Notícias de Campolide nº95

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BOLETIM DA JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE ANO XXI #95 MAIO/JUNHO 2021 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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• CAPA •

DAR A MÃO A QUEM PRECISA UMA REDE DE APOIOS

+ DEPARTAMENTO DE PROXIMIDADE JFC + CARREIRA DE BAIRRO + campolide sem beatas


NESTA EDIÇÃO... BOLETIM DA JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE ANO XXI #95 MAIO/JUNHO 2021 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ARTIGO DE CAPA:

DAR A MÃO A QUEM PRECISA UMA REDE DE APOIOS

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PÁG. 4

ACÇÃO SOCIAL PROXIMIDADE AO VIZINHO PÁG.10

LEIA + em:

MOBILIDADE 61B CARREIRA DE BAIRRO PÁG.12

SAÚDE GRUPO DE CAMINHADAS PÁG.15

OBRAS CAMPO DE JOGOS SERAFINA PÁG.18

eXECUTIVO

+ AGROFLORESTA_PÁG.14 + CAMPANHA SEM BEATAS_PÁG.20 + GENTE NOSSA_PÁG.19 + CENSOS 2021_PÁG.21

ANDRÉ NUNES DE ALMEIDA COUTO PRESIDENTE

ANA RAQUEL MOREIRA DA SILVA

BRUNO LOURO Tesoureiro

SECRETÁRIA

bruno.louro@jf-campolide.pt

raquel.silva@jf-campolide.pt Atendimento: 3.ª feira - Mediante marcação prévia

Atendimento: 4.ª feira - Mediante marcação prévia

Pelouros: Equipamentos, Habitação, Acção Social, Colectividades, Igualdade de Oportunidades.

Pelouros: Informática, Recursos Humanos, Serviços Administrativos, Comércio e Licenciamento, Financeiro e Contratação.

BRUNO corgas GONZALEZ

Maria Cândida Cavaleiro Madeira

bruno.gonzalez@jf-campolide.pt

candida.cavaleiro.madeira@ jf-campolide.pt

Vogal

Vogal

Atendimento: 6.ª feira - Mediante marcação prévia Pelouros: Educação e Desporto, Restauração.

Assembleia de Freguesia: Presidente · MARTA VIEIRA DA CRUZ | PS

1º Secretário · Carlos José Reis Lopes Ramos | PS 2º Secretário · Miguel belo marques | PS

Atendimento: Mediante marcação prévia Pelouros: Saúde

Restantes Membros: Januário Gomes da Costa, Luís Filipe Correia Rosa, Cátia Sofia da Cruz Costa, Teresa de Jesus Cancela Dias Baptista, Maria Antónia Ramos Serra Fernando Manuel Rodrigues Santos Emanuel Seixas de Almeida e Sousa, João Carlos Infante Gameiro Maria José Branco Ferreira do Nascimento Garcia Arnaldo Paulo Cardoso

André Couto · Direcção | Sofia Julião · Coordenação | Junta de Freguesia de Campolide · Redacção | Taiz Collovini · Paginação MARIANA BRANCO · Fotografias | Junta de Freguesia de Campolide · Propriedade | 121904/98 · Depósito Legal | 9 000 exemplares · Tiragem


EDITORIAL

Aproveitar o ar livre Caros Vizinhos e Vizinhas,

ANDRÉ NUNES DE ALMEIDA COUTO PRESIDENTE

andre.couto@jf-campolide.pt www.facebook.com/andre.ndac Atendimento: 4.ª feira - Mediante marcação prévia

Pelouros: Comunicação, Espaço Público, Espaços Verdes, Inovação e Defesa do Meio Ambiente, Higiene Urbana, Recenseamento Eleitoral, Cultura, Grandes Opções do Plano, Protecção Cívil e Segurança, Transportes, Departamento de Proximidade ao Vizinho.

A pandemia que a todos nos fez sofrer foi a motivação para o Poder Local estreitar ainda mais a sua relação com a população. A Junta de Freguesia de Campolide não foi excepção, e o elevado número de Vizinhos e Vizinhas que contou com o nosso apoio é a confirmação da vocação de uma Junta de Freguesia, a primeira linha de defesa perante um embate desta magnitude. Foi neste quadro que desenvolvemos o Departamento de Proximidade ao Vizinho, uma estrutura de ligação entre os moradores de Campolide, as suas necessidades e outras entidades parceiras, públicas ou não. Em memória destes tempos tão duros, para uns ultrapassados, para outros, ainda não, partilhamos consigo alguns testemunhos sentidos, alguns casos que contaram com a JFC para minorar as dificuldades geradas no pandemónio que o necessário, mas consequente, confinamento implicou. Uma coisa que aprendemos todos a valorizar ainda mais foi a vida ao ar livre. Descubra neste boletim o que andamos a fazer na Bela Flor, aplicando técnicas de cultivo saudáveis e sustentáveis, as obras de melhoramento que devolveram o Campo de Jogos da Serafina com melhores condições para a prática desportiva e o grupo de caminhadas de Campolide, que regressou à sua actividade regular, dinamizando os passeios a pé, como forma de um saudável convívio. Além das rubricas habituais sobre as pessoas e os locais da nossa Freguesia, damos-lhe também notícia de duas novidades muito especiais. A chegada da nossa carreira de bairro, um autocarro que percorre especificamente os bairros de Campolide, apenas dentro das nossas fronteiras, um desejo antigo de quem mora mais afastado de outros meios de transporte, e o lançamento da campanha Campolide Sem Beatas, marcado pela distribuição de milhares de cinzeiros de bolso. Queremos passar mais tempo ao ar livre, é certo, mas, cada vez mais, em harmonia com o espaço que nos rodeia, sejam os jardins, espaços verdes, ou as ruas e praças onde habitamos. Usufruir não implica sujar. Uma última nota de pesar, para lamentar a morte do nosso companheiro na JFC, Luís Loureiro, que era também um dedicado marchante da nossa Bela Flor-Campolide. Até sempre, Luís. Um abraço!

O CELEIRO SOLIDÁRIO DA JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE FACULTOU:

JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE Rua de Campolide, 24 B – Tel: 21 388 46 07 e-mail: geral@jf-campolide.pt www.jf-campolide.pt Reunião aberta: Primeira 4.ª feira de cada mês

570.648

DOSES

até ao fim de MARÇO de 2021

ESTE ANO TAMBÉM PASSOU A SER CONTABILIZADO:

2.882.162 1.263.092 Uni. de FRUTAS/VEGETAIS

unidades de COMPLEMENTOS

PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL E HABITACIONAL PRODUTOS PARA ANIMAIS

159 Kg

45 Kg


• CAPA •

DAR A MÃO A QUEM PRECISA UMA REDE DE APOIOS Seja pela distribuição de alimentos, pela atribuição do Fundo de Emergência Social ou pela mediação no acesso a outros apoios, como o Lisboa Protege, a Junta de Freguesia de Campolide foi o pólo dinamizador da solidariedade em Campolide, sem mãos a medir e em contacto com muitas e diferentes situações. Conheça algumas delas.

EDIÇÃO Nº95 MAIO/JUNHO 2021

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FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

asceu há 57 anos, na cidade de Gouveia, no Distrito da Guarda. Carlos Bento veio para Lisboa há uma década e meia, para trabalhar na Construção Civil. Nem sempre o trabalho está disponível, nos tempos mais recentes ganhava a vida nas feiras, ajudando os comerciantes. A chegada da pandemia foi desastrosa, os feirantes recolheram a casa e “as coisas foram por água abaixo”, como bem resume. Os azares acumularam-se, Carlos estava a residir numa casa ocupada, mas o proprietário vendeu esse espaço e os novos donos “fecharam tudo com tijolo, para que ninguém mais fosse para ali”. Já não tem pais, tem sim dois irmãos, mas emigraram em busca de vida melhor, estão na Suíça. Tem um filho, já adulto, de 27 anos, a viver em Faro, com a mãe. Carlos viu-se a morar na rua, como tantos outros deserdados da sorte. Em Outubro de 2020, surgiu uma primeira luz, no seu ca-

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minho. O projecto Housing First da Associação Crescer, conseguiu arranjar-lhe uma casa, um T0 que nos mostra com admirável orgulho, espaço impecavelmente mantido e por si decorado. Instalado numa pequena vila, mora agora no coração de Campolide, na rua com o mesmo nome. Sem trabalho, precisava de apoio também para a alimentação e nesse mesmo mês recorreu à Junta de Freguesia de Campolide (JFC) , “senão, não tinha o que comer, muitas vezes vamos às carrinhas de apoio, mas aquilo não chega para todos, essa é que é a verdade”, desabafa. Recolhe a comida na Escola Mestre Querubim Lapa, e não se poupa a elogios, na forma como é tratado e à qualidade dessa mesma alimentação, “impecável”, nas suas próprias palavras. “Fez uma diferença muito grande, se não fosse assim teria de ir a Santa Apolónia buscar comida. Chegamos lá e dão-nos um saco com duas carcaças e um pacote de leite!”.


tória para as prestações do carro, mas a situação não era nada fácil, “com uma renda de 400 euros para pagar e a receber 590. Contei com a ajuda do meu ex-marido para podermos pagar a escola da minha filha”. Os receios eram por si, mas, compreensivelmente, igualmente pela filha. “Depois de ser mãe percebi o quanto pode ser frágil uma situação”, resume, debitando as palavras pausadamente, de forma sentida.

