Jornal Bairro de Benfica nº62

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N.º 62 | ABRIL 2024 | JORNAL DE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA WWW.BAIRROBENFICA.PT

Fechado projeto para habitação pública de mais de 68 milhões de euros

Novo Espaço Cidadão no Mercado de Benfica

Junta de Freguesia abre Centro de Arbitragem de Conflitos

Ausência de repavimentação pela CML em mais de 30 arruamentos

A Junta de Freguesia fechou, no passado dia 31 de março, um dos seus projetos mais ambiciosos e que visa dar resposta a um problema atual da nossa comunidade, dotando o Bairro de Benfica de mais e melhor habitação pública, destinada a arrendamento acessível.

Ao longo dos últimos 6 meses, as equipas da Junta de Freguesia trabalharam de forma incansável para conseguirem aproveitar o financiamento disponível no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), que permitiria adquirir, reabilitar ou construir habitação pública em Benfica. O trabalho realizado excedeu os objetivos iniciais, que apontavam para 150 fogos habitacionais. A Junta de Freguesia de Benfica conseguiu candidatar 272 habitações ao

REUNIÃO DESCENTRALIZADA DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

Decorreu em Benfica, no passado dia 15 de março, mais uma reunião descentralizada da Câmara Municipal de Lisboa, a segunda a acontecer no nosso Bairro neste mandato autárquico. Nesta reunião, foi possível ouvir as preocupações expressas pelas associações, clubes, entre outras entidades. Também a Junta de Freguesia de Benfica, através do seu presidente, Ricardo Marques, expressou a sua opinião e solicitou a resolução de um conjunto de situações urgentes. A repavimentação dos cerca de 30 arruamentos que apresentam abatimentos graves e respetivas pinturas, o lançamento ur-

IHRU - Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, num investimento total superior a 68 milhões de euros, subdivididos em 70 fogos para aquisição, 67 fogos para aquisição ou reabilitação e 135 fogos para construção, nas tipologias T0 a T5. Este é o maior investimento de sempre feito em Portugal por uma Junta de Freguesia, possível graças à capacidade de trabalho das equipas da Junta de Freguesia de Benfica, e através da colaboração de entidades públicas, privadas e dezenas de proprietários locais.

Os primeiros 12 apartamentos já se encontram a aguardar lançamento de concurso por parte da autarquia, ainda durante o mês de abril, na plataforma “Habitar Lisboa”.

gente da segunda fase das obras do Bairro de Santa Cruz de Baixo, da Ciclovia do Pina Manique e da Rua Carolina Michaelis de Vasconcelos, sem esquecer a melhoria na recolha de lixo na Freguesia de Benfica, foram algumas das reivindicações apresentadas. A intervenção urgente na Estrada da Buraca, para solucionar os problemas de abatimento do piso e do caneiro a céu aberto no Calhariz de Benfica, a fiscalização ativa dos falsos alojamentos locais e as mais de 60 situações de utilização incorreta de espaços habitacionais, são outras das preocupações da comunidade, onde se insere ainda a alteração da rota atual da Carreira de Bairro 70B.

N.º62 | PUBLICAÇÃO MENSAL

• PROPRIEDADE: Junta de Freguesia de Benfica

• DIRETOR: Gonçalo Lopes

• COORDENAÇÃO, REDAÇÃO, FOTOGRAFIA, COMPOSIÇÃO E DESIGN GRÁFICO: Junta de Freguesia de Benfica • IMPRESSÃO: Funchalense - Empresa Gráfica S.A.

DEPÓSITO LEGAL: 415580/16 • TIRAGEM: 26 000 exemplares | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA • JUNTA DE FREGUESIA DE BENFICA: Av. Gomes Pereira, 17 - 1549-019 • 217 123 000

JUNTA DE FREGUESIA | MEMBROS DO EXECUTIVO: Ricardo Marques | Presidente (PS) • Carla Rothes (PS)

Hernâni Silva (PS)

João Roseta (PS)

jornalb@jf-benfica.pt

Filipa Flor (Independente)

Miguel Pais (Independente)

Marta Barreto (Independente) ASSEMBLEIA DE FREGUESIA | MESA DA ASSEMBLEIA: Teresa Damásio (PS)• José Neves (PS) • Gilda Caldeira (PS) MEMBROS DA ASSEMBLEIA: Noémia de Freitas (PS)• Romualda Fernandes (PS) • Frederico Sequeira (IND/PS)

• Francisco Ribeiro (PS)

• Tiago Simões (IND/PS)

• António Luiz (IND/PS)

• Ana Teresa Leitão (IND/PS)

• Paula Mendes (CDS)• David Ferreira (CDS)

• Ana Cabral (CDU)

• Maria Eulália Brito (CDU)

• Carla Costa (PSD)

• Bruno Coelho (PSD)

• João Almeida (BE)

• António Martins (Chega)

• Sara Gaspar (IND)

| ABRIL 2024 BARÓMETRO DE BENFICA 2 BENFICA AVANÇA COM 272 HABITAÇÕES DE ARRENDAMENTO ACESSÍVEL 272 HABITAÇÕES CANDIDATAS AO IHRU 37º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO DE SANTA CRUZ 91º ANIVERSÁRIO DO CLUBE FUTEBOL BENFICA BENFICA EM NÚMEROS
Abertura do Passeio Ulmeiro Reabertura do Caminho da Feiteira
• geral@jf-benfica.pt • Centro Clínico
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• www.bairrobenfica.pt
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Higiene Urbana 210 109 345
Complexo Desportivo JFB 217 123 004
Complexo Desportivo Bairro da Boavista 210 109 349
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BAIRRO BENFICA BAIRRO BENFICA
CAPA I FOTOGRAFIA: ARMANDO CARDOSO • “ VIVA A LIBERDADE” • 26 DE ABRIL DE 1974 • ESTAÇÃO DO ROSSIO

28

CLUBES

30

ARRUAMENTOS COM ABATIMENTOS GRAVES NO BAIRRO DE BENFICA

250

SENIORES PRESENTES NO TRADICIONAL ALMOÇO DE PÁSCOA

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ANOS DESDE A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DO BAIRRO DAS PEDRALVAS

CUMPRIR A DEMOCRACIA, CUMPRIR O FUTURO

Quase 50 anos depois do 25 de abril, vivemos tempos desafiantes e que tornam inevitável a reflexão sobre o que ainda falta conquistar no caminho de uma democracia plena, que continue a ser o bastião de defesa das liberdades alcançadas com a revolução, e possa gerar uma maior representatividade e níveis de confiança mais elevados dos nossos concidadãos.

