Revista Plural, ed. 2018-2

Revista experimental semestral do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) Ano 14 / N.º 28 2º sem. de 2018

ENTRE O REAl E O VIRTUAL Conexões e distorções entre as duas dimensões

NESSA EDIÇÃO 04

SOCIABILIDADE E VÍCIO EM JOGOS VIRTUAIS: OS DOIS LADOS DA MOEDA

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DEIXA ELAS JOGAREM

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A PROFISSIONALIZAÇÃO DA DIVERSÃO

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AFINAL, VALE A PENA TER UM RELACIONAMENTO VIRTUAL?

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ECONOMIA VIRTUAL

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A EDUCAÇÃO EM UM MUNDO DE POSSIBILIDADES VIRTUAIS

EXPEDIENTE REVISTA PLURAL Ano 14 | N.º 28 | 2º semestre de 2018 Revista experimental produzida pelos alunos do 4º semestre do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) Reitora: Iraní Rupolo Pró-reitora de Graduação: Vanilde Bisognin Coordenadora do Jornalismo: Sione Gomes Orientação da revista Plural: • Profa. Glaíse Bohrer Palma (redação) • Prof. Iuri Lammel (diagramação) • Profa. Laura Elise Fabrício (fotografia) Fotografias: Laboratório de Fotografia e Memória (LABFEM) Capa: composição com foto de Denzel Valiente (LABFEM), ilustração de Wander Schlottfeldt e imagem de Freepik.com

Equipe de reportagem e diagramação: Alam Said Carrion Suleiman, Bárbara Carolina Neves Canha, Bibiana Campos, Bruno Bertulini, Caroline Freitas Scremin, Caroline Miranda Nunes, Daniel Silva de Lima, Eduardo Biscayno, Estela Biscaino, Evelin Padilha Bitencourt, Fabian Lisboa Carneiro, Gabriel de Oliveira, Gabriele da Silva Bordin, Guilherme Superti Piber da Silva, Jean Karlo Paim Rodrigues, Júlia Fleck de Quevedo, Lídia Scherer Monteiro, Luciano Vieira, Maurício Mello, Matheus Beck, Matheus de Mattos, Matheus Jardim Andrade, Michel Augusto Schünke, Samuel Machado Lemos, Wander Schlottfeldt Oliveira.

Impressão: Gráfica Editora Pallotti Tiragem: 500 cópias

IMAGENS: D3IMAGES / FREEPIK

CARO LEITOR, Você já parou para pensar em como é sua relação com o virtual? Vivemos um tempo em que é normal acordarmos com o som do despertador do celular e irmos dormir só após verificarmos as últimas mensagens e notícias que lemos nos smartphones. Tendo em conta a centralidade das redes de comunicação online na nossa vida, a Plural deste semestre vem para nos ajudar a pensar no mundo em que estamos inseridos.

Nas próximas páginas você encontrará: informações sobre o mercado digital que se abre com as tecnologias, alavancando a economia; uma reflexão sobre o que os jogos online nos possibilitam, do isolamento a sociabilidade; as potencialidades de uso dos meios de comunicação virtuais para a educação, assim como os cuidados que devemos ter, especialmente com as crianças; uma reflexão sobre as relações virtuais, suas vantagens e desvantagens; o surgimento de uma nova modalidade de esportes com o e-sport; e ainda, um panorama da questão de gênero nos jogos digitais, afinal, o virtual imita a vida real.

Venha nesta viagem pelo mundo virtual conosco! Esperamos que você tenha uma boa leitura e que nossa revista lhe ajude em sua vida real!

Glaíse Bohrer Palma

IMAGEM: BLUEMOON1981/FREEPIK

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Texto: Bruno Bertulini, Luciano Vieira e Michel Schunke.

Diagramação: Bruno Bertulini, Matheus Andrade e Michel Schunke

SOCIABILIDADE E VÍCIO EM JOGOS VIRTUAIS: OS DOIS LADOS DA MOEDA

ENTENDA MAIS SOBRE A OFICIALIZAÇÃO DO VÍCIO EM GAMES COMO DOENÇA E AS PESSOAS QUE CRIARAM AMIGOS DEVIDO AOS JOGOS

LABFEM- LUCAS LINCK

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om a popularização crescente dos jogos digitais, cada vez mais pessoas passam suas horas de lazer explorando mundos virtuais, competindo com outros jogadores online e customizando seus avatares.

Mas e o que acontece quando essa prática sai do controle e acaba invadindo o tempo que deveria ser utilizado para outras atividades? Quem nunca disse a frase “só vou terminar mais uma partida”, e acabou jogando a madrugada toda?

Considerando as consequências desse tipo de comportamento, a Organização Mundial de Saúde (OMS) oficializou este ano em sua Classificação Internacional de Doenças (CID) o vício em jogos digitais como um distúrbio mental. Não é necessário pânico, no entanto, já que a própria organização afirmou que se trata de uma doença rara que atinge apenas 3% do público gamer.

QUANDO VIRA DISTÚRBIO? É importante saber distinguir quem possui o problema, como frisa Fernanda Jaeger, professora do curso de Psicologia da UFN: “podemos considerar que uma pessoa encontra-se viciada em jogos digitais quando ela passa a jogar por muitas horas seguidas, comprometendo outras áreas da sua vida [...] uma pessoa pode jogar muito e não ter vício em relação ao jogo, na medida em que não há um prejuízo de outras áreas de sua vida”.

Como a profissional explica, o tempo gasto nos jogos é sim um fator a ser levado em conta quando falamos em um distúrbio, mas as consequências aos aspectos de qualidade de vida que são determinantes para o diagnóstico do vício. Por exemplo, dois indivíduos podem passar o mesmo tempo em frente à tela, mas se um conseguir levar sua vida naturalmente, enquanto o outro negligencia aspectos sociais, alimentares e até de higiene pessoal para dar mais atenção ao jogo, existe um caso de vício e o outro, não. Trata-se de uma distinção importante.

PROJETADO POR SERGEY_KANDAKOV / FREEPIK

OS SINTOMAS DO VÍCIO Dentre os problemas que estão ligados ao distúrbio, podemos citar a exclusão social, depressão, agressividade e obesidade. Tais sinais podem surgir devido ao vício ou ser potencializados por ele. Ainda, é possível que pessoas que já possuem tais dificuldades acabem utilizando os jogos como uma forma de fuga da realidade, como explica a psicóloga Andrea Venturini: “A sensação de poder vai se tornando mais frequente e o jogador encontra sua válvula de escape, e consegue aliviar de certa forma os problemas da rotina”.

A psicóloga enumera alguns fatores que podem ser observados em pessoas que possuem o distúrbio: • Quando os pensamentos ficam ligados ao jogo e não conseguem pensar ou falar em outro assunto que não o jogo; • O jogador muda seu estado emocional; • A necessidade de jogar aumenta cada vez mais; • O jogador deixa de fazer suas obrigações diárias; • Acaba causando conflito com outros.

Geralmente, a sensibilidade ao vício é agregada a fatores biológicos que estão ligados aos mecanismos de recompensa do cérebro e atuam de forma equivalente ao vício por substâncias, como o alcoolismo ou vício por outras drogas. Acredita-se que isso pode estar ligado uma predisposição genética, fazendo, portanto, que o jogo vire um objeto de suprema importância na vida do indivíduo.

O TRATAMENTO Ainda não foram realizados estudos para definir um tratamento específico, mas Andrea Venturini pensa que o mais comum é começar conversando diretamente com os pais que tenham a suspeita de que seu filho(a) possa estar viciado. “Até hoje não tive nenhum paciente com esse tipo de problema, mas é importante que os pais conversem com seus filhos sobre o tempo excessivo de jogo e descubram se há algum problema Revista Plural 2018 / 2º semestre

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na vida pessoal do indivíduo”, ressalta Andrea.

Uma outra forma indicada é a da psicoterapia, que auxilia o paciente avaliando e desenvolvendo habilidades sociais fora do ambiente virtual, como de comunicação, de resolução de problemas, de sentimentos. O recomendado é que se faça pelo menos seis meses dessa terapia, e caso não haja uma evolução satisfatória, a pessoa pode ser encaminhada para um psiquiatra.

O diagnóstico do vício de games é feito por um especialista em psiquiatria, pois não existem exames clínicos que possam diagnosticar esse vício, já que, diferente do abuso de substâncias químicas, ele não causa dependência fisiológica. Apenas o diálogo com o profissional é utilizado para fazer o diagnóstico. O especialista conversará com os familiares para entender quais prejuízos os jogos estão trazendo ao indivíduo, e com o paciente para saber de sua relação com os games, como ele se sente quando deixa de jogar, entre outros pontos.

