Continuum 31 - Junho-Julho/2011

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LIVROS Globalização, Democracia e Terrorismo, de Eric Hobsbawn (Cia. das Letras, 2007) Ainda não deu tempo de a morte de Osama bin Laden e os acontecimentos que chacoalharam o mundo árabe desde o início do ano virarem objeto dos livros de análise

Backstage, de Gustavo Malheiros (ArteEnsaio, 2011)

histórica. Mas fatos precedentes, que ajudam a entender

Corre-corre, nervosismo, espera. Neste livro, o fotógrafo

o cenário atual, como a guerra ao terror implementada

especializado em moda Gustavo Malheiros mostra, em

pelos Estados Unidos contra os países islâmicos desde

cem imagens inéditas em preto e branco, os bastidores

o 11 de setembro – que, entre outros feitos, prolongou por

dos grandes desfiles de moda. Os registros documentam

sete anos uma invasão americana, sem pretexto verda-

o início da carreira de modelos famosas, como Gisele

deiro, ao Iraque –, foram alvo do olhar atento do maior

Bündchen, Alessandra Ambrósio, Isabeli Fontana e Carol

historiador contemporâneo ainda em atividade, Eric

Trentini. Fotógrafo de campanhas de estilistas como Cal-

Hobsbawn. Neste livro, atual, apesar de lançado há quatro

vin Klein e Versace, entre outros, Malheiros teve a ideia de

anos, o teórico aborda os rumos da desastrada política

fotografar as modelos sem poses, captando os instan-

internacional da era Bush. Indo além, toca na questão

tes que antecedem aos desfiles, para mostrar não só a

dos nacionalismos arraigados e da crescente xenofobia

tensão, mas também a magia que envolve esses eventos.

europeia. A ascensão econômica da China fecha o rol dos

Segundo a colunista de moda Glória Kalil, que assina o

fenômenos globais postos em pauta por Hobsbawn, lan-

prefácio, “Gustavo nos dá a oportunidade de olhar pelo

çando uma dúvida sobre a hegemonia econômico-militar

buraco da fechadura estes momentos preciosos de leve-

americana nos próximos anos.

za e intimidade com as nossas principais modelos”.

DESTAQUE Prêmio para Artur Barrio Artista multimídia e desenhista, nascido em 1945, no Porto, Portugal, e radicado no Rio de Janeiro desde os 10 anos, Artur Barrio recebeu, em maio, o Prêmio Velázquez de Artes Plásticas 2011, do governo espanhol, no valor de 125 mil euros. A justificativa da premiação destaca “a construção de uma poética radical, que produz uma relação e um eco com as situações políticas e sociais”. Segundo brasileiro a receber o prêmio – que, em 2008, foi para seu contemporâneo Cildo Meireles –, Barrio desenvolve uma

EXPOSIÇÃO

linguagem universal por meio do uso de materiais não convencionais, crus, perecíveis e degradáveis – lixo e matéria orgânica –

6 Bilhões de Outros, de Yann Arthus-Bertrand

dentro e fora do museu. Outra característica do trabalho do artis-

Videoexposição itinerante, em cartaz no Museu de Arte de São

ta, que o identifica com a produção contemporânea, é o registro

Paulo (Masp), é resultado de cinco anos de coleta de depoi-

audiovisual de performances poéticas. Seu trabalho já foi exibido

mentos de mais de 5,6 mil pessoas em 78 países. Uma grande

nos principais museus do mundo e, em 2011, é o único brasileiro

instalação para discutir sustentabilidade, num viés que vai além

a expor na Bienal de Veneza. Artur Barrio está na Enciclopédia

do zelo pelos recursos naturais. “Somos mais de 6 bilhões na

Itaú Cultural Artes Visuais – itaucultural.org.br/enciclopedias – e

Terra e não haverá um desenvolvimento sustentável se não

no hotsite Arte Efêmera – itaucultural.org.br/efemera/artur.html.

pudermos viver juntos”, teoriza o criador, o fotógrafo francês Yann

Desde 2008 mantém o blog arturbarrio-trabalhos.blogspot.com.

Arthus-Bertrand. No mezanino do museu, nove telas compõem uma videoinstalação na qual pessoas de distintas etnias, línguas e extratos sociais respondem à pergunta “Nós somos mais de 6 bilhões na Terra, você tem uma mensagem para estes outros?”. No hall, dentro de oito tendas inspiradas nas habitações de nômades mongóis, são exibidos filmes com outros depoimentos, seguindo a mesma diversidade de nacionalidades e experiências. Outras duas salas complementam o percurso, exibindo o making of das entrevistas e um vídeo criado para a mostra em São Paulo pelos artistas Lucas Bambozzi e Kika Nicolela. Os visitantes podem integrar o projeto respondendo no site 6bilhoesdeoutros. org às questões feitas aos personagens que integram a exposição. O evento já foi visitado por mais de 3,5 milhões de pessoas, em suas itinerâncias anteriores por cidades na França, na Itália, na China, na Dinamarca, na Coreia, na Birmânia e na Bélgica.

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Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), Avenida Paulista, 1578, Metrô Trianon-Masp, fone 11 3251 5644, masp.art.br, até 10 de julho.


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