Um momento em que o poder político, especialmente a nível local, tem de demonstrar ser um verdadeiro poder de proximidade. Estamos perto: nas ruas, nas instituições, nas escolas, na Junta de Freguesia, num conjunto de ferramentas de apoio que disponibilizamos, para encontrar soluções que possam dar resposta às necessidades da população. Desde logo, num direito tão básico como é o acesso à habitação digna. Muitos de vós sabem o quanto temos empenhado os nossos esforços neste tema em particular, procurando evitar que as nossas famílias sejam empurradas para fora da sua casa e da sua cidade, num processo de gentrificação intolerável.

Encontrámos as soluções, arriscámos e fomos pioneiros. Com o esforço hercúleo de todas as nossas equipas e o apoio de diversas entidades, trabalhámos em conjunto e fechámos em março um dos nossos projetos mais ambiciosos. Naquele que é o maior investimento de sempre feito em Portugal por uma Junta de Freguesia - ascende a mais de 68 milhões de euros através do financiamento do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) - conseguimos candidatar 272 habitações ao IHRU - Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana.

Um projeto pensado para as famílias, que permite aceder a casas de arrendamento acessível, para que possamos ter um Bairro de Benfica com qualidade de vida e que atraia novos vizinhos e vizinhas. Continuamos na linha da frente na implementação de políticas públicas que democratizem o acesso da nossa comunidade à habitação, mas também à saúde, formação, serviços de atendimento descentralizado e, até, à justiça. A Junta de Freguesia de Benfica vai abrir ainda este mês um Centro de Arbitragem e Mediação de Conflitos na nossa freguesia, um serviço célere, cómodo e eficiente, que aproxima os cidadãos de uma resolução rápida dos seus conflitos judiciais em diferentes áreas. Esta é a essência do poder local e a forma como pode contribuir para a construção do futuro democrático, o que me leva a considerar também que a atribuição de novas e reforçadas competências às Juntas de Freguesia levaria certamente ao aumento do sentimento de representatividade e permitiria atuar com maior eficácia, e em rede, possivelmente através de comunidades ou consórcios interfreguesias, para resolvermos outros problemas, muitos deles comuns a diferentes territórios. O combate aos fogos, a adaptação às alterações climáticas, ou a concertação de esforços na aquisição de meios mecânicos partilhados, são problemáticas de inúmeras freguesias da cidade de Lisboa e do nosso país. Proble-

mas iguais merecem soluções iguais, atuando com mais recursos e abrangência para o bem comum. Esse deve ser o princípio e o fim que nos deve nortear, o bem comum. Defender os direitos e liberdades que a democracia nos traz, mas que nem sempre estão ainda verdadeiramente cumpridos. O futuro deve construir-se com a aprendizagem em relação ao passado, e se em Portugal encontramos uma democracia que nunca vacilou nas últimas cinco décadas – o que muito nos orgulha – é, no entanto, uma democracia por vezes sensaborona e desprovida de paixão. Que se esqueceu a quem deve dar verdadeiramente voz no seu caminho: todos nós.

Em Benfica, a liberdade continuará a andar nas ruas, a fazer parte daquilo que é a nossa marca de água enquanto Bairro. Iremos celebrar com cinco dias inesquecíveis de programação, dedicados a cinco públicos distintos. Concertos, exposições, tertúlias, nos diferentes espaços culturais do nosso território, especialmente no renascido Espaço Ulmeiro, reconhecido como um local de resistência no nosso Bairro, antes do 25 de abril de 1974. Trabalharemos de forma incansável para cumprir a democracia, a cidade, cada vez mais próximos de quem precisa realmente de nós.

Encontramo-nos por aí.

Um abraço

NAQUELE QUE É O MAIOR INVESTIMENTO DE SEMPRE FEITO EM PORTUGAL POR UMA

JUNTA DE FREGUESIA

- ASCENDE A MAIS DE 68 MILHÕES DE EUROS ATRAVÉS DO FINANCIAMENTO DO PRR (PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA)

- CONSEGUIMOS

CANDIDATAR 272

HABITAÇÕES AO IHRUINSTITUTO DA HABITAÇÃO E REABILITAÇÃO URBANA.

3 50 ANOS DE LIBERDADE E DEMOCRACIA NO BAIRRO DE BENFICA ABRIL 2024 |
DESPORTIVO
REPRESENTADOS NA REUNIÃO SOBRE O PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO
EDITORIAL - RICARDO MARQUES

MAIS DE 250

SENIORES REUNIDOS NO TRADICIONAL ALMOÇO DE PÁSCOA

Mais de 250 seniores participaram no tradicional Almoço de Páscoa, promovido pela Junta de Freguesia de Benfica. A iniciativa aconteceu no dia 27 de março, e pretendeu promover o convívio salutar no nosso Bairro, inserida numa estratégia de envelhecimento ativo e saudável. O evento foi animado, com uma tarde ao som de música tradicional portuguesa, e que contou com a presença do presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques. A Junta de Freguesia de Benfica pretende continuar a garantir o bem-estar físico, psicológico e social, melhorando a qualidade de vida dos nossos idosos, e ajudando a combater o seu isolamento e a promover a sua integração na comunidade.

ESPAÇO CIDADÃO NO MERCADO DE BENFICA

Desde o dia 15 de março, a população do Bairro de Benfica tem à sua disposição vários serviços de diferentes entidades num único balcão. No Espaço Cidadão, do Mercado de Benfica, terá acesso a inúmeros serviços da administração central, local e de entidades privadas que prestam serviços de claro interesse público.

Neste balcão pode, por exemplo, tratar da sua Carta de Condução, solicitar nova senha ou uma caderneta predial junto da Autoridade Tributária, apresentar despesas junto da ADSE, tratar de assuntos relativos a emprego e formação profissional, alterar a morada do Cartão de Cidadão, solicitar o Cartão Europeu de Seguro de Doença ou realizar os serviços e-fatura, entre muitos outros.

Servir melhor o cidadão, de forma mais rápida e próxima, promovendo a literacia digital por via do apoio assistido na prestação dos serviços públicos digitais são alguns dos objetivos deste espaço.

REABERTURA DO CAMINHO DA FEITEIRA

Está reaberto o Caminho da Feiteira, integrado num projeto comunitário implementado pela Junta de Freguesia de Benfica, em estreita colaboração com a Associação de Moradores do Bairro de Santa Cruz de Benfica e Zonas Contíguas. O Caminho da Feiteira, que em tempos unia a Aldeia do Calhariz ao centro da nossa freguesia, atravessando os terrenos da famosa Quinta da Feiteira, é agora um percurso pedonal ladeado de árvores de fruto, com uma horta comunitária ao serviço da população. Foi ainda criado um alinhamento de Choupos junto à linha de comboio, que se constitui como uma barreira visual e sonora, aumentando a harmonia com os moradores.

