O Cristo da Periferia

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O Cristo da Periferia – Então estava hospitalizado? – Não. Ele morreu antes de chegar ao hospital. – Só por curiosidade, como foi o acidente que ele sofreu? – Ele caiu na cela. Fraturou o crânio. – Ah... Coincidência, não? A mesma causa da morte do Cristo da periferia. – Quedas e fugas são normais. Você deve saber disso – o delegado começou a transpirar, afrouxando a gravata. – Os relatórios que li indicam que, nas últimas cinco delegacias pelas quais sua equipe passou, ocorreram mortes de detentos em situações suspeitas. – Isso acontece em qualquer delegacia! – respondeu, impaciente, quase gritando. – De fato, eu comparei as estatísticas e descobri que as incidências aumentam quando sua equipe passa pelos lugares. Vocês são recordistas em mortes de detentos por tentativa de fuga e quedas dentro de celas. – Você está me acusando, cara? O delegado levantou-se da cadeira e passou a gritar comigo, perguntando o que eu estava insinuando. Com a gritaria, agentes invadiram a sala e o seu chefe mandou que me tirassem da sua frente, antes que me prendesse por acusação sem provas. Eu e o cinegrafista fomos expulsos do lugar, quase aos empurrões, ante o olhar ameaçador de toda a delegacia. 221


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