Ocupação Rua da Mooca - EV Escola da Cidade

00 HISTÓRIA DO GALPÃO

01 TOMBAMENTO

03 OCUPAÇOES

04 DADOS

05 MÓDULO

06 COLONIZAÇÃO

07 ESPAÇO PRIVADO-ESPAÇO PÚBLICO

08 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

ÍNDICE

00

1910

2000

1987

2014 2018

2010

2017

"HISTÓRIA DO GALPÃO"

00

O edifício da antiga Fábrica de Tecidos Labor, construído em 1910, é um exemplo do patrimônio industrial paulistano com seu conjunto fabril ainda preservado. A fábrica foi desativada em1987 e permaneceu sem uso até a década de90quandopartedosgalpõesfoiusadacomoestacionamento.Nosanos2000 o local abrigou uma casa noturna, a qual fechou em 2002.

01

Desdeentão o prédioestavadesocupado.Em 2014 o conjuntodas edificações, que incluigalpões, duas chaminés,um casarão residencial,um anexo e poucos exemplares do maquinário original, foi tombado pelo CONDEPHAAT, porém não foram tomadas quaisquer medidas em direção da salvaguarda dos bens, sendoque em 2010,após aberturado processode tombamentoem 2009, a vila operária da fábrica foi demolida sem que os órgãos patrimoniaisfossem consultados.

02

Em 2017 houve uma primeira ocupação, hoje já consolidada, em parte dos galpões, depois realocando-se na casa de máquinas. A segunda ocupação se deuemsetembrode2018e estáemprocessodeexpansão,preenchendoquase todos os galpões e o anexo. Dia 23 de outubro de 2018 os moradores receberam a notícia que o prazo de reintegração de posse tinha sido adiado para outubro de 2019.

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PLANTA DO TOMBAMENTO

Prédios tombados

"TOMBAMENTO"

01 A antiga Fábrica é tombada pelo CONDEPHAAT através do processo nº59448/09, homologado tombamento especifica

em

2014

e

ex

officio pelo

CONPRESP. O

2 níveis de preservação dos edifícios: preservação

integral das edificaçõese elementosinternose externos,fachadae volumetria, sendo admitidas intervenções que permitam a adaptação dos espaços a eventuais necessidades (caso do casarão e do pavilhão onde localiza-se a caldeira);preservaçãodasfachadase volumetria(escritórioe pavilhões),alémda estruturametálicadosgalpões.É,também,regulamentadaumaáreaenvoltória de 40m ao redor do conjunto, na qual só devem ser construídas novas edificaçõesde até12 andares.Os anexosnão são tombados,sendo restringidos apenas pela regulamentação da área envoltória.

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06

07

08

ES TAÇÃO P ARQUE DOM P EDRO I I

HOS P I TALP RI VADO

ES COLA E S TADUA L P ROF ES S OR ANT ON DEP ROENÇ A

"SITUAÇÃO URBANÍSTICA"

02 AantigaFábricalocaliza-sena Mooca, regiãofortementemarcadapeloprocesso de industrialização paulistana e igualmente marcada pela subsequente desindustrializaçãoa partirdadécadade1930econstituiumapermanênciade uma camada histórica da paisagem do bairro.

Dentre os aparatos de infraestrutura urbana mais utilizados pelos moradores estãoasescolasestaduale municipal , asIgrejas eo Fablab, quefornecealguns materiais para a construção dos espaços. Apesar de estar na região do centro expandido, a infraestrutura é insuficiente, principalmente quando se trata da área da saúde. Ademais, por estar construída lindeira à Avenida Alcântara Machado, oacesso ao metrô é dificultadoe só é possível através de passarelas.

09

TERMI NALDE ÔNI BUSBR ÁS

ES COLA P ÚBLI CA J OÃO ME NDONÇ AF ALCÃO

F EBEMF UNDAÇ ÃO ES TADUA DO BEM L ES TAR DO MENOR I GREJ A MUND I AL DO P ODER D EDEUS

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10

100 PRIMEIRA OCUPAÇÃO

200 SEGUNDA OCUPAÇAO

"OCUPAÇOES"

03 Duranteo períodode um ano,ocorreramduas ocupaçõesna fábrica, sendoa primeiraemsetembrode 2017e a segunda mesetembrode 2018. Aprimeira ocupaçãose deu,inicialmentenos galpões,porémapósum incêndiomudou-se parao pavilhão(ondehouvea casanoturna)e paraa saladascaldeiras,espaços fisicamente separados do restante dos edifícios, havendo, inclusive, uma outra entrada.Essa ocupação mais antiga émais consolidada, há dois pontos comerciaisinternospequenosparaatenderas100famíliasqueocupamtodoo espaço do pavilhão. A segunda ocupação abrange todos os galpões, os anexos,o casarãoo prédiodosescritóriose abrigacercade200famílias, porém esse número estácrescendo, uma vez que ainda há espaços sem habitações.

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"DADOS"

04

Como metodologia de trabalho, o espaço foi entendido através de visitas, desenhos,

conversas

com

moradores

e

fotografias. Nesse

processo

documental nos atentamos às diferentes materialidades, às relações entre pré-existênciase novasintervenções,aosespaçosprivadose comunitários e aosseusrespectivosusos,aosruídos, aosproblemas eàspotencialidades. Esse levantamento foi a base utilizada para as propostas interventivas.

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Brasil Perú

NACIONALIDADES Bolívia

Haití Colombia

A maioria dos moradores é brasileira, porém há também colombianos, peruanose haitianos, sendooshaitianosa segundamaiorpopulaçãolocal . Os idiomasfalados,alémdoportuguês,sãoespanhol,francês,criouloe inglês,sendo que alguns dos imigrantes não falam português. É notável uma segregação espacial entre os haitianos, que constroem suas moradias nos prédios anexos (edifíciosconstruídosapós1950)e osoutrosmoradores,queocupamosgalpões, o casarão e o escritório.