DIFICULDADES NUM PAÍS ESTRANGEIRO

CARLOS BENTO Longe vão os dias em que Carlos tinha um bar, na sua terra natal, nos finais da década de 80, e jogava Futebol Federado. Em 1991, trespassou a casa e rumou, também ele, à Suíça. “Já passei um bocadinho, já. Pelo menos, a viver na rua, foram sete anos”, lamenta-se. No dia em que falámos, Carlos começou a frequentar um curso, uma acção do Centro de Emprego e Formação Profissional, na área da Hotelaria, “a parte teórica é em Xabregas, as aulas práticas vão ser aqui perto, no Rato”, conta-nos. Mais uma etapa para um regresso à vida.

Nasceu em Angola, país de onde emigrou há década e meia, rumando a Lisboa em busca de dias mais risonhos. Mavinga Cabingi tem 39 anos, mora em Campolide com o marido e dois filhos, uma rapariga com 19 anos e um bebé, nascido no ano mais estranho das nossas vidas, com apenas 7 meses. Na sua terra natal está um terceiro filho, de 23 anos, já com outra autonomia. “Trabalhava em limpezas, em Hostels, por conta própria, um pouco o que aparecesse. Quando estava grávida de três meses fiquei desempregada, por causa da pandemia, fechou tudo, incluindo as casas de repouso onde também fazia algum trabalho. Fiquei sem clientes”, recorda. O marido trabalha em limpezas, mas numa vertente diferente, condomínios. “Ele nunca parou, porque o que ele faz é diferente, limpa patamares de escadas, empresas, um trabalho que faz sozinho”, descreve-nos. Com a situação a apertar e o ordenado dele a ter de dar para tudo, a JFC foi a opção, para beneficiar de ajuda com alimentação. “Não foi nada complicado, imagino que haja muita gente a pedir o mesmo, com toda esta situação da pandemia e as pessoas a não poderem trabalhar. Vou uma vez por semana à Escola Mestre Querubim Lapa buscar alimentos e estou muito grata por esta ajuda, se não fosse

CARLA PINA

NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

Carla Pina é cabeleireira, tem 41 anos. Nem sempre foi essa a sua profissão, mas aos 26 anos deixou a área das vendas e abraçou este novo ofício, enfileirando num grupo de renome, os estabelecimentos Lúcia Piloto. Mora em Campolide há cinco anos. “Em 2020 estava a trabalhar nas Amoreiras, entrei de Baixa a 15 de Março e depois fiquei de Assistência à Família. O pai de uma criança na escola da minha filha acusou positivo à Covid-19, ficámos todos muito preocupados”, conta-nos. Pouco depois entrava em lay-off e as dificuldades monetárias aumentavam. Foram dois meses sem baixa nem ordenado, as contas iam estrangulando, acabou por decidir dirigir-se à JFC. “Fui pedir apoio, fiquei com ajuda na alimentação, ainda hoje estou a receber. Sou comissionista, o que significa que recebo o salário mínimo e o resto é pago através de comissões”, explica-nos. Negociou uma mora-

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ADRIANA GAETANO

EDIÇÃO Nº95 MAIO/JUNHO 2021

isto, não sei como seria”, confessa, partilhando as suas expectativas. “Ando à procura de creche para colocar o meu filho e poder voltar a trabalhar”. Neste momento, enquanto não consegue regressar à sua actividade, vai fazendo algumas vendas de perfumes, maquilhagens, cosméticos e produtos de beleza de uma marca bem conhecida. Adriana Gaetano nasceu num país onde a comunidade portuguesa tem tradição, na Veneuzela, há 32 anos. Veio para Portugal há um ano e meio, com uma criança de colo que tem agora dois anos, um rapaz, filho de pai português, com quem mora. No início de 2020 estava a “trabalhar num Call Center, uma empresa espanhola, com a pandemia o meu filho passou a estar em casa e tive de ficar com ele. Não é um trabalho que conseguisse fazer com ele ao pé e acabaram por me despedir”, relata-nos. O marido trabalha como motorista, o salário dele para a alimentação dos três, vestuário e pagar uma renda de 500 euros, é a única fonte de rendimento actual. Precisou de contactar a JFC para pedir ajuda com a alimentação. “Estou muito agradecida por esta ajuda, se não fosse desta forma, não sei como conseguíamos passar por isto”, reconhece. No seu país de origem trabalhava como administrativa, tem mesmo formação em Comércio Internacional, mas o fraco domínio do português tem sido um enorme empecilho, quando chega a hora de responder a anúncios ou apresentar-se a entrevistas para uma vaga. Mesmo assim, sente alguma alegria, pensando no futuro e zelando pelo filho, porque “aqui, ele pode estudar numa escola gratuita e é uma boa escola”.

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SARA FERREIRA VIDAS QUE PARARAM Durante 16 anos Sara Ferreira trabalhou na restauração, chegou mesmo a arriscar um estabelecimento, a Tasquinha de Baco, em Alfama, um projecto que se manteve operacional durante cinco animados anos. Foi sempre alimentando o sonho de se dedicar a uma outra área, o seu objectivo não era permanecer para sempre a um balcão. Em 2018, com o seu curso de esteticista completado, decidiu começar uma nova aventura profissional. Primeiro no Top Spa, equipamento instalado no Hotel Altis Belém, depois no Restelo. “Tinha um contrato, mas era considerado um estágio profissional, quando engravidei, as coisas precipitaram-se, não me passaram para os quadros”, conta. À espera da pequena Eva, nascida em Janeiro de 2020, executava o seu trabalho no Hotel do Bairro Alto, “e fazia serviços por conta própria para o Ramada, o antigo Altis Park”. Foi aprofundando o saber e a prática, nas massagens, trabalho de manicure e pedicure, drenagem linfática ou massagem ayurvédica (também conhecida como massagem indiana). O cenário mudou, foi parar ao Fundo de Desemprego. Contudo, como não tinha 12 meses de descontos como trabalhadora por conta de outrém, a solução foi o Rendimento Social de Inserção, colocando toda a esperança na licença de maternidade, para complementar o combate às despesas. “Em Março fechou tudo, ainda estamos à espera que reabra, talvez agora, em Agosto isso possa acontecer”, vai explicando, com a calma possível para quem depende de ajudas sem poder regressar ao ofício que abraçou. O Fundo de Emergência Social (FES), um dos apoios criados com a pandemia, foi a solução encontrada para equilibrar


FLORBELA OLIVEIRA LEANDRO OLIVEIRA minimamente a instabilidade que ameaça galgar os seus dias. “Contactei a JFC em Agosto de 2020, recebi este ano, nos meses de Março e Abril, e o valor que recebi foi a solução encontrada para pagar dois meses de renda”, resume, com calma e clareza. Além deste pedido de auxílio à JFC, que também lhe facultou contactos no Banco Alimentar, de onde lhe chegam alguns produtos que ajudam a manter a despensa regularizada, Sara evoca igualmente o papel de alguns familiares, pilares fundamentais para ultrapassar estes meses mais complicados. Não perde o sorriso e diz-se pronta para “regressar à sua actividade, assim que seja possível, com todas as cautelas necessárias, mas regressar, sim. É o que gosto de fazer!”.

