A dieta da mente dr david perlmutter

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menos passaram a ser controladas, doenças comuns da infância, que antes reduziam fortemente a expectativa média de vida. Cada vez mais pessoas se mudaram para as cidades, deixando para trás o estilo de vida rural. Tornamonos mais educados, mais bem informados e cada vez mais sofisticados. Mas, em vários aspectos, também nos tornamos cada vez mais impressionáveis e enganáveis por informações que ainda não foram totalmente deci adas e comprovadas. Talvez você não se lembre da época em que os médicos recomendavam, por exemplo, fumar cigarros, mas no campo da nutrição esse tipo de ignorância aconteceu, numa escala muito mais sutil. E, infelizmente, par​te dele con​ti​nua até hoje. Em 1900, o homem urbano típico ingeria cerca de 2900 calorias por dia, sendo que 40% dessas calorias vinham de gorduras saturadas e insaturadas, em partes iguais (famílias rurais, que viviam e trabalhavam em fazendas, provavelmente consumiam mais calorias). Era uma dieta repleta de manteiga, ovos, carne, grãos, vegetais e utas da estação. Poucos americanos so iam de sobrepeso, e as causas de morte mais comuns eram pneumonia, tuberculose, di​ar​r eia e en​te​r i​te. Também foi perto da virada do século XX que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos começou a monitorar o “desaparecimento” de alimentos, observando uma alteração no tipo de gorduras que os americanos estavam ingerindo. Começou-se a utilizar óleos vegetais, em vez de manteiga, o que levou a indústria alimentícia a criar óleos hidrogenados, que se parecem com a manteiga. Em 1950 tínhamos passado de um consumo de oito quilos de manteiga e pouco menos de um quilo e meio de óleo vegetal por ano para um pouco mais de quatro quilos de manteiga e mais de quatro quilos de óleo vegetal. A margarina também ganhou terreno rapidamente em nossas dietas: na virada do século, representava apenas um quilo por pessoa, mas na metade do sé​cu​l o au​men​tou para cer​ca de qua​tro qui​l os. Embora a hipótese lipídica exista desde meados do século XIX, só foi em meados do século XX que os cientistas tentaram relacionar uma dieta gordurosa com artérias gordurosas, à medida que começou a aumentar o número de mortes por doenças arteriais coronarianas (DAC). Segundo essa hipótese, a gordura animal saturada eleva o nível de colesterol no sangue, levando ao depósito de colesterol e outras gorduras nas artérias, sob a forma de placas. Para reforçar essa teoria, um especialista em saúde pública da Universidade de Minnesota, chamado Ancel Keys, mostrou uma correlação quase linear entre as calorias da gordura na alimentação e as mortes por doenças cardíacas na população de sete países (ele ignorou países que não se encaixavam nesse padrão, inclusive muitos onde as pessoas ingeriam muita


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