Arquitetura hospitalar associada à cura: Centro de Tratamento de Queimados do HRO de Chapecó/SC

UNIDADE CENTRAL DE EDUCAÇÃO FAEM FACULDADE – UCEFF FACULDADE EMPRESARIAL DE CHAPECÓ – FAEM UCEFF FACULDADES ARQUITETURA E URBANISMO

JOÃO PAULO LUCCHETTA POMPERMAIER

ARQUITETURA HOSPITALAR ASSOCIADA À CURA: CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS DO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE DE CHAPECÓ/SC

CHAPECÓ (SC).

2019

Unidade Central de Educação Faem Faculdade – UCEFF Faculdade Empresarial de Chapecó – FAEM UCEFF Faculdades Curso de Arquitetura e Urbanismo Período: 9° Disciplina: Projeto Arquitetônico VIII – Pré-TCC Professores: Ma. Adriana Diniz Baldissera e Ma. Andriele da Silva Panosso

ARQUITETURA HOSPITALAR ASSOCIADA À CURA: CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS DO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE DE CHAPECÓ/SC

JOÃO PAULO LUCCHETTA POMPERMAIER

CHAPECÓ (SC).

2019

JOÃO PAULO LUCCHETTA POMPERMAIER

ARQUITETURA HOSPITALAR ASSOCIADA À CURA: CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS DO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE DE CHAPECÓ/SC

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Arquitetura como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade Empresarial de Chapecó, UCEFF.

Professor Orientador: Ma. Adriana Diniz Baldissera Professor Coorientador: Esp. Fabiano Estanislau Czarnobay

Chapecó (SC), dezembro de 2019.

ARQUITETURA HOSPITALAR ASSOCIADA À CURA: CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS DO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE DE CHAPECÓ/SC

JOÃO PAULO LUCCHETTA POMPERMAIER

Este trabalho de conclusão foi julgado adequado para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, e aprovado pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Unidade Central de Educação Faem Faculdade.

__________________________________ Profª Ma. Adriana Diniz Baldissera Coordenadora de Curso

Apresentado a Banca Examinadora integrada pelos membros:

__________________________________ Profª Ma. Adriana Diniz Baldissera Profº Orientador

__________________________________ Profº Esp. Fabiano Estanislau Czarnobay Membro interno da banca

__________________________________ Arquiteto e Urbanista Esp. Felipe Meneguzzo Membro externo da banca

Chapecó (SC), 11 de dezembro de 2019.

Dedico este trabalho a todos os profissionais da saúde que diariamente trabalham pela manutenção da vida cumprindo suas funções mesmo perante as adversidades da profissão.

AGRADECIMENTOS Este Trabalho de Conclusão de Curso é resultado de meses de pesquisa e de imediato gostaria de agradecer a todos que de alguma maneira contribuíram com este processo e consequentemente com meu crescimento pessoal e profissional.

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pelo dom da vida, por ter me dado forças e discernimento para superar as dificuldades e ter me guiado durante está caminhada que me proporcionou chegar até aqui.

Agradeço meus pais, em especial minha mãe, Juceli Inês Lucchetta, sem ela nada disso seria possível. Obrigado pelo amor, incentivo, força e paciência. Por terem me apoiado nas decisões da vida e estarem dispostos a me ajudar nos momentos necessários. Agradeço também minha família, pela compreensão nos momentos de ausência, pela paciência nos dias bons e ruins e por sempre acreditarem em mim. À minha orientadora, professora Ma. Adriana Diniz Baldissera, que com muita luz e uma energia incrível, aceitou o desafio de me orientar em um tema complexo, norteando da melhor maneira o desenvolvimento projetual e contribuindo com meu crescimento profissional.

Enquanto coordenadora de curso, obrigado por estar sempre presente para atender minhas necessidades e solicitações assim como de toda turma.

Ao meu coorientador, professor Esp. Fabiano Estanislau Czarnobay, por ter aceitado o convite, contribuindo enormemente com sua especialidade durante o desenvolvimento do projeto estando sempre disposto a ajudar.

Agradeço a todos os demais professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCEFF Faculdades que contribuíram com meu processo de formação profissional compartilhando seus conhecimentos e experiências. Gratidão àqueles que nos ensinaram muito mais que teorias, mas que nos prepararam também para a vida. Estendo também meus agradecimentos a esta instituição de ensino que acredita na evolução. Parabéns e obrigado direção e toda equipe institucional pelo trabalho realizado.

Aos arquitetos e urbanistas Thiago Bruno Scussiato Merlo e Vaneza Krombauer por terem aberto as portas de seus escritórios para que pudesse aprender e vivenciar o dia a dia profissional tendo contribuído significativamente com meu crescimento. Obrigado pela paciência, compreensão, folgas e ajuda com coisas que se estendiam além do escritório.

Agradeço meus amigos pelo incentivo, compreensão, ajuda e contribuição. Por estarem ao meu lado e por sempre acreditarem em mim. Aos colegas de faculdade pela parceria e

amizade formada ao longo do curso. Sem eles toda essa trajetória seria menos feliz e divertida.

Gratidão por cada momento vivenciado ao longo desses cinco anos de graduação.

Por fim, gostaria de agradecer ao Hospital Regional do Oeste e ao Hospital Unimed Chapecó que prontamente me receberam para as visitas técnicas em suas estruturas.

Muito obrigado!

“Aliados a um intencional exibicionismo tecnológico que faz parte da cultura do nosso tempo, foram gradualmente tornando os ambientes hospitalares excessivamente artificiais e desumanos e, pela influência depressiva que geralmente provocam no estado psicológico dos pacientes, passaram até a dificultar os próprios processos de cura”.

João Filgueiras Lima, Lelé

RESUMO Os Centros de Tratamento de Queimados espalhados pelo Brasil desempenham papel fundamental no tratamento das vítimas de queimaduras, dispondo de um maior nível de complexidade, condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos. No Oeste de Santa Catarina não existe um CTQ sendo que em casos de grandes queimados onde a transferência do paciente se faz necessária, o encaminhamento acontece para uma das unidades localizadas em distâncias consideráveis, questionando-se: Como melhorar a experiência do paciente queimado a fim de evitar grandes deslocamentos, transtornos e demora no atendimento? O objetivo geral da pesquisa é o desenvolvimento do anteprojeto de um Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste de Chapecó/SC que tenha por finalidade o atendimento público e privado, inserindo também um Centro de Estudos e Pesquisas voltado ao tratamento de pacientes queimados. Está pesquisa se justifica devido à predominância de pacientes grandes queimados atendidos pelo HRO com pouca taxa de transferência para os centros especializados já que o hospital não possui uma estrutura completa para atender especificamente casos de queimaduras. Verifica-se a existência de uma demanda local por atendimento especializado que poderia ser feito com mais agilidade e eficiência por meio de um CTQ localizado de forma geograficamente estratégica. A metodologia baseia na utilização do método indutivo com uma pesquisa de nível exploratório através da realização de pesquisas bibliográficas, levantamentos, estudos de campo e estudos de caso. Ao final desta pesquisa serão apresentados elementos que comprovem como a arquitetura hospitalar pode ser associada à cura de pacientes queimados.

Palavras-chave: Arquitetura hospitalar. Centro de Tratamento de Queimados. Humanização hospitalar.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – CTQ na região Sul do Brasil. ............................................................................... 19 Figura 2 – Grau de queimaduras: primeiro, segundo e terceiro grau, respectivamente. .......... 23 Figura 3 – Regra dos nove. ................................................................................................... 26 Figura 4 – Comunicação visual. (A) MIX 422 e (B) UNE 862. ............................................ 51 Figura 5 – Comunicação visual. (A) Módulo Bruxelas e (B) Escola Fundação Bradesco. ..... 51 Figura 6 – Comunicação visual. (A) CABERGS e (B) Unimed Shopping Total. .................. 52 Figura 7 – Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Kubitschek de Salvador. ........................ 55 Figura 8 – Localização e vista aérea do Hospital Sarah Salvador. ......................................... 57 Figura 9 – (A) e (B) Painéis do artista plástico Athos Bulcão. .............................................. 58 Figura 10 – Sistema de ventilação. ....................................................................................... 58 Figura 11 – (A) e (B) Integração do espaço interno e externo. .............................................. 59 Figura 12 – Marcação de acessos. ........................................................................................ 60 Figura 13 – Setorização do corte. ......................................................................................... 60 Figura 14 – Setorização do nível semienterrado.................................................................... 61 Figura 15 – Setorização do pavimento térreo. ....................................................................... 61 Figura 16 – (A) e (B) Entrada de iluminação natural pelas fachadas. .................................... 62 Figura 17 – Entrada de iluminação natural no corte. ............................................................. 63 Figura 18 – Entrada de iluminação natural pela cobertura. .................................................... 63 Figura 19 – Definição de massas em planta. ......................................................................... 64 Figura 20 – Definição de massas na fachada norte. ............................................................... 64 Figura 21 – Definição de massas na fachada oeste. ............................................................... 64 Figura 22 – Circulação e espaço-uso. ................................................................................... 65 Figura 23 – Unidade e conjunto............................................................................................ 66 Figura 24 – Repetitivo e singular em planta.......................................................................... 66 Figura 25 – Repetitivo e singular em fachada. ...................................................................... 67 Figura 26 – Elementos repetitivos e singulares na cobertura. ................................................ 67 Figura 27 – Simetria e equilíbrio em planta. ......................................................................... 68 Figura 28 – Equilíbrio em fachada. ...................................................................................... 68 Figura 29 – Adição............................................................................................................... 68 Figura 30 – Hierarquia. ........................................................................................................ 69 Figura 31 – Hierarquia. ........................................................................................................ 69 Figura 32 – Hospital do Rocio de Campo Largo. .................................................................. 71

Figura 33 – Localização e vista aérea do Hospital do Rocio. ................................................ 72 Figura 34 – Integração do espaço interno e externo. ............................................................. 73 Figura 35 – (A) e (B) Lajes jardins. ...................................................................................... 74 Figura 36 – Marcação de acessos na implantação. ................................................................ 75 Figura 37 – Marcação de acesso no pavimento térreo. .......................................................... 75 Figura 38 – Setorização do corte. ......................................................................................... 76 Figura 39 – Setorização do pavimento térreo. ....................................................................... 76 Figura 40 – Setorização do segundo pavimento. ................................................................... 77 Figura 41 – Setorização do terceiro pavimento. .................................................................... 78 Figura 42 – (A) e (B) Entrada de iluminação natural pelas fachadas. .................................... 79 Figura 43 – Entrada de luz natural no corte. ......................................................................... 79 Figura 44 – (A) e (B) Entrada de iluminação natural pelas lajes jardins. ............................... 79 Figura 45 – Entrada de luz natural pela cobertura. ................................................................ 80 Figura 46 – Definição de massas em planta. ......................................................................... 80 Figura 47 – Definição de massas em fachada. ...................................................................... 81 Figura 48 – Circulação e espaço-uso. ................................................................................... 81 Figura 49 – Unidade e conjunto na fachada. ......................................................................... 82 Figura 50 – Unidade e conjunto na fachada. ......................................................................... 82 Figura 51 – Unidade e conjunto na planta............................................................................. 83 Figura 52 – Repetitivo e singular em fachada. ...................................................................... 83 Figura 53 – Singularidade na fachada. .................................................................................. 84 Figura 54 – Repetitivo e singular em planta.......................................................................... 84 Figura 55 – Simetria e equilíbrio em planta. ......................................................................... 85 Figura 56 – Equilíbrio em fachada. ...................................................................................... 85 Figura 57 – Adição e subtração. ........................................................................................... 86 Figura 58 – Subtração na fachada. ........................................................................................ 86 Figura 59 – Hierarquia. ........................................................................................................ 87 Figura 60 – Hierarquia. ........................................................................................................ 87 Figura 61 – Mapa de inserção urbana. .................................................................................. 92 Figura 62 – Conexões de Chapecó com municípios regionais e interestaduais. ..................... 93 Figura 63 – Principais EAS de Chapecó. .............................................................................. 94 Figura 64 – Mapa de localização da área de estudo e da área de intervenção. ....................... 95 Figura 65 – Mapa da área de estudo. .................................................................................... 96 Figura 66 – Mapa do zoneamento urbanístico....................................................................... 97

Figura 67 – Mapa do sistema viário. ..................................................................................... 98 Figura 68 – Mapa de densidade (figura/fundo). .................................................................... 99 Figura 69 – Mapa de uso e ocupação do solo. ..................................................................... 100 Figura 70 – Mapa de gabarito. ............................................................................................ 101 Figura 71 – Mapa de infraestrutura urbana. ........................................................................ 102 Figura 72 – Mapa de condicionantes físicas. ...................................................................... 103 Figura 73 – Perfil topográfico (Corte AA). ......................................................................... 103 Figura 74 – Perfil topográfico (Corte BB). ......................................................................... 103 Figura 75 – Mapa técnico. .................................................................................................. 104 Figura 76 – Mapa de eixos visuais. ..................................................................................... 105 Figura 77 – Eixo visual 1. .................................................................................................. 105 Figura 78 – Eixo visual 2. .................................................................................................. 106 Figura 79 – Eixo visual 3. .................................................................................................. 106 Figura 80 – Eixo visual 4. .................................................................................................. 107 Figura 81 – Eixo visual 5. .................................................................................................. 107 Figura 82 – Eixo visual 6. .................................................................................................. 107 Figura 83 – Eixo visual 7. .................................................................................................. 108 Figura 84 – Prevalência de pacientes atendidos no HRO por sexo (2011 a 2015). ............... 109 Figura 85 – Prevalência de pacientes atendidos no HRO por faixa etária (2011 a 2015)...... 109 Figura 86 – Estrutura dos CTQ da região Sul do Brasil. ..................................................... 111 Figura 87 – Organograma/Fluxograma por setores. ............................................................ 120 Figura 88 – Organograma/Fluxograma geral. ..................................................................... 121 Figura 89 – Mapa de conexões de Chapecó com municípios regionais e interestaduais....... 122 Figura 90 – Relações urbanas. ............................................................................................ 123 Figura 91 – Estudo de manchas das relações com o entorno. .............................................. 124 Figura 92 – Definição de acessos. ...................................................................................... 125 Figura 93 – Relação de acessos entre CTQ e HRO. ............................................................ 126 Figura 94 – Conexões e espaços verdes. ............................................................................. 127 Figura 95 – Estudo de manchas / Zoneamento. ................................................................... 128 Figura 96 – Fachada leste (Rua Montevidéu)...................................................................... 130 Figura 97 – Fachada oeste (Rua São Francisco).................................................................. 130

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Índices e parâmetros urbanísticos da área de intervenção. ................................... 97 Tabela 2 – Cálculos para dimensionamento da edificação no terreno. ................................... 97 Tabela 3 – Setor de atendimento ambulatorial e atendimento imediato. .............................. 111 Tabela 4 – Setor de apoio ao diagnóstico e terapia.............................................................. 112 Tabela 5 – Setor do centro cirúrgico. .................................................................................. 113 Tabela 6 – Setor da Unidade de Terapia de Queimados (UTQ). .......................................... 114 Tabela 7 – Setor de internação. .......................................................................................... 115 Tabela 8 – Setor administrativo. ......................................................................................... 116 Tabela 9 – Setor de ensino e pesquisa................................................................................. 116 Tabela 10 – Setor de apoio técnico e logístico. ................................................................... 117 Tabela 11 – Setor de estacionamento.................................................................................. 118 Tabela 12 – Setor de infraestrutura predial. ........................................................................ 118 Tabela 13 – Pré-dimensionamento geral por setor. ............................................................. 119

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT

Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACIC

Associação Comercial e Industrial de Chapecó

AMB

Associação Médica Brasileira

ANVISA

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CBMSC

Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina

CFM

Conselho Federal de Medicina

CME

Central de Material Esterilizado

CNEN

Comissão Nacional de Energia Nuclear

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CTQ

Centro de Tratamento de Queimados

DML

Depósito de Material de Limpeza

EAS

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde

HRO

Hospital Regional do Oeste

IOT

Internet das Coisas

NBR

Norma Técnica

PCD

Pessoa Com Deficiência

PDC

Plano Diretor de Chapecó

PGRSS

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

PNCTIS

Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde

PNH

Política Nacional de Humanização

RDC

Resolução da Diretoria Colegiada

RSS

Resíduos de Serviços de Saúde

SAMU

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SBCC

Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação

SEDUR

Secretaria de Desenvolvimento Urbano

SIH/SUS

Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde

SUS

Sistema Único de Saúde

TIC

Tecnologia da Informação e Comunicação

UFDSS

Unidade Funcional de Desenvolvimento de Serviços de Saúde

UTI

Unidade de Terapia Intensiva

UTQ

Unidade de Terapia de Queimados

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Classificação dos RSS. ...................................................................................... 40 Quadro 2 – Etapas de manejo dos RSS. ................................................................................ 41 Quadro 3 – Cor de identificação de gases medicinais e vácuo clínico. .................................. 50 Quadro 4 – Divisões do sistema de sinalização. .................................................................... 51

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14 1.1 TEMA DE PESQUISA .................................................................................................. 15 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................ 15 1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 16 1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 16 1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 16 1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 21 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO............................................................ 21 2.1.1 Queimaduras e suas especificidades ......................................................................... 21 2.1.1.1 Grau de queimaduras ................................................................................................ 22 2.1.1.2 Diagnóstico e extensão da área queimada ................................................................. 24 2.1.1.3 Critérios de internação .............................................................................................. 26 2.1.1.4 Formas de tratamento ............................................................................................... 27 2.1.2 Humanização hospitalar ........................................................................................... 28 2.1.2.1 Humanização hospitalar no tratamento de pacientes queimados ................................ 32 2.2 CENTROS DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS ..................................................... 33 2.3 CENTROS DE ESTUDOS E PESQUISAS .................................................................... 35 2.4 HOSPITAL REGIONAL DO OESTE ............................................................................ 36 2.5 ASPECTOS NORMATIVOS ......................................................................................... 37 2.5.1 Ministério da Saúde – Portaria nº 1.273/2000 .......................................................... 37 2.5.2 ANVISA – RDC nº 50/2002 ....................................................................................... 39 2.5.3 ANVISA – RDC nº 306/2004 ..................................................................................... 40 2.5.4 ABNT – NBR 9050/2015............................................................................................ 42 2.5.5 Plano Diretor de Chapecó – Lei Complementar nº 541/2014 .................................. 43 2.5.6 Código de Obras de Chapecó – Lei Complementar nº 546/2014 ............................. 44 2.5.7 CBMSC – Instrução Normativa 009/2014 ................................................................ 44 2.6 ASPECTOS TÉCNICOS................................................................................................ 44 2.6.1 Flexibilidade .............................................................................................................. 45 2.6.2 Conforto térmico ....................................................................................................... 46 2.6.3 Sistema de climatização............................................................................................. 47 2.6.4 Gases medicinais (oxigênio, ar comprimido e óxido nitroso) e vácuo clínico .......... 49

2.6.5 Comunicação visual ................................................................................................... 50 2.6.6 Edifícios inteligentes e o hospital do futuro .............................................................. 53 2.7 ESTUDOS DE CASO .................................................................................................... 54 2.7.1 Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Kubitschek de Salvador .......................... 55 2.7.1.1 Ficha técnica ............................................................................................................ 55 2.7.1.2 O arquiteto ............................................................................................................... 56 2.7.1.3 Localização e implantação ........................................................................................ 56 2.7.1.4 Descrição ................................................................................................................. 57 2.7.1.5 Partido ...................................................................................................................... 59 2.7.1.6 Setorização e definição dos espaços .......................................................................... 59 2.7.1.7 Estrutura................................................................................................................... 62 2.7.1.8 Iluminação natural .................................................................................................... 62 2.7.1.9 Estudo de massa ....................................................................................................... 63 2.7.1.10 Circulação e espaço-uso ......................................................................................... 65 2.7.1.11 Unidade e conjunto ................................................................................................. 65 2.7.1.12 Repetitivo e singular ............................................................................................... 66 2.7.1.13 Simetria e equilíbrio ............................................................................................... 67 2.7.1.14 Adição e subtração ................................................................................................. 68 2.7.1.15 Hierarquia .............................................................................................................. 69 2.7.1.16 Análise crítica......................................................................................................... 70 2.7.2 Hospital do Rocio de Campo Largo .......................................................................... 70 2.7.2.1 Ficha técnica ............................................................................................................ 71 2.7.2.2 O arquiteto ............................................................................................................... 71 2.7.2.3 Localização e implantação ........................................................................................ 72 2.7.2.4 Descrição ................................................................................................................. 73 2.7.2.5 Partido ...................................................................................................................... 74 2.7.2.6 Setorização e definição dos espaços .......................................................................... 74 2.7.2.7 Iluminação natural .................................................................................................... 78 2.7.2.8 Estudo de massa ....................................................................................................... 80 2.7.2.9 Circulação e espaço-uso ........................................................................................... 81 2.7.2.10 Unidade e conjunto ................................................................................................. 82 2.7.2.11 Repetitivo e singular ............................................................................................... 83 2.7.2.12 Simetria e equilíbrio ............................................................................................... 85 2.7.2.13 Adição e subtração ................................................................................................. 86

2.7.2.14 Hierarquia .............................................................................................................. 87 2.7.2.15 Análise crítica......................................................................................................... 87 3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 89 4 RESULTADOS DA PESQUISA ..................................................................................... 91 4.1 DIRETRIZES DE PROJETO ......................................................................................... 91 4.1.1 Apresentação e histórico da área .............................................................................. 91 4.2.1 Análise urbana........................................................................................................... 95 4.2.1.1 Inserção urbana ........................................................................................................ 96 4.2.1.2 Condicionantes legais ............................................................................................... 96 4.2.1.3 Sistema viário ........................................................................................................... 98 4.2.1.4 Densidade................................................................................................................. 99 4.2.1.5 Uso e ocupação do solo ............................................................................................ 99 4.2.1.6 Gabarito ................................................................................................................. 100 4.2.1.7 Infraestrutura urbana .............................................................................................. 101 4.2.1.8 Condicionantes físicas ............................................................................................ 102 4.3.1 Perfil e demanda (público alvo) .............................................................................. 108 4.4.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................................... 110 4.5.1 Organograma/Fluxograma ..................................................................................... 119 4.6.1 Estudo de manchas .................................................................................................. 122 4.7.1 Conceito ................................................................................................................... 128 4.8.1 Partido e memorial justificativo ............................................................................. 129 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 131 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 133 APÊNDICES .................................................................................................................... 139 PROJETO ARQUITETÔNICO E/OU URBANÍSTICO ..................................................... 139

14 1 INTRODUÇÃO

As queimaduras são lesões traumáticas causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos, radioativos ou biológicos, que podem atingir desde a pele até tecidos mais profundos, como ossos e órgãos, sendo considerado um significativo agravante à saúde pública do país gerando efeitos psicológicos, sociais e econômicos sobre as vítimas. Possuem um altíssimo índice de mortalidade já que o paciente queimado é mais suscetível a infecções, sendo as feridas o local ideal para a instauração das mesmas, já que a pele é fundamental para a defesa do organismo frente à entrada de germes e bactérias. Complicações infecciosas continuam sendo um obstáculo a ser superado mesmo com os grandes avanços da saúde no tratamento de pacientes queimados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

Os Centros de Tratamento de Queimados (CTQ) espalhados pelo Brasil desempenham papel fundamental no tratamento das vítimas de queimaduras, dispondo de um maior nível de complexidade, condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). Internação, cirurgia, fisioterapia, acompanhamento psicológico e até mesmo social são alguns dos serviços desempenhados por esses centros que visam melhorar a qualidade de vida do paciente após o trauma.

Considerando que o Hospital Regional do Oeste (HRO) de Chapecó/SC não possui CTQ sendo que em casos de grandes queimados onde a transferência do paciente se faz necessária, o encaminhamento acontece para uma das unidades localizadas em distâncias consideráveis, questionando-se: Como melhorar a experiência do paciente queimado a fim de evitar grandes deslocamentos, transtornos e demora no atendimento?

Com isso, surge o objetivo geral da pesquisa que se refere ao desenvolvimento do anteprojeto de um Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste de Chapecó/SC que tenha por finalidade o atendimento público e privado, inserindo também um Centro de Estudos e Pesquisas voltado ao tratamento de pacientes queimados. Os objetivos específicos envolvem a compreensão dos aspectos conceituais, normativos e técnicos além da realização de estudos de caso; análise para inserção urbana do projeto e; definição de conceito e partido para a proposta.

