Discipulus - Português

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ÍNDICE


Apresentação de D. Orani João Tempesta. 04 Mensagem do Papa Bento XVI para a JMJ Rio2013. 06

PRIMEIRA PARTE | Instrumentos de evangelização 1 : Semeadores da Boa-Nova. 11 2 : Hoje é dia de Celebração! 15 3 : Somos a Juventude do Papa, da Igreja e de Cristo! 19 4 : Apóstolos pela oração. 25 5 : Onde há o amor e a caridade, Deus aí está. 29 6 : Como fazer discípulos? 33 7 : Discípulos da beleza. 37 8 : Geração conectada em Cristo 41

SEGUNDA PARTE | Ambientes de evangelização 9 : Um tesouro precioso. 49 10 : Paróquia: casa da juventude. 53 11 : Amigo de fé, irmão camarada. 57 12 : Ide e evangelizai no namoro. 61 13 : Um vasto campo missionário. 65 14 : Trabalhadores do Reino. 71 15 : Ide e evangelizai no mundo da cultura. 75 16 : Mais perto de Deus, mais perto uns dos outros. 79 17 : Bem-aventurados os que promovem a paz! 83 18 : Missionários na ação política e social. 87 19 : Jovem: evangelize entre os doentes. 91 20 : Anunciadores da Boa-Nova entre os dependentes químicos. 95 21 : O bem comum: presente de Deus para todos. 99 Patronos e Intercessores da JMJ Rio2013. 104 Oração da JMJ Rio2013. 126 Você também pode ser um discípulo-missionário! 128 Abreviaturas, siglas, documentos e referências bibliográficas. 130


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Mensagem do Arcebispo do Rio de Janeiro A responsabilidade de sediarmos a Jornada Mundial da Juventude, que congrega jovens de todas as partes do mundo para um grande testemunho da nossa fé, em unidade com o Papa, nos dá a oportunidade de saudar a você que, como peregrino, chegou até nossa cidade com votos de Paz! Seja bem-vindo! O entusiasmo juvenil demonstra como a presença de Deus na vida do jovem o transforma e o faz canal de transformação na sociedade, como sal, luz e fermento. Todos são chamados a “fazer discípulos entre as nações” pela palavra e pelo testemunho. A par desta perspectiva abrangente de comunidade, não se pode esquecer a dimensão pessoal do encontro com o Senhor que a Jornada proporciona. O Evangelho nos narra o episódio do jovem que se aproxima de Jesus e lhe pergunta, certamente atraído pela sua Pessoa e suas palavras: “Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” (Mt 19,16). Quantas indagações, anseios e questionamentos esta pergunta resume! Marcos acrescenta um detalhe: “Jesus fixou nele o olhar e o amou” (Mc 10,21). Somente depois é que Ele

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pede ao jovem aquele gesto de total desapego para poder segui-Lo. A Nova Evangelização supõe esse anúncio: em Cristo somos amados por Deus! O peregrino da JMJ tem a oportunidade de se tornar discípulo missionário, permanentemente atraído pelo olhar de Jesus, colocando todos os talentos que possui a serviço dos irmãos, sabendo administrar as riquezas sem se deixar possuir por elas. A alegria do encontro com o Senhor que nos ama e a Quem amamos nos faz anunciadores alegres dessa vida aos nossos irmãos e irmãs. Seja bem-vindo você que agora nos lê! O Senhor o elegeu para estar aqui e conosco fazer esta bela experiência. Com os braços abertos do Cristo Redentor do alto do Corcovado, a Arquidiocese do Rio de Janeiro o acolhe com alegria! Deus seja louvado pela sua vinda e sua presença! Viva conosco estes belos e importantes dias. Que o espírito de peregrino que você traz em seu coração transborde em gestos concretos diante de um mundo que nos questiona e deseja ver sinais explícitos de valores cristãos em nossas vidas. Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 2013 Aos 200 dias antes da JMJ

D. Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro

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Mensagem do Papa Bento XVI para JMJ Rio2013* Ide!1 Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa-Nova da salvação, e esta Boa-Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. Jo 1,40-42). A evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto *Texto extraído da Mensagem do Papa Emérito Bento XVI para a XXVIII

Jornada Mundial da Juventude.

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mais queremos falar d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras pessoas para Ele. Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de Deus. Vaticano, 18 de outubro de 2012.

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PRIMEIRA PARTE

Instrumentos de Evangelização


Para início de conversa... Por melhor que tenha sido esta Jornada, chegou a hora de levantar acampamento, colocar a mochila nas costas e levar nela, com certeza, uma grande bagagem. Em meio a tudo o que você possa levar, guarde com carinho todas as boas palavras ouvidas e testemunhadas nestes dias de bênçãos que nos comprometem cada vez mais com Cristo e sua Igreja. É, querido jovem, toda esta Jornada significa que a Igreja confia em você! A Igreja acredita que você pode ser um homem fiel, uma mulher fiel, capaz de evangelizar outros, de usar seus dons, sua criatividade, sua alegria... que, com seu próprio jeito de ser, encontrará formas para colaborar com o projeto de Cristo, aproximando-se cada vez mais d’Ele como discípulo e deixando-O transparecer em seus gestos e palavras como um grande missionário. Para auxiliá-lo nesta tarefa de cativar novos discípulos para Cristo, apresentamos alguns instrumentos que, na verdade, estão bem próximos e você verá que podem ser usados no dia a dia. Portanto, ide e evangelizai com a Palavra, a Liturgia, a Igreja, a oração, a caridade, o testemunho, a arte e os meios de comunicação.




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Antes de retornar para o Pai, Jesus, Nosso Senhor, colocou em nossas mãos uma grande tarefa a ser cumprida: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós” (Jo 20,21); “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Jovem peregrino, a partir de agora essa tarefa também está em suas mãos. Existe algo urgente a ser feito nesse mundo; algo que não pode ficar para depois, pois deve alcançar a todos, em todo lugar: nossa tarefa é evangelizar, isto é, encher os corações, as nações, as culturas, todo o mundo, com o Evangelho de Jesus Cristo. A palavra ‘evangelho’ pode ser entendida, de modo bem simples, como ‘boa notícia’. Evangelizar, portanto, significa levar uma boa notícia a alguém. Vivemos num mundo em que muitos têm acesso a todo tipo de informação, todo o tempo, por vários meios. Infelizmente, grande parte das informações que giram pelo planeta é bastante ruim. Algumas pessoas chegam a se perguntar se ainda vale a pena tentar mudar o rumo dos acontecimentos, já que todo esforço parece pequeno demais. Num tempo tão cheio de más notícias, nós cristãos temos uma grande notícia a espalhar; ela é capaz de gerar esperança nos corações, porque nos garante que Deus pode muito mais do que nossos esforços são capazes. Nossa boa notícia tem um nome: JESUS CRISTO! E o modo de espalhá-la é semeando a Palavra de Deus nos corações e mentes humanas. O Beato João Paulo II disse certa vez que “quem verdadeiramente encontrou Jesus Cristo não pode guardá-Lo para si; tem de anunciá-Lo”.1 Talvez você já tenha experimentado isso em seu próprio coração, não é mesmo? Anunciar Jesus Cristo não é uma tarefa complicada ou difícil, ainda que seja sublime! Mas, para lançar a 1 NMI n.40

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Semeadores da Boa-Nova

semente do Evangelho no coração de alguém, é preciso que você próprio esteja com o coração repleto de Cristo. Como fazer isso? Familiarizando-se com a Sagrada Escritura, onde Cristo se torna acessível a nós. Conhecer a Escritura é mergulhar no coração de Deus, pois assim como nossas palavras manifestam o que há dentro de nós, a Palavra de Deus reflete Seu próprio coração, Seu modo de pensar e de agir. Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cf. Jo 1,1-18). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado «como homem para os homens» (3), «fala, portanto, as palavras de Deus» (Jo 3,34).2 Em Jesus Cristo, a Palavra de Deus se fez carne. É Deus falando a linguagem humana; querendo conversar conosco. Jesus é a Palavra definitiva do Pai. Toda a Bíblia converge para Ele, a perfeita expressão do amor de Deus pelos homens: “Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho”. (Hb 1,1-2) “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça,mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). É preciso “alimentarmo-nos da Palavra para sermos servos da Palavra”.3 Esse foi o convite do Papa João Paulo II às vésperas do terceiro milênio. Não se esqueça de que, para que sua tarefa de evangelizador produza frutos, você próprio deve cuidar de sua amizade com Deus, estando atento ao que Ele diz, por exemplo, a cada celebração, pois a Palavra viva de Deus é o próprio Jesus, que conhecemos e ouvimos pela pregação da Escritura na Igreja. Procure, também, tornar a Bíblia a fonte de inspiração para sua oração. Pode ser um bom começo, para aprender a ouvir a voz do Bom Pastor, conduzindo sua vida. Muitos podem orar por você, 2 DV n.4 3 NMI n.40

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mas ninguém pode orar no seu lugar, pois sua comunhão com o Senhor é fruto de um empenho pessoal e generoso. Você já esteve com sua Bíblia nas mãos hoje? Evangelizar é fazer ressoar a Palavra de Cristo junto daqueles que desejamos alcançar com a Boa-Nova. O papa Bento XVI nos diz que essa Palavra “interpela; orienta; plasma a existência”.4 Anunciar o Cristo significa comunicar algo vivo capaz de transformar para melhor aquele que O recebe. Nossas palavras humanas não devem ser obstáculo para a simples e desafiadora verdade do Evangelho, mas devem servir de veículo para a sua expressão. A mensagem de Cristo é capaz de alcançar o coração dos homens de todo tempo e lugar (também na sua cidade!), mas devemos ser fiéis a ela, em comunhão com a Igreja e aquilo que o Espírito lhe diz. Nossas ideias e projetos, por melhores que sejam, não se comparam aos projetos e à sabedoria de Deus manifestada em sua Palavra e comunicada a nós pela Igreja. Jovem peregrino, você carrega dentro de si uma semente poderosa, pois ela traz um maravilhoso potencial de vida. A grande tarefa confiada por Cristo a nós não é outra senão essa: dividir essa semente com outros corações; ajudá-los a passar de áridos desertos a jardins bem irrigados por Deus. A Palavra que você ouve na liturgia; reza em seus momentos de intimidade com o Senhor e estuda para compreender melhor é a Boa Semente que precisa ser lançada nesse mundo. Ela comunica a vida do próprio Cristo àqueles que a acolhem. Talvez, bem perto de você, haja pessoas com fome e sede da alma. Como será bom vê-las experimentando uma vida nova porque você semeou a Palavra em seu coração! Evangelizar se aprende evangelizando! Aproveite as pequenas oportunidades do dia a dia para anunciar a Boa Notícia. Você verá que, à medida que a divide com outros, essa Palavra Viva vai crescendo e tomando conta do seu coração. Você já semeou a Boa Semente no coração de alguém, hoje?

4 DV n.93

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É verdade que todos nós precisamos de um momento para uma pausa. Às vezes queremos estar com nossos amigos, partilhar as nossas necessidades e, acima de tudo, ter a certeza de que neles podemos confiar. Esses lugares que escolhemos para fazer uma pausa restauradora são tranquilos, confortáveis, frequentados por pessoas que buscam o mesmo objetivo. Têm grande capacidade de recarregar nossas energias, trazem de volta o sorriso e a certeza de que não estamos sós. Desde o início, os cristãos fazem assim, se reúnem para escutar e partilhar a Palavra e para comungar do seu Senhor que se dá no Pão e no Vinho. Ganham forças para enfrentar os desafios do tempo presente e são moldados em um novo tipo de vida. São capazes de testemunhar o Senhor com suas palavras e atitudes. Quando falamos da Santa Missa, de momentos de intimidade com a Palavra de Deus e com Cristo nos sacramentos, estamos apontando para esses lugares: verdadeiros oásis para dialogar com Deus e com o próximo. É possível sim, evangelizar com a Liturgia, primeiramente porque é instrumento concreto para um encontro com o Senhor e, sobretudo, porque promove uma vivência que não se esgota no primeiro momento. 16


Hoje é dia de celebração

Quando entendemos que a necessidade de nosso coração está fundamentada nos valores eternos, a busca por esses espaços passa a ser um impulso natural. Nesses espaços fazemos contato com Cristo que derrama sobre nós o seu Espírito e nos ajuda a conhecer e a dar glória ao nosso Pai que está no Céu. A Santa Missa é sacrifício! Jesus Cristo que se entrega por nós a Deus e a nós como pão descido do Céu. Somos fortalecidos, reanimados e impulsionados a seguir em frente! A Missa nos aproxima do Mistério que nos ajuda a cada vez mais entender para onde caminhamos: para Aquele que é Santo, Santo, Santo, como cantamos todas as vezes que dela participamos. Evangelizar com a Liturgia é comprometer-se com uma sólida e eficaz pastoral que cuide de todos os seus aspectos. Poderíamos falar de uma pastoral litúrgica, que zela pela participação de todos, pelo cuidado com a música, com o ambiente de silêncio, com a acolhida e muitos outros detalhes que nos fazem entrar e experimentar um frutuoso diálogo com Cristo. O Papa Bento XVI nos ajuda a entender essa dimensão: Não podemos reservar para nós o amor que celebramos nesse sacramento: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo, acreditar nele. Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da

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Igreja, mas também da sua missão. 1 Quando somos discípulos e missionários de Jesus, precisamos estar confiantes de nossa missão. As diversas realidades do mundo não devem dispersar-nos. Nós que somos íntimos das realidades sagradas, levamos aquilo que é sagrado ao mundo e atraímos a todos para a casa de Deus. Quando chegamos à nossa igreja, todos os domingos, nas grandes festas da Virgem Maria e dos Santos ou até durante a semana, quando assim queremos, olhamos para o Altar e percebemos que, apesar de vazio, dentro em breve ele estará repleto do precioso alimento que anima toda a vida. Daí, temos a certeza de que é na casa do Senhor que recebemos nossa força. Nosso peito se enche, todo o corpo e a alma ganham vigor, e por isso nossa voz e nossa existência cheias de sentido e de certeza são capazes de proclamar por toda a terra: Glória a Deus nas alturas!

5 SCa n. 84

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Jovem, de onde vem a beleza de nossa vida eclesial? “A luz dos povos é Cristo”, assim começa a Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG 1) definindo o que é e qual é a missão da Igreja: ser instrumento da íntima união dos homens com Deus, iluminando a todos com a Sua luz pelo anúncio do Evangelho a toda criatura. Esta Igreja, que somos nós, tem algo a dizer a todo o mundo: “que as alegrias e esperanças, tristezas e angústias do mundo, sobre6 tudo dos que sofrem, encontram eco no coração de Cristo”. 1 Ao longo do tempo, Deus foi revelando-Se ao homem e dandolhe a conhecer o mistério da Sua vontade. Ora, a vontade do Pai é elevar cada um de nós à participação em Sua Vida Divina e realizar esta comunhão “reunindo os homens em torno de seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, que é na terra o germe e o começo 7 do Reino de Deus” 2 , o “pequeno rebanho” (Lc 12,32) dos que Jesus veio convocar em torno de si, dos quais ele mesmo é o pastor”. Eles constituem a verdadeira família de Jesus. Aos que assim reuniu em torno d’Ele, ensinou uma “maneira de agir” 8 nova e também uma oração própria. 3 Na última Jornada Mundial da Juventude, em Madri, ouvimos o Santo Padre, o Papa Bento XVI, nos dizer: “Não se pode crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé. A Igreja precisa de vós, e vós precisais da Igreja”. 6 cf. GS 1

7 cf. CIC n.541

8 CIC n.764

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Somos a juventude do Papa, da Igreja e de Cristo

O Papa, de forma cordial, constata: “A Igreja precisa de vós”. Ora, a juventude é a face jovem da Igreja que se reflete e se faz jovem na jovialidade de seus membros. Por isso, a Igreja, pela JMJ, cria um espaço privilegiado para que jovens cristãos testemunhem e falem entusiasmados aos jovens do mundo inteiro que vale a pena seguir Jesus Cristo e ser membro ativo de sua Igreja.