Outros possíveis transtornos mentais ou sofrimentos enfrentados pelo indivíduo devem ser levados em consideração para ser feita uma profunda avaliação antes de definir a melhor conduta de tratamento. A avaliação neuropsicológica e psicológica e a constatação do prejuízo social em razão da dependência de games também fazem parte do diagnóstico.

Segundo os especialistas, o tratamento tem respostas mais rápidas com crianças e adolescentes do que adultos, no entanto, todos podem apresentar recuperação. “Com crianças e adolescentes é mais comum haver esse tipo de vício e mais fácil de se tratar, devido a percepção dos pais que estão presentes na vida do indivíduo”, avalia Andrea. Já no caso dos adultos o tratamento muda e é mais difícil de ser percebido, principalmente se a pessoa morar sozinha. Entretanto, a profissional afirma que esse tipo de vício é raro na idade adulta.

O PROBLEMA SOB OUTRA PERSPECTIVA Embora tenhamos descrito em detalhes os perigos que esse tipo de distúrbio pode acarretar, precisamos ressaltar que os jogos digitais possuem muitos pontos positivos. Entre as duas psicólogas entrevistadas pela reportagem, é consenso a ideia de que os games ajudam na capacidade de resolução de problemas e capacidade criativa, por exemplo.

E quanto àqueles que trabalham criando os jogos? Será que existe preocupação com o potencial viciante dos mesmos, ou incentivos para tornar os gamers sociais? Para elucidar melhor essas questões, falamos com o professor de design de games, Cássio Lemos.

Lemos considera positiva a oficia-

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lização do vício como uma doença pela OMS. Segundo ele, a classificação facilitará o estudo do problema, que considera algo sério. O professor também explicou como o profissional do design de games encara a questão do potencial ao vício quando desenvolve um jogo digital: “A importância do design nos jogos é fundamental para criar um jogo mais ou menos viciante, existem diversos elementos que são pensados e integrados na mecânica dos jogos para aumentar a rejogabilidade e isso vai depender muito do estilo do jogo e do público”.

Lemos informa que o intuito não é para o jogo ser viciante, e sim para manter o jogador ativo, seja em uma mesma sessão de jogo ou para o retorno no dia seguinte. Os jogos, assim como todas as formas de mídia,

O DIAGNÓSTICO DO VÍCIO EM GAMES É FEITO POR UM ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA, POIS NÃO EXISTEM EXAMES CLÍNICOS QUE POSSAM DIAGNOSTICAR ESSE DISTÚRBIO. POKÉMON GO E A SOCIABILIDADE EM GAMES De fato, os incentivos à colaboração entre amigos têm um grande impac-

to no sucesso dos jogos sociais. Um exemplo disso é o ressurgimento do game Pokémon Go nas manchetes recentes. Você talvez se lembre do lançamento estrondoso do game em 2016. Por um curto período, o jogo que mistura realidade aumentada e coleção de monstrinhos ficou entre os assuntos mais falados da mídia, para alguns meses depois, aparentemente sumir. As ações da desenvolvedora Niantic, responsável pelo jogo, chegaram a cair nesse período.

Isso até setembro desse ano, quando uma atualização possibilitou aos usuários trocar seus monstrinhos virtuais com os amigos. A mudança gerou um aumento de 35% no número de jogadores, como foi divulgado pela empresa, e trouxe jogadores, que tinham abandonado o game, de volta.

LABFEM - MARIANA OLHABIERRIET

precisam fisgar o seu público e as táticas para tal podem recompensar o jogador por interações sociais, por exemplo. Algo que vai contra a noção de antissociabilidade atribuída ao vício em games.

“Isso também é algo que vai depender muito do estilo do jogo e do público. Jogos como MMOs terão muitos elementos de sociabilidade, seja através de formação de equipes, interação para troca de itens, clãs, guildas, etc. Muitas pessoas fazem grandes amigos através dos jogos online. Quanto às recompensas, isso pode existir, mas pode variar imensamente de acordo com o game. Um exemplo bem simples são os jogos do estilo “Fazendinha Feliz”, em que há bônus por ajudar os amigos”, esclarece o professor.

Segundo a Pesquisa Game Brasil 2018, 75,5% dos brasileiros consomem algum tipo de jogos eletrônicos

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Um desses casos é do estudante de publicidade Alan Groisman, que diz ter voltado ao jogo devido às atualizações: “desde que lançou o jogo eu comecei a jogar, mas dei uma pausa porque o game estava a mesma coisa sempre, então esperei atualizações para renovar o jogo”. Ele diz que conheceu várias pessoas jogando, mas não chegou a fazer amigos porque não faz muitas raids.

Raids são eventos programados no game para serem feitos por vários jogadores ao mesmo tempo. É quando diversas pessoas se juntam para enfrentar e capturar cooperativamente um Pokémon que é programado para ser forte demais para jogadores sozinhos. Esses eventos, que também foram implementados através de atualizações, reúnem grupos em pontos estratégicos da cidade, como monumentos históricos e construções reconhecidas.

Para organizar as Raids, os jogaO jogo incentiva as pessoas a saírem de casa dores criam grupos no Whatsapp e Telegram para marcar local e horário. na rua, falei com ele e fui colocado o jogador ir atrás de mais informações.

Após o término da batalha digital, Durante a entrevista com Groisman, no grupo de jogadores da cidade [...] ele estava justamente participando do basicamente todas as amizades que eu alguns conseguem capturar o monstrinho raro, outros não. O grupo de evento em frente à Catedral Metropo- tenho agora são do pessoal do jogo”.

Zoki conta que a amizade não fi- amigos então vai para o próximo ponlitana na Av. Rio Branco, junto de um cou só no jogo e que com frequência to de interesse, no caso a praça em grupo de amigos e conhecidos.

Entre eles, o assistente de central vai em churrascos organizados pelo frente ao shopping Monet. Essa espégrupo de que faz cie de “migração” de um ponto ao oude atendimento, DIVULGAÇÃO POKEMON.COM parte. Ele também tro da cidade durante ao evento - que Wolmer Zoki, diz que conheceu acontecia em um dia quente e ensotem uma históvários pontos tu- larado - junto à exposição ao ar livre ria interessante: rísticos e históricos não poderia ser mais diferente que o “Eu sou natural da cidade devido ao estigma antissocial vivido por pessoas do Rio de JaPokémon Go, já que que sofrem do vício por jogos e explineiro, Baixada as Pokéstops e giná- cita os dois lados da questão.

Fluminense, sios - pontos em que O caso do Pokémon Go trata-se mas moro aqui os jogadores podem apenas de um exemplo, de uma vasta em Santa Maria pegar suplementos gama de jogos que têm na sociabilihá cerca de um do jogo e batalhar dade o seu ponto chave. Como exano. Eu jogava pouco o Poké- Pikachu, o símbolo do Pokemon Go nas raids, respecti- posto pelos profissionais consultados vamente - são loca- durante a matéria, os games não são mon Go quando morava lá, mas a comunidade não lizados em igrejas, museus, parques, criados intencionalmente para ser praças e monumentos. viciantes, a possibilidade para tal deera muito unida”.

Groisman, no entanto, tem uma pende de predisposições biológicas e Ao chegar na cidade, ele voltou ao jogo como forma de passar o tempo crítica construtiva a fazer sobre isso, já psíquicas e deve ser tratada com serie“meu primeiro contato com o pesso- que o jogo apenas dá o nome e locali- dade. Dentro dos limites individuais al de Santa Maria foi pelo Pokémon zação do ponto de interesse, sem expli- dos jogadores, trata-se de uma prática Go. Eu encontrei um rapaz jogando car maiores contextos, deixando para benéfica e, sim, social.

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Texto: Evelin Bitencourt, Gabriel de Oliveira e Jean Paim Diagramação: Caroline Freitas, Evelin Bitencourt, Gabriel de Oliveira e Jean Paim

Deixa elas jogarem ELAS JÁ SÃO MAIORIA NO MUNDO DOS JOGOS E, AINDA ASSIM, SOFREM PRECONCEITO

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produção e comercialização dos jogos digitais começa em meados da década de 70, com o formato arcade, o famoso e arcaico fliperama. Inicialmente desenvolvidos para crianças, os jogos logo tornaram-se um mercado lucrativo para a indústria de eletrônicos saindo das prateleiras infantis para se transformarem em brincadeira de “gente grande”.