Está pesquisa se justifica devido à grande incidência de casos de queimaduras tanto na população brasileira como na população mundial. Destaca-se também a predominância de pacientes grandes queimados atendidos pelo HRO com pouca taxa de transferência para os centros especializados já que o hospital não possui uma estrutura completa para atender

15 especificamente casos de queimaduras. Verifica-se a existência de uma demanda local por atendimento especializado que poderia ser feito com mais agilidade e eficiência por meio de um CTQ localização de forma geograficamente estratégica. A partir disso, é fundamentada a importância da instalação de um CTQ em Chapecó, já que a cidade é um importante ponto de acesso a serviços de saúde.

A metodologia baseia na utilização do método indutivo com uma pesquisa de nível exploratório através da realização de pesquisas bibliográficas, por meio de livros, revistas, sites de órgãos governamentais e legislações para dar embasamento teórico ao projeto; levantamentos com coleta de dados junto aos Centros de Tratamento de Queimados da região sul do Brasil; estudos de campo, mediante visitas técnicas no Hospital Regional do Oeste e no Hospital Unimed, ambos na cidade de Chapecó com realização de entrevistas informais com o corpo clínico e; estudos de caso desenvolvidos por meio da abordagem do livro Arquitectura: temas de composición de Clark e Pause (1997).

A pesquisa está dívida em 5 capítulos, precedido pela introdução com uma breve apresentação do tema; seguido pela fundamentação teórica que abrange toda a pesquisa bibliográfica e estudos de caso proporcionando o aprofundamento no projeto a ser desenvolvido; metodologia onde se apresenta os métodos utilizados para a elaboração da pesquisa; resultados englobando as diretrizes de projeto. Por fim, estão as considerações finais com as conclusões obtidas por meio do estudo.

1.1 TEMA DE PESQUISA

O tema desta pesquisa é o anteprojeto de um Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste de Chapecó/SC com aplicação dos conceitos de humanização hospitalar para atender com maior qualidade, agilidade e eficiência os casos oriundos dos municípios do oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná.

Além disso, o espaço contará com um Centro de Estudos e Pesquisas voltado ao tratamento de pacientes queimados.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Chapecó, devido a sua posição geograficamente estratégica se tornou um importante ponto de acesso a serviços de saúde do oeste do Estado de Santa Catarina. O Hospital Regional

16 do Oeste (HRO) desempenha um papel significativo no atendimento público sendo que seus tratamentos de alta complexidade estão entre os mais procurados.

Tendo isso em vista e com ciência na grande quantidade de áreas que compõem a alta complexidade, faz-se necessário em certos casos encaminhar o paciente para outras cidades e até mesmo para fora do Estado, a fim de ter acesso a tratamentos específicos que são inexistentes na região como é o caso da assistência aos pacientes portadores de queimaduras, tema central desta pesquisa.

Nota-se que em casos de maior gravidade onde a transferência do paciente para um Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) se faz necessária, o encaminhamento acontece para uma das unidades localizadas em Lages (331 km)1, Joinville (512 km) ou Florianópolis (556 km) gerando custos elevados e transtornos ao paciente, familiares e profissionais envolvidos.

Com isso, questiona-se: Como melhorar a experiência do paciente queimado a fim de evitar grandes deslocamentos, transtornos e demora no atendimento?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Desenvolver o anteprojeto de um Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste de Chapecó/SC que tenha por finalidade o atendimento público e privado, inserindo também um Centro de Estudos e Pesquisas voltado ao tratamento de pacientes queimados.

1.3.2 Objetivos específicos 

Compreender os aspectos conceituais do tema e do usuário com foco no grau de queimaduras e formas de tratamento além da humanização hospitalar e sua aplicabilidade no tratamento de pacientes queimados;



Conhecer a estrutura existente e os serviços prestados pelo Hospital Regional do Oeste visando a conexão com a proposta;



Estudar aspectos normativos relacionados ao desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS);

1

Distâncias com base na cidade de Chapecó/SC.

17 

Buscar soluções arquitetônicas que sirvam de apoio para o desenvolvimento da proposta com direcionamento para os aspectos técnicos envolvendo EAS;



Realizar estudos de caso relacionados ao tema como referências para o anteprojeto;



Desenvolver análise urbana para inserção do projeto;



Definir conceito e partido para a proposta.

1.4 JUSTIFICATIVA

As queimaduras são responsáveis no mundo pela morte de mais de 300 mil pessoas a cada ano. Outros milhares ficam deficientes ou desfiguradas devido a ação das queimaduras que geram efeitos psicológicos, sociais e econômicos sobre os sobreviventes e familiares (MOLNAR; SWART, 2009).

Segundo dados do Ministério da Saúde (2017), estima-se que anualmente no Brasil acontecem mais de 1 milhão de incidentes. Desse total, apenas 100 mil pacientes buscam atendimento hospitalar e destes, cerca de 2500 vem a óbito de forma direta ou indiretamente em função de suas lesões. Ainda segundo o Ministério, as maiores vítimas são crianças e pessoas de baixa renda. Idosos representam apenas 10% dos casos, porém são os que possuem a maior taxa de mortalidade.

Um estudo realizado no Estado de Santa Catarina identificou por meio de dados oriundos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) as internações ocorridas no período de 1998 a 2012 de pacientes vítimas de queimaduras ou corrosões, onde foi constatado um total de 12.857 internações registradas nos hospitais públicos do Estado (GERVASI; TIBOLA; SCHNEIDER, 2014). Não foram apresentados dados de mortalidade.

São números alarmantes que apontam a grande incidência de casos de queimaduras tanto na população brasileira como na população mundial. Organizações nacionais e internacionais reforçam a importância do cuidado frente a esse tipo de acidente ressaltando que o melhor tratamento é a prevenção.

Outro estudo sobre a prevalência de pacientes queimados atendidos no Hospital Regional do Oeste (HRO) de Chapecó/SC feito por Tognet e Almeida (2016) analisou os prontuários médicos de pacientes vítimas de queimaduras no período de 01 de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2015. Este estudo contribui significativamente para o entendimento sobre os atendimentos realizados no HRO, resultando em síntese, nos dados apresentados abaixo:

18 

70,9% dos casos são do sexo masculino;



64,6% são da faixa etária de 0 a 18 anos de idade;



Líquidos aquecidos são responsáveis por 49,8% dos incidentes;



63,3% dos pacientes ficaram hospitalizados por um período inferior a 07 dias, 27,8% permaneceram entre 7 a 15 dias e 6,3% por um período de 16 a 30 dias ou mais;



A frequência de pacientes que vieram a óbito foi de 7,6%;



44,30% dos pacientes apresentaram queimaduras de 2º grau profundo, 39,24% queimaduras de 3º grau, 15,19% queimaduras de 2º grau superficial e 1,27% queimaduras de 1º grau;



11,4% dos pacientes queimados foram transferidos para centros especializados em tratamento de queimados.

Os dados apontam a predominância de pacientes grandes queimados com pouca taxa de

transferência para os centros especializados. “Atualmente, não existe um protocolo específico de atendimento para vítimas de queimaduras no HRO. Os pacientes grandes queimados deveriam ser transferidos após o atendimento inicial e estabilização, para uma assistência adequada” (TOGNET; ALMEIDA, 2016). Isso é um fator extremamente preocupante já que o hospital não possui uma estrutura completa para atender especificamente casos de queimaduras o que faz com que o tratamento não seja adequado e eficiente quanto o realizado em um CTQ. Na Figura 1 realizou-se um levantamento dos Centros de Tratamento de Queimados existentes na região sul do país. No Paraná os CTQ estão nas cidades de Curitiba (Hospital Universitário Evangélico de Curitiba), Londrina (Hospital Universitário de Londrina) e Cascavel (Hospital Universitário de Cascavel – Em fase de implantação). Em Santa Catarina: Florianópolis (Hospital Infantil Joana de Gusmão), Joinville (Hospital Municipal São José) e Lages (Hospital Tereza Ramos). Já no Rio Grande do Sul estão em Rio Grande (A.C. Santa Casa do Rio Grande) e duas unidades em Porto Alegre (Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre e Hospital Cristo Redentor). Nos casos de transferências realizadas pelo HRO, verificase que o encaminhamento acontece para uma das unidades localizadas no Estado de Santa Catarina sendo Lages a mais próxima, distante cerca de 330 km de Chapecó.

Observa-se demarcado na figura uma macrorregião que compreende o oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná desassistida quanto ao acesso a assistência de alta complexidade aos pacientes portadores de queimaduras. Verifica-se a existência de uma demanda local por atendimento especializado que poderia ser feito com mais agilidade e eficiência por meio de um CTQ localizado de forma geograficamente estratégica

19 garantindo um atendimento digno, de qualidade e contribuindo para o desenvolvimento da saúde no sul do país.

A partir disso se justifica a importância da instalação de um CTQ em Chapecó, já que a cidade é um importante ponto de referência de acesso a serviços de saúde. Tendo em vista que um CTQ não se mantém de maneira isolada, o mesmo necessita estar vinculado ao HRO para que seja garantido o atendimento público por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também privado através de convênios particulares.

Figura 1 – CTQ na região Sul do Brasil.

Fonte: Autor, 2019.

“Queimaduras também estão entre as lesões traumáticas de maior custo, devido à longa hospitalização e reabilitação, cujo tratamento da ferida e da cicatriz são realizados por meio de

20 procedimentos bastante onerosos” (PATIL et al., 2010 apud GERVASI; TIBOLA; SCHNEIDER, 2014).

Com ciência nos problemas enfrentados pelos hospitais públicos do país para manter as atuais estruturas e devido ao alto custo para manter um CTQ, observou-se a partir de uma breve análise que a implantação de um Centro de Estudos e Pesquisas voltado ao tratamento de pacientes queimados e mantido pelas instituições de ensino superior ofertantes de cursos de graduação e pós-graduação em medicina e enfermagem que já usufruem do HRO para realização de estágios, internatos, residências médicas e afins, será útil para contribuir com a manutenção da nova estrutura com recursos provenientes da saúde e também da educação. Este Centro de Estudos e Pesquisas terá papel fundamental na descoberta de novas formas de tratamento que podem revolucionar a medicina e o tratamento de queimaduras além de ser um importante vetor para garantir a vivacidade da unidade hospitalar.

A escolha deste tema vem ao encontro de todos os fatores apresentados e também motivada por um desejo do acadêmico de aprofundar seus estudos na área da arquitetura hospitalar fundamental para garantir a qualidade da saúde no país.

21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo será abordado todo o referencial que dará embasamento teórico a pesquisa. Os temas serão apresentados de forma ordenada abordando aspectos conceituais, normativos e técnicos que devem ser compreendidos para o desenvolvimento do anteprojeto.

Logo em seguida estão os estudos de caso desenvolvidos por meio da abordagem do livro Arquitectura: temas de composición de Clark e Pause (1987) que possibilitam a análise de projetos referenciais acerca do tema estudado.

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO

O correto desenvolvimento de projetos para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) envolve a definição do programa de necessidades juntamente com a equipe multiprofissional que irá atuar na unidade. Entender a dinâmica hospitalar por meio da visão dos profissionais é de fundamental importância para que o projeto de arquitetura após executado atenda às necessidades de funcionalidade.

Compreender os aspectos conceituais do tema e do usuário como grau de queimaduras e formas de tratamento é igualmente importante. Além disso, novos conceitos são inseridos dia a dia no mercado, como a humanização hospitalar. Adotar soluções urbanísticas, arquitetônicas, paisagísticas e de interiores que contribuam para o processo de cura é essencialmente importante tratando-se de pacientes queimados.

2.1.1 Queimaduras e suas especificidades

As queimaduras representam um problema de grande relevância na saúde, tendo em vista os números alarmantes que apontam a grande incidência de casos tanto na população brasileira como na população mundial acometendo pessoas de todas as idades e todos os níveis sociais. “Os acidentes por queimaduras constituem o maior trauma ao qual um ser humano pode ser exposto. Nenhum outro tipo de trauma desencadeia uma resposta metabólica tão intensa e com tantas repercussões em praticamente todos os órgãos e sistemas” (JÚNIOR et al., 2008).

Queimaduras, segundo Júnior e Serra (2006, p. 37) [...] são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do corpo

22 humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos.

A pele é responsável por cobrir a superfície corporal sendo considerado o maior órgão do corpo humano e frequentemente o mais afetado pelas queimaduras. Desempenha papel importante no controle da perda de água, proteção do corpo contra atritos e na manutenção geral do mesmo. “A pele forma uma barreira protetora contra a atuação de agentes físicos, químicos ou bacterianos sobre os tecidos mais profundos do organismo. Além disso, é composta por camadas que detectam as diferentes sensações corporais, como o sentido do tato, a temperatura e a dor” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012, p. 6).

Conforme apontado por Ramos (2017, p. 5),

A queimadura vai além de uma lesão comum, pois representa diversos problemas, dentre eles: médico, pois em caso de grandes queimados a lesão atinge diversas camadas da pele atingindo órgãos, artérias e torna o quadro clinico do paciente extremamente delicado; social, pois a queimadura deixa cicatrizes físicas e psicológicas, o trauma e as constantes internações para cirurgias reparadoras farão parte da nova rotina do paciente; econômico, por conta do comprometimento de diversas áreas do corpo, pacientes queimados necessitam de diversos tratamentos como enxertos, uma infinidade de cirurgias plásticas, próteses, e até reconstrução de membros, procedimentos esses muitas vezes de custo elevado; estético, a pele lesionada jamais voltará a ser como antes, o queimado terá que conviver, pelo menos por certo tempo com a falta de estética em uma sociedade que tanto a valoriza.

A vítima de queimadura apresenta de acordo com Júnior et al. (2008, p. 316)

[...] um quadro de vulnerabilidade extrema, com dores físicas e emocionais; medo e ansiedades com relação ao risco de morte iminente; sequelas físicas com diminuição da auto-estima, pela deformação da imagem corporal; interrupção da vida produtiva; fragilidade nos vínculos familiares pela dificuldade no acompanhamento e apoio da família, no período de internações de longa permanência; resistência na adesão ao tratamento, em sua maioria, doloroso e invasivo.

Com isso, as necessidades sociais dessas vítimas se estendem após a alta uma vez que são necessários procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos após o período de internação. Neste sentido, o serviço social na equipe multiprofissional atua no CTQ mediando as relações sociais entre usuário, família e equipe de saúde (JÚNIOR et al., 2008, p. 317).

2.1.1.1 Grau de queimaduras

23 A Figura 2 representa de forma esquemática os três graus de queimaduras que são classificadas de acordo com a profundidade da lesão conforme apontado por Gomes, Serra e Pellon (1997) e corroborado por diversos outros autores: Figura 2 – Grau de queimaduras: primeiro, segundo e terceiro grau, respectivamente.

Fonte: Farmácias Portuguesas2, 2019.



Lesão de primeiro grau: é aquela que atinge a camada mais externa da pele (epiderme) não provocando alterações hemodinâmicas ou clínicas significativas além de não apresentar bolhas. A cura acontece naturalmente em aproximadamente 5 a 7 dias.



Lesão de segundo grau: é aquela que atinge tanto a epiderme como a derme (poupando uma parte desta). Quando a derme for acometida parcialmente, significa que este tecido terá condições de se recuperar, mesmo que muitas vezes o resultado estético não seja satisfatório. Se o acometimento for total, já será considerada uma lesão de terceiro grau.

As lesões de segundo grau são extremamente dolorosas porque ocorre exposição das raízes nervosas. Reconhecer uma lesão de segundo grau é mais simples devido à presença marcante de bolhas. O processo de restauração total da pele ocorre entre 14 e 21 dias.



Lesão de terceiro grau: é aquela que acomete todas as camadas da pele (epiderme e derme) e até outros tecidos (celular subcutâneo, muscular e ósseo). Apresenta um aspecto esbranquiçado ou marmóreo com redução da elasticidade tecidual, tornando-se

2

Disponível em: <https://www.farmaciasportuguesas.pt/menu-principal/familia/os-tres-graus-dasqueimaduras.html>. Acesso em: 24 jul. 2019.

24 rígida. É a menos dolorosa, porém a mais grave das lesões, não restando tecido cutâneo capaz de se regenerar sendo necessária a realização de procedimentos de enxertia para reparação resultando em um longo processo que pode demorar mais de um ano e causar gravíssimas deformações.

2.1.1.2 Diagnóstico e extensão da área queimada

O diagnóstico é a definição inicial feita para identificar o grau de queimaduras sendo influenciado diretamente por dois fatores: profundidade da lesão e extensão de superfície corporal queimada. Entretanto, fazer esta avaliação corretamente não é tão simples como parece, até mesmo para os médicos mais experientes. Em alguns tipos de queimaduras, como elétricas, por exemplo, existe certa dificuldade em classificar seu tipo sendo necessário esperar entre dois e três dias para que a lesão se defina melhor (JÚNIOR; SERRA, 2006).

A dificuldade em se definir o grau da lesão está na diferenciação entre a queimadura de segundo grau profunda e a de terceiro grau. Uma infecção ou uma grave instabilidade hemodinâmica podem fazer com que a queimadura evolua em profundidade fazendo com que uma lesão de segundo grau superficial evolua para uma de segundo grau profunda ou de terceiro grau. Por este motivo é necessário reavaliar o paciente decorridos dois a três dias (GOMES; SERRA; PELLON, 1997).

Em 2002, a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina publicaram o projeto de diretrizes elaborado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que “tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico” (AMB; CFM, 2002, p. 1).

Neste projeto de diretrizes são definidos os termos pequeno, médio e grande queimado determinados a partir da extenção da área corporal queimada, conforme apresentado abaixo (AMB; CFM, 2002): 

Pequeno queimado: é considerado o paciente com queimaduras de primeiro grau em qualquer extensão e/ou queimaduras de segundo grau com área corporal atingida até 5% em crianças menores de 12 anos e 10% em maiores de 12 anos.



Médio queimado: é considerado o paciente com queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre 5% a 15% em menores de 12 anos e 10% e 20% em maiores de 12 anos; queimaduras de terceiro grau com até 10% da área corporal atingida em adultos e menores que 5% nos menores de 12 anos quando não envolver face, mão, períneo ou

25 pé ou; qualquer queimadura de segundo grau envolvendo mão, pé, face, pescoço ou axila em qualquer idade. 

Grande queimado: é considerado o paciente com queimaduras de segundo grau com área corporal atingida maior do que 15% em menores de 12 anos ou maior de 20% em maiores de 12 anos; queimaduras de terceiro grau com mais de 10% da área corporal atingida no adulto e maior que 5% nos menores de 12 anos; queimaduras de períneo; queimaduras por corrente elétrica; queimaduras de mão, pé, face, pescoço ou axila que tenha terceiro grau. Igualmente será considerado grande queimado o paciente que for vítima de queimadura de qualquer extensão que tenha associada um ou mais das seguintes situações: lesão inalatória, politrauma, trauma craniano, choque de qualquer origem, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, diabetes, distúrbios da coagulação hemostasia, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio, quadros infecciosos graves

decorrentes ou não

da queimadura,

síndrome

compartimental, doenças consumptivas ou qualquer outra afecção que possa ser fator de complicação à queimadura.

Dois métodos podem ser usados para determinar a extensão da área queimada sendo eles: regra dos nove e esquema de Lund-Browder. O primeiro (Figura 3), de acordo com Júnior e Serra (2006) é o mais rápido, prático e de fácil memorização, porém, não é o mais preciso devendo ser usado apenas no pronto atendimento como uma primeira determinação da extensão da área queimada.

Este método consiste na divisão do corpo em múltiplos de nove. A cabeça vale nove, cada membro superior vale nove, o tórax anterior vale 18% e o posterior outros 19%, cada membro inferior vale 18% e o períneo vale 1%. A “regra dos nove” não deve ser aplicada em crianças por elas apresentarem superfícies corporais parciais diferentes das dos adultos, principalmente naquelas abaixo de quatro anos. Porém, podemos e devemos utilizar a “regra dos nove” modificada para crianças, que também é bastante prática e de fácil memorização. Podemos subtrair 1% da cabeça para cada ano acima de um ano de idade. Considera-se a superfície corporal da criança semelhante à do adulto a partir da puberdade (JÚNIOR; SERRA, 2006, p. 45).

O segundo método, conhecido como esquema de Lund-Browder, é feito a partir de uma tabela de uso internacional. As regras para o cálculo são simples, porém, rígidas. Deve ser anotado nesta tabela o valor de cada região atingida em relação a profundidade para que seja possível ter visão global acerca da porcentagem correspondente à lesões de segundo e terceiro grau além da porcentagem total de superfície corporal atingida (GOMES; SERRA; PELLON, 1997).

26

Figura 3 – Regra dos nove.

Fonte: GOMES; SERRA; PELLON (1997, p. 3).

2.1.1.3 Critérios de internação O CTQ “deve ter a infraestrutura necessária para tratar pacientes queimados graves e críticos, além de contar com um grupo especialmente treinado de profissionais interdisciplinares” (BOLGIANI; JÚNIOR; SERRA, 2013, p. 7, tradução nossa).

De acordo com o projeto de diretrizes da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina, para que o paciente seja encaminhado para um Centro Especializado deverá possuir:

Queimaduras de espessura parcial superiores a 10% da superfície corporal; Queimaduras que envolvem a face, mãos, pés, genitália, períneo e/ou articulações importantes; Queimaduras de terceiro grau em grupos de qualquer idade; Queimaduras causadas por eletricidade, inclusive aquelas causadas por raio; Queimaduras químicas; Lesão por inalação; Queimadura em pacientes com problemas médicos preexistentes ou não, que poderiam complicar os cuidados, prolongar a recuperação ou influenciar a mortalidade; Qualquer paciente com queimaduras e trauma concomitante (tais como fraturas, etc.) no qual a queimadura apresenta o maior risco de morbidade ou mortalidade. Em casos em que o trauma apresenta o risco imediato maior, o paciente pode ser inicialmente estabilizado em um centro traumatológico antes de ser transferido para um centro de

27 queimados. A decisão do médico do primeiro atendimento será necessária em tais situações e deve estar de acordo com o plano regional e os protocolos de triagem; Crianças queimadas sendo tratadas em hospital sem pessoal qualificado ou equipamentos para o cuidado do caso (AMB; CFM, 2002, p. 6).

Conforme preconizado por Júnior e Serra (2006, p. 48), “antes de proceder à transferência para uma Unidade de Queimados, é necessário contactar a unidade, obter o consentimento, definir o modo de transporte e ter uma previsão de tempo de transferência até a unidade”.

Ainda de acordo com o projeto de diretrizes, a internação é indicada nos seguintes tipos de queimaduras:

Lesão de terceiro grau atingindo mais de 2% de superfície corporal na criança e mais de 5% de superfície corporal no adulto; Lesão de segundo grau atingindo área superior a 10% na criança e superior a 15% no adulto; Queimaduras de face, pé, mão ou pescoço; Queimaduras de região perineal ou genitália; Queimadura circunferencial de extremidades; Queimaduras por descarga elétrica; Intoxicações por fumaça ou lesões das vias aéreas; Queimaduras menores concomitantes a outros importantes traumas ou a doenças preexistentes que venham agravar o quadro (AMB; CFM, 2002, p. 6).

“A internação na UTI está indicada, entre outros, nos seguintes casos: pacientes na fase aguda com áreas queimadas acima de 30% da superfície corporal no adulto e acima de 20% na criança menor de 12 anos” (AMB; CFM, 2002, p. 7).

2.1.1.4 Formas de tratamento

Neste tópico será abordado as principais formas de tratamento de queimaduras com base no projeto de diretrizes da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina.

Este tratamento varia de acordo com o grau de queimaduras e deve ser estabelecido pelo médico responsável pelo atendimento (AMB; CFM, 2002). 

Escarotomias: é aplicado em lesões de terceiro grau de membros ou de tronco podendo ser realizado tanto na sala de emergência como no próprio leito do paciente. Consiste na realização de incisão na ferida em toda a sua espessura (epiderme, derme e subcutâneo) para liberar o fluxo vascular.



Fasciotomias: é indicado mais comumente em lesões decorrentes da passagem de corrente de alta voltagem quando se suspeita de síndrome de compartimento (condição

28 causada pelo acúmulo de pressão) no antebraço ou perna. Trata-se da realização de incisão na fáscia (tecido que revestem músculos, ossos, órgãos e células) para liberar a pressão causada pelo acumulo de sangue ou fluídos. 