Mas, o Papa também nos lembra: “Vós precisais da Igreja”. Por que nós jovens precisamos da Igreja? De fato, nosso coração possui muitos anseios, sonhos e desejos... e somente será saciado quando experimentar a Deus. Sim! Nossa alma tem sede de Deus e está sempre insatisfeita, enquanto sente a sua falta. (cf. Sl 62, 2). A Igreja, então, torna-se este local, onde podemos encontrar a fonte que sacia nossa sede de Deus e n’Ele o autêntico sentido de nossas vidas. Nela o Senhor nos fala pela fiel proclamação da Palavra; nela o Senhor nos alimenta pela Sagrada Eucaristia; nela o Senhor nos perdoa e reconcilia, nela o Senhor nos dá a certeza “Ele está no meio de nós!” Nela encontramos o Senhor, a luz dos nossos passos. Desta forma, a Igreja visível não é um simples lugar de reunião, mas significa e manifesta a Igreja viva, morada de Deus em comu-

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nhão com os homens reconciliados e unidos em Cristo. 4 E, quanto mais a Igreja manifestar a comunhão entre Deus e os homens, tanto mais você e eu tomaremos nosso lugar nela, reconheceremos os dons que o Senhor nos concedeu e assumiremos nossa missão de membros do Corpo de Cristo. Sim, Cristo continua hoje querendo agir em favor dos pobres, dos doentes, dos marginalizados e sofredores..., mas espera que cada um de nós aceite agir neste mundo como um membro do Seu Corpo, como um membro de sua Igreja; como seu reflexo, pois “vós sois a luz do mundo!” (Mt 5,14). Ora, todo fiel batizado é parte constituinte da Igreja; todos aqueles que foram renascidos pela água batismal são membros do Corpo Místico de Cristo. Basta assumir! O primeiro passo é crer que em Cristo Jesus deu-se a plenitude da revelação, a Palavra de Deus se fez carne; Ele assumiu nossa humanidade para nos salvar e nos unir à divindade; Ele é a prova máxima de que “de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Único Filho para que todo aquele que n’Ele crer não pereça” (Jo 3,16). Esta revelação é para toda a humanidade e, por isso, não pode ser calada no coração daqueles que creem. A Igreja, que nasce de Jesus Cristo e da sua vontade salvífica, recebeu d’Ele identidade e missão específicas. Seus discípulos que, ao aceitá-Lo, experimentaram a transformação da própria vida e do seu modo de viver, conscientes de serem membros de Seu Corpo, tomam parte na ação evangelizadora da Igreja, para que cada pessoa possa fazer a mesma experiência e ter sua vida transformada em Cristo.

9 cf. CIC 1180

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Somos a juventude do Papa, da Igreja e de Cristo

A Juventude da Igreja foi alcançada por Jesus e transformada por seu amor. Por isso toma parte em sua ação evangelizadora, procurando ser fiel ao que foi transmitido por aqueles que foram as testemunhas oculares, isto é, os Apóstolos. Manifesta em cada época e no mundo inteiro, guiada pelo Espírito Santo, sua vocação à comunhão com Deus, à santidade. Pelo conhecimento da Palavra e da doutrina está pronta a dar a quem pede as razões da sua esperança (cf. 1Pd 3,15). Nada melhor do que jovens testemunharem com a própria vida o seguimento autêntico de nosso Senhor a outros jovens, que ainda não conhecem o maravilhoso amor de Deus. A evangelização implica em amar a Igreja, sentir com Ela, vibrar com Ela, sofrer com Ela, trabalhar com Ela, evitando toda e qualquer divisão ou ruptura, sem nos deixarmos levar por ventos de novas doutrinas; e tendo como base a Sagrada Escritura interpretada à luz da Tradição e do Magistério da Igreja. A Igreja é povo 10 uno e eleito de Deus 5, que tem “um só Senhor, uma só fé, um só 10 LG n.32

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batismo” (Ef 4,5). Na Jornada da Juventude podemos sentir que a Igreja possui,apesar da diversidade cultural dos povos representados por cada peregrino, “um só coração e uma só alma” (cf. At 4, 32). Ela é a realidade viva e imprescindível, para que possamos concretamente viver no Amor do Senhor; canal da graça, lugar privilegiado do encontro e da convivência com Jesus, que se manifesta através dos irmãos, e nos fortalece através dos dons de Seu Espírito, para assim, testemunharmos no mundo, sobretudo, aos sofredores, a Salvação que vem de Deus. A realidade sem jovens é como um mundo sem “sal” e sem “luz”; desprovido da alegria dos recebedores do Reino de Deus. Em cada jovem há exigências autênticas de bem e de vida que precisam ser ouvidas e respeitadas, mas que precisam ser orientadas pela luz de Jesus Cristo. Por isso, a força, o entusiasmo e os ideais próprios de nossa juventude, comprometidos com a fé em Jesus Cristo e com a Igreja, é que farão com que a Verdade e os valores fundamentais continuem sendo transmitidos a todos os seres humanos. Vamos anunciar que “a luz dos povos é Cristo!” Vamos assumir ser a Igreja de Cristo e aceitar o convite do Papa Bento XVI: “Convido, a todos os jovens, a subirem até à fonte eterna da vossa juventude e conhecer o protagonista absoluto da Jornada Mundial e 11 da vossa vida: Cristo Senhor” 6 . Somos a Juventude da Igreja! Somos a Juventude de Cristo Jesus!

11 BENTO XVI - Saudação Inicial XXVI Jornada Mundial da Juventude – Madri 2011

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Neste momento, não dá para saber se você está de pé, sentado ou andando; se está sozinho, em grupo ou namorando, mas uma coisa é certa: são inúmeras as ideias que povoam sua cabeça e profundos os questionamentos de seu coração. Tem vontade de realizar várias coisas ao mesmo tempo, embora, às vezes, pareça que nada tenha lá grande importância, não é mesmo? Todo este turbilhão é sinal de que você... é jovem, de que está vivo e em busca da realização de algo maior, em busca de sua própria realização. Tudo isto pode ser normal, mas não perca de vista esta orientação: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4,6). São muitas as opções que a vida coloca diante de seus olhos e decisivas as escolhas a fazer em vista da construção do futuro que te espera, grande também deve ser o seu empenho em apresentar a Deus todos os seus sonhos, projetos, desejos e preocupações. Quanto maior a corrida maior a energia que se emprega, e a força que impulsiona nossa alma vem da oração; do relacionamento vivo e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro que, por nos amar, está sempre disposto a nos ouvir e, por só querer o nosso bem, deseja ardentemente nos falar.

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Apóstolos pela oração

“Ouve, filho meu!” – diz o Senhor. Essa busca de intimidade com Deus, através de um diálogo sincero, profundo e relacionado aos fatos da vida é a oração. Se ela é feita com muitas ou poucas palavras, improvisadas ou aprendidas, curtas ou longas, não importa. Desde que você se entregue a ação do Espírito Santo, pois Ele compreende o que está no íntimo do seu coração e conhece tudo a seu respeito. Às vezes levamos uma vida de oração muito pobre, porque desde cedo nos ensinaram que oração é só pedir, pedir, pedir. Não! Oração, além de falar, é também ouvir, ouvir, ouvir. E, para que nossos ouvidos não sejam enganados pela imaginação, sempre ansiosa em escutar aquilo que mais nos agrada, a perfeita oração deve estar sempre acompanhada pela Palavra de Deus, na certeza de que “a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os 12 divinos oráculos”. 1 O poder de uma oração não está na quantidade de milagres que ela alcança, mas nas transformações que ela é capaz de realizar em nós e nas situações que estão a nossa volta. Está na segurança que ela nos dá por sabermos que Jesus está vivo no meio de nós, na comunhão que ela promove fazendo-nos, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, nas vitórias ou dificuldades, na santidade ou no pecado, confiar em Deus e buscá-Lo. Sim, em todas as circunstâncias você pode se apresentar diante 12 DV n.25

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de Deus. Pode também apresentar aqueles a quem você anunciará o Evangelho, pois é o Espírito quem precisa preparar os corações. É Ele quem unge aquele que ouve e aquele que fala. Só Ele convence e converte, portanto, não há como realizar uma missão sem a oração. Além do mais, se você vai ajudar alguém a se encontrar com Cristo, também precisará ajudá-lo a dialogar com Ele. Assim, está na hora de fazermos discípulos pela oração. Não se deve ter a ideia de que a pessoa precisa aprender a rezar como você reza, mas aponte-lhe possíveis caminhos, ofereça-lhe subsídios (salmos, cânticos, terços, leituras orantes, devoções aos santos), ofereça-se para rezar por e com ela. Promova também em seu grupo momentos de oração bem preparados e partilhados, que conduzam à reflexão acerca da vontade de Deus e à feliz descoberta do sentido entre a fé e a vida. Evite transformar os momentos de oração em longos discursos ou oportunidades de exortação, lembrando-se que a voz que os discípulos mais precisam ouvir é a voz do Mestre. Anuncie que, se o objetivo da oração é nos colocar em comunhão com Cristo, não conhecemos maior, ou melhor, forma de oração do que a Missa, na qual Jesus demonstra que não só quer estar no meio de nós, mas em nós pela Sagrada Eucaristia. Promova momentos de formação, inspirados no Catecismo, sobre as várias modalidades de oração, evitando rezar mecanicamente ou por rotina e não tenha vergonha de rezar em todos os momentos de sua vida, mesmo em público e assim demonstrar a fé que possui. Santa Teresinha, padroeira das missões e da juventude, é um grande exemplo de vida de oração e evangelização para nós. Uma jovem de apenas 24 anos, que nunca saiu do Carmelo, nos demonstra firmemente que a força para a missão da Igreja não está somente na ação, mas, sobretudo na oração e na contemplação. Reclusa para o mundo, mas livre para Deus, ela com humildade e santidade abraçou a missionariedade e a evangelização, através de sua intercessão pela missão salvífica da Igreja no mundo. Vá, pois, você também, e faça discípulos pela oração. 28



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Olá, amigo missionário! Como você já percebeu são várias as oportunidades que temos para exercer nossa missão de cristãos, de seguidores de Cristo e semeadores da fé, do amor e da esperança. Por isso, estamos abordando um pouco temas tão variados. Você já parou para refletir, por exemplo, sobre o que é a caridade? Falar de caridade numa época em que o individualismo, o consumismo e o desejo de prosperidade são tão predominantes é bem complexo. Há quem pense, imediatamente, que se resuma a dar esmolas, porém, caridade é mais do que isso. A Palavra de Deus já nos alerta que a caridade não se reduz a dar coisas ou a fazer coisas, não que isso não seja necessário, mas, a caridade está ligada a um jeito de ser, um jeito de ser cristão. Ou seja, assim como a missão, é coerente que a caridade faça parte do modo de ser do discípulo de Jesus Cristo. Sabemos que nossa vida de Fé se concretiza em alguns passos indispensáveis: encontrar o Senhor; experimentar seu Amor, acolhê-Lo pela fé e; aderindo à sua proposta de vida, assumir a missão que Ele nos confia, ser testemunha de uma vida cristã. E o testemunho é, antes de tudo, o da caridade, o da manifestação da bondade divina presente em nós e através de nós. Mas, como é mesmo que a caridade faz parte de nosso jeito de ser? “A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1Cor 13,4-7) Olhemos para Jesus. Vejamos como ele anunciava o Reino de 30


Onde há o amor e a caridade, Deus aí está

Deus. Sempre encontramos Jesus praticando a caridade, fazendo o bem (cf. At 10,38). O Evangelho está recheado de exemplos de pessoas que creram e se converteram só porque Jesus as tratou com caridade, cada uma conforme a sua necessidade. Ele cura os enfermos, perdoa os pecadores e inclui os afastados. Um bom caminho para meditarmos o evangelho de São João consiste em perceber como Jesus pratica o bem. Vejamos também a missão que deu a seus discípulos missionários: expulsar demônios, falar novas línguas, curar os enfermos (cf. Mc 16,17-18) mas, acima de tudo mandou que amassem o próximo, como a si mesmos. Lembrados da palavra do Senhor: «nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35), os cristãos nada podem desejar mais ardentemente do que servir sempre com maior generosidade e eficácia os homens do mundo de hoje (...) Ora, a vontade do Pai é que reconheçamos e amemos efetivamente em todos os homens a Cristo, por palavra e por obras, dando assim testemunho da 13 verdade e comunicando aos outros o mistério do amor do Pai celeste. 1 Sem o testemunho da caridade, portanto, a evangelização se torna, no mínimo incoerente e mesmo o discipulado, questionável. No enfrentamento e vitória sobre o mal, na superação de todas as barreiras e segregações, na defesa contra as maldades e perseguições e na atenção aos doentes e demais sofredores... Neste conjunto de atitudes, encontra-se o que, de modo sucinto, podemos chamar de caridade. Não por outro motivo Jesus instruiu seus discípulos com a parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 29-37), alertando-nos sobre o risco da omissão e mostrando que nada supera o valor da compaixão e da solidariedade por aquele que sofre. Seja qual for seu sofrimento: falta de vinho (cf. Jo 2,1-12), segregação (cf. Jo 4,1-42), doenças in13 GS n. 93

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curáveis ou de nascença (cf. Jo 5,1-18; 9,1-41), fome (cf. Jo 6,1-15), legalismo, difamação (cf. Jo 8,1-11). Foram inúmeros os exemplos dados pelo Mestre, convidando-nos a agir como Ele, o Bom Pastor (cf. Jo 10,1-18), que, conhecendo as necessidades de suas ovelhas, cuida de cada uma de acordo com o que precisa, estando disposto até a dar a vida por elas. Convém agora que cada um, além de olhar para a Escritura, olhe igualmente para seu coração e perceba o quanto se realiza quando se pratica o bem e a caridade. Não se trata, por certo, de praticá-la apenas para nos sentirmos bem. Neste caso, nem estaremos falando de caridade, pois já vimos que ela “não busca seus próprios interesses” (1Cor 13,5b). Essa só pode ser compreendida quando nos deixamos envolver de tal modo pelo amor de Deus, que o transbordamos aos demais, especialmente àqueles que não podem nos retribuir. Eis aqui o nosso testemunho missionário. Não pela recompensa, mas fazer o bem nos realiza. Porque o bem nos completa, pois somos de Deus e o bem é a expressão de que Deus confia em nós para agirmos em favor de seus filhos (nossos irmãos!) mais necessitados. Para isso, Ele nos preenche cada vez mais com sua graça. É por isso que São Paulo, numa retrospectiva da própria vida, conclui dizendo que “há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20, 35). Nós, que participamos da JMJ e falamos línguas diferentes, viemos de lugares tão diversos e variados costumes, poderemos sempre nos reconhecer em qualquer parte por este grande sinal: a caridade. Ela é a linguagem universal através da qual se estabelece uma ponte para o convívio humano e o anúncio do Reino de Deus. A caridade é o Reino de Deus acontecendo. Ninguém em sã consciência se fecha ao bem que lhe é feito. Nos ambientes onde a pregação explícita do Evangelho não é permitida ou, pelo menos, é rejeitada, a prática da caridade se torna a condição de diálogo, enfrentamento e superação das resistências, vencendo, não pelo poder das armas (cf. Sl 19,8), mas anunciando o Reino pela força do amor, da bondade, da caridade (cf. At 16,25-34). 32



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Pela escolha do tema dessa Jornada, você certamente já percebeu que ela não é só uma oportunidade de fazermos uma grande experiência de fé. O resultado desta experiência é a esperança de que a juventude exerça seu papel missionário e seja protagonista da conquista de muitos outros discípulos: discípulos do Amor, da Justiça, da Paz... discípulos do Senhor em busca de uma sociedade que se pareça mais com o projeto do Pai.

