Revista Sicoob Ed. 41

R E V I S TA

INOVAÇÃO

CONHEÇA OS BENEFÍCIOS DA ECONOMIA CIRCULAR

ENTREVISTA

COMO O SICOOB ESTÁ LIDANDO COM A COVID-19 TENDÊNCIA

UMA REVISTA DO SISTEMA DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO DO BRASIL | ANO 10 | Nº 41 | ABR/MAI/JUN 2020

DESCUBRA AS 96 PROFISSÕES DO FUTURO

O MUNDO EM COOPERAÇÃO ESTAMOS FISICAMENTE AFASTADOS, MAS JUNTOS NO PROPÓSITO DE ENFRENTAR A COVID-19. PODE CONFIAR: UNIDOS, SAIREMOS DESTA CRISE MAIS FORTES DO QUE ENTRAMOS.

Olá! Eu sou a

Alice,

nova assistente virtual do Sicoob.

Cheguei para cooperar com o time de suporte online, oferecendo um atendimento ágil e eficiente para quem busca ajuda pelos canais digitais.

Acesse o chat do App Sicoob e me conte como eu posso te ajudar.

Central de Atendimento Sicoob: 24h Capitais e regiões metropolitanas: 4000 1111 Demais localidades: 0800 642 0000 Ouvidoria Sicoob: 0800 725 0996 Atendimento de seg. a sex., das 8h às 20h www.ouvidoriasicoob.com.br Deficientes auditivos ou de fala: 0800 940 0458 Atendimento de seg. a sex., das 8h às 20h

ÍNDICE

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EDITORIAL

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RADAR

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ENTREVISTA

Sicoob Confederação tem novo presidente

Confira as principais novidades no Sistema Sicoob

Marco Aurélio Almada fala sobre os planos pós Covid-19

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ESPECIAL

TENDÊNCIA

INOVAÇÃO

Entenda porque ser mãe é padecer no paraiso

Conheça as 96 profissões do futuro

Economia Circular promete conquistar o Brasil

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TA NA REDE

COOPERAÇÃO

SUA EMPRESA

Um resumo do que rolou em nossas redes sociais

Cooperativas mirins estão formando nova geração de empreendedores

Como fica a produtividade em tempos de coronavírus

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SUA VIDA

Movimento vegano cresce principalmente entre os jovens

SEU DINHEIRO

Seguros são investimento importante em tempos de crise

ARTIGO

Cooperativismo financeiro ajuda a combater pandemia

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EXPEDIENTE Esta é uma publicação do Sicoob Confederação COORDENAÇÃO-GERAL Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob LTDA. – Sicoob Confederação SIG Quadra 6 Lote 2.080 – 70.610-460 – Brasília/DF DIRETOR-PRESIDENTE Marco Aurélio Almada CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Miguel Ferreira de Oliveira (Sicoob Planalto Central); Rui Schneider da Silva - (Sicoob Central SC/RS); Aifa Naomi Uehara de Paula (Sicoob Central Rondon); Bento Venturim (Sicoob Central ES); Clidenor Gomes Filho - (Sicoob Uni); Felipe Magalhães Bastos (Sicoob UniMais); Geraldo Souza Ribeiro Filho (Sicoob Central Crediminas); Henrique Castilhano Vilares (Sicoob SP); Hudson Tabajara Camilli (Sicoob Central Cecresp); Ivan Capra (Sicoob Norte); Ivo Azevedo de Brito (Sicoob Central BA); José Evaldo Campos (Sicoob Central NE) Luiz Antônio Ferreira de Araújo (Sicoob Central Rio); Luiz Gonzaga Viana Lage (Sicoob Central Cecremge); Marcelo Baiocchi Carneiro (Sicoob Goiás Central); Wilson Geraldo Cavina (Sicoob Central Unicoob) CORRESPONDENTES Bruno Cancherini – Sicoob Central Unimais Celso Vicenzi – Sicoob Central SC/RS Dannilo Gomes Costa Mandu – Sicoob Central NE Edivaldo Alves de Oliveira – Sicoob Planalto Central Fernanda Lopes – Sicoob Central Crediminas Karla Brandão Lage – Sicoob Central Cecremge Keila Alves da Silva – Sicoob Central Norte Luiz Augusto Araújo – Sicoob Goiás Central Mirna Pizaia Bevilqua - Sicoob Central Unicoob Natália Lucia Silva – Sicoob Central Cecresp Pedro Sérgio Carmo – Sicoob SP Rebeca Brandão Matos Souza – Sicoob Central BA Sheila Rego – Sicoob Central Rio Taciana Lazzaroto – Sicoob Central Rondon Waleska dos Reis Freitas – Sicoob Central Uni Zander Soares Rocha – Sicoob Central ES COORDENAÇÃO EDITORIAL Marcelo Vieira – Sicoob Confederação Carolina Bontempo – Sicoob Confederação Wanessa Lopes - Sicoob Confederação PROJETO GRÁFICO E EDITORIAL Farol Conteúdo Inteligente Edição: Guaíra Flor Textos: Amanda Cieglinsk, Débora Brito, Guaíra Flor, Mariana Branco, Murilo Carvalho, Pedro Ferreira e Tchérena Guimarães Design gráfico: Isabela Mota Fotos: Banco de Imagens Revisão: Luciana Pereira IMPRESSÃO Gráfica Coronário TIRAGEM 20 mil exemplares

