15/02/2018
Lacan encontra Freud? Reflexões patoanalíticas sobre o estatuto das perversões na metapsicologia lacaniana – Lacuna
LACUNA U M A R E V I S TA D E P S I C A N Á L I S E – I S S N 2 4 4 7 - 2 6 6 3
Revista Lacuna / 28 de abril de 2017 / artigo
Lacan encontra Freud? Re exões patoanalíticas sobre o estatuto das perversões na metapsicologia lacaniana [ Lacan meets Freud? Patho-analytic reflections on the status of the perversions in Lacanian metapsychology ] por Philippe Van Haute Tradução | Hugo Lana
Introdução Desde seu início a psicanálise se apresenta e se compreende como uma teoria e prática libertadoras. Freud e seus pupilos consideravam a psicanálise, tanto em seus aspectos teóricos quanto práticos, como um empreendimento que poderia nos libertar de todo tipo de normas culturais opressivas, particularmente no que diz respeito à sexualidade. Pensava-se que a psicanálise era uma ameaça à cultura sexual burguesa. Na mesma linha, Lacan introduziu a história apócrifa que em seu caminho para os Estados Unidos em 1909, Freud disse para Jung que eles estavam levando a peste para o Novo Mundo[1]. Claramente, Lacan também via a psicanálise como um movimento revolucionário no que diz respeito ao establishment psiquiátrico e cultural. A psicanálise contemporânea frequentemente repete essa pretensão. É difícil negar que a psicanálise freudiana em muitos aspectos tinha um potencial liberador e que a psicanálise contribuiu de fato para mudanças profundas em nossa paisagem cultural e moral. Freud foi, por exemplo, um dos primeiros a despatologizar a homossexualidade, e suas ideias sobre sexualidade (infantil) e sobre educação sexual testemunham uma atitude que estava em descordo com as tendências fundamentais de https://revistalacuna.com/2017/04/28/n3-01/
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