Leandro Oliveira também desenvolve actividades artísticas, essencialmente na música. E até já foi designer gráfico. Algarvio apenas de nascimento, é em Campolide que cresceu e vive, desde os seis anos de idade. A mobilidade reduzida afecta-lhe o andar, mas não a vontade de seguir em frente. “Percebi há muito que tenho de ir à luta e não quero ser visto pela diferença, pela deficiência que tenho. Em 2019 estava a viver num parque de campismo, numa caravana, fui a uma sessão pública da CML e acabei por conseguir que me arranjassem uma casa, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa auxilia-me com uma parte da renda, o que é uma segurança para mim”, reconhece este jovem de 32 anos. Foi necessária uma caução, contactou a JFC, reuniu-se com o Executivo e com o apoio conseguido foi-lhe possível pagar essa garantia monetária e dar o pontapé de saída para o arrendamento da casa onde vive. Foram dias difíceis, para todos. “A pandemia colocou a nu muitas situações delicadas”, reflecte.

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NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

Estamos agora na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro. Mora em Campolide desde os sete anos. Resguarda a idade, quando fala de si e da sua arte. Florbela Oliveira vai mexendo no cabelo para contrariar algum nervosismo, compreensível para quem está habituada a ver a vida por muitos olhos diferentes, mas sempre experimentando vidas inventadas. “Sou actriz, encenadora de Teatro, escrevi agora um argumento para cinema. Estava a trabalhar na Ordem dos Médicos, a dar aulas lá, quando a pandemia rebentou e a Ordem fechou”, recorda. Após os primeiros dois meses, partilhando da ilusão generalizada sobre a curta duração deste problema, também ela contactou a JFC. “Tenho recebido ajuda com a alimentação, é uma ajuda

óptima, a comida é muito boa e as pessoas que lá trabalham são muito humanas”, faz questão de acrescentar. Desfila os meses mais recentes, habitados pela perda, quando nos conta sobre o processo de separação que vive ou a morte da grande senhora dos palcos portugueses, Carmen Dolores, “uma autêntica mãe para mim”, confessa.


#LisboaProtege

EDIÇÃO Nº95 MAIO/JUNHO 2021

JOSÉ CARLOS SANTOS

RUTE CARVALHO

PEQUENAS EMPRESAS

Como é sabido, não foram apenas as famílias a serem afectadas com toda esta situação resultante da pandemia. O encerramento compulsivo de muitos negócios e a diminuição da sua capacidade de servir o público, quer pelas limitações de horários, quer pela redução de clientes que podem estar no interior dos estabelecimentos, foram factores determinantes para uma assinalável redução de facturação e, em alguns casos, impossibilidade total de realizar algum negócio sequer. Um dos sectores mais afectados, e cuja presença no nosso quotidiano é bastante expressiva, é a restauração.

o papel da JFC, na informação sobre os apoios e procedimentos a ter, acompanhamento de todo o processo, isenção de taxas e outros pormenores”. O apoio, com verbas da Câmara Municipal de Lisboa (CML), foi recebido em duas parcelas, em Fevereiro e Março, e agora a aposta passa por tentar capitalizar o bom tempo do Verão. “Já me reuni com o Presidente da JFC, que se mostrou bastante rápido e ágil a dar atenção, queremos fazer mais coisas com a esplanada e parece haver abertura por parte da Autarquia. Neste contexto, não se consegue ter um negócio sem qualquer tipo de apoio”, desabafa.

José Carlos Santos tem 46 anos e está no restaurante O Baloicinho desde os 14. Mas nunca a casa onde hoje é sócio-gerente tinha passado por uma situação como a de 2020. “A primeira vez que houve confinamento, em Março, foi complicadíssimo, ninguém estava à espera de uma coisa destas. Esta zona vive muito de escritórios, as empresas fecharam, a clientela desapareceu, não havia apoios, enfim, foi muito difícil”, recorda, de forma sentida, este comerciante da Rua Professor Sousa da Câmara. “Chegámos ao Natal, parecia que as coisas iam melhorar, mas, em Janeiro, houve novo confinamento. Desta vez foi diferente, o apoio do Lisboa Protege foi essencial e nunca chegámos a fechar completamente, avançámos para entregas em regime de take away”, conta-nos, salientando como “foi muito importante

Os profissionais que se ocupam da imagem de cada um de nós também sentiram as extremas limitações impostas pelas medidas sanitárias instauradas no combate à pandemia. Um sector cuja paragem foi bastante discutida foi o dos barbeiros e cabeleireiros. Falámos com a proprietária do Rute Cabeleireiro, estabelecimento instalado na Rua Dom Carlos de Mascarenhas. “Estamos abertos há sete anos, mas já trabalho em Campolide desde os meus 18 anos, também num cabeleireiro, na Rua Conde das Antas. A nossa clientela tem uma faixa etária já com uma certa idade, a loja antiga era num primeiro andar, aqui é melhor, subir escadas para essas pessoas é complicado”, vai explicando Rute Carvalho, actualmente com 44 anos. Todos os problemas desencadeados

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pela Covid-19 ainda se fazem sentir, mas reconhece que as medidas criadas foram fundamentais para combater a fragilidade económica generalizada. A sua pequena empresa foi também uma das que, através da JFC, se candidataram e integraram o programa Lisboa Protege, da CML. Logo em 2020 colocou a sua funcionária em lay-off, ainda sem imaginar que a duração do problema chegaria ao ano seguinte, ainda com maior gravidade. “Esta segunda vaga foi muito pior, as pessoas estavam menos medrosas, ligaram menos às cautelas a ter, estava toda a gente mais desleixada”, considera. Os dois filhos, passaram para as aulas à distância, o marido, que trabalha na Construção Civil, nunca parou de trabalhar. Em 2021, as empresas estavam ainda a sofrer com as quedas de facturação do ano anterior, convivendo com as incertezas sobre a chegada das vacinas ou a sua eficácia. “Foi difícil, mas entre os apoios que foram criados e as ajudas da família, lá se conseguiu levar as coisas em frente. Tudo se faz”, acaba por admitir. Casada com dois filhos, é com algum optimismo que agora reabre as portas, atendendo por marcação, com as máscaras e o gel desinfectante a juntarem-se aos utensílios que já usava. “As primeiras semanas foi uma correria de gente a marcar, depois abrandou, mas é melhor do que estarmos fechados”, resume. nc.


CESSIBILIDADE • A •

Uma

PARA A IGUALDADE

A

inda recentemente, quando dizia aos seus garotos para irem todos para o pátio, ao ar livre, era muito mais difícil começar a brincadeira. Cristina Carrilho tinha de sair por uma outra porta e contornar o edifício enquanto as crianças do Jardim de Infância aguardavam, à saída do acesso lateral que liga ao pátio, à espera que a sua Educadora se juntasse ao grupo. Agora, apesar da scooter eléctrica em que se move, não tem de separar-se das suas crianças.

Este é apenas um exemplo concreto dos evidentes benefícios que a rampa construída pela Junta de Freguesia de Campolide (JFC), no espaço ocupado pelos alunos do Jardim de Infância da Escola Básica Mestre Querubim Lapa, veio trazer ao funcionamento regular das actividades e à qualidade de vida de todos os envolvidos, hoje, e no futuro. “Depois da interrupção do Natal, quando regressámos, deparei-me com esta magnífica surpresa. Claro que faz toda a diferença, e não falo só por mim, com toda a franqueza, por exemplo, já tive um aluno com paralisia cerebral”, explica-nos a Educadora de Infância.

FOTOGRAFIA: MARIANA BRANCO

situação das pessoas com mobilidade reduzida. Já vamos encontrando algumas melhorias, mas ainda há muito a fazer”, considera esta sorridente professora.

O APOIO DAS CRIANÇAS

Educadora desde 1982, Cristina Carrilho, 57 anos de idade, reconhece que a sua actividade, além do profissionalismo com a que a ela se entrega, é também uma fonte de alívio para alguns dos problemas que enfrenta. “Faz-me mesmo muito bem, trabalhar com crianças”, reconhece, enquanto acede a partilhar connosco a sua realidade. “Em 2003 foi-me diagnosticada esclerose múltipla, três, quatro anos depois começou a manifestar-se”, recorda. Por isso, a alegria das crianças, a energia que demonstram, é uma forma de prolongar o seu bem-estar, aguça o seu optimismo. Com a pandemia e o necessário confinamento em casa, sentiu bem a falta destas crianças. “Fez-me muita impressão não podermos festejar os aniversários, que é sempre uma data muito alegre na sala, celebramos em conjunto e eles divertem-se muito”, realça. Em cada ano, é lançado um desafio aos alunos do Jardim de Infância, um tema que serve de orientação para os trabalhos criados, actividades sugeridas, uma forma de organizar o conhecimento. Olhamos para a porta no cimo da referida rampa de acesso ao espaço de aprendizagem e lá estão as notas sobre o tema escolhido para este ano lectivo. O título não nc. podia ser mais inspirador: EU COM… SIGO.