Foto Unsplash

EDITORIAL

COOPERAÇÃO

EM TEMPOS DE CRISE

O

lá, pessoal

É um prazer enorme podermos conversar com vocês aqui, na Revista Sicoob. Em março — depois de mais de 20 anos de Sicoob — assumi a presidência do Sicoob Confederação e do Bancoob. Junto com outros diretores, que já vinham exercendo suas funções nas duas casas, formamos uma nova diretoria conjunta, composta por sete integrantes. À época, pensavamos que o maior desafio deste primeiro ano de mandato seria aumentar a sinergia entre as duas instituições e a velocidade de resposta às demandas da base. Um dia após tomarmos posse, a pandemia do Covid-19 tomou conta do Brasil e tudo mudou.

Assim como você, tivemos de nos adaptar a esta nova realidade, rever planos e desenhar novas estratégias, com maior ênfase nos canais digitais de atendimento ao cooperado. Tudo isso, sem esquecer o projeto inicial de unificar a governança das duas casas.

Foi (e continua sendo) um grande desafio, mas também uma grande oportunidade de mostrarmos a importância da cooperação em momentos de crise.

Descobrimos novas maneiras de nos relacionar com os cooperados, por meio de nossos aplicativos e canais digitais. Com isso, ficamos ainda mais próximos deles, apesar de fisicamente distantes. Esta é uma mudança de mindset que pretende-

mos manter mesmo após o fim da Covid-19, já que ela tem tudo a ver com o nosso propósito de conectar pessoas para promover justiça financeira e prosperidade.

E por falar em conexão, nada melhor do que destacarmos a crescente sinergia entre o Bancoob e a Confederação. Juntas, as duas instituições desenharam um pacote de medidas de apoio aos cooperados que estão sofrendo os impactos econômicos desta pandemia. O teor deste pacote é um dos temas abordados na entrevista desta edição, na qual vocês poderão me conhecer um pouco melhor.

Aceitei, satisfeito, o convite de dar uma entrevista a este canal de comunicação com um objetivo em mente: estar mais perto de você. Quero que você saiba como penso, conheça a minha paixão pelo cooperativismo e, especialmente, que tenha a certeza de que pode contar comigo. Juntos, vamos superar esta crise e sairemos dela com mais jogo de cintura e melhor preparados para enfrentar um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo. Afinal, sem flexibilidade e vontade de aprender, fica praticamente impossível sobreviver às transformações que ainda estão por vir, como bem mostra a matéria “Conheça as 96 profissões do futuro”.

A pandemia do bém nos obrigou pautas. Como a brasileiros está

coronavírus tama rever algumas maior parte dos em isolamento

social, decidimos dar dicas de ferramentas digitais que facilitem o trabalho em casa. Ao ler a reportagem, uma feliz surpresa: perceber que o Sicoob é realmente feito de valores. Isso fica claro em uma reflexão feita por nossa gerente de Gestão de Pessoas, Marina de Goes Ferreira, na reportagem. Segundo ela, a verdade é que as pessoas não estão trabalhando em casa. Elas estão em casa, em meio a uma crise, tentando trabalhar, cuidar de suas famílias e lidar com todas as mudanças provocadas por esse vírus.