O primeiro console da história foi lançado em 1972, pela empresa Magnavox. O Odyssey, desenvolvido pelo engenheiro alemão Ralph Baer, contava com dois controles, seis chips e doze jogos e introduziu a era de mídias removíveis ao universo dos jogos. As vendas não chegaram a 200 mil unidades, devido a problemas de comunicação e detalhamento do produto. Mesmo assim, o avanço tecnológico foi precursor do que hoje conhecemos como PlayStation, Xbox e Nintendo.

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AS PRIMEIRAS PERSONAGENS FEMININAS cesa Peach do jogo Mario Bros, que serve de motivação para todas as reviravoltas no enredo, mas não contribui com nenhuma conquista.

Um ano depois, A Lenda de Zelda chegou ao mercado com uma proposta similar, já que a princesa que dá nome ao jogo também faz as vezes de dama em apuros. Porém, exerce um papel fundamental, chegando a participar de missões junto com o herói da trama, o jovem elfo Link.

A franquia Street Figther trouxe a primeira lutadora e personagem a ter sucesso e popularidade entre os fãs. Chun-Li ocupa um dos extremos dentro dos jogos de luta, sendo capaz de bater em qualquer oponente, independente do gênero. O outro extremo engloba as personagens hipersexualizadas.

WIKIPEDIA

A inserção de personagens femininas ocorreu em 1981, com a continuação de Pac-Man. Intitulada Ms. Pac-Man a primeira personagem do gênero foi concebida como uma ajudante do protagonista, mas teve tanta repercussão, que ganhou um jogo solo, nos mesmos moldes do original.

Nessa época, o mercado de jogos ainda não era tão popular entre o público feminino. No entanto, 37 anos depois, as mulheres já representam 58,9% dos jogadores no Brasil e, apesar da porcentagem expressiva, ainda são alvos de preconceito e assédio.

A batalha se inicia com a delimitação dos papéis desempenhados pelos avatares femininos. Retratadas como suporte ao protagonista, ou simplesmente a representação da donzela em perigo. Um exemplo clássico é a Prin-

Atomhawk ( MK2011)

HIPERSEXUALIZAÇÃO Objetificar e hipersexualizar a figura feminina é uma prática comum dos desenvolvedores de games. Não é à toa que a maioria das coadjuvantes e mesmo protagonistas, usem roupas curtas, justas e não condizem com as funções desempenhadas.

Guerreiras com armaduras minúsculas? Confere! Policiais usando coletes tão justos quanto o permitido?

Confere! Soma-se a isso uma sequência de equívocos dos produtores, reforçando os estereótipos e contribuindo na objetificação feminina.

Toby Gard, o criador de Tomb Raider, em entrevista ao site Critical Path, em 2012, comentou as experiências observadas durante o

processo de lançamento do jogo.

A saga consagrou Lara Croft como uma personagem inteligente, atlética, forte e guerreira, tornando-a um ícone feminino.

Gard observou que os desenvolvedores logo notaram um comportamento perturbador dos jogadores em relação a Lara. Ele sentia que matar Lara várias vezes, de propósito, dava aos jogadores, em especial do sexo masculino, um senso de “poder” sobre ela, amplificado pelo fato de ser uma personagem “muito forte” e “super durona” . Gard foi ainda mais longe ao dizer que isso deixou os jogadores com um complexo de superioridade.

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ASSÉDIO E PRECONCEITO O preconceito e ódio contra as jogadoras se dá através da sensação de segurança dos jogadores do sexo masculino gerada pela imunidade dos perfis virtuais. Para Matheus Xavier, 18 anos, jogador assíduo de jogos online “é bastante comum nos games você ver pessoas assumindo outras personalidades, devido ao fato de ninguém te conhecer. Logo, jogadores passam a cometer assédio e preconceito”.

Já na visão de Rafaela Bitencourt, 19 anos, fã de jogos online, como League of Legends e Overwatch, os homens costumam duvidar da capacidade das gamers. “É só revelar que você é mulher que começa o ‘sai daqui’, ‘não sabe jogar’, ‘noob’, ‘vai estragar a equipe’. Uns (jogadores) perguntavam de onde era, se tinha namorado, coisas sem a menor relevância para o jogo em si”. Rafaela acrescenta também: “Duvidam de você o tempo todo. Se você ganha é por sorte, não por mérito seu”.

Infelizmente, grande parte dos jogadores leva o preconceito para fora do computador, transportando-o para a vida real. De acordo com a psicóloga Débora Morais, a compreensão do assunto e a divulgação na grande mídia tem dado força para que mais casos sejam expostos. Streamers femininos e transexuais têm uma grande influência no combate ao machismo, assédio e agressões verbais, inspirando as pessoas através de seus canais e lives streamer’s.

ONG alizada pela Campanha re ame”.

N “My Game My

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en Wonder Wom

Tech

O JOGO VIROU o comportamento machista nos jogos é apenas consequência do pensamento preconceituoso e, por este motivo, as pessoas acabam ligando os jogos à uma atividade exclusivamente masculina.

A influencer acredita que as mulheres são bem representadas nos games, principalmente por personagens que possuem mais personalidade e conseguem ganhar o próprio espaço nesse universo, como a Lara Croft.

A personagem se tornou símbolo de mudança ao ser reformulada para o lançamento do jogo Shadow of The Tomb Raider, neste ano. Além de uma melhoria no gráfico, as vestimentas e o próprio corpo de Lara ganharam retoques mais realistas e condizentes com o desenvolvimento de sua história.

Mesmo que o enredo dessa história pareça não ter um final feliz, o público feminino nos jogos já optou por dar um game over no machismo e em qualquer outro tipo de opressão. O número de jogadoras cresce a cada dia, bem como as adaptações das grandes empresas de jogos em prol desta causa. Vale lembrar que os sites oficiais também contam com fóruns para a denúncia de crimes relacionados a gênero, raça e orientação sexual.

DIVULGAÇÃO DO JOGO RISE OF THE TOMB RAIDER (2015)

A ONG Wonder Women Tech organizou uma campanha, intitulada My Game My Name, para combater o assédio nos jogos. Os maiores jogadores brasileiros foram convidados a jogar usando nicks femininos. O resultado foi uma coletânea de comentários machistas, diminuindo a capacidade feminina de obter conquistas por conta própria.

O grupo Dawn of Pink, criado em 28 de abril de 2017 pela analista de suporte de rede Bianca Martins, busca dar visibilidade às jogadoras, promover campeonatos e formar equipes femininas para competições.

Já são 818 membros e a entrada de homens não é permitida.

O grupo League of Divas, com proposta semelhante e criado há quatro anos, mas voltada também ao público LGBTQ+, tem 81.801 membros e, assim como Dawn of Pink, não permite a participação de jogadores do sexo masculino.

A streamer e influencer Lu Croft, de 22 anos, assumiu um papel importante na luta contra o preconceito de gênero no mundo digital. De acordo com Lu, que é uma mulher trans,

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Texto e Diagramação: Alam Carrion, Daniel de Lima e Wander Schlottfeldt

COM UMA ASCENSÃO METEÓRICA, JOGOS ONLINE ULTRAPASSAM ESPORTES TRADICIONAIS EM ADEPTOS A CADA NOVO DIA

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videogames. Em 1958, Higinbotham criou um jogo de tênis mostrado em um osciloscópio e processado por um computador analógico. Daí por diante clássicos consoles e jogos surgiram e cativaram crianças, jovens, adultos e, porque não, até os idosos.

Do Tetris ao Super Mário, do Atari ao Xbox, sem esquecer (é claro) do clássico Super Nintendo NES. HOBBY? DIVERSÃO? QUE NADA! No século XXI os jogos eletrônicos conquistaram um lugar no mundo dos esportes! Não, você não leu errado. Existem atualmente jogadores profissionais, equipes, campeonatos e transmissões com direito a narração e comentários. E quando se fala em profissionalização é no sentido literal

DIVULGAÇÃO

o longo do tempo a sociedade vem se impressionando a cada novo dia pelo advento das novas tecnologias. Nem os mais criativos roteiristas de Hollywood são capazes de prever as invenções tecnológicas que advém, primeiramente, do cérebro humano. Computadores que outrora ocupavam salas inteiras apenas com seus processadores, hoje cabem na palma da mão e são carregados praticamente para todos os lugares. E é nesse contexto que vão surgindo os videogames, tanto em consoles quanto em computadores, que superam cotidianamente as expectativas no, hoje conhecido, mundo dos gamers.