Continuamos a investir na cultura e no nosso legado histórico, aproveitando locais que estavam abandonados, sem fruição pública, e transformando-os em novos espaços de lazer. O projeto foi executado e financiado ao abrigo do programa operacional de competitividade e internacionalização do COMPETE2020, destinado à promoção da recuperação da crise no contexto de pandemia de COVID-19. Por um Bairro mais verde, construído por todos e para todos.

OBRAS DE REQUALIFICAÇÃO DO JARDIM DO EUCALIPTAL ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO DE SANTA CRUZ ASSINALOU 37º ANIVERSÁRIO

A Associação de Moradores do Bairro de Santa Cruz e Zonas Contíguas celebrou, no dia 23 de março, o seu 37º aniversário.

Quase quatro décadas ao serviço da comunidade assinaladas numa festa, que demonstrou o espírito de entreajuda e união deste bairro, e que contou com o apoio da Junta de Freguesia de Benfica que, na data em que se assinalou esta tão especial efeméride, firmou o compromisso de ajudar com a pintura dos espaços interiores da Associação de Moradores, juntando este apoio ao já disponibilizado para as obras em curso.

Muito parabéns a todos pelos 37 anos desta entidade, que desempenha um verdadeiro serviço público em prol da população da freguesia.

A Junta de Freguesia de Benfica iniciou as obras de requalificação do Jardim do Eucaliptal, junto à Estrada dos Arneiros. As diferentes intervenções, que representam um investimento total de 180 mil euros e que terão uma duração prevista de 6 meses, vão incidir na requalificação dos wc do parque infantil e de apoio ao quiosque, na beneficiação e requalificação dos espelhos de água desativados, transformando-os em esplanada e canteiro, e na requalificação do balneário público.

Irá realizar-se também a adaptação de espaço para sala multiusos e de aniversário, a reparação de cobertura do equipamento de apoio à maquinaria dos Espaços Verdes, a instalação de uma cobertura ligeira no anfiteatro para a realização de eventos, além da requalificação do parque infantil, incluindo novos equipamentos, a criação de Dogpark e de um espaço com equipamento Street Workout.

Destaque ainda para a renovação do ringue desportivo, incluindo pintura do espaço (pavimento e paredes existentes), requalificação do mobiliário urbano atual, e também a manutenção do pavimento e da iluminação.

Estes trabalhos visam atender às crescentes necessidades de melhoramento daquele espaço verde, para usufruto da comunidade do nosso Bairro.

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BAIRRO DE BENFICA BAIRRO DE BENFICA ESPAÇO PÚBLICO DIREITOS SOCIAIS ESPAÇO PÚBLICO

JUNTA DE FREGUESIA DE BENFICA ADERE A CENTRO DE ARBITRAGEM PARA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

O Bairro de Benfica está cada vez mais próximo, reforçando um vasto conjunto de serviços que a Junta de Freguesia tem vindo a disponibilizar para melhorar o quotidiano da sua comunidade, a que se junta agora um Centro de Arbitragem e Mediação de Conflitos, que permite implementar uma alternativa aos tribunais na freguesia, no âmbito de um serviço prestado pelo Centro de Arbitragem da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL).

A Justiça de proximidade passa a ser uma realidade, num projeto único na cidade de Lisboa no universo de Juntas de Freguesia do nosso país, que permite o acesso democratizado, célere e eficiente à mediação, conciliação e arbitragem de conflitos. Carlos Cardoso, Diretor-Executivo do Centro de Arbitragem da Universidade Autónoma de Lisboa (CAUAL), abordou a forma como irá funcionar este serviço e quais os benefícios para os cidadãos.

O que é um Centro de Arbitragem?

Um Centro de Arbitragem é uma entidade que recebe e ajuda a resolver conflitos, provenientes das mais variadas entidades, nomeadamente do cidadão comum, das famílias, ou das empresas.

O Centro de Arbitragem da Universidade Autónoma de Lisboa, que irá funcionar no Bairro de Benfica, é o único que pode receber qualquer tipo de conflito legalmente arbitrável. Enquanto os outros são de competência específica (por exemplo de consumo, comercial, administrativo ou de seguros), nós podemos receber qualquer um. Não podemos receber conflitos em contexto penal nem conflitos que versem sobre direitos indisponíveis. Direitos indisponíveis são aqueles sobre os quais o seu titular não pode dispor por sua livre vontade e, portanto, dos quais não pode abrir mão, como por exemplo: os subsídios de férias ou de Natal, o direito à vida, entre outros... tudo o resto, como as questões familiares, de trabalho, consumo, conflitos de vizinhança, com a habitação (condomínios, arrendamentos), em contexto desportivo, em contexto da prestação de cuidados de saúde, pode ser tratado neste Centro de Arbitragem. No fundo, é uma alternativa aos tribunais com várias vantagens associadas.

Quais são essas vantagens e benefícios?

Há três vantagens que gostaria de destacar. A celeridade na resolução do conflito, o baixo custo e o grau de satisfação das partes. Porquê? Porque é dado às partes envolvidas o chamado empowerment. A parte colabora e participa na resolução do seu próprio conflito.

Há várias formas de abordar os conflitos: pela mediação, pela conciliação e pela arbitragem. Esta arbitragem é um meio híbrido, porque é parecido com os tribunais judiciais, onde há um juiz-árbitro, que vai fazer prova e proferir uma sentença, que é adjudicatória e impositiva. Portanto, é vinculativa e tem o mesmo valor de uma sentença de um tribunal arbitral de primeira instância. É exatamente a mesma coisa que um tribunal judicial comum, mas com estas vantagens que são próprias destes meios alternativos de resolução do conflito. Só se lança mão a arbitragem, que é o meio mais oneroso e menos célebre, quando a conciliação ou a mediação falham, uma vez que é necessária a intervenção de juízes-árbitros, além da instrução do processo.

Outra das grandes vantagens deste serviço é a humanização da justiça. Nós estamos perante um mediador, numa mesa informal, a conversar sobre o conflito que nos perturba, naquele momento. Não estamos num tribunal onde existe toda uma solenidade que, de alguma forma, coíbe o cidadão.

A garantia de privacidade e sigilo também é muito importante. No tribunal isso não acontece, toda a gente, se quiser, se senta num banco a ouvir o que se está a passar ali, à exceção de casos mais graves. Esta garantia de privacidade promove ambientes cooperativos.