Justamente por isso, falar em produtividade — em um momento como esse — chegaria a ser cruel.

E já que esta edição está sendo impressa no mês das mães, nada mais justo do que fazer uma matéria especial sobre maternidade, falando sobre a dor e a delícia de colocar um filho no mundo. Também trouxemos para você — em primeira mão — informações sobre um modelo de negócios que tem feito sucesso no exterior, mas ainda não chegou ao Brasil: a economia circular. Vale a pena conferir!

Espero que você aprecie esta revista, e que esteja bem, física e emocionalmente. Se possível, fique em casa até tudo isso passar.

Até breve!

Marco Aurélio Almada Diretor-presidente do Sicoob onfederação e do Bancoob

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RADAR

CONEXÃO DIRETA COM SUA COOPERATIVA OLÁ, EU SOU A

ALICE,

NOVA ASSISTENTE VIRTUAL DO SICOOB Nossa assistente virtual agora tem rosto e mais personalidade. Desde abril, Alice — inteligência artificial que recebeu o nome da fundadora da Aliança Cooperativa de Mulheres, Alice Acland. — ganhou cabelos cacheados, sorriso largo e um uniforme turquesa, da cor da nossa marca. A humanização de nossa inteligência artificial (IA) tem tudo a ver com o jeito Sicoob de atender os cooperados, de forma mais próxima, acolhedora e proativa.

De acordo com o superintendente de Soluções Corporativas do Sicoob, Angelo Curbani, Alice se destaca no setor financeiro por oferecer uma experiência de conversação muito próxima à dos seres humanos. “Por um bate-papo, ela responde a perguntas primárias, tratando questões sem a necessidade de intermediação da Central de Atendimento.

Identificamos que, em mais de 70% dos casos, as questões são solucionadas via Alice e, quando não o são, ela mesma direciona automaticamente para a Central, ou até mesmo para o gerente de Relacionamento do Cooperado”, conclui.

Lançada no início do ano, Alice já atingiu a marca de mais de 200 mil interações. Ela atende nossos cooperados exclusivamente por meio do app Sicoob. A humanização da nossa IA é parte do programa de Transformação Digital do Sicoob, que programou outras novidades para Alice, como consultas relativas a cartão de crédito, efetivação de transações, bem como a uma orientação mais proativa, com dicas de educação financeira. Fique de olho!

Primeira organização cooperativista feminina, fundada em 1883, em Edimburgo, na Escócia.

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Revista Sicoob

O Sicoob Moob — aplicativo que viabiliza o relacionamento dos nossos cooperados com a sua cooperativa — ganhou novas funcionalidades.

Agora, ele também pode ser utilizado para a transmissão de eventos ao vivo, em um ambiente seguro e restrito aos cooperados. O objetivo é incentivar a mobilidade, especialmente no cenário atual, em que se recomenda evitar a aglomeração de pessoas para facilitar o controle da disseminação do coronavírus. Apesar de ter sido lançado recentemente, o Sicoob Moob já promove interação, conectividade e engajamento entre os mais de 4,6 milhões de cooperados e o Sistema Sicoob. Confira algumas de suas funcionalidades: Minha Cooperativa: apresenta ao cooperado os dados de sua cooperativa e resultados preponderantes, como ativos totais, patrimônio líquido, operações de crédito e valores de rateio.

Feed de Notícias: ambiente que permite a criação e divulgação de notícias, pesquisas de satisfação, enquetes e outros materiais informativos sobre a cooperativa.

Gestão de Eventos: permite a criação, publicação e gestão de quaisquer eventos promovidos pelas cooperativas. Contempla desde o preenchimento das informações básicas (nome, data, local) até a indicação do público-alvo, o acompanhamento dos inscritos e a geração de lista ou Código QR para confirmação de presença.

Votações: ferramenta que permite ao cooperado participar, de maneira transparente e segura, das decisões democráticas de sua cooperativa.