Adentrando a história chegaremos no físico Willy Higinbotham, para muitos historiadores o inventor dos

da palavra, os jogadores recebem salários, auxílio para as viagens, etc.

Othávio Silveira, 21 anos, é ex-jogador profissional do game Crossfire e começou a receber seu primeiro salário como gamer aos 14 anos. Ele era patrocinado pela F4F E-sports e conta que recebia o suficiente para custear os gastos com o jogo, como as inscrições em campeonatos, equipamentos para o computador e as outras necessidades relativas ao jogo.

Porém aos 16 anos abandonou os estudos para se dedicar exclusivamente ao game, participando, inclusive, do campeonato mundial de games, a WCG (World Cyber Games). “Eram 1200 times na fase classificatória,12 times na fase eliminatória e ao final do campeonato terminamos em quarto lugar”, conta o jovem. O ex-jogador conta que pouco antes de parar de jogar chegou a receber R$ 1.200,00 da empresa que desenvolveu o game, porém depois de cair para a divisão de acesso do campeonato foi parando de jogar e atualmente os games servem apenas como hobby.

Jogadores reunidos para os Jogos Cibernéticos Mundiais - WCG (World Cyber Games)

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ROTINA E DEDICAÇÃO Para ser um gamer profissional é necessário muito além do que apenas ter tempo disponível e gostar de jogar. O mundo profissional de um gamer exige, assim como qualquer esporte, dedicação, preparação e, principalmente, rotina. O gamer Nicholas Doviggi Meyer, 18 anos, acadêmico do curso de Jogos Digitais que já trabalhou como coach em equipes, conta como devem ser os hábitos e a preparação de um gamer profissional.

Segundo Doviggi, para uma boa preparação é necessária uma rotina de treinos e muita dedicação. Normalmente os profissionais jogam 12h ou mais por dia, fora as conversas sobre treino, estresse com companheiros, fãs e ao seu próprio desempenho. Então é necessário muita dedicação, esforço físico e, principalmente, aprender a ter uma mente forte. E esse preparo só se adquire tendo uma rotina, ou melhor, um hábito. Jogar é uma forma de se divertir, porém para entender melhor a forma de jogar dos adversários é de fundamental importância acompanhar os demais campeonatos, estudar as táticas das equipes maiores e estudar os futuros adversários. Para o estudante, essa rotina se torna uma diversão por poder aproveitar boas histórias e conhecer novas pessoas.

GAMES NO MUNDO DOS NEGÓCIOS Engana-se quem pensa que esse mundo virtual dos jogos se restringe aos jogadores. Uma pesquisa realizada pela empresa Homo Ludens revela que o mercado de jogos apresentou crescimento nas cinco regiões do país, entre os anos de 2013 a 2018. Segundo dados do 2° Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, o número de estúdios desenvolvedores de games passou de 142 para 375 nesse período. A pesquisa concluiu que, nos últimos dois anos, 1718 jogos foram produzidos no Brasil, sendo 43% deles desenvolvidos para dispositivos móveis, 24% para computadores, 10% para plataformas de realidade virtual e aumentada e 5% para consoles.

Diante desse crescimento meteórico, inúmeros empreendedores estão vendo todo esse mercado como uma grande oportunidade de investimento. Muitos que antes eram meros jogadores, fazem disso, nos dias de hoje, uma fonte direta de renda.

Assim conta Thiago de Carvalho, estudante de Administração.

Empresário, Carvalho divide a vida acadêmica com a rotina incansável de administrar sua loja de jogos sem deixar de lado sua vida de gamer. “Vivo um sonho. Aliar a diversão com a profissão faz tudo ficar simples. Fiz do meu gosto, uma profissão.

Quando indico um jogo para meus clientes é de coração pois me envolvi com o jogo. Infelizmente não pude me profissionalizar, mas viver isso diariamente,é gratificante.”, argumenta.

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VIDA PESSOAL: ROTINA, LAÇOS E DISTANCIAMENTO Além da profissionalização o e-sport proporciona a criação de novas comunidades, novos laços que nascem pela mesma paixão: jogar. A formação das equipes gera a “convivência virtual”, pois a rotina de treinamento propicia o crescimento dos vínculos entre os jogadores. “O e-sports me proporcionou fazer amigos que irei levar pra vida inteira” afirma o estudante de Arquitetura e Urbanismo, Igor Notaro. Porém, entre as conquistas há o momento das derrotas e as derrotas na vida pessoal de um gamer geralmente se resumem a uma palavra: distanciamento. Para Notaro, a rotina, por vezes estressante dos treinamentos,

acaba afastando o jogador da família e amigos.

Se Willy Higinbotham estivesse vivo hoje testemunharia a transformação que sua ideia sofre a cada dia. Mas, mesmo que tenha se tornado um esporte e adentrado no mundo da profissionalização, a essência dos games ainda é fiel a ideia de Higinbotham: o entretenimento e a diversão.

E feliz daquele que trabalha se divertindo.

IMAGEM: BROOKHAVEN NATIONAL LABORATOR

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Texto: Eduardo Biscayno, Estela Biscaino, Maurício Mello Diagramação: Lídia Scherer Monteiro e Samuel Lemos

AFINAL, VALE A PENA TER UM RELACIONAMENTO VIRTUAL? DO TINDER AO WHATSAPP, DO NAMORO À AMIZADE. DESCUBRA QUAIS SÃO OS MOTIVOS QUE LEVAM ALGUÉM A SE RELACIONAR A DISTÂNCIA.

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que leva alguém a iniciar um relacionamento a distância? Eles surgiram com as redes sociais e aplicativos?

Porque, muitas vezes, as pessoas se sentem mais confortáveis para interagir atrás de uma tela? Essas são algumas das questões que motivaram nossa equipe a produzir essa reportagem.

Por tratar de assuntos íntimos e profundos, optamos

por não revelar a identidade real das fontes, adotando a mesma linguagem do Google Docs, apresentando-os com pseudônimos de animais. Portanto, não estranhe se, ao longo do texto, se deparar com trechos citando Arenque ou Lhama. Trata-se de um depoimento verídico, apenas não estaremos dando nome aos bois.

RELACIONAMENTOS VIRTUAIS: O QUE SÃO? A troca de mensagens a longa distância não é algo novo, mas a internet facilitou muito essas interações, seja para reencontrar velhos amigos ou conhecer gente nova. Mas e antes da internet, como as pessoas mandavam mensagem para o crush? Bom, em 900 a.c. o primeiro serviço de correios surgiu na China, mas o próximo avanço só veio em 770 a.c. na Grécia Antiga, com o uso de pombos correio para enviar mensagens. Antes disso era comum a perda de contato entre famílias e pretendentes em época de guerra. Os soldados viajavam por anos sem a garantia de um retorno e sem a possibilidade de se comunicar com quem ficou.

No ano de 1814, com o desenvolvimento da fotografia, se tornou possível a troca de retratos entre casais e amados.

Com a invenção do telégrafo, o lapso entre conversas se tornou mais curto e, mais tarde, no século XX, as inovações não pararam de chegar.

A tecnologia evoluiu mais rápido no último século do que no último milênio, e o progresso dessas inovações reflete na formação de laços e relacionamentos. Mesmo após

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a primeira ligação feita de um telefone, em 1914, a troca de cartas ainda era comum, já que os aparelhos eram uma comodidade da classe alta.

No século XX era comum a troca de cartas através de um programa de pen pals (amigo por correspondência), em que a comunicação entre desconhecidos servia para aprender sobre a cultura local ou uma nova língua. Eventualmente, essas relações poderiam crescer e se transformar em anos de amizade ou casamento, mas o mais comum era a relação se estender por poucos meses e depois ocorrer a troca por um diferente pen pal.

Após o surgimento da internet, no fim do século XX, essa troca de cultura e aprendizado foi facilitada e a criação de conexões com pessoas de longe ficou mais fácil. Conhecer como é a vida e os costumes de alguém do outro lado do mundo, acrescenta novas perspectivas e uma possibilidade de ampliação no modo de ver o que o cerca. Esses são alguns dos motivos que atraíram Joana, nossa personagem fictícia, para iniciar seu relacionamento virtual. Acompanhe.

LO CAPÍTU

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Essa é a história de Joana, estudante de Psicologia que tem um relacionamento virtual através de um aplicativo. Depois de algumas semanas de conversa, Joana e seu crush decidiram se conhecer pessoalmente.

Quais os motivos que levam alguém a iniciar um relacionamento virtual?

FOTOS: LABFEM - VITOR CARGNELUTTI

Não, obrigada, vou esperar mais um pouco

Continua...