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NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

Num tempo em que a inclusão é encarada como um conceito abrangente, e se abordam as dificuldades e necessidades de diferentes tipos de pessoas, é fundamental que essas preocupações se estendam a questões muito concretas. “Quando se fazem obras, deve ter-se em conta a

A rampa de acesso construída pela Junta de Freguesa de Campolide na Escola Básica Mestre Querubim Lapa é mais um contributo para ultrapassar as dificuldades de quem tem mobilidade reduzida.


ÇÃO SOCIAL • • AC

Departamento de Proximidade ao Vizinho AINDA MAIS PRÓXIMOS

Sendo a Junta de Freguesia a entidade mais próxima dos problemas dos Vizinhos e das famílias de Campolide, a criação de um Departamento de Proximidade vem reforçar e facilitar essa relação de solidariedade. FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

O

s tempos mais recentes desencadearam uma quebra de rendimentos em muitos Vizinhos e Vizinhas, realçando muitos problemas de debilidade social, alguns que já eram acompanhados, outros que tiveram origem em todas as situações que a pandemia e os sucessivos confinamentos implicaram.

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“A situação que se abateu sobre todo o país demonstrou, mais uma vez, a importância do Poder Local, uma vez que, as primeiras entidades a quem os cidadãos recorrem em dificuldades extremas, aquelas que vão ser o rosto e a linha avançada da protecção do Estado, são as Câmaras Municipais e, antes ainda, as Juntas de Freguesia. Seguindo essa lógica, tivemos de integrar na nossa orgânica os novos desafios que os apoios criados e as necessidades crescentes ao longo deste período desencadearam. Naturalmente, também a própria organização do trabalho da JFC foi influenciada por tudo isto e teve de se transformar para podermos dar resposta de forma eficaz”, conta-nos André Couto, Presidente da Junta de Freguesia de Campolide. E é neste contexto que nasceu o novo Departamento de Proximidade ao Vizinho da Junta de Freguesia de Campolide (JFC), um conceito que traz consigo uma ideia de colaboração e ajuda, mas é também uma aposta assumida na participação activa de todos. “A ideia é chegar a qualquer Vizinho que possa vir ter connosco ao estar a passar por dificuldades financeiras, ou saiba de alguém que necessita do nosso apoio, cada Vizinho também é responsável pelo que está à sua volta”, alerta Cláudia Correia, coordenadora desta nova estrutura da JFC.

Diminuição de rendimentos Sofia Teixeira, também do mesmo departamento, ex-

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Cláudia Correia

plica-nos a articulação da JFC com uma das principais iniciativas criadas para fazer frente aos problemas que surgem. “O Fundo de Emergência Social (FES) é um apoio disponibilizado pela Câmara Municipal de Lisboa, destinado a apoiar os agregados familiares onde se façam sentir maiores carências económicas. E foi também criado o FES Covid-19 para ir ao encontro dos desempregados que estão a aguardar uma resposta por terem visto os seus rendimentos diminuídos”, esclarece. A intervenção da JFC é fundamental, uma vez que procede à sinalização dos casos e constitui-se como o elo de ligação natural, ao qual os Vizinhos e Vizinhas recorrem. “Neste momento, há 80 pedidos e já ajudamos cerca de 30 agregados familiares”, acrescenta esta profissional. O relacionamento institucional é fundamental. Muitos destes pedidos, chegam através dos canais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), e outros, que não se enquadram nos pressupostos abrangidos pela actividade, possibilidades e competências da JFC, são encaminhados para a mesma instituição. É também num trabalho permanente com a SCML que se desenvolve o Projecto Radar, uma plataforma essencial onde são registados e tratados os contactos de todas as pessoas sinalizadas. “esse registo é essencial para que, posteriormente, nós possamos fazer os contactos necessários e dar seguimento ao acompanhamento das diferentes situações que surgem”, explica-nos Sofia Teixeira, também ela parte integrante deste novo Departamento de Proximidade.


Sofia Teixeira

Apoios vários As formas de auxílio e protecção são variadas. Do apoio na Saúde, com situações que precisam de acesso a consultas médicas, ao combate a um dos grandes flagelos dos nossos dias, o isolamento em que tantos se refugiam ou se vêem enclausurados. A pensar nesse quadro, mantém-se o Campolide Apoia, possibilitando apoio psicológico a quem necessite, sem qualquer estigma ou preconceito sobre quem procura ajuda. É normal, precisar de partilhar os medos, os anseios, as expectativas e as frustrações, e o ideal é fazê-lo com uma profissional de Saúde Mental. Depois, há outras situações muito concretas, relacionadas com processos que todos temos de cumprir em diversas fases do ano, como o preenchimento da Declaração de IRS. O atendimento presencial, devidamente agendado, tem possibilitado, desde Abril, esse e outros apoios, com vista a resolver o problema de quem não tem acesso à Internet ou se depara com dificuldades na utilização das ferramentas online. Este departamento acaba por ser uma espécie de porta de entrada na JFC, porque “à medida que vamos tomando conhecimento das situações que nos chegam, procedemos à sua análise e encaminhamento para outros departamentos”, acrescenta Sofia Teixeira.

Um dos projectos nascidos durante a pandemia, impulsionado pelo confinamento, mas que se revelou uma óptima estratégia de combate à solidão e às consequências de quem vive sozinho ou sem família é o Campolide Canta

os Parabéns. “Em 2020 tudo começou num outro clima, agora podemos fazer outras coisas e explorar outro tipo de abordagens, não estamos tão limitados pelo confinamento”, salienta Catarina Modesto, responsável por coordenar esta iniciativa inovadora da JFC. “Por exemplo, actualmente, entregamos um bilhete de parabéns, que inclui frases de autores portugueses, é uma forma de chegarmos mais facilmente a todos. E podemos cantar os Parabéns no átrio do prédio”, explica-nos. Além disso, qualquer Vizinho pode indicar outro para ser tido em conta neste projecto, é uma forma de aumentar a participação das pessoas e reforçar as relações de vizinhança. Esta iniciativa para celebrar o aniversário dá uma especial atenção a todos os Vizinhos e Vizinhas que estejam a passar por dificuldades financeiras, é uma forma de tornar a sua vida mais agradável, porém, para isso é essencial que “os vizinhos informem a JFC até ao dia 5 de cada mês, sobre situações de pessoas que estejam a viver momentos de dificuldades financeiras, ou outros casos onde se revele uma ausência de suporte familiar, para lhes cantarmos os parabéns”, fazem-nos saber. Um trabalho desta natureza está em permanente construção, e as ideias vão surgindo, à medida das necessidades e das possibilidades. Neste momento, está a nascer um Banco de Fraldas, a pensar nas famílias mais fragilizadas, com crianças pequenas, mas também na população idosa, “tendo em conta a situação financeira e a estrutura do agregado familiar. Por isso, neste momento, aceitamos doações de fraldas, para fazer crescer essa nova forma de nc. ajudar”. Fica o apelo.

NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

Cantar os Parabéns

Catarina Modesto

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CARREIRAS

DE

BAIRRO

BILIDADE • • MO

Carreira de Bairro 61B MAIS TRANSPORTE EM CAMPOLIDE

Campolide tem um novo autocarro, a Carreira de Bairro 61B. A viagem inaugural decorreu a 11 de Maio e o Notícias de Campolide acompanhou o percurso. FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

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instalação da nova carreira de bairro foi mais uma etapa importante na consolidação da política de transportes públicos em Lisboa. Tem por designação 61B, executa um trajecto entre os Bairros da Bela Flor e da Serafina, mas percorre toda a Freguesia, facilitando a movimentação no interior do nosso território. Na viagem inaugural, André Couto, Presidente da Junta de Freguesia de Campolide não escondia a sua satisfação com este novo serviço, e a melhoria na qualidade de vida que ela vai garantir. “Esta nova carreira de bairro é uma conquista muito importante para Campolide, com a municipalização da Carris houve um compromisso de se reforçar o serviço público de transportes nesta Freguesia. É o que se tem vindo a fazer e este é um momento importante nessa política de transportes públicos”, realça. A nova carreira de bairro tem início na Rua da Bela Flor e segue pela Calçada dos Sete Moinhos, R. Prof. Sousa da Câmara, R. de Campolide, R. Vítor Bastos, R. Marquês da Fronteira, Travessa de Estêvão Pinto, R. de Campolide, Praça Marechal Humberto Delgado, Rua B - Bairro da Liberdade, R. São Vicente de Paulo - Bairro da Serafina, Rua B - Bairro da Liberdade, Rua de Campolide, Travessa de Estêvão Pinto, R. Marquês da Fronteira, R. de Campolide, R. Prof. Sousa da Câmara, Calçada dos Sete Moinhos e R. Bela Flor, onde faz terminal. Cruza com outras linhas da CARRIS: 701, 702, 712, 742, 758 e 770. O percurso definido tem como objectivo cobrir as zonas da Freguesia com maiores dificuldades no acesso, tornando-o mais fácil e rápido, embora sem esquecer nenhuma área de Campolide. “A carreira 61 B vai, acima de tudo, su-

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prir carências de transporte público que se verificavam na Quinta da Bela Flor, no Bairro da Liberdade e no Bairro da Serafina, embora sirva Campolide inteira. Foi desenhada de forma a ligar todos os microclimas da Freguesia entre si e ligá-los aos principais serviços”, esclarece. Funciona todos os dias das 07h00 às 20h30 horas, com intervalo médio de 30 minutos nos dias úteis e de 50 minutos aos fins-de-semana. Todos os títulos de transporte da rede urbana da CARRIS são válidos, assim como o passe exclusivo "Carreiras de Bairro" (10€ por 30 dias). A criação desta linha enquadra-se numa visão mais ampla, “juntando-se à estação do Metropolitano, que irá ser inaugurada em breve, e será igualmente determinante para a mobilidade dos Vizinhos e Vizinhas de Campolide”, recorda André Couto. O autarca explica como esta medida se insere nas tendências urbanísticas, e até ecológicas, dos nossos dias, sendo “um contributo para aquilo que cada vez se fala mais em toda a Europa, a cidade 15 minutos, ou seja, a possibilidade de todos estarem a 15 minutos de qualquer serviço essencial, através dos transportes públicos, num conceito de vida sustentável, em cidade. Isso permite uma diminuição da necessidade de andarmos de automóvel, tanto para nos deslocarmos até aos serviços de que necessitamos, como para acedermos à rede de transportes que nos liga ao resto da cidade”. Seguindo a linha que trouxe de volta o famoso eléctrico 24 às ruas da nossa Freguesia, André Couto olha para este novo transporte como “um compromisso que assumimos e que fica agora cumprido, o reforço do transporte público nc. na Freguesia de Campolide”.


"Esta nova carreira de bairro é uma conquista muito importante para Campolide..." André Couto

CARREIRAS

DE

BAIRRO


• AMBIENTE •

agrofloresta

Joaquim Espada

PLANTAR DE FORMA NATURAL

Bela Flor Respira

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essegueiros, limoeiros, figueiras, nespereiras, clementinas, em harmonia com choupo, lavanda, freixo ou cidreira. A encosta junto à Rua da Pedreira do Fernandinho, no Bairro da Bela Flor, é um espaço de natureza onde “convivem espécies hortícolas e aromáticas com árvores de fruto. Com esta mistura, estamos a proceder à simulação de um ambiente florestal, com espécies que têm diferentes necessidades de luz, crescem em conjunto e apoiam-se mutuamente”, explica-nos Joaquim Espada, o formador residente do Bela Flor Respira – Agrofloresta de Campolide.

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Ao longo de muitos anos, a queda das folhas, dos ramos, a deposição de animais mortos, tudo isso alimentava o solo e enriquecia-o, ajudando a manter a sua humidade e aumentando a sua fertilidade. Com a crescente intrusão humana, esse procedimento alterou-se, a mineralização natural do solo foi substituída pela adição de produtos químicos. Regressar às técnicas naturais tem, desde logo, a vantagem de alimentar o solo onde as plantas vão germinar mais facilmente com elementos naturais, facilitando a manutenção da humidade da terra, e é isso que se pretende reproduzir aqui.

A HORTA À PORTA DE CASA Além do interesse para aumentar os conhecimentos de cada um e sensibilizar para uma maior consciência das vantagens ambientais e sanitárias em optarmos por métodos de cultivo sem aditivos artificias, os alimentos cultivados destinam-se a serem colhidos e consumidos pelos

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O projecto Bela Flor Respira está desde Dezembro de 2018, no bairro com o mesmo nome. Descubra as vantagens de recuperarmos uma agricultura ancestral. FOTOGRAFIA: MARIANA BRANCO

Vizinhos e Vizinhas que o pretendam. “Os que são mais rapidamente colhidos, são aqueles alimentos que as pessoas conhecem melhor”, acrescenta Joaquim. Antes da pandemia, muitos vieram de vários pontos do país, para aprender esta técnica. Eram cerca de 30 pessoas, acompanhando com regularidade as actividades e formações que aqui ocorreram desde o fim de 2018. Como é do conhecimento público, a circulação e todas as actividades que implicam convívio foram fortemente afectadas desde o início de 2020. Contudo, semanalmente, alguns voluntários prosseguem os trabalhos e a aprendizagem desta técnica, neste projecto pioneiro. Neste momento, são cinco pessoas de cada vez, mantendo as cautelas necessárias e respeitando as medidas de protecção de que depende a saúde de todos, mas a vontade de continuar é muita. Joaquim está ligado a este espaço desde 2018, quando os trabalhos começaram. Trabalha em Agrofloresta, esta técnica de cultivo, há sete anos, depois de vários anos ligado à Construção Civil. “Fiz várias formações e tive a sorte de aprender com o suíço Ernst Götsch, um agricultor e investigador, conhecido como o pai da chamada Agricultura sintrópica, um método que procura replicar os chamados ecossistemas virgens, ou seja, que não sofreram interferência humana. Ele desenvolveu o seu trabalho no Brasil, e aqui, em Portugal, o que estamos a fazer neste bairro é absolutamente pioneiro”, explica-nos. nc.

saiba mais em: https://belaflorrespira.wixsite.com/agrofloresta www.facebooom/belaflorrespira/ www.instagram.com/belaflorrespira/


CÁTIA COSTA

FRANCISCO MESTRE

PÉS AO CAMINHO! 2021

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As caminhadas por Monsanto estão de regresso, para alegria de todos os que se juntam ao Domingo. Exercício para o corpo e convívio com os Vizinhos e Vizinhas.

poeta castelhano Antonio Machado (18751939) escreveu que “o caminho faz-se caminhando” e a frase assenta que nem uma luva para saudar o regresso do grupo Campolide Todos Juntos - Grupo de Caminhadas que, em Abril deste ano, assinalou o seu terceiro aniversário. No total, são já mais de 1200 quilómetros percorridos em conjunto. “Regressámos dia 9 de Maio, com a 94ª caminhada. Isto tornou-se num hábito, quase um modo de vida para muita gente, desde o início que nos iam chegando pessoas de fora de Campolide, vindas de Benfica, Odivelas ou Massamá”, conta-nos com alegria Cátia Costa, uma das fundadoras desta iniciativa, em conjunto com Francisco Mestre, Agente Principal da 21ª Esquadra da PSP.

ponto de encontro é junto à Quinta do Zé Pinto, a partir daí começamos a subir em direcção a Monsanto e há um segundo ponto de encontro, no Parque do Calhau, onde também vão ter algumas pessoas. Alguns até trazem os seus animais”, explica-nos.

O corpo e a mente Estas caminhadas valem, essencialmente, por três motivos. Por um lado, os benefícios que esta prática implica para a manutenção de uma saúde equilibrada, como muitos fazem questão de comprovar publicamente: “há pessoas que nos trazem os resultados das análises, os talões da balança para comprovar a perda de peso, ou até mesmo as indicações do médico a suspender medicação que se tornou desnecessária”, assegura Cátia Costa. Depois, todo o convívio que permite. “Há aqui amizades que ficam para sempre, juntando pessoas com 30 anos e outras que vão nos 70. Organizamos os percursos de forma adaptada aos participantes, a verdade é que há pessoas pouco habituadas

a fazer 3 ou 4 quilómetros e, daí por algum tempo, estão a fazer 10, e a adorar”, conta-nos. Como se não bastasse, o grupo dedica-se ainda a recolher lixo durante o percurso: “Temos muito orgulho, nos quilos de lixo recolhido, sempre fizemos das caminhadas uma forma de alerta para a causa ambiental”, realça Cátia Costa. A dupla que organiza estes passeios pedestres está sempre atenta, em permanente prospecção por novos percursos, de modo a surpreender os Vizinhos e Vizinhas que aceitam este desafio com regularidade. Com a disseminação da pandemia, essa regularidade viu-se afectada, mas muitas destas pessoas continuaram a fazer caminhadas, em grupos de dois. Cátia Costa, que dirige uma agência de viagens, sabe bem como tudo parou. E passou a escutar, em vez de elogios, lamentos. “muitas pessoas queixavam-se que, com esta quebra de actividade, dói-lhes o corpo, têm mais dificuldade em fazer deslocações… está tudo perro”. nc.

