Caderno Previdência Privada

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Aposentadoria, poupança, capital para um novo negócio...

A melhor decisão Como escolher a instituição e o plano mais indicados

Hora do benefício Não basta relaxar: é preciso pensar em como reinvestir

Previdência Privada

balanço

Com bom desempenho, fundos de renda fixa têm rentabilidade de 10% neste ano

Incerteza sobre política econômica e baixa perspectiva de crescimento ampliam a demanda por planos de previdência mais conservadores, com menor capital alocado em renda variável O ano de 2014 já começou permeado de dúvidas. Após um 2013 com economia desacelerada e alta volatilidade no mercado financeiro, ficou difícil imaginar um ano de Copa do Mundo e eleições presidenciais correndo sem sobressaltos. O Produto Interno Bruto (PIB) não deve sinalizar um grande crescimento econômico, a inflação já encosta no teto da meta, o Ibovespa deve terminar o ano no zero a zero e, mesmo com a reeleição da presidente Dilma, ainda não se sabe como vai funcionar a condução das políticas econômicas nos próximos quatro anos. Naturalmente, o mercado de previdência privada caminha ao lado dos movimentos econômicos. As reservas aumentam quanto maior for o crescimento do País e o movimento do investidor tem uma íntima relação com o que se espera para os próximos anos. Graças a esse cenário de instabilidade, neste ano os fundos de renda fixa ganharam mais adeptos, na avaliação de Marcelo Otávio Wagner, superintendente de risco da BrasilPrev. “Percebemos uma captação maior na renda fixa e esse é um comportamento padrão em períodos de maior volatilidade”, comenta. “O investidor está ressabiado.” A boa notícia para estes mais ressabiados é que os fundos de previdência com investimentos aplicados na renda fixa conseguiram, de longe, o melhor resultado. A rentabilidade média alcançada foi de 10,22% no período, segundo levantamento do BuscaPrev, comparador de rentabilidade especializado no mercado de previdência.

Evitando perdas momentâneas

Entre os fundos balanceados, os melhores números vieram dos multimercados que renderam, em média, 9,27%. Estes são gerenciados em uma estratégia de longo prazo, com investimentos em diversas classes de ativos, como câmbio, ações, renda fixa, entre outros. Uma das vantagens dos pla-

de rentabilidade chega a 7% – um número melhor que os anteriores, mas ainda bem longe dos 10,22% da renda fixa. Wagner lembra, no entanto, que o resultado mais fraco não é um sinal de que esses investimentos mais ousados precisam ser evitados. “Esse é o comportamento normal dessa classe de ativo”, afirma. O importante é não cristalizar a perda e perseverar nas aplicações. Embora 2014 já caminhe para o fim, não há nenhum indicativo de que um cenário mais estável vá se desenhar no futuro próximo. Para o primeiro semestre de 2015, a expectativa também é de grandes oscilações – menos bruscas que as de 2013, mas, ainda assim, desconfortáveis para quem não gosta de tomar risco. “Volatilidade é sinônimo de incerteza”, pontua Marcelo de Jesus Perossi, superintendente de gestão de ativos da Caixa. Na expectativa de Perossi, a partir de agosto ficará mais fácil investir e transitar entre as aplicações com mais estratégia e menos receio. “O cenário ficará mais claro.”

Olho no futuro

DRIBLANDO A BAIXA Entre fundos balanceados, os multimercados renderam em média de 9,27%, graças aos deslocamentos táticos permitidos nos calçados nesse tipo de fundo está nos chamados deslocamentos táticos. Ou seja: o gestor pode reorganizar as carteiras no curto prazo, evitando per-

das momentâneas e buscando ganhos de oportunidade. Os fundos com até 15% dedicados à renda variável renderam, em média, 6,95%.

Quando a participação da renda variável sobe para entre 15% e 30%, a rentabilidade cai para 6,28%. No entanto, com mais de 30% alocado em renda variável, a média

Investir nada mais é que fazer o dinheiro trabalhar enquanto você espera o futuro chegar. Por isso, toda gestão de investimentos tem um forte componente de expectativa. Olhar para o passado é sempre um bom começo para esboçar o futuro. Mesmo para os mais letrados no mundo dos investimentos, tem sido difícil alcançar alguma precisão nas avaliações. Para quem não está de olho nos investimentos no dia a dia o desafio é ainda maior. Exatamente por isso, para quem não tem sangue frio, o maior conselho é a distância dos investimentos de maior risco. “Se não houver disposição para lidar com cenários turbulentos, os fundos de renda variável não servem”, ressalta Keyton Pedreira, fundador da plataforma Buscaprev. “É preciso ter um perfil frio para trabalhar melhor nesse cenário.”