Broncoscopia: exame utilizado para obtenção de imagens das vias aéreas (laringe, traqueia e brônquios) indicado quando se suspeita de lesão por inalação. Tem por finalidade principal o diagnóstico podendo também ter finalidade terapêutica, quando são feitas higienizações pulmonares.



Desbridamento cirúrgico: é indicado em praticamente todos os casos de queimaduras de segundo e terceiro grau devendo ser realizado no centro cirúrgico, sob anestesia. O procedimento consiste na retirada de todo o tecido necrosado, remoção de contaminantes e limpeza precisa da ferida. Esse procedimento expõe o tecido saudável que irá contribuir para a regeneração da pele.



Enxerto: é o procedimento realizado para o fechamento de feridas de terceiro grau podendo ser realizado logo após o desbridamento. Neste caso são exigidos cuidados especiais nos curativos por meio de imobilização, sendo ocasionalmente necessário o uso de talas gessadas ou de material termo moldável durante o período de fixação do enxerto. O procedimento inclui o uso de membranas biológicas podendo ser humanas (pele ou membrana amniótica) ou de animais (pele de rã, pele de porco ou pele de tilápia) ou ainda curativos sintéticos que podem substituir a pele temporariamente.



Balneoterapia: é realizado em ambiente apropriado com o paciente sob efeito de sedação venosa ou anestesia. Consiste na colocação do paciente sobre uma mesa recoberta por material estéril, para realizada da limpeza da ferida que é banhada abundantemente com produtos específicos seguidos pela realização de curativos.

Foram descritos acima apenas alguns dos vários tipos de tratamento para queimaduras.

A medicina está sempre em constante evolução e pesquisas colocam frequentemente a disposição novas soluções de tratamento. Conhecer as formas de se tratar essas lesões é crucial para a determinação do programa de necessidades do CTQ já que determinados tratamentos exigem espaços apropriados para sua realização.

2.1.2 Humanização hospitalar

Nos últimos tempos muito tem se falado e discutido sobre a humanização hospitalar que envolve tanto o atendimento por parte da equipe multiprofissional como o espaço físico que

29 deve ser confortável, transmitir bem-estar e propiciar um padrão satisfatório de qualidade para todos os seus usuários (SAMPAIO, 2005).

Engana-se quem pensa que este conceito é recente. Na realidade, a preocupação com a humanização se fez presente em inúmeros capítulos da história das ciências médicas e da arquitetura hospitalar remetendo ao século XVIII. Embora a palavra humanização não seja citada de forma direta, as transformações da época podem ser consideradas como um dos primeiros movimentos em direção à humanização do edifício hospitalar com a preocupação em se projetar ambientes saudáveis, acolhedores e adequados às práticas e procedimentos (TOLEDO, 2008).

Segundo Vasconcelos (2004), é de fundamental importância entender o conceito de ser humano para se projetar espaços humanizados. É preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as necessidades e expectativas do usuário que será possível proporcionar-lhe um ambiente capaz de supri-las e superá-las, tornando-o mais próximo de sua natureza, de seus sentimentos, pensamentos e valores pessoais. [...] Sendo assim, a humanização de ambientes consiste na qualificação do espaço construído a fim de promover ao seu usuário homem, foco principal do projeto - conforto físico e psicológico, para a realização de suas atividades, através de atributos ambientais que provocam a sensação de bemestar (VASCONCELOS, 2004, p. 23).

Corroborando com Vasconcelos, Toledo (2008) destaca que “para que a humanização dos serviços de saúde possa ser efetivamente alcançada, estes devem basear-se num atendimento personalizado, no qual o paciente é tratado como o protagonista do processo de produção da saúde” (TOLEDO, 2008, p. 114).

Diante dessa questão Santos e Burstyn (2004, p. 77) explana que [...] novas diretrizes precisam ser adotadas para os projetos de estabelecimentos de atenção à saúde, com a mudança no atual modelo para um novo, que atenda à verdadeira promoção da saúde, e com projeto e implantação centrados na figura do paciente, proporcionando, em seus ambientes, o desenvolvimento de atividades que poderão cumprir seu papel de prestação de cuidados para a cura de enfermidades, agregando qualidade e um verdadeiro senso de humanismo no contato com os usuários.

Ainda segundo Santos e Burstyn (2004), nas últimas décadas surgiram novos conceitos como, por exemplo, o paciente-centered design (projeto focado no paciente), que pensa na arquitetura hospitalar integrando avanços tecnológicos e uma nova concepção de projetos

30 baseadas na humanizado do ambiente e na relação entre paciente e o corpo clínico. Os princípios que fundamentam o paciente-centered design são os seguintes: A estrutura física do estabelecimento é vital para o processo de cura e deve ser desenhada para promove-la, assim como para estimular a participação do paciente e de sua família durante a internação.

O suporte de um ambiente confortável, ameno e acolhedor é um componente essencial para a dispensa de cuidados à saúde de alta qualidade.

Os pacientes têm o direito de receber informações claras e verdadeiras num ambiente caloroso e acolhedor.

Os pacientes também têm o direito ao livre acesso à informação sobre todos os aspectos de sua saúde, agravos e hospitalização, incluindo o livre acesso a receitas e prescrições médicas a seu respeito.

Todos os atores – pacientes, família e equipe de profissionais – desempenham um papel único e vital no cenário da prestação de cuidados.

Os pacientes possuem múltiplas facetas: físicas, emocionais, intelectuais, espirituais e estéticas; e não são unidades isoladas, mas membros de famílias, comunidades e culturas.

Pacientes são únicos nos seus direitos, responsabilidades e escolhas, no que se refere à saúde e ao estilo de vida.

A experiência da doença pode se transformar em um fator de crescimento individual para o paciente; pode ser usado como um tempo de reavaliação dos valores de vida, redimensionando prioridades e redefinindo potencialidades (PLANETREE, 2001 apud SANTOS E BURSZTYN, 2004, p. 79).

Santos e Burstyn (2004) complementam que a concepção de espaços hospitalares parte de premissas inovadoras que visam atender a projetos que agreguem qualidade aos ambientes, humanizando o atendimento aos pacientes e proporcionando grande adaptabilidade para que possam acompanhar os avanços do conhecimento médico e da tecnologia hospitalar, sendo elas:

Flexibilidade e extensibilidade da construção, para atender às mudanças tecnologicas e às ampliações futuras, com a obtenção de espaços flexíveis.

Criação de espaços verdes, proporcionando aos pacientes o acesso fácil a esses ambientes, permitindo a administração de exercicios ao ar livre e como complementação terapêutica.

Flexibilidade das instalações com o emprego de tubulações visitáveis e facilitando a manutenção e a incorporação tecnológica de instalações.

IIuminação natural e conforto térmico dos ambientes, tornando os espaços amenos e acolhedores, com o emprego de iluminação e ventilação naturais, controláveis ou fixas sempre que possível, com exceção de espaços que tenham que contar obrigatoriamente com o controle destes parâmetros como o centro cirúrgico, central de esterilização, salas de raio X, auditório e arquivo médico, diminuindo custos que o emprego de ambientes climatizados artificialmente acarretam, além de simplificar a manutenção dos mesmos, minimizando a sua aplicação, restrita aos ambientes citados.

Padronização de elementos da construção, quando o arquiteto descreve como foi adotado o módulo principal para o desenvolvimento do projeto e o emprego dos elementos pré-fabricados na concepção dos espaços e da estrutura física do hospital (LATORRACA, 2002 apud SANTOS E BURSZTYN, 2004, p. 86).

Com base nas questões apresentadas e por conta da relevância do assunto, o Ministério da Saúde desenvolveu em 2003 a Política Nacional de Humanização (PNH) “para efetivar os

31 princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

Citando o Ministério da Saúde (2018),

A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção de saúde. Valorizar os sujeitos é oportunizar uma maior autonomia, a ampliação da sua capacidade de transformar a realidade em que vivem, através da responsabilidade compartilhada, da criação de vínculos solidários, da participação coletiva nos processos de gestão e de produção de saúde.

A PNH deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS tendo como propósitos: Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização; Fortalecer iniciativas de humanização existentes; Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção; Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão; Implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

As diretrizes para implantação do PNH são de fundamental importância para a aplicabilidade do programa sendo elas: acolhimento; gestão participativa e cogestão; ambiência; clínica ampliada e compartilhada; valorização do trabalhador e; defesa dos direitos dos usuários. Referindo-se a ambiência, trata-se de “criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem a privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho e sejam lugares de encontro entre as pessoas”, sendo que sua aplicação se dá por meio da “discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das reformas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usuários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode melhorar o trabalho em saúde” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

Para Toledo (2008, p. 218), torna-se na atualidade, absolutamente necessário pensar na questão da humanização e agir nesse sentido principalmente devido magnitude dos problemas que afetam o setor da saúde no Brasil. É notório enfatizar conforme Santos e Bursztyn (2004, p. 78) que é

[...] necessário repensar a formatação da estrutura física de estabelecimentos de assistência à saúde, para que estes possam atender ao novo perfil das atividades de cura e de promoção da saúde, e que incorporem, em seus projetos, flexibilidade,

32 adequação ao clima e especificidades locais aos seus sistemas construtivos, agregando também a humanização dos seus espaços, para que a sua conformação tenha um impacto positivo na redução do tempo de permanência na instituição e na qualidade do tratamento dispensado aos usuários.

Conforme enfatizado por Toledo (2008), a humanização deve estar voltada para a promoção da saúde e conforto do paciente devendo “estar em sintonia com o pensamento de todos aqueles que compreendem a importância e a urgência de se repensar os edifícios de saúde”. Belos edifícios “de nada servem se neles não for praticada uma medicina pautada na integralidade e no cuidado, comprometida com a saúde e não com a doença. Somente desta forma se abrirá, para os arquitetos, um novo espaço terapêutico de atuação, indispensável ao pleno desenvolvimento do edifício hospitalar na sua missão de curar e cuidar” (TOLEDO, 2008, p. 222).

2.1.2.1 Humanização hospitalar no tratamento de pacientes queimados

O tempo de permanência de uma paciente queimado em uma unidade de tratamento normalmente é mais prolongado, dramático e exaustivo, isso devido ao tratamento intensivo, preciso e invasivo da queimadura, necessário para resultados positivos frente ao trauma sofrido.

Essa longa permanência faz com que o paciente se afaste de seu modo de vida e perca seus referenciais de tempo e laços e vínculos afetivos com o mundo exterior (JÚNIOR et al., 2008).

Para Júnior et al. (2008, p. 570) “cada vez mais a ambiência hospitalar merece atenção dentro da rotina dos serviços de saúde, principalmente no caso do paciente queimado, devido às suas características e ao seu estado de permanência”.

Da mesma maneira, Ramos (2017, p. 5) destaca que “a humanização é de suma importância para todas as especialidades médicas e ambientes hospitalares, em caso de pacientes afetados por queimaduras é mais importante ainda”.

Com a intenção de tornar o ambiente minimamente adequado algumas soluções práticas podem ser aplicadas como: uso de cores claras e suaves; ambientes arejados e com temperatura apropriada para o paciente queimado; sinalização capaz de facilitar a identificação dos espaços e suas funções além do trajeto do paciente e familiares; facilidade de acesso aos ambientes; quanto ao mobiliário, deve-se realizar uma avaliação quanto à sua forma e colocação que melhor proporcione conforto e atenda a critérios técnicos (JÚNIOR et al., 2008).

Na concepção de Júnior et al. (2008) dois ambientes merecem atenção especial: o centro cirúrgico e a sala de balneoterapia.

33

O centro cirúrgico, por ser um local isolado, de acesso somente aos que se submetem ao procedimento cirúrgico e geralmente suscitar medo no paciente, pois vai se submeter a uma anestesia e a um procedimento cirúrgico. É de fundamental importância que ocorra o esclarecimento prévio dos procedimentos que serão realizados, repercussões, utilização de materiais, tipo de anestesia etc. e que o paciente seja acompanhado com orientações e informações antes, durante a após o ato operatório. Esta é uma prática que precisa ser desenvolvida pelos profissionais médicos e pela equipe, pois oferece mais segurança e apoio para que a pessoa participe na terapêutica. [...] O segundo ambiente, a sala de balneoterapia, é considerado um local de “pavor” para os pacientes, pois durante os 7 dias da semana apenas 2 ou 3 eles são submetidos a anestesia durante a realização de curativos. Nos outros dias, são feitos no “cru” como dizem, isto é, sem anestesia. As dores são insuportáveis, dependendo do grau e extensão da lesão e, portanto, necessitam presenciar um ambiente que os acolha, com profissionais que considerem sua condição e tenham delicadeza no trato, evitando conversas que desqualifiquem sua dor ou transmitam discriminação e insensibilidade ao seu estado crítico” (JÚNIOR et al., 2008, p. 171).

A arquitetura hospitalar por meio de práticas de humanização deve contribuir de forma significativa com o processo de cura do paciente queimado. Neste contexto é importante ressalvar segundo Ramos (2017, p. 21) que

A humanização dos edifícios de saúde deve se dar tanto no âmbito arquitetônico, de projeto, quanto no âmbito de assistência humanizada. Por se tratar de vítimas que sofreram grandes traumas, cicatrizes físicas e psicológicas e pelo fato do hospital ser um ambiente ambíguo onde observa-se a linha tênue entre a vida e a morte, esse deve oferecer às vítimas e seus familiares espaço de acolhimento e apoio durante todo o período de internação, visando sua total recuperação física, emocional e sua inserção familiar e social.

As contribuições dos autores citados acima são extremamente relevantes pois refletem as necessidades atuais frente a constante mudança pela qual a saúde do país vem passando nos últimos anos em busca de novos conceitos que contribuam para o processo de cura do paciente e que melhorem as condições de conforto de todos aqueles que frequentam os espaços hospitalares. Tratando do atendimento de pacientes queimados deve-se ter um cuidado maior ao se projetar os ambientes que fazem parte do programa de necessidades dessas unidades levando em consideração o processo de humanização e atentando-se para os cuidados perante a infecção hospitalar pela qual o paciente queimado está mais propenso devido ao quadro clínico no qual se encontra.

2.2 CENTROS DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS

Entende-se por Centro de Tratamento de Queimados (ou Queimaduras) as unidades hospitalares que possuam setores e equipes especializadas e multiprofissionais para atuar em

34 todas as fases do processo de atendimento compostas por médicos (cirurgiões plásticos, cirurgiões gerais, intensivistas, clínicos, pediatras, anestesiologistas, entre outros), equipes de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares), nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, além de todo o pessoal de apoio.

Devem também possuir protocolo de tratamento, estrutura física adequada, materiais e equipamentos necessários e infraestrutura de apoio para seu funcionamento (JÚNIOR; SERRA, 2006).

Conforme apontado por Júnior e Serra (2006, p. 611),

[...] existem várias concepções, modelos e plantas físicas para a construção e organização de um Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ). A literatura médica oferece recomendações básicas e fundamentais que, obrigatoriamente, devem ser seguidas para a idealização de um CTQ. No entanto, essas recomendações são fruto de estudos realizados em países do primeiro mundo, cuja situação socioeconômica difere do Brasil, determinando adaptações do padrão internacional à realidade brasileira.

A International Society for Burns Injuries (Sociedade Internacional de Lesões por Queimaduras) estabeleceu diversas recomendações internacionais acerca da organização dos CTQ que podem e devem ser consideradas. Tratando-se da realidade brasileira, a Portaria nº 1.273, de 21 de novembro de 2000, que cria “mecanismos para a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência a Queimados” também dispõe de uma série de normas para cadastramentos de Centros de Referência em Assistência a Queimados que envolvem a estrutura físico-funcional, devendo nortear a elaboração do programa de necessidades e o desenvolvimento do projeto arquitetônico.

Atualmente no Brasil existem 45 Centros de Referência em queimados oferecendo tratamento integral e gratuito às vítimas por meio do SUS. Juntos, disponibilizam 241 leitos com destinação específica. Entretanto, os centros especializados ainda são poucos sendo que os leitos destinados aos pacientes queimados e os profissionais especializados nesta área ainda estão bem abaixo do necessário (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

O desenvolvimento de projetos para CTQ exige muito planejamento e organização para que o resultado final seja um local que disponha de ampla área física-funcional e proporcione bem-estar e conforto para o paciente e boas condições de trabalho para a equipe multiprofissional (JÚNIOR; SERRA, 2006).

Como apontado por Ramos (2017), um CTQ não se sustenta de maneira isolada devendo estar anexado à um hospital de alta complexidade, de maneira que esse venha a suprir o Centro

35 com todas as especialidades e espaços hospitalares. “Deve ser autônomo e depender apenas de serviços complementares que não possam ser realizados em suas dependências, como laboratórios, unidade radiológica, anatomia patológica e hemoterapia” (JÚNIOR; SERRA, 2006, p. 612).

2.3 CENTROS DE ESTUDOS E PESQUISAS

O Ministério da Saúde possui a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) que define a Pesquisa em Saúde “como o conjunto de conhecimentos, tecnologias e inovações produzidos que resultam em melhoria da saúde da população” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 773).

“A pesquisa é a base para a produção do conhecimento científico, resolução de problemas e desenvolvimento tecnológico; em todas as áreas do conhecimento humano”.

Investir em pesquisas científicas na área da saúde significa gerar a longo prazo economia de recursos com tratamentos em proporções muito maiores do que os valores investidos (COSTA, 2019).

A pesquisa em saúde é obviamente um componente indispensável ao crescimento e desenvolvimento de povos e nações. Sejam públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, as pesquisas em saúde e médicas contribuem para a saúde diretamente (a partir de terapias, intervenções, diagnósticos, tecnologias e melhoria da qualidade no fornecimento da atenção à saúde que resultam da pesquisa) e indiretamente, por meio do impacto potencial da melhoria da saúde na atividade econômica, devido aos benefícios econômicos prospectivos da própria pesquisa em saúde e ao fato de que ela ajuda a criar e manter uma cultura da evidência e da razão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007, p. 12).

Conforme o Ministério da Saúde (2017, p. 8) “O conhecimento e as ferramentas disponíveis nem sempre são adequados para resolver os problemas de saúde existentes e há uma necessidade constante e sem fim de gerar novas informações e desenvolver maneiras melhores, e mais efetivas, de proteger e promover a saúde e de reduzir as doenças”.

“O sistema de ciência e tecnologia em saúde é composto por diversos atores e instituições públicas e privadas” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 773). A organização da pesquisa em saúde no Brasil se dá, na gestão pública federal, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e suas instituições ou agências vinculadas. Já na gestão pública estadual, fica a cargo das secretarias estaduais de

36 saúde, de ciência e tecnologia e das fundações de amparo à pesquisa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

Tratando-se de pesquisas voltadas para queimaduras, Gragnani e Ferreira (2009) descrevem que

[...] é fundamental a evolução do conhecimento para o combate às queimaduras, compreendendo medidas e campanhas de prevenção, tratamento no local do acidente, tratamento clínico e cirúrgico, entendimento das complicações e das sequelas, aperfeiçoamento da reabilitação, retorno do paciente ao convívio social e laboral normal como antes do acidente, e atenção à qualidade de vida em todas as fases.

2.4 HOSPITAL REGIONAL DO OESTE

O Hospital Regional do Oeste (HRO) localizado em Chapecó/SC foi fundado em 30 de outubro de 1986. Integra o patrimônio do Estado de Santa Catarina e sua gestão, desde 1998, está entregue por convênio à Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira, entidade civil de direito privado com atividades voltadas a prática de filantropia em todas as suas modalidades, sendo igualmente uma entidade sem fins lucrativos, reconhecida como de utilidade pública Municipal, Estadual e Federal (MORANDINI & ASSOCIADOS 3). É considerado referência para mais de 100 municípios das regiões Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina, Noroeste do Paraná e Norte do Rio Grande do Sul “caracterizado como Hospital Geral de Grande Porte, realizando todas as atribuições previstas na RDC 50/02 e prestando atendimento a pacientes adultos, pediátricos e neonatos” (MORANDINI & ASSOCIADOS).

O HRO possui 25 especialidades médicas, entre elas cardiologia, cirurgia plástica, torácica, vascular, gastroenterologia, ginecologia e obstetrícia, hematologia, neurocirurgia, oftalmologia, oncologia, ortopedia e traumatologia, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia, reumatologia e urologia (ACIC, 2018).

Além disso, é referência em Alta Complexidade nas especialidades de neurologia, ortopedia, oncologia, radioterapia, transplantes e gestação de alto risco e também referência para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) (MORANDINI & ASSOCIADOS).

3

Informações obtidas de relatório técnico elaborado pelo escritório Morandini & Associados Engenharia e Arquitetura Hospitalar responsável pelo desenvolvimento dos projetos arquitetônicos do Hospital Regional do Oeste (HRO) de Chapecó/SC.

37 “O Hospital Regional do Oeste (HRO) possui uma média mensal de 1.760 internações por mês, 1.176 cirurgias, 5.600 atendimentos no Pronto Socorro, 4.875 atendimentos ambulatoriais, 8.778 exames de diagnóstico por imagem e 24.978 exames laboratoriais” (ACIC, 2018).

Está localizado em terreno com área total de 34.960,00 m² e área construída de 32.250,25 m² (sendo que 11.885,46 m² correspondem a ampliação (Bloco “M”) que, atualmente encontra-se em fase final de instalação de equipamentos) (MORANDINI & ASSOCIADOS).

Com o Bloco “M” em funcionamento serão mais nove pavimentos (um pavimento técnico), sendo que:

Serão 156 novos leitos (passando dos atuais 319 para 475 leitos), além de um novo centro cirúrgico, passando de sete para 16 salas cirúrgicas no complexo HRO. Serão 20 leitos para a UTI geral; 10 leitos para nova UTI pediátrica; sete leitos para o novo setor de tratamento de doenças coronarianas; mais 27 leitos para recuperação póscirúrgica, além de leitos para oncologia (adulta e pediátrica) longa duração; leitos para quimioterapia curta duração. O serviço de hemodinâmica dará condições para procedimentos de alta complexidade em três especialidades: cardíaca, neurológica e vascular (ACIC, 2018).

O conhecimento dos dados apresentados acima contribui para o entendimento das limitações e potencialidades da unidade hospitalar principalmente devido a proposta do CTQ estar vinculada com o HRO tendo por finalidade o atendimento público e privado. Como apontado por Ramos (2017), um CTQ não se sustenta de maneira isolada devendo estar anexado à um hospital de alta complexidade, de maneira que esse venha a suprir o centro com todas as especialidades e espaços hospitalares.

2.5 ASPECTOS NORMATIVOS

Desenvolver um projeto arquitetônico não é uma tarefa fácil tratando-se das normas que norteiam esse processo. Seja na escala federal, estadual ou municipal, diversos aspectos precisam ser ponderados levando em consideração as recomendações de órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Corpo de Bombeiros, além das legislações municipais que tratam de parâmetros arquitetônicos e urbanísticos.

2.5.1 Ministério da Saúde – Portaria nº 1.273/2000

38 O Ministério da Saúde (2000) instituiu a Portaria nº 1.273, de 21 de novembro de 2000, que cria “mecanismos para a organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência a Queimados”.

Foi concebida com a intenção de dar uma nova conformação para os serviços de assistência nessa área, garantir o atendimento integral aos usuários do SUS e organizar esse atendimento em serviços hierarquizados e regionalizados com fluxos de referência e contra referência estabelecidos, com estreita relação com os sistemas estaduais de referência hospitalar em atendimento de urgências e emergências (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007, p. 163).

A Portaria possui como principais objetivos:

Organizar uma linha de cuidados, que envolva todos os níveis de atenção (básica e especializada de média e alta complexidade) ambulatorial e hospitalar, integrados com a atenção às urgências e emergências, e privilegiando o atendimento humanizado; constituir redes estaduais ou regionais, hierarquizadas e organizadas, garantindo o acesso e o atendimento integral; desenvolver mecanismos de avaliação, controle, regulação e monitoramento dos serviços de atendimento ao paciente com queimaduras; organizar uma estrutura de nível terciário e de alta complexidade necessária a esse tipo de atendimento; estabelecer atributos necessários ao credenciamento ou habilitação de serviços que prestam atendimento especializado a queimados (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2007, p.

163-164).