Na arbitragem, há ainda uma especial vantagem, em que as partes podem escolher o juiz que pretendem que julgue a causa em apreço, podendo também definir o prazo em que pretendem ver o processo terminado. Enquanto no tribunal judicial esperamos e desesperamos para que o processo tenha fim, que haja uma sentença, aqui podemos dizer à partida: “olhe, vamos fazer a arbitragem, e isto não pode passar dos três meses. Daqui a três meses quero a decisão. Portanto, isto faz toda a diferença.

Como funciona?

Quando entra um processo proveniente de um cidadão ou de uma empresa, de uma família, o CAUAL nomeia um mediador de conflitos, (todos os mediadores de conflitos do CAUAL são certificados pelo Ministério da Justiça). Isto é importante pelo acordo que se vai obter, sendo assinado por um mediador certificado tem força executiva.

O mediador contacta as partes para uma sessão de mediação, para as ajudar a resolver o conflito. Ele é um facilitador de comunicação. Não impõe, não resolve os problemas das partes, mas, através de técnicas de comunicação, ajuda-as por elas próprias a chegarem à resolução do problema.

Não tem de conhecer o mérito da causa que lhe chega, nem ser advogado ou perceber de direito, ou sequer o que está a ser discutido. Quando as pessoas se zangam e entram em conflito, o que é que acontece? Cortam a comunicação. E ao cortarem a comunicação, o conflito vai escalar, porque ela se tornou disfuncional. Quando a comunicação continua a ser feita, o conflito é funcional e, por isso, de mais fácil resolução. O que o mediador faz é restabelecer e facilitar a comunicação, para que ela flua entre as partes e se possam construir soluções e elas cheguem a um acordo satisfatório para ambas. A taxa de acordos do CAUAL, na fase de mediação/conciliação é de 98%. Não chegam à arbitragem e isso é muito significativo. As pessoas vêm resolvidos os conflitos que tanto as afetam, num espaço de uma ou duas semanas.

Quais são as diferenças entre a mediação, a conciliação e a arbitragem? O mediador ajuda as partes na restauração do diálogo, mas não dá soluções, não sugere um caminho para a resolução do problema. Na conciliação, o conciliador sugere às partes uma solução para a questão que as envolve. Na área do consumo, por exemplo, quando um consumidor tem um conflito com um prestador do serviço, a relação é passageira. Portanto, ele foi lá, zangou-se, e pela conciliação nós sugerimos alternativas às partes: “porque que não faz antes assim ou aceita isto dele?”.

São feitas sugestões e porque as partes não têm de manter a relação para o futuro, resolve-se o problema assim, pela conciliação. A mediação usa-se mais com as famílias ou nas relações laborais, porque a relação tem de ser mantida, tudo tem de ser discutido na mesa da mediação. No caso dos conflitos familiares, é raro que se resolva o problema numa só sessão, mas a taxa de acordos obtidos é muito elevada. Nas questões familiares os conflitos mais habituais são os relacionados com os divórcios, a regulação das responsabilidades parentais, heranças, entre outros. Quando falham estas alternativas, o conflito transita para arbitragem, então é um tribunal arbitral que vai decidir. Se não existir um acordo obtido por mediação ou por conciliação, é constituído o tribunal arbitral e o juiz-árbitro profere uma sentença. Porque é que é centro de arbitragem e não é só tribunal arbitral? Porque é um centro que encerra vários meios alternativos de resolução de conflitos e não só a arbitragem, daí ser um “centro” e não um tribunal arbitral. Queremos alcançar a tão almejada paz social. Se tivermos menos conflitos, temos menos problemas, e aumentamos o bem-estar das pessoas. É para as pessoas que trabalhamos, pelo seu bem-estar. Ninguém é obrigado a participar, de acordo com o Princípio da Voluntariedade, as partes aceitam se assim o entenderem, não têm obrigatoriedade. Temos também a tal confidencialidade de que falava, que é importantíssima e ainda um Princípio muito importante que é o chamado Princípio da Executoriedade. O que é que isto significa? Qualquer acordo que seja assinado, por um mediador de conflitos certificado, dispensa ser homologado por qualquer outra entidade e ganha força executiva. Em caso de incumprimento, as partes podem mandar executar imediatamente o acordo no seu todo ou na parte incumprida.

Quais as especificidades do Centro que irá abrir em Benfica? Benfica vai ter mecanismos de resolução de conflitos com competências muito superiores aos que já existem na cidade inteira. Qual é a grande diferença em relação aos tribunais judiciais? Todo o processo é voluntário. As pessoas aceitam se quiserem, enquanto nos meios judiciais, as partes são notificadas para estarem presentes. Se um cidadão tiver um conflito familiar, laboral, de consumo, ou outra coisa... é aqui que vem. À Junta de Freguesia, não liga simplesmente para o CAUAL. Estarão aqui pessoas para ajudarem a população e darem respostas. Os funcionários da Junta de Freguesia irão tomar nota de uma súmula do conflito, para ser enviada para o Centro de Arbitragem. Nós fazemos a abordagem ao conflito, segundo o que achamos ser a resposta mais adequada, Se for uma mediação, por exemplo, nomeio o mediador, que contacta as partes e irá ajudá-las resolver o seu conflito nas instalações do Palácio Baldaya.

5 ABRIL 2024 |
Diretor-Executivo do Centro de Arbitragem da Universidade Autónoma de Lisboa (CAUAL),

24 A 28 DE ABRIL I CINE-TEATRO TURIM

CICLO DE CINEMA | LIBERDADE

24 DE ABRIL I QUARTA-FEIRA 21H00 I PALÁCIO BALDAYA

VOZES EM LIBERDADE

ENTRADA LIVRE

25 DE ABRIL I QUINTA-FEIRA 17H00 I PALÁCIO BALDAYA

DAVID FONSECA

ENTRADA LIVRE

25 DE ABRIL I QUINTA-FEIRA 21H30 I CINE-TEATRO TURIM

SEM FILTRO | 50 ANOS DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO

WWW.TICKETLINE.PT

26 DE ABRIL I SEXTA-FEIRA 21H00 I PALÁCIO BALDAYA

PLANÍCIE CANTADA

ENTRADA LIVRE

26 DE ABRIL I SEXTA-FEIRA 21H45 I PALÁCIO BALDAYA

GRUPO ALMA DE COIMBRA

ENTRADA LIVRE

27 DE ABRIL I SÁBADO 17H00 I PALÁCIO BALDAYA

CAPICUA

ENTRADA LIVRE

27 DE ABRIL I SÁBADO 21H00 I PALÁCIO BALDAYA

TUNA ACADÉMICA DE LISBOA

ENTRADA LIVRE

28 DE ABRIL I DOMINGO 17H00 I PALÁCIO BALDAYA

SÉRGIO GODINHO

ENTRADA LIVRE

28 DE ABRIL I DOMINGO 21H30 I CINE-TEATRO TURIM

CONTA-ME COMO FOI

WWW.TICKETLINE.PT

6 | ABRIL 2024

JFB E APSA PROMOVEM INICIATIVA

SOBRE OS 50 ANOS DO 25 ABRIL

No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, a APSA – Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger, irá promover um evento no nosso Bairro de Benfica. A presidente, Maria da Piedade Líbano Monteiro, falou-nos dos objetivos desta iniciativa, e os principais destaques, tendo em conta que irá focar temáticas tão distintas como a justiça, trabalho, segurança social e saúde...