Comunidade de Negócios: canal dos cooperados para a visualização dos bens e serviços oferecidos entre eles ou pelas próprias cooperativas do Sicoob.

Universidade Sicoob: plataforma que promove a educação e formação dos cooperados, de forma que estes possam contribuir para o desenvolvimento das suas cooperativas.

O Sicoob Moob está disponível para download nas lojas Google Play e Apple Store. Para acessar, basta utilizar as mesmas credenciais de acesso do App Sicoob.

MUDANÇAS NAS OPERAÇÕES DE

CRÉDITO

Atento aos impactos financeiros que nossos cooperados podem sentir por conta do novo coronavírus, reestruturamos nossas operações de crédito — com prorrogações de prazos a partir de avaliações individuais de cada cooperativa. O objetivo é permitir que os cooperados viabilizem o pagamento dos vencimentos, mas com maior flexibilidade.

Pequenas e médias empresas que tenham folha de pagamento vinculada ao Sicoob poderão financiar esses vencimentos via linha de crédito oferecida pelo BNDES, com prazo de 36 meses, com seis meses de carência, no valor de dois salários mínimos por empregado e taxa de 3,75% ao ano. Não será cobrada tarifa extra e o Sicoob não exigirá garantias especiais.

“Nós temos um conjunto de linhas para investimento, capital de giro, que podemos oferecer aos cooperados constantemente, não só nos momentos de crise. Nosso objetivo, neste período, é dar fôlego aos cooperados e manter o emprego das pessoas que dependem dessas empresas”, explica Ênio Meinen, Diretor de Operações do Sicoob.

Para mais informações sobre as medidas adotadas pelo Sicoob para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, leia a entrevista com nosso presidente (página 08).

INFORMAÇÃO IMPORTANTE Neste período de pandemia, o Sicoob orienta seus associados a priorizarem os canais digitais e o autoatendimento nas agências. Assim, estaremos cuidando da sua saúde e também da saúde de nossos empregados. Juntos, conseguiremos controlar a Covid-19.

SOLIDARIEDADE CONTRA O CORONAVÍRUS Os moradores do município de Primavera do Leste, no interior do Mato Grosso, receberam um presente que pode salvar vidas, no último mês de abril. O Sicoob Primavera MT doou novos aparelhos e insumos hospitalares para o atendimento de pacientes com suspeita do Covid-19 na região. O kit doado pela cooperativa é composto por um ventilador para respiração mecânica, um monitor multiparâmetro, um desfibrilador, quatro bombas de infusão e quatro suportes de soro. Os equipamentos — orçados em R$ 144 mil — serão utilizados nos casos de internação ou agravamento do vírus em pacientes.

“Acreditamos que equipar unidades de saúde agora é uma medida que será essencial no atendimento e tratamento de pacientes”, disse Elligton Santiago, gerente de agência Sicoob em Primavera do Leste. “Um dos princípios do cooperativismo é o interesse pela comunidade. Neste momento, qualquer ação que possa contribuir com a população deve ser tomada.”

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ENTREVISTA

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Revista Sicoob

“O COOPERATIVISMO DE CRÉDITO PODE AJUDAR O BRASIL A VOLTAR A CRESCER”

Novo presidente do Sicoob fala sobre como a cooperativa está se preparando para apoiar os cooperados e os empregados a retomarem suas vidas após o controle da Covid-19

Por Guaíra Flor

M

arco Aurélio Almada, 54 anos, é um homem com propósitos claros.

Para ele, só conseguimos caminhar com firmeza quando sabemos exatamente aonde queremos chegar. Foi por isso que — mesmo antes de assumir a presidência do Sicoob Confederação, em março deste ano — ele defendeu, com unhas e dentes, a revisão do propósito da nossa marca. “Precisávamos modernizar nosso posicionamento de mercado, por isso temos um novo propósito, alinhado às novas tecnologias da informação: conectar pessoas para promover justiça financeira e prosperidade”, explica.

Almada assumiu a presidência da Confederação e também do Bancoob dias antes da pandemia do coronavírus explodir no Brasil, levando a maior parte dos estados brasileiros a decretarem a obrigatoriedade do isolamento social — com estratégia para conter a disseminação da doença em território nacional. “Tivemos de dar uma resposta rápida para nossas

singulares e cooperados, o que só foi possível porque optamos [Bancoob e Sicoob Confederação] por uma governança unificada”, avalia nosso novo presidente.