Mas, como fazer discípulos? O que mais nos falta ou o que nos é mais necessário para que sejamos capazes de fazer outros discípulos? A isto nos responde o Papa Bento XVI: Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é do testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao

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Como fazer discípulos

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desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim. 1 Aqui está o ponto de partida: ser testemunha. E o que é uma testemunha? A testemunha é aquele que viu, que ouviu, que presenciou fatos dos quais pode falar com conhecimento de causa. Assim, testemunha de Cristo é aquele que, primeiramente, O ouviu, que ficou em sua companhia, experimentou sua presença, seu perdão, seu Amor, sua compreensão. Por isso, não pode mais deixar de falar d’Aquele que se tornou seu mais fiel e constante Amigo. É do estreitamento desta amizade com Jesus que vai nascendo em nós a vontade sincera de viver como Ele viveu; de nos perguntarmos como o Mestre agiria diante das demandas do mundo atual; de pedirmos ao Espírito Santo a sabedoria que Jesus demonstrava ao não condenar, mas ao apontar para todos uma saída, uma solução, uma nova chance, um caminho de restauração e vida. Da convivência com o Senhor, vai crescendo em nossa alma a convicção de que não estamos neste mundo por acaso. Nossa vida tem sentido. Há um ideal, um projeto de vida que não se restringe ao comprar, ao ter, mas ao ser. Quando experimentamos o desejo de ser de Deus, de estar com Ele, de participar do Seu projeto para este mundo, de ter palavras e atitudes inspiradas para a salvação de outros, podemos nos sentir atraídos a também nos tornar Seus discípulos. Os jovens reconhecem e valorizam a amizade sincera. Então, falemos a eles sobre a presença de Jesus em nossa vida, acima de tudo, com a verdade daquilo que somos e fazemos para que também percebam que Jesus, deseja tê-los como amigos (cf. Jo 15,15). Mais do que cobrar comportamentos, Jesus deseja amá-los e capacitá-los 14 PF n.15

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com dons que os realize como construtores da civilização do Amor. Sejamos portadores do convite feito pelo Papa João Paulo II. Ele convidou os jovens a experimentarem o olhar de Cristo, o mesmo olhar que Ele dirigiu a um jovem no Evangelho. É preciso que através de seus olhos, outros jovens consigam descobrir que Jesus os olha com amor (Mc 10,21). O Papa João Paulo II disse aos jovens: Faço votos que experimenteis um olhar assim! Faço votos que experimenteis a verdade de que Ele, Cristo, vos fixa com amor. (...) A consciência de que o Pai nos amou desde sempre no seu Filho, de que Cristo ama cada um e sempre se torna um ponto de apoio firme para toda a 15 nossa existência humana. Quem sabe o que quer caminha mais firme, mais resoluto, sorridente e jovial. Observai a firmeza de seus passos e sua determinação num projeto de vida que não dispensa a parceria do Criador e os ideais de Cristo! Busca conduzir sua vida inspirando-se nas palavras do Evangelho. Alimenta sua fé pela Sagrada Eucaristia. Procura partilhar a vida com os irmãos de comunidade. Assim nossa Igreja nasceu: os fiéis viviam unidos, tinham tudo em comum, preocupavam-se com a necessidade de cada um. Era pelo testemunho de vida dos discípulos que o povo se sentia cativado. Hoje não é diferente. Os desafios são grandes, mas o Espírito com o qual Deus nos fortalece é maior. “Ninguém te desprezes por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” (1Tm 4, 12). São Paulo, o grande Apóstolo das nações, dirige essas sábias palavras ao jovem Timóteo, estimulando-o em seu testemunho cristão e esta mensagem é atual. É dirigida a todos nós que decidimos ser seguidores de Jesus Cristo.

15 PAPA JOÃO PAULO II. Carta aos jovens. In. BENTO XVI. Mensagem para XXV JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE. Cidade do Vaticano. 20 de fevereiro de 2010

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Desde os tempos mais antigos, quando os seres humanos queriam reverenciar a Deus, valiam-se de expressões da beleza para fazê-lo: a música, a dança, a pintura, a escultura. Alegremente eram dançados os salmos ao som de festivos instrumentos musicais. O Evangelho de Cristo sempre gerou beleza e arte em todo lugar onde foi anunciado: a poesia dos textos bíblicos; os afrescos das catacumbas, que educam para a imortalidade; as catedrais góticas, que com suas torres apontam ainda hoje para o infinito; todas essas coisas são expressões de corações admirados e envolvidos pela beleza do Salvador. Nosso mundo também precisa de muitos corações assim... O pensamento cristão sempre percebeu o potencial da arte na evangelização. Em dois mil anos de história, a Igreja manteve um fecundo diálogo ininterrupto com os artistas. O Concílio Vaticano II foi um marco de entrada na modernidade, delineando os novos caminhos que se abriam para um novo tempo. Diz que: entre as mais nobres atividades do espírito humano contam-se com todo o direito as belas-artes, principalmente a arte religiosa e a sua melhor expressão, a arte sacra. Por sua própria natureza estão relacionadas com a infinita beleza de Deus a ser expressa de certa forma pelas 16 obras humanas. Na carta do Papa João Paulo II aos artistas, ele afirma que “o homem recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa for17 ma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima”. E ressalta ainda que a sociedade tem necessidade de artistas, da mesma forma que precisa de cientistas, técnicos, trabalhadores, especialistas, testemunhas da fé, professores, pais e mães, que garantam o crescimento da pessoa e o progresso da comunidade, através daquela 18 forma sublime de arte que é a ‘arte de educar’”. 1

16 SC Cap. 7; n.730/122 17 JOÃO PAULO II. Carta aos Artistas. 1999. 18 JOÃO PAULO II. Carta aos Artistas. 1999.

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Discípulos da beleza

Na comemoração dos dez anos dessa carta, Bento XVI encontrou-se com representantes do mundo inteiro e disse: Vós sois guardiães da beleza. Tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e coletiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os 19 horizontes do conhecimento e do compromisso humano. As palavras do Papa podem inspirar também nossa maneira de evangelizar, de falar de Deus. Note algumas pistas: - A beleza fala ao coração das pessoas, chega ao seu íntimo. O do homem é o lugar onde a Palavra de Cristo deve ser plantada. Portanto, quando nos esforçamos por apresentar o Evangelho de forma bela, utilizando, os dons artísticos que recebemos de Deus, estamos alcançando uma dimensão das pessoas que deve estar aberta para acolher a inspiração do Espírito de Deus. - A beleza e a arte tocam a sensibilidade individual e coletiva. Muitos corações tem se tornado embrutecidos, duros, devido ao ritmo da vida atual. Contemplar, ouvir, ser envolvido pela beleza é um antídoto para que não se perca a sensibilidade nos indivíduos e na sociedade. Nosso mundo precisa aprender a se admirar novamente. A beleza do anúncio do Evangelho e da liturgia da Igreja são excelentes escolas para isso; nela se expressa aquele sentimento de reverência e encantamento que tanto aproxima o homem da presença de Deus. Quantas coisas temos a aprender com os homens e mulheres que, nas gerações passadas, souberam partilhar com o mundo a sua própria sensibilidade para a beleza de Deus! 2

19 BENTO XVI. Discurso por ocasião do encontro com os artistas. Cidade do Vaticano. 21 de novembro de 2009.

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- Expressar a beleza através da arte é fazer um convite a sonhar e ter esperança. Sabemos que a esperança do mundo é Cristo! “Ampliar os horizontes” do coração humano é um dos efeitos da admiração da beleza. E quando, nesse horizonte, surge a cruz de Cristo, o coração do homem se renova e repousa. - A arte também “amplia os horizontes do compromisso humano”. Toda forma de arte é expressão, comunicação. A arte tem a capacidade de agregar, tornar os homens mais próximos. Que excelente meio de propor os valores do Evangelho e reunir os homens ao redor dele! Além disso, a arte pode ajudar a imprimir nos relacionamentos alguns valores fundamentais como a gratuidade, a percepção da beleza que brota do outro, entre outros. O Beato João Paulo II, em uma carta escrita especialmente aos artistas, lembrou que “o homem recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma 20 obra prima”. Jovem, certamente você recebeu de Deus muitos talentos. Coloque-os a serviço do Evangelho! Sua criatividade, aquilo que há de belo em sua mente e em seu coração, podem fazer muito bem a tantas outras pessoas. Mas não se esqueça: a mais bela obra de Deus em sua vida é você mesmo! O Artista Divino está, nesse exato momento, moldando sua vida. Permita que ela seja uma expressão dos mais bonitos sonhos de Deus. Empenhe-se, juntamente com Ele, em fazer de você mesmo uma obra prima. A beleza do seu sorriso, da sua fé, da sua música, da sua dança, da sua criatividade e imaginação vem de Deus e pode levar muitas pessoas de volta para Ele! Se você, jovem artista, tendo feito sua escolha pessoal, passar a colocar o próprio talento a serviço do projeto de Deus para a humanidade, poderemos assistir a uma verdadeira revolução de amor, a uma evangelização feita por intermédio da beleza. 3

20 JOÃO PAULO II. Carta aos Artistas. 1999

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“Aprouve a Deus revelar-se, comunicar-Se a Si mesmo.” “E o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1,14). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem aos homens, fala a linguagem de Deus e realiza a obra que o Pai lhe confiou: comuni22 car-nos a Vida, a Sua vida, a Vida divina! O meio de comunicação que Deus Pai escolheu para nos transmitir a Sua Vida foi o próprio Filho, que se fez carne, habitou entre nós e não só nos ensinou oralmente o que o Pai queria, mas transformou o desejo do Pai em gestos concretos de amor, perdão, compreensão, sacrifício e solidariedade, chegando ao ponto da entrega total; fazendo da sua carne uma verdadeira comida e do seu sangue uma verdadeira bebida (cf. Jo 6): “Quem tem sede, venha a mim e beba”. (Jo 7,37). 2

Jesus, o grande comunicador da Vida divina, convida você a entrar nesta rede de comunicação. Primeiro, concretizando em seus gestos e palavras, em sua maneira de pensar e agir, o amor do Pai, seu interesse pelo bem da vida humana, pela felicidade de cada um, 21 DV n.6 22 DV n.4

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Geração conectada em Cristo

por uma civilização de amor, justiça e paz. Assumindo a proposta que Deus tem para você: “(...) Me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou por sua graça para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que eu o torne conhecido...” (Gl 1,1516). Em seguida, propagando essa novidade da vida em Cristo através de todos os meios ao seu alcance, indo do imprescindível contato pessoal até aos recursos mais modernos e capazes de levar a Palavra de Deus até os confins do mundo. É certo que só adiantará conhecermos novos meios de comunicação e nos empenharmos no uso de linguagens mais modernas se soubermos, antes de tudo, o que somos chamados a comunicar. A essência da comunicação cristã não está na apresentação de uma novidade qualquer, ou até mesmo de uma doutrina, mas na apresentação de uma Pessoa: Jesus! Só Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. A Vida que o Pai quer nos comunicar, nos transmitir está em Cristo e nós só a experimentamos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Conscientes disso, também não há como ignorar que, assim como a imprensa no passado, as novas formas e instrumentos de comunicação, hoje, estão revolucionando, não só os meios, mas a 43


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própria maneira do ser humano aprender a se comunicar e a se relacionar com as informações, com o conhecimento e com as outras pessoas. Nas múltiplas formas de conhecer, ser e estar - portanto, nos usos das novas tecnologias -, a mente, a afetividade e a percepção são agora estimuladas não apenas pela razão ou imaginação, mas também pelas sensações, imagens em movimento, sonoridades, efeitos especiais (...), encenação de outras lógicas possíveis de construir realidades e se cons23 truírem sujeitos. Diante disso, alerta-nos o Papa Bento XVI: A Igreja sente como seu dever ser capaz de imaginar novos instrumentos e novas palavras para tornar audível e compreensível também nos novos desertos do mundo a palavra da fé que nos regenerou para a vida 24 verdadeira em Deus. É preciso, portanto, aprender, buscar, se capacitar e criar, sob a luz de Cristo, novas formas que contribuam para a maior divulgação, reflexão e compreensão da Palavra de Deus. Desse modo, em todo aquele que a ouça e a ponha em prática, Cristo possa vir fazer a sua morada. “A Igreja deve buscar linguagens novas e criativas para comu25 nicar ao homem de hoje a beleza da fé e da vida cristã.” Você já deve ter percebido que o uso dos novos meios, contudo, requer certos cuidados. “Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é da26 da”. Não podemos mutilar o Evangelho de Cristo, acomodando-o ao gosto daqueles que ouvem, só para que pareça mais aceitável. Cristo é a Verdade e não uma meia verdade. Portanto é preciso anunciá-la de forma integral. 3

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23 BORELLI, SILVIA; João Freire Filho. Culturas juvenis no século XXI. Ed.: Educ

24 Instrumento de trabalho.(Instrumentum laboris). da XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. A NOVA EVANGELIZAÇÃO PARA A TRANSMISSÃO DA FÉ CRISTÃ n.8 25 BENTO XVI. Audiência com os participantes da plenária do Conselho Pontifício para a Cultura. Cidade do Vaticano. 16 de novembro de 2010. 26 BENTO XVI. Mensagem 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Cidade do Vaticano..2011.

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Geração conectada em Cristo

Um último ponto: “existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e 27 aberta, responsável e respeitadora do outro...” “Os riscos que se correm, é certo, estão diante dos olhos de todos: a perda da interioridade, a superficialidade na vivência das relações, a fuga da emotividade, a prevalência das opiniões mais 28 convincentes em vez do desejo da verdade” , elencou o Papa Bento XVI. Mas nem por isso deixamos de ser chamados a anunciar, “neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a 29 sua perfeição (cf. Ef 1,10).” 7

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27 BENTO XVI. Mensagem 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Cidade do Vaticano..2011. 28 BENTO XVI. Mídia: Igreja tem de aprender linguagem da cultura digital. Cidade do Vaticano..2011. 29 BENTO XVI. Mensagem 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Cidade do Vaticano..2011.

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SEGUNDA PARTE

Ambientes de Evangelização


Certa vez, depois de ter recebido de Jesus um grande milagre, um homem decidiu que deveria largar tudo e segui-Lo (cf. Lc 8,27-39). Mas Jesus olhou para ele e disse: “Volta para tua casa e conta tudo o que Deus fez por ti’. E ele se foi, proclamando pela cidade inteira tudo o que Jesus havia feito em seu favor.” (Lc 8,39) Interessante, não? O mesmo Cristo que havia pedido a alguns que largassem tudo: família, bens, emprego e o seguissem, agora nos mostra outra forma de sermos também missionários. Na prática, isso significa que não só são variados os meios que podemos usar para evangelizar, como também são inúmeras as oportunidades e variados os locais nos quais precisamos exercer nossa missão. Evangelizar é levar a Boa-Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer lugar para que seja transformada a partir de dentro, pois não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho. A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior; (...) a Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam, e a vida e o meio concreto que lhes são próprios. 30 Então, veja em quantos locais você pode evangelizar...