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NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

Em cada dia que saem em conjunto, percorrem 12 ou 13 quilómetros, durante um período que andará à roda das três horas. “Antes da pandemia, fazíamos todos os domingos. O

FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO


OJA ONDE VOU L A

J. Ferreira

MEMÓRIAS SOBRE RODAS

A cave e o quase secreto piso superior são um labirinto de peças e prateleiras. E muitos são os carros que recorreram à J. Ferreira para garantir que passavam na Inspecção.

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letreiro é bem conhecido em Campolide, J. Ferreira – Escapes e Acessórios para Automóveis Lda. Contudo, quem entra no pequeno espaço da loja – tão pequeno que, actualmente, apenas pode atender um cliente de cada vez – está muito distante de imaginar todo o universo de gavetinhas, prateleiras, catálogos, peças, artefactos e apetrechos que irá encontrar pela cave e pelo piso superior, adicionado à construção original. Mas, vamos por partes. “A loja existe há 57 anos, começou por vender borrachas, plásticos, depois os escapes e acessórios para automóveis. No fundo, eram duas casas, porque tínhamos também uma fábrica de escapes e trabalhávamos muito com os carrinhos–de-choque da Feira Popular. Em 1980 separaram-se as duas coisas”, recorda José Manuel Ferreira. Completa 72 anos de idade em Maio deste ano e, bem ao jeito de outros tempos, começou muito cedo com o seu patrão, aos 14 anos. Conta-nos como o prédio em que estamos foi estreado em 1962, e como este espaço era ocupado por duas minúsculas lojas, uma papelaria e uma outra, de borrachas e plásticos. O patrão do seu pai alugou o espaço e nasceu a Bortex, loja de destaque no fabrico e montagem dos escapes automóveis.

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DE PAI PARA FILHO Hoje, a loja avança consigo e com o filho, Pedro Ferreira, homem para 45 anos, mas é uma redução recente, derivada da situação crítica que a pandemia disseminou porque, até Fevereiro deste ano, “ainda tínhamos dois rapazes, a quem propusemos tornarem-se sócios, mas não se mostraram interessados e preferiram ir para o Fundo de Desemprego”, lamenta.

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FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

Antenas, altifalantes, faróis e farolins, matrículas, lâmpadas ou buzinas, estão entre os artigos que saem com maior regularidade. Aqui, encontramos tudo o que é necessário para as revisões dos carros, asseguram estes profissionais, mas também “extintores, toda a sinalética para prevenção e segurança, uma área de produtos cuja procura, com o crescimento do Alojamento Local, conheceu um enorme crescimento”.

DO PAPEL À INTERNET Nas prateleiras debaixo do balcão, encontramos um elemento que poderá parecer datado, volumosos catálogos, à semelhança das ancestrais listas telefónicas, informação indispensável a quem tem de lidar com um manancial de milhares de peças, capaz de desafiar um qualquer engenhocas amador. Hoje, a maioria destes compêndios conhece à nascença uma versão digital. José assistiu às mudanças da Freguesia, incluindo pessoas que partiram e edifícios que se transformaram, como os poisos onde se juntavam os amigos ao final da tarde. Onde hoje se encontra o Montepio, era o Café Central, a Cervejaria Goa reunia apreciação geral e A Valenciana era uma discreta tasca, embora já afamada nas redondezas porque “faziam uns frangos e uns pipis óptimos. Andávamos meses a juntar cartão que íamos vender na Estação de Campolide e com o dinheiro fazíamos as jantaradas”, nc. recorda, sorridente.

J. Ferreira Lda

Escapes e Acessórios para Automóveis

Rua Marquês de Fronteira 110 2ª a 6ª: 9h00 às 13h00 - 14h30 às 18h30 Telefone: 213 826 760 jferreiranet@hotmail.com


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NTE NOSSA •

Paula Marques

NO PALCO DA POLÍTICA A Vereadora de Habitação e Desenvolvimento Local da Câmara Municipal de Lisboa apaixonou-se por Campolide e vive aqui há década e meia. FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

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ntrei na sede de campanha e já não saí”, resume Paula Marques, ao explicar como a movimentação que levou Manuel Alegre às Eleições Presidenciais a trouxe de forma mais evidente para a Política. Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa com a responsabilidade do Pelouro de Habitação e Desenvolvimento Local, moradora em Campolide há década e meia, onde criou rapidamente laços com a vizinhança, a sua história começa no Porto, onde nasceu em 1973.

de José Álvaro Morais. “Entrei como assistente de produção, um dia o José ouviu-me cantar e pediu para usar a minha voz numa passagem do filme. Ainda hoje tenho a claquete do filme, oferecida por ele”, conta com emoção. José Álvaro Morais já faleceu.

A CHEGADA À CML

Com um avô Republicano, um pai que passou pelo MES (Movimento Esquerda Socialista) e uma mãe com militância no PCP, não é de estranhar que pelos 13, 14 anos, a opção tenha sido ingressar na JCP – Juventude Comunista Portuguesa. Os estudos prosseguiram, o chamamento das Artes era evidente. Entra para Escola Superior de Música, Artes e Espectáculos e, aos 27 anos, já passou pela Rádio, pela Fotografia e pelo Teatro. Seria o palco a falar mais alto. Teatro do Noroeste, Teatro Sá de Miranda (em Viana do Castelo), Teatro Experimental do Porto (onde chega a integrar a Direcção), e rumo a Lisboa em 1999, onde integra a equipa do filme Peixe-Lua,

A sua relação com esta Freguesia tem vindo a crescer, mas foi paixão imediata, como nos confessa. “Hoje, não há sítio nenhum de Campolide que não conheça e as pessoas, os Vizinhos e Vizinhas, vão percebendo o que eu faço, e abordam-me na rua. É natural, costumo dizer que faço atendimentos no supermercado. O sapateiro, a mercearia, a banca de jornais, o talho, onde me recebem cartas, os meus vizinhos paquistaneses, adoro esta proximidade”, explica-nos. E conclui, referindo um dos pontos-chave da Freguesia, cenário de passeios regulares: “atravessar o Aqueduto das Águas Livres dá-me uma sensação de nc. liberdade e um banho de realidade”.

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NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

Talvez a consciência política tenha começado durante a adolescência, na Escola Secundária Clara de Resende. “Foi uma fase muito importante, o Conselho Directivo e os professores dinamizavam um processo de discussão sobre vários temas de actualidade, foi uma fase que me marcou muito, até porque era uma escola pública, onde conviviam alunos de classes sociais muito diferentes e éramos todos tratados por igual”, recorda.

Regressemos à Política. Com a entrada na candidatura de Manuel Alegre, inicialmente para contribuir com a sua assinatura, reencontra muita gente e conhece Helena Roseta. Envolve-se fundo na campanha. Estamos em finais de 2006, Paula é assistente de Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha, está na calha o movimento Cidadãos por Lisboa, na corrida para a Câmara Municipal de Lisboa (CML). Conquistam dois Vereadores, Helena Roseta e Manuel João Gomes, fundador do Grupo de Teatro de Campolide, tradutor reconhecido. Com a morte de Manuel, Paula assume a responsabilidade na CML.


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NA FREGUE

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Campo de jogos da

Serafina

O CAMPO DE JOGOS DO BAIRRO DA SERAFINA ESTÁ MAIS BONITO E BEM PREPARADO PARA A PRÁTICA DE FUTEBOL, ANDEBOL OU BASQUETEBOL.

