Urbanidade Pivot

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CAPÍTULO 5: DAS “TENDÊNCIAS ALTERNATIVAS” À CONTEMPORANEIDADE

Nas palavras de Koolhaas, “existe, no máximo coexiste”.45 Para lá de uma certa massa um edifício transforma-se num grande edifício que não consegue ser controlado por um simples acto de arquitectura, “ou mesmo pela combinação de vários gestos arquitectónicos. Esta impossibilidade desencadeia a autonomia das suas partes, mas isto não é o mesmo que fragmentação: as partes continuam confiadas ao todo”.46 Koolhaas refere que o alargamento de escala transforma a arquitectura e a sua acumulação géra outro tipo de cidade. Nas palavras de Koolhaas, “o exterior da cidade já não é o teatro colectivo onde algo acontece; não foi deixado espaço colectivo. A rua tornou-se residual, propósito organizaçional, um mero segmento do plano metropolitano contínuo onde as reminiscências do passado confrontam os equipamentos de hoje. A monumentalidade pode exister em qualquer parte desse plano”.47 Esta monumentalidade “não só é incapaz de estabelecer relações com a cidade clássica [tradicional/compacta] – no máximo coexiste - mas na quantidade e complexidade das facilidades que esta oferece, ela própria é urbana. Esta não necessita da cidade; compete com ela; representa-a, antecipa-a; ou melhor, é a cidade. Se o urbanismo gera o potencial e a arquitectura o explora, a Monumentalidade recruta a generosidade do urbanismo contra a mesquinhez da arquitectura”48 Deste modo, Koolhaas conclui que a “Monumentalidade = Urbanismo vs. Arquitectura. Através da sua independência do contexto, é a única arquitectura que consegue sobreviver, mesmo que explorada, à agora nova condição de tabula rasa: (...) gravita oportunamente para localizações de máximo potencial estrutural; é finalmente a sua própria razão de ser”.49 Esta nova monumentalidade, contentora de novos programas será, segundo Koolhaas, o limiar de uma paisagem pós-arquitectónica: “inflexivel, imutável, definitiva”.50 Como exemplo desta monumentalidade, Koolhaas refere as torres gémeas que, construídas por volta de 1972, marcaram a paisagem sem no entanto fazer parte dela. Funcionaram como símbolo, monumento a uma realidade que se pretendeu fixar. Esta monumentalidade é o que compõe a cidade genérica defendida pelo autor: uma grelha bidimensional que define ruas e quarteirões.

45. KOOLHAAS, Rem: Bigness or the problem of Large. In: S, M, L, XL, Nova Iorque, The Monacelli Press, 1995, p495, tradução livre. 46. Op. Cit. p496, tradução livre. 47. Op. Cit. 48. Op. Cit. 49. Op. Cit. p515, tradução livre. 50. Op. Cit.

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