30 EN n.18




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Você já reparou que, desde que o mundo é mundo, o ser humano vive em busca do outro, precisa do outro, se agrega a outros para sobreviver? E isto não é só pelas necessidades básicas, não. Isso está escrito no DNA da gente: Fomos criados para viver em comunhão, assim como Deus é comunhão. Essa comunhão de amor perfeita entre Pai, Filho e Espírito Santo é a dica para o ser humano de que a felicidade se constrói assim: com laços tão profundos de integração, afeto, cooperação e intimidade que já não são três, nem dois, mas apenas um. Foi este o convite que Deus fez ao homem e à mulher ao criá-los: viver em comunhão. “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe, para se unir à sua mulher, e já não são mais que uma só carne.” (Gn 2,24). Viver em comunhão, não brota só da empatia ou do desejo sexual. É resultado de uma opção de vida; de uma livre adesão a uma proposta feita pelo próprio Deus; resultado de uma decisão amadurecida, pensada e repensada porque, assim como a perfeita Comunhão é eterna, esta também, para se realizar de verdade, tem que ser para toda a vida. Não brota nem se sustenta de emoções passageiras. Seu sustento está na união com o próprio Deus. Não são frutos do acaso, mas um chamado de Deus à vida e à realização da plena e eterna felicidade. Por isso, quando o Papa João Paulo II escreveu sua Exortação sobre a função da família no mundo de hoje, dirigiu-se, sobretudo, aos jovens, para ajudá-los “a descobrir a beleza e a grandeza da vocação 31 ao amor e ao serviço da vida”, que é a vocação à família. Quem fez essa descoberta, ora e se empenha em encontrar um companheiro que tenha a mesma visão. Mas, se você não tem escutado falar de família dessa forma, ou ainda, se tem ouvido justamente o contrário com todos os argumentos de livre escolha: de só o que dá prazer, até que dure, novos modelos e etc. E mais, se sua própria família não pode ser construída segundo a proposta de Deus e não tem conseguido viver os valores 1

31 FC n.1

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Um tesouro precioso

do amor, da unidade e da paz, isso não torna inválida a proposta divina, mas nos desafia a fazer o diferente e nos alerta que também nossa família é um campo de missão. E como ajudar sua família, esteja ela como estiver, a encontrar sua plena realização na busca dos ideais apresentados por Cristo, o próprio Deus? Para começar, diria o Apóstolo Paulo, “crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua família.” (At 16,31). Se as consequências do pecado, da cultura de morte e egoísmo têm destruído lares, roubado esperanças, abandonado vidas, é preciso apresentar sua família Àquele que veio para tirar o pecado do mundo; para iluminar os olhos do coração e livrar o homem da divisão, do erro e do engano: Cristo. Retomando a dinâmica da comunhão, é o encontro pessoal com Cristo que dá início a uma nova forma de vida e para a promoção deste encontro você pode colaborar testemunhando. Que tal testemunhar seu amor com gestos de compreensão, perdão e solidariedade? Orando por e com sua família, invocando a ação silenciosa do Espírito que convence e converte os corações; procurando oportunidades para anunciar a Palavra de Deus tão útil para ensinar, corrigir e formar na justiça (cf. 2Tm 3,16); convidando ao encontro com Jesus na comunidade, onde pela partilha da vida e pela graça sacramental alimentamos nossa fé. Deus ama nossas famílias, apesar de tantas feridas e divisões. A presença invocada de Cristo através da oração em família nos ajuda a superar os problemas, a curar as feridas e abre caminhos de esperança. Muitos vazios do lar podem ser atenuados através 51


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de serviços prestados pela comunidade eclesial, família de famílias. No dia a dia, a prática do diálogo é fundamental para o bom relacionamento, pois quanto mais se exerce esse mecanismo mais a família exerce o seu chamado de viver na comunhão entre si levando assim cada um à comunhão com Deus. Fazer discípulos de Cristo na família é fazer com que na nossa vida Cristo seja o centro e que, no amor vivido pelos pais, os filhos se encontrem com Deus e experimentem a felicidade deste encontro. Se você descobriu a beleza da vida em comunhão, sente-se chamado a construí-la formando uma família e deseja propagá-la, ide e evangelizai as famílias! Existem pessoas que acreditam que construir uma família é utopia, mas na realidade sem ela perdemos a base daquilo que somos, de onde viemos e para onde vamos, é anular a própria identidade. É tempo de construir famílias santas, para que os membros sejam pais, mães, filhos novos para uma sociedade nova, sementes de uma nova geração. Jovem, seja você também esse discípulo-missionário na sua família!

32 DA n.119

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Essa foi a constatação do grande Apóstolo Paulo! Após uma experiência com o Senhor que lhe causou uma transformação radical de vida, ele agora se sente impulsionado pelo Espírito Santo na grande missão de anunciar o Salvador a todos, sem distinção. Olhando a vida de Paulo e sua firmeza na fé, podemos perceber que onde abundou o pecado, transbordou a Graça de Deus (Rm 5,20). Seu testemunho é para nós uma garantia de que não importa aquilo que fomos ou que já fizemos. Deus nos chama como somos e como estamos e quer investir em nós com toda a sua graça, convidando-nos à missão de Evangelizar. Mas, dando uma olhada mais detalhada na vida do jovem Saulo percebemos que, antes de realizar grandes obras na vida de tantos, ele precisou ser trabalhado pelo Espírito de Deus. Precisou não só daquele encontro que modificou a rota de sua vida, mas de vários momentos de escuta do Espírito para aprender o que significa ser instrumento do Amor misericordioso de Deus, e assim, poder levar a todos a novidade de que, em meio às incertezas da vida, Jesus é a videira que quer se unir a nós como seus ramos, para que possamos dar frutos e para que nossa alegria seja completa! (cf. Jo 15) Só que nem tal descoberta, nem o mandato missionário foram exclusividades de Paulo. Recordemos o envio que o Papa Bento XVI direcionou aos Jovens no Estádio do Pacaembu, São Paulo, Brasil, em maio de 2007: Eu vos envio para a grande missão de evangelizar os jovens e as jovens, que andam por este mundo errantes, como ovelhas sem pastor. Sede Apóstolos dos jovens, vós que sois chamados a exercer um apostolado 33 jovem. Como é bom saber que não só nós precisamos confiar em Deus, mas Deus confia em nós! Mais precisamente, Ele confia em você e quer contar com a sua parceria nesta grande missão de evangelizar. Inúmeros são os modos como podemos fazer isso, assim como os locais, mas voltemos nossa atenção agora para Jesus dizendo: 1

33 BENTO XVI. Discurso por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. São Paulo: Brasil. 10 de maio de 2007.

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Paróquia: casa da juventude

“Eu sou a videira, vós os ramos. Permanecei em mim.” (cf. Jo 15). Uma ligação profunda de Cristo conosco precisa ser vivida em todas as esferas da nossa vida. A comunidade paroquial precisa ser esta videira, onde os jovens que se aproximem dela possam encontrar e saborear frutos; onde eles possam experimentar o gosto da vida fraterna, da Palavra que ilumina e transforma, do Pão que alimenta a alma, da solidariedade que se empenha no bem comum, enfim, o sabor da vida de irmãos. Trata-se de evangelizar os jovens em nossas paróquias e demais comunidades através da sincera vida de irmãos. Em tempos de constantes transformações sociais e de relativismo na fé, você é convidado pela Igreja a se empenhar para apresentar ao mundo dos jovens, uma resposta eficaz sobre seus anseios. Cristo é esta resposta! Ele mesmo explica porque tanta correria e tanto esforço, às vezes, pode acabar em nada. É porque “sem mim, nada podeis fazer.” (Jo 15, 5). Aí está o motivo pelo qual nossas paróquias e comunidades precisam se tornar, cada vez mais, o ambiente favorável para o encontro com o Senhor Ressuscitado. Sem esse trabalho, a Igreja não passaria

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de um “clube”, de um local de encontros sem, contudo, levar a uma real transformação da vida. Em união com o pároco, precisamos ajudar os jovens a descobrirem que carregam dentro de si o anseio missionário, para que os próprios jovens sejam apóstolos dos jovens. De fato, somos cristãos na medida em que somos, neste mundo, apóstolos, missionários e evangelizadores. Seguindo esta visão, concluímos com algumas ferramentas que podemos dispor para fazer de nossas paróquias e comunidades um verdadeiro território jovem, onde por meio do Evangelho, do lazer, e vida comunitária possamos propiciar um ambiente de acolhida e restauração de vida. Para isso, é preciso abrir espaço tanto para a escuta da Palavra, quanto do que vai no coração de cada um; momentos de partilha onde os fatos da vida sejam levados em conta e apresentados a Deus, num ambiente capaz de oferecer respostas aos questionamentos dos momentos mais singulares de nossas vidas. Por fim, nunca devemos esquecer que toda ação eclesial, toda estratégia para tornarmos nossas Igrejas este território de acolhida e vida fraterna, tem seu impulso na ação do Espírito Santo. Ele é a seiva que nutre os ramos e dá sabor aos frutos. O Espírito Santo é o princípio dinâmico de nossa missão e d’Ele não podemos prescindir. Esta é a expectativa da Igreja pós-Jornada Mundial da Juventude: que todos aqueles que tiveram o encontro pessoal com o Redentor possam ouvir a voz do Senhor lhes dizendo: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos constitui para que vades e produzais frutos e o vosso fruto permaneça” (Jo 15, 16). Imploremos a bênção maternal da Virgem Maria, Estrela da Evangelização, para que rogando por nós, seja companhia constante nesta missão. Amém!

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Amigo é alguém especial com quem se convive e com quem compartilhamos as coisas íntimas que trazemos no coração; aquele a quem contamos o que se passa conosco: alegrias, tristezas, sonhos, ansiedades, frustrações; alguém que esperamos que nos queira do jeito que somos e que também nos ajude a sermos melhores. Isso custa esforço, exige perseverança, lealdade, sinceridade e o exercício de muitas outras virtudes, num verdadeiro vai e vem, já que amizade envolve reciprocidade. Assim sendo, é preciso não só querer ter amigos, mas também é preciso querer ser um bom amigo! Aqui está o ponto chave que diferencia um amigo comum de um amigo que conhece Jesus Cristo; ao querer ser um bom amigo, ele não se contenta enquanto não oferece ao outro aquilo que ele tem de melhor: o próprio Cristo! No livro do Êxodo se lê que “Deus falava com Moisés cara a cara, como um Amigo fala com o Amigo”. (Ex 33,11) Vamos aprender, portanto, a falar primeiro com Deus assim, cara a cara, sem subterfúgios, sem máscaras, sem véus, e depois, falar aos amigos, com delicadeza e com verdade, abrindo o coração, escutando, ajudando e deixandonos ajudar. Nesta Jornada, 58


Amigo de fé, irmão camarada

certamente, tivemos momentos preciosos de olhar para Deus, de estar diante d’Ele verdadeiramente presente na Eucaristia, na Palavra, no Sacrário, nas pessoas ao nosso lado, na convivência com os irmãos. Tivemos várias oportunidades de nos abastecer de Deus e tornar mais convicta e viva a nossa fé. Agora somos convidados a transmitir isto a nossos amigos, dando a eles aquilo que temos de melhor. Com seu jeito próprio de ser, com palavras simples e sinceras ajude seu amigo a descobrir que “conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa 34 alegria.” O Papa Bento XVI, citando São Paulo em sua Carta aos Hebreus, nos dá um exemplo prático: “Olhemos uns pelos outros para nos estimularmos ao amor, às boas obras.” (Hb 10, 24) Assim, pensemos na possibilidade de algumas ações: - Não nos envergonhemos de falar do que cremos, sempre com delicadeza e com verdade, abrindo o coração, escutando, compreendendo, mas também procurando mostrar que “a Palavra de Deus é luz para os nossos passos” (Sl 118,105) que podemos criar laços profundos de amizade com Jesus no convívio em comunidade; - Assumamos também nossa responsabilidade sobre nossos irmãos, olhando-os sob vários aspectos: material, moral, espiritual e com um olhar atento, devo esforçar-me para estar disponível. “O amigo ama em todo o tempo: na desgraça, ele se torna um irmão.” (Pr 17,17); - Vamos procurar fortalecer os laços e conquistar mais amigos, na prática de esportes, usando os meios de comunicação ao alcance, 1

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com visitas, passeios de lazer e cultura, na ajuda concreta nos estudos, trabalhos e etc.; - Que tal nos dispormos a ser pontes? Podemos pedir a Deus a graça de saber unir os novos aos antigos amigos; de promover reconciliação entre aqueles que brigaram; evitando as intrigas e fomentando comunhão, afinal “uma boa palavra multiplica os amigos e apazigua os inimigos” (Eclo 6,5). É hora de “encher a mochila”. É agora o tempo propício para as amizades que vão durar a vida inteira. Precisamos de companheiros capazes de nos incentivar, de acreditar em nós quando nós mesmos já não acreditamos mais, de se alegrar com as nossas alegrias, chorar com nossas dores e, acima de tudo, nos levar para Deus. Só uma amizade verdadeira é capaz de nos lançar nos braços do Senhor. Só um amigo de verdade vê, nas situações que compartilhamos nesta vida, a oportunidade de treinamento para a vida eterna. O amigo de verdade vê o outro como um dom, tesouro confiado por Deus a ele, por isso faz de tudo para ajudá-lo, fazê-lo “render”, fazê-lo crescer.

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Como jovens, somos desejosos de ter uma vida com sentido e nosso coração anseia por liberdade, a liberdade que já nos foi concedida por Jesus Cristo. Vivendo a liberdade deste tempo, deparamo-nos com uma grande aventura de amar e ser amado. É nesta época que nos deparamos com a dinâmica dos encontros. Encontrar-se com Deus, consigo mesmo e com o outro. Aventura que pode nos levar a descobrir a beleza de nossos afetos, a essência do que somos - um transbordar do amor de Deus - e assim nos fazer encontrar, se assim for nosso estado de vida, aquela pessoa que irá conosco viver a dimensão do amor-doação. O namoro é esse tempo que nos possibilita o encontro de um amor que dure por toda a vida. Para isso, mais importante do que a idade é a maturidade. Para que alguém possa fazer uma boa escolha é preciso saber bem o que quer, pois quem não sabe direito o que realmente quer, acaba aceitando qualquer situação ou qualquer pessoa, só porque cruzou o seu caminho. Um dos grandes equívocos dos nossos tempos é namorar por diversão, para passar o tempo, fruto de uma “mentalidade do descartável” que coisifica o outro. Pode ser difícil encontrar a pessoa certa, mas com certeza não é impossível! Primeiro, é necessário confiar em Deus, pois Ele é o maior interessado em que descubramos nossa vocação. Depois, precisamos frequentar ambientes sadios, pois essa é a melhor maneira de encontrarmos pessoas que tenham os mesmos valores e princípios cristãos a respeito do amor. Todo namoro deveria ter como base a amizade. Na amizade verdadeira não existe pressão. Você se sente livre para ser você mesmo, sem ter que passar horas se arrumando na frente do espelho para preencher as expectativas do 62


Ide e evangelizai no namoro

outro. A amizade são duas pessoas caminhando juntas para objetivos comuns. Tais objetivos e interesses as unem. A premissa do namoro às vezes se limita ao prazer momentâneo, enquanto a premissa da amizade é: “Nós temos os mesmos interesses, então vamos aproveitá-los juntos.”. Intimidade sem compromisso é fraude. Intimidade sem amizade é superficial. Começar um relacionamento com quem tem os mesmos interesses e valores já traz forte laço de união, alegria e harmonia. Eis um bom jeito de começar. O Beato João Paulo II nos diz em sua obra “Amor e responsabilidade” que o contrário do amar não é odiar, e sim usar. Todo movimento, intenção ou atitude dentro do namoro que não parte do amor se torna uso e abuso e, transforma o sujeito em objeto. Os frutos não serão de felicidade ou alegria, mas sim de solidão e vazio. O namoro é tempo de conhecer o coração do outro. É tempo de deixar fluir o amor que une dois jovens. Por isso, não nos preocupemos com o que ouvimos a todo o tempo sobre os namoros modernos. Tenhamos em mente que “estamos no mundo, mas não pertencemos a ele.” (Rm 12, 2) Muitos são os convites para que os jovens vivam o seu namoro sem compromisso com a vida, com o respeito, com os ensinamentos de Cristo. Mas, há que se pensar: os jovens cristãos são chamados a fazer a diferença no mundo, mostrando que namorar implica em encontrar a felicidade duradoura, mais do que um simples “aproveitar o momento”, que os fazem distanciar-se da perfeição do amor. Em uma cultura utilitarista, que transformou o ser humano e reduziu-o a um produto a ser consumido, nós, como jovens cristãos, somos desafiados a ir e fazer verdadeiros discípulos do amor, discípulos que aprendem de Cristo o que é amar. Este discipulado no namoro se dá pela estrada que é segura e sólida, a estrada da castidade, a reta orientação do amor que não busca os prazeres de si, mas se lança na aventura de buscar o bem no amor recíproco. Se Deus nos pede a preservação da intimidade, Ele o faz para nosso próprio bem. Entregar seu corpo a outra pessoa supõe o dom total de si e a abertura à procriação. Mas se o casal de namorados 63


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ainda não está ligado pelo matrimônio, pode haver mudanças na decisão e levar a uma gravidez indesejada. O sexo fora do casamento implica tais riscos. A satisfação sexual passageira com alguém leva à banalização da sexualidade e da afetividade. Assim, a mentalidade descartável do mundo consumista passa para as relações humanas, aquelas que mais necessitam de estabilidade e fidelidade. A castidade não é um não. Não é um conjunto de proibições. Ela é um sim. Sim ao amor, ao dom gratuito e desinteressado, mas responsável que somos chamados a viver. O Beato João Paulo II nos diz de maneira espetacular o que é a castidade: Segundo a visão cristã, a castidade não significa de modo nenhum, nem a recusa, nem a falta de estima pela sexualidade humana: ela significa antes a energia espiritual que sabe defender o amor dos perigos do ego35 ísmo e da agressividade e sabe voltá-lo para a sua plena realização. Que tal promover à luz dos documentos da Igreja sobre afetividade e sexualidade encontros onde outros jovens possam partilhar suas experiências e testemunho de namoro cristão? Fica a dica, pois afinal de contas somos chamados a ir e fazer discípulos dentro de nossa realidade! Criados com amor, pelo Amor, nossa essência é amar. O namoro é o tempo que nos prepara para o “para sempre” ao lado de alguém a quem queremos confiar nosso coração, nossos sonhos, nossa história. Por isso, precisamos cada vez mais buscar a maturidade nos afetos, tendo o diálogo como ponto de equilíbrio. Como namorados estais a viver uma fase única, que abre para a maravilha do encontro e faz descobrir a beleza de existir e de ser preciosos para alguém, de poder dizer um ao outro: tu és importante para mim. Vivei com intensidade, gradualidade e verdade este caminho. Não renuncieis a perseguir um ideal alto de amor, reflexo e testemunho do 36 amor de Deus! 1

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35 FC n.33 36 BENTO XVI. Mensagem aos namorados. Ancona: Itália. 11 de setembro de 2011.

