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Figura 01 – CÓTEX CEREBRAL

Figura 01 – Córtex Cerebral

Córtex Cerebral / Substância Cinza

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Fonte: < https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cortex-cerebral > Acesso em 30 de setembro de 2020.

O córtex cerebral se divide em quatro partes, chamados de lobos. Nele podemos encontrar o lobo frontal, se subdivide em: Motor que é responsável pelo movimento das pessoas e pré-frontal responsável pela função executiva, ou seja, pelo pensamento, resolução de problemas, pela fala. O Lobo Occipital está ligado diretamente a visão, imagem. O Lobo Temporal que está associado ao sistema auditivo, nele tem a área Werneck que compreende a fala. E por último o Lobo Parietal, o qual é encarregado pela parte sensorial; o sentido, toque, a temperatura, além da manipulação espacial, que compreende o espaço onde estamos, uma visão 3D.

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2.1.2. EMOÇÕES

Figura 02 – Área Lobo

Fonte: < www.todamateria.com.br/cerebro/ > Acesso em 30 de setembro de 2020.

James H. (2014), expressa que a emoção são respostas que o encéfalo dispara quando sente um estimulo, sendo ele por exemplo um sabor ruim ou cheiro bom. O encéfalo tem a função de sistematizar atividades musculares e reflexivas, além de produzir impulsos.

Para Roberto Lent 2008, a emoção tem grande importância não só para os seres humanos, mas também para o reino animal. A função biologia apresenta como respostas as expressões comportamentais de forma que a expande a chance de sobrevivência do animal que poderia estar em perigo.

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A emoção é uma atividade primordial no coração da natureza humana. É a lente através da qual engajamos ou percebemos o mundo, e por esse motivo muitos neurocientistas gostam de distinguir entre emoção e sentimento. O processamento emocional ocorre durante o ato perceptivo, enquanto o sentimento é a nossa consciência desses eventos emocionais.

O Lobo Líbico ou sistema límbico é responsável pelas nossas emoções, além do nosso comportamento e o processamento da memória, é formado por neurônios. Damásio (2011), explica que a emoção ela é recebida pelo cérebro, mas é transmitida para o corpo inteiro, deixando as pernas bambas, frio na barriga. Além disso, ajuda na regulamentação biológica, ou seja, o cérebro capta as informações e ajuda na adequação do corpo com o meio onde estamos.

Damásio (2011), subdivide a emoção em primária, que são reações individuais onde somos programados dar como resposta a determinadas circunstâncias. Em outro lado Roberto Lent (2008), complementa, através de seu estudo em Nova Guiné, na primária Lent diz que pode ser considerado pelo menos 6 formas de emoção primária: tristeza, medo, alegria, nojo, raiva e surpresa. Essas emoções são aprendidas, são comuns a todos os gêneros.

Estudos mostram que nascemos com essas emoções já definidas em nossa mente, Damásio 2011, acredita que essas emoções são sentidas tanto em animais como em humanos, pois quando passamos por algo incomum, nosso corpo já demostra que não estamos confortáveis naquela situação, como por exemplo, o medo quando estamos passando por um perigo, são sensações de fácil percepção para as pessoas.

Na emoção secundária Damásio 2011, diz que são os aspectos que identificamos em outras pessoas, como por exemplo, a compaixão, ou a simpatia, entre outros. Lent 2008, assegura que são princípios socioculturais, ele dá como exemplo a culpa e a vergonha. Ao recebimento de uma notícia que não seja tão agradável, algumas características podemos que observar em nossas reações, como por exemplo, seria a boca secar, a pela ficar pálida, isso depende de cada ação observada.

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Roberto Lent (2008), traz o terceiro tipo de emoção ou emoção de fundo, que está associado ao bem-estar ou mal-estar com a calma ou a tensão, é a mais difícil de identificar, estão associadas aos níveis mais profundos da consciência. São gerados por estímulos mentais ou físicos, que podem trazer fadiga, relaxamento, ansiedade etc.

Vejo a essência da emoção como a coleção de mudanças no estado do corpo que são induzidas numa infinidade de órgãos por meio das terminações das células nervosas sob o controle de um sistema cerebral dedicado, o qual responde ao conteúdo dos pensamentos relativos a uma determinada entidade ou acontecimento. Muitas das alterações do estado do corpo — na cor da pele, postura corporal e expressão facial, por exemplo — são efetivamente perceptíveis para um observador externo. (Com efeito, a etimologia da palavra sugere corretamente uma direção externa a partir do corpo: emoção significa literalmente “movimento para fora”.) Existem outras alterações do estado do corpo que só são perceptíveis pelo dono desse corpo. Mas as emoções vão além da sua essência. (DAMÁSIO,2011, pág. 155).