Na avaliação do executivo, a chave para vencer a Covid-19 será a cooperação entre pessoas, governos e países. “Todas as provações pelas quais estamos passando servirão para mostrar à sociedade o valor que a união das pessoas e a cooperação têm na superação desses desafios”, defende Almada, que há 23 anos veste a camisa do cooperativismo. Segundo ele, nesse contexto, as cooperativas — especialmente as financeiras, como o Sicoob — poderão se destacar como importantes aliadas na superação desta crise, e também da recessão econômica que se avizinha para boa parte do planeta.

Em entrevista exclusiva à Revista Sicoob, Marco Aurélio Almada fala sobre o pacote de medidas de apoio que Bancoob e Sicoob Confederação sugerirão às cooperativas singulares

tão logo os brasileiros retomem suas rotinas. “Queremos adotar uma postura proativa em relação aos nossos cooperados, no sentido de ligar para eles para entender do que eles estão precisando e em como podemos apoiá-los”, antecipa.

Graduado em Administração de Empresas — com MBA executivo nas áreas de Finanças, Gestão Estratégica e Avaliação de Projetos concluído no Brasil, além de imersões realizadas nos Estados Unidos e Alemanha —, ele também fala sobre a importância da inovação para a perpetuação da nossa marca. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista: Revista Sicoob: O senhor assumiu a presidência do Sicoob Confederação em um momento de crise mundial, provocada pelo coronavírus. Quando essa revista for publicada, é possível que o Brasil e o mundo estejam estudando formas de romper — de forma segura — o isolamento social. Como o Sicoob está se preparando para esse momento?

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ENTREVISTA

MARCO AURÉLIO ALMADA

INOVAÇÃO É CONDIÇÃO DE PERMANÊNCIA NO MERCADO.” Marco Aurélio Almada: Vamos fazer essa reabertura do atendimento presencial aos poucos, tentando preservar a saúde de todas as pessoas, especialmente as que fazem parte do grupo de risco. Nesse período da quarentena, estamos conseguindo provar a qualidade do nosso atendimento digital. Nós sempre fomos muito bons no atendimento presencial, por isso utilizávamos os canais digitais menos do que poderíamos. O que está acontecendo agora, com a quarentena, é que esses canais digitais tornaram-se estratégicos para as pessoas cuidarem de suas vidas financeiras. E é um caminho sem volta, porque as pessoas vão querer continuar a resolver suas vidas da forma mais cômoda e segura possível. Por isso, vamos implementar novidades nesses canais digitais para facilitar ainda mais a vida dos cooperados e também dos nossos funcionários.

Com isso, teremos maior velocidade tecnológica para crescer e nos destacar no mercado de autoatendimento.

Existe algum plano para apoiar nossos cooperados e empregados em um cenário pós-coronavírus?

Sim, preparamos um ‘pacote de período apoiador’, lançado em 3 de abril, com sugestões do que as cooperativas singulares poderão ofertar aos clientes que tiverem sua situação financeira prejudicada pela Covid-19. O Bancoob e o Sicoob Confederação estão debruçados nesse instrumento de apoio ao cooperado, revendo as condições comerciais de produtos para suavizar um pouquinho a vida financeira de quem precisar de nós. Além disso, queremos adotar uma postura proativa em relação aos nossos cooperados, no sentido de ligar para eles para entender do que eles estão precisando, e em como podemos apoiá-los.

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Revista Sicoob

O senhor está há 23 anos atuando no cooperativismo financeiro. Na sua opinião, qual será o papel das cooperativas na superação dessa crise?

Historicamente, o cooperativismo sempre mostrou o seu valor durante períodos de crise. Nesse momento de pandemia, não será diferente. Todas as provações que estamos vivendo agora, ajudarão a mostrar o valor que a união das pessoas e a cooperação têm na superação desses desafios.

