Mistério das águas ao alcance dos olhos

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[ para a família ]

Embora 70% do planeta Terra seja formado por água, a vida vegetal e animal que habita essa imensidão azul ainda é pouco conhecida. Sorte que alguns passeios ambientais, como o oferecido pelo Aquário de São Paulo, ajudam crianças, jovens e adultos a se conscientizarem sobre a relevância desse mundo submerso para a sobrevivência de todos os organismos vivos do planeta Por: Janaína Quitério | Fotos: Inácio Teixeira

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[ para a família ]

Magnífico aquário dos gigantes amazônicos

Q

uando o prédio azul espe-

de. Trata-se de pequenos aquários expos-

Em todos os tanques, estão expostas

lhado do Aquário de São

tos nas laterais dos corredores, mas que

reproduções autênticas dos biomas que

Paulo é avistado, numa rua

são capazes de despertar a já avoaçada

representam. Na seção de animais que

estreita da atribulada capital

curiosidade infantil sobre os mistérios

habitam a água doce, por exemplo, em

das águas.

cada aquário figura a vegetação típica

paulista, fica difícil acreditar que o local seja sede do maior aquário temático da

Além de peixes, o local abriga serpen-

da região correspondente, seja a Ama-

América Latina e abriga, desde 2006,

tes, como a sucuri e a jiboia, e o visitan-

zônia, o Pantanal ou a bacia do rio Tietê.

nove mil metros quadrados de área, onde

te pode visualizar, de cima para baixo,

Os mangues do litoral paulista também

habitam, pelo menos, três mil animais de

algumas espécies de jacaré — dois deles

parecem ter sido transportados por in-

300 diferentes espécies, entre peixes,

albinos: basta caminhar sobre os vidros

teiro para lá, tamanha a complexidade

anfíbios, répteis, mamíferos e aves.

transparentes que funcionam como jau-

cenográfica utilizada. Tudo isso permite

As primeiras atrações, assim que o vi-

la em seus abrigos. Mas a possibilidade

que a família visitante conheça as dife-

sitante apresenta o ingresso na entrada,

não encoraja alguns pequenos a ali pisa-

rentes composições da natureza, agru-

ainda são o “arroz-com-feijão” provavel-

rem: “E se esse vidro quebrar, o jacaré

padas num mesmo espaço e mais bem

mente já provado em diferentes passeios

me come?”, sussurra uma das crianças

ilustradas que as explicações lineares

culturais e ambientais existentes na cida-

à mãe, que a acompanha.

encontradas nos livros de ciências.

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Durante a semana, excursões escolares lotam o Aquário de São Paulo

Jacaré albino

No oceanário, tratadores alimentam as raias dentro do enorme tanque

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[ para a família ] Encontro com Tubarões

de um lado para o outro do aquário. Na

cia para explicar aos pequenos que não

parte de fora dos tanques, ao contrário,

se tratam de peixes assassinos, como se

Para avistar a área mais requisitada do

o movimento cessa. “Olha o mergulhador

costuma retratá-los em filmes de terror: se

Aquário de São Paulo, é preciso submergir

nadando com os Tubarões!”, as crianças

ataques acontecem nas praias, é porque a

no oceano. Não literalmente, infelizmente,

ficam estupefatas. Essa é a hora propí-

natureza anda bem bagunçada.

mas por meio de um submarino cenográfico que transporta a imaginação para o fundo do mar. De repente, o visitante se vê rodeado de tanques por todos os lados, que con-

Bater no vidro, durante a alimentação dos Tubarões, pode assustálos e provocar acidente dentro do tanque

têm, no total, seis metros de profundidade e quase um milhão de litros de água salgada. À esquerda, à direita e acima do visitante, sete Tubarões-lixa (Ginglymostoma cirratum), um Tubarão-mangona ou Tubarão-cinza (Carcharias taurus), além de Raias-prego (Dasyatis americana), Bijupirás (Rachycentron canadum) e Garoupas (Epinephelus marginatus), desfilam pelas águas em companhia de dezenas de curiosos, que, por alguns momentos, vivenciam de perto um cotidiano por eles desconhecido. Essa é a seção que deixa as crianças atônitas — em parte porque a imensidão do aquário consegue transportar a paz e o silêncio encontrados em seu hábitat através do vidro de acrílico espesso.

“Olha o mergulhador nadando com os Tubarões!” Dia sim, dia não, dois tratadores mer-

gulham no tanque dos Tubarões para alimentá-los. Como não há horário predefinido, para ver esse espetáculo, é preciso ter acordado com sorte no dia do passeio. Segundo o biólogo Rafael Caprioli Gutierrez, a alimentação dessas espécies não tem hora certa para acontecer. O objetivo é proporcionar uma atividade diferenciada dentro do confinamento e evitar que os animais fiquem ansiosos em determinados horários. Aí, é só a ponta da nadadeira do mergulhador encostar a água para os Tubarões sentirem a vibração e iniciarem o rebuliço

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O Tubarão-mangona vive em movimento para poder respirar. Ele não costuma atacar os peixes, durante a caça. Por isso, é preciso levar o alimento bem próximo à sua boca


Gigantes amazônicos Esse é o nome do tanque que abriga Tambaquis, Pirararas, Pirarucus e Jaús, além do gigante mamífero peixe-boi. Junto com o oceanário, trata-se de umas das principais atrações do Aquário de São Paulo, seja pela beleza da cenografia e diversidade dos peixes presentes, seja pela imensidão do aquário, que também sustenta 900 mil litros de água. O visitante pode explorar a vida das espécies através do vidro de acrílico em dois andares. Para isso, basta subir as escadas e percorrer um caminho tematizado construído ao lado do tanque. Nessa parte, são avistados, sobretudo, os Pirarucus, que preferem habitar a flor d´água.

