Mapeamento do Ensino de Jornalismo Cultural no Brasil em 2008

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Fragmentos em rede O jornalismo cultural participativo praticado na internet é um objeto fractal”1, tem a propriedade de, ao ter uma parte isolada e ampliada, apresentar uma semelhança com o todo, uma simetria de escala, como a estudada pela geometria fractal2. A parte não perde a sua totalidade, apesar de ter uma aparência recortada, irregular, indo contra os padrões de forma adotados pela geometria euclidiana (linhas, curvas, retas, expressões em números inteiros, comprimento, largura e volume). O objeto fractal não segue a norma, o padrão, a forma teorizada, ele é um recorte e um todo ao mesmo tempo. São objetos não-lineares, que podem mudar seu comportamento e se tornar imprevisíveis ou caóticos, estudados pela teoria do caos. Blogs e sites participativos ganham forma e se constituem dos fragmentos dos internautas. Alvin Toffler também se refere a essa fragmentação quando aponta o surgimento de uma “cultura blip”, que chega até nós sob a forma de “blips quebrados ou desencarnados, imagens fraturadas”, que agora podem ser reunidos num só objeto, os documentos hipermidiáticos.

inesperado, a partir dos fragmentos que recolhe de uma base, de acordo com a sua experiência cultural. O jornalismo cultural participativo não exclui e nem substitui a prática do jornalismo tradicional, necessário para garantir a diversidade de escolhas para o leitor, até para aqueles que buscam a opinião especializada. Ele representa uma nova forma de a sociedade buscar a informação e participar efetivamente das transformações e da construção de uma nova experiência cultural mediada pela tecnologia da informação.

Referências bibliográficas MELO, José Marques de. Comunicação social – teoria e pesquisa: Petrópolis: Vozes, 1977. MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX – Necrose. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. São Paulo: Contexto, 2004. SANTAELLA, Lucia. Por que as comunicações e as artes estão convergindo? São Paulo: Paulus, 2007. SANTIAGO, Silviano. O cosmopolitismo do pobre: crítica literária e crítica cultural. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004. TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.

Esses recortes fragmentados formam uma totalidade e possuem a qualidade de se transformar, inclusive em objetos imprevisíveis e caóticos. Os documentos hipermidiáticos são objetos caóticos, recortados, fractais e imprevisíveis, cada leitor faz o seu caminho, arquiteta sua forma de leitura. Cada leitor constrói um objeto diferente, imprevisível, 1 A palavra fractal foi criada pelo matemático francês, nascido na Polônia, Benoit B. Mandelbrot (1924-) a partir do verbo em latim frangere, traduzido como quebrar, fracionar, e fractus, fragmentado. 2 Que se opõe à tradicional geometria euclidiana.

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