Quando está tudo correndo às mil maravilhas, as cooperativas já são inegavelmente importantes para a inclusão financeira e geração de renda. Mas nos momentos difíceis, o valor de uma cooperativa ficará ainda mais evidenciado. No caso específico do Sicoob, por exemplo, a forma como respondemos aos nossos cooperados, interagindo com eles nesse momentos de dificuldade, buscando as melhores soluções para ajudá-los, faz com que eles percebam o valor de fazer parte da nossa cooperativa. Além disso, as cooperativas se diferenciam de outras instituições financeiras por sua responsabilidade social e pelo compromisso com o desenvolvimento das comunidades onde atuam.

E qual será a importância do cooperativismo para a recuperação da nossa economia e do Sistema Financeiro Nacional?

Nós vivemos em um país financeiramente injusto. Os bancos comerciais são muito competentes, mas muito caros — especialmente para quem mais precisa deles, que são os pequenos. Essa é uma deformidade que atrapalha o Brasil a se desenvolver. O cooperativismo de crédito é capaz de virar esse jogo, tornando os serviços e os produtos financeiros mais justos, em condições similares a que vemos em países desenvolvidos. Empréstimos pessoais precisam ser ofertados com taxas baixas; os serviços e as tarifas bancárias deveriam ser calculadas em centavos e não em reais — boas práticas que já adotamos aqui, no Sicoob. Hoje, infelizmente, ainda existe uma distância muito grande entre o custo

do sistema financeiro para o brasileiro e o custo do sistema financeiro para os moradores de países desenvolvidos, como os da Europa ou do Japão. Desde a abertura das cooperativas financeiras ao público, em 2009, temos ajudado a regular os preços dos produtos financeiros praticados no Brasil, forçando a concorrência a rever preços para poder competir conosco. Além disso, somos um importante instrumento de inclusão financeira e um relevante agente para a educação financeira da população brasileira — fato reconhecido publicamente, inclusive pelo Banco Central do Brasil.

E os projetos para a comunidade, continuarão fortes como já eram antes?

O Instituto Sicoob sairá fortalecido dessa pandemia, justamente por ter sido criado para apoiar a integração das cooperativas do Sicoob com as comunidades onde elas atuam, por meio de diversos programas de responsabilidade social e educação financeira. Após o fim da quarentena, precisaremos ainda mais do trabalho do Instituto para fortalecer as comunidades afetadas pela Covid-19.

Portanto, nosso Instituto trará muitas novidades no período próximo.

Quais são as principais metas da sua gestão para os próximos anos?

O que nós estamos visualizando é que o Sicoob ganhe, cada vez mais, versatilidade de operação em seus diferentes canais. Nós já somos muito bons no canal presencial, que acontece em nossa rede de agências, e queremos ser também muito bons em nossos outros canais de atendimento, que envolvem tecnologia. A gente tem uma expectativa de associar à nossa prateleira um número cada vez maior de produtos e serviços financeiros digitais, para permitir um acesso cada vez mais rápido, ágil e fácil para os nossos cooperados. Esse é um processo que já vinha de anos anteriores, porque o nosso mandato não é de ruptura, mas sim de continuidade.

O senhor está assumindo a presidência do Sicoob Confederação e também do Bancoob, um fato inédito na história do nosso sistema. Por que se optou por essa unificação da gestão dessas duas entidades?

Essa união da governança do Bancob com a governança da Confederação já é uma entrega do planejamento estratégico que desenhamos em 2019, para os próximos três anos.

Nós entendemos que, ao unir o Sicoob Confederação e o Bancoob em uma única coordenação, teremos um ganho de sinergia, que já está sendo traduzida em maior velocidade e eficiência da nossa gestão. E nós sabemos que agilidade é um valor estratégico no atual cenário de transformação digital. Um exemplo claríssimo desse ganho de sinergia está sendo a forma como estamos lidando de maneira coordenada com essa crise do coronavírus. Em vez de as cooperativas receberem instruções do Sicoob Confederação e do Bancoob, estamos conseguindo fazer tudo coordenadamente. Nossas áreas de TI e de negócios senta-

ram juntas, na mesma mesa, para tomar decisões conjuntas. E isso está se refletindo na velocidade como temos dado resposta às demandas da crise.

O senhor fala com paixão de inovação e novas tecnologias. De onde vem o seu interesse pelo assunto?