O enorme Pirarucu, cada vez mais raro na natureza, nada imponente no tanque amazônico

Quem mais atrai a atenção das crianças é o gigante peixe-boi. Encontrado ainda bebezinho no rio Tapajós, em 2001, depois que sua mãe foi morta por caçadores, o Tapajós (como foi nomeado) já completou 11 anos de idade, pesa 170 quilos e mede 2,10 metros. Por não se tratar de um peixe — ele é um mamífero —, no confinamento, precisa subir para respirar a cada sete minutos. Na natureza, o peixe-boi sobe a cada 30 minutos. Seus predadores, o Homem, ao conhecerem esse hábito, capturam Casa típica dos caboclos, homenagem a Chico Mendes, “o maior defensor do meio ambiente na Amazônia”. É preciso conhecer a história dos que lutam pela natureza

essa espécie para se beneficiarem de sua pele, usada para extração de óleo. Por esse motivo, corre sério risco de ser extinto. No tanque dos peixes amazônicos, Tucunarés, Matrinxãs, Aruanãs, Pintados, Cacharas e Raias nadam sem se preocupar com predadores. Quem é pescador esportivo logo reconhece cada uma das espécies. Mas, se você nunca se aventurou nesse esporte, quando seu filho questionar: “Que peixe é esse?”, a resposta terá de ser rapidamente consultada no painel informativo fixado ao lado do aquário. Afinal, toda criança espera que seus pais tenham as respostas completas na ponta da língua. Aí, pode posar de “papai sabe tudo”!

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[ para a família ] O divertido lobo-marinho “Oi, meu amor, vamos começar?”, a veterinária Laura Reisfeld chama, carinhosamente, o lobo-marinho Thunder. Seis vezes ao dia, ele é alimentado e treinado pelos tratadores. Quando ela dá o sinal, ele se apoia nas nadadeiras, sai da água e recebe a comida. Ao ouvir o apito, mergulha na água, dá algumas piruetas e volta para receber a recompensa: peixe e carinho. A outro comando, Thunder oferece as patas como se fosse cumprimentar a treinadora. A brincadeira dura entre 5 e 10 minutos, e diverte também os espectadores. Mas, quando ela faz menção com a mão de que o treinamento acabou, ele

Laura Chrispim Reisfeld, médica-veterinária, trata o lobo-marinho Thunder, que tem entre 9 e 10 anos de idade

entende o recado. Não insiste: volta para a água e apenas relaxa, com nados soltos

a paixão do proprietário o fez investir em es-

de um lado para outro. Daqui algumas ho-

tudos e manutenção dos animais aquáticos.

ras, haverá outra brincadeira de novo!

Desde 2008, o Aquário de São Paulo está

Brindes

reformado e com atrações que podem ser bem visualizadas em, pelo menos, três ho-

Uma das últimas seções é reservada aos morcegos, que dormem dependurados, durante o dia

ras de passeio. Quem levar a criançada conDepois de percorrer todas as seções do aquário propriamente dito, o visitante passa

ta com lanchonete, loja de souvenir e até um cinema 4D super divertido!

pela ala dos Dinossauros e dos Homens da

Depois de um passeio desses, é im-

caverna, que trazem um panorama histórico

possível não levar consigo a sensação de

da evolução humana e do universo. O que

ter mergulhado, ainda que de forma figu-

isso tem a ver com aquário? É que, em seus

rada, num profundo mundo mágico e, por

primórdios, tratava-se de um planetário, mas

ser ainda pouco conhecido, misterioso. No Aquário de São Paulo também há um museu paleontológico e o Vale dos Dinossauros, atrações advindas da época em que no local funcionava um planetário

A última seção traz pinguins-de-magalhães, aves migratórias que vivem no Chile e na Amazônia. Os três que habitam o aquário foram encontrados encalhados durante sua migração

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“Quem é o maior predador do planeta?”, pergunta a professora. “É o Tubarão!”, responde uma aluna. Ao passar pela porta, surpresa! O Homem é o maior predador do planeta

Serviço

Acima de 60 anos e professores: R$20

Aquário de São Paulo

Pessoas com necessidades especiais: Grátis

Rua Huet Bacelar, 407, Ipiranga, São Paulo-SP Tel.: 11 2273-5500

(Para visitas noturnas, agendamento por telefone)

Ingressos

Domingo a domingo 9h às 18h

Crianças de 3 a 12 anos: R$25

ROOSEVELT X ARIPUANÃ

Cinema 4D: R$5

www.aquariodesaopaulo.com.br

R$40

Sul do amazonas, no encontro de dois grandes rios

Às segundas-feiras, preço único: R$20

confira nosso

novo site

Última admissão: 18h (só fecha após a saída do último visitante)


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