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Testemunhos de Finalistas

CAPAS NEGRAS DE MEMÓRIAS

Por Mariana Constantino e Laura Cavalcante

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Mariana Correia, 5ºano, MICF

“Oh Coimbra do Mondego E dos amores que eu lá tive Quem te não viu anda cego Quem te não ama não vive” Saudades de Coimbra - José Afonso

Sentir que a hora da despedida está cada vez mais perto deixa-me um pouco ansiosa, recordando a sensação de há 5 anos atrás quando embarquei nesta aventura tão misteriosa na cidade dos estudantes. Cidade esta, que fez com que este percurso fosse tão peculiar. O tempo é infinito, no entanto, passa num abrir e fechar de olhos e é por este motivo que nos custa tanto, pois força-nos a viver todos os momentos como se fosse sempre a última vez. Estar cada vez mais perto de me sentir concretizada profissionalmente é muito gratificante, principalmente depois de uma época tão atípica que nos mostrou que é possível ultrapassar as adversidades. O livro avultado de memórias que levo comigo destes 5 anos só foi possível graças a grandes objetivos concretizados. Pelo caminho, surgiram algumas resistências que considero cruciais para nos tornarmos mais resilientes, uma vez que sairmos da nossa zona de conforto e arriscar enriquece-nos imenso, com isto saliento o meu percurso pelo associativismo e pelo voluntariado, as amizades e as experiências. Hoje, de coração bem apertado, recordo calorosamente “Capa negra de saudade; No momento da partida; Segredos desta cidade; Levo comigo pr’á vida”

“Coimbra tem mais encanto na hora da despedida!” é algo que ouço desde pequena dos meus familiares que em Coimbra se formaram. Ir para a Faculdade sempre foi algo que ansiei, sempre o quis fazer em Coimbra e seguir o meu legado familiar. Senti desde o início que o peso da minha capa era maior por ter sido passada de geração em geração dentro da nossa familia, mas também porque trazia um maior orgulho por ter entrado nesta cidade e uma maior ânsia pela chegada à cidade e por me matricular oficialmente no curso. Tal como muitos dos que deixam a casa dos pais, senti-me desamparada e perdida, muitas das frases que ouvia como “o primeiro ano é o melhor”, “aproveita que passa rapido”, não faziam qualquer sentido para mim naquela altura. Agora com olhos de finalista percebo que a faculdade é muito mais do que um curso e uma realização profissonal, é uma etapa de enorme crescimento pessoal, de experienciarmos novas realidades e de sairmos fora da nossa zona de conforto. Realmente senti que o peso do curso aumenta a cada ano e que menos tempo vamos tendo para aproveitar a vida académica que Coimbra nos porporcina e que tanto nos marca, não fosse Coimbra a cidade dos estudantes. Sempre senti que Coimbra tem uma tradição e uma história que mais nenhuma cidade em que possamos estudar nos proporcionará. Esse sentimento vem de caloira e mantém-se até ser finalista. Apesar do tempo disponível ir diminuindo ao longo do percurso, o nosso crescimento pessoal vai-nos proporcinando uma nova forma de gerir tudo e de conseguir aproveitar um pouco de cada oportunidade, desde as saídas com amigos que ficam para a vida, ao associativismo e voluntariado. Todas estas oportunidades marcaram-me e mudaram-me, sem dúvida a Andreia que entrou em Coimbra não é mais a mesma. Foram muitos os desafios, nem todos bons, mas todos me ajudaram a crescer e a tornar-me na pessoa que sou hoje. A maior lição que tirei deste percurso é que nem tudo o que nos dizem pode fazer sentido no momento, nem tudo o que nos acontece vamos compreender o porquê de ter acontecido, mas na devida altura vamos perceber que contribuiu para a nossa evolução pessoal. Coimbra realmente tem mais encanto na hora da despedida do que na hora da chegada, algo que só um coração de finalista tem capacidade de compreender, pois olhando para o nosso percurso na cidade todas as histórias deixam uma marca positiva. O tempo realmente voa, apesar de no início acharmos que 5 anos é muito tempo, na hora da despedida só queremos continuar neste percurso com a apredizagem que realizamos, a saber o que sabemos hoje, pois é a altura que experienciamos Coimbra de forma mais intensa, na hora da despedida… Orgulhosa por estar a chegar ao fim deste percurso mas com vontade de ficar, agradecida por todas as aventuras e experiências e por todas as pessoas que ficam para a vida e, sobretudo, um orgulho e um gosto enormes pela tradição Coimbrã que levo comigo nesta hora da partida.