As Redes Estaduais de Assistência a Queimados são compostas pelos Hospitais Gerais e pelos Centros de Referência em Assistência a Queimados devidamente cadastrados pelos SUS. Este último, “dispondo de um maior nível de complexidade, condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos específicos para o atendimento a pacientes com queimaduras” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000, p. 1).

O Ministério da Saúde (2000) também estabeleceu por meio desta Portaria a quantidade máxima de Centros de Referência em Assistência a Queimados por Estado e as normas de cadastramento dos mesmos. Em Santa Catarina foi estabelecido a quantidade máxima de 2 centros sendo que ambos já estão cadastrados no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, e no Hospital Municipal de São José, em Joinville. Em Lages, existe uma Unidade de Terapia de Queimados não credenciada como de referência, mas que presta importante serviço no atendimento a pacientes queimados para todo o Estado.

Apesar das duas vagas estarem devidamente preenchidas, como apresentado na Figura 1 da justificativa existe uma região que compreende o Oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná desassistida quanto ao acesso a assistência de alta complexidade aos pacientes portadores de queimaduras. Por este motivo, mesmo com a

39 restrição da Portaria para a criação de novos Centros de Referência no Estado, notou-se a necessidade de uma terceira unidade na região oeste localizada de forma geograficamente estratégica na cidade de Chapecó/SC. 2.5.2 ANVISA – RDC nº 50/2002

O Brasil é um dos países do mundo que possui as normas mais avançadas com relação a arquitetura hospitalar. Trata-se de algo de extrema relevância, pois reflete a qualidade dos espaços que atendem à demanda da população com relação aos serviços de saúde (CARVALHO, 2017).

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) “considerando a necessidade de dotar o País de instrumento norteador das novas construções, reformas e ampliações, instalações e funcionamento de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde” publicou em 21 de fevereiro de 2002 a RDC nº 50 que “dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde”.

A normativa se aplica tanto as novas construções como também em áreas existentes a serem ampliadas ou reformadas em todo o território nacional, tanto na área pública como privada (ANVISA, 2002).

Todos os projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde – EAS deverão obrigatoriamente ser elaborados em conformidade com as disposições desta norma.

Devem ainda atender a todas as outras prescrições pertinentes ao objeto desta norma estabelecidas em códigos, leis, decretos, portarias e normas federais, estaduais e municipais, inclusive normas de concessionárias de serviços públicos [...] Embora exista uma hierarquia entre as três esferas, o autor ou o avaliador do projeto deverá considerar a prescrição mais exigente, que eventualmente poderá não ser a do órgão de hierarquia superior (ANVISA, 2002, p. 3).

Quanto a organização físico-funcional, a RDC nº 50 (ANVISA, 2002) estabelece oito atribuições mais comumente encontradas nos diversos tipos de EAS, sendo estas:

1-Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia - atenção à saúde incluindo atividades de promoção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada; 2-Prestação de atendimento imediato de assistência à saúde - atendimento a pacientes externos em situações de sofrimento, sem risco de vida (urgência) ou com risco de vida (emergência);

40 3-Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internaçãoatendimento a pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos); 4-Prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia- atendimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto); 5-Prestação de serviços de apoio técnico- atendimento direto a assistência à saúde em funções de apoio (contato indireto); 6-Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa- atendimento direta ou indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa; 7-Prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa- atendimento ao estabelecimento em funções administrativas; 8-Prestação de serviços de apoio logístico - atendimento ao estabelecimento em funções de suporte operacional (ANVISA, 2002, p. 24-25).

“As quatro primeiras são atribuições fim, isto é, constituem funções diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde. As quatro últimas são atribuições meio para o desenvolvimento das primeiras e de si próprias” (ANVISA, 2002, p. 25).

2.5.3 ANVISA – RDC nº 306/2004 A RDC nº 306 (ANVISA, 2004), de 7 de dezembro de 2004 “dispõe sobre o Regulamento Técnico para gerenciamento de resíduos de serviços de saúde” visando orientar acerca de

[...] procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2004, p. 2).

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são classificados em cinco grupos em função de suas características e consequentes riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde (ANVISA, 2004), conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação dos RSS.

Classificação dos resíduos Grupo A: Resíduos potencialmente infectantes Grupo B: Resíduos químicos

Descrição Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características, podem apresentar risco de infecção.

Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas

41 características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham Grupo C: Rejeitos radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção radioativos especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

Grupo D: Resíduos Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico equiparados aos à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos resíduos domiciliares domiciliares.

Grupo E: Resíduos São todos os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos perfurocortantes ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar.

Fonte: ANVISA, 2004. Adaptado pelo autor, 2019.

A elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) estabelecendo as diretrizes de manejo dos RSS deve ser feita por todo o estabelecimento gerador, tendo como base as características dos resíduos gerados e a classificação constante no Apêndice I da RDC nº 306 (ANVISA, 2004).

“O manejo dos RSS é entendido como a ação de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a disposição final” (ANVISA, 2004). O processo inclui as etapas apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2 – Etapas de manejo dos RSS.

Etapa Segregação

Acondicionamento

Identificação

Transporte interno

Armazenamento temporário

Tratamento

Descrição Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos.

Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diário de cada tipo de resíduo.

Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS. Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para a coleta.

Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento.

Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou

42

Armazenamento externo

Coleta e transporte externos

Disposição final

eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. Os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA nº.

237/1997 e são passíveis de fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.

Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores.

Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana.

Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA nº.237/97.

Fonte: ANVISA, 2004. Adaptado pelo autor, 2019.

O manejo dos RSS nas fases de acondicionamento, identificação, armazenamento temporário e destinação final deve ser feito de acordo com a classificação dos resíduos constantes no Apêndice I da RDC nº 306 (ANVISA, 2004).

2.5.4 ABNT – NBR 9050/2015

Acessibilidade é, segundo a NBR 9050 (ABNT, 2015, p. 2), a

possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida.

A NBR 9050 (ABNT, 2015) é a norma brasileira que trata de acessibilidade edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e “estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de equipamentos às condições de acessibilidade”.

43 É preciso considerar as necessidades de todos os portadores de necessidades especiais e não apenas dos cadeirantes, que representam uma porcentagem dentro de um grupo tão diversificado de pessoa [...] Um projeto de qualidade reflete a natureza diversificada das pessoas e não impõe qualquer tipo de barreira. O projeto inclusivo garante acesso para todos, incluindo portadores de necessidades especiais, idosos e famílias com crianças pequenas [...] O objetivo de criar ambientes estéticos e funcionais que possam ser utilizados igualmente por todos – independentemente da idade, do sexo, das crenças ou das necessidades – exige um processo de projeto criativo e inclusivo que busque acomodar uma ampla variedade de usuários (BUXTON, 2017).

A NBR 9050 (ANVISA, 2015) visa proporcionar a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção. “Para serem considerados acessíveis, todos os espaços, edificações, mobiliários e equipamentos urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, atendem ao disposto nesta norma”.

2.5.5 Plano Diretor de Chapecó – Lei Complementar nº 541/2014 A Lei Complementar nº 541 (CHAPECÓ, 2014), de 26 de novembro de 2014 “aprova o Plano Diretor de Chapecó – PDC, aplicável à totalidade do seu território, é o instrumento básico e estratégico da Política de Desenvolvimento Territorial do Município e integra o sistema de planejamento municipal”.

O PDC possui diversos objetivos entre os quais, deve-se destacar: Ordenar e controlar o uso e ocupação do solo urbano, de forma a promover áreas para as diferentes atividades urbanas, sem que haja incompatibilidades de usos, observando a capacidade de suporte do meio físico, a infraestrutura de saneamento ambiental e as características do sistema viário (CHAPECÓ, 2014, p. 4).

“O modelo de desenvolvimento territorial do Município de Chapecó se consubstancia pela implementação das Políticas e Programas Estratégicos de Desenvolvimento Territorial, em resposta aos objetivos e princípios fundamentais estabelecidos” que incluem o ordenamento territorial; o acesso a habitação e a regularização fundiária; a mobilidade urbana, transporte, trânsito e acessibilidade; o meio ambiente; o gerenciamento das bacias hidrográficas e os recursos hídricos; o saneamento básico; o desenvolvimento econômico; o desenvolvimento da produção primária; a integração regional e metropolitana e; as potencialidades culturais e de interesse turístico (CHAPECÓ, 2014).

44 2.5.6 Código de Obras de Chapecó – Lei Complementar nº 546/2014 A Lei Complementar nº 546 (CHAPECÓ, 2014), de 22 de dezembro de 2014 “dispõe sobre o Código de Obras do Município de Chapecó e dá outras providências” sendo que todas as “obras e edificações no Município de Chapecó devem obedecer às normas previstas nesta Lei Complementar, sem prejuízo da observância das demais que tratam da matéria”.

“O Código de Obras é o instrumento que permite à Administração Municipal exercer o controle e a fiscalização do espaço edificado e seu entorno, garantindo a segurança e a salubridade das edificações” (IBAM).

2.5.7 CBMSC – Instrução Normativa 009/2014

A Instrução Normativa 009 (CBMSC, 2014), de 28 de março de 2014 é a norma do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) que tem como objetivo “estabelecer e padronizar critérios de concepção e dimensionamento do Sistema de Saídas de Emergência”, sendo exigida independentemente da ocupação da edificação, altura, área total construída ou carga de incêndio.

Por meio da Instrução Normativa 009 (CBMSC, 2014) são fixadas condições mínimas que saídas de emergência devem possuir nas edificações: I – A fim de que sua população possa abandoná-las, em caso de incêndio, complemente protegida em sua integridade física; II – Para permitir o fácil acesso de auxílio externo (bombeiros) para o combate ao fogo e retirada da população (CBMSC, 2014, p. 5).

Constituem as saídas de emergência, de uma forma geral: escadas, rampas, portas, portinholas, local de resgate aéreo, elevadores de emergência e segurança, passarelas e outros.

Além disso, devem ser observadas as condições de acesso (circulação, corredores e hall), saídas adequadas em todos os pavimentos (escadas e rampas) e saídas finais adequadas (descargas e portas) (CBMSC, 2014).

2.6 ASPECTOS TÉCNICOS

Jarbas Karman foi um dos mais brilhantes engenheiros e arquitetos hospitalares tornando-se um ícone na arquitetura hospitalar. A frente de seu tempo e com sólida formação

45 científica e criatividade técnica, buscava em cada projeto o melhor para o médico, o paciente, a coletividade e o país (SKRABE, 2011).

Graças a sua genialidade, criou o Sistema Karman de Planejamento de Hospitais com diretrizes para o desenvolvimento de projetos que reafirmem a sua doutrina do hospital “vivo”, sendo elas:

Planejar em função das dimensões tempo, economia e valência; Assegurar ao projeto arquitetônico um potencial de expansões programadas, inclusive de instalações e equipamentos, em consonância com os requisitos da arquitetura e da engenharia preditivas; Planejar preditivamente a segurança, a manutenção, a eficácia, a prevenção de acidentes e de infecções hospitalares. Assegurar a continuidade operacional, o fornecimento ininterrupto de água, vapor, eletricidade, oxigênio, gases e outros; Assegurar condições de competitividade, viabilidade econômico-financeira e atualizações (KARMAN, 2011, p. 17).

A elaboração de projetos para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde é um processo complexo. A saúde exige espaços que atendam às necessidades de cada especialidade e para isso os profissionais precisam levar em consideração todos os critérios técnicos e de compatibilidades físico-funcionais (SANTOS E BURSZTYN, 2004).

2.6.1 Flexibilidade

Um hospital, ou um EAS de forma geral, são mutáveis e o profissional deve ter papel fundamental para minimizar e prever problemas e maximizar a vida útil desses espaços. O hospital deve manter-se vivo durante décadas e estar preparado para os rápidos avanços do conhecimento médico e da tecnologia hospitalar por meio de projetos que atendam todas às demandas possibilitando a flexibilização dos espaços para que se mantenham eficientes e atualizados através dos anos (KARMAN, 2011).

A flexibilidade é um “conceito de projeto no qual é considerada a dinâmica dos espaços hospitalares, suas constantes ampliações, modificações e adaptações, exigindo soluções compatíveis com tal dinâmica, sem alterar a fundo o funcionamento do hospital” (GÓES, 2011, p. 49).

A chamada por Karman (2011, p. 41), arquitetura de manutenção e segurança, originase nas fases iniciais de desenvolvimento de projetos “e destinam-se a incorporar à futura instituição os requisitos arquitetônicos, construtivos, de instalações e de funcionamento, capazes de viabilizar e tornar a futura manutenção do hospital econômica, racional e segura”.

46

A fim de viabilizar a manutenção e a segurança preditivas, devem ser assegurados ao hospital diversas formas de flexibilidade e acessibilidade, tais como: espaços interandares, pavimentos técnicos, paredes técnicas, estrutura com modulação arquitetônica, passadutos (shafts), espaços técnicos horizontais e verticais, lajes desobstruídas, lajes planas protendidas e sem vigas, além de lajes e vigas passíveis de furações presentes e futuras, outros (KARMAN, 2011, p. 41).

Conforme preconizado por Góes (2011, p. 120),

Alguns conceitos arquitetônicos já consagrados, como planta livre, uma modulação o mais regular possível, sistemas pré-fabricados ou industrializados de construção, novos materiais e sistemas estandardizados de painéis, equipamentos e mobiliário, têm permitido uma melhor performance na remoção de paredes e na utilização das instalações.

No mesmo contexto, Lelé (2012, p. 318) destaca: Cabe ao arquiteto a coordenação das ações que se iniciam na própria definição do programa e que continuam na elaboração do projeto, na execução da obra e, por fim, na implantação de casa setor hospitalar. Durante todo esse processo serão feitos ajustes para atender a evolução de equipamentos e técnicas médicas. E para que tudo isto ocorra de uma forma organizada, é necessário que os espaços propostos também sejam flexíveis, extensíveis e remanejáveis.

Os apontamentos feitos por Karman, Góes e Lelé devem ser considerados pelos profissionais no momento da elaboração dos projetos para EAS garantindo assim, que o espaço acompanhe a evolução cientifica e tecnológica evitando propor, segundo Góes (2011, p. 120), “uma estrutura que já nasça obsoleta”.

2.6.2 Conforto térmico O conforto ambiental “é a sensação de bem-estar completo físico e mental, criada por um arquiteto no ato de projetar” (KOENIGSBERGER et al., 1977 apud SAMPAIO, 2005, p.

154). Engloba o conforto térmico, visual, acústico e olfativo. Neste tópico será abordado o conforto térmico que tem papel fundamental nos CTQ devido ao quadro clínico no qual o paciente se encontra.

O conforto térmico é obtido quando temperatura, umidade relativa e movimento do ar, radiação solar e radiação infravermelha estão equilibrados e dentro da chamada, zona de conforto. Ele também está relacionado a fatores pessoais do usuário do ambiente como a vestimenta que ele usa e a atividade que ele está desenvolvendo (SAMPAIO, 2005).

47

Com base nos fatores ambientais e pessoais anteriormente referidos, devem-se considerar abordagens distintas quanto ao impacto das condições adversas de temperatura, alta e baixa, sobre o estado fisiológico e psicológico do indivíduo, bem como sobre o balanço energético deste. As alterações de temperatura que vão da zona de conforto até o limite suportável podem resultar em variados efeitos adversos, originados na sobrecarga de calor (ANVISA, 2014, p. 34-35).

Para Sampaio (2005) os fatores ambientais devem ser analisados cuidadosamente durante o desenvolvimento do projeto arquitetônico, pois a maneira como eles são tratados resultarão em soluções diferentes de projeto, que consequentemente, resultarão em condições diferentes de conforto.

Tratando-se do paciente queimado,

Em razão da perda da integridade tissular em grande extensão e ainda das alterações metabólicas decorrentes dessa situação, o paciente vítima de queimaduras apresenta um risco para alteração da temperatura corporal. Dessa forma, poderá apresentar hipertermia ou hipotermia e tanto uma situação como outra pode ser indicativa de infecção. A hipotermia pode também ocorrer em função da destruição das camadas da pele, principalmente da derme que propicia a regulação da temperatura corporal.

Sendo assim, é esperado que as pacientes vítimas de queimaduras apresentem baixas temperaturas corporais nas primeiras horas após terem sido queimados. À medida que o hipermetabolismo restabelece as temperaturas centrais, esses pacientes ficam hipertérmicos durante a maior parte do período pós-queimadura, mesmo na ausência de infecção [...] A hipotermia pode ocorrer principalmente durante os procedimentos de banho e curativos, mesmo quando a temperatura ambiente está acima de 30 ºC. Durante a realização desses procedimentos os pacientes apresentam tremores e referem sentir frio (MENEGHETTI et al., 2005, p. 272).

Devido a pele e os nervos terem sofrido um dano muito grande, o corpo não consegue reter o calor ou sentir dor na superfície queimada. É por este motivo que os pacientes apresentam tremores e referem sentir frio. Nessas circunstâncias, é de fundamental importância contar com as soluções de conforto térmico e principalmente com sistemas de climatização eficientes (MENEGHETTI et al., 2005).

2.6.3 Sistema de climatização

Como apontado anteriormente, é necessário em ambientes onde se encontram pacientes queimados um sistema de climatização eficiente que deve ser projetado, executado e mantido adequadamente para que não se torne uma fonte de problemas ou contaminação já que bactérias, microrganismos, vírus e patógenos encontram nos dutos e filtros dos equipamentos locais ideais para se propagarem.

48 O sistema de climatização é essencial, por aspectos de conforto ambiental, técnicos ou terapêuticos. Uma Unidade de Terapia de Queimados (UTQ) requer temperatura constante de 32 ºC e 95% de umidade relativa do ar embora seja também responsável por muitos casos de infecção hospitalar (CORBIOLI, 2000).

As instalações de climatização devem seguir os princípios da RDC nº 50 (ANVISA, 2002) e adotar as seguintes normas como complementares: ABNT – NBR 6401/1980 – Instalações centrais de ar-condicionado para conforto - Parâmetros básicos de projeto; ABNT – NBR 7256/2005 – Tratamento de ar em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) – Requisitos para projeto e execução das instalações; Portaria do Ministério da Saúde nº 3523/1998 e; Recomendação normativa da Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC) nº 004/1995 – Classificação de filtros de ar para utilização em ambientes climatizados.

Os setores com condicionamento para fins de conforto, como salas administrativas, quartos de internação, etc., devem ser atendidos pelos parâmetros básicos de projeto definidos na norma da ABNT NBR 6401. Os setores destinados à assepsia e conforto, tais como salas de cirurgias, UTI, berçário, nutrição parental, etc., devem atender às exigências da NBR-7656. No atendimento dos recintos citados acima devem ser tomados os devidos cuidados, principalmente por envolver trabalhos e tratamentos destinados à análise e erradicação de doenças infecciosas, devendo portanto ser observados os sistemas de filtragens, trocas de ar, etc. Toda a compartimentação do EAS estabelecida pelo estudo arquitetônico, visando atender à segurança do EAS e, principalmente, evitar contatos de pacientes com doenças infecciosas, deve ser respeitada quando da setorização do sistema de ar condicionado (ANVISA, 2002, p.

127).

Segundo Bicalho (2010) em ambientes assépticos é necessário ter cuidado redobrado com o sistema de climatização. Um ambiente pode ter uma pressão positiva ou negativa, ou seja, naquele ambiente ou se está insuflando mais ar do que está retirando (pressão positiva), ou se está retirando mais ar do que insuflando (pressão negativa). Em uma sala cirúrgica, por exemplo, normalmente se tem uma pressão positiva, pois o que se pretende é que o ar externo não entre na sala e prejudique a qualidade do ar interno. Assim, se a porta da sala for aberta nenhum ar externo vai entrar, somente o ar interno irá sair, isso devido à maior vazão de ar que o sistema de climatização está insuflando dentro do ambiente.

Todo ar que é insuflado para dentro do ambiente deve passar antes por um filtro, ou conjunto de filtros, para bloquear a passagem de impurezas de ordem biológica, química ou mesmo física. Quanto mais sofisticado for o sistema, melhor os seus filtros. Os filtros são classificados em grosso, finos e absolutos. Um filtro fino deve ser sempre precedido por um filtro grosso, assim como um absoluto deve sempre ser colocado depois de um fino. Quanto maior o poder de filtragem do sistema, maior terá de ser a potência do ventilador para poder vencer a barreira das tramas dos filtros, que aumentam a resistência à passagem do ar. Os filtros absolutos têm poder de filtragem

49 de até 95% sobre particulados de até 0,3 micros. Existem ainda filtros mais eficientes, são os chamados filtros High efficiency Particulate Air – HEPA (eficiência de 99,97% na coleta de partículas e aerossóis de até 0,3 micros) e Ultra Low Penetration Air – UIPA (eficiência de 99,999% na coleta de partículas e aerossóis de até 0,12 micros).

São filtros de altíssima eficiência usados para separar aerossóis, pós-tóxicos, bactérias, etc. (BICALHO, 2010, p. 116).

O sistema de climatização é fundamental para melhorar a qualidade do ar, porém, se o mesmo não for mantido de forma adequada, pode se tornar um vilão, piorando a qualidade do ar dos ambientes e colocando até mesmo em risco a visa dos usuários. Além disso, devido à grande quantidade de instalações existentes em ambientes hospitalares é importante prever um andar técnico que são “destinados única e exclusivamente para passagem e manutenção das instalações. Normalmente ficam acima do pavimento onde situa-se o centro cirúrgico, a UTI e a unidade de imagenologia, pois são os locais que mais demandam instalações” (BICALHO, 2010).

2.6.4 Gases medicinais (oxigênio, ar comprimido e óxido nitroso) e vácuo clínico Os gases medicinais são medicamentos na forma de gás “administrados em humanos para fins de diagnóstico médico, tratamento ou prevenção de doenças e para restauração, correção ou modificação de funções fisiológicas” (ANVISA, 2018) e sua instalação deve ser executada em conformidade com a RDC nº 50/2002 e ABNT – NBR 12188/2003 – Sistemas centralizados de oxigênio, ar, óxido nitroso e vácuo para uso medicinal em estabelecimentos assistenciais de saúde.

São três os sistemas de abastecimentos de gases: cilindros transportáveis, utilizado no caso de emergência e uso eventual; centrais de preservação e usinas concentradoras de oxigênio, que são os sistemas centralizados onde os gases são conduzidos por tubulações até os pontos de utilização. Esses sistemas devem ser protegidos de fontes de calor intenso da mesma maneira que devem ficar afastados de transformadores, contactores, chaves elétricas e linhas abertas de condutores de energia. Devem estar obrigatoriamente armazenados em local acima do solo e ao ar livre permitindo fácil acesso dos equipamentos móveis, de suprimento e de pessoas autorizadas (ANVISA, 2002).

A central deve conter duas baterias de cilindros que alternadamente forneceram o gás a rede de distribuição de forma ininterrupta. Os cilindros devem ser mantidos na posição vertical e estarem adequadamente fixados para prevenir quedas ou choques. As conexões para as linhas dos diferentes tipos de gases bem como cilindros e mangueiras, devem possuir dimensões e

50 cores diferentes de forma a evitar trocas indevidas dos cilindros. A identificação dos gases medicinais e vácuo clínico nas tubulações deve ser feita conforme indicado no Quadro 3 (ABNT, 2003).

Quadro 3 – Cor de identificação de gases medicinais e vácuo clínico.

Gás

Cor

Ar medicinal Óxido nitroso Oxigênio medicinal Vácuo clínico

Amarelo-segurança Azul-marinho Verde-emblema Cinza-claro Fonte: ABNT, 2003. Adaptado pelo autor, 2019.

Os pontos de utilização devem dispor de vedação e proteção na saída para quando os mesmos não estiverem em uso e serem rotulados legivelmente com o nome ou abreviatura e símbolo ou fórmula química e com cores para identificação de gases. Os postos de utilização junto aos leitos devem estar locados a uma altura de aproximadamente 1,5 metros acima do piso (ANVISA, 2002).

Devem obrigatoriamente ser previstos sistemas de alarme e monitoramento instalados em locais que permitam a sua observação constante e adequado, durante o período de funcionamento do EAS. Além disso, nos sistemas centralizados deve ser instalado um alarme operacional indicando quando a rede deixa de receber de um suprimento primário de gás passando a receber de um secundário ou reserva. Este alarme deve ser sonoro e visual, sendo que este último só pode ser cancelado com o restabelecimento da pressão de operação predeterminada (ABNT, 2003).