2.1.3. SENTIMENTO

O sentimento é o estágio em que estamos conscientes a partir das nossas emoções. O sentimento, diferente da emoção pode ficar escondido dentro de si, é um aspecto mental, somente a pessoa que está passando por determinada angustia ou alegria, pode dizer a verdadeira sensação.

Um sentimento em relação a um determinado objeto baseia-se na subjetividade da percepção do objeto, da percepção do estado corporal criado pelo objeto e da percepção das modificações de estilo e eficiência do pensamento que ocorrem durante todo esse processo. (DAMÁSIO, 2011, pág. 165).

Damásio 2011, em uma entrevista, na passagem no Brasil em 2013, expõe o seguinte exemplo sobre sentimentos, se você estiver passando por muito momento muito difícil e que está deixando muito triste, essa sensação você pode esconder das outras pessoas, aparentemente o individua está bem, porém por dentro ele sabe que não é a verdade. O sentimento é um estado mental.

Acredita-se que em muitas vezes o cérebro acaba criando uma imagem de um estado emocional do corpo. Damásio 2011, apresentou que isso acontece através de neurotransmissores que levam informações para o nosso corpo, sendo que esses

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neurotransmissores podem fazer como se estivéssemos nos sentindo com falta de energia, porém muitas vezes os nossos sentimentos não correspondem ao que o nosso corpo realmente está sentindo naquele momento.

Damásio 2011, em seu livro deu como exemplo um teste feito por polígrafo, onde os resultados dos sentimentos e emoções saiam em formas de gráficos. Dando algumas situações, eram notados que as expressões não equivaliam aos resultados dos gráficos, pois quando as situações impostas não estavam a favor o gráfico mostrava a insatisfação atreves dos impulsos neurais, ou seja, os sentimentos podem ser expressos de forma que for conveniente a pessoa.

Para David S. Viscott 1982, o sentimento é uma ação mais direta a nossa compreensão. Diferente do pensamento, os sentimentos é quem sofre, ou é machucado, ele nos diz que algo não está legal. Já o pensamento é uma forma mais indireta de enfrentar a realidade. Os sentimentos são a verdade, é ele quem vai dizer se você está mentindo para si mesmo ou não.

2.2. NEUROARQUITETURA – ESPAÇO E COMPORTAMENTO

A palavra Neuroarquitetura surgiu em 2003, com a criação do ANFA (Academy of Neuroscience for Architecture), em San Diego, Califórnia (EUA), fundado por John Paul Eberhard. Busca compreender como o nosso cérebro atua diretamente com os nossos sentidos, a ligação do corpo e mente, e como esse estudo pode trazer grandes soluções para o dia a dia das pessoas (ANFA , 2003).

Mas a muito tempo já ouvimos falar sobre o assunto, a neurociência aplicada a arquitetura, porém só agora temos mais acesso sobre estudos feitos por cientistas.

O termo apresentado por John Paul Eberhard é trazido por Paiva (2019), como um campo de estudos interdisciplinar dentro da Neurociência. Dentro desse estudo, podemos entender como funciona nosso cérebro em relação ao vemos e sentimos.

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Outras matérias interligadas é a Ciência Cognitiva que é o estudo da inteligência, a Psicologia que vem para compreender as funções mentais, a Arquitetura que é a modelagem de um espaço físico e o Urbanismo que é a regulamentação e planejamento da cidade.

Yi-fu Tuan (2015), traz que a nossa pele expressa sensações. Quando estamos nos agradando ou não com tal lugar, um arrepio, por exemplo, pode ter significados bons ou ruins dependendo do caráter do ambiente. Já o som pode nos transmitir uma noção de profundidade, de tamanho e distância, o olfato nos traz cheiros que podem ser associados a uma experiência. Essas sensações imprimem um caráter que pode ser lembrado mesmo com o passar do tempo.