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DO QUE SE ALIMENTAM? Como mostramos antes, os relacionamentos a distância não são nenhuma novidade, embora tenham se intensificado com o surgimento da internet e das redes sociais. Mas, afinal, o que se procura em um relacionamento virtual: namoro ou amizade? Entre as quarenta e uma respostas que obtivemos em um questionário online que disponibilizamos, trinta e uma selecionaram a opção amizade, enquanto vinte e três declararam buscar algo mais. Surgiram também opções como “ficante”, “amizade colorida” ou ainda “casamento”.

Ao serem questionados sobre os meios de relacionamento a distância mais utilizados, os aplicativos mantiveram a liderança. O Whatsapp foi selecionado por trinta e quatro pessoas, seguido pelo Tinder, com vinte e três, e o Happn, que obteve dezoito marcações. Vitória do Whatsapp! Porém, entre as respostas, uma surpresa. Camelo, de 53 anos, revela ter iniciado um relacionamento a distância há mais de duas décadas. O namoro começou pelo IRC, uma sala de bate-papo na internet desenvolvida em 1988, por Jarkko Oikarinen. “Na época não existiam aplicativos.

Nem mesmo a World Wide Web existia. A internet estava no início, usávamos o bisavô do MSN”, relata.

Sobre os motivos que levam alguém a iniciar um relacionamento virtual, boa parte da selva argumentou a timidez como principal motivo. Sentem-se mais livres para manter um diálogo. “Pude ser eu mesma e mostrar a minha essência, algo que tenho vergonha quando o conta-

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to é físico”, relata Guaxinim, de 39 anos. Ela, que procura apenas namoro, contou sobre uma experiência positiva de relacionamento. Foi com um colega de trabalho. Ambos não atuavam no mesmo setor da empresa, a relação entre eles era apenas formal, de colegas. Os encontros físicos não eram frequentes para iniciar um relacionamento amoroso.

Então, ambos começaram a trocar mensagens pela internet.

Ali eles podiam conversar a vontade. “Teve algo não muito legal: a facilidade de falarmos o que sentíamos na rede. Pessoalmente não tínhamos essa coragem, cara a cara. Nem eu nem ele nos declarávamos, como a gente fazia no bate-papo”, explica. O romance terminou onze meses depois.

A facilidade de interação também foi destacada por Golfinho, de 25 anos. Ao ser questionada sobre o resultado bom ou ruim dos relacionamentos respondeu “ambos, positiva porque ainda mantenho essa pessoa na minha vida e negativa na parte em que fui feita de trouxa algumas vezes”. Declarou ainda ser “apenas um meio, talvez mais fácil, de conhecer pessoas hoje em dia. Dribla a timidez. Já me apaixonei perdidamente por uma pessoa que conheci num aplicativo. Tenho bons amigos que conheci pela internet.

Então é apenas um meio”.

Já Raposa, de 20 anos, utiliza o mundo virtual pela facilidade de encontrar pessoas com os mesmos gostos e interesses, principalmente em grupos nas redes sociais. Sobre o resultado, conta que “com amizades sempre foi positivo.

Têm pessoas que conheço já fazem oito anos. Com relacionamentos amorosos nunca deu certo”. O mesmo interesse é demonstrado por Auroque, de 33 anos, quando explica que iniciou relacionamentos virtuais pela maior “possibilidade de encontrar pessoas com interesses em comuns”.

Conta que tem amizades virtuais de quase uma década. “A partir do momento que você conhece alguém, já não importa onde e a forma como a conheceu, e sim as coisas que são cultivadas a partir dali”. Será que Joana vai conhecer alguém legal? Não perca, no próximo capítulo.

2 O L U T Í CAP

Embora já tenha experiência com amizades virtuais, essa é a primeira vez que Joana tem um encontro romântico. Natural em um relacionamento amoroso, várias questões passam pela sua mente. Entretanto, ela está prestes a descobrir seu principal questionamento…

…será que o crush é um perfil fake?

minha nossa!

Continua...

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COMO SOBREVIVEM? O amor à distância também pode trazer problemas para pessoas que, muitas vezes, se perguntam como é possível sofrer por algo que é apenas virtual e não consideram palpável. Existem inúmeros casos de enganos e perigos em que as pessoas do outro lado da tela não se pareciam em nada com as fotos recebidas. Diversas pessoas afirmam terem sentimentos mais fortes com alguém através da internet do que na vida real. Isso acontece devido ao fato de que, nas relações face to face, os olhos enxergam a realidade e não dão lugar a uma imaginação tão forte, como pode acontecer no mundo virtual.

A expressão ‘entre tapas e beijos’ hoje deu lugar às reações e . Outros casais iniciam relacionamentos através do mundo virtual como no caso já citado de Camelo, que está junto de sua cara metade há 22 anos. O segredo?

“Amor construído na sinceridade e identificado no respeito”, argumenta.

Embora em muitas situações o relacionamento não vá para frente, outras vezes aquela relação que começou no virtual, sai da tela e se torna real. Assim foi com Dinossaura, de 21 anos, que a partir do momento que os laços se tornaram mais fortes, o relacionamento começou a ficar mais profundo. Esse é um exemplo que deu certo e dura até hoje. Um casal que se completa, tem um namoro saudável e se parece em vários aspectos. Isso tudo colabora e torna a relação quase perfeita.

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Muitas vezes, o relacionamento não tem sequência, como a história do Canguru, de 33 anos, que manteve seu namoro por mais de um ano. A experiência não foi muito agradável, como ele afirma: “por conta própria, quero evitar relacionamento amoroso à distância. No campo das amizades, poucas foram as vezes em que aconteceu algo que me fez cortar o contato com alguém”.

Os perigos dos relacionamentos virtuais aumentam quando a vida não é satisfatória, visto que é buscado no online o que não foi conquistado na realidade. É preciso ter cuidado porque, ao mesmo tempo em que a internet pode proporcionar o encontro de pessoas que valem a pena conhecer, também existe o outro lado: doentio, falso e arriscado. Temos exemplos como do Iguana, que teve experiências positivas e mantém diversas amizades no mundo virtual. Mas, ao mesmo tempo, conheceu pessoas “mascaradas, que usavam o virtual para destilar seu veneno”.

A partir dos segredos da selva, revelados a nós com muito carinho e disposição, percebemos que cada experiência é diferente da anterior. Ou seria simultânea? Não importa. Cada um é dono de seu próprio focinho e faz de sua vida o que bem entender. Percebemos que relacionamentos virtuais podem ser um fracasso, assim como no mundo físico. Enfim, vamos acompanhar o desfecho do encontro de Joana.

LO CAPÍTU

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Tudo certo! Mario, seu crush virtual, era realmente Mario. Agora podiam sentar e conversar. O lado bom de já se conhecerem é que o gelo já havia sido quebrado, conheciam os gostos um do outro e os silêncios constrangedores do primeiro encontro dificilmente aconteceria.

E realmente, não aconteceu. Ambos conversaram e riram muito naquela tarde.

Joana entendeu que o virtual foi apenas um meio de conhecer pessoas novas. Sua relação com Mario, agora, inicia uma nova etapa.

Se vai dar certo ou não, só quem pode dizer é o...

tempo.

FIM Revista Plural 2018 / 2º semestre

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Texto e Diagramação: Gabriele Bordin, Guilherme Superti, Matheus Beck

ECONOMIA VIRTUAL

ILUSTRAÇÃO: THOMAS SASSO

UMA NOVA FORMA DE VENDER E COMPRAR SEM PRECISAR SAIR DE CASA

R

FREEPIK

eporte-se há 10 anos. Você se imaginava comprando refeições por um aplicativo de celular ou ainda fazendo suas compras do mercado desta maneira? Ou que receberia e pagaria contas com uma moeda online, dinheiro que você não pega nas mãos? Imaginava-se lendo jornal na versão online, escutando e assistindo músicas e filmes com milhares de opções na TV, celular ou computador, ao invés de CD’s e DVD’s?

O termo “economia virtual” não era utilizado na década passada, quando a internet dos lares de Santa Maria ainda

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era discada e as compras online eram um mito. Hoje, o preconceito quando se fala em comprar virtualmente é bem menor, embora muitos ainda preocupem-se com enganos e roubos.

Segundo o professor Mateus Frozza, professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Francisca (UFN) e mestre em Economia da Indústria e da Tecnologia, Santa Maria ainda carece do ambiente online. “Fazemos poucas vendas no Facebook e Instagram. Não sabemos gerir as redes sociais, em que há duas formas para fazer: comunico a venda ou faço um posicionamento de venda.