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MORADORES

Cada família tem o seu espaço, que varia de tamanho de acordo com a quantidadede membros(hánúcleosfamiliaresde duas a oito pessoas). Muitas famíliastemcrianças, algumasfrequentamas escolasdo entorno,porémmuitas nãovãoa qualquerescola.Apresençadascriançasnoespaçoé muitomarcante, hásempremovimentodebicicletas,patinetes,patins. Nãosãoaceitoshomens solteiros na ocupação e a seleção dos moradores éfeita através de entrevistas comosorganizadores(quenãotemligaçãocomnenhumtipode movimento social ). Um problema sério da comunidade, éa ausência de um senso de comunidade entre os moradores, poucas atividades coletivas são realizadas e reclamações de furtos são recorrentes, inclusive de objetos de uso coletivo.

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MATERIAIS

Após receberem o espaço, toda a sua construção é de responsabilidade dos moradores. Omaterialmaisutilizadoéo tijolobaiano, sendo,inclusiveutilizado comocobogó ao ser colocadoperpendicularàparede.O segundomaterialmais utilizadoéa madeira, presenteem placas de compensados, em laminados, em muitasportas,emalgumasvigasde suportedascoberturase pallets. Aindasão utilizados tecidos, lonas, arames, telhas

galvanizadas, papelões. O

lixo

proveniente das construções é um dos grandes problemas enfrentado pelas famílias,mutirõessão feitoscomalgumafrequênciapararetirartodoo entulho, porém mesmo assim oespaço é bastante marcado pelos resíduos das obras.

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ATIVIDADES

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As atividades que ocorrem nos espaços comunitários são, principalmente, atividadesindividuaisquesedãoemumespaçocomum.Dentreasaçõesmais recorrentes estão crianças brincando, andando de bicicleta, jogando bola.

Outracenamarcantesãoasroupassecandoemvaraisimprovisados,quasetodos os espaços comunitários são ocupados por varais. A construção dos espaços em si, é uma atividade que ocupa tanto os espaços privados quanto os compartilhados,umavezque os moradoresas vezesmontampequenasmesas de trabalhofora de suascasase ocupamos corredorescomos carrinhosde mão ou com os materiais. Próximo à entrada principal, há o maior espaço comum , onde ocorre grande parte das interações entre os moradores.

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1.

5 1.

5m 5m 2.

7m 1,2 m

5.6 m 6.8 m

"MÓDULO"

05 O galpão é dividido por pilares metálicos que distam 7m uns dos outros. O espaçoentre4 pilaresconstituium módulode ocupação, sendoque1,2mde larguraportodoo comprimentoé destinadoaos corredorespermeiamtodoo espaço.Asmoradiastemcercade2,5m dealtura,tendoopédireitodogalpão cerca de 8 m . A iluminação do ambiente é zenital feita por aberturas nas tesourasque sustentama cobertura,porémcomoquase todos os módulossão cobertos,tantoporcontadaáguaquantopelaprivacidade,essaluzchegapelas janelase cobogós. A ventilaçãosedádamesmaformaquea iluminação, mas há ainda grandesaberturas nas laterais do galpãoque auxiliam nessa ação.

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"COLONIZAÇÃO"

06 Apósa definiçãodeumlocalparaumafamíliaa primeiraaçãoé demarcaresse espaçono piso, pormeiode estacase fios.Depoisas paredessãolevantadas, em alguns casos paredes internas e externas são construídas simultaneamente, deixandoespaçosvaziosparaportase janelas. O passofinalparaa ocupação é a instalaçãode telas, coberturase esquadrias,asquaissãodemetal,madeira, tijolos,tecidosoumesmotelhasgalvanizadas,eopreenchimentodomódulocom os móveis e demais pertences de seus habitantes. Depois de consolidada a ocupaçãodo interiordo módulo,os corredorescomeçama ser ocupadospor objetos pessoais, como roupas nos varais, bicicletas e brinquedos.

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PLANTA DAS OCUPAÇOES Espaço ocupado

"ESPAÇO PRIVADO-PÚBLICO"

07 O espaçode intermédioentreambientespúblicose privadosé o que ocupaa maior área das edificações.No entanto, é mal aproveitado, funcionandocomo um espaço residual cujas atividades predominantes são a circulação dos moradores (a pée, por vezes,de bicicletas)e a secagem de roupas, com varais instaladosnasfachadasdashabitaçõesoumesmocolocadosempénafrentedas moradias.Nãoháumazonadetransiçãoentreasduasesferas, asfachadassão fechadase incidemdiretonos corredores,prejudicandotanto a privacidadedas habitações quanto possíveis ações nesses espaços intersticiais.

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PLANTA ATIVIDADES NO ESPAร O "RESIDUAI" Espaรงo livre

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"RELATÓRIO FOTOGRÁFICO"

08 A tentativa de compreender verdadeiramente o espaço, seus usos, seus moradores, seus detalhes, passou por um momento de registro fotográfico, através do qual buscou-se captar um pouco das sensações que a ocupação transmite.Por se tratarde uma situaçãoespacialtão inusitada,foi um processo muitoimportanteparao grupo.Como olharindodos materiais,a os lixos,aos varais, ao espaço em si, alternaram-se as escalas macro e microscópica para apreendertantoasinformaçõesdolugaremsiquantoas sociais/cotidianas ali presentes. O enfoque, muitas vezes, é a luz que entra por tantas brechas diferentes, ou as sombras que se instalam onde ela não chega.

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