Esta iniciativa tem por objetivo tentar perceber, nos vários temas propostos, se de facto a “Liberdade “de abril, foi ou não alcançada, ou melhor, foi sendo alcançada ao longo destes 50 anos. Por outro lado, para tentar identificar o que ainda falta fazer e trabalhar para chegarmos a esta “Liberdade” que queremos atingir.

Sabendo nós que o conceito de Liberdade é vasto e tem várias interpretações, aqui tratamos especificamente estes temas que nos parecem fulcrais em qualquer sociedade. Queremos que este seja um momento de amena conversa entre os oradores escolhidos e o público. Escolhemos oradores que nas áreas de referência tenham efetivamente acompanhado estes 50 anos de caminho para a Liberdade. Esperemos que aproveitem esta viagem no tempo.

Que outros projetos estão a ser preparados ou estão no vosso horizonte num futuro próximo?

Os projetos incidem nas questões da educação, desde o início ao fim de todo o percurso académico incluindo ensino superior, na medida em que sentimos a necessidade de capacitar os agentes de educação para estas matérias da diversidade.

Trabalhar para a adaptação da legislação no contexto do

Espaço Ulmeiro 23h59

Entrada Livre

emprego protegido. Dar continuidade aos nossos projetos, com grande incidência para a empregabilidade, capacitando cada vez mais empresas, para que esta integração seja feita com a maior naturalidade.

Fazer um trabalho de proximidade com a Segurança Social, modernizando todo este sistema pesado e burocrático, tão afastado da realidade das instituições, que nos impede de avançar com projetos e respostas tão necessárias à nossa população. Continuar a gerir todos os nossos recursos, para assegurar a sustentabilidade da APSA.

Os sonhos, são muitos, mas os que achamos realizáveis são, sem dúvida, usar da nossa influência institucional, para conseguir fazer a ponte entre as três tutelas; Educação, Saúde, Trabalho e Segurança Social. Só assim se pode acompanhar a vida de qualquer cidadão, com eficácia, respeito e dignidade, tendo como base uma boa coordenação e comunicação entre estas entidades.

Por outro lado, assegurar que as pessoas com deficiência sejam diagnosticadas eficazmente e acompanhadas nos seus programas específicos, no SNS, com o mesmo, rigor, celeridade e profissionalismo, como acontece nos serviços de saúde privados. Caso contrário não existe equidade! Outro grande sonho é traçar caminhos para a velhice das pessoas com Síndrome de Asperger. Esta é uma grande preocupação dos pais, pois queremos assegurar que a velhice não seja a estagnação nem tão pouco a perda das autonomias e capacidades trabalhadas ao longo da vida. Já temos um esboço do que queremos, mas ainda existe um longo caminho a percorrer.

Aqui estamos, prontos para mais desafios, com a responsabilidade de fazer sempre mais e melhor, por mais 20 anos!

7 ABRIL 2024 |
A B R 24
A Meia-Noite na Cave da Liberdade
Anos depois Recordar
50

ENTREVISTA ANA MARIA FERREIRA

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO DAS PEDRALVAS

Num Bairro com cerca de 12 mil habitantes, a Associação de Moradores do Bairro das Pedralvas tem um papel fundamental na criação de momentos recreativos, trabalhando ao lado dos moradores desde 1997. A atual presidente, Ana Maria Ferreira, contou-nos os projetos para o futuro, que passam por continuar a programar eventos, mas também englobar uma vertente de apoio social.

Começamos por falar um pouco sobre a história desta Associação….

A Associação de Moradores das Pedralvas foi criada em 1997 por um conjunto de moradores, que já quase todos desapareceram. Tem 27 anos, feitos no dia 19 de fevereiro, e começou numa escola pré-fabricada que havia aqui no Bairro, e depois foi desativada. Então, a Associação ficou aí. Quando começaram a fazer as obras da CRIL, deitaram abaixo aquele pavilhão e a Associação ficou sem instalações. Durante alguns anos, não conseguiu funcionar até que, salvo erro, em 2023, se conseguiu a nova sede, que perdura até hoje.

A Associação dinamiza, anualmente, diversas atividades. O que destaca desses eventos e trabalho comunitário que desenvolvem?

Estamos vocacionados para os eventos, mas queremos divergir também para o aspeto social, que consideramos ser muito importante. É um pouco difícil entrar na vida das pessoas, tentar saber o que é que se passa. A divulgação é complicada, apesar de já sermos mais conhecidos por causa dos Arraiais que começámos a fazer. Inicialmente fazíamos na sede, mas as pessoas nem davam conta, e começámos a fazer lá em cima naquele largo. Aos poucos, a Associação de Moradores começa a ser mais conhecida, dinamizamos também alguns passeios, de que as pessoas mais idosas gostam muito. O destino é sempre próximo de Lisboa, seguimos para um almoço com música e dança, as pessoas divertem-se ali um bocadinho e regressam. Os nossos passeios são sempre muito solicitados.

Geralmente, fazemos também o jantar do Dia da Mulher, (que este ano foi um almoço, por causa das eleições), e uma noite de fados. A fadista Maria Armanda é do nosso Bairro e ela sempre nos apoiou, portanto fazemos sempre uma noite de fados.

Este ano, como o Bairro fez 60 anos, fizemos uma festa, com uma parte dedicada às crianças, com momentos de convívio e que incluiu uma atuação musical. Já estamos a programar as restantes atividades anuais, com esse pensamento de termos também uma componente social.

Falamos de um Bairro com mais de seis décadas de existência. Podemos falar de um rejuvenescimento recente?

Sim, apesar de ser um Bairro antigo e algo envelhecido, agora nota-se realmente um grande rejuvenescimento. Com famílias jovens, que têm crianças. Ainda não demonstram tanto interesse em fazer parte da Associação de Moradores, mas acho que aos poucos lá chegaremos.