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FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

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Campo de Jogos do Bairro da Serafina foi alvo de uma profunda remodelação, uma intervenção financiada pela Câmara Municipal de Lisboa e executada pela Junta de Freguesia de Campolide, beneficiando de um conjunto de obras de melhoramento, e instalação de alguns elementos novos, o que vai permitir tirar todo o partido deste importante equipamento desportivo, tão do agrado dos Vizinhos e Vizinhas de Campolide. Foi executado um novo pavimento em betão poroso, adequado a este tipo de equipamento desportivo. Foram também feitas marcações, destinadas a permitir a prática de diferentes modalidades, mais concretamente, uma marcação para futsal e a marcação de dois garrafões para basquetebol. Esta é a área onde se procedem aos lançamentos livres, junto aos cestos, nas extremidades do campo. O campo conta agora com duas balizas novas, permitindo assim utilizar este espaço desportivo na prática adequada de futsal, mas também a pensar em todos os que ali

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se dedicam a realizar alguns jogos de andebol. A colocação de dois postes de basquetebol, com avanço fixo de 1,7m, terminou o conjunto, possibilitando que o mesmo campo possa ser ocupado por praticantes dos três desportos, com todas as condições adequadas. Foi efectuada a lavagem e pintura dos muros do campo e casa de apoio com tinta branca para exteriores, após reparação das fissuras do revestimento. A vedação e o portão foram sujeitos a repintura, após substituição de peças deterioradas ou ausentes. Com o Verão à porta e a prática de desporto mais recomendada do que nunca, até para contrariarmos os efeitos nefastos do forçado e prolongado confinamento que nos reteve em casa dias a fio nos últimos meses, a recuperação e modernização deste espaço para a prática de diversos desportos tão populares, é uma boa notícia para todos os nc. Vizinhos e Vizinhas de Campolide.


• A RUA ONDE MORO •

CALÇADA DA QUINTINHA Uma herança do Marquês Mais uma referência ao Marquês de Pombal nas ruas de Campolide. A Calçada da Quintinha herdou o nome de uma propriedade sua.

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FOTOGRAFIA: MARIANA BRANCO

fornos de cal, moinhos e azenhas. Uma das suas quintas deu o nome a esta Calçada.

TRANSFORMAÇÕES SUCESSIVAS No séc. XIX, o Atlas coordenado pelo militar e matemático Filipe Folque, uma edição publicada em Janeiro de 1857, já refere a Calçada da Quintinha a ligar a Estrada do Aqueduto das Águas Livres até um arco do próprio Aqueduto, situada à esquerda da Estrada da Circunvalação e passando pela Calçada dos Mestres e a Meia Laranja das Águas Livres. Uns anos mais tarde, em 1907, a Câmara Municipal de Lisboa traçou um plano para proceder ao alargamento da Calçada da Quintinha, mas também do caminho localizado entre o Alto dos Sete Moinhos e o Largo da Senhora de Santana. Nos nossos dias, a Calçada da Quintinha começa na Rua Dom Carlos de Mascarenhas e segue até junto ao prolongamento da Rua 12, do Bairro da Calçada dos Mestres. É mais uma das artérias que transportam no seu nome a História e memória vivas desta Freguesia, associadas às figuras que, através dos séculos, fizeram de Lisboa a cidade que hoje conhecemos. Agora, é aos que nela habitam, que cabe a tarefa de a preservar e modernizar, nc. fazendo justiça a esta herança e responsabilidade.

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NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

nome desta rua de Campolide está relacionado com uma das figuras mais famosas da História de Portugal, D. Sebastião de Carvalho e Melo, o poderoso Marquês de Pombal. A Quintinha que cede o seu nome a esta artéria, era uma das propriedades que o governante detinha. Durante o período medieval e renascentista, Campolide era uma zona constituída por campos e quintas, fora do que era então considerado como a cidade de Lisboa. Campolide era território fértil, vocacionado para a produção agrícola de frutas, vinho e azeite. Além disso, desde o séc. XV que aqui se procedia à extracção da pedra, prática que acabou por também ser fixada em outras designações locais, como a Rua da Cascalheira ou a Rua da Pedreira do Fernandinho. Mas, voltemos à Calçada da Quintinha, onde assenta um dos arcos do Aqueduto das Águas Livres, e em cujo nº 6 encontramos uma das entradas para este monumento. Em 1731, D. João V mandou construir este equipamento, para melhorar o abastecimento de água a Lisboa. Por esses tempos, nas terras adjacentes à cidade, foram surgindo diversas quintas, pertencentes a nobres ou a poderosas ordens religiosas. Um desses grandes proprietários era conhecido como O Carvalhão, nada menos que o Marquês de Pombal. As suas propriedades estendiam-se desde a Cruz das Almas até à Ribeira de Alcântara, e era dono de casas, terras, olivais, pedreiras (como a já referida, da Cascalheira),


IENTE • • AMB

FUMAR NÃO IMPLICA SUJAR CAMPOLIDE SEM BEATAS

A distribuição de 5000 cinzeiros de bolso marcou o arranque da campanha Campolide sem Beatas. Porque além de poluir, lançá-las ao chão é um crime, punível com multas. FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

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umar é uma decisão individual, mas não implica poluir a via pública com as beatas. Dia 3 de Maio foi a data escolhida para dar início à campanha Campolide Sem Beatas, lançada pela Junta de Freguesia de Campolide (JFC). Durante o dia, foram distribuídos cerca de 5000 cinzeiros de bolso aos Vizinhos e Vizinhas, comércio e restauração da Freguesia. Sublinhando a grande aposta que a JFC coloca nesta medida e a sua importância na estratégia de dedicação às causas ambientais, há muito defendida e praticada, André Couto, Presidente da JFC, integrou as equipas que procederam a essa distribuição. A iniciativa, lançada em parceria com a multinacional Imperial Brands, empresa do sector dos tabacos, pretende ser um contributo importante para garantir a eliminação de beatas pelo chão, um resíduo que, considerando a elevada percentagem de fumadores existente, contribui bastante para a poluição urbana.

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“Este é um problema antigo, mas cuja solução passa, em grande parte, por uma consciência colectiva dos fumadores, está na mão de cada um que fuma ajudar a diminuir a poluição urbana, mantendo cuidado com os resíduos dos seus cigarros, cigarrilhas ou charutos”, alerta André Couto.

O PESO NA CARTEIRA Mas a campanha agora lançada pela JFC tem um outro objectivo, reduzir o impacto financeiro da legislação em vigor desde Setembro de 2020 no bolso dos fumadores menos cuidadosos. O quadro legal actual equipara “as pontas de cigarros, charutos ou outros cigarros contendo produtos de tabaco” a “resíduos sólidos urbanos” e, por isso, fica proibido o seu “descarte em espaço público”.

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Para quem desrespeite estes procedimentos, estão previstas sanções pecuniárias, nomeadamente, multas de 25 a 250 euros pelo lançamento de beatas para o chão, e de 250 a 1500 euros, para os estabelecimentos que não disponham de cinzeiros adequados, ou não assegurem com a regularidade necessária a limpeza dos resíduos produzidos pelos seus clientes. “Além da evidente agressão ao meio ambiente, que o desleixo em não eliminar correctamente os detritos provocados pelo vício pessoal de fumar representa, desde Setembro de 2020, há também implicações que se traduzem em custos financeiros, coimas, aplicadas aos cidadãos e aos estabelecimentos. Por isso, esta campanha visa proteger os Vizinhos e Vizinhas num duplo sentido, por uma Freguesia mais limpa e menos custos devido a comportamentos nc. menos correctos”, resume André Couto.