Tens que fomentar a venda, induzi-la.

Quanto às empresas, têm que se adaptar ao online”, explica Frozza.

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DO MEDO AO COSTUME Paulo Ricardo Dalmagro Vinck, analista de sistemas, compra online há oito anos, quando adentrou no meio da informática através de um curso.

Paulo lembra que, na época, quando poucas pessoas faziam compras pela internet por medo, entre todas as pessoas que conhecia, apenas ele e seus colegas de curso tinham esta prática.

Hoje, Vinck faz a maior parte de suas compras virtualmente, pagando em cartão de crédito, e encomenda produtos também para amigos e familiares. “Solicitam-me a compra porque não têm muita intimidade com a internet, ainda têm um pouco de medo.

Mas sempre procuro primeiro ver se a pessoa quer aprender. Muitas já

MOEDAS VIRTUAIS E O COMÉRCIO POR TRÁS DELAS As moedas virtuais, também chamadas de criptomoedas, são representações digitais de valores que não são emitidas por Banco Central ou outra autoridade monetária. Foram criadas por programadores a fim de garantir que tais valores fossem criptografados, garantindo segurança em suas transações. Apesar de toda tecnologia por trás de sua criação e geração, estas moedas possuem basicamente a mesma finalidade que quaisquer outras, inclusive das moedas reais, que são utilizadas no dia-a-dia.

Por se tratarem de moedas descentralizadas, não existe um órgão que as controle ou regule, sendo assim, podem ser trocadas entre as pessoas sem que exista uma instituição financeira envolvida para realizar a transação. Há duas maneiras de conseguir alguma criptomoeda, a primeira e mais simples, é simplesmente comprá-la de outra pessoa ou empresa que realize tal comércio.

FREEPIK

aprenderam. Minha mãe, por exemplo, eu ensinei. Instruo, porém, a tomar cuidado com assaltos, porque não é simplesmente chegar na internet e sair comprando, tem que ter ainda cuidado, mas hoje é muito mais fácil identificar onde é confiável e onde não é”, explica Vinck.

Sobre sua percepção do perfil de compradores por faixa etária, Paulo Ricardo revela: “há diferença, acho que até os 30 anos o pessoal é mais receptivo, quem está vendo e acompanhou essa mudança quando era mais novo; depois é uma idade que eu acho que pegou menos essa evolução, mas isso não é regra para todos, já vi idosos que se viram bem tranquilamente”.

Paulo é um comprador online assíduo, ele diz ser atraído por todos os tipos de itens, em especial eletrônicos e livros, principalmente pelas lojas virtuais possuírem um número de exemplares e títulos muito maior que nas lojas físicas. Além disso, outro motivo se deve ao menor preço oferecido nas vendas online e pelo sistema de cashback, um programa de incentivo ao consumidor que “devolve” parte do valor da compra como desconto numa próxima venda.

Além dos cuidados que todo consumidor online deve ter na hora de efetuar um pagamento, Frozza também destaca os cuidados exclusivos em relação a compra de produtos em sites estrangeiros ou de importação: “a maioria das pessoas que compram online, o fazem por impulso, onde olham o preço e muitas vezes nem convertem a moeda e com isso, de forma recorrente, acabam caindo em golpes e armadilhas, geralmente com produtos de tecnologia.” Além da atenção necessária nestes pontos, ainda devem ser lembradas as taxas existentes em nosso país sobre a importação de produtos acima de 50 dólares e a demora para que o produto chegue até o destino final, sendo mais dois empecilhos que encarecem e desanimam alguns consumidores.

Hoje, cada Bitcoin equivale a mais de 20 mil reais

A segunda, e muito mais complicada para um usuário comum, é através da mineração digital, cuja realização exige, por parte de seu computador, a resolução de problemas matemáticos específicos.

Segundo o site StartSe, existem atualmente quase 1200 versões de moedas virtuais, onde a mais conhecida e de maior valor se chama Bitcoin. O bitcoin, em específico, foi criado em 2009, tendo seu uso associado principalmente ao mercado negro na internet. Devido a crescente popularidade durante o ano de 2013, a moeda teve um grande aumento no seu valor, passando de 13 dólares para a quantia de 770 dólares na data de 1º de janeiro de 2014. No seu pico, uma única unidade da moeda Bitcoin chegou a valer cerca de 20 mil dólares e hoje, depois de diversas subidas e descidas na bolsa, está sendo cotada por 6,5 mil dólares.

O professor Matheus Frozza acredita que tais moedas talvez não venham para o mundo offline (real), restringindo seu uso somente no ambiente virtual. Apesar disso, Frozza acredita que o futuro destas moedas sejam semelhantes às das milhas Smiles, uma moeda que dá desconto em passagens de avião, reservas de hotéis, aluguéis de carros e promoções em produtos selecionados em seu próprio site.

Com propósito semelhante das milhas, o de oferecer vantagens extras aos consumidores, estão os cupons de desconto oferecidos online. Conforme Alexandre Cardoso, gestor comercial da empresa Delivery Much em Santa Maria e região, este tipo de serviço costuma agradar e empolgar os clientes às compras. Vale lembrar que empresas no ramo de serviços de TI e informática como Dell e Microsoft e a maior plataforma de transmissão ao vivo de games do mundo, Twitch.tv, aceitam pagamentos via criptomoedas.

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MARIANA OLHABERRIET/LABFEM

“ EMPREENDEDORISMO ONLINE doso conta: “Eu, o Matheus Jacques e A economia virtual também é uma o Eduardo Bitencourt que estudavam oportunidade de empreendedorismo Engenharia Elétrica, trabalhávamos a quem busca espaço no mercado. O em um laboratório de pesquisa da setor, que antes era dominado por pro- universidade, ficávamos até tarde produtos de vestuário, tênis e eletrônicos, jetando, mas sempre precisávamos hoje, além de móveis, livros e acessó- sair mais cedo para ir ao mercado, rios automotivos, também oferece uma pensávamos: se eu posso pedir pizza gama de serviços online. Vão desde sis- pelo celular, por que não posso pedir temas de streaming, como os popula- um sabonete? Preciso pegar ônibus, res Netflix e Spotify a aplicativos, sites parar no mercado, ir para a fila e dede encomenda de comida e até super- pois ir para a casa ou ir a pé ao mais mercados entram na lista. próximo, não escolhendo o melhor ou Lennon Colpo Peters, empreende- o mais barato, o que eu considero bom dor, é sócio de duas franquias da De- para mim. Quando tivemos a ideia do livery Much, aplicativo e site de enco- aplicativo, falamos ‘vamos testar, não menda de refeições criada em Santa custa nada.’” Assim nasceu a MercateMaria em 2011 e presente hoje em 120 ria, um aplicativo voltado a compras cidades do Brasil, em diversos estados. de supermercado, alimentos, itens de Peters conversou higiene e limpeza.

“O SETOR, com a nossa equipe O negócio nase salientou os beceu em 2016 e ficou HOJE, ALÉM nefícios das comem funcionamento DE PRODUTOS pras online (box). durante 16 meses.

Já Alexandre Cardoso explica COMO LIVROS Cardoso, tranque a interrupção E ACESSÓRIOS cou a graduação do negócio se deu de Engenharia de a partir da pouca AUTOMOTIVOS, Controle e Autoaceitação por parte TAMBÉM OFERECE dos supermercamação no sétimo semestre para indistas, ao contrário UMA GAMA DE vestir no empredo público que foi endedorismo. CarSERVIÇOS ONLINE” receptivo.

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... para o cliente? Por estar no conforto da sua casa. Além disso, poder aproveitar principalmente o aplicativo por causa das promoções exclusivas como entrega ou refrigerante grátis, combos promocionais, entre outros. ... para o empreendedor? É uma oportunidade de ter um negócio próprio, com baixo investimento de capital, onde não é exigido um escritório físico. Inicialmente funciona somente através de visitas aos restaurantes, onde é explicado como funciona o negócio, toda logística de operação e como funcionam os pedidos.

O suporte é totalmente online, não é necessário presença física para ajustar o sistema, basta apenas instalar no computador do restaurante. Pela facilidade, isso é o que atrai pessoas e me atraiu para empreender nesta forma de negócio. ... para o restaurante? Oferece mais uma oportunidade de pedido para o cliente, mais uma facilidade, onde ganha todo um suporte de hall no marketing, o restaurante vai estar ao lado de outros grandes restaurantes numa plataforma digital, um aplicativo web e vai ter a sua marca, o cardápio e fotos dos pratos junto com outros grandes restaurantes da cidade.