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Olá, jovem! Vamos conversar sobre algo que, certamente, tem influenciado muito a sua vida: o mundo da educação. Certamente, depois da família, é de onde recebemos nossas maiores influências. Quando falamos ambiente educativo, podemos falar de mundo mesmo! Pois na escola e na universidade encontramos pessoas de todos os jeitos, com diversos tipos de família, costumes, religião... E é neste ambiente que nos deparamos com pessoas muito diferentes de nós e até mesmo nos tornamos suas amigas. Isto é muito legal, porque nos permite vencer preconceitos, enxergar o valor do outro, fazer amizades inesquecíveis... Ah, quanta lembrança boa do tempo de escola, não é mesmo? Só que, com a dificuldade das famílias estarem em casa e com os alunos ficando na escola em tempo integral cada vez mais cedo, já podemos dizer que muitos andam sendo fruto mais do mundo da educação (ou, do mundo midiático), do que da própria família. Aí, a coisa fica muito séria. Diante de pessoas e conhecimentos variados com os quais tomamos contato e dos diferentes tipos de educadores que fatalmente também acabam nos influenciando, não podemos ser como um barco a deriva no meio do mar à mercê do vento que quiser nos levar. Em meio a toda esta diversidade que nos é oferecida, é preciso termos uma convicção pessoal, para que façamos nossas opções pela aquisição de novos conhecimentos baseadas num ideal de vida. É preciso associarmos a busca pelo saber, o aprimoramento profissional, sem negarmos que conhecemos Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. É preciso que nossos colegas possam contar não só com nossa amizade, mas também com o nosso empenho em colaborar para que também eles possam descobrir o quanto são amados por Deus e o quanto podem contar com sua graça para vencer os desafios da vida. O fato é que nem todos aqueles que escreveram os livros de Ciências, de História, etc. conheceram o Cristo ou descobriram a grandeza dos valores cristãos e seu potencial de transformação da socie66


Um vasto campo missionário

dade. Assim, é preciso que você, jovem, que sabe que Jesus Cristo não é uma teoria, uma ideologia, uma filosofia de vida, mas uma Pessoa divina que experimentou na carne nossas alegrias e sofrimentos, que, concretamente, nos ama e vive no meio de nós; você, que encontrou n’Ele o sentido da vida, sim, é preciso que você aceite este desafio de evangelizar no mundo da educação. Quando olhamos para a vida de Jesus, nosso único Mestre, compreendemos que um processo de formação integral nos leva a crescer “em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens”(Lc 2,52). Aí está o nosso ponto de equilíbrio diante do mundo da educação: é necessário crescer na sabedoria e na graça diante dos homens, da sociedade que nos cerca e que precisa de pessoas competentes naquilo que fazem para o bem social, mas crescermos também diante do Deus que nos criou e nos chamou a sermos neste mundo, instrumentos de sua graça. O mundo da educação é um grande campo missionário. O principal “dever de casa” começa em cada um de nós. Falando a estudantes de escolas católicas em Londres, em 2011, o Papa Bento XVI reafirmou a finalidade da formação: Desse modo, aprendeis não somente a ser bons estudantes, mas bons cidadãos e boas pessoas. Enquanto prosseguis com o percurso escolar, deveis tomar a decisão sobre o que estudar, e começar a especializar-vos frente ao que fareis na vida. Isso é justo e conveniente. Mas lembrai-vos sempre que toda a matéria que estudais se insere em um horizonte mais 37 amplo. Não vos reduzais jamais a um horizonte restrito. O Papa nos alerta que o mundo precisa de bons cientistas, mas que uma perspectiva científica se torna perigosamente estreita quando ignora a dimensão ética e religiosa da vida e o mesmo pode ocorrer quando uma religião rejeita a legítima contribuição da ciência, torna estreita a nossa compreensão do mundo. E prossegue: “Precisamos de bons historiadores, filósofos e economistas, mas se a percepção que oferecem da vida humana no interior do seu campo específico é centrada em uma perspectiva demasiado es1

37 BENTO XVI. Discurso aos estudantes. Londres: Inglaterra. 17 de setembro de 2010

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Um vasto campo missionário

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treita, podem seriamente levar-nos à perdição”. A evangelização no mundo da educação pode se concretizar através de pequenos gestos que fazem a diferença. Vamos colocar em prática o que aprendemos com Jesus, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a nós mesmos? Como? - Somando conhecimento e amizade, a fim de que nossa vivência escolar possa colaborar na construção da civilização do amor! - Multiplicando talentos para viver intensamente as oportunidades que a escola nos oferecer: aulas diárias, esportes, arte, dança, música, grêmio estudantil, conselho de alunos, visitas culturais e humanitárias, lazer, poesia, cinema, etc; - Dividir tempo e generosidade, colaborando com os colegas que necessitam de ajuda material ou de explicação para que possam continuar seus estudos; - Subtrair violência, discriminação, tristeza e tudo o que nos impeça de sermos sinais do amor de Cristo no meio estudantil; - Ler o momento histórico que vivemos, desenvolvendo o pensamento e a capacidade de argumentação na apresentação dos critérios da verdade trazida por Cristo e ensinada pelo magistério da Igreja; - Escrever uma nova história onde você seja o alegre protagonista da fé, vivendo com entusiasmo cada dia, sabendo que Ele é quem vai tecendo seus sonhos para o futuro. Só Jesus é Mestre. O cristão é um estudante que deve aprender diariamente. Voltemos às orientações do Papa Bento XVI: Quando vos convido a tornar-vos santos, estou pedindo-vos que não vos contenteis com escolhas de segunda mão. Estou pedindo-vos que não persigam um objetivo limitado, ignorando todos os outros. Ter dinheiro torna possível sermos generosos e fazer o bem no mundo, mas, por si só, não é suficiente para fazer-vos felizes. Ser altamente qualificado em alguma atividade ou profissão é uma coisa boa, mas não poderá nunca satisfazê-los a ponto de dispensar a aspiração por algo ainda

38 BENTO XVI. Discurso aos estudantes. Londres: Inglaterra. 17 de setembro de 2010

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maior. Poderá nos tornar famosos, mas não nos fará felizes. E Bento XVI continua: A felicidade é algo que todos desejamos, mas uma das grandes tragédias deste mundo é que muitas pessoas nunca conseguem encontrá-la, porque a procuram nos lugares errados. A solução é muito simples: a verdadeira felicidade é encontrada em Deus. Precisamos ter a coragem de colocar as nossas esperanças mais profundas somente em Deus: não no dinheiro, numa carreira, no sucesso mundano, ou nas nossas relações com os outros, mas em Deus. Somente Ele pode satisfazer as 40 necessidades mais profundas do nosso coração. Então, se colocarmos em prática essas lições, teremos um novo mundo, aprovado por Deus! 4

39 BENTO XVI. Discurso aos estudantes. Londres: Inglaterra. 17 de setembro de 2010 40 BENTO XVI. Discurso aos estudantes. Londres: Inglaterra. 17 de setembro de 2010

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É, meu amigo peregrino, em meio a tantas reflexões importantes, agora é hora de falar de trabalho. A capacidade de trabalhar e promover bem-estar para si e para a sociedade é um dom de Deus. Um dom que, além de nos garantir o sustento necessário e a remuneração merecida, nos leva ao gozo, à satisfação de sermos colaboradores na obra do próprio Deus. É com o seu trabalho que o homem sustenta de ordinário a própria vida e a dos seus; por meio dele se une e serve aos seus irmãos, pode exercitar uma caridade autêntica e colaborar no acabamento da criação divina. Mais ainda: sabemos que, oferecendo a Deus o seu trabalho, o homem se associa à obra redentora de Cristo, o qual conferiu ao trabalho uma dignidade sublime, trabalhando com as suas próprias mãos em Nazaré. Daí nasce para cada um o dever de trabalhar fielmente, e também o 41 direito ao trabalho... Mas, como galgar este direito e encontrar satisfação no mundo do trabalho? Para começar, que tal um bom discernimento vocacional? Lembrando: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito.” (Rm 12,2). Consciente de seu papel como agente de transformação da sociedade, é preciso preparar-se bem. Para além dos requisitos impostos pelo mercado de trabalho, vale a pena acrescentar em seu currículo: qualidade – saber desempenhar bem seu trabalho, suas funções; flexibilidade – capacidade de inovações, saber o como e o porquê; sentido de equipe – saber relacionar-se e construir, ou seja, criar com o 1

41 GS n.67

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Trabalhadores do Reino

outro; gratuidade - associada ao amor ágape, um gesto concreto para aproximar-se de Deus e dos outros não por interesse, mas por respeito e por amor. A gratuidade nos ensina a fazer as coisas porque elas são boas, e não porque vamos ganhar algo em troca ou porque vamos ser punidos se não as fizermos. É preciso desenvolver uma ética pessoal, a partir da ética cristã. É a ética da virtude combatendo a ética utilitarista. Crianças e jovens, muito influenciados pelo mundo do consumo acabam não se encontrando com o mundo do trabalho, preparando-se, desde cedo, apenas para a busca de melhores salários. Quantas vezes trabalhase mal porque, no fundo, as motivações e relações estão erradas. Nenhuma empresa pode comprar minha motivação, minha criatividade, minha paixão, e nunca será capaz de reconhecer ou valorizar isso de forma apropriada. Então, poderá ser muito frustrante se nossa única motivação for a recompensa salarial. Além disto, o trabalho é um espaço muito propício para a nossa santificação e para a santificação dos outros. É um ambiente privilegiado para ser discípulo de Cristo, “o filho do carpinteiro” que com seu trabalho dignificou o trabalho humano. Os contatos com as pessoas e as circunstâncias com que nos deparamos nos dão a oportunidade de nos colocarmos a serviço dos outros e também de evangelizarmos. 73


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Assim como o próprio Cristo perscrutou o coração dos homens e por meio da sua conversação verdadeiramente humana os conduziu à luz divina, assim os seus discípulos, profundamente imbuídos do Espírito de Cristo, tomem conhecimento dos homens no meio dos quais vivem, e conversem com eles, para que, através dum diálogo sincero e paciente, eles aprendam as riquezas que Deus liberalmente outorgou aos povos; mas esforcem-se também por iluminar estas riquezas com a luz evangé42 lica, por libertá-las e restituí-las ao domínio de Deus Salvador. Jesus não nos pede que cumpramos nossa missão como pessoas que vivem fora do mundo (cf. Jo 17,15-20), mas que estejamos, sim, inseridos nas realidades humanas, mas libertos das ciladas do mal e conduzidos no mundo do trabalho pela Palavra da Verdade. Esta estará em nossa boca para ajudar, consolar, orientar àqueles que conosco convivem, transparece em nosso modo de trabalhar de forma competente, responsável, solidária e transformadora. É preciso tomar as rédeas da própria vida com esperança, acreditar em si mesmo e construir com responsabilidade um projeto no qual o fruto do próprio trabalho contribua não só para a melhoria da vida pessoal e familiar, mas também comunitária. “Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a cada indivíduo que, trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão. E, vós mesmos irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” (2 Ts 3,12s) Concluindo, a Palavra de Deus aponta o trabalho como uma forma de “fazer o bem”. As experiências que vivemos no mundo do trabalho precisam fazer o bem a nós mesmos, exercitando nossos talentos; aos outros, na medida em que podemos servi-los; e ao mundo que nos cerca, transformando-o para melhor. 2

42 AG n.11

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Que tal, um pouco mais de cultura? Se você fizer uma rápida pesquisa, encontrará facilmente a palavra cultura ligada a dois significados básicos relacionados à origem e ao uso inicial da palavra: “aquilo que deve ser cultivado em vista do futuro”; “conjunto de conhecimentos a serem transmitidos”. Cultura é identidade. A História está cheia de pessoas que morreram para preservar a cultura de seu povo. Outras deram a vida tentando mostrar a seu povo a necessidade de transformá-la. O fato é que a cultura, embora esteja sempre relacionada a um conjunto característico de ideias, práticas e valores, está em constante remodelamento, conforme vão se modificando também o pensamento e as relações humanas. Se focar a atenção nos termos cultivar e transmitir, você terá na reflexão sobre a cultura de seu povo um excelente campo de missão. Pois todo aquele que encontrou em Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida, sente-se responsável por transmitir tal descoberta aos outros e passa a usar todas as formas de expressão possíveis para cultivar os valores do Evangelho no coração humano. Veja o que Paulo dizia ao jovem Timóteo: “O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros. O Senhor há de darte inteligência em tudo.” (2Tm 2,2.7) Hoje você está sendo chamado a ser este jovem fiel, que será capaz de influenciar e remodelar a cultura de seu povo pela propagação dos ideais de amor, fé, perdão, caridade, justiça e paz, confiados a você pelo próprio Cristo. Comece pensando que, não só o que aprendemos na escola, mas tudo aquilo que cantamos, dançamos, vestimos, assistimos, compramos, que praticamos no esporte ou lazer... tudo isso manifesta aos outros qual é o conjunto de conhecimentos que você possui e deseja transmitir. Logo, por trás de toda expressão cultural cabe a pergunta: Que ideias estão sendo transmitidas? Que valores estão sendo cultivados no coração humano? Num mundo tão diverso quanto o nosso, surge a questão: Como 76


Ide e evangelizai no mundo da cultura

chegar ao coração desse homem inserido numa cultura em constante movimento? Como ajudá-lo a perceber que existem valores que precisam ser cultivados em vista do futuro de sua própria felicidade e conhecimentos que, se não forem transmitidos, comprometem a razão de ser da própria humanidade?

Precisamos de métodos, de ação, de novas linguagens, de meios potentes de mídia, mas todo projeto de adentrar nas diversas culturas se tornará, com o tempo, impotente se não vier acompanhado da eloquente e harmoniosa comunhão entre o que se vive e o que se prega, pois “o homem contemporâneo escuta com melhor boa 43 vontade as testemunhas do que os mestres”. Independente da época e de suas inegáveis diferenças, o homem de todos os tempos busca o absoluto, ainda que de forma confusa, 1

43 EN n.41

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“como que às apalpadelas” (At 17,27). Transforme, pois, os valores eternos que Deus plantou em seu coração em arte, em poesia e canção. Aproveite o que de melhor há em você para escrever artigos, peças de teatro, juntando bom grupo de amigos para sua encenação, grafite nos muros de inimizade da vida versos de paz. Use seu bom humor para fazer charges e piadas capazes de arrancar sorrisos que reflitam a verdadeira alegria interior. Ajude a escrever a história de sua geração não apenas deixando-se levar por uma globalização sem reflexão, mas aprimorando-se no uso das novas mídias com inteligência, objetividade e critérios, conectando pessoas com o coração de Deus. No dia de Pentecostes, “ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar em sua própria língua” (At 2,6). Ninguém se sentiu desrespeitado em sua cultura, porque todos estavam encantados pelas maravilhas de Deus. Ele está presente em todas as culturas e o Espírito Santo deu aos apóstolos a inteligência espiritual necessária para falar a linguagem que penetra a consciência e ecoa em gestos de conversão. A mesma inteligência que quer dar a você, jovem fiel, para que através de seus costumes e características possa transmitir ao demais a mensagem divina. Nosso processo de globalização há de ser por uma cultura cristã, recheada de valores universais, que unam povos e ultrapassem barreiras. Valores que conectem os cidadãos deste mundo pela linguagem do amor, pela arte do bom relacionamento, pela prática da justiça em todas as suas modalidades, pelo bom cultivo da solidariedade, pelas vitórias no combate da fé que ficarão para a memória, pintadas nos quadros de nossa história. Por meio de cada cultura, construiremos um mundo mais unido e respeitoso, mais próximo da tão sonhada civilização do amor.

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Pouco antes de dar sua vida para nos salvar, Jesus orou por todos os que acreditariam nele, em qualquer tempo e em qualquer lugar, através da pregação do Evangelho. Ele orou por você também! O grande desejo do coração de Jesus era, e permanece sendo ainda hoje, a unidade entre todos os seus discípulos. Essa unidade, ferida tantas vezes ao longo da História da Igreja, é um presente, um dom de Deus, para nós. A oração de Jesus nos ensina que quanto mais estivermos unidos ao Senhor em nossos corações e mentes, tanto mais vamos saber nos tornar próximos uns dos outros. O esforço para fazer crescer essa unidade real, ainda que imperfeita, entre todos os discípulos de Cristo chama-se ecumenismo. A Igreja Católica abraçou, como nos diz o Beato João Paulo II, “de modo irreversível” a causa ecumênica no Concílio Vaticano II:

“Este Sagrado Concílio exorta todos os fiéis a que, reconhecendo os sinais dos tempos, solicitamente participem do trabalho ecumê44 nico”. Esse desafio também é dirigido a você! Em sua escola ou universidade; no lugar do seu trabalho ou em sua família, você é convidado pela Igreja a se empenhar pela reconciliação entre os cristãos das 1

42 UR n.4

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Mais perto de Deus, mais perto uns dos outros

diversas confissões. Curar as feridas dolorosas de séculos de separação (e, às vezes, agressão), vencer preconceitos injustos; purificar o modo de olhar e compreender quem é diferente de nós mesmos, só é possível quando assumimos um compromisso de profunda conversão do coração. Com a oração de Jesus aprendemos ainda mais uma coisa: o amor entre os que creem em Cristo é um dos métodos de evangelização mais eficazes. As palavras saídas do coração do Senhor nos alertam com clareza: o mundo será convencido do Evangelho vendo a nossa união; ela será o mais belo testemunho do poder do amor de Deus. Num mundo dilacerado por rancores, feridas do passado jamais cicatrizadas, ofensas jamais perdoadas, a busca da unidade entre os cristãos é um maravilhoso sinal de que, pela estrada do Evangelho, irmãos separados, por uma história de divisão e afastamento podem se reencontrar no respeito e no perdão. Portanto, vamos a algumas sugestões práticas sobre como exercitar, no dia a dia, o empenho pelo ecumenismo e que também podem ser aplicadas, com as devidas adaptações, ao diálogo inter-religioso: - Evite expressões que possam soar ofensivas aos irmãos de outras confissões ou que possam alimentar preconceitos. Quando for preciso falar de alguma divergência, ou de algo que nos separa, lembre também de falar, em seguida, sobre algo que nos une. Para expressar aquilo que somos e em que acreditamos não é necessário desvalorizar o outro; - Reconheça e valorize o que de bom há no outro. Esteja aberto a se enriquecer com o que o Espírito Santo realiza em quem é diferente de você. Aprenda a ouvir. 81


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- Os cristãos podem orar juntos. Segundo o mandamento do Senhor, podemos nos dirigir conjuntamente ao nosso Pai. Olhar juntos para Deus nos ajuda a olharmo-nos mais sinceramente como irmãos. A oração (com os Salmos, com a Palavra de Deus!) é o coração do ecumenismo. Quem sabe não seria possível, sob a orientação dos nossos pastores, criar mais momentos de oração ecumênicos e de diálogo inter-religioso? - Colabore em iniciativas conjuntas de serviço à humanidade, de modo especial aos mais pobres. Os cristãos podem fazer o bem juntos, movidos pelo mesmo amor de Cristo, em favor de um mundo melhor. Lembre: trabalhar pela unidade entre os cristãos, orar juntos e, quando possível, pregar juntos o único Evangelho, cultivar um coração disposto ao diálogo sincero e fraterno é investir na obra missionária. O mundo precisa de Jesus. Ele continua sendo indispensável! Os homens e mulheres do nosso tempo têm muito a aprender com o jeito de ser de Jesus de Nazaré, mas só serão capazes de fazê-lo se encontrarem em nós, cristãos, uma expressão clara do amor de Deus. “Ide por todo o mundo e fazei discípulos...” (cf. Mt 28,19). Jovem, essa missão Jesus colocou também em suas mãos. Quanto mais perto de Deus, mais perto os discípulos de Cristo estarão uns dos outros, mais longe alcançaremos, mais vidas tocaremos com a Verdade do Evangelho: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre.

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Pense bem: Se alguém te perguntasse hoje o que é uma vida bem-aventurada, o que você responderia? E se você perguntasse a seus amigos? Pois bem, certo dia Jesus subiu a um monte e grande multidão foi atrás. Havia gente de várias partes e países, com costumes e línguas diferentes, Jesus, então, aproveitou o momento para lançar a todos a proposta de novo estilo de vida: uma vida bem-aventurada (cf. Mt 5,1-12). Jesus sabia (e sabe) que a felicidade é o anseio de todo coração humano, que, no fundo, no fundo, mesmo sem saber, deseja é estar cheio de Deus, “do Deus vivo” (cf. Sl 42,2), fonte de todo o bem e de toda a graça, única capaz de saciar a sua sede de amor. Bem-aventurados os que buscam a Deus, pois encontrarão a felicidade, o amor e a paz de que tanto precisam. É verdade que, para quem vive em áreas de grandes conflitos, não é fácil falar e experimentar esta paz. Muitos são os medos, ameaças e incertezas sobre a forma de agir, investir no futuro e, inclusive, viver a fé em ambientes dominados pela violência. Nós bem sabemos de situações cuja única prioridade passa a ser apenas a sobrevivência. Mas é justamente nestes lugares em que dores e angústias derivadas das guerras, declaradas ou não, oprimem cruelmente tantos irmãos, que se faz necessário o anúncio da Boa-Nova. O anúncio de uma vida bem-aventurada, feito por pessoas com o espírito renovado pela força do alto e que não perderam a esperança 45 pela verdadeira paz. Ora, considerando o chamado à felicidade feito por Cristo a todos os homens e, ao mesmo tempo, não ignorando as dificuldades dos nossos dias tão marcados pela corrupção, violência e desigualdade social, um desafio se apresenta a todos nós cristãos: que nos empenhemos em ser instrumentos de paz. Há quem pense que esta “paz é simplesmente ausência de guerra ou que se reduz ao estabelecimento do equilíbrio entre as 46 forças” , que só será alcançada pelo extermínio dos maus ou pela 1

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45 cf.GS n.77 46 GS n.78

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Bem-aventurados os que promovem a paz

imposição de algum regime... Mas, para o discípulo de Jesus, não. Ele sabe que essa paz é conquistada a partir da experiência que cada um de nós tem com o Cristo Ressuscitado que, com o olhar fixo além da cruz, enfrentou toda espécie de conflito humano, político e social, até o limite de enfrentar a própria morte. Jesus bem sabe o que é viver em situações assim: perseguido por questões de credo, raça e poder, desde cedo teve que fugir com seus pais e no auge de sua dor no alto da cruz, prestes a perder a vida não perdeu a paz! Sim, “Ele é a nossa paz” (cf. Ef 2,14). A evangelização em situações de conflito exige uma audácia, que já foi dada a cada cristão desde o Batismo, para não se intimidar a crer e a fazer o anúncio da Boa-Nova de uma vida cristã a todos, sobretudo aos jovens que precocemente estão fazendo a experiência de morte através do tráfico de drogas, da prostituição e dos diversos tipos de crime. É uma urgência que nos impele a sairmos do nosso conforto e ir ao encontro daqueles que já perderam o sentido da vida. Este anúncio também precisa ser dirigido àqueles que sofrem cotidianamente situações de risco, vítimas das mais variadas formas de injustiças e perseguições. Nós, membros do Corpo Místico de Cristo, não podemos permanecer indiferentes “diante dessas situações de flagelo que estão 47 destruindo a humanidade, especialmente as novas gerações”. É de suma importância a consciência da condição batismal que cada um é chamado a viver, primeiro, como discípulo de Jesus, renovando seu encontro com Ele, aprendendo a ouvir sua voz e a compreender 3

47 DA n.422

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sua Palavra de vida e salvação; segundo, como promotores da paz, por obras e palavras, pois só assim seremos reconhecidos por Deus como seus filhos (cf. Mt 5,9). O chamado a sermos discípulos-missionários exige decisão clara por Jesus e o seu Evangelho, pois somente assim contagiaremos de verdade aqueles que estão “como ovelhas que não têm pastor” (Mc 6,34), buscando alimentos em pastagens que não oferecem vida. Isto implica ir ao encontro de todos com o olhar, o ouvir, o falar e o sentir do Mestre, anunciando a Palavra, mas também, compartilhando as dores, demonstrando compreensão e convidando à conversão, com prudência e ousadia, pela ação solidária e política; com respeito aos limites, mas com fé na transformação. A Bem-Aventurada Madre Teresa de Calcutá, discípula de Cristo, vivendo na Índia, onde as inúmeras situações de conflito são tão conhecidas, nos deixou um conselho: que não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz. Portanto, identificados com o Mestre, esforcemo-nos como arautos da paz no anúncio do Evangelho que é Cristo Jesus, deixando que Ele alcance diariamente os nossos corações para que outros corações imergidos na escuridão da miséria humana possam ser ressuscitados pela força que esta Boa-Nova tem.

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Deus nos convida dia a dia, a fazermos parte de seu projeto de vida, de vida eterna e feliz. Para isto nos criou! Para que, conectados pelos laços de seu Espírito, possamos formar neste mundo a verdadeira civilização do amor, apesar de todas as nossas diferenças e limitações. É justamente pela união da diversidade de carismas, dons, habilidades... que deveríamos nos tornar fortes, pois seríamos completos. As lutas diárias necessárias para a construção de uma sociedade mais justa e politicamente ativa deveriam nos impulsionar para a unidade. Mas, o pecado, muitas vezes, torna difícil a convivência fraterna e, cedendo aos seus apelos, deixamos prevalecerem em nosso meio o orgulho, a vaidade, o egoísmo e passamos a pensar só em nós mesmos. Acabamos querendo o que todo mundo quer e acabamos iguais a todo mundo. São Paulo, então, nos desafia: “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (cf. Rm 12, 2). Não nos conformar é não nos submetermos à mesma forma do mundo, ao padrão midiático de felicidade, mas, aceitarmos o convite de Deus e o dom de seu Espírito, transformando nosso modo de pensar, julgar, agir e, começando em nós a transformação do meio em que vivemos. É importante termos claro que tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem sempre um cunho político e social, porque demonstra o tipo de sociedade que estamos, ou não, querendo construir. Assim, nossa fé em Jesus Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida também precisa se expressar em nossa participação política na busca consciente da civilização do amor. Como discípulos de Cristo e enquanto Igreja, somos impulsionados a agir neste campo da ação política e social, como missionários. Ele próprio nos deu o exemplo ao lutar pelos desamparados, ao defender os marginalizados, ao proteger os perseguidos. Também no âmbito político cumpriu as leis do seu tempo, denunciou 88


Missionários na ação política e social

as corrupções, pagou tributo, mas não deixou de lado os momentos de oração individual e em comunidade. Essas duas dimensões da fé caminham juntas, pois uma é sustento da outra na nossa missão. Todos os fiéis estão obrigados, por dever, a colaborar no crescimento e na expansão do Reino que Cristo veio inaugurar para levá-lo a atingir, quanto antes, a sua plenitude. Por isso, todos os filhos da Igreja tenham consciência viva das suas responsabilidades para com o mundo, fomentem em si um espírito verdadeiramente católico, e ponham as 48 suas forças ao serviço da obra da evangelização. O Espírito que impeliu a Igreja no seu início é o mesmo que hoje nos fortalece a agir no mundo onde vivemos, entendendo essa realidade não apenas como planeta, mas enquanto bairro, comunidade, cidade onde moramos. Devemos nos dedicar ao bem comum e tomarmos sobre nós o peso dessa responsabilidade, não depositando esperanças excessivas sobre os governantes. Eles fazem parte do processo de busca pelo bem comum, mas não são a única solução e não podem dificultar ou impedir que as famílias, suas associações sociais e cada cidadão promovam atividades legítimas e eficazes. Além disso, a própria Igreja estimula os que são ou podem tornar-se aptos para exercer a difícil e muito nobre arte da política, para que se preparem para ela e procurem exercê-la sem pensar apenas no interesse próprio, ou em vantagens materiais, mas procedam com 49 integridade e prudência ao bem de todos. A Igreja nos dá esse estímulo, incentivando nossa participação social e política de forma a colocarmos em prática as palavras de São Paulo: transformai-vos. Participar do processo político é ser participante do mandamento da caridade, como serviço e dedicação ao próximo. Não é aceitável que um jovem católico, engajado, se amedronte frente aos desafios da sociedade. Mais do que perfeitamente possível, é necessário arregaçar as mangas e tomar a cruz de Cristo junto com Ele, e não carregá-la no peito como adorno. Se, com esse sinal alcançamos a salvação, será com esse sinal que lutaremos e co1

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48 AG n.36 49 Cf, GS. n.75

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DISCIPULUS

locaremos em prática nossa missão. É ele que nos move na direção contrária do comodismo, da desilusão, do desânimo, fundamentando nossos esforços na defesa incondicional da vida, da família, dos valores, da justiça. Nossa atuação política não deve se resumir ao ato de votar. Essa postura não demonstra uma realidade cristã, pelo contrário apresenta um contratestemunho. É necessário se interar sobre o direcionamento dado às políticas públicas em nível municipal (distrital), estadual e nacional, começando desde a época das eleições, procurando informações sobre os candidatos, seus programas de governo, suas convicções, seus posicionamentos com relação aos temas ligados à fé, à moral e à ética, até chegar ao fim dos respectivos mandatos. É imprescindível conhecer a realidade de seu bairro, sua associação de moradores, o que tem sido feito, as necessidades, as cobranças sobre os políticos eleitos. Os mandatários não devem ser abandonados depois de eleitos, temos a obrigação de acompanhar sua atividade parlamentar, inclusive para cobrar posições que atendam ao bem comum e sejam a favor da vida, da dignidade de pessoa humana e da família. Em paralelo, devemos atuar socialmente no amparo direto ao mais pobre, às famílias necessitadas, prestando-lhes um auxílio imediato emergencial, mas também dando condições para que aquela situação de pobreza extrema seja superada o quanto antes. Consequentemente, é fundamental exigir condições mínimas de saúde, com hospitais e rede médica eficientes, de educação, com escolas provendo formação acadêmica e social, e de emprego. Enfim, sabermos ouvir e dar expressão àqueles que muitas vezes não têm vez nem voz. A eficácia dessas ações apenas promoverá resultados positivos se forem feitas com bases sólidas, com participação permanente. Portanto, tomemos nossa cruz, assumamos nossas responsabilidades e contemos com o Espírito Santo na construção do Reino de Deus. 90




Jovem: evangelize entre os doentes

Você já parou para pensar em quantas maneiras Deus teria a escolher para realizar seu plano de salvação? Muitas, não? Só que, em seu infinito amor, Ele escolheu a Encarnação. Assim foi que Jesus veio ao mundo. Ele assumiu carne humana, experimentou tudo o que passamos e, sem poupar nada, tomou sobre si nossas enfermidades, conhecendo na pele nossos sofrimentos. (cf. Is 53,4) É por isso que Jesus compreende tão bem, quando você lhe apresenta alguma dor. Também é isto que torna grande a identificação de Jesus com os pobres e sofredores, a ponto de dizer: “Estive doente e me visitastes” e ainda “(...) todas as vezes que fizestes isto a um desses meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,36.40). Esta identificação de Jesus com os doentes se torna para nós um chamado e abre diante de nossos olhos uma missão. Se Jesus se apresenta no lugar do doente, resta-nos a pergunta: O que eu estou fazendo por Ele? Muitas vezes, diante de doentes em estado grave ou terminal, pode bater um desânimo do tipo: “O que eu posso fazer?”; “O que vai adiantar?”, mas você não está sendo chamado a ser a solução do problema, e sim a visitar, a se compadecer, a se solidarizar. Convidado a oferecer um pouco de seu bom humor, seu vigor, seu entusiasmo, seu sorriso a alguém que sofre. É verdade que são muitas as formas de doença do mundo atual. Doenças do corpo e doenças da alma, doenças crônicas e passageiras, mas para todas elas são altamente recomendáveis doses homeopáticas de atenção e amor, de carinho e consolo, de presença e solidariedade de alguém como você que, encarnando o amor de 93


DISCIPULUS

Cristo, possa levar a um irmão doente palavras de fé e de esperança. Quanta esperança não pode brotar num coração sofrido, quando você lhe anuncia a Palavra de Deus viva e eficaz! (cf. Hb 4,12) Quando você partilha um Salmo, ajuda na reflexão do Evangelho, enfim, quando você contribui para que a Palavra de Deus leve luz às incertezas que algumas doenças trazem ao coração. É claro que nossa missão junto aos irmãos enfermos pode ir mais além. Quando nos lembramos do Samaritano (cf. Lc 10,25-37) que, além de se deixar mover pela compaixão e dar atenção, também se preocupou com os remédios e com um local onde o assaltado pudesse se recuperar, percebemos que nossa evangelização precisa atingir também os leitos de hospital, a integração com grupos que ajudem os doentes a conseguirem os recursos necessários, precisa atingir a conscientização daqueles que elegem e que são eleitos para cuidar da Saúde Pública. O mesmo Cristo que encontrou, se compadeceu e tocou tantos enfermos, hoje quer contar com seus pés, suas mãos, sua boca e, sobretudo, com seu coração, para que você também, encarnando o Seu amor possa ir e evangelizar os doentes, tornando-os também seus discípulos, revigorados por seu Santo Espírito. “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados. Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus”. (Ef 5,1s)

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Se um dia você quiser refletir sobre o sentido da vida, leia a Carta aos Efésios. Se um dia quiser entender um jovem que se tornou dependente químico, reflita com ele sobre o sentido da vida. São muitos e variados os motivos que levam um jovem a embarcar nessa, mas todos eles, de um modo ou outro, estão ligados ao fato de ele ainda não ter descoberto um sentido profundo, convincente e verdadeiro para a vida que leva. É preciso que alguém lhe ajude a descobrir que a razão última de nossa existência, não está em termos nascido com muitas ou poucas dificuldades ou numa família estruturada e amorosa ou não; em termos dos outros a atenção que merecemos, prazeres ou derrotas; em vivermos, ou não, numa sociedade justa. Não! Colocar nisso o sentido de nossa vida, seria entregar nosso destino às incertezas de um mundo em constante transformação. É preciso que alguém diga a esse jovem: “Você foi escolhido e amado antes mesmo da criação do mundo, predestinado a viver como filho de Deus, cheio do seu Espírito, para vencer as batalhas da vida com Sua sabedoria, herdeiro de um tesouro que ninguém neste mundo pode tomar!” (cf. Ef 1,4-19). Rogue a Deus pelo jovem a quem você pode se dirigir, para que ele compreenda a que esperança foi chamado. Convide-o a navegar nas páginas do Evangelho e a libertar-se dos vírus da descrença e da banalidade que estão contaminando e comprometendo a vida útil de tantas pessoas. Os jovens exercem na sociedade de hoje um influxo da maior importância. (...) Eles mesmos devem ser os primeiros e imediatos apóstolos da juventude e exercer por si mesmos o apostolado entre eles, tendo em 50 conta o meio social em que vivem. Todo jovem gosta de desafios. E não é um desafio extraordinário viver o Evangelho e levá-lo missionariamente a outros jovens? Principalmente aos que estão à margem da sociedade, no submundo das drogas? Sim! Jovem evangelizando jovem, falando do amor de Deus a outros que perderam o rumo e o controle de suas próprias vidas, e 1

42 AA n.12

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Anunciadores da Boa-Nova entre os dependentes químicos

que por isso, não percebem o quanto Deus os vê, compreende, ama e conta com cada um deles para transformar este mundo numa rede de solidariedade, justiça, amor e paz. É certo que o problema da dependência química torna-se cada vez mais alarmante. Atualmente, as drogas são o fator principal de destruição da juventude. A dependência química leva-os a matar, roubar e até mesmo a cometerem suicídios. Alguns casos são dados como quase irreversíveis... Mas, Jesus não avisou que veio justamente para os perdidos? Para os que precisam de médico? Então, assuma este mandato: “Ide e evangelizai”, e mesmo aqueles que julgamos estar perdidos, extraviados, encontrarão o caminho. É claro que além de evangelização, os jovens dependentes de drogas precisam de atenção, cuidado, tratamento e orientação especializados. A solução para o problema não é simples. Ela pode ser lenta e envolver mudanças de comportamento e de rotinas não só para o usuário, mas para todos que convivem com ele. Isto só alarga o nosso campo de missão: evangelizar também a família; indicar os recursos disponíveis na sua comunidade; grupos de ajuda mútua, postos de saúde, a Pastoral da Sobriedade e outros. Esses locais oferecem apoio, tratamento especializado e contribuem para a busca de um novo projeto de vida, o que pode envolver a mudança de amigos e até do local onde mora, se houver risco à segurança. 97


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Mas, se você está mesmo disposto a ajudar, não precisa criar um clima de sermão, ameaças ou acusações. Empenhe-se em promover um clima de compreensão, interesse e evangelização no qual a sabedoria e o amor de Deus possam encontrar em você um grande instrumento de transformação desta realidade. Não espere resultados imediatos, nem se frustre com possíveis negativas. O resultado pertence só a Deus. Apenas não desista de seu papel missionário, confiante na suprema grandeza do poder de Deus para com aqueles que abraçaram a fé (cf. Ef 1,19). Procure saber daquele a quem você ajuda, quais são suas preocupações sobre o uso que faz de drogas. Julga-se necessário e quem poderia ajudá-lo a mudar de comportamento. O que acontecerá caso não mude e o que ganhará caso consiga mudar? Como gostaria que fosse sua vida nos próximos cinco anos? O que precisa fazer para alcançar isso? Lembremo-nos de que a força necessária para qualquer grande mudança vem de Deus e já O temos sempre conosco.

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Em nossa caminhada de vida, na busca da realização pessoal e da tão sonhada felicidade, muitas vezes somos cercados por pensamentos e atitudes que nos levam a pensar que cada um tem mesmo é que correr atrás do que é seu. Por outro lado, também somos capazes de nos emocionar diante de pessoas abnegadas e solidárias e de nos revoltar perante atitudes injustas, gananciosas e egoístas. Isto porque no fundo, em nosso interior, ainda ressoam as palavras do Senhor dizendo: “Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes (Mt 25,40). Jesus se refere claramente aos que tem fome, sede, frio, aos que estão doentes, presos... Essas palavras são uma advertência e um convite permanente a deixarmos fluir, para os mais necessitados, aquele amor com que Ele mesmo cuida de nós. Em virtude da fé, podemos ouvi-los pedir nosso amor e precisamos neles reconhecer, o rosto do Senhor. É o seu amor que nos impele a socorrê-Lo sempre que Se faz nosso próximo no caminho da 51 vida. A mesma fé nos mostra que a dignidade da pessoa humana implica na busca do bem comum e todos devem estar envolvidos na sua promoção. Isto está relacionado ao fato de sermos filhos do mesmo Pai e de, como irmãos, sermos responsáveis uns pela felicidade dos outros, por isso a promoção e defesa desta dignidade 52 O dever de nos fazermos o “foram-nos confiadas pelo Criador”. «próximo» do outro, e de o servirmos é tanto mais premente, quanto esse outro for mais indefeso (cf. Mt 25,40). Muitos são os que querem dar explicações para as situações de pobreza, porém poucos se empenham em combatê-la de fato. Para além de todas as discussões, permanece a pergunta: o que podemos fazer e como fazer? É o amor gratuito de Deus que desperta em nós a solidariedade com o mundo e com a humanidade, fazendo-nos ver nos excluídos, os preferidos. O testemunho de Jesus, que veio para salvar quem 1

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51 Cf. PF n.14 52 SRS n.47

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O bem comum: presente de Deus para todos

está perdido, precisa nos impulsionar na direção daqueles que se encontram em situação de risco social e nos tornar prontos a dar o primeiro passo no acolher com bondade, respeito, gestos concretos e paciência. Na Encíclica “Deus é Amor”, o Santo Padre Bento XVI fundamenta de forma magistral a ação da Caridade Social. Diz-nos o Santo Padre repetindo Santo Agostinho: “Se vês a caridade, vês a Trindade”. A atividade da Igreja deve ser manifestação do amor que procura o bem integral do homem através da evangelização por meio da Palavra e dos Sacramentos e da promoção nos vários âmbitos da vida e da atividade humana. É amor, o serviço que a Igreja dedica aos sofredores e necessitados. É serviço da caridade. O amor ao próximo, que se nutre do encontro com Cristo, é um dever para todos. Portanto, no seio da comunidade não deve haver formas de pobreza tais, que sejam negados a alguém os bens necessários para uma vida digna. A caridade não é atividade de assistência social que se pode deixar a outros. Ela é expressão irrenunciável da essência da Igreja, que é a família de Deus no mundo. É força viva em que pulsa a dinâmica do amor suscitado pelo Espírito de Cristo. Este amor não oferece aos homens apenas uma ajuda material, mas o sentido para a vida. O amor – caridade - será sempre necessário, mesmo numa sociedade mais justa. Pois sempre há alguém que necessita de consolo e ajuda. Haverá sempre solidão. Existirão sempre também situações de necessidade material, para as quais é indispensável uma ajuda na 101


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linha de um amor concreto e desinteressado ao próximo. A evangelização é um processo complexo e inclui vários elementos. A solidariedade é um deles. Assim, associado a este sinal sublime da fé que se transforma em caridade, o anúncio do Evangelho traduz-se também em intervenção a favor do próximo: justiça para com os mais pobres; possibilidade de instrução nas aldeias mais distantes; assistência médica em lugares remotos; emancipação da miséria; reabilitação de quem vive marginalizado; apoio ao desenvolvimento dos povos; superação das divisões étnicas; respeito pela vida em todas as suas fases. Tudo isto faz parte da missão da Igreja. Pois, quando anunciamos o Evangelho, a vida humana é entendida em seu sentido pleno, como nos lembrava o Servo de Deus Paulo VI “não podemos esquecer a lição que vem do Evangelho sobre o amor ao próximo que 53 sofre e está em necessidade”. Que esta Jornada reavive em cada um o desejo e a alegria de «ir» ao encontro da humanidade, levando Cristo a todos. Pois a missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos, porque só nEle encontramos a plena realização. Diante dos desafios da História, a Igreja, como um todo, tem um papel específico a exercer. “A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados; mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do 54 homem, da sua dignidade, da sua vocação”. Este tempo será excelente oportunidade para fazermos mais intensamente a experiência da Fé, vivendo o testemunho da caridade. Já dizia São Paulo que entre a fé, a esperança e a caridade, a maior de todas é a caridade (1Cor 13,13). São Tiago nos dizia ainda mais incisivamente: “De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se ela não tiver obras, está completamente morta. Poderá alguém alegar: ‘Tu 3

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53 EN n.31 e 34 54 CV n.9

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O bem comum: presente de Deus para todos

tens a fé, e eu tenho as obras’. Mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé” (Tg 2,14-18). Ao convocar o Ano da Fé (2012), o Santo Padre Bento XVI continua a ajudar-nos a ver a estreita relação entre fé e caridade: A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra realizar o seu caminho. Muitos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo. (...) Sustentados pela fé, olhamos com esperança o nosso serviço no mundo, aguardando ‘novos 55 céus e nova terra’, onde habite a justiça. Nossa sociedade necessita do testemunho de todos que, iluminados pela Palavra do Senhor, tornam-se sinais vivos da presença do Ressuscitado no mundo. 5

55 PF n.14

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Patronos e Intercessores da JMJ Rio2013


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P atr o n o s p ai s e s p i r i t u ai s d o s j o ve n s Os patronos são os pais espirituais dos jovens, lhes ensinam, como verdadeiros pais e mestres, os caminhos para santidade. Foram escolhidos por estarem intimamente ligados ao espírito da JMJ Rio2013. Dentre estes estão também representantes da nação brasileira. O tema missionário inspira o pedido por proteção e entusiasmo para enfrentar os desafios da evangelização nos dias atuais. Oração e ação são dimensões inseparáveis dos discípulosmissionários de Jesus Cristo. Nossa Senhora da Conceição Aparecida, protetora da Igreja e das famílias! São Sebastião, soldado e mártir da fé! Santo Antônio de Santana Galvão, arauto da paz e da caridade! Santa Teresa de Lisieux, padroeira das missões! Beato João Paulo II, amigo dos jovens!

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Patronos da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia No ano de 1717, três pescadores, ao lançarem a sua rede para pescar nas águas do rio Paraíba, encontraram a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Devido aos muitos milagres realizados e aumento da devoção foi proclamada padroeira do Brasil, em 1930, e anos depois foi erguida, em sua homenagem, uma grande basílica que acolhe milhões de peregrinos todos os anos. A JMJ a invoca como Protetora da Igreja e das famílias!

Oração Mãe de Deus e Senhora minha, rogai incessantemente por minha família que hoje consagro a vós! Amém.

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B i o g r a f ia Sebastião preferiu a fidelidade a Cristo a toda e qualquer honra civil e militar e, por esse motivo, foi expulso dos quadros do exército e morto na perseguição de Diocleciano no ano 300. Vemos destacarse na vida do Santo a sua valentia e amor ao Senhor Jesus. A JMJ o invoca como Soldado e mártir da fé!

Oração Que vossa intercessão alcance-me a graça de obedecer mais a Deus do que aos homens, tornando-me um soldado de Cristo. Amém.

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Patronos da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Nasceu em Guaratinguetá em 1739. De família com grandes recursos e possibilidades, renunciou a tudo e ingressou na ordem Franciscana. Pregador da paz e da caridade com palavras e obras, tornou-se modelo de entrega. Seus milagres começaram ainda em vida, distribuindo pílulas feitas por suas próprias mãos, que geravam grandes curas. O invocamos como arauto da paz e da caridade!

Oração Intercedei para que, a vosso exemplo, eu promova a paz e a caridade em todos os momentos de minha vida. Amém.

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DISCIPULUS

B i o g r a f ia Santa Teresinha do Menino Jesus nasceu na França, em 1873. Aos 15 anos, entrou num Mosteiro Carmelita, lugar onde viveu com humildade, simplicidade sua plena confiança em Deus. Foi proclamada padroeira das missões em 1927, por seu profundo desejo de ser missionária e sua disposição de oferecer tudo pelo bem dos demais. A JMJ a invoca como Padroeira das missões!

Oração Concedei-me, por vossa intercessão, o ardor missionário para levar Jesus a todos os povos! Amém.

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Patronos da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia O Papa João Paulo II, o Grande, foi o criador da Jornada Mundial da Juventude em 1984. Considerado o Papa dos jovens, esforçouse no diálogo com eles e convidou-os a reconhecer o seu lugar e missão dentro da Igreja. Seu pontificado foi duradouro e ajudou a conduzir os cristãos, tendo como base as inspirações do Concilio Vaticano II. Lutou até o último momento de sua vida compartilhando conosco sua felicidade de entregar-se totalmente a Cristo e à Virgem Maria. O invocamos como amigo dos Jovens!

Oração Confio-me a vossa intercessão a fim de viver sinceramente a amizade com Cristo e com os irmãos. Amém.

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DISCIPULUS

INT E RC E S S O R ES u m m o del o a s e r i m i t ad o Os jovens desejam encontrar-se com a verdade que dê sentido à sua existência. Dentre os intercessores escolhidos para a JMJ Rio2013, estão homens e mulheres que mesmo na juventude souberam escolher a melhor parte em suas vidas: Jesus Cristo. A geração JMJ é convidada a entregar sua vida àquele que concede felicidade e liberdade em abundância. Santa Rosa de Lima, fiel à vontade de Deus! Santa Teresa de Los Andes, contemplativa de Cristo! Beata Laura Vicuña, mártir da pureza! Beato José de Anchieta, apóstolo do Brasil! Beata Albertina Berkenbrock, virtuosa nos valores evangélicos! Beata Chiara Luce Badano, toda entregue a Jesus! Beata Irmã Dulce, embaixadora da Caridade! Beato Adílio Daronch, amigo de Cristo! Beato Pier Giogio Frassati, amor ardente aos pobres e a Igreja! Beato Isidoro Bakanja, mártir do escapulário! Beato Ozanam, servidor dos mais pobres! São Jorge, combatente contra o Mal! Santos André Kim e companheiros, mártires da evangelização!

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Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Isabel Flores nasceu em Lima, Peru, no ano 1586. Foi apelidada de Rosa pela beleza de seu rosto. Foi a primeira santa do continente americano e se destacou de maneira especial por sua intensa vida de oração e penitência. Experimentou muitas dificuldades em sua vida e, diante delas, soube manter uma extraordinária serenidade, imitando a Cristo pobre e crucificado. Pedimos sua intercessão para que sejamos fiéis à vontade de Deus!

Oração Auxiliai-me na busca da fidelidade aos planos de Deus para minha vida. Amém.

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DISCIPULUS

B i o g r a f ia Nasceu em Turim, em 6 de abril de 1901, e ao nascer, apresentava deficiências respiratórias, por isso foi imediatamente batizado. Revelou-se um amigo dos pobres, vendo neles o próprio Cristo. Com 18 anos, inscreveu-se na Confraria do Rosário de Pollone e na Conferência de São Vicente de Paulo. Sempre amou os humilhados, dedicando a sua vida a fazer-lhes bem. Seu coração foi destinado aos outros. Nós o reconhecemos como alguém que ardentemente amou os pobres e a Igreja.

Oração Intercedei por mim para que, nas muitas escolhas da vida, eu dê preferência ao serviço de amor a Deus e aos irmãos! Amém.

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Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Nasceu em Sassello, Italia, no ano 1971. Aos 10 anos de idade, viveu uma experiência forte de encontro com Deus que mudou a sua vida e a de seus pais. Desde este momento decide viver com radicalidade o Evangelho, buscando amar a todos aqueles que a rodeiam. Aos 18 anos lhe diagnosticaram um tumor ósseo. Viveu com grande valentia cada uma das etapas de sua dolorosa doença. Nós a invocamos pela sua entrega total a Jesus!

Oração Ajudai-me a vencer os desafios próprios da juventude para que minha vida seja entregue sem reservas a Jesus Cristo. Amém.

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B i o g r a f ia Nascido em Milão, Itália, cresceu em um ambiente de profundo espírito de caridade, sobretudo pelo exemplo de seus pais. Apaixonado pelas questões existenciais e espirituais, dedicouse ao estudo da filosofia, de onde encontrou argumentos para sustentar o compromisso social dos católicos. Morreu em 1853, aos 40 anos, deixando o precioso legado das Conferências Vicentinas e a certeza de ter feito a vontade de Deus em sua vida. Nós o invocamos como servidor dos mais pobres.

Oração Pela vossa intercessão, possamos viver a verdadeira partilha em favor dos mais necessitados e no auxílio aos que sofrem. Amém.

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Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia No início do século XVII, a fé cristã chegou pela primeira vez à Coréia. Um grupo fervoroso contava com a direção espiritual do Padre André Kim, primeiro presbítero dessa comunidade. Em três perseguições, entre os anos 1839 e 1866, morreu junto a outros 102 companheiros mártires, consagrando com o seu precioso sangue os primórdios da Igreja coreana. Os invocamos como mártires da evangelização!

Oração Rogai incansavelmente por mim, para que eu esteja sempre unido a Cristo e seja perseverante na fé, pois quero levar a verdade a todas as nações. Amém.

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B i o g r a f ia Nasceu em 1914 em Salvador e desde jovem demonstrou um profundo espírito de caridade. Destacou-se pela perseverança e o esforço por dar atenção aos doentes e teve como princípio nunca fechar a porta a uma pessoa necessitada de sua ajuda. Ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Fundou associações e inaugurou colégios e hospitais. Nós a invocamos como Embaixadora da Caridade!

Oração “Anjo bom do Brasil” intercedei por nós para que sejamos capazes de partilhar alegremente os bens recebidos com os irmãos mais necessitados. Amém.

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Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Nasceu em 1534 em Tenerife, nas Ilhas Canárias. Ingressou na Companhia de Jesus e foi enviado como missionário ao Brasil. Foi ordenado sacerdote em 1566 e ocupou o cargo de superior de comunidades e provincial de toda a missão no Brasil, trabalho que foi realizado com grande sabedoria e segurança. Faleceu no ano 1597 e recebeu o qualificativo de “apóstolo do Brasil”. Nós, jovens da JMJ Rio2013, o invocamos do mesmo modo!

Oração Que por vosso exemplo, possamos multiplicar os frutos da ação missionária em nosso país. Amém.

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B i o g r a f ia Nasceu em outubro de 1908 em Dona Francisca, em uma família de modestas condições numa isolada localidade no interior do Brasil. Desde pequeno gostava muito de rezar e ajudar nas missas. Aos 16 anos, morreu assassinado, juntamente com o Pe. Manuel Gómez González, por obra de alguns revolucionários que os encontraram na estrada durante uma viagem para visitar as comunidades cristãs mais distantes. Nós o invocamos por sua forte amizade com Cristo!

Oração Que a exemplo de vossas virtudes, sejamos recebidos entre os amigos de Cristo, nesta vida e na que há vir! Amém.

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Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Isidoro nasceu em torno de 1890, em Bokendela, no Congo. De vida muito pobre trabalhou já na infância como lavrador no campo. Seu batismo, em 1906, foi a partir do seu encontro com missionários carmelitas que doaram a ele um rosário e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Muito devoto da Virgem Maria, alegremente rezava e cantava enquanto trabalhava. Uma vez, impedido de fazê-lo, decidiu abandonar seu posto, mas sem acolher o mandato de abandonar os sinais visíveis de sua fé. Foi chagado em suas costas com açoites e morreu por não resistir aos ferimentos. Nós o invocamos como mártir do escapulário.

Oração Que a exemplo de vossa fé, sejamos fortalecidos diante das adversidades da vida e entregues à proteção da Virgem Maria, nossa Mãe. Amém. 121


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B i o g r a f ia Nasceu no Chile no ano 1900. A partir dos 6 anos participava, quase diariamente da Santa Missa. Sua constância na Eucaristia revela sua sede interior de encontrar-se com Cristo. Muitos dizem que antes de entrar no Carmelo, aos 17 anos, já vivia uma vida Santa que atraía as almas para Deus. Sempre foi consciente de que a sua oração e sacrifício eram capazes de melhorar e purificar o mundo. Hoje no seu túmulo encontramos a sua frase: “O amor é mais forte”. Pedimos a sua intercessão para que aprendamos a ser contemplativos de Cristo!

Oração Ajudai-me a encontrar, em minha alma, o desejo de adorar e glorificar a Jesus sem cessar. Amém!

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Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Nasceu em Santa Catarina em abril de 1919. Aos 12 anos de idade, foi assassinada porque quis preservar a sua pureza. O martírio e a consequente fama de santidade se espalharam rapidamente. Foi uma menina que cultivou uma grande sensibilidade em sua relação com Deus e com o seu próximo. Nós a invocamos como virtuosa nos valores evangélicos!

Oração Conquistai, em nosso favor, a alegria de perseverarmos no caminho da vivência dos valores do Evangelho. Amém.

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DISCIPULUS

B i o g r a f ia Segundo tradição da Igreja, foi um militar do Império Romano no tempo de Diocleciano. Converteu-se ao Cristianismo e, por esse motivo, foi torturado e decapitado. Desde o século IV, foi venerado em toda a Igreja como mártir de Cristo. A tradição o apresenta como quem enfrenta o dragão, simbolizando a fé firme. Alguém que triunfa sobre a força do maligno. O invocamos como combatente do mal!

Oração Que por vosso exemplo, sejamos fortalecidos na fé e corajosos diante das ações do maligno, aguardando a vitória que vem de Cristo. Amém. 124


Intercessores da JMJ Rio2013

B i o g r a f ia Nasceu no Chile, em 1891. Aos 10 anos de idade, fez a sua Primeira Comunhão e, a partir deste momento, fez o propósito de amar a Deus com todas as suas forças. Esforça-se por tornar a Jesus conhecido e por reparar as ofensas contra Ele. Vendo a sua mãe em situação de pecado, ofereceu sua vida em troca de sua conversão. Foi tomada por uma grave enfermidade e chamada à presença de Deus aos 12 anos. Invocamos sua intercessão como mártir da pureza!

Oração

Obtende as graças de que necessito e ajudai-me a aderir com o coração puro e doce à vontade do Pai. Amém.

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Foto: L’OSSERVATORE ROMANO


Oração Oficial da JMJ Rio2013 Ó Pai, enviaste o Teu Filho Eterno para salvar o mundo e escolheste homens e mulheres para que, por Ele, com Ele e nEle, proclamassem a Boa-Nova a todas as nações. Concede as graças necessárias para que brilhe no rosto de todos os jovens a alegria de serem, pela força do Espírito, os evangelizadores de que a Igreja precisa no Terceiro Milênio. Ó Cristo, Redentor da humanidade, Tua imagem de braços abertos no alto do Corcovado acolhe todos os povos. Em Tua oferta pascal, nos conduziste pelo Espírito Santo ao encontro filial com o Pai. Os jovens, que se alimentam da Eucaristia, Te ouvem na Palavra e Te encontram no irmão, necessitam de Tua infinita misericórdia para percorrer os caminhos do mundo como discípulos-missionários da nova evangelização. Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo. Amém!

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DISCIPULUS

Você pode ser um discípulo-missionário!

SUA FOTO

Biografia Nome: _____________________________________________________ Filiação: ___________________________________________________ ___________________________________________________________ Data de nascimento: _________________________________________ Endereço: __________________________________________________ ___________________________________________________________ Formação acadêmica: ________________________________________

Experiência em Jornadas Participou de qual JMJ? ______________________________________ Como foi? __________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ O que mudou na sua vida? __________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 128


Você pode ser um discípulo-missionário

Vida Sacramental Data do Batismo: ____________________________________________ Padrinhos: _________________________________________________ Local: _____________________________________________________ Data da Primeira Eucaristia: __________________________________ Catequista: _________________________________________________ Local: _____________________________________________________ Data da Crisma: _____________________________________________ Padrinho/Madrinha: ________________________________________ Local: _____________________________________________________

Caminhada com Deus hoje Participo da paróquia: _______________________________________ Movimento, ministério ou pastoral: ___________________________ Virtudes que Deus me deu e procuro colocar em prática: _________ ___________________________________________________________

Ser discípulo-missionário Como foi sua experiência na JMJ Rio2013? ______________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ Após a JMJ Rio2013, quais seus projetos pastorais para fazer novos discípulos? ________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________

Fale com Deus através de sua oração pessoal.

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DISCIPULUS

Abreviaturas dos Livros da Bíblia, segundo a Bíblia de Jerusalém

Antigo Testamento

Pentateuco Gn Gênesis Ex Êxodo Lv Levítico Nm Números Dt Deuteronômio Livros Históricos Js Josué Jz Juízes Rt Rute 1Sm 1º de Samuel 2Sm 2º de Samuel 1Rs 1º dos Reis 2Rs 2º dos Reis 1Cr 1º das Crônicas 2Cr 2º das Crônicas Esd Esdras Ne Neemias Tb Tobias Jt Judite Est Ester 1Mc 1º dos Macabeus 2Mc 2º dos Macabeus Livros Sapienciais Jó Jó Sl Salmos Pr Provérbios Ecl Eclesiastes (ou Coélet) Ct Cântico dos Cânticos Sb Sabedoria Eclo Eclesiástico (Sirácida) Livros Proféticos Is Isaías Jr Jeremias Lm Lamentações Br Baruc Ez Ezequiel Dn Daniel Os Oseias Jl Joel

Am Ab Jn Mq Na Hab Sf Ag Zc Ml

Amós Abdias Jonas Miqueias Naum Habacuc Sofonias Ageu Zacarias Malaquias

Novo Testamento

Evangelhos e Atos dos Apóstolos Mt Mateus Mc Marcos Lc Lucas Jo João At Atos dos Apóstolos Cartas de São Paulo Rm Romanos 1Cor 1ª aos Coríntios 2Cor 2ª aos Coríntios Gl Gálatas Ef Efésios Fl Filipenses Cl Colossenses 1Ts 1ª aos Tessalonicenses 2Ts 2ª aos Tessalonicenses 1Tm 1ª a Timóteo 2Tm 2ª a Timóteo Tt Tito Fm Filémon Hb Hebreus Cartas Católicas e Apocalipse Tg Tiago 1Pd 1ª de Pedro 2Pd 2ª de Pedro 1Jo 1ª de João 2Jo 2ª de João 3Jo 3ª de João Jd Judas Ap Apocalipse 130


Abreviaturas, siglas, documentos e referências bibliográficas

Siglas dos Documentos da Igreja AA

CONCÍLIO VATICANO II. Decreto Apostolicam Actuositatem.

AG

CONCÍLIO VATICANO II. Decreto Ad gentes.

CV BENTO XVI. Carta Encíclica Caritas in Veritate. Cidade do Vaticano. 2009. DA DOCUMENTO DE APARECIDA. Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano. Aparecida: Brasil. 2007. DV

CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Dei Verbum.

EN PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi. Cidade do Vaticano. 1975. FC JOÃO PAULO II. Exortação apostólica pós-sinodal Familiaris Consortio. Cidade do Vaticano. 1981. GS Spes.

CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Pastoral Gaudium et

NMI JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte. Cidade do Vaticano. 2001. PF BENTO XVI. Carta Apostólica, sob forma de Motu Proprio, Porta Fidei. Cidade do Vaticano. 2011. RM JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Redemptoris Missio. Cidade do Vaticano. 1990. SC CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrossanctum Concilium. SCa BENTO XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis. Cidade do Vaticano. 2007. SRS JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Sollicitudo Rei Socialis. Cidade do Vaticano. 1987. UR 1964.

PAULO VI. Decreto Unitates Redintegratio. Cidade do Vaticano.

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DISCIPULUS

Outros Documentos da Igreja citados: JOÃO PAULO II. Carta aos jovens. JOÃO PAULO II. Carta aos Artistas. 1999. BENTO XVI. Discurso por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. São Paulo: Brasil. 10 de maio de 2007. BENTO XVI. Discurso por ocasião do encontro com os artistas. Cidade do Vaticano. 21 de Novembro de 2009 BENTO XVI. Mensagem 43º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Cidade do Vaticano. 2009. BENTO XVI. Mensagem para XXV JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE Cidade do Vaticano. 20 de fevereiro de 2010 BENTO XVI. Discurso aos estudantes. Londres: Inglaterra. 17 de setembro de 2010 BENTO XVI. Audiência com os participantes da plenária do Conselho Pontifício para a Cultura. Cidade do Vaticano. 16 de novembro de 2010. BENTO XVI. Mensagem 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Cidade do Vaticano. 2011. BENTO XVI. Mídia: Igreja tem de aprender linguagem da cultura digital. Cidade do Vaticano. 2011 BENTO XVI. Mensagem aos namorados. Ancona: Itália. 11 de setembro de 2011 BENTO XVI.Instrumento de trabalho (Instrumentum laboris) da 13.ª Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos. 2012

Referências Bibliográficas Bíblia de Jerusalém – Editora Paulus, São Paulo, Brasil, 1995 Catecismo da Igreja Católica – Edições Loyola, São Paulo, brasil, 2000 Compêndio do Vaticano II – Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro, 1984 BORELLI, Silvia; João Freire Filho. Culturas juvenis no século XXI. Ed.: Educ 132


Realização Instituto Jornada Mundial da Juventude Rio de Janeiro Dom Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro e Presidente do Instituto JMJ

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e Vice-presidente do Instituto JMJ

Padre Arnaldo Rodrigues

Diretor Executivo do Setor Preparação Pastoral

Padre Leandro Lenin Tavares Diretor Executivo das Catequeses

Colaboradores

Agradecemos a todos que tornaram possível a realização desta obra literária, como os autores, organizadores, revisores e demais envolvidos desde sua elaboração até a produção.

Expediente Revisão

Christiane Sales (Brasil) Caroline Santos Machado (Brasil) Maria Helena Gonçalves (Brasil) Joyce Maria Alves Rocha (Brasil)

Design

Gustavo Huguenin (Brasil) Filipe Teixeira (Portugal) Hayla de Deus (Brasil) Maria Carle Valera (Venezuela) ISBN 978-85-66947-02-1

Impressão e Acabamento Gráfica Bandeirantes

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"Ide e fazei discípulos entre todas as nações!" (Mt 28, 19)


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