Una Shubu Hiwea - Livro Escola Viva do Povo Huni Kuin do rio Jordão

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A BIBLIOTECA DA FLORESTA A samaúma é uma majestade. Sagrada para diversas populações autóctones da região amazônica, dos maias aos Huni Kuý, é unanimidade na mata, em povoados ou cidades, sendo usada até como ponto de referência para a localização de endereços. Os Huni Kuý costumam assentar moradia próximo a samaúmas. Em seu idioma, a chamam de shunu. Dizem que ela é a biblioteca da floresta. Seus nomes são muitos: escada do céu, árvore da vida, mãe das árvores. Os morcegos fazem a polinização da planta. A árvore tem copa frondosa e aberta, porte enorme e altura de 50 a 70 metros (o Cristo Redentor tem 30 metros), com registros de espécies que chegam a 90 metros – entre as maiores do planeta. O tronco alcança 3 metros de diâmetro e a estrutura das raízes com contrafortes impressiona. Essa estrutura, chamada de sapopema, quando se encontra com outras da mesma espécie, cria locais onde se pode morar e moram povos das florestas, que também a utilizam para comunicação por meio de batidas que ecoam na mata. As raízes estrondam em certos períodos do ano irrigando o entorno. Para a botânica tradicional, a samaúma se chama Ceiba pentandra e tem raízes tabulares, folhas digitadas, flores campanuladas brancas e cápsulas fusiformes, comestíveis quando verdes, com sementes envoltas por filamentos sedosos – a paina. grupo Nawa Shunu aos pés da samaúma da aldeia Nova Fortaleza

Da árvore usa-se tudo, folhas, caule, frutos, sementes, raízes. A paina dos frutos é uma fibra similar ao algodão que serve para tecelagem e enchimentos. Suas outras partes acumulam diversas propriedades de cura.


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