Há cerca de dois anos, dinamizámos uma festa para as crianças no parque infantil, que teve muita adesão. Tentamos sempre divulgar os nossos eventos nas redes sociais, fazendo um caminho para tentar dar a conhecer a Associação. Nos arraiais que promovemos, também se nota essa tendência, temos imensos jovens.

E para o futuro, qual é o objetivo? Tem algum sonho que gostasse de concretizar aqui no seu Bairro?

O sonho que gostava de concretizar passa realmente por ter um trabalho mais interventivo socialmente. Porque há pessoas que vivem sozinhas, precisavam de apoio. Obviamente, queremos continuar com os eventos, mesmo que seja uma coisa trabalhosa para

ambairropedralvas@gmail.com

nós. Ao mesmo tempo, queremos enveredar por este caminho. Aqui no Bairro e em Benfica, há cerca de dez mil idosos. Desse número, cinco mil seniores vivem sozinhos, segundo as informações partilhadas na última Assembleia dos Seniores. Fiquei estupefacta porque nunca pensei que metade da população idosa vivesse sozinha.

A pandemia da COVID-19 teve algum impacto na ligação com a comunidade e também entre as Associações?

Sim, exatamente no início ou nos primeiros anos que eu estive qui, não havia nenhuma ligação entre associações. Éramos conhecidos, mas não tínhamos nenhuma relação, cada uma fazia as suas coisas. Com a COVID, começámos e agora há uma força enorme das Associações juntas, acho que nessa parte foi muito positivo. Foi um momento em que nós nos unimos muito. Mas à parte disso, como fazíamos aquelas reuniões em conjunto, ficámos a conhecer os problemas uns dos outros.

O estacionamento é um problema comum, e também as pessoas isoladas, aliás acho que os problemas são idênticos nos bairros todos. As características podem ser diferentes, mas são as mesmas situações. Talvez seja importante, a partir dos dados divulgados na Assembleia Sénior, trabalharmos também esse tema do isolamento sénior, de uma forma conjunta.

Estas áreas são sempre mais complicadas, porque não é fácil aceder aos dados de quem mora sozinho, vamos conhecendo alguns casos pelos vizinhos. Para avançarmos temos também a ideia de promovermos uma festa com o projeto Radar, através de iniciativas conjuntas podemos convidar e envolver estas pessoas, conhecendo-as, tendo contacto e desenvolvendo assim esse trabalho social. Não podemos cruzar os braços, temos de criar laços e ir tentando aos poucos.

Como é que funciona o trabalho diário na Associação?

Há cerca de nove anos que faço parte da Associação, muitas vezes as pessoas não têm noção do que implica o trabalho de gerir e preparar os eventos. Aqui funcionamos em grupo, temos os Órgãos Sociais, cada um tem a sua designação, mas para nós na prática isso não existe, somos todos iguais, trabalhando em conjunto. Sou a presidente e tenho que dar a cara, mas somos uma equipa, em que temos alguns jovens, que também têm a sua vida profissional, e às vezes é muito difícil conciliar.

Gostava também de falar sobre a participação no Grande Arraial de Benfica… É um trabalho insano, ficamos estafados, mas vale sempre a pena, é engraçado. Um momento de união entre as Associações e os moradores do Bairro, que é interessante e de que as pessoas gostam muito.

O nosso arroz-doce já é muito famoso, tanto no Grande Arraial como aqui, anda sempre tudo “doido” para comer esta iguaria.

Participamos no Arraial desde o início, temos a placa dos dez anos, é o evento mais trabalhoso. Por outro lado, ao contrário do nosso Arraial, não nos preocupamos com as estruturas. Nem com artistas, nem com segurança ou outras questões logísticas. No nosso evento temos de partir do zero, realizar todo esse trabalho de arranjar as estruturas, de organizar o evento, mas o resultado deixa-nos os orgulhosos.

8 | ABRIL 2024

ENTREVISTA TIAGO SANTOS

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO DE SANTA CRUZ DE BENFICA E ZONAS CONTÍGUAS

A Associação do Bairro de Santa Cruz nasceu no já distante ano de 1987, e desde essa altura tem passado por altos e baixos, que culminaram num longo período de inatividade que só viria a sofrer uma reviravolta com a pandemia. Numa conversa com o atual presidente, Tiago Santos, revivemos o passado e olhámos para o futuro desta Associação de Moradores.

Vamos começar por falar um pouco sobre a história e sobre os principais objetivos que vos movem...

Somos a Associação mais antiga do bairro, de 1987, e a história, já com algumas décadas, tem tido altos e baixos. Felizmente, têm ocorrido mais altos do que baixos e, nas décadas mais recentes, o objetivo da Associação esteve muito ligado a momentos nos quais foi preciso juntar o Bairro perante temas importantes. O mais evidente foi quando tiveram lugar as obras da CRIL, no bairro de baixo. E, de facto, a Associação ganhou uma preponderância importante nas conversações com o IP (Infraestruturas de Portugal). Foi talvez o momento da vida recente do Bairro, que já tem mais de 60 anos, em que a Associação teve mais preponderância.

Recentemente, eu diria na década de 90 e início da década de 2000, a Associação entrou numa fase de declínio, em que deixaram de existir assuntos importantes no Bairro, que ganhou uma normalidade de funcionamento.

A Associação de Moradores deixou de ter temas importantes que agregassem e envolvessem a comunidade. Portanto, eu diria que durante esse período a Associação teve uma fase quase de hibernação. Temos aqui a sede, que é mesmo ao lado, numa vivenda do Bairro, e até esse espaço refletia isso. Durante algum tempo, albergava outras associações que não a Associação de Moradores. Tínhamos, até há bem pouco tempo, três associações que ocupavam a nossa sede de uma forma ativa. Isso demonstra um pouco a inatividade. Depois, uma parte muito interessante e recente da Associação, a fase em que renasceu das cinzas, no momento do COVID. Teve um papel de contacto e de relação com as pessoas e que fez com que muita gente que desconhecia a sua existência, passasse a conhecer a Associação de Moradores.

Apoiámos o Bairro naquela fase inicial do COVID, em que não existiam coisas básicas, (como as máscaras), até parece que já nos esquecemos. Parece que é um bem normal, mas na altura não havia. Através da Associação de Moradores, com a Junta de Freguesia, foi possível disponibilizar mais máscaras. Muitos elementos da Associação de Moradores andaram a distribuir máscaras porta-a-porta. Tivemos um papel muito importante de contacto e, naquele momento, os moradores sentiram que precisavam fazer parte de algo. Assim, a Associação renasceu das cinzas, com novos sócios.