A neuroarquitetura nos oferece ferramentas para entender determinados processos que possam ser usados em projetos. Arquitetos e psicólogos compreendem como os espaços influenciam os indivíduos. Quando passamos muito tempo em um determinado lugar, observamos o quanto ele nos afeta, tanto positivamente, quando negativamente e a arquitetura está totalmente ligada com essa relação.

O princípio dessa ciência é fazer com que os arquitetos criem espaços para que os usuários tenham uma experiencia única, que estimule a criatividade em ambientes de trabalho, que ajude na recuperação dos pacientes em hospitais, além do crescimento nos aprendizados em escolas, o aconchego e o relaxamento para as residências. Com esse estudo observamos como o ambiente afeta o nosso bem-estar.

Bruno Zevi (1948) apresentava que a arquitetura não é somente a parte estrutural, como paredes, pilares, cobertura. Mas pode ser compreendido como o espaço construído através da experiência vivida naquele lugar. Pode-se observar que esse assunto é discutido há décadas.

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Pallasmaa (2011) diz que a arquitetura sensorial nos mostra o quanto estamos interligados com as sensações trazidas por meio de detalhes que vemos ou sentimos durante um caminho que percorremos. O autor expressa que a arquitetura está afetivamente envolvida com o interior e o exterior humano.

As experiências sensoriais se tornam integradas por meio do corpo, ou melhor, na própria constituição do corpo e no modo humano de ser. A teoria psicanalítica introduziu a noção de imagem ou esquema corporal como o centro de integração. Nossos corpos e movimentos estão em constante interação com o ambiente; o mundo e individualidade humana se redefinem um ao outro constantemente. A percepção do corpo e a imagem do mundo se tornam uma experiência existencial contínua; não há corpo separado de seu domicílio no espaço, não há espaço desvinculado da imagem inconsciente de nossa identidade pessoal perceptiva. (PALLAASMAA, 2011, p.38).

Os arquitetos, ao compreender como é o nosso funcionamento mental, pode fazer com que a arquitetura seja um instrumento transformador do comportamento das pessoas, que as construções não estejam pautadas apenas na estética, mas também na funcionalidade destacando os benefícios que podem ser trazidos (PAIVA, 2019).

Segundo Paiva (2019), devemos primeiramente entender as necessidades do cliente, pois nem sempre o que o profissional pensa é ideal para os usuários. Gonçalves (2015) cita que a arquitetura vai além de formas e volumes, que é a finalidade física da matéria, a proporcionalidade, o equilíbrio, o visual agradável das formas. Todas essas informações despertam nossos sentidos.

A arquitetura envolve uma mescla de emoção, deve ser defendida como sua integridade, e deve ser feita com toda profunda qualidade, nas palavras de Frank Lloyd Wrigh, trazidas por Pallasmaa (2011), ela deve ser apresentada como uma experiencia inesquecível de matéria e espaço. Uma forma de aproximar o mundo com a arte da arquitetura.

Lugares bem projetados podem nos trazer sensações únicas, espaços públicos podem ajudar a combater a solidão. A neurociência não deve ser aplicada de uma mesma forma em diversos ambientes, pois cada ambiente possui uma necessidade diferente. Todo espaço é dedicado a uma função, ela possui uma vida própria, é capaz de trazer interações entre as pessoas, sensações, aflorar

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sentimentos. O ambiente tem o poder de gerar mal-estar em seus usuários, podendo acarretar diversos problemas principalmente psicológicos.

Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, os casos de depressão tiveram um aumento de 17% no mundo, dados de 2017, afetando cerca de 210 milhões de pessoas, uma doença complexa e muito delicada que pode ser causada por fatores sociais, psicológicos ou biológicos. Além de depressão a ansiedade chega em 9% da população brasileira (OMS, 2017).

A arquitetura mal planejada pode desencadear distúrbios. Um importante fator causador desse adoecimento é a falta de um projeto adequado, moradias irregulares em locais impróprios. Os arquitetos têm a função de projetar o melhor para seu cliente, para que se sintam bem, tenham conforto.

Trazer para o cliente um projeto que não seja só bonito, mas também que tenha sua função bem desenvolvida e que tenha elementos que sejam destinados para atividades daquele determinado local, não é uma tarefa tão simples.

O impacto causado pela arquitetura na qualidade de vida humana é significante, isso ocorre pelo fato de o cérebro compreender e desenvolver as sensações transmitidas pelo local.