mercado

Novidades em produtos para 2015

VGBL Saúde está próximo da aprovação e ampliação de alocação de investimentos em renda variável é uma das prioridades da FenaPrevi Em meio a tantas incertezas do cenário político e econômico, ficou difícil para a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) aprovar alguns de seus mais importantes projetos em 2014. O principal deles, o VGBL Saúde, prevê que operadoras médicas e seguradoras possam vender planos de saúde a partir de saques de aplicações financeiras com perfil previdenciário. O VGBL Saúde – que já é discutido há cerca de sete anos – deve finalmente sair do papel no primeiro semestre do ano que vem. Esta é a expectativa de Osvaldo do Nascimento, presidente da FenaPrevi e diretor superintendente da Itaú Vida e Previdência. O projeto de lei já tramita em regime de urgência e agora, com anuência da Susep, do Ministério da Fazenda e todos os outros órgãos envolvidos, deve finalmente sair do papel. “Todas as entidades envolvidas estão alinhadas. Temos o compromisso

de aprovar isso no primeiro semestre de 2015”, afirma.

Peso da saúde

Há boas razões para esperar o sucesso dessa novidade. 52% das pessoas já aposentadas da previdência complementar tiveram que reduzir suas despesas, segundo dados de pesquisa realizada em maio com 1.551 pessoas pela Consultoria Mercer. Nesse universo, um dado que chamou a atenção: o aumento de 15% nas despesas médicas. O impacto desses números, porém, é maior para quem recebe menos. “Na faixa de rendimento até R$ 4.160, nem sempre a previdência privada reforça o rendimento dos aposentados”, avalia Fábio Gallo, professor de Finanças da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV). “A expectativa é que esse modelo seja bem desenhado para

Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão.

dar segurança ao consumidor. Se os planos de saúde já não dão conta do momento atual, imagine pagar algo por 30 anos e não ter o benefício à disposição no fim desse prazo?”

Renda variável

Outra mudança que já está na linha de tiro da FenaPrevi é a ampliação do limite para aplicação em renda variável dentro dos fundos direcionados à previdência privada. Atualmente, apenas 49% do total investido pode ir para ativos que envolvem maior risco de volatilidade. “Acreditamos que no longo prazo conseguiremos taxas de juros mais civilizadas”, diz Lúcio Flávio Conduru

“Acreditamos que no longo prazo conseguiremos taxas de juros mais civilizadas” Lúcio Flávio Conduru de Oliveira, vice-presidente da FenaPrevi

de Oliveira, vice-presidente da FenaPrevi e presidente da divisão de vida e previdência do Bradesco. “Estamos negociando com a Susep, mas esse é um pleito importante.” A adoção de fundos mais ousados combina com a estratégia que Felipe Bottino, gerente de produtos da Icatu Seguros, vem aplicando nas carteiras administradas pela empresa. A empresa tem apostado em fundos mais ativos, com as chamadas estratégias long-short, que envolvem operações de curto, médio e longo prazo, para garantir a rentabilidade da carteira. “Com a aplicação de até 100% do fundo em renda variável, abre-se um caminho para um investidor mais qualificado”, afirma. Bottino diz que a aprovação desta nova formatação da resolução 3.308 da Superintendência Nacional de Seguros Privados (Susep) é a maior expectativa dele e da Icatu atualmente. “A aprovação poderá revolucionar a gestão destes fundos.”

Cenário

A máxima de que o brasileiro persevera parece cair como luva ao mercado de previdência. Quem sobreviveu a 2013 di-

ficilmente estará muito pesaroso com os números deste ano. “O ano passado foi ruim, mas 2014 também não foi fácil”, avalia Oliveira, vice-presidente da Fenaprevi. Até o ano passado, o avanço da receita dos fundos de previdência vinha batendo os dois dígitos. Em 2013, não passou dos 3%. Neste ano, até outubro, o crescimento já era de 9% frente o mesmo período do ano passado. Não por acaso, as expectativas também estão melhores. Na espera dos três últimos meses do ano – em que a captação costuma chegar a 30% de todo o ano –, Oliveira já volta a acreditar em um crescimento de dois dígitos para este ano, na faixa dos 10%. “O brasileiro tem tido cada vez mais possibilidades de se planejar. O controle da inflação e envelhecimento da população dão relevância aos planos de previdência”, diz. Mais que isso, um planejamento independente para a aposentadoria passa a ser uma necessidade quando considerado o momento da previdência social. Atualmente, no Brasil, a cada 1,6 trabalhador contribuinte há um aposentado desfrutando do benefício. Ficará cada vez mais difícil fechar essa conta.


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