O Bairro, nestas décadas de 90 e 2000, sentiu também um rejuvenescimento muito importante. Muitas famílias novas, com crianças, mas que não se conheciam, apesar de muitas delas morarem em vivendas, lado a lado. Não tinham espírito de vizinhança ou de comunidade. Juntando o convívio a uma nova Direção, e foi aí que eu assumi a presidência da Associação, tivemos de fazer algo mais do que apenas gerir a nossa sede, e criámos um conjunto de eventos. O que fazemos ao longo do ano tem como único objetivo criar um espírito de comunidade, e pontes entre os vizinhos.

Que eventos destaca ao longo do ano?

A Associação tem uma postura muito clara. Por exemplo, não participamos no Grande Arraial de Benfica porque, de facto, consideramos que é um arraial demasiado grande.

É uma opção própria, porque achámos que no Grande Arraial somos apenas mais uma associação, que não se diferencia das outras. E fazemos questão, com grande esforço pessoal de todos os que nos apoiam, de termos o nosso pequeno arraial.

Dos eventos que promovemos, eu diria que alguns já são clássicos. Dinamizamos a Rua da Brincadeira, que já vai na terceira edição. A ideia é devolver as ruas às crianças do Bairro, fechamos uma parte e realizamos jogos tradicio-

bscruzbenfica@gmail.com

nais, coletivos, entre outros. Gostaria de realçar também o Encontro de Clássicos, que vai na terceira edição. A ideia é mesmo ter, pelo menos, uma edição anual. Queríamos fazer mais, mas não é fácil, porque é preciso ter a noção de que todas as pessoas que fazem parte da Associação são voluntárias. Destaco ainda outro evento, que aconteceu duas vezes e com muito sucesso, a que chamámos “Caça aos tesouros do Bairro”. O objetivo é dar a conhecer o Bairro aos moradores. Pode parecer incrível, mas por, exemplo, muitas pessoas que aqui moram não conheciam o Jardim Sustentável. Queremos dar a conhecer os pequenos tesouros que temos através de um conjunto de enigmas. No âmbito da sustentabilidade, realizámos um evento de plogging, com recolha de lixo, que juntou um conjunto de famílias. Tentamos fazer eventos diferenciados e permitam-me ainda referir uma iniciativa muito recente, que é a árvore de Natal do Bairro. Convocamos os vizinhos para partilharem o espírito dessa época festiva e criamos as nossas decorações natalícias. Queremos ter eventos que chamem diferentes públicos, de todas as idades, para termos interesses comuns que permitam fomentar o espírito de comunidade e interajuda.

Mas o nosso trabalho vai além dos eventos, somos os interlocutores do Bairro com as entidades públicas e privadas, como a Junta de Freguesia de Benfica, Câmara Municipal de Lisboa, PSP, com um conjunto vasto de entidades, que podem condicionar ou promover o nosso bem-estar diariamente. Também já lançámos quatro petições, para promover assuntos que consideramos importantes, relacionados com carregamentos elétricos, além de obras que é preciso fazer no Bairro.

Quando fazemos uma petição, queremos poder dizer que representamos um conjunto de famílias relevante, uma voz que tenha peso. Para isso, é importante ter sócios.

Quais são os objetivos para o futuro?

Um dos objetivos que tínhamos, está a decorrer neste momento, com obras na nossa sede, que há alguns anos que não sofria intervenções. Infelizmente, a forma que a Câmara Municipal de Lisboa achou para nos ajudar foi notificar-nos coercivamente de que teríamos de fazer as obras. Representam um investimento muito relevante para a Associação, e vamos ter de contar com o apoio dos moradores e da Junta de Freguesia de Benfica que já nos deu, aliás, alguns apoios. A médio e longo prazo, era importante conseguirmos fazer mais eventos, para termos uma atividade periódica, neste momento temos um de dois em meses, mas queríamos mais, englobando também outras Associações de Moradores.

O aspeto mais importante da partilha entre as associações foi o referendo da EMEL, quase todas se juntaram perante um objetivo comum: garantirem que a EMEL não viria para o Bairro. Foi uma grande vitória e podia concluir que o referendo só existiu porque as associações se mexeram senão, provavelmente, a palavra não seria devolvida aos cidadãos sobre esse assunto. As Associações deviam juntar-se mais perante objetivos comuns. Outro aspeto muito importante: apesar de estarmos próximos de Monsanto, estamos longe porque não temos uma acessibilidade fácil e segura. Há muito tempo que estamos a tentar, com propostas concretas, algumas sabemos que são impossíveis com montantes relevantes, mas queremos deixar a semente. Para que a Junta ou a Câmara pegue nessas ideias e as concretize. Por exemplo, fazendo uma ligação verde a Monsanto, rápida e segura. Também na parte de trás da Rua da Venezuela, no Caminho da Feiteira, propusemos fazer uma ciclovia e criar hortas urbanas, um local que está agora a ser reabilitado e parte do projeto vai ser implementado. Tenho de referir também o trabalho da equipa, porque não faço nada disto sozinho, deixando uma palavra de agradecimento.

*O ciclo de entrevistas às Associações de Moradores continua nas próximas edições.

9 ABRIL 2024 |

Já está aberto ao público o novo espaço Ulmeiro, disponibilizado pela Junta de Freguesia de Benfica, que alberga a livraria alfarrabista criada em 1969 no nosso Bairro, pelo seu fundador, José Antunes Ribeiro. Renasce um espaço histórico da literatura e da cultura, na nossa freguesia, que acolheu inúmeras personalidades ao longo dos seus 50 anos de existência.

O encerramento da Ulmeiro deixou um vazio cultural, que agora é possível colmatar, com uma nova localização, mas mantendo os objetivos de sempre. Continuará a ser um lugar para dinamizar cultura, debate, tertúlias, partilha de conhecimento, um ponto de encontro de todos os que amam a literatura.

Ao mesmo tempo, entre a antiga livraria e o novo local já está finalizado o Passeio Ulmeiro, que imortaliza personalidades ligadas à Ulmeiro e à vida da freguesia, e que foram escolhidas pela comunidade do nosso Bairro, através de uma votação nas redes sociais. Este “passeio da fama”, da autoria dos artistas Pariz One e Edis One, homenageia nomes como Zeca Afonso, Carlos Paredes, António Lobo Antunes, entre muitos outros. CULTURA

JOSÉ

O Bairro da Boavista recebeu a festa popular em honra de São José, no dia 23 de março, com a tradicional procissão pelas ruas do Bairro, a que se seguiu a missa celebrada no pavilhão da nova Escola Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, pelo pároco de São Jose do Bairro da Boavista, Ricardo Freire. No período da tarde, foi oferecido o almoço, confecionado pela comunidade cabo-verdiana do Bairro. Não faltou animação, com as danças africanas, protagonizados por estas crianças e jovens. Finalmente, destaque para a homenagem feita pelo Presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques, à recém-criada Associação Luso Cabo-Verdiana do Bairro da Boavista, pelo seu esforço e dedicação, no trabalho implementado ao serviço de toda a comunidade deste Bairro. Além dos representantes da Junta de Freguesia de Benfica, o momento contou também com o Embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro.