CÁTIA COSTA

RETRATO DE FAMÍLIA O Censos é uma espécie de retrato de família dos portugueses. Também em Campolide a equipa de recenseadores esteve no terreno. FOTOGRAFIAs: MARIANA BRANCO

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Além de funcionar como um elo de ligação, a JFC serve também de base operacional à equipa, para a guarda dos materiais, por exemplo. Os elementos das equipas encontram-se sinalizados, com um colete e um cartão de identificação, de modo a garantir toda a segurança nos trabalhos. A formação ministrada aos elementos da equipa começou em Fevereiro, para os coordenadores, e um mês depois, para os restantes recenseadores. Em Campolide, este processo tem o apoio das 21ª e 37ª Esquadras da PSP. “A maior dificuldade tem sido verificar e validar quem mora num determinado lar e o desconhecimento sobre o que é Censos, com que, por vezes, nos deparamos. Uma outra coisa que nunca é de mais salientar é a confidencialidade e o anonimato da informação que nos é fornecida, podem todos ficar descansados”, realça a coordenadora da equipa do Censos de Campolide, Cátia Costa. nc. PARA RESPONDER ONLINE www.censos2021.ine.pt Digitar o código que recebeu na caixa do correio/ responder/ selecionar a opção ENTREGAR Aponte a câmara do seu smartphone para o QR CODE PARA RESPONDER NA JUNTA Agende pelo telefone 935 712 448 Leve consigo a carta do INE

NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

uantos somos? Quem somos? Como nos organizamos em sociedade? Onde moramos? Como vivemos? Desde 1981, estas e outras perguntas encontram resposta no Censos, uma operação global de estatística realizada em todas as Freguesias do país. Falámos com a coordenadora da equipa de Campolide, Cátia Costa. “Desde dia 5 de Abril que estamos no terreno, duas pessoas na coordenação e mais 14 que andam na rua. Este ano, pela situação pandémica, grande parte da informação é recolhida online, mas é preciso acautelar quem não tem acesso à Internet ou dificuldade em lidar com este meio”, vai explicando. As 16 pessoas da equipa que está por Campolide são todas da Freguesia, com naturais vantagens no processo, visto conhecerem bem as ruas e as pessoas. “O acesso às pessoas foi uma das fases mais complicadas e ainda encontramos quem não saiba o que é o Censos. De um modo geral, as pessoas recebem uma carta na caixa do correio e, seguindo as instruções, podem responder às questões, que são tratadas de forma anónima, pela Internet. Mas há outras possibilidades, na Junta de Freguesia de Campolide (JFC) está montado um e-balcão que pode ajudar quem não tem acesso a meios electrónicos ou possa sentir alguma dificuldade ao preencher as respostas”, explica Cátia Costa. À medida que foram recebendo uma carta com um código, todos deveriam responder, de preferência até 3 de Maio. Até ao final desse mês, será entregue um novo aviso, aos que não tenham feito. A partir de 31 de Maio haverá um contacto porta a porta, aos que não responderam em nenhuma das fases anteriores, com vista a solucionar algum problema que persista.

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BREVES EXECUTIVO Assembleia de Freguesia

um dedicado membro da nossa Marcha, um dos elementos que todos os anos levava à Avenida da Liberdade a música e a alegria da Bela Flor-Campolide. À família enlutada e a todos os amigos que deixa, os mais sinceros pêsames do Executivo e de todos os funcionários da Junta de Freguesia de Campolide.

Documentos a enviar para: vamos.aventura@jf-campolide.pt (ficha de inscrição devidamente preenchida + comprovativo de escalão) ou inscrição presencial com marcação prévia: Tlm: 916 790 501 vamos.aventura@jf-campolide.pt

FEIRAS E MERCADO

A mais recente Assembleia de Freguesia decorreu a 21 de Abril, por via telemática, em formato de transmissão online, pela plataforma Zoom, com difusão na página de facebook da Junta de Freguesia de Campolide. Os interessados em participar ou colocar questões à Assembleia, puderam fazê-lo, recorrendo ao correio electrónico ou fazendo a inscrição para participação por meios telemáticos à distância, no edifício dos Serviços Administrativos.

Mercado no Bairro Está de volta à Praça de Campolide o nosso Mercado no Bairro, com propostas diversas, contando com uma selecção de bancas de vestuário, artesanato, calçado, produtos regionais, vinho, doçaria e outras sugestões! Com uma peridiocidade mensal, das 10h00 às 18h30, a entrada é gratuita e controlada, segundo as normas da Direcção-Geral da Saúde.

MARCHAS

NOTA DE PESAR

Cancelamento em 2021

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ACÇÃO SOCIAL

Faleceu Luís Loureiro O nosso funcionário Luís Loureiro, que integrava o Departamento de Higiene Urbana da Junta de Freguesia de Campolide, faleceu em Março, vítima de doença prolongada. O Luís era também

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Vamos à Aventura 2021 Inscrições abertas Este ano, e depois de uma época de confinamento, é importante o regresso à "normalidade" social. O programa de férias juvenis, organizado pela JFC, dá aos nossos jovens a possibilidade de fazer novos amigos, criar laços, criar a sua própria autonomia. As inscrições estão abertas: - de 10 a 21 de Maio - recenseados; - de 24 a 28 de Maio - não-recenseados. Inscreva os seus filhos: Online: www.jf-campolide.pt Ficha disponível no site da JFC

Tendo em conta o actual contexto pandémico e devido às restrições de saúde pública que ainda se mantêm, é com particular tristeza que a Câmara Municipal de Lisboa informa que, este ano, não se irá realizar o Concurso das Marchas Populares. Para minorar o prejuízo económico, será atribuído a cada entidade organizadora das Marchas o valor corresponden-


CONTACTOS ÚTEIS JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE.................................................... 213

te a metade do subsídio habitual. A CML está certa que o retomar das Marchas Populares, em segurança, acontecerá ainda com mais ânimo em 2022.

INOVAÇÃO Porta 11 Tem algum computador, impressora, rato, teclado, telemóvel, tablet, que já não usa ou esteja avariado? A ADM Estrela encontra-se a recolher equipamento electrónico para reparar/recondicionar e doar a famílias que necessitem para o ensino à distância. Para doar, pode fazê-lo nas instalações da ADM Estrela ou na Junta de Freguesia de Campolide. Mais informações: 966 357 975 ou adm.lisboa@admestrela.pt

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Balneário Público da Serafina.......................................211 979 931 Pavilhão Polidesportivo de Campolide............................913 882 896 Casa dos Animais (Canil/Gatil).....................................218 172 300

SAÚDE Centro de Saúde de Sete Rios.....................................217 211 800 Hospital de Santa Maria................................................217 805 000 Posto de Saúde (Junta de Freguesia de Campolide).....912 059 323

POLÍCIA - BOMBEIROS 21ª Esquadra da PSP (Palácio da Justiça)....................213 858 817 3ª Divisão da PSP de Benfica.....................................217 142 526 37ª Esquadra da PSP (Bairro da Serafina)....................213 858 346 Polícia Municipal de Lisboa..........................................217 225 200 Bombeiros Sapadores de Lisboa................................808 215 215 Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique.............213 841 880 Comissão Protecção de Crianças e Jovens.................217 102 600

HIGIENE - LIMPEZAS Recolha de ‘Monos’ (CML).........................................808 203 232

Entrega Contentores (CML).......................................808 203 232 Posto de Limpeza de Campolide................................211 328 237 Posto de Limpeza da Serafina....................................211 328 929

DIVERSOS CP...............................................................................707 210 220 CARRIS.......................................................................21 361 3000 METRO.......................................................................213 500 115

MOBILIDADE Parabéns, eléctrico 24!

FERTAGUS..................................................................707 127 127 VIMECA......................................................................214 357 472 EPAL - Falta de Água..................................................800 222 425 EPAL - Comunicação de Roturas na Via Pública............800 201 600 NOTICÍAS DE CAMPOLIDE

O eléctrico 24 foi reinaugurado há 3 anos, no dia 24 de Abril de 2018. Uma das carreiras mais antigas da cidade, que faz a ligação diária da Praça Luís de Camões à nossa Praça de Campolide, foi inaugurada em 1905. Em 1995, foi interrompida devido a obras no Metropolitano de Lisboa. O percurso esteve suspenso durante 23 anos.

TAP.............................................................................707 205 700

Fiquei sem eletricidade. O que devo fazer? Primeiro, tente identificar a origem da falha. Verifique se existe luz na rua, se os vizinhos têm luz, se tem os pagamentos em dia ou se algum equipamento fez "disparar" o disjuntor/quadro. Caso não encontre o problema, ligue: 800 506 506

23


Inscrições: de 24 a 28 de MAIO

2021 PERÍODO DAS ACTIVIDADES:

1ª Semana: 09 a 13 de AGOSTO 2ª Semana: 16 a 20 de AGOSTO NÃO RECENSEADOS EM CAMPOLIDE

RECENSEADOS EM CAMPOLIDE

15 45

a

an

em Por S

an

a

Por S

em

- Inscrição via telefone para o número 91 95 760 07 - OU Inscrição Presencial com marcação prévia (91 95 760 07) 2ª a 6ª feira, 10h00-12h30 / 14h00-16h00

idad e ou s igual up a 50 erior

ano

s

A inscrição só é válida com a apresentação de todos os documentos! A realização do programa está sujeito a alterações ou cancelamento devido às medidas impostas pela Direção Geral de Saúde.


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