A Neuroarquitetura se aprofunda e mostra que as emoções geradas por um indivíduo podem alterar o comportamento físico, mental, podendo impactar na criatividade, no bem-estar, na felicidade. Os arquitetos precisam avaliar quem serão os usuários, que tipo de atividades será proposta nos lugares somente assim poderá ser projetado um edifício adequado para que todos se sintam seguros no local.

O objetivo de nossos edifícios ainda é visto com demasiada frequência em termos de desempenho funcional, conforto físico, economia, representação simbólica ou valores estéticos. No entanto, a tarefa da arquitetura se estende além de suas dimensões materiais, funcionais e mensuráveis, e até além da estética, até a esfera mental e existencial da vida. Além disso, a arquitetura praticamente sempre tem um impacto e significado coletivos. Os edifícios não fornecem apenas abrigo físico ou facilitam atividades 27

distintas. Além de abrigar nossos corpos e ações frágeis, eles também precisam abrigar nossas mentes, memórias, desejos e sonhos. (PALLASMAA, 2013, p.7-8).

A sensibilidade que a arquitetura desperta na sociedade, pode ser transcrita através do comportamento expressado pela pessoas. Esse ato é traduzido pelo cérebro por meio de interpretação dos efeitos que o edificio tráz para cada um. A arquitetura deve ser interpretada pela população de modo que as memórias sejam afloradas e que tragam boas sensações.

Não é à toa que certas construções conseguem nos emocionar, mexem conosco de uma maneira que, muitas vezes, não conseguimos explicar, pois estimulam diferentes partes do nosso cérebro triuno criando uma experiencia a um só tempo sensorial, emotiva e instintiva, às vezes cognitiva, às vezes, não. (GONÇALVES E PAIVA, 2015, p. 290,291).

A arquitetura nos possibilita identificar e compreender o espaço e nos conduzir na permanência da cultural e social. Tem como finalidade conceber comparações essenciais para que o corpo e a vida realizem e construam nossa subsistência no mundo.

A função atemporal da arquitetura é criar metáforas existenciais para o corpo e para a vida que concretizem e estruturem nossa existência no mundo. A arquitetura reflete, materializa e torna eternas as ideias e imagens da vida ideal. As edificações e cidades nos permitem estruturar, entender e lembrar o fluxo amorfo da realidade e, em última análise, reconhecer e nos lembrar quem somos. A arquitetura permite-nos perceber e entender a dialética da permanência e da mudança, nos inserir no mundo e nos colocar no continuum da cultura e do tempo. (PALLASMAA, 2013, p.67).

2.2.1 CORES

As cores tem um papel importante no dentro de um projeto. Desde a antiguidade, é atraves das cores que o ser humano entende determindas situações, como por exemplo, o vermelho do sangue, demonstrava perigo, o céu cinza era entendido que chegaria chuva (PAIVA, 2019). A cor pode ser definida atraves de inumeros fatores, por meio de atributos trazidos do próprio material. Essa visão transmitirá um determidado sentimento. Hoje as cores podem ser usadas para transmitir a sensibilidade ao usuário do espaço, trazendo um momento de quietude e contemplação.

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As cores influenciam o ser humano e seus efeitos, tanto de caráter fisiológico como psicológico, intervêm em nossa vida, criando alegria ou tristeza, exaltação ou depressão, atividade ou passividade, calor ou frio, equilíbrio ou desequilíbrio, ordem ou desordem etc, As cores podem produzir impressões, sensações e reflexos sensoriaís de grande importância, porque cada uma delas tem uma vibração determinada em nossos sentidos e pode atuar como estimulante ou perturbador na emoção, na consciência e em nossos impulsos e desejos. (BASTOS, FARINA E PEREZ, 2006, p.02).

As cores despertam sentimentos, podendo ser favoráveis às atividades designadas ao local, como também gerar sentimentos desagradáveis. Além das emoções, as corem se relacionam com aspectos culturais (Bastos, Farina e Perez, 2006). Uma cor pode apresentar diversos significados, podendo ser um elemento para proporcionar volume na edificação. Muito utilizado em ambientes escolares ou hospitalares, as corem possuem um papel importantíssimo para o desenvolvimento de crianças e pacientes.

MFM DE AZEVEDO (2000), apresenta que as pessoas associam as cores a determinados sentimentos, podendo separar ela em grupos de estudo, entre ela a química, que analisa as combinações e o pigmento da cor, a psicologia que envolve os sentimentos e a emoção sentida atravez das cores.

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