Inovação é condição de permanência no mercado. Eu sou um administrador e um assunto importante da minha área é entender como as empresas nascem, crescem e morrem. E o processo de impedir que uma empresa morra passa pela inovação. Quando uma empresa perde a capacidade de inovar, ela tende a decair até morrer. E nós estamos vivendo um momento de reinvenção no mercado financeiro. Por sermos uma cooperativa, queremos preservar o DNA e os valores do nosso movimento, mas precisamos encontrar uma forma rejuvenescida de atender o cooperado, com a ajuda das novas tecnologias. Meu interesse em inovação vem junto do meu interesse de perpetuação do Sicoob.

Precisamos de boas ideias. Ideias inovadoras e capazes de impactar positivamente as vidas das pessoas.

Qual recado o senhor deixaria, nesse momento de tantas dúvidas e incertezas, para nossa base e para nossos cooperados?

Nós todos estamos sendo colocados à prova, nesse momento. E só conseguiremos vencer os desafios de duas formas: pensando em competir ou em cooperar. O nosso jeito é o segundo. Acreditamos na cooperação como estratégia para superar esse ou qualquer outro desafio. Para nossos empregados, eu peço ânimo: vamos trabalhar juntos, porque juntos vamos fazer coisas extraordinárias.

Para os nossos cooperados, o recado é o seguinte: podem acreditar na gente! Vocês sempre vão encontrar no Sicoob soluções financeiras de qualidade, a preços justos, e com as melhores condições possíveis.

HISTORICAMENTE, O COOPERATIVISMO SEMPRE MOSTROU O SEU VALOR DURANTE PERÍODOS DE CRISE. NESTE MOMENTO DE PANDEMIA, NÃO SERÁ DIFERENTE.”

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ESPECIAL

COISAS DE

MÃE As descobertas e os desafios da maternidade real Por Tchérena Guimarães

E

xistem coisas que só as mães sabem.

Não é que sejam segredos ou estejam guardadas a sete chaves, mas se revelam apenas para elas.

A mãe nasce e o conhecimento nasce junto.

Surge ali, na barriga, cresce com a criança e se transforma ao longo da vida. O que cada uma sabe, aprende e descobre é único. Coisa de mãe. Mesmo.

A escritora Thais Vilarinho sabe bem como é isso. O sonho dela sempre foi ter filhos e, na realização desse sonho, ela viu sua vida mudar por completo. “Eu acho que só quem é mãe entende o que é esse sentimento, sabe de tudo o que tem de abrir mão, de tudo o que temos de transformar dentro da gente”, revela.

Thais é autora de alguns dos livros mais vendidos do Brasil sobre maternidade. Um deles, o Mãe fora da caixa, virou peça de teatro. O ofício de escritora também foi resultado dessas suas descobertas.

“Me tornar mãe foi muito diferente do que eu imaginava ser”, recorda. Mergulhada na concretização do sonho, diante da nova realidade que se apresentava, percebeu que essa experiência era muitas vezes idealizada.

“Eu tive depressão pós-parto, muitas questões com o começo da maternidade. Eu achava que isso só acontecia com quem não queria o bebê e, no meu caso, era o contrário: queria

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Revista Sicoob

MUITAS MULHERES PENSAM: ENGRAVIDEI, VOU TER FILHOS E SEREMOS FELIZES PARA SEMPRE. E NÃO. É UM GRANDE DESAFIO.” Thais Vilarinho, escritora

muito meu filho, e estar sempre perto dele. Foi quando descobri que o zelo em excesso também é configurado como depressão pós-parto”, admite Thais, mãe de dois meninos.

Desde então, a escritora passou a se questionar sobre a maternidade real e tentou se equilibrar entre essa nova fase, a profissão e os anseios pessoais. Para compartilhar todos esses sentimentos, começou a fazer das palavras as suas aliadas. Percebia que outras mulheres também podiam estar passando pelas mesmas questões. “Acho que as pessoas não falam da realidade enfrentada pelas mães, porque existe uma romantização em torno disso. Muitas mulheres pensam: engravidei, vou ter filhos e seremos felizes para sempre. E não. É um grande desafio”, ressalta. “A sociedade romantiza, fala que é a melhor coisa do mundo; quando as mulheres encontram desafios nessas áreas, não querem falar porque têm medo de serem rotuladas de ingratas, de ‘problemáticas’. Isso gera culpa.”