2.6.5 Comunicação visual

A comunicação visual é uma das denominações dada ao design de sinalização que tem por finalidade direcionar, identificar e informar, transpassando a questão estética por trás da sua aplicabilidade (VELHO, 2007), conforme exemplificado na Figura 4 e Figura 5. Quando unificada com a arquitetura torna o espaço comunicativo trazendo resultados positivos para a concepção total de qualquer projeto.

O design de sinalização é

[...] um meio de organizar e pensar a relação entre os espaços construídos, seus usuários, a tecnologia de materiais e os processos de fabricação. [...] tem caráter abrangente, entendendo a comunicação como ferramenta multissensorial, capaz de

51 tornar os espaços mais acessíveis e com informações pertinentes para seu uso” (D’AGOSTINI, 2017, p. 26).

Figura 4 – Comunicação visual. (A) MIX 422 e (B) UNE 862.

A

B

Fonte: Nitsche Arquitetos4, 2012 e 2016, respectivamente.

Figura 5 – Comunicação visual. (A) Módulo Bruxelas e (B) Escola Fundação Bradesco.

B

A

Fonte: Nitsche Arquitetos5, 2013 e 2017, respectivamente.

O sistema de sinalização é dividido em cinco categorias conforme apresentadas no Quadro 4.

Quadro 4 – Divisões do sistema de sinalização.

Categoria Identificadores Direcionais Orientativos Regulatórios Segurança

Descrição Identificam a edificação, setores, entradas, saídas, etc.

Auxiliam os usuários na circulação entre as entradas principais, postos-chaves, destinos e saídas.

Elementos que oferecem aos usuários uma visão geral das imediações através de mapas, esquemas e infográficos.

Informam o que deve e o que não deve ser feito em um local.

Mensagens de uso obrigatório/recomendado por órgãos oficiais.

Fonte: Vendramini; Bitencourt, 2018. Adaptado pelo autor, 2019.

4 5

Disponível em: <http://www.nitsche.com.br/comunicaovisual>. Acesso em: 04 jun. 2019.

Disponível em: <http://www.nitsche.com.br/comunicaovisual>. Acesso em: 04 jun. 2019.

52 Tratando-se de espaços saúde (Figura 6), percebe-se a necessidade de seu uso para a comunicação eficiente que seja clara e prática frente a complexidade desses locais e seus mais diversos usuários (pacientes, familiares e profissionais) orientando-os principalmente na localização dos ambientes (OLIVEIRA, 2012).

Figura 6 – Comunicação visual. (A) CABERGS e (B) Unimed Shopping Total.

A

B

Fonte: Studio MDA wayfinding design6, 2014 e 2016, respectivamente.

Para Vendramini e Bitencourt (2018), a comunicação visual por meio de pictogramas e cores torna as edificações mais inclusivas para pessoas com algum tipo de deficiência. Os pictogramas são muito eficientes devido a sua universalidade auxiliando analfabetos ou pessoas de língua estrangeira na compreensão das mensagens. Os autores ainda complementam:

Para aumentar e garantir a legibilidade das informações, são considerados ainda aspectos como as proporções entre altura, largura e espessura das letras e números, relacionadas à distância de leitura, assim como a distância entre letras e palavras. O contraste do fundo com as mensagens, assim como a iluminação incidente ou retro iluminação devem colaborar para a compreensão do texto (VENDRAMINI; BITENCOURT, 2018).

6

Disponível em: <http://www.studiomda.com.br/>. Acesso em: 04 jun. 2019.

53

“A cor pode ajudar as pessoas a identificar, navegar, diferenciar, ressaltar e a se conectar emocionalmente com um ambiente” (VENDRAMINI; BITENCOURT, 2018). “Podem também ser utilizadas tanto para influenciar no processo terapêutico quanto para orientar o fluxo, colaborar para diferenciar setores ou ainda reforçar a identidade visual da instituição” (OLIVEIRA, 2012, p. 80).

Conforme Matarazzo apud Oliveira (2012, p. 80) “as cores ou composições cromáticas, em um hospital, estão presentes em todo o espaço visual; desde os uniformes, equipamentos, até obras de arte e mobiliário, e juntamente a outros elementos arquitetônicos, compõem o espaço”. É importante também atentar-se aos materiais empregados já que ambientes hospitalares exigem cuidado e atenção maior com relação as exigências da ANVISA. Por este motivo, devese evitar qualquer tipo de material poroso e de difícil limpeza que possam acumular sujidades em suas superfícies afim de evitar qualquer risco de infecção ou contaminação (OLIVEIRA, 2012, p. 75).

Vendramini e Bitencourt (2018) complementam:

Projetos de sinalização podem e devem contemplar aspectos de ambientação de interiores que qualifiquem os ambientes de saúde. Cores, texturas e temas auxiliam na identificação de edificações e setores, marcam percursos, criam identidade e humanizam os espaços.

2.6.6 Edifícios inteligentes e o hospital do futuro

O termo edifícios inteligentes (smart buildings) originou-se na década de 80 tendo se popularizou no mundo ao longo dos anos. A primeira definição para o termo foi dada pelo Intelligent Buildings Institute (IBI) sendo:

Um edifício inteligente é aquele que oferece um ambiente produtivo e que é economicamente racional, através da optimização (sic) dos seus quatro elementos básicos - estrutura, sistemas, serviços e gestão - e das inter-relações entre eles. Os edifícios inteligentes ajudam os seus proprietários, gestores e ocupantes a atingir os seus objectivos (sic) sob as perspectivas do custo, conforto, adequação, segurança, flexibilidade no longo prazo e valor comercial (INTELLIGENT BUILDINGS INSTITUTE, 1987 apud NUNES; SÊRRO, 1996, p. 7).

Quando se trata de edifícios inteligentes logo se imagina o uso da alta tecnologia empregada na automação, computação e comunicação, entretanto o conceito vai muito além

54 envolvendo a flexibilidade das instalações, possibilitando dessa forma, a sua capacidade de adaptabilidade frente as mudanças necessárias na edificação devido aos constantes avanços tecnológicos. Além disso, o conceito agrega o uso racional dos recursos energéticos por meio das tecnologias disponíveis contribuindo com a sustentabilidade e com o aumento da produtividade, do conforto e da segurança dos usuários (NUNES; SÊRRO, 1996).

Alguns dos recursos empregados nesses edifícios são: Aquecimento, ventilação e ar condicionado; assistente de voz; automação; comunicação e distribuição de áudio e vídeo; controle de acesso de pessoas e veículos; detecção de situações de emergência; diagnóstico de falhas e manutenção de sistema; elevadores inteligentes; inteligência artificial; internet das coisas; reconhecimento fácil; sistema de armazenamento de energia; entre outros.

Neste mesmo contexto surgem os hospitais inteligentes (smart hospitals) conectados ao hospital do futuro que dispõe de alta tecnologia para resultar em qualidade, produtividade e eficiência. Trata-se de “um hospital que conta com processos otimizados e automatizados construídos em um ambiente com Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) de ativos interconectados, particularmente com base na Internet das Coisas (IOT), para melhorar os procedimentos existentes de atendimento ao paciente e introduzir novos recursos” (SMART HOSPITALS, 2016, p. 9, tradução nossa).

Os hospitais inteligentes precisam se abrir aos avanços tecnológicos sendo totalmente digitalizados dessa forma, o primeiro passo é acabar com a utilização do papel. O uso de prontuários em meios digitais, como tablets por exemplo, integrando-os com todos os departamentos hospitalares gera eficiência, produtividade, redução de custos, qualidade no atendimento, entre várias outras vantagens (O QUE É UM HOSPITAL INTELIGENTE?, 2012).

Essas mesmas vantagens precisam nortear o funcionamento de todo o hospital que por sua vez deve possuir as características dos edifícios inteligentes apoiando-se na IOT de forma que integre as funções de diagnóstico, tratamento, gestão e decisão (YU; ZHU, 2012, p. 1654, tradução nossa).

2.7 ESTUDOS DE CASO

Neste tópico serão analisados e apresentados os estudos de caso desenvolvidos por meio da abordagem do livro Arquitectura: temas de composición de Clark e Pause (1987) que possibilita a análise da produção arquitetônica de forma padronizada e fundamenta. A análise

55 de projetos referenciais acerca do tema estudado traz consigo o conhecimento dos vários elementos que compõe o projeto ampliando a visão do arquiteto e urbanista.

Para a realização dos estudos de caso foram escolhidos o Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Kubitschek de Salvador/BH e o Hospital do Rocio de Campo Largo/PR. Vale destacar que nenhum dos dois hospitais possui tratamento de pacientes queimados, entretanto as escolhas são fundamentadas pelo fato de que os arquitetos responsáveis pelos projetos usam com maestria os conceitos de humanização hospitalar possuindo soluções técnicas de conforto, funcionalidade e estética que podem ser aplicadas no anteprojeto do Centro de Tratamento de Queimados.

2.7.1 Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Kubitschek de Salvador

O Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Kubitschek de Salvador (Figura 7) pertence à Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação que tem como meta “devolver ao cidadão brasileiro os impostos pagos por meio do atendimento público de alta qualidade, com tecnologia de ponta e humanismo, alcançando todos os níveis da população” (REDE SARAH, 2019).

Figura 7 – Hospital do Aparelho Locomotor Sarah Kubitschek de Salvador.

Fonte: Kon, 2012.

2.7.1.1 Ficha técnica

Projetado e coordenado pelo arquiteto e urbanista João Filgueira Lima, o hospital está localizado em terreno com área total de 128.395,84m² contando com área construída de 27.000m². Teve sua construção iniciada em 1992 sendo inaugurado em 1994 com um total 178

56 leitos e passando a atuar em quatro áreas: Reabilitação Neurológica, Reabilitação Ortopédica, Reabilitação Infantil e Neurorreabilitação em Lesão Medular. Os materiais utilizados são predominantemente metal e concreto (ROCHA, 2010).

2.7.1.2 O arquiteto

João Filgueiras Lima, conhecido popularmente como Lelé, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1932. Formou-se em arquitetura e urbanismo em 1955 pela Escola Nacional de Belas Artes, também no Rio de Janeiro. Em 1957 mudou-se para Brasília para trabalhar como engenheiro de obras no início da construção da nova capital do Brasil, ficando responsável pelo projeto de habitações desenhadas por Oscar Niemeyer. Em 1962 participou da concepção e execução das edificações da Universidade de Brasília (UnB) (GUERRA; MARQUES, 2015).

Em 1967, por indicação de Niemeyer, projetou seu primeiro hospital (Hospital de Taguatinga) onde inicia sua reflexão sobre complexos hospitalares. Suas obras de maior relevância são os hospitais da Rede Sarah em Brasília (1980), São Luís (1993), Salvador (1994), Belo Horizonte (1997), Fortaleza (2001), Brasília/Lago Norte (2003), Macapá (2005), Belém (2007) e Rio de Janeiro (2009). Faleceu em 21 de maio de 2014 em Salvador (GUERRA; MARQUES, 2015).

Lelé foi um arquiteto excepcional cuja obra é reconhecida internacionalmente especialmente pelos projetos que desenvolveu para a Rede Sarah. Como enaltecido por Guerra e Marques (2015), Lelé

[...] destaca-se por sua capacidade de invenção, apuro técnico e valorização da cultura construtiva brasileira. Não só reconhece as possibilidades técnicas e tecnológicas de seu tempo e as dificuldades sociais do Brasil, como trabalha com afinco ao longo da vida para ultrapassá-las com uma obra engenhosa, equilibrada em princípios e atitudes humanistas: buscar uma arquitetura que harmonize o homem e o meio natural, contribuir para a emancipação social da coletividade.

2.7.1.3 Localização e implantação

O hospital está localizado na Avenida Tancredo Neves, nº 2782, Bairro Caminhos das Árvores em Salvador, Bahia.

Situado em uma zona geograficamente elevada, a construção horizontal desfruta de uma vista privilegiada. Devido ao desnível foram realizados cortes topográficos e pequenos arrimos

57 organizados de modo que todo o pavimento térreo permanecesse no nível 40 e o pavimento de serviços no nível 35,40, sendo que a diferença de nível entre a edificação e a rua é de 20 metros (ROCHA, 2010).

Figura 8 – Localização e vista aérea do Hospital Sarah Salvador.

Fonte: Google Earth, 2018. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.1.4 Descrição O hospital “se destaca pela perfeita integração entre a concepção arquitetônica e as necessidades médicas e terapêuticas, desenvolvidas com o intuito de tornar mais agradáveis e humanos os ambientes hospitalares e assim contribuir para o bem-estar e a recuperação dos pacientes” (MARKUN, 2014).

A humanização já era empregada por Lelé anteriormente e neste projeto é reafirmada a aplicabilidade desse conceito. Athos Bulcão criou diversos painéis coloridos (Figura 9) em argamassa armada, metal e madeira perfurados com desenhos geométricos que se integram a mata nativa e a edificação (FRACALOSSI, 2012).

58 Figura 9 – (A) e (B) Painéis do artista plástico Athos Bulcão.

A

B

Fonte: Kon, 2012.

Com relação ao conforto, evitou-se o uso de ventilação cruzada já que aumentam os riscos de disseminação de infecções, dessa forma utilizou-se pela primeira vez o sistema de ventilação por meio de galerias semienterradas onde o ar recebe pulverização de água e é conduzido para dentro da edificação, posteriormente saindo pelos sheds da cobertura, conforme representado na Figura 10 (ROCHA, 2010).

A integração do espaço interno e exterior é muito presente nas obras de Lelé (Figura 11). Espaços verdes já existentes juntamento com os criados posteriormente proporcionam melhorias nas condições hospitalares contribuindo com o processo de cura do paciente e com a prestação de serviços da equipe (ROCHA, 2010).

Figura 10 – Sistema de ventilação.

Fonte: Lelé, 2012, p. 112.

59

Figura 11 – (A) e (B) Integração do espaço interno e externo.

A

B

Fonte: Kon, 2012.

2.7.1.5 Partido

Lelé aplica os princípios de flexibilidade e expansibilidade da construção criando espaços com forte relação climática, tecnológica e humanizada com espaços verdes, flexibilidade das instalações, padronização construtiva, iluminação e ventilação naturais (ROCHA, 2010).

O partido arquitetônico para desenvolvimento do projeto foi a localização da edificação situada no alto de uma colina que possibilita uma vista privilegiada em 360º. O terreno foi moldado em várias plataformas, cada uma com destinação específica (LELÉ, 2012).

2.7.1.6 Setorização e definição dos espaços

Os acessos da edificação se dão de forma independente e bem definida acontecendo principalmente no nível 40 do terreno, conforme observado na Figura 12. No nível 35,40 estão um dos acessos de funcionários e o acesso de serviços.

60 Figura 12 – Marcação de acessos.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

O programa de necessidades divide-se em setores hospitalar, educacional, administrativo, serviços e circulação. As plataformas criadas no terreno permitiram que fosse projetada uma edificação horizontal em apenas dois níveis, o primeiro na cota inferior destinado aos setores de serviços e administração e o superior ao restante do programa (Figura 13).

Figura 13 – Setorização do corte.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

O nível semienterrado dispõe de 90% da sua área ao setor de serviços, como nota-se na Figura 14, isso porque é neste pavimento que estão às galerias do sistema de ventilação.

61 Figura 14 – Setorização do nível semienterrado.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Na Figura 15 é possível observar como a circulação central desempenha papel fundamental na articulação de todos os setores hospitalares. Vale destacar a organização espacial relacionada aos ambientes que necessitam de privacidade que foram posicionados no centro da edificação já os demais, como unidades de terapia e ambulatório, mais nas extremidades integrando-se com o espaço externo.

Figura 15 – Setorização do pavimento térreo.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

62

2.7.1.7 Estrutura

A edificação foi concebida incialmente com sistemas pré-fabricados e argamassa armada que eram produzidos na unidade para construções de interesse social, denominada Faec, pertencente à Prefeitura de Salvador. Entretanto, por questões de ordem política a fábrica fechou e a obra para a construção do hospital foi paralisada mesmo já tendo sido executada movimentos de terra e parte dos componentes destinados às galerias. Com a retomada da obra em 1992 foi necessário reformular a estrutura utilizando aço (LELÉ, 2012).

Dessa forma, a construção é constituída por estrutura mista, sendo nas galerias semienterradas sistemas pré-fabricados e argamassa armada e na restante estrutura metálica garantindo a possibilidade de flexibilidade do hospital.

2.7.1.8 Iluminação natural

As aberturas de vidro estão posicionadas estrategicamente a norte e sul. Varandas com 2,50 metros de largura desempenham papel fundamental na proteção solar norte e servem de áreas de estar e tratamento (LELÉ, 2012). Essas aberturas iluminam os ambientes das extremidades ao mesmo tempo em que os integra ao espaço externo (Figura 16).

Figura 16 – (A) e (B) Entrada de iluminação natural pelas fachadas.

A

B

Fonte: Kon, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Localizados na cobertura, os sheds são responsáveis, principalmente, por iluminar os ambientes privativos posicionados no centro da edificação (Figura 17). Brises horizontais impedem a incidência solar direta sobre esses ambientes. Possuem dois sistemas de abertura, sendo o inferior uma veneziana metálica e superior um caixilho de vidro basculante. Em alguns

63 ambientes a abertura é somente com caixilho de vidro basculante permitindo que a ventilação seja interrompida, mas que a iluminação seja mantida (Figura 18) (FRACALOSSI, 2012).

Figura 17 – Entrada de iluminação natural no corte.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 18 – Entrada de iluminação natural pela cobertura.

Fonte: Kon, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.1.9 Estudo de massa

A edificação se apresenta por meio de três massas predominantemente horizontais articuladas pelo sistema de circulação e alinhadas em um eixo de serviço (Figura 19). Essas massas são formadas pelo agrupamento dos setores os quais possuem em praticamente toda a sua extensão o setor de serviços dando apoio aos demais.

64 Figura 19 – Definição de massas em planta.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

O hospital se destaca pela sua horizontalidade em função de sua extensão em planta. Na fachada norte (Figura 20) é possível observar a presença de uma simples massa retangular que corresponde ao pavimento térreo e as galerias semienterradas.

Figura 20 – Definição de massas na fachada norte.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Na fachada lateral oeste (Figura 21) o que predomina sobre a massa retangular é a cobertura formada pelos sheds com dimensões variadas notando-se claramente a divisão entre pavimento térreo e cobertura. Esses elementos dão ritmo à fachada definindo a volumetria do projeto. Destaca-se também como elemento predominante uma forma curva onde estão os tirantes de sustentação da cobertura do auditório.

Figura 21 – Definição de massas na fachada oeste.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

65

2.7.1.10 Circulação e espaço-uso

A circulação se dá de forma bem definida possuindo fluxos específicos de uso comum e de uso restrito de funcionários e sendo predominantemente horizontal (Figura 22). A circulação central com 3,75 metros de largura desempenha papel fundamental na articulação de todos os setores hospitalares funcionando como um eixo de onde se originam as circulações secundárias. Duas escadas localizadas na parte central da edificação dão acesso ao pavimento semienterrado sendo destinadas exclusivamente para funcionários.

Figura 22 – Circulação e espaço-uso.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.1.11 Unidade e conjunto

As unidades mais marcantes são de natureza formal por meio dos sheds da cobertura da edificação (Figura 23). Muito característicos dos hospitais da Rede Sarah, a união dos vários sheds formam o conjunto total da edificação consagrando esta e as demais obras do arquiteto.

66 Figura 23 – Unidade e conjunto.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.1.12 Repetitivo e singular

Na planta baixa do pavimento térreo é possível observar com clareza a presença de elementos repetitivos bem característicos em edificações hospitalares. Espaços de reabilitação como quartos e enfermarias costumam ser mais repetitivos como pode ser observado na Figura 24.

Figura 24 – Repetitivo e singular em planta.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Já na fachada o elemento repetitivo está nos sheds que se estendem ao longo de toda a cobertura em ambos os níveis. A forma curva dos tirantes de sustentação se caracteriza como elemento singular por ser única na edificação (Figura 25 e Figura 26).

67 Figura 25 – Repetitivo e singular em fachada.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 26 – Elementos repetitivos e singulares na cobertura.

Fonte: Kon, 2012.

2.7.1.13 Simetria e equilíbrio

Em planta baixa, como se pode observar na Figura 27, à presença de simetria local no setor hospitalar e no setor de residência médica. No eixo central da edificação é possível notar que apesar da predominância assimétrica ainda existe o equilíbrio total. O mesmo pode ser observado na fachada (Figura 28), assimétrica, porém equilibrada.

68 Figura 27 – Simetria e equilíbrio em planta.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 28 – Equilíbrio em fachada.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.1.14 Adição e subtração

A edificação se apresenta de forma bem horizontal como já mencionado anteriormente possuindo em seu coroamento como elemento aditivo os sheds e a forma curva dos tirantes de sustentação (Figura 29).

Figura 29 – Adição.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

69 2.7.1.15 Hierarquia

Novamente, destaca-se como elementos hierárquicos e presença dos sheds que devido a sua localização na cobertura formam um elemento de marcação do espaço delimitando de forma clara a divisão entre pavimento térreo e cobertura, além da forma curva dos tirantes de sustentação que se destaca como elemento hierárquico devido a sua altura (Figura 30 e Figura 31).

Figura 30 – Hierarquia.

Fonte: Lelé, 2012. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 31 – Hierarquia.

Fonte: Kon, 2012.

70 2.7.1.16 Análise crítica

Lelé foi um arquiteto visionário muito à frente de seu tempo. Os projetos para os hospitais da Rede Sarah são uma referência nacional e internacional em arquitetura hospitalar.

O Sarah Salvador, por exemplo, apesar de seus 25 anos desde a inauguração continua em destaque.

A preocupação com a questão social é uma característica bem marcante nas obras do arquiteto, além disso, a humanização dos ambientes hospitalares pensando em espaços mais humanos contribui para o processo de cura do paciente.

Como pontos positivos destacam-se a flexibilidade e expansibilidade possibilitada pelo projeto; integração entre arquitetura, arte e medicina; condições de conforto térmico favoráveis devido as soluções adotadas que consequentemente contribuem com a sustentabilidade da edificação; preservação da vegetação existente e integração do espaço edificado com o espaço natural; acessos independentes e circulações bem definidas para os diferentes setores.

Como ponto negativo aponta-se a questão estética. Diferentemente do Sarah Fortaleza e do Sarah Brasília/Lago Norte, por exemplo, não há um apelo estético evidente no Sarah Salvador. A organização horizontal tem presença marcante dos sheds da cobertura característicos das obras, ademais nenhum outro elemento se sobressai deixando a edificação menos em destaque quando colocada ao lado das demais. Logicamente a questão estética possui um peso muito pequeno comparado com o conforto e a funcionalidade proporcionada pelo projeto.

As questões adotadas por Lelé neste projeto e apontadas acima são muito relevantes para o anteprojeto que será desenvolvido e serão de enorme valia para a concepção projetual.

2.7.2 Hospital do Rocio de Campo Largo

O Hospital do Rocio de Campo Largo é considerado o maior do Brasil e também da América Latina em número de leitos. Com seus 1200 leitos e 97% de seu atendimento voltado aos usuários do SUS, o hospital é atualmente uma referência para o Estado do Paraná atendendo pacientes de cerca de 220 municípios (HOSPITAL DO ROCIO, 2019).

71 Figura 32 – Hospital do Rocio de Campo Largo.

Fonte: Kon, 2017.

2.7.2.1 Ficha técnica

Projetado pelo escritório MCA Manoel Coelho Arquitetura & Design, o hospital está localizado em terreno com área total de 100.000m² contando com área construída de 53.000m².

Teve sua construção iniciada em 2012 sendo inaugurado em 2014 com uma estrutura que surpreende. São 1200 leitos sendo 305 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) (200 adultas e 105 neopediátricas), 26 salas de cirurgia, 40 consultórios, 856 leitos de enfermaria e 39 suítes além de 1000 vagas de estacionamento. Sua capacidade é de 4000 atendimentos ao mês com foco na alta e média complexidade sendo considerada referência em atendimento de gestação de risco e cirurgia cardíaca pediátrica e neurocirurgia (HOSPITAL DO ROCIO, 2019).

2.7.2.2 O arquiteto

Manoel Coelho nasceu na cidade de Florianópolis/SC em 1940. Formou-se em arquitetura e urbanismo em 1967 na primeira turma da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba/PR. Posteriormente tornou-se professor titular e coordenador do curso por vários anos além de ter participado da implantação e coordenação dos cursos de design (MCA MANOEL COELHO, 2019).