“

Lennon Peters, empreendedor online, fala o porquê escolheu a profissão

Qual é a vantagem...

Lennon Peters

PAYWALL: UM NOVO MERCADO PARA O JORNALISMO MARIANA OLHABERRIET/LABFEM

ITENS MAIS VENDIDOS NA INTERNET EM 2018 1 - Vestuário

2 - Cosméticos

3 - Eletrodomésticos

Editora do Diário Online, explica mudanças na versão digital do jornal

Paywall é uma palavra de origem inglesa. Pay, significa pagamento e wall, parede. Desse modo, a leitura do material é suspensa quando o limite estipulado pelas empresas é atingido. Por isso, o método se caracteriza pela cobrança para acessar conteúdos. Muitos dos jornais impressos sofriam com a falta de lucro em produzir notícias, sobrevivendo, muitas vezes, somente com a venda de publicidade. Pensando em uma forma alternativa de gerar lucro para os veículos jornalísticos é que, em 2010, foi instalado o paywall nos primeiros sites.

Os primeiros jornais a usarem tal ferramenta foram o New York Times e The Boston Globe, ambos americanos.

O tablóide Diário de Santa Maria, fundado em 2002 como redação impressa, utilizava o meio online somente para reutilização do que foi publicado no jornal impresso, sem conteúdo próprio. Hoje, com site próprio, o Diário faz uso do Paywall Soft, que se define por permitir ao leitor acessar qualquer conteúdo, desde que não ultrapasse o limite de visualizações por mês. “O nosso paywall foi aderido há quatro meses, começamos em 1º de junho... Até o início de setembro, tínhamos uma carteira com 1.002 assi-

nantes, exclusivos do digital”, declara Silvana Silva, editora-chefe de jornalismo digital do Diário.

Ela explica que o que baliza as decisões para postagens é que a maioria das matérias vão para o digital antes, sendo que as notícias factuais que têm prioridade, e o que guardam para o papel são notícias com maior apuração. “Detalhes de histórias que a gente cavou, que fomos atrás”, afirma Silvana. Ou seja, as notícias chegam antes na versão online, ferramenta que as pessoas têm na palma da mão em qualquer instante. Já a versão offline permite mais detalhes e aprofundamento ao leitor.

Em relação aos resultados e opinião dos leitores, Silvana explica que pelo paywall ser um sistema relativamente novo, as pessoas não receberam a sua implementação de forma agradável, o que causou quedas nos acessos aos sites e reclamações. “Queda de 50% de audiência no primeiro mês. De cada três mensagens no Fa[cebook, duas eram para reclamar disto. Passei o mês inteiro só respondendo os clientes. Já no terceiro mês, encerramos com 42% de queda de audiência, o que representa uma melhora de 8%, algo que já é ótimo para nós”, relata Silvana.

4 - Decoração

5 - Telefonia

6 - Livros

FONTE: ESCOLA DE E-COMMERCE. ILUSTRAÇÕES: FREEPIK.

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Texto: Bibiana Campos

Diagramação: Fabian Lisboa e Matheus de Mattos

A EDUCAÇÃO EM UM MUNDO DE POSSIBILIDADES VIRTUAIS COMO CONCILIAR O VIRTUAL COM A EDUCAÇÃO EM TODAS AS IDADES

MACROVECTOR / FREEPIK

P

or muito tempo os consoles de vídeo game foram vistos como vilões nas casas por estragarem o tubo dos televisores - pasmem, seus pais estavam certos! -, além de fazer a gurizada passar muito tempo na frente de uma tela. Hoje os vídeogames podem ser um grande aliado no aprendizado e desenvolvimento cognitivo,

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desde que os pais tenham cautela com o tempo que os filhos destinam aos jogos e a faixa etária correspondente. Assim, mesmo quem tem algum tipo de vulnerabilidade como dificuldades de relacionamento (interação com os amigos e brincadeiras ao ar livre – lembrando que não substituem a interação na vida real), as que

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são mais agressivas (que podem ser prejudicadas com o uso contínuo dos consoles, já que podem reproduzir alguns padrões de comportamento) e as com tendência à obesidade (o sobrepeso geralmente está relacionado ao sedentarismo) podem ter entretenimento e aprendizado garantidos durante todo o ano.

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO DESDE MUITO CEDO te, o resultado é uma criança agressiva por não ter dormido bem o suficiente.

Além de distúrbios de sono, obesidade e sedentarismo, cujas causas podem estar ligadas ao acesso sem limites à aparatos tecnológicos, oftalmologistas recomendam que não seja permitido que bebês com menos de seis meses sejam expostos a televisores de tela plana e smartphones .

Neste período, os bebês só enxergam com nitidez objetos que estão entre 20 e 30cm e precisam contrair os músculos oculares para focar e aproximar a visão, o que pode causar problemas a

longo prazo por afetarem o funcionamento da musculatura ocular. Para a psicóloga Ana Cristina, o uso de dispositivos eletrônicos - com frequência utilizados pelos pais como babás em diversos momentos - não oferecem estímulos adequados para bebês e crianças pequenas por terem telas planas, bidimensionais, sem texturas diferentes e sem interação com o que está em sua frente. Ela recomenda que dispositivos eletrônicos sejam usados esporadicamente, para que os pais consigam fazer uma refeição ou tomar um banho, por exemplo.

ALFONSO ROMERO

Pouco menos de três décadas atrás, o modelo tradicional de estrutura de uma sala de aula era simples: um professor, um quadro negro, giz, vinte alunos e aquele cheiro de álcool das folhas recém passadas no mimeógrafo. Hoje, as folhas passadas no mimeógrafo deram lugar a PDFs nas telas de celulares, computadores, tablets e kindles – mas não se iludam, ainda existe quem imprima estes materiais para ler por não ter se adaptado com a leitura nos dispositivos citados. As aulas com as transparências de retroprojetor deram lugar ao projetor digital ligado ao notebook, as famosas aulas com filmes referentes ao assunto tratado na disciplina deram lugar a vídeos em stream ou YouTube e estes são apenas pequenos fragmentos de toda a tecnologia que nos cerca atualmente. É bom saber que um mundo de possibilidades está aberto para quem pode desfrutar destes aparatos de forma consciente e consegue enxergá-los para além de uma forma de consumo de entretenimento, mas como ferramentas importantíssimas a favor da educação e do conhecimento em todos os níveis de escolaridade. Porém, a cautela se mantém na idade escolar e o tempo passado em tela, mesmo que os dispositivos tenham aplicativos que auxiliem a criança a desenvolver melhor a leitura, o raciocínio e a lógica, não deve substituir brincadeiras com objetos palpáveis e amigos reais.

Conforme a psicóloga infantil Ana Cristina Bertagnolli, o desenvolvimento de bebês e crianças pequenas é prejudicado pelo uso das tecnologias, pois o acesso irrestrito às telas afeta o desenvolvimento físico e cerebral dos pequenos, a começar pelo sono. A luz emitida pelas telas diminui a produção de melatonina (hormônio que induz ao sono) e isto resulta em agitação na hora de dormir, por conseguinte em sono agitado e, na manhã seguin-

Crianças têm contato com a tecnologia cada vez mais cedo

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O PAPEL DO DIGITAL NO APRENDIZADO A psicóloga Ana Cristina assegura LABFEM - LUCAS LINCK que o uso da tecnologia digital possibilita que a apresentação do conteúdo seja feita de maneira mais dinâmica e estimulante, o que aumenta a motivação dos alunos para aprender. “É natural que a forma de ensino seja adaptada para uma geração que já nasceu em um mundo digital”, conclui a psicóloga.

Já no ambiente doméstico, os pais precisam criar o hábito de monitorar o tempo de tela e o conteúdo acessado por crianças e adolescentes, e a internet deve estar disponível em um cômodo comum da casa em vez do quarto pois nenhuma tecnologia deve ser utilizada sem controle parental.

Por questão de segurança na rede, os pais devem fornecer informações básicas sobre o perigo de enviar fotos e dados pessoais para desconhecidos.

Desde que adequadamente supervisionadas, as crianças podem obter Ana Cristina destaca que é preciso ter cuidado com hábitos virtuais de crianças diversos benefícios com a tecnologia.

