POR MEIO DA PERSEVERANÇA E MANIFESTANDO ABERTAMENTE
MINHA INTENÇÃO DE ME EMANCIPAR”
As mulheres produzem obras de arte desde a Antiguidade, mas durante grande parte desse período elas foram excluídas, ignoradas e quase sempre suprimidas da história da arte.
Embora seja provável que muitos artistas pré-históricos fossem mulheres (existem evidências de marcas deixadas por mãos femininas) e Plínio, o Velho (23-79 d.C.) tenha mencionado seis artistas do gênero feminino da Grécia antiga em sua obra História Naturalde 77 d.C., as artistas mulheres raramente foram reconhecidas e, durante séculos, foram impedidas de ingressar em sociedades e academias de arte, fazer cursos de arte, frequentar aulas com modelos-vivos, participar de concursos artísticos e expor suas obras. Até o século XVI, com exceção das freiras, poucas mulheres eram instruídas (apenas Bolonha, na Itália, teve uma universidade para mulheres a partir do século XI, e a primeira escola para moças foi aberta em Cracóvia, na Polônia, no século XV). Em geral, as principais opções das mulheres eram o casamento ou entrar para um convento. Além disso, as mulheres costumam mudar seus nomes ao se casarem e, embora a maioria não trabalhasse depois do casamento, quando o faziam, suas obras muitas vezes eram atribuídas aos seus companheiros, mais conhecidos.
Apesar das dificuldades, muitas mulheres atuavam como artistas, mas raramente eram tão aclamadas quanto seus equivalentes
masculinos. Hoje, esse equilíbrio está se alterando. As barreiras estão sendo eliminadas e mais artistas mulheres estão sendo reconhecidas e reavaliadas.
Este livro apresenta um pouco da arte produzida por mulheres desde o renascimento até os dias atuais, ao longo dos movimentos artísticos, obras, temas e inovações. Seu formato exclusivo possibilita que tudo seja complementado e esclarecido por meio de referências cruzadas, ao mesmo tempo em que homenageia a dedicação e as realizações de tantas mulheres, levando em consideração sua importância e contextualizando sua obra.
Movimentos
FRIDA KAHLO: “PENSAVAM QUE EU ERA SURREALISTA, MAS NÃO ERA. NUNCA PINTEI SONHOS. EU PINTAVA MINHA PRÓPRIA
REALIDADE”
Movimentos artísticos são nomes dados a certos estilos ou abordagens artísticas criadas durante determinados períodos por artistas que costumam compartilhar ideais ou métodos.
A maioria dos movimentos surge quando um grupo de artistas rompe com as tradições, tendo, em geral, um nome atribuído por artistas ou historiadores para categorizar a história da arte. Alguns movimentos artísticos se desenvolvem de forma orgânica, por meio de influências mútuas ou ocorrências externas. Alguns surgem diretamente de um movimento anterior ou em reação a ele. Alguns têm um foco bem específico e outros são mais amplos. Alguns duram muitos anos; outros começam e terminam em poucos meses. Eles podem se espalhar pelos continentes ou se concentrar numa pequena área. Seus nomes podem ser elogiosos ou depreciativos e
os próprios movimentos podem ser aceitos, rejeitados ou até mesmo desconhecidos pelos artistas envolvidos.
A maioria dos movimentos artísticos envolvia predominantemente artistas do gênero masculino e, embora alguns acolhessem de bom grado as mulheres, a maior parte as excluía. Tal como acontece no resto da história da arte, de modo geral, as mulheres que atuaram em certos movimentos não são tão conhecidas quanto os homens, e este capítulo do livro aborda algumas delas no contexto de sua obra e de sua contribuição para os movimentos a que estão relacionadas.
Obras
GEORGIA
O’KEEFFE: “OS HOMENS GOSTAVAM DE ME DIMINUIR
COMO A MELHOR PINTORA MULHER. EU ME CONSIDERO ENTRE OS MELHORES PINTORES”
Este capítulo examina 60 obras de arte notáveis, criadas por artistas mulheres entre os séculos XVI e XXI. Cada uma dessas obras foi produzida com maestria e originalidade, ampliando e enriquecendo o repertório da história da arte. Entre elas estão pinturas, esculturas, instalações, performances e outras, que usam uma ampla variedade de temas, materiais e técnicas.
Antes de meados do século XVI, no Ocidente, a menos que se tornassem freiras, as mulheres não eram ensinadas a ler ou escrever nem aprendiam matemática ou ciências; elas não podiam viajar livremente e o aprendizado artístico era proibido. Em 1582, Baldassare Castiglione publicou Ocortesão, que tratava sobre etiqueta, comportamento e moral, livro que se tornou extremamente popular. Sua afirmação radical de que todos os aristocratas, fossem homens ou mulheres, deviam ter uma formação elevada em certas artes incitou o surgimento de mais artistas do gênero feminino. Mas
as coisas ainda eram limitadas para as mulheres. Por exemplo, até o fim do século XIX, as aulas com modelos-vivos eram proibidas para elas e, durante séculos, a maioria teve que aprender sozinha, estudando em galerias e realizando suas próprias experiências.
Inovações
HELEN FRANKENTHALER: “NÃO EXISTEM REGRAS. É ASSIM QUE
NASCE A ARTE, QUE
OCORREM AS INOVAÇÕES. QUEBRE AS REGRAS OU IGNORE-AS.
INVENÇÃO É ISSO”
O escritor e filósofo romano Plínio, o Velho (23-79 d.C.), relacionou várias artistas de sucesso da Grécia e da Roma antigas. No entanto, após a queda de Roma, as mulheres não tiveram mais permissão para exercer funções tão importantes e somente no século XVI passaram a obter um mínimo de reconhecimento por suas habilidades.
Devido, em grande parte, a uma mudança de atitude em relação à educação feminina, promovida sobretudo pela obra Ocortesão, as primeiras artistas de renome vieram da Itália durante o renascimento. A partir dali, mulheres especialmente determinadas lutavam contra as restrições de vez em quando e produziam obras de arte que abriam novos caminhos.
Este capítulo do livro explora algumas dessas inovações, como as primeiras mulheres a se tornarem membros da Royal Academy e da Académie Royale; as primeiras pinturas abstratas; as artistas que eram responsáveis pelo sustento da família; e obras de arte que transformaram o que tradicionalmente se considerava “artesanato feminino” em arte erudita.
Temas
MARY CASSATT: “SOU INDEPENDENTE! CONSIGO
SOBREVIVER
E ADORO TRABALHAR”
Diferentemente do assunto, o tema geralmente é uma presença implícita numa obra de arte. Os temas podem ser óbvios ou obscuros, universais ou singulares, complexos ou simples, e cada artista os interpreta de uma forma.
Este capítulo do livro contempla 22 temas que têm sido explorados pelas artistas mulheres. Ele investiga por que as pessoas escolheram certos temas e por que os interpretaram de tal forma. Uma vez que os pontos de vista e as atitudes das mulheres costumam contrastar com os de seus colegas homens, seus temas muitas vezes parecem diferentes e essas diferenças é que são particularmente exploradas neste capítulo.
Muitas vezes os temas artísticos transmitem mensagens sobre a vida, a sociedade ou a natureza humana, geralmente de forma implícita e não representados explicitamente. Certos temas são mais predominantes durante determinados períodos – por exemplo, a religião no renascimento.
Como usar este livro
O livro está dividido em quatro capítulos: Movimentos, Obras, Inovações e Temas. Ele pode ser lido na íntegra, ou você pode ler os capítulos na ordem em que preferir. No rodapé de cada página você encontrará referências a outras partes do livro, que ajudam a fornecer uma visão geral de como as coisas se relacionam e se entrecruzam no mundo da arte, de como as ideias e mudanças se desenvolvem. Os blocos em destaque apresentam fatos importantes e informações sobre as artistas.
Movimentos
RENASCIMENTO • MANEIRISMO • ERA DE OURO HOLANDESA • BARROCO • ROCOCÓ • NEOCLASSICISMO • NATURALISMO • IMPRESSIONISMO • PÓSIMPRESSIONISMO • ART NOUVEAU • EXPRESSIONISMO • CUBISMO • FUTURISMO • RAIONISMO • CONSTRUTIVISMO • SUPREMATISMO • DADAÍSMO • HARLEM RENAISSANCE • SURREALISMO • ART DÉCO • ARTE CONCRETA • EXPRESSIONISMO ABSTRATO • OP ART • POP ART • NOUVEAU RÉALISME • ARTE FEMINISTA • ARTE PERFORMÁTICA • ARTE CONCEITUAL
Renascimento
PRINCIPAIS ARTISTAS: SOFONISBA ANGUISSOLA • FEDE
GALIZIA • PROPERZIA DE ROSSI • CATARINA VAN HEMESSEN • CATERINA DE VIGRI • LAVINIA FONTANA
1400 - 1550
Plautilla Nelli, Lamentaçãocom os santos, 1550, óleo sobre painel, 288 × 192 cm, Museo di San Marco, Florença, Itália
Durante o renascimento, ocorreram profundas mudanças culturais na Europa com a expansão do comércio e a descoberta de continentes antes desconhecidos. Após a queda de Constantinopla, em 1453, eruditos bizantinos migraram para a Itália e introduziram ideias da Grécia antiga que inspiraram entre as classes mais altas um novo entusiasmo pelo aprendizado. Surgiu o humanismo, uma filosofia preocupada em retomar muitos conceitos da Antiguidade clássica. A invenção da prensa tipográfica por Johannes Gutenberg (c. 1398-1468) em 1438 permitiu a instrução generalizada e a disseminação de ideias. Escritores como Boccaccio (1313-1375), Christine de Pizan (1364-c. 1430) e Castiglione contribuíram para aumentar a aceitação da educação feminina. Ocortesãode Castiglione teve particular influência, assim como DeMulieribus Claris(Sobre as mulheres famosas) de Boccaccio, de 1335-1359, uma coleção de biografias de mulheres notáveis, e Acidadedas damaseOtesourodacidadedasdamas(ambos c. 1405) de De Pizan.
No entanto, as mulheres ainda enfrentavam obstáculos para se tornarem artistas. Atividades como o estudo da anatomia, essencial para grandes obras religiosas, eram proibidas para elas, e a maioria dos artistas não aceitava mulheres em seus ateliês. Por conseguinte, quase todas as que se tornavam artistas aprendiam com o pai, também artista, ou eram freiras.
FATOS RELEVANTES
Entre as várias freiras artistas estava Caterina de Vigri (1413-1463), que foi depois canonizada como santa Catarina de Bolonha, a padroeira de todos os artistas. Plautilla Nelli (1524-1588) ingressou no convento de santa Catarina de Siena, em Florença, em 1537, e a obra acima transmite sua atenção aos detalhes, seu realismo
e sua representação dos contrastes tonais e do suave caimento dos tecidos.
LUTAR POR IGUALDADE p. 172 REJEITAR A “MULHER-OBJETO”
p. 173 PONTO DE VISTA FEMININO p. 187 AUTORRETRATO p. 198
RELIGIÃO p. 200 NATUREZA p. 206 NU p. 209
Maneirismo
PRINCIPAIS ARTISTAS: LAVINIA FONTANA • LUCIA ANGUISSOLA
• DIANA SCULTORI
1520 – 1600
O maneirismo se desenvolveu entre 1510 e 1520 em Florença ou em Roma ou simultaneamente nas duas cidades. O estilo englobava uma série de abordagens diferentes, sobretudo em reação ao idealismo e ao naturalismo da arte do alto renascimento.
O termo maneirismo deriva do italiano maniera, que significa “estilo ou maneira”, e foi usado para descrever o movimento muito tempo depois que ele ocorreu. Enquanto a arte do alto renascimento enfatiza as proporções e um ideal de beleza, o maneirismo é exagerado, muitas vezes alongado e estilizado, com composições assimétricas. O movimento se desenvolveu na época em que Martinho Lutero (1483-1546) conclamou a reforma da Igreja
Católica, pregando suas 95tesesna porta da igreja de Todos os Santos, em Wittenberg, em 1517, e desencadeando a Reforma Protestante. Depois disso, para alguns artistas, a serenidade e o classicismo da arte do alto renascimento pareciam incongruentes. Eles adotaram uma abordagem mais individual, intelectual e expressiva, que cada um interpretava à sua maneira. As ideias do movimento se difundiram por toda a Itália e norte da Europa. Os artistas maneiristas incluem Parmigianino (1503-1540), Antonio da Correggio (1489-1534) e Pontormo (1494-1556/1557) e, entre as
mulheres, Lucia Anguissola (1536/1538-c. 1565/1568) e Lavinia Fontana (1552-1614).
Sagrada família com os santos Margarida e Francisco, Lavinia Fontana, 1578, óleo sobre tela, 127 × 104,1 cm, Davis Museum and Cultural Center, Wellesley College, Massachusetts, Estados Unidos
FATOS RELEVANTES
Lavinia Fontana tornou-se uma celebridade ainda em vida: a pintora mais procurada e bem paga de Bolonha. Seu biógrafo inicial Carlo Cesare Malvasia (1616-1693) escreveu que “todas as damas da cidade disputavam, querendo tê-la por perto [...]; a coisa que mais desejavam era que ela pintasse seus retratos”.
VOCAÇÃO p. 182 PONTO DE VISTA FEMININO p. 187 RELIGIÃO
p. 200 HISTÓRIA p. 201 NATUREZA p. 206 NU p. 209
Era de ouro holandesa
PRINCIPAIS ARTISTAS:
MARIA VAN OOSTERWIJCK • GESINA
TER BORCH • RACHEL RUYSCH • CLARA PEETERS • ANNA RUYSCH
• ANNA MARIA VAN SCHURMAN
1585 – 1702
Geralmente considerada como tendo se iniciado por volta de 15851600, durante a Guerra dos Oitenta Anos, e continuado até o fim do século, a era de ouro holandesa foi um período em que a República Holandesa era a nação mais próspera da Europa.
Em 1648, os Países Baixos conquistaram a independência do domínio espanhol, o que deu início à era de ouro (e ao consequente aumento da prosperidade), e os artistas da República Holandesa desenvolveram estilos de pintura extraordinariamente realistas. A arte holandesa da época correspondia mais ou menos à do período barroco, quando a arte transmitia um senso de grandeza, dramaticidade e movimento. No entanto, a arte da era de ouro holandesa era menos extravagante e mais mundana. Produziu-se uma imensa variedade de gêneros de pintura, incluindo paisagens campestres e urbanas, animais, pinturas florais, naturezas-mortas, retratos, interiores e pinturas de gênero – ou cenas do cotidiano –, todas imbuídas de noções sobre a transitoriedade da vida, detalhes minuciosos e brilhantes efeitos de luz.
No cenário de grande prosperidade comercial e progresso social dos Países Baixos, o mercado da arte floresceu e várias artistas mulheres foram bem-sucedidas. Algumas ainda eram ignoradas ou
apenas trabalhavam como assistentes de familiares do gênero masculino, mas outras alcançaram grande sucesso como artistas profissionais por seus próprios méritos.
Oalegre beberrão, Judith Leyster, 1629, óleo sobre tela, 89 × 85 cm, Rijksmuseum, Amsterdã, Holanda
FATOS RELEVANTES
Em 1633, Judith Leyster foi a primeira mulher a se tornar membro da Guilda de São Lucas, em Haarlem, um privilégio que lhe permitiu abrir seu próprio ateliê e contratar aprendizes. Na pintura ao lado, representado com pinceladas vigorosas, um homem sorridente segura uma espécie de jarro ou caneco. Ele é Pekelharing, um
personagem teatral cujo nome significa “arenque em conserva”, uma especialidade holandesa.
LUTAR POR IGUALDADE p. 172 ONTBIJTJE p. 174
INDEPENDÊNCIA p. 176 VOCAÇÃO p. 182 AUTORRETRATO p. 198
NATUREZA p. 206
Barroco
PRINCIPAIS ARTISTAS: ARTEMISIA GENTILESCHI • LOUISE
MOILLON • JOSEFA DE ÓBIDOS • MARY BEALE • MICHAELINA
WAUTIER • ELISABETTA SIRANI
1600 – 1730/50
O dinâmico e dramático movimento barroco foi instigado pela Igreja Católica, em Roma, como parte da Contrarreforma. O termo oriundo da língua portuguesa significa “pérola ou pedra irregular” e foi usado retrospectivamente para descrever um movimento artístico que combinava emoção e dramaticidade com cor, contraste e realismo. O movimento começou depois que os líderes da Igreja, no Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, convocaram a Igreja
Católica a se reafirmar, e muitas obras de arte foram usadas como propaganda, glorificando histórias e crenças católicas. Mesmo quando se espalhou para os países protestantes com um conteúdo menos religioso, ele continuava a destacar a emoção e a grandiosidade, o que atraía tanto a classe média quanto as mais altas. Frequentemente grande e ornamentada, a arte barroca é realista e teatral, transmitindo muitas vezes uma sensação de movimento. Como as mulheres eram proibidas de ingressar em academias de arte (que eram semelhantes às guildas), em geral eram filhas, irmãs ou esposas de artistas consagrados. As pintoras Artemisia Gentileschi e Teresa del Pò (1649-1713/1716) e a escultora Luisa Roldán (1652-1706), por exemplo, foram todas treinadas nos ateliês de seus pais. Essas artistas desprezaram muitas
das restrições a elas impostas, assim como Michaelina Wautier (1604-1689), artista flamenga que pintava retratos, pinturas de gênero e cenas históricas, religiosas e mitológicas de grandes dimensões.
Timocleia matando o capitãotrácio, Elisabetta Sirani, 1659, óleo sobre tela, 227 × 177 cm, Museo di Capodimonte, Nápoles, Itália
FATOS RELEVANTES
Elisabetta Sirani nasceu numa família de artistas de Bolonha, fez sua iniciação artística no ateliê do pai e, posteriormente, abriu uma academia para outras artistas mulheres. Segundo alguns estudiosos, seu talento artístico superava o de seu pai e de suas irmãs
mais novas. Ela se tornou a principal responsável pelo sustento da família, com um ateliê extremamente bemsucedido.
ACCADEMIA DELLE ARTI DEL DISEGNO p. 175 VOCAÇÃO p. 182
PONTO DE VISTA FEMININO p. 187 AUTORRETRATO p. 198
IDENTIDADE p. 199 RELIGIÃO p. 200 HISTÓRIA p. 201 NU p. 209
Rococó
PRINCIPAIS ARTISTAS: ROSALBA CARRIERA • ANNA DOROTHEA
Jovem senhora compapagaio, Rosalba Carriera, c. 1730, pastel sobre vergê azul, montado sobre cartão laminado, 60 × 50 cm, Art Institute of Chicago, Illinois, Estados Unidos
Caracterizado pela elegância, contornos fluidos e elementos naturais, muitas vezes expressando amor, beleza e descontração, o rococó
começou em Paris, por volta de 1730, em parte como uma reação contrária aos excessos do barroco.
Embora o rococó fosse predominantemente francês, a veneziana Rosalba Carriera se tornou uma das artistas mais bem-sucedidas do movimento, trabalhando para patronos de prestígio em várias cidades da Europa. Derivado da palavra francesa rocaille, que significa “cascalho ou conchas”, o rococó surgiu inicialmente como um elegante estilo de decoração, antes de se estender à arquitetura e depois à pintura e à escultura, espalhando-se para além da França. Os pintores do rococó eram homens em sua maioria, como François Boucher (1703-1770), Jean-Antoine Watteau (1684-1721) e JeanHonoré Fragonard (1732-1806), mas entre as mulheres que adotaram o estilo durante ao menos uma parte de suas carreiras, estão – além de Carriera – Anna Dorothea Therbusch (1721-1782), Marie-Thérèse Reboul (1738-1806), Marguerite Gérard (1761-1837), Adélaïde Labille-Guiard (1749-1803), Anne Vallayer-Coster (17441818), Élisabeth Vigée-Lebrun (1755-1842) e Marie-Suzanne Giroust (1734-1772). A maioria delas ganhava a vida pintando delicados retratos em estilo rococó, embora Gérard seja mais conhecida por suas pinturas de gênero intimistas, mostrando cenas domésticas, e Vallayer-Coster, por suas naturezas-mortas.
FATOS RELEVANTES
Muito procurada por sua obra, Rosalba Carriera produziu sensíveis retratos rococó de monarcas europeus, incluindo as famílias reais da Polônia e da França. Ela também pintou o retrato de um dos mais respeitados pintores franceses do rococó, Jean-Antoine Watteau. Por seu talento, foi aceita nas academias de arte de Roma, Bolonha e Paris.
INDEPENDÊNCIA p. 176 SUSTENTO DA FAMÍLIA p. 177
ACADÉMIE ROYALE p. 180 VOCAÇÃO p. 182 PONTO DE VISTA
FEMININO p. 187 AUTORRETRATO p. 198 IDENTIDADE p. 199