Com leveza, Thais começou a compartilhar todos esses sentimentos em seus textos e publicá-los, até que eles se tornaram livros. “Sou muito transparente, e isso gera uma conexão e empatia com as minhas leitoras”, pontua a autora, que hoje conta com mais de 800 mil seguidores no Instagram.

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ESPECIAL

COISAS DE MÃE

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ar mãe fo : me torn o h n ri a il ser.

Thais V aginava que eu im

do

MELHOR MÃE DO MUNDO Ser mãe é também ser cobrada, o tempo todo. Uma cobrança que vem de fora, mas também de dentro. Às vezes, é um medo de não estar se dedicando ao máximo aos filhos. Outras, por exemplo, por não se considerar a melhor mãe do mundo.

Na opinião de Thais, essa cobrança pela perfeição acaba gerando sofrimentos desnecessários e pode ser libertador admitir: sou uma mãe real, ou melhor, “fora da caixa”. “Ser mãe fora da caixa é ser uma mulher que sai desses conceitos preestabelecidos do que é ser mãe, do que a sociedade espera. É pensar além disso. É aceitar mudar de ideia, aceitar mudar de opinião, pensar de forma diferente. E não ficar presa em nenhum estereótipo estipulado pela sociedade”, explica. “Quando você se liberta disso, você se liberta da culpa. Humaniza o que é necessário. A mãe é muita endeusada, vista como sobre-humana e heroína. E não, a gente é humana, acertando e errando.”

REDE DE APOIO Ter com quem contar e compartilhar todas essas emoções pode fazer toda a diferença para quem tem um ou mais filhos. Em Brasília, mamães se reúnem periodicamente para conversar sobre temas relacionadas a gestação, parto, puerpério, amamentação e criação de filhos.

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Revista Sicoob

A psicóloga e educadora perinatal Raíssa Mendes é uma das responsáveis pela condução das rodas de conversa da Villa Mater, voltadas para mães de primeira viagem. “Os objetivos são a educação perinatal, o compartilhamento de informações seguras, o fortalecimento da rede, o acolhimento e a escuta ativa às histórias, experiências e emoções das participantes”, explica. “Por ser um momento naturalmente sensível, essas mulheres também demandam acolhimento e pertencimento.”

Segundo a psicóloga, as mães de primeira viagem sentem a necessidade de estar entre mulheres que estejam passando por situações similares. Por isso, é comum criarem uma rede de apoio e fortalecimento para que atravessem esses momentos com mais segurança e leveza.

Raíssa percebe a importância dessa troca e dessa união entre as mulheres. “Ainda que elas tenham familiares, companheiros/as e amigas/os por perto, percebo que sentem falta desse lugar de pertencimento e de não julgamento oferecido nas rodas de conversa do nosso programa.”

As futuras mães — com as mais diferentes vivências — chegam às rodas de conversas cheias de anseios. “O primeiro grande desafio é lidar com a descoberta de que mãe perfeita não existe. A mulher (e a nova família) vai errar, rever os próprios conceitos e precisar se adaptar diariamente a cada coisa nova que surgir. O mantra ‘vai passar’ pode funcionar”, revela.

E é isso que a própria Raíssa aplica em seu dia a dia. Mãe de dois filhos — um deles recém-nascido —, ela sabe bem o que é viver mergulhada nessas revelações. “Para mim, ser mãe é me refazer todos os dias nas delícias e nos desafios de educar um ser humano que depende de mim, aliado à jornada de entrar em contato com meus próprios medos, minhas relações, minha história, a forma como eu mesma fui maternada”, avalia.

DE MÃE PARA MÃE

“É de acabar com qualquer mãe quando o bebê acorda, lhe vê e abre aquele sorriso. Um ‘eu te amo’, assim, do nada, lhe enche de amor também. Uma nota boa na escola. Uma apresentação do Dia das Mães em que você morre de chorar. Viver dias de saúde. A convivência é de muita alegria”, afirma.

A maternidade traz outra mudança importante na vida de uma mulher. Ela é capaz de ressignificar a relação desta com a própria genitora