A docente e egressa do curso de pela baixa participação dos alunos. sitivos tecnológicos a favor do aprenMatemática da UFN, Letícia dos San“Se for feita uma atividade que dizado é mais uma questão de criar o tos Fogaça, já deu aula para ensino envolva assistir um vídeo numa pla- costume e, apesar de às vezes haver médio e defende as tecnologias apli- taforma como o YouTube, por exem- resistência por parte de professores e cáveis em sala de aula, mas percebe plo, que ele ache que não seja paralelo alunos, é uma tendência que está em que ainda existe com o conteúdo processo de implementação em salas grande resistência de aula, o aluno de aula há muitos anos, basta levar o “POR QUESTÃO quanto ao seu uso, assiste.

Agora, virtual para aulas presenciais aos pouDE SEGURANÇA tanto por professe envolve o que cos para que alunos e professores se sores quanto por é trabalhado na adaptem. “Ninguém aceita uma muNA REDE, OS PAIS alunos. Ela relata disciplina, alguns dança brusca e repentina, nem é esse DEVEM FORNECER alunos já relata- o objetivo de quem defende o ensino que houve inúmeras tentativas ram preferência híbrido”, conclui a professora.

INFORMAÇÕES de aulas com pinpor realizar atiAna Cristina, psicóloga, assegura BÁSICAS SOBRE O celadas de ensino vidades matemá- que o uso da tecnologia digital possihíbrido, por exemPERIGO DE ENVIAR ticas em sala de bilita que a apresentação do conteúdo plo, apresentando aula, não em casa”, seja feita de forma mais dinâmica e FOTOS E DADOS vídeos referentes relata a professo- estimulante o que colabora para auaos assuntos trara de matemática, mentar a motivação dos alunos no PESSOAIS PARA tados em aula. A que atribui estes aprendizado. Contudo, é importante DESCONHECIDOS” ideia era que os resultados ao fato frisar que crianças e adolescentes são alunos assistissem de os alunos ve- facilmente distraídos por estes apaaos audiovisuais para que fosse rea- rem os dispositivos eletrônicos como ratos e o uso precisa ser monitorado lizado um debate sobre o que viram ferramentas para o entretenimento e de perto pelos professores para que e tirar dúvidas na aula seguinte. Po- não suporte para aprendizagem. não acarrete prejuízos no processo de rém, a professora foi surpreendida Letícia diz que a utilização de dispo- aprendizagem dos estudantes.

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ENSINO A DISTÂNCIA NA ERA DIGITAL MAKYZZ / FREEPIK

Antes do Telecurso 2000 ser transmitido em emissora de televisão aberta, milhares de brasileiros fizeram cursos via correspondência, como o Minerva e o Mobral. Hoje, aprimorar o conhecimento ficou ainda mais fácil com a internet doméstica, que possibilita ao estudante manejar seu tempo disponível para a realização de cursos online. Na Universidade Franciscana (UFN), o processo de credenciamento de cursos EAD junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) teve início em 2013 e, depois de cinco anos, o primeiro de três grupos de cursos está sendo finalizado.

Nos cursos a distância oferecidos pela UFN, os acadêmicos utilizam o Moodle (acrônimo para Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment), um sistema de gerenciamento para criação de curso online.

Também conhecido como Ambiente Virtual de Aprendizagem, ou AVA, é uma plataforma desenvolvida de forma colaborativa pela comunidade onde está implementada e sua utiliza-

ção não é só como ambiente de suporte ao ensino a distância, mas também como apoio para cursos presenciais, formação de grupos de estudo e treinamento de professores.

Conforme a coordenadora pedagógica do EAD da instituição, professora Valeria Bortoluzzi Iensen, o público que procura a educação a distância já tem um pouco do perfil necessário para ser aluno desta modalidade de ensino. O perfil do qual Valeria Ien-

“NO VIRTUAL, O ACADÊMICO NÃO PODE ESPERAR QUE A AULA SEJA COMO NA PRESENCIAL, PORQUE É ELE QUEM PRECISA SER PROATIVO, CORRER ATRÁS”

sen fala é de um estudante autônomo, engajado e disciplinado e que saiba selecionar o que pode ser utilizado para complementar o que aprende com o tutor e aprofundar o conhecimento.

Destas competências Letícia entende bem, pois todos os dias ela vivencia os dois lados da moeda tanto como tutora quanto como aluna da educação a distância. “No virtual, o acadêmico não pode esperar que a aula seja como na presencial, porque é ele quem precisa ser proativo, correr atrás e se aprofundar no conteúdo”, declara a professora de matemática. Ela também defende e acredita nos cursos a distância e afirma que, se o curso for de qualidade, munido de bons materiais e que os estudantes participem e aproveitem as oportunidades que se apresentarem, facilmente a modalidade a distância se nivela com um curso presencial, pois “por ser presencial, não é garantia de qualidade. Tudo depende muito do aproveitamento do aluno”.

A diferença entre esta modalidade remota e a presencial, de acordo com

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estrutura do curso. Ao ser questionada sobre a diferença entre o método tradicional de aula e o remoto, afirma não ter sentido diferença porque, como tira dúvidas online, o professor acessa o Ambiente Virtual de Aprendizagem e sempre dá retorno. Mas ela afirma que, mesmo com a experiência proporcionada pela monitoria realizada no Programa Institucional de Tutoria (PROINT) durante a graduação, teve dificuldade com as ferramentas. Esta dificuldade é normal e apesar de não ter aprendido tudo com o curso, hoje consegue buscar sozinha por soluções e sabe como procurar por tutoriais que auxiliem na realização de seu trabalho.

Para o vestibular de verão de 2019, a instituição prevê a oferta de três cursos de graduação na modalidade a distância: as licenciaturas em Pedagogia e Geografia e o tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos. Como a instituição começou a ofertar o ensino a distância apenas este ano e muitas pessoas faziam cursos em outros

lugares, “para a comunidade ainda é algo bastante novo”, afirma Valéria.

Em relação aos cursos de Ensino de Humanidades e Ferramentas de Gerenciamento Ambiental, são 360 horas de curso em cada um para serem realizadas entre 12 e 18 meses.

Os cursos são pensados para dar liberdade ao aluno, com aprendizagem baseada em problemas ou projetos, que são duas metodologias ativas onde o aluno precisa aprender a pesquisar.

“Isso é uma das coisas que trabalhamos muito na nossa EAD, fornecendo espaços de pesquisa na rede, buscando a autonomia do aluno para que ele tenha possibilidade de escolha para construir sua aprendizagem”, afirma a professora, que finaliza: “Nem o professor, nem o aluno ou qualquer outra pessoa tem domínio da informação que pode ser encontrada na internet, então é adequado que se dê espaço para que o aluno busque as informações desde que ele saiba como pesquisar e escolher as fontes. ”

REPRODUÇÃO - UFN DIGITAL

a coordenadora do EAD, é basicamente metodológica e de feedback. A distância, é necessário que seja feito um planejamento prévio à oferta do curso, o que faz com que tudo seja produzido de antemão e o feedback demora um pouco para vir – diferente do presencial, onde o professor tem a flexibilidade para organizar o planejamento das aulas de acordo com o andamento das mesmas. Para sanar dúvidas, , o discente de curso em EAD conta com o auxílio de tutores/professores a distância, que fornecem uma espécie de fórum de dúvidas onde o aluno coloca seus questionamentos e o professor responde.

A professora Letícia dos Santos Fogaça é docente do curso de licenciatura em Matemática, tutora e aluna da modalidade EAD da instituição e atualmente está em um dos cursos do primeiro grupo, que está na fase de finalização. Ela conta que faz os cursos remotos oferecidos pela UFN por saber da qualidade dos professores e da

Vídeoaula na EAD da UFN com o professor Anderson Ellwanger

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FREEPIK

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O Ã T EN Mesmo que as possibilidades de uso das tecnologias que nos cercam sejam infinitas e também consideradas ferramentas de peso nos âmbitos acadêmico e escolar em prol do aprimoramento de conhecimentos, habilidades e competências, sua principal função atual é o entretenimento - que pode nos distrair do que é realmente importante. Com este desfoque, será que estamos mesmo sabendo usufruir do que nos é disponibilizado, de forma consciente e equilibrada?

Não é necessário fechar os olhos

e ignorar o futuro que está tão presente e facilita tanto nossas vidas, precisamos saber de onde viemos para termos ideia do próximo passo. Isto significa melhorar a maneira como lidamos com a presença de dispositivos tecnológicos em nossas vidas a fim de aproveitar tudo da maneira mais saudável possível, sem aquela permissão silenciosa que temos dado para que estes aparatos nos prejudiquem física, psicológica e emocionalmente. Desta forma, poderemos ter o melhor dos dois mundos.

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