se juntam nesse lugar para tomar chimarrão e conversar, isso é muito legal.”

Monumento general San Martín, localizado na Praça Central da cidade

Estudar em outro país pode ser uma experiência chocante, mas os jovens brasileiros de Santo Tomé encaram esse desafio em busca de seus sonhos e uma boa construção profissional, como é o caso de Leonardo e Julia: “O que mais me marcou aqui são as amizades que eu fiz, a aprendiza-

gem que eu tive, Santo Tomé tem muitas qualidades, me fez crescer muito e conhecer uma outra cultura e aprender uma nova língua, então assim várias coisas me marcaram. Aqui você encontra várias pessoas de todos os lugares do Brasil, do Nordeste e Centro-Oeste, por exemplo.”, relata Leonardo. Imagem: Google Maps

Gustavo frequenta as adegas e aproveita os bons preços

Vinhos de qualidade e para paladares refinados podem ser encontrados a 50 reais

28

te o vinho branco seco, que harmoniza bem com sushi” Um costume muito forte dos brasileiros é fazer a compra do mês em Santo Tomé. Elizabete Araujo, co-

Os vinhos argentinos, já conhecidos no Brasil, chegam a custar metade do valor.

Praça central da cidade localizada na Av. Martín Y Angel Blanco

Na hora de ir às compras, é que os olhos dos brasileiros brilham. Existem muitas opções sobre o que levar. Os vinhos argentinos, já conhecidos no Brasil, chegam a custar metade do valor. Na rua Hipólito Irigoyen, é possível encontrar duas lojas muito conhecidas por serem visitadas pelos brasileiros: a Santo Vino e a Adega Maior. Gustavo Martins, dono do restaurante de sushis Gusushi, de São Borja, diz que vale muito a pena comprar a bebida na Argentina para oferecer em seu restaurante: “Compro principalmen-

operadora de um hotel em São Borja, tem vários produtos em sua lista de compras, “principalmente pelo preço que se paga pelas mercadorias. Para nós, tá

saindo bem mais barato. Eu compro mais produtos de limpeza, doces e carvão, etc.” Embora proibidos por questões sanitárias, alguns brasileiros arriscam até trazer carnes e derivados de leite. Cada turista leva consigo um lugar para indicar para amigos e conhecidos de todo canto do Brasil, mostrando que Santo Tomé é uma cidade agradável e rica em diversidade cultural. Com tanta facilidade para atravessar a fronteira, os brasileiros saem satisfeitos com suas experiências e ansiosos pelo próximo retorno.

Jornal 40º - 2ª Edição, Unipampa São Borja, dezembro de 2023


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.