Numa reunião realizada no dia 18 de março, que contou com presença de representantes dos 28 clubes da nossa Freguesia, foram apresentadas as linhas gerais do futuro Plano Estratégico de Desenvolvimento Desportivo da Freguesia de Benfica.

Um plano que resulta de um trabalho de pesquisa constituído pelo diagnóstico e análise estratégica do sistema desportivo da Freguesia e pela formulação de propostas de desenvolvimento do desporto e que contará com os contributos fundamentais dos Clubes.

O propósito passa por consolidar um sistema desportivo local dinâmico, que proporcione o bem-estar físico, mental e social das pessoas, com níveis de desempenho adequados às expectativas e motivações de evolução na prática de atividade física e desporto e que contribua para o envolvimento, coesão, prosperidade e sustentabilidade da comunidade. No próximo dia 19 de abril, o Plano será publicamente apresentado e disponibilizado à população durante a Conferência do Desporto.

10 | ABRIL 2024
APRESENTAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO DESPORTIVO DA FREGUESIA
DE BENFICA BAIRRO DA BOAVISTA RECEBE FESTA EM HONRA DE S.
DESPORTO ABERTURA DO ESPAÇO ULMEIRO
BAIRRO

COMISSÃO DE HONRA - RICARDO MARQUES (PRESIDENTE JUNTA DE FREGUESIA DE BENFICA)

COMISSÃO ORGANIZADORA - PELOURO DO DESPORTO DA JUNTA FREGUESIA DE BENFICA

19 de ABRiL

PERÍODO DA MANHÃ LIMITE 115 VAGAS

9H30 SESSÃO DE ABERTURA,

PRESIDENTE DA JFB RICARDO MARQUES

VOGAL DO DESPORTO DA JFB MIGUEL PAIS

9H50 APRESENTAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO NO DESENVOLVIMENTO

DESPORTIVO NA FREGUESIA DE BENFICA - CARLOS CUSTÓDIO

10H00 MESA REDONDA 1 “POLÍTICAS PÚBLICAS PARA COMBATER O SEDENTARISMO INFANTIL”

Oradores:

Carlos Neto - Professor Catedrático FMH; Especialista mundial na área da brincadeira e do jogo, e da sua importância para as crianças

Representante da CM Odivelas

Ricardo Marques - Presidente da Junta de Freguesia de Benfica

11H00 MESA REDONDA 2 “IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA NO IDOSO”

Oradores:

Carla Rothes - Vogal dos Direitos Sociais da Junta de Freguesia de Benfica

Sandro Freitas - Professor Universitário FMH; Investigador com Doutoramento na área da flexibilidade

Miguel Santos - Vereador do Desporto da CM Rio Maior

12H00 MESA REDONDA 3 “ÉTICA E VALORES NO DESPORTO”

Convidados:

Miguel Pais - Vogal do Desporto da Junta de Freguesia de Benfica

Miguel Barata - Fundador e Líder da claque Gansos 1780 (Casa Pia Atlético Clube)

Dra. Susana Feitor - Presidente da Fundação do Desporto

PERÍODO DA TARDE LIMITE 115 VAGAS

14H30 MESA REDONDA 4 “DESPORTO NO FEMININO”

Convidados:

Telma Monteiro - Atleta Olímpica em Judo *

Carla Couto - Delegada e Embaixadora do Futebol Feminino do Sindicato dos Jogadores e Ex-Futebolista Internacional por Portugal

Sara Ferreira - Jogadora de Futsal do SL Benfica e da Seleção Nacional

Kátia Rodrigues - Jogadora Seleção Nacional Padel *

COMPLEXO DESPORTIVO ANTÓNIO LIVRAMENTO

AUDITÓRIO CARLOS PAREDES

15H30 MESA REDONDA 5 “O DIA A DIA DO PRESIDENTE DE UM CLUBE DESPORTIVO”

Oradores:

Vasco Fernandes - Presidente Clube Futebol Benfica

Luís Morais - Presidente Grupo Desportivo Direito

Vítor Seabra Franco - Presidente Casa Pia Atlético Clube

Sónia Santos - Presidente do Sport Futebol Damaiense

Alexandre Faria – Presidente Grupo Desportivo Estoril Praia

17H30 - 20H00 AULAS DE FINAL DE DIA [inscrição única] MEGA AULAS

ABERTAS NO

17H30 Mind & Body 50 VAGAS GINÁSIO JFB

18H15 Cross Force 20 VAGAS

19H00 Zumba 50 VAGAS

20 de ABRIL

PERÍODO DA MANHÃ

AQUADAY

ABERTA A PROFISSIONAIS DA ÁREA E FREGUESES

MEGA AULA DE HIDROGINÁSTICA + ATIVIDADES PARA CRIANÇAS

E JOVENS + WORKSHOPS

9H45 PISCINA – MEGA HIDRO – Professora Tinoca - Global Award 2005 – Profissional do Ano (Aquatic Exercise Association) + Equipa de Professores JFB 80 VAGAS

10H00-12H00 WORKSHOP TREINO DA FORÇA NO IDOSO - AUDITÓRIO CARLOS

PAREDES - Joana Mena e Frederico Abreu (JFB) 50 VAGAS

10H30-12H30 INSUFLÁVEL+ ATIVIDADES DE MOTRICIDADE INFANTIL

PERÍODO DA TARDE

14H00-16H30 WORKSHOP SEGURANÇA E SALVAMENTO AQUÁTICO - GINÁSIO JFB

António Ferreira - Professor Natação; Formador ISN 80 VAGAS

15H00-17H00 INSUFLÁVEL+ ATIVIDADES DE MOTRICIDADE INFANTIL

17H00

15ª CORRIDA FRANCISCO LÁZARO

- Clube Futebol Benfica

*(a confirmar)

Atribuição de créditos para Cédula Profissional de TPTEF e DT.

11 ABRIL 2024 | 2ªCONFERÊNCIA
19.20 ABRIL AtividAde físicA e despoRto
DAS 9H00 ÀS 19H00 entRAdA LivRe
AQUI!
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