Em 1971 fundou o escritório que leva seu nome (MCA Manoel Coelho Arquitetura & Design) e a partir de 1973, por meio de uma parceria bem-sucedida com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), desenvolveu os projetos dos Campus Curitiba, Londrina, São José dos Pinhais, Toledo e Maringá. A partir de 1999 começa a desenvolver os

72 projetos para a Universidade Positivo em uma área de 440.000m² onde se encontram suas principais obras, como o centro de pós-graduação, biblioteca central, templo da paz, centro esportivo e Teatro Positivo – Grande Auditório (MCA MANOEL COELHO, 2019).

Seu escritório já recebeu diversas premiações importantes da arquitetura e design nacionais e internacionais e hoje se consagra como referência na área de arquitetura educacional (MCA MANOEL COELHO, 2019).

2.7.2.3 Localização e implantação

O hospital está localizado na Rua Maria Aparecida de Oliveira, nº 599, Loteamento São Gerônimo em Campo Largo, Paraná.

Figura 33 – Localização e vista aérea do Hospital do Rocio.

Fonte: Google Earth, 2018. Adaptado pelo autor, 2019.

Situado em terreno cercado por uma zona de vegetação preservada a implantação se caracteriza pela ampla iluminação natural dos ambientes gerando extensos vãos de luz e pela integração do espaço interno e externo que possibilitam visibilidade para as belas araucárias do bosque (Figura 34) (GELINSKI, 2018).

73

Figura 34 – Integração do espaço interno e externo.

Fonte: Kon, 2017.

2.7.2.4 Descrição

O hospital com seus 50 anos de existência traz consigo os princípios plantados pelo seu fundador Dr. Atílio Barbosa Júnior: humanização do atendimento médico e respeito pelas pessoas (ARCHDAILY BRASIL, 2017).

O projeto foi elaborado tendo em vista a comodidade dos pacientes e acompanhamentos.

“Em função do grande porte da edificação, o projeto de ambientação e sinalização faz uso de cores para cada setor do hospital, a fim de quebrar com a monotonia dos espaços e melhor comunicar seus usuários”. (ARCHDAILY BRASIL, 2017). O estacionamento foi separado por bloco facilitando o acesso e também a localização das áreas desejadas.

A sustentabilidade está bem presente no projeto por meio de soluções que garantem a eficiência ambiental do empreendimento como o reaproveitamento de águas pluviais, o aquecimento solar e as lajes jardins (Figura 35) que contribuem significativamente com a humanização do ambiente e com a qualidade ambiental dos mesmos (GELINSKI, 2018).

74 Figura 35 – (A) e (B) Lajes jardins.

A

B

Fonte: Kon, 2017.

2.7.2.5 Partido

Ambientes humanizados e integração do espaço interno e externo. Essa foi a principal premissa para a elaboração do projeto que “procura uma correta organização funcional dos setores e fluxos hospitalares, pensando em primeiro lugar na “qualidade e humanização” dos espaços internos para que seus usuários possam ter uma melhor condição de atendimento, permanência e recuperação” (ARCHDAILY BRASIL, 2017).

O partido arquitetônico para desenvolvimento do projeto foi à implantação do edifício que “busca a intensa utilização de iluminação natural e explora ao máximo as relações com o espaço externo” principalmente devido às belas araucárias existentes no bosque (ARCHDAILY BRASIL, 2017).

2.7.2.6 Setorização e definição dos espaços

Tendo em vista a grande quantidade de pessoas que serão atendidas pelo hospital, se deu atenção especial na setorização e controle de fluxos. Os acessos ao complexo hospitalar (terreno) se dão de forma independente distribuindo os usuários para os acessos dos quatro blocos, conforme observado na Figura 36. O acesso ao pavimento térreo do hospital também acontece separadamente de acordo com os diferentes usuários (Figura 37).

75 Figura 36 – Marcação de acessos na implantação.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 37 – Marcação de acesso no pavimento térreo.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

76

O programa de necessidade divide-se em setores hospitalar, educacional, administrativo, serviços e circulação separados por quatro blocos isolados. Dois destinam-se ao setor de serviços, um ao ambulatório e outro principal projetado em três pavimentos e destinado às demais atividades (Figura 38).

Figura 38 – Setorização do corte.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Tratando-se do bloco principal, no pavimento térreo se concentram as principais funções do hospital: pronto socorro, centro de imagem e diagnóstico, UTIs, centro cirúrgico, central de materiais esterilizados, farmácia, refeitório, entre outros (Figura 39). Os acessos independentes já direcionam o usuário para esses ambientes evitando fluxos conflituosos.

Figura 39 – Setorização do pavimento térreo.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

77

No segundo pavimento estão as alas de internação com enfermarias e suítes além do auditório (Figura 40). É possível observar na figura a organização espacial da planta de forma que todos os ambientes tenham acesso ou visibilidade para às lajes jardim que ocupam uma área de cerca de 5 mil metros quadrados valorizando “os deslocamentos internos e visuais dos ambientes de internamento e de trabalho” (ARCHDAILY BRASIL, 2017).

Figura 40 – Setorização do segundo pavimento.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Por fim, no terceiro pavimento concentrasse outras alas de enfermaria, a administração e o espaço acadêmico (Figura 41).

78 Figura 41 – Setorização do terceiro pavimento.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.2.7 Iluminação natural

A edificação conta com 8.561,72m² de vãos de luz por meio do sistema de structural glazing com modulações de 2 metros e 2,5 metros de largura por 1,05 metros de altura formando uma grande cortina que se estende ao longo de todas as fachadas da edificação possibilitando a entrada de iluminação natural (Figura 42). Foram utilizados “vidros laminados refletivos de 8 milímetros de espessura, compostos por um vidro de 3 milímetros azul + PVB incolor + vidro incolor de 4 milímetros” que desempenham papel fundamental no tratamento térmico no interior do edifício (GELINSKI, 2018).

79 Figura 42 – (A) e (B) Entrada de iluminação natural pelas fachadas.

A

B

Fonte: Kon, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

As lajes jardins existentes entre meio os volumes possibilitam a entrada de luz em todos os ambientes contribuindo significativamente para a humanização e para o conforto dos mesmos, conforme podemos observar na Figura 43 e Figura 44.

Figura 43 – Entrada de luz natural no corte.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 44 – (A) e (B) Entrada de iluminação natural pelas lajes jardins.

A

B

Fonte: Kon, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Em alguns pontos estratégicos uma cobertura metálica vedada por vidro incolor permite a entrada de iluminação natural em espaços de circulação e jardins internos (Figura 45).

80 Figura 45 – Entrada de luz natural pela cobertura.

A

B

Fonte: Kon, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.2.8 Estudo de massa

A composição da edificação origina-se a partir de diversas massas de tamanhos variados articuladas pelo sistema de circulação e pelas lajes jardim, como demonstrado na Figura 46.

Figura 46 – Definição de massas em planta.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

81

Na fachada (Figura 47), predomina uma grande massa horizontal. Observa-se também uma variação volumétrica regida pelas massas da planta e que influenciam diretamente no resultado final da estética da edificação.

Figura 47 – Definição de massas em fachada.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.2.9 Circulação e espaço-uso

A circulação na edificação se dá de forma bem definida por meio de dois grandes eixos paralelos, conforme a Figura 48. A circulação principal se estende ao longo de toda a edificação pela fachada principal estando voltada para o bosque. Já a circulação de médicos, funcionários e serviços são mais restritos cortando o eixo central do edifício. Eixos transversais originam-se a partir destes e dão acesso aos espaços de uso.

Figura 48 – Circulação e espaço-uso.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

82

2.7.2.10 Unidade e conjunto

A edificação apresenta várias características de unidade que unidas formam um conjunto. Elementos predominantes como os volumes em ACM e o structural glazing estão em destaque nas quatro fachadas sendo uma característica bem marcante do projeto (Figura 49 e Figura 50).

Figura 49 – Unidade e conjunto na fachada.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 50 – Unidade e conjunto na fachada.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Tratando-se de uma análise em planta (Figura 51), o conjunto é concebido pelas diversas unidades de lajes jardim ao longo de toda a extensão edificada que acabam dando forma à edificação.

83

Figura 51 – Unidade e conjunto na planta.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.2.11 Repetitivo e singular

A edificação apresenta como elemento singular o pórtico de entrada em ACM, imponente e único (Figura 52 e Figura 53). Já como elementos repetitivos destaca-se as próprias lajes jardim que criam vãos de luz que se estendem ao longo da fachada (Figura 54).

Figura 52 – Repetitivo e singular em fachada.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

84 Figura 53 â&#x20AC;&#x201C; Singularidade na fachada.

Fonte: Kon, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 54 â&#x20AC;&#x201C; Repetitivo e singular em planta.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

85

2.7.2.12 Simetria e equilíbrio

Como é possível observar na Figura 55, em planta baixa existe a presença de simetria local principalmente nas áreas de internação. Apesar de predominantemente horizontal a edificação é equilibrada na sua totalidade. O mesmo pode ser observado na fachada (Figura 56), assimétrica, porém equilibrada.

Figura 55 – Simetria e equilíbrio em planta.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 56 – Equilíbrio em fachada.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

86 2.7.2.13 Adição e subtração

A adição e subtração nas fachadas ocorrem por meio de elementos de caráter estético.

Os espaços vazados criados pelas lajes jardins entre os volumes edificados podem ser considerados como elementos subtraídos. Já o pórtico de acesso pode ser considerado tanto adição como subtração. Trata-se de um volume anexado, mas vazado em suas faces (Figura 57 e Figura 58).

Figura 57 – Adição e subtração.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 58 – Subtração na fachada.

Fonte: Kon, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

87

2.7.2.14 Hierarquia

Uma das palavras para descrever o projeto é imponência. O elemento hierárquico com maior ênfase é o pórtico de acesso em escala monumental que marca de forma clara o acesso principal (Figura 59 e Figura 60).

Figura 59 – Hierarquia.

Fonte: Archdaily Brasil, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 60 – Hierarquia.

Fonte: Kon, 2017. Adaptado pelo autor, 2019.

2.7.2.15 Análise crítica

88 O Hospital do Rocio teve sua concepção muito bem planejada e elaborada. Com uma estética impecável o arquiteto introduziu em uma paisagem belíssima composta por bosques de araucárias e lagos uma edificação que conversa e se integra ao entorno.

As soluções adotadas para o projeto garantem a sua funcionalidade. As lajes jardins são essenciais para o conceito de humanização do hospital, além de contribuir de forma significativa com o conforto ambiental. As grandes fachadas em structural glazing possibilitam a entrada de iluminação natural uniformemente gerando economias no consumo de energia elétrica que por outro lado tendem a deixar a edificação mais quente devido a radiação solar exigindo maior climatização. São pesos opostos tratando-se de sustentabilidade e eficiência energética.

A definição dos fluxos em dois grandes eixos sendo um público e outro restrito é muito importante para uma edificação hospitalar onde normalmente ocorrem fluxos conflituosos. A acessibilidade também está muito presente na edificação. Rampas e elevadores possibilitam o acesso de Pessoas Com Deficiência (PCD) aos demais pavimentos e a comunicação visual permite uma melhor orientação acerca dos deslocamentos internos.

89 3 METODOLOGIA

A pesquisa baseia-se na utilização do método indutivo onde, segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 86), “o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam”.

O nível da pesquisa é exploratório que visa “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses... de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado” (GIL, 2002, p. 41). Com isso, será realizado pesquisas bibliográficas, levantamentos, estudos de campo e estudos de caso. Não haverá coleta de dados junto à população, entretanto haverá entrevistas informais durante as visitas técnicas para uma posterior análise qualitativa, definida como um processo de seleção, categorização e interpretação de dados levando a redação da pesquisa (GIL, 2002).

As pesquisas bibliográficas serão realizadas por meio de livros, revistas, sites de órgãos governamentais e legislações para dar embasamento teórico ao projeto. Além dos autores já consagrados da arquitetura hospitalar como Jarbas Karman, Ronald de Góes, João Filgueiras Lima, Luiz Carlos Toledo e, Mauro Santos e Ivani Bursztyn, será utilizado a literatura específica da área médica com autores que são autoridades no assunto como Dino R. Gomes, Maria Cristina do Valle Freitas, Edmar Maciel Lima Júnior e Alberto Bolgiani.

Serão realizados levantamentos com coleta de dados junto aos Centros de Tratamento de Queimados da região sul do Brasil tendo por finalidade o reconhecimento da estrutura disponível nestes locais (corpo clínico atuante, quantidade de leitos e de salas cirúrgicas, presença de banco de pele ou logística na sua ausência, entre outras). Esse levantamento será realizado primeiramente por meio dos sites dos hospitais nos quais estes centros estão vinculados e se necessário via e-mail ou contato telefônico.

Os estudos de campo se darão por meio de visitas técnicas no Hospital Regional do Oeste (HRO) e no Hospital Unimed, ambos na cidade de Chapecó. A visita ao HRO será de fundamental importância para conhecimento da estrutura existente e dos serviços prestados visando a conexão com a proposta. O Hospital Unimed é uma instituição de atendimento particular que tem sua relevância nesta pesquisa devido ao processo de Acreditação Internacional, um programa que visa desenvolver uma medicina com qualidade, segurança, ética e governança, dessa forma conhecer sua moderna estrutura e seus novos padrões internacionais serão fundamentais para a aplicabilidade no desenvolvimento do anteprojeto. Na

90 oportunidade dessas visitas, serão realizadas entrevistas informais com o corpo clínico fazendo a conexão entre arquitetura e medicina.

Os estudos de caso proporcionam o aprofundamento no projeto e serão desenvolvidos por meio da abordagem do livro Arquitectura: temas de composición de Clark e Pause (1987) que possibilita a análise da produção arquitetônica de forma padronizada e fundamenta por estudos de estrutura; iluminação natural; estudo de massa; circulação e espaço-uso; unidade e conjunto; repetitivo e singular; simetria e equilíbrio; adição e subtração e; hierarquia.

Por fim, será realizada a análise para inserção urbana. Para tanto serão elaborados mapas temáticos da região, do município e da área de estudo, sendo que as informações levantadas bem como as análises resultantes darão subsídio para as definições de partido e anteprojeto.

91 4 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo serão apresentados os resultados da pesquisa por meio das diretrizes de projeto que posteriormente culminarão no anteprojeto de um Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste de Chapecó/SC.

4.1 DIRETRIZES DE PROJETO

Nesta etapa será delimitada a área de intervenção por meio de estudos de condicionantes técnicas, legais e ambientais com foco na análise urbana para inserção do projeto. Essa análise garante que o resultado final seja satisfatório trazendo maior qualidade para a edificação levando em consideração as condições previamente analisadas. Em seguida será apresentado o perfil e demanda (público alvo), programa de necessidades e pré-dimensionamento, conceito, partido, estudo de manchas e organograma/fluxograma.

4.1.1 Apresentação e histórico da área

A área de intervenção localiza-se no município de Chapecó, oeste do Estado de Santa Catarina (Figura 61).

92 Figura 61 – Mapa de inserção urbana.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

A cidade, como já mencionado anteriormente, é um importante ponto de acesso a serviços de saúde estando localizada de forma geograficamente favorável para a região oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná. Na Figura 62 pode ser observado as conexões rodoviárias com os principais municípios regionais (São Miguel do Oeste, Concórdia, Joaçaba, Caçador, Francisco Beltrão, Pato Branco, Frederico Wesphalen, Erechim e Passo Fundo) e as conexões aéreas com os municípios onde se localizam os demais CTQ facilitando possíveis transportes aéreos quando necessários.

93 Figura 62 – Conexões de Chapecó com municípios regionais e interestaduais.

Fonte: Autor, 2019.

Na Figura 63 estão apontados os principais EAS do município que desempenham papel fundamental no atendimento público e privado de pacientes da macrorregião.

94 Figura 63 – Principais EAS de Chapecó.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Localizado no bairro Santa Maria, o terreno está inserido em uma área urbana nas proximidades do Hospital Regional do Oeste, como é possível observar na Figura 64. A implantação do HRO na década de 80 impulsionou o crescimento do entorno direcionando a ocupação principalmente para uso residencial e serviços de saúde. A escolha da área vem ao encontro desses fatores e também devido ao vínculo do CTQ com o HRO. Outros fatores que determinaram a escolha são: facilidade de acesso, facilidade de localização, conexão com o

95 hospital de grande porte, possibilidade integração com a paisagem urbana devido a sua localização elevada e possibilidade de criação de área urbana pública, configurando uma área verde de ligação entre as unidades de saúde.

Figura 64 – Mapa de localização da área de estudo e da área de intervenção.

Fonte: Chapecó, 2014. Google Earth, 2019. Adaptado pelo autor, 2019.

4.2.1 Análise urbana

Compreender o contexto urbano de inserção é de fundamental importância para o desenvolvimento de um projeto que se integre as condições locais. Para as devidas análises foram realizadas coletas de dados e de mapas municipais além de levantamentos urbanísticos do entorno visando compreender as condicionantes técnicas, legais e naturais que nortearão o projeto. A área de estudo foi delimitada abrangendo um raio de 350 metros a partir do ponto central da área de intervenção, conforme segue na Figura 65.

96 Figura 65 – Mapa da área de estudo.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

4.2.1.1 Inserção urbana

A área de intervenção está localizada na quadra 1360 e abrange 05 lotes sendo eles: lote 06 (561,00m²), lote 07 (561,00m²), lote 08 (561,00m²), lote 09 (612,00m²) e lote 10 (612,00m²), totalizando como área total 2.907,00m². Faz confrontações ao norte com os lotes 04 e 05, ao sul com a Rua Florianópolis, ao leste com a Rua Montevidéu e ao oeste com a Rua São Francisco.

4.2.1.2 Condicionantes legais

O Plano Diretor de Chapecó instituído pela Lei Complementar nº 541 (CHAPECÓ, 2014), determina o zoneamento da Macrozona Urbana classificando a área de intervenção como Unidade Funcional de Desenvolvimento de Serviços de Saúde (UFDSS). Esse zoneamento caracteriza-se por estar organizado obrigatoriamente no entorno do HRO sendo direcionado “preferencialmente ao desenvolvimento de atividades econômicas de prestação de serviços na

97 área da saúde, para habitação e também à produção econômica de baixo impacto ambiental” (CHAPECÓ, 2014, p. 36). A Figura 66 demonstra o zoneamento acerca da área de estudo.

Figura 66 – Mapa do zoneamento urbanístico.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Na Tabela 1 estão os índices e parâmetros urbanísticos determinados para a UFDSS e extraídos do Anexo III-A do PDC estabelecendo os fatores que nortearão o início do desenvolvimento do projeto. Já na Tabela 2 estão os cálculos para dimensionamento da edificação no terreno com base nos índices e parâmetros apresentados anteriormente.

Tabela 1 – Índices e parâmetros urbanísticos da área de intervenção.

Coeficiente de Unidade Recuo Número de Taxa de aproveitamento Taxa de ocupação territorial mínimo pavimentos permeabilidade básico Base Torre UFDSS 3,6 4 metros 8 20% 70% 60% OBS: O afastamento mínimo lateral será definido em 5% da testada do lote ou 0,85 metros, o que resultar maior.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Unidade territorial

Tabela 2 – Cálculos para dimensionamento da edificação no terreno.

Coeficiente de Recuo Número de aproveitamento Taxa de ocupação mínimo pavimentos básico

Taxa de permeabilidade

98 Base Torre 2.034,90m 1.744,20m 4 metros 8 20% ² ² OBS: O afastamento mínimo lateral será definido em 5% da testada do lote ou 0,85 metros, o que resultar maior.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

UFDSS

10.465,20m²

4.2.1.3 Sistema viário

O terreno destinado à implantação da edificação possui como principal via de acesso à rua Uruguai que interliga a área ao núcleo central da cidade ao mesmo tempo em que se conecta com uma rodovia estadual que dá acesso ao município. A rua Uruguai une-se a rua Montevidéu que finaliza o percurso até o local, ambas caracterizadas como via arterial. As ruas Florianópolis e São Francisco, localizadas respectivamente a sul e oeste. Na Figura 67 é possível visualizarmos o sistema viário presente no entorno.

As vias apresentam condições razoáveis de tráfego comportando o fluxo intenso de veículos existente devido aos EAS do entorno. A Rua São Francisco é a que apresenta as piores condições por não possuir pavimentação asfáltica, entretanto possui baixo fluxo de veículos sendo usada principalmente para fins de estacionamento.

Figura 67 – Mapa do sistema viário.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

99

4.2.1.4 Densidade

Como podemos observar na Figura 68, a área de estudo não possui grande adensamento.

Predomina no entorno a presença de grandes vazios urbanos com potencial para ser explorado.

As edificações de saúde são as que apresentam maiores dimensões e ocupações do terreno justamente devido ao seu programa de necessidades que geralmente tende a ser mais complexo.

Figura 68 – Mapa de densidade (figura/fundo).

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

4.2.1.5 Uso e ocupação do solo

O entorno é caracterizado pela diversidade de atividades: residencial, comercial, saúde e uso misto, como podemos observar na Figura 69. A atividade residencial tem maior predomínio destacando-se com residências de variadas tipologias. As atividades de saúde também possuem destaque se concentrando no entorno do HRO.

100 Figura 69 – Mapa de uso e ocupação do solo.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

4.2.1.6 Gabarito

Na Figura 70 é possível constatar que a área de estudo apresenta um gabarito predominantemente baixo com edificações de um ou dois pavimentos. As poucas edificações verticais existentes são aquelas destinadas principalmente as atividades de saúde que se destacam na paisagem devido à baixa verticalidade do entorno.

101 Figura 70 – Mapa de gabarito.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

4.2.1.7 Infraestrutura urbana

O entorno imediato apresenta uma infraestrutura mediana. Como pode ser observado na Figura 71, as ruas são em sua maioria com pavimentação asfáltica com exceção da Rua São Francisco que é não pavimentada e apresenta diversos buracos com acumulo de águas das chuvas. As calçadas do perímetro do terreno não estão executadas e não apresentam qualquer possibilidade de tráfego acessível.

Diversas bocas de lobo para coleta de águas pluviais foram identificadas na Rua Montevidéu, entretanto não se identificou na Rua Florianópolis a presença das mesmas. A área é bem atendida com postes de energia elétrica e com a rede de esgoto, entretanto não foi visualizado nenhuma lixeira pública (fixa ou container) nas imediações. Dois pontos de ônibus localizam-se nas proximidades da área de intervenção, um deles na esquina da Rua Florianópolis com a São Francisco e outro na Rua Montevidéu em frente ao HRO.

102 Figura 71 – Mapa de infraestrutura urbana.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

4.2.1.8 Condicionantes físicas

Chapecó apresenta características climáticas comuns da região sul brasileira. De clima mesotérmico úmido, o verão e o inverno são bem definidos, sendo o outono e a primavera de características semelhantes. Não há variações acentuadas de clima, o que se registra de maneira semelhante em toda região oeste. O clima é influenciado, principalmente, pelas massas de ar frias advindas da Antártida.

A média das temperaturas máximas é de 27,7 ºC e a média das temperaturas mínimas é de 11,4 ºC, sendo que o mês mais quente é janeiro e o mês mais frio é julho. É comum haver geadas nos meses de inverno. A umidade relativa do ar tem média anual de 73,5%. A precipitação pluviométrica anual gira em torno de 1650mm sendo que as chuvas são bem distribuídas, não apresentando problemas de secas prolongadas. A direção dos ventos é predominantemente sudeste no verão e nordeste no inverno com velocidade média de 9,1km/h.

O terreno não apresenta nenhuma massa vegetativa significativa ou de grande porte que deva ser considerada. Tratando-se da topografia, como podemos observar na Figura 72, o terreno é relativamente acidentado com desnível que varia de 5 a 6 metros influenciando de forma direta a delimitação dos acessos. A Figura 73 e a Figura 74 demonstram os perfis topográficos do terreno em corte possibilitando a melhor compreensão acerca da topografia.

103

Figura 72 – Mapa de condicionantes físicas.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 73 – Perfil topográfico (Corte AA).

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 74 – Perfil topográfico (Corte BB).

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

104

A Figura 75 contém informações técnicas da área de intervenção relevantes para o desenvolvimento do projeto (número das quadras, número dos lotes, dimensões e área total).

Essas informações estão em conformidade com os croquis disponibilizados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) da Prefeitura Municipal de Chapecó.

Figura 75 – Mapa técnico.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Na Figura 76 estão demarcados os eixos visuais do estudo fotográfico realizado no entorno imediato. As fotos com as devidas análises estão apresentadas a seguir.

O terreno está situado em uma região mais elevada de Chapecó, como podemos observar na Figura 77 e Figura 78, onde se tem uma vista privilegiada da cidade sendo possível observar diariamente um belíssimo pôr do sol, com isso, deve-se buscar técnicas para se utilizar a fachada oeste sem prejudicar o conforto dos usuários. No lote 10, localizado na esquina das Ruas Montevidéu e Florianópolis, observou-se uma tentativa de criação de um estacionamento fechado devido as marcações das vagas existentes no solo, porém atualmente o local está repleto de madeira de demolição e outros tipos de resíduos sólidos.

105 Figura 76 – Mapa de eixos visuais.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 77 – Eixo visual 1.

Fonte: O autor, 2019.

106 Figura 78 – Eixo visual 2.

Fonte: O autor, 2019.

Na Figura 79 é possível observar a existência de um muro de contenção executado em pedra no lote 06 que integra a área de intervenção. Já na Figura 80 nota-se a presença de muita vegetação secundária de pequeno porte.

Figura 79 – Eixo visual 3.

Fonte: O autor, 2019.

107 Figura 80 – Eixo visual 4.

Fonte: O autor, 2019.

Na Figura 81 e Figura 82 fica evidenciado o desnível do terreno em relação as Ruas Florianópolis e São Francisco. Já na Figura 83, ao mesmo tempo em que se percebe o desnível nota-se a proximidade da área com o HRO. Figura 81 – Eixo visual 5.

Fonte: O autor, 2019.

Figura 82 – Eixo visual 6.

Fonte: O autor, 2019.

108 Figura 83 – Eixo visual 7.

Fonte: O autor, 2019.

4.3.1 Perfil e demanda (público alvo)

Ao longo desta pesquisa foram apresentados diversos dados que apontam a grande incidência de casos de queimaduras tanto na população brasileira como na população mundial.

Trata-se de um trauma que gera uma grande quantidade de problemas médicos, sociais, econômicos e estéticos. É neste contexto que estão inseridos os CTQ que desempenham papel fundamental no atendimento e tratamento das vítimas de queimaduras. Entretanto, o alto custo por trás do funcionamento desses estabelecimentos resulta na pouca quantidade existente e consequentemente nas áreas desassistidas quanto ao acesso a assistência de alta complexidade aos pacientes portadores de queimaduras em todo o Brasil.

Atualmente Chapecó, por meio do HRO, se caracteriza como um importante ponto de atendimentos de pacientes vítimas de queimaduras, porém o hospital não possui uma estrutura completa para atender especificamente esses casos, como um CTQ. Desta maneira, é evidente a viabilidade desta proposta de projeto que surge com o intuito de garantir um atendimento digno e de qualidade e contribuir com o desenvolvimento da saúde no sul do país.

O estudo realizado por Tognet e Almeida (2016) intitulado “Prevalência de pacientes queimados atendidos no Hospital Regional do Oeste”, já apresentado anteriormente, possibilita a análise do perfil do usuário atendido pelo HRO sendo identificado que a maior prevalência ocorreu no sexo masculino, como podemos observar na Figura 84. A Figura 85 refere-se a faixa

109 etária mais acometida por queimaduras, sendo em indivíduos de 0 a 18 anos de idade a maior prevalência de casos.

Figura 84 – Prevalência de pacientes atendidos no HRO por sexo (2011 a 2015).

29,10%

Maculino Feminino

70,90%

Fonte: Tognet; Almeida, 2016. Adaptado pelo autor, 2019.

Figura 85 – Prevalência de pacientes atendidos no HRO por faixa etária (2011 a 2015).

5,10% 7,60% 0 a 18

15,20%

19 a 30 31 a 50 51 a 65

7,60%

64,60%

Mais de 65

Fonte: Tognet; Almeida, 2016. Adaptado pelo autor, 2019.

Apesar dos dados apresentarem predomínio de sexo e idade é preciso considerar o fato de que não existem outros CTQ em um raio de aproximadamente 240km evidenciando-se a necessidade de atendimento de todos os públicos independente de sexo ou idade abrangendo a grande diversidade de pacientes com suas respectivas peculiaridades.

110 Tratando-se da demanda, no período de 01 de janeiro de 2011 a 31 de janeiro de 2015, foram realizados 96 atendimentos de vítimas de queimaduras no HRO. Esses dados possibilitam a criação de médias aritméticas anuais e mensais que servem de base para a demanda atual.

Dessa maneira é possível estabelecer uma média de 24 casos anuais e 2 casos mensais. “Em relação ao período de internação, 63,3% ficaram hospitalizados por um período inferior a 07 dias, 27,8% permaneceram entre 7 a 15 dias, 6,3% permaneceram internados na instituição por período de 16 a 30 dias ou mais” (TOGNET; ALMEIDA, 2016, p. 38).

Entretanto, levando em consideração o fato de que a região que compreende o oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná está desassistida e considerando ainda que a proposta de CTQ vinculada ao HRO surge justamente para atender essa macrorregião, deve-se ter em mente que a demanda tende a ser maior não se baseando simplesmente em dados oriundos dos atendimentos em Chapecó.

4.4.1 Programa de necessidades e pré-dimensionamento

O programa de necessidades e pré-dimensionamento foi definido levando em consideração o perfil e demanda de atendimentos do HRO e a partir de uma extensa coleta de informações nos CTQ existentes na região sul do país onde foram levantadas informações acerca da estrutura desses estabelecimentos, conforme apresentado na Figura 86. Paralelamente foram levados em consideração as normativas brasileiras para elaboração de projetos de EAS, em especial a Portaria nº 1.273 do Ministério da Saúde (2010) que estabelece as normas para cadastramento de centros de referência em assistência a queimados – Alta complexidade.

Neste contexto foram elaboradas tabelas contendo informações referentes ao nº de funcionários, nº de usuários, quantidade e dimensionamento, divididos nos seguintes setores: atendimento ambulatorial e atendimento imediato, apoio ao diagnóstico e terapia, centro cirúrgico, Unidade de Terapia de Queimados (UTQ), internação, administrativo, ensino e pesquisa, apoio técnico e logístico, estacionamento e infraestrutura predial.

O setor de atendimento ambulatorial e atendimento imediato é onde acontece a admissão do paciente no atendimento de urgência e emergência. Neste local é realizado a classificação de risco por meio do Protocolo de Manchester7, já utilizado pelo HRO. A estrutura deste setor

O Protocolo de Manchester de Classificação de Risco “permite a identificação da prioridade clínica e a definição do tempo alvo recomendado até a avaliação médica caso a caso, quer em situações de funcionamento normal do serviço de urgência, quer em situações de catástrofe ou múltiplas vítimas”. Disponível em: <http://www.gbcr.org.br/sistema-manchester->. Acesso em: 18 jun. 2019.

7

111 é dividida em ambientes completos para o atendimento imediato às vítimas de queimaduras como demonstrado na Tabela 3.

Figura 86 – Estrutura dos CTQ da região Sul do Brasil.

Fonte: Autor, 2019.

Tabela 3 – Setor de atendimento ambulatorial e atendimento imediato.

ATENDIMENTO AMBULATORIAL E ATENDIMENTO IMEDIATO (URGÊNCIA E EMERGÊNCIA) Nº de funNº de Área parcial Área total QTD Ambiente (m²) (m²) cionários usuários Desembarque de ambulâncias 01 42,00 42,00 (02 vagas) Posto policial com sanitário 01 01 6,70 6,70 Sala de higienização 02 01 24,00 24,00 Sala de emergência (02 02 01 24,00 24,00 leitos) Recepção (registro de 02 12 01 60,00 60,00 pacientes) e sala de espera

112 Sanitário feminino Sanitário masculino Área para guarda de macas e cadeira de rodas Sala de triagem Sala de espera Consultórios indiferenciados Posto de enfermagem/ prescrição médica Sala de serviços Depósito de material esterilizado Sala de curativos/suturas Sala de aplicação de medicamentos Quarto de observação feminino com sanitário (02 leitos) Quarto de observação masculino com sanitário (02 leitos) Quarto de observação isolado com sanitário Rouparia Depósito de Material de Limpeza (DML) Sala de utilidades Copa Sanitário feminino para funcionários Sanitário masculino para funcionários Área total do setor

-

01 01

01 01

3,20 3,20

3,20 3,20

-

-

01

6,00

6,00

01 01

01 10 01

01 01 02

8,00 25,00 7,50

8,00 25,00 15,00

03

-

01

8,00

8,00

-

-

01

5,70

5,70

-

-

01

8,00

8,00

01

01

01

9,00

9,00

01

01

01

5,50

5,50

-

02

01

18,00

18,00

-

02

01

18,00

18,00

-

01

01

14,80

14,80

-

-

01

3,80

3,80

-

-

01

2,00

2,00

-

02

01 01

4,00 2,60

4,00 2,60

-

01

01

2,70

2,70

-

01

01

2,70

2,70 321,90m²

Fonte: Autor, 2019.

O setor de apoio ao diagnóstico e terapia (Tabela 4) funciona como um articulador. Nele estão os ambientes compartilhados entre todos os demais setores.

Tabela 4 – Setor de apoio ao diagnóstico e terapia.

APOIO AO DIAGNÓTICO E TERAPIA Nº de funNº de Área parcial QTD Ambiente (m²) cionários usuários Sala de radiologia (preparo de pacientes, área de comando, 02 01 01 32,00 câmera clara e escura e sala de interpretação de laudos)

Área total (m²)

32,00

113 Consultórios indiferenciados (atendimentos eletivos e apoio profissional) Depósito de Material de Limpeza (DML) Área total do setor

01

01

03

7,50

22,50

-

-

01

2,00

2,00 56,50m²

Fonte: Autor, 2019.

Tratando-se do centro cirúrgico, o paciente primeiramente será preparado para o procedimento recebendo a indução anestésica. Posteriormente será encaminhando para uma das duas salas cirúrgicas onde será submetido ao procedimento. Após finalizado, ele será transferido para uma sala de recuperação pós-anestésica onde ficará sobre observação de um posto de enfermagem até que se recupere podendo em seguida ser transferido para os leitos de UTQ ou internação. A Tabela 5 apresenta a estrutura que engloba o centro cirúrgico.

Tabela 5 – Setor do centro cirúrgico.

Ambiente Recepção e sala de espera Sanitário feminino Sanitário masculino Área de recepção de paciente Sanitário e vestiário para pacientes (barreira) Sanitário e vestiário para funcionários (barreira) Sala de anestésicos e hemocomponentes Indução anestésica

CENTRO CIRÚRGICO Nº de funNº de Área parcial QTD (m²) cionários usuários 01 06 01 60,00 01 01 3,20 01 01 3,20 01 01 6,00

Área total (m²)

60,00 3,20 3,20 6,00

-

01

01

8,00

8,00

-

A depender

01

16,00

16,00

-

01

01

4,00

4,00

-

01

16,00

16,00

02

2,20

4,40

02

25,00

50,00

Área de escovação

-

Sala média de cirurgia Sala de armazenamento de pele Recuperação pós-anestésica Posto de enfermagem/ prescrição médica Sala de serviços Depósito de equipamentos e materiais Rouparia Depósito de Material de Limpeza (DML) Sala de utilidades

-

02 A depender 01

-

01

01

3,00

3,00

-

03

01

30,00

30,00

03

-

02

8,00

16,00

-

-

01

5,70

5,70

-

-

01

6,00

6,00

-

-

01

3,80

3,80

-

-

01

2,00

2,00

-

-

01

4,00

4,00

114 Copa Quarto de plantão Central de Material Esterilizado (CME) Área total do setor

-

02 01

01 0

2,60 5,00

2,60 5,00

06

-

01

120,00

120,00 368,90m²

Fonte: Autor, 2019.

A UTQ irá comportar pacientes provenientes da urgência e emergência, cirurgias ou de procedimentos. Irá dispor de leitos individualizados devido as condições clínicas dos pacientes que são propensos a infecções hospitalares. Esses leitos terão livre visualização a partir do posto de enfermagem para garantir a segurança do paciente. Seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde e a demanda por atendimento do HRO, estabeleceu-se a quantidade de 08 leitos sendo: 04 infantis, 03 adultos e 01 de isolamento com antecâmara e banheiro individualizado. Dentro da UTQ estará ainda a sala de balneoterapia, conforme pode ser observado na Tabela 6.

Tabela 6 – Setor da Unidade de Terapia de Queimados (UTQ).

UNIDADE DE TERAPIA DE QUEIMADOS (UTQ) Nº de funNº de Área parcial QTD Ambiente (m²) cionários usuários Recepção e sala de espera 01 12 01 20,00 Sanitário feminino 01 01 3,20 Sanitário masculino 01 01 3,20 Área de recepção de paciente 01 01 6,00 Sanitário e vestiário para 01 01 8,00 pacientes (barreira) Sanitário e vestiário para A 01 16,00 funcionários (barreira) depender Posto de enfermagem/ 03 01 8,00 prescrição médica Sala de serviços 01 5,70 Depósito de material 01 8,00 esterilizado Sala de balneoterapia 01 01 12,00 Sala de cinesioterapia e 02 01 01 24,00 mecanoterapia Leito UTQ adulto 01 03 12,00 Leito UTQ infantil 01 04 12,00 Leito UTQ de isolamento 01 01 19,80 com banheiro Banheiro feminino 02 01 6,00 Banheiro masculino 02 01 6,00 Rouparia 01 3,80 Depósito de Material de 01 2,00 Limpeza (DML)

Área total (m²)

20,00 3,20 3,20 6,00 8,00 16,00 8,00 5,70 8,00 12,00 24,00 36,00 48,00 19,80 6,00 6,00 3,80 2,00

115 Sala de utilidades Copa Área total do setor

-

02

01 01

4,00 2,60

4,00 2,60 242,30m²

Fonte: Autor, 2019.

O tempo de permanência de pacientes queimados é muito variável podendo chegar a meses, dessa maneira o setor de internação será cuidadosamente projetado visando a máxima humanização. A área será composta por 10 apartamentos com banheiro privativo. Na circulação será instalado um posto de enfermagem exclusivo para atender este setor estando de fácil acesso e transmitindo segurança aos pacientes. Na Tabela 7 estão descritos os ambientes do setor de internação.

Tabela 7 – Setor de internação.

Ambiente Recepção e sala de espera Sanitário feminino Sanitário masculino Posto de enfermagem/ prescrição médica Sala de serviços Espaço de recreação Apartamento com banheiro Rouparia Depósito de Material de Limpeza (DML) Sala de utilidades Copa Sanitário feminino para funcionários Sanitário masculino para funcionários Área total do setor

INTERNAÇÃO Nº de funNº de cionários usuários 01 12 01 01

QTD

Área parcial (m²)

Área total (m²)

01 01 01

20,00 3,20 3,20

20,00 3,20 3,20

03

-

01

8,00

8,00

-

08 01 -

01 01 10 01

5,70 20,00 20,00 3,80

5,70 20,00 200,00 3,80

-

-

01

2,00

2,00

-

02

01 01

4,00 2,60

4,00 2,60

-

01

01

2,70

2,70

-

01

01

2,70

2,70 277,90m²

Fonte: Autor, 2019.

O setor administrativo é bem reduzido devido ao vinculo do CTQ com o HRO, dessa forma, toda a administração hospitalar já está estruturada nos blocos existentes do hospital.

Neste local será previsto apenas sala para a direção de setor, sala administrativa e sala de reuniões como demonstrado na Tabela 8.

116 Tabela 8 – Setor administrativo.

Ambiente Recepção e sala de espera Sanitário feminino Sanitário masculino Sala da direção Sala administrativa Sala de reuniões Almoxarifado Área total do setor

ADMINISTRATIVO Nº de funNº de Área parcial QTD (m²) cionários usuários 01 06 01 25,00 01 01 2,70 01 01 2,70 01 01 12,00 01 01 7,50 08 01 20,00 01 6,00

Área total (m²)

25,00 2,70 2,70 12,00 7,50 20,00 6,00 75,90m²

Fonte: Autor, 2019.

O setor de ensino e pesquisa (Tabela 9) é onde será instalado o Centro de Estudos e Pesquisas voltado ao tratamento de pacientes queimados por intermédio das instituições de ensino superior ofertantes de cursos de graduação e pós-graduação em medicina e enfermagem.

A Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) terão à disposição uma estrutura completa de laboratórios, salas de aulas, salas de estudos e monitoria, entre outras, que possibilitarão a realização das mais avançadas pesquisas clínicas e hospitalares para o tratamento de queimaduras.

Tabela 9 – Setor de ensino e pesquisa.

Ambiente Lobby Recepção e sala de espera Sanitário feminino Sanitário masculino Sala de coordenação Sala de reuniões Sala de aula Biblioteca e sala de estudos e monitorias Sala de convenções Vestiário (barreira) Sala de armazenamento de produtos Sala de armazenamento de materiais biológicos Laboratório de bioquímica

ENSINO E PESQUISA Nº de funNº de Área parcial QTD (m²) cionários usuários 01 40,00 02 06 01 40,00 04 01 18,20 04 01 18,20 01 01 12,00 06 01 20,00 15 02 30,00

Área total (m²)

40,00 40,00 18,20 18,20 12,00 20,00 60,00

01

20

01

50,00

50,00

-

40 A depender

01

85,00

85,00

01

16,00

16,00

-

-

01

12,00

12,00

-

-

01

6,00

6,00

01

10

01

40,00

40,00

-

117 Laboratório de hematologia Laboratório de microbiologia Laboratório de anatomia patológica (citologia e histologia) Almoxarifado Depósito de Material de Limpeza (DML) Sala de utilidades Área de convivência para funcionários (conforto e copa) Área total do setor

01 01

10 10

01 01

40,00 40,00

40,00 40,00

01

10

01

40,00

40,00

-

-

01

6,00

6,00

-

-

01

2,00

2,00

-

-

01

4,00

4,00

-

16

01

60,00

60,00 609,40m²

Fonte: Autor, 2019.

Todos os ambientes de apoio técnico e logístico (Tabela 10) como conforto de funcionários e copa serão compartilhados entre os setores para otimizar o espaço. A lavagem de roupas acontecerá fora da unidade em questão. Já outros ambientes de apoio como cozinha, por exemplo, serão mantidos a partir das instalações existentes nos demais blocos do HRO. Tabela 10 – Setor de apoio técnico e logístico.

APOIO TÉCNICO E LOGÍSTICO Nº de funNº de Área parcial QTD Ambiente (m²) cionários usuários Café 02 15 01 80,00 Espaço para associações de A 01 01 30,00 apoio depender Controle interno (ponto) 01 4,00 Carga e descarga 01 21,00 Área de recebimento, 01 01 4,00 inspeção e registro Área de armazenagem 01 01 40,00 Área de distribuição 01 01 4,00 Armazenamento geral de 02 01 12,00 roupa limpa (rouparia geral) Armazenamento geral de 02 01 12,00 roupa suja Depósito de Material de 02 01 12,00 Limpeza central (DML) Área de convivência para funcionários (conforto e 12 01 80,00 copa) Banheiro e vestiário feminino 05 01 30,00 para funcionários Banheiro e vestiário 05 01 30,00 masculino para funcionários

Área total (m²)

80,00 30,00 4,00 21,00 4,00 40,00 4,00 12,00 12,00 12,00 80,00 30,00 30,00

118 Área total do setor

359,00m² Fonte: Autor, 2019.

Está previsto um subsolo destinado para estacionamento de funcionários para uma quantidade de cerca de 16 veículos conforme demonstrado na Tabela 11.

Tabela 11 – Setor de estacionamento.

Ambiente Estacionamento Área total do setor

ESTACIONAMENTO Nº de funNº de Área parcial QTD (m²) cionários usuários 18 01 350,00

Área total (m²)

350,00 350,00m²

Fonte: Autor, 2019.

Por fim, a edificação contará com um setor de infraestrutura predial que será disposta em locais de fácil acesso para abastecimento, recolhimento e manutenção. Todos os ambientes serão posteriormente cálculos visando atender a demanda para cada uma de suas funções. A Tabela 12 apresenta os ambientes que compõem o referido setor.

Tabela 12 – Setor de infraestrutura predial.

INFRAESTRUTURA PREDIAL Nº de funNº de Área parcial QTD Ambiente (m²) cionários usuários Reservatório inferior 01 50,00 Reservatório superior 01 100,00 Reserva pluvial 01 20,00 Gerador de energia 01 18,00 Central de lixo 01 30,00 Central de GLP 01 6,00 Central de gases medicinais 01 A depender Central de ar condicionado 01 A depender Subestação 01 12,00 Área total do setor

Área total (m²)

50,00 100,00 20,00 18,00 30,00 6,00 A depender A depender 12,00 236,00m²

Fonte: Autor, 2019.

É importante destacar que parte dos setores serão compartilhados. Por exemplo, os serviços de imagem e diagnóstico que possuem um alto custo de investimento serão mantidos nas instalações existentes nos demais blocos do HRO. Este pré-dimensionamento foi elaborado seguindo as condições mínimas estabelecidas pela RDC nº 50 (ANVISA, 2002) para cada um dos setores acima apresentados resultando em uma área total de 3767,14m² conforme resumo demonstrado na Tabela 13.

119

Tabela 13 – Pré-dimensionamento geral por setor.

Setor Atendimento ambulatorial e atendimento imediato Apoio ao diagnóstico e terapia Centro cirúrgico Unidade de Terapia de Queimados (UTQ) Internação Administrativo Ensino e pesquisa Apoio técnico e logístico Estacionamento Infraestrutura predial Paredes e circulações Área total da edificação

Área total (m²) 321,90 56,50 368,90 242,30 277,90 75,90 609,40 359,00 350,00 236,00 +30% 3767,14m²

Fonte: Autor, 2019.

4.5.1 Organograma/Fluxograma

Com o programa de necessidades definido partiu-se para a elaboração do organograma/fluxograma. Na Figura 87 é possível observar os setores com as respectivas conexões e definições de acessos.

120 Figura 87 – Organograma/Fluxograma por setores.

Fonte: Autor, 2019.

Posteriormente foi elaborado o organograma/fluxograma geral (Figura 88) onde é possível observar a sequência lógica pela qual o paciente será submetido ao adentrar no CTQ passando pelos ambientes compatíveis com o quadro clínico do mesmo.

Este

organograma/fluxograma demonstra as relações existentes entre todos os ambientes internos e externos e o funcionamento da edificação como um todo. Tratando-se dos fluxos em especial, preocupou-se com a definição dos setores buscando controlar e restringir os acessos principalmente em áreas restritas.

121 Figura 88 â&#x20AC;&#x201C; Organograma/Fluxograma geral.

Fonte: Autor, 2019.

122

4.6.1 Estudo de manchas

Iniciaremos o estudo de manchas a partir da escala macro enfatizando novamente o posicionamento geograficamente estratégico de Chapecó que faz com que a cidade seja um importante ponto de acesso a serviços de saúde colaborando para que seja potencialmente favorecida para a instalação de um CTQ, conforme segue na Figura 89. Agregado a isso, o fato de existir um hospital geral de grande porte com uma estrutura completa para realizar uma ampla gama de procedimentos de alta complexidade contribui como um importante condicionante para o funcionamento do CTQ. Figura 89 – Mapa de conexões de Chapecó com municípios regionais e interestaduais.

Fonte: Autor, 2019.

Conforme demonstrado na Figura 90, as relações urbanas entre acessos, núcleo central e área de intervenção são consolidadas devido ao HRO e a estrutura pública instalada para suprir a grande demanda perante a um estabelecimento público de grande porte.

123 Figura 90 – Relações urbanas.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Tratando-se da área de estudo, foi proposto um estudo de manchas levando em consideração todas as diretrizes anteriormente levantadas (situação atual) e as soluções projetuais previamente propostas (situação proposta) e como elas influenciarão no entorno, conforme representado na Figura 91.

124 Figura 91 – Estudo de manchas das relações com o entorno.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Frente a necessidade de vincular o CTQ ao HRO observou-se a possibilidade de propor o fechamento do trecho de rua unindo a atual área institucional do hospital com a área de intervenção. Sua viabilidade é fundamentada pelo fato de não ser a principal via de acesso já que a Rua Uruguai e a Rua Montevidéu conectam o núcleo central da cidade ao hospital. Além disso por ser uma via de hierarquia viária local é considerada de baixo fluxo de veículos não influenciando significativamente nas condições de tráfego do entorno. Durante levantamento in loco observou-se que a rua é muito utilizada como estacionamento, o que é predominante em praticamente todo o entorno imediato, porém seu fluxo é evidentemente reduzido comparado as demais ruas. Vale destacar também que por parte do HRO não há nenhum acesso direto de veículos para estacionamento ou carga/descarga que poderá ser influenciado com o fechamento deste trecho.

A partir disso, será necessário propor algumas alterações e adequações do entorno para atender as novas condições de tráfego. Primeiramente será necessário realizar a pavimentação asfáltica da Rua São Francisco que receberá o fluxo de veículos da Rua Florianópolis

125 direcionando-os para a Rua Lauro Muller. O ponto de ônibus da Rua Florianópolis precisará ser realocado também para a Rua Lauro Muller e a linha de transporte coletivo redirecionada.

O local de realocação do ponto de ônibus vem ao encontro dos acessos da ampliação do HRO (Bloco “M”) e futuros acessos do CTQ como demonstrado na Figura 92.

Figura 92 – Definição de acessos.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Os acessos foram definidos levando em consideração as atuais condições de acesso do HRO visando a separação de fluxos e usuários, conforme relação destacada na Figura 93. Os acessos de urgência e emergência e de visitantes à internação acontecerá pela Rua Montevidéu.

Neste mesmo local se dará o acesso de veículos ao estacionamento interno e externo devido as condições topográficas que permitem que veículos acessem o terreno em nível.

Uma importante decisão foi separar os fluxos de ambulâncias na emergência e de pacientes na urgência. Isso possibilita maior conforto para os pacientes que aguardam na sala de espera poupando-os do desconforto de observar pacientes que adentrem em estado mais crítico, da mesma maneira que garante a integridade destes últimos.

Os acessos de carga e descarga, funcionários, estudantes e serviços acontecerão pela Rua São Francisco justificado pelos atuais acessos do hospital que acontecem pela Rua Florianópolis criando um grande eixo de circulação de serviços que se prolonga ao longo da rua, estando em sintonia também com a realocação do ponto de ônibus e a linha de transporte coletivo, já apresentados anterior.

126 Figura 93 – Relação de acessos entre CTQ e HRO.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

Ao longo desta pesquisa muito se destacou o vínculo necessário com o hospital já que um CTQ não se sustenta de maneira isolada dependendo de serviços complementares. Para que isso seja possível foram necessárias duas decisões de projeto, conforme mostrado na Figura 94.

A primeira, o fechamento do trecho da Rua Florianópolis como já justificado anteriormente, para a criação de uma área verde interligando os blocos hospitalares. Esse espaço trará mais vivacidade para o entorno e possibilitará que novos visuais sejam explorados. A segunda decisão se dá pela criação de uma passarela suspensa interligando o CTQ ao Bloco M do HRO. Essa passarela transpassa sobre a área verde e será o local que unificará ambientes de uso comum. Com isso, o vínculo necessário é garantido para que se tenha uma estrutura que possibilite o funcionamento completo da unidade.

Ainda na figura, é possível observar um pátio central. Presente nos estudos de caso realizados, decidiu-se trazer para a referida proposta com o objetivo de agregar qualidade aos ambientes internos por meio de novos visuais que contribuem significativamente com a humanização hospitalar.

As demais áreas externas não edificadas também receberão tratamento por meio de projeto de paisagismo objetivando a criação de áreas de sombreamento, contemplação e proteção contra fatores externos (ruídos urbanos).

127 Figura 94 – Conexões e espaços verdes.

Fonte: Chapecó, 2014. Adaptado pelo autor, 2019.

A proposta caracteriza-se com baixa verticalidade (6 pavimentos) seguindo o contexto urbano em que está inserido. Conforme podemos observar no estudo de machas esquematizado na Figura 95, a verticalização da edificação permite que os setores possam ser agrupados e melhor distribuídos possibilitando controlar e restringir os acessos principalmente em áreas restritas, contribuindo para que o paciente possa ser direcionado para o setor necessário com mais agilidade. Com isso, o zoneamento se distribui da seguinte forma: subsolo 02: infraestrutura predial e apoio técnico e logístico; subsolo 01: atendimento imediato e estacionamento; térreo: atendimento ambulatorial e apoio ao diagnóstico e terapia; segundo pavimento: centro cirúrgico; terceiro pavimento (técnico): infraestrutura predial; quarto pavimento: Unidade de Terapia de Queimados (UTQ); quinto pavimento: internação e administrativo; sexto pavimento: ensino e pesquisa.

Está previsto um pé-direito de 4,20 metros para que se tenha um vão livre entre laje e forro capaz de possibilitar a passagem de todas as instalações que se fizerem necessárias. Além disso, como representado na figura, considerou-se um pavimento técnico para infraestrutura predial localizado acima do centro cirúrgico que demanda de uma estrutura de apoio maior.

Esse pavimento proporciona facilidade de manutenção sem comprometer o funcionamento dos demais setores.

128 Figura 95 – Estudo de manchas / Zoneamento.

Fonte: Autor, 2019.

4.7.1 Conceito

Os conceitos de arquitetura hospitalar vêm mudando radicalmente nos últimos anos. Os hospitais não devem mais ser entendidos como “máquinas de curar”, mas sim como promotores de qualidade de vida e com isso, a arquitetura tem papel fundamental no modo em que se associa ao processo de cura.

Nas últimas décadas surgiram novos conceitos como, por exemplo, o paciente-centered design (projeto focado no paciente), que pensa na arquitetura hospitalar integrando avanços tecnológicos e uma nova concepção de projetos baseadas na humanização do ambiente e na relação entre paciente e o corpo clínico (SANTOS E BURSZTYN, 2004).

A ideia de que os hospitais deveriam ter cores claras e frias para demonstrar higiene e limpeza passou a ser amplamente criticada foi então que esses ambientes passaram a proporcionar maior conforto e hospitalidade ao paciente por meio da humanização.

129 Tendo isso em vista, como conceito aplica-se os mais modernos recursos da arquitetura visando descaracterizar o hospital de modo que ele se adeque dentro de um padrão hoteleiro que colabore com o bem-estar do paciente. O objetivo central é a criação de uma proposta que tenha por conceito uma edificação contemporânea que não remeta ao hospital como um espaço de mal-estar ou momentos difíceis, mas sim a um local de tratamento e recuperação.

Agregado a isso, o conceito arquitetônico se expande para um projeto que une arquitetura, design e tecnologia. A arquitetura, de modo geral, explorada por meio da concepção projetual que leve em consideração a flexibilidade, sustentabilidade, eficiência energética, execução e principalmente a humanização hospitalar. O design agregado por meio da comunicação visual e por fim, a tecnologia, empregada desde a concepção do projeto por meio dos conceitos dos hospitais inteligentes onde a mais alta tecnologia é aplicada a todos os processos que envolvem o edifício hospitalar, mas em especial ao seu funcionamento. O objetivo é criar um ambiente confortável, acolhedor, ágil, seguro e de alta qualidade de modo que a arquitetura hospitalar seja associada à cura.

4.8.1 Partido e memorial justificativo

A proposta para o Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste é criar uma edificação capaz de se adaptar aos rápidos avanços do conhecimento médico e da tecnologia hospitalar. Uma edificação resiliente, moderna e dinâmica inspirada na pele humana.

Os primeiros condicionantes de partido considerados foram os naturais. Devido à localização elevada da área de intervenção (situação mirante) notou-se a possibilidade de integração com a paisagem urbana, deste modo optou-se por verticalizar a edificação possibilitando a contemplação de visuais. A criação do pátio central permite implementar o uso da vegetação no projeto em um centro urbano carente de espaços verdes trazendo para dentro de uma unidade hospitalar maior qualidade ambiental contribuindo com a humanização dos espaços.

O principal partido para o projeto é a pele humana. O maior órgão do corpo humano e frequentemente o mais afetado pelas queimaduras. A pele possui a capacidade de regeneração muito importante para cicatrização de ferimentos. Neste contexto, a concepção formal do projeto surge com uma volumetria a partir de linhas puras e simples associadas a sobreposição de elementos remetendo as camadas da pele. Essa concepção formal é apresenta na Figura 96 e Figura 97.

130 O projeto leva em consideração premissas relacionadas a sustentabilidade, eficiência energética, conforto térmico, durabilidade e flexibilidade da edificação.

Figura 96 – Fachada leste (Rua Montevidéu).

Fonte: Autor, 2019.

Figura 97 – Fachada oeste (Rua São Francisco)

Fonte: Autor, 2019.

131 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Projetar um Estabelecimento Assistencial de Saúde de alta complexidade como um Centro de Tratamento de Queimados não é uma tarefa simples. Os ambientes hospitalares precisam ser mais humanos e sustentáveis e isso é um grande desafio frente ao programa de necessidades complexo, aos fluxos que necessitam de uma resolução clara e objetiva para seu adequado funcionamento, os acessos bem posicionados, as normativas que tornam o processo projetual ainda mais complexo, e diversos outros fatores. O arquiteto e urbanista pode influenciar diretamente no processo de cura considerando no ato do projeto a melhor experiência para os pacientes.

Na presente pesquisa propôs-se responder à seguinte questão problema: Como melhorar a experiência do paciente queimado a fim de evitar grandes deslocamentos, transtornos e demora no atendimento? Para isso foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre os aspectos conceituais, normativos e técnicos do tema. Agregado a isso foram realizados estudos de campo com entrevistas informais e estudos de caso.

Todos os dados e estatísticas apresentados ao longo desta pesquisa são suficientes para comprovar a grande quantidade de vítimas de queimaduras. Além disso, os levantamentos realizados acerca dos CTQ da região sul do Brasil com suas respectivas estruturas possibilitaram a análise das deficiências e potencialidades das macrorregiões que são atendidas por essas unidades possibilitando a demarcação de áreas potencialmente vulneráveis ao atendimento especializado.

Os estudos de caso proporcionaram o aprofundamento no projeto trazendo a base para a elaboração do programa de necessidades e pré-dimensionamento, organograma/fluxograma, funcionalidade, flexibilidade e estética. Por serem estudos diferentes, com características próprias, unindo a tecnologia de sua época, proporcionaram uma análise crítica aprofundada que colaborou significativamente para a elaboração do partido e posteriormente do anteprojeto.

Por meio das diretrizes de projeto foi possível realizar a análise urbana para inserção levando em consideração os estudos de condicionantes técnicas, legais e ambientais que garantem que o resultado final seja satisfatório trazendo maior qualidade para a edificação levando em consideração as condições analisadas.

Todos os elementos apresentados ao longo desta pesquisa asseguram o modo como a arquitetura hospitalar pode ser associada à cura de pacientes queimados. Os objetivos

132 específicos estabelecidos foram alcançados e o entendimento das necessidades dos pacientes frente ao ambiente hospitalar foram esclarecidas.

A pesquisa teve papel fundamental para destacar a relevância dos Centros de Tratamento de Queimados e como a distribuição geograficamente estratégica é importante para um paciente que necessita de atendimento especializado com urgência devido ao quadro clínico no qual se encontra.

A proposta para o Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Regional do Oeste tem como finalidade o atendimento de uma macrorregião composta por 376 municípios que integram o oeste de Santa Catarina, noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná atendendo uma demanda por atendimento especializado com qualidade, agilidade e eficiência.

Além disso, seu atendimento se estende as demais regiões dos demais Estados a fim de suprir possíveis demandas ocasionadas por lotação de outras unidades.

Por fim, espera-se que está pesquisa possa se tornar um guia consultivo para arquitetos, engenheiros, estudantes e demais profissionais acerca do desenvolvimento de outros projetos para CTQ propondo soluções técnicas arquitetônicas capazes de contribuir com o tratamento e cura do paciente queimado.

133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Conforto ambiental em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Brasília: ANVISA, 2014.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 7 dez. 2004.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 20 mar. 2002.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Regularização de produtos – Medicamentos. Brasília: [ca. 2018]. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/registros-eautorizacoes/medicamentos/produtos/gases-medicinais/informacoes-gerais>. Acesso em: 28 mar. 2019.

ARCHDAILY BRASIL. Hospital do Rocio / Manoel Coelho Arquitetura e Design, Archdaily Brasil, [s.l.], 04 jun. 2017. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/872443/hospital-do-rocio-manoel-coelho-arquitetura-edesign>. Acesso em: 05 maio 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistemas centralizados de oxigênio, ar, óxido nitroso e vácuo para uso medicinal em estabelecimentos assistenciais de saúde. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE CHAPECÓ. ACIC e HRO sincronizam pautas para melhoria do atendimento à saúde em Chapecó, Chapecó, 08 jun.

2018. Seção Notícias. Disponível em: <https://www.acichapeco.com.br/noticias/acic-e-hrosincronizam-pautas-para-melhoria-do-atendimento-a-saude-em-chapeco>. Acesso em: 01 abr.

2019.

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Projeto de Diretrizes: Queimaduras. [s.l.]: ASM/CFM, 2002. Disponível em: <http://www.bibliomed.com.br/diretrizes/>. Acesso em: 07 abr. 2019.

BICALHO, Flávio de C. A arquitetura e engenharia no controle de infecções. 1. ed. Rio de Janeiro: Rio Book’s, 2010.

BOLGIANI, Alberto; JÚNIOR, Edmar Maciel Lima; SERRA, Maria Cristina do Valle Freitas. Quemaduras: conductas clínicas y quirúrgicas. São Paulo: Atheneu, 2013.

BUXTON, Pamela. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.

CARVALHO, Antonio Pedro Alves de. Normas de Arquitetura de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde no Brasil. Revista IPH – Instituto de Pesquisas Hospitalares

134 Arquiteto Jarbas Karman, São Paulo, n. 14, set. 2017. Disponível em: <http://www.iph.org.br/revista-iph>. Acesso em: 25 mar. 2019.

CHAPECÓ. Lei Complementar nº 541, de 26 de novembro de 2014. Diário Oficial [dos] Municípios de Santa Catarina, Chapecó, 26 nov. 2014.

CHAPECÓ. Lei Complementar nº 546, de 22 de dezembro de 2014. Diário Oficial [dos] Municípios de Santa Catarina, Chapecó, 22 dez. 2014.

CLARK, Roger H.; PAUSE, Michael. Arquitectura: temas de composición. México: Gustavo Gili, 1987.

CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. Assistência de média e alta complexidade. Brasília: CONASS, 2007.

CORBIOLI, Nanci. Hospital é uma obra aberta. Projeto Design, [s.l.], 248 ed., out. 2000.

Disponível em: <https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/tecnologia/arquiteturahospitalar-01-10-2000>. Acesso em: 28 mar. 2019.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA. Diretoria de Atividades Técnicas. Instrução Normativa 009: Sistema de Saída de Emergência. Florianópolis, 2014.

COSTA, Roberto Fernandes da. Conheça o CEPS. Centro de Estudos e Pesquisas Sanny. [s.l.]: [ca. 2019]. Disponível em: <https://www.sanny.com.br/ceps>. Acesso em: 09 abr. 2019.

D’AGOSTINI, Douglas. Design de sinalização. São Paulo: Blucher, 2017.

FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Hospital Sarah Kubitschek Salvador / João Filgueiras Lima (Lelé). Archdaily Brasil, [s.l.], 07 mar. 2012. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-sarahkubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima-lele>. Acesso em: 24 abr. 2019.

GELINSKI, Gilmara. Hospital é uma obra aberta. Projeto Design, [s.l.], 444 ed., jul/ago.

2018. Disponível em: <https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/finestra-mcamanoel-coelho-arquitetura--design-hospital-do-rocio-campo-largo-pr>. Acesso em: 05 maio 2019.

GERVASI, Liliam Cristini; TIBOLA, Juliano; SCHNEIDER, Ione Jayce Ceola. Tendência de morbidade hospitalar por queimaduras em Santa Catarina. Revista Brasileira de Queimaduras, Goiânia, v. 13, n. 1, p.31-37, jul. 2014. Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/details/183/pt-BR/tendencia-de-morbidade-hospitalarpor-queimaduras-em-santa-catarina>. Acesso em: 11 mar. 2019.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura hospitalar. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.

GOMES, Dino R; SERRA, Maria Cristina do Valle Freiras; PELLON, Marco A. Tratamento de queimaduras: um guia prático. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.

135

GRAGNANI, Alfredo; FERREIRA, Lydia Masako. Pesquisa em queimaduras. Revista Brasileira de Queimaduras, Goiânia, v. 08, n. 3, p.91-96, out. 2009. Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/details/19/pt-BR/pesquisa-em-queimaduras>. Acesso em: 09 abr. 2019.

GUERRA, Abilio; MARQUES, André. João Filgueiras Lima, ecologia e racionalização.

Vitruvius, São Paulo, n. 181.03, ano 16, jun. 2015. Seção Arquitextos. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.181/5592>. Acesso em: 23 abr.

2019.

HOSPITAL DO ROCIO. Sobre o hospital, ca. 2019. Seção Sobre. Disponível em: <http://hospitaldorocio.com.br/site/sobre/>. Acesso em: 05 maio 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. Código de Obras, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.ibam.org.br/projeto/3>. Acesso em: 25 mar. 2019.

JÚNIOR, Edmar Maciel Lima et al. Tratado de queimaduras no paciente agudo. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

JÚNIOR, Edmar Maciel Lima; SERRA, Maria Cristina do Valle Freitas. Tratado de queimaduras. São Paulo: Atheneu, 2006.

KARMAN, Jarbas. Manutenção hospitalar e segurança preditivas. São Paulo: Estação Liberdade: IPH, 2011.

KON, Nelson. Hospital do Rocio, Manoel Coelho – Campo Largo/PR, 2014. São Paulo, ca. 2017. Disponível em: <http://www.nelsonkon.com.br/hospital-do-rocio/>. Acesso em: 05 maio 2019.

KON, Nelson. Hospital Sarah Kubitschek Salvador, Lelé – Salvador/BA, 1994. São Paulo, ca. 2012. Disponível em: <http://www.nelsonkon.com.br/hospital-sarah-kubitscheksalvador/>. Acesso em: 24 abr. 2019.

LELÉ, João Filgueiras Lima. Arquitetura: Uma experiência na área da saúde. São Paulo: Romano Guerra, 2012.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARKUN, Paulo. Hospital Sarah Kubitschek. Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, [s.l], 19 abr. 2014. Disponível em: <http://arquiteturaurbanismotodos.org.br/hospitalsarah-kubitschek/>. Acesso em: 22 abr. 2019.

MCA MANOEL COELHO Arquitetura & Design. Manoel Coelho, ca. 2019. Seção Escritório. Disponível em: <http://www.mcacoelho.com.br/?page_id=141>. Acesso em: 05 maio 2019.

MENEGHETTI, Roberta Aparecida Silva et al. Planejamento da assistência a pacientes vítimas de queimaduras: relação entre os problemas registrados e cuidados prescritos. Revista

136 da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v. 39, n. 3, p. 268-279, set. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S008062342005000300004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 27 mar. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras, Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-35725>. Acesso em: 07 mar. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de Ciência e Tecnologia. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Pesquisa em saúde no Brasil. Revista Saúde Pública. [s.l.], v. 42, n. 4, p. 773-775, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v42n4/itdecit.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ministro da Saúde visita Janaúba (MG) para prestar apoio às vítimas de tragédia. Brasília: 12 out. 2017. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/30008-ministro-da-saude-visita-janaubamg-para-prestar-apoio-as-vitimas-da-tragedia>. Acesso em: 07 abr. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Humanização – HumanizaSUS. Brasília: [ca. 2018]. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/politicanacional-de-saude-bucal/legislacao/693-acoes-e-programas/40038-humanizasus>. Acesso em: 02 abr. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Por que pesquisa em saúde? Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-15063>. Acesso em: 09 abr. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 1.273, de 21 de novembro de 2000. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 21 nov. 2000.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Queimados, Brasília, 04 jul. 2017. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/component/content/article/842-queimados/40990->. Acesso em: 12 mar. 2019.

NUNES, Renato; SÊRRO, Carlos. Edifícios inteligentes: conceitos e serviços. Técnica – Revista de Engenharia, Lisboa: AEIST, n. 3, p. 5-15, set. 1996. Disponível em: <https://aeist.pt/downloads/Periodicos/Revista/Tecnica_1996_N3.PDF>. Acesso em: 05 jun.

2019.

O QUE É UM HOSPITAL INTELIGENTE? Saúde Business, [s.l], abr. 2012. Disponível em: <https://saudebusiness.com/ti-e-inovacao/o-que-e-um-hospital-inteligente/>. Acesso em: 05 jun. 2019.

OLIVEIRA, Monica de Moraes. O caráter multidisciplinar da comunicação visual em hospitais. 2012. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

PECK, Michael; MOLNAR, Joseph; SWART, Dehran. A global plan for burn prevention and care. Bulletin Of The World Health Organization, [s.l.], v. 87, n. 10, p.802-803, out. 2009.

137 Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2755313/>. Acesso em: 11 mar. 2019.

RAMOS, Katiúcia Megda. A contribuição da arquitetura hospitalar na cura: o caso de um Centro de Tratamento de Queimaduras para Maringá-PR. Repositório Digital Unicesumar, Maringá, 2017. Disponível em: <http://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/412>.

Acesso em: 04 abr. 2019.

REDE SARAH de Hospitais de Reabilitação. A Rede SARAH, ca. 2019. Seção A Rede SARAH. Disponível em: <http://www.sarah.br/a-rede-SARAH/>. Acesso em: 22 abr. 2019.

ROCHA, Marisa Eulálio. Humanização do edifício hospitalar: análise dos hospitais da rede Sarah Kubitschek de João Filgueiras Lima (Lelé). 2010. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010.

SAMPAIO, Ana Virgínia Carvalhaes de Faria. Arquitetura hospitalar: projetos ambientalmente sustentáveis, conforto e qualidade. 2005. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

SANTOS, Mauro; Bursztyn, Ivani (Org.) Saúde e arquitetura: caminhos para a humanização dos ambientes hospitalares. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2004.

SKRABE, Celso. Prefácio. In: Manutenção hospitalar e segurança preditivas. São Paulo: Estação Liberdade: IPH, 2011, p. 15-19.

SMART HOSPITALS: Security and Resilience for Smart Health Service and Infrastructures.

European Union Agency For Network And Information Security, [s.l], nov. 2016.

Disponível em: <file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Smart%20Hospitals%20(1).pdf>.

Acesso em: 05 jun. 2018.

SOUZA, Marcelo Torres de. Análise dos fluxos de pacientes médios e grandes queimados na rede de assistência hospitalar do Sistema Único de Saúde de Minas Gerais. 2017.

Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2017.

TOGNET, Filipe; ALMEIDA, Michel Augusto de Oliveira de. Prevalência de pacientes queimados atendidos no Hospital Regional do Oeste. 2016. Monografia (Graduação) Curso de Medicina, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Chapecó, 2016.

TOLEDO, Luiz Carlos Menezes de. Feitos para cuidar: a arquitetura como um gesto médico e a humanização do edifício hospitalar. 2008. Tese de Doutorado – Programa de PósGraduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

VASCONCELOS, Renata Thaís Bomm. Humanização de ambientes hospitalares: características arquitetônicas responsáveis pela integração interior/exterior. 2004. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

138 VELHO, Ana Lucia de Oliveira Leite. O design de sinalização no Brasil: a introdução de novos conceitos de 1970 a 2000. 2007. Dissertação de Mestrado – Programa de PósGraduação em Design, Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

VENDRAMINI, Carla; BITENCOURT, Fabio. Sinalização em hospitais deve estar integrada à arquitetura. AECweb, [s.l], 2018. Seção Revista Digital. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/sinalizacao-em-hospitais-deve-estar-integrada-aarquitetura_18427_10_0>. Acesso em: 04 jun. 2019.

YU, Lei; ZHU, Yang Lu XiaoJuan. Smart Hospital based on Internet of Things. Journal of networks, v. 7, nº 10, p. 1654, out. 2012. Disponível em: <https://pdfs.semanticscholar.org/9ee5/6096afa6ca1c28fac41ce3577ada09b6a2a3.pdf>.

Acesso em: 05 jun. 2019.

139 APÊNDICES

PROJETO ARQUITETÔNICO E/OU URBANÍSTICO