Diana Abreu, 5ºano, MICF

Em setembro de 2017, cheguei a Coimbra entusiasmada para iniciar aquela que se avistava a maior aventura da minha vida. Pairava, igualmente, o medo do desconhecido. Rapidamente, este medo se transformou na certeza que era aqui, na cidade dos estudantes, onde queria passar os próximos 5 anos e aproveitar tudo o que esta tinha para me oferecer.

E assim foi. Envolvida na sua história e tradição e apaixonada pelos cantinhos desta cidade, fui sentindo que, aos poucos, esta também se tornava a minha casa. Estudar em Coimbra é muito mais do que apenas estudar. É inquestionável a abrangência do curso e a importância de todas as unidades curriculares, mas, mais do que isso, o espírito que se vive nesta cidade e os valores e ensinamentos que nos são transmitidos em cada atividade, projeto ou vivência fazem com que cada estudante que por cá passe se sinta orgulhoso de fazer parte da sua história. Agora finalista, ficam as memórias. As memórias das praxes e das amizades que lá se formaram. Das horas de estudo, dos 1001 trabalhos, das épocas de exames exaustivas e das noites mal dormidas. Dos jantares e das noites de farra. Das tradições coimbrãs, dos cortejos, das serenatas e de sentir cada palavra da balada sempre que esta tocava. Dos passeios dados nesta cidade inspiradora e das conversas tidas durante horas por esses cantos. De Coimbra fica a memória de que tudo se vive com intensidade. Ficam os amigos que passam a ser família. Fica o verdadeiro sentimento de saudade. Ser finalista é guardar todas estas memórias com carinho, é viver cada momento como se fosse o último, é sentir orgulho por estar a um passo de alcançar um objetivo há muito desejado e é sentir, da mesma forma, nostalgia por ver o fim dos verdes anos a aproximar-se. Saio convicta de que fiz a escolha certa e pronta para uma nova etapa e novas aventuras. Coimbra, “não te digo adeus porque te levo sempre comigo”, a ti e às pessoas que tornaram este percurso inesquecível.

Mafalda Amendoeira, 3ºano, LFB

“Coimbra dos amores, Coimbra dos doutores.” “Uma vez Coimbra, para sempre saudade.” “Acredita quando digo que o sol de Coimbra é diferente do sol do resto do mundo.”

São diversas as frases que te escrevem, Coimbra, e, mesmo assim, não chegam para descrever o sentimento que deixas em cada um dos Estudantes que por ti passam. Infelizmente, não tive o tempo que outros tantos tiveram, a pandemia meteu-se pelo meio e tirou-me tempo que não volta. No entanto, nem isso te fez brilhar menos, aliás, a vontade de te conhecer só cresceu. Os agradecimentos nunca serão suficientes, à Universidade de Coimbra, à Faculdade de Farmácia e, em especial, à Licenciatura em Farmácia Biomédica, que tornaram estes últimos 3 anos um período de tempo inesquecível que levarei para sempre comigo. Ser finalista tem um sabor agridoce, mistura o orgulho de finalizar uma licenciatura na Universidade mais antiga e prestigiada do País e a gigantesca saudade que a cidade, as pessoas e as tradições vão deixar. Mas como dizem por aí, “Não é um adeus, é um até já”, pois posso sair de ti, Coimbra, mas tu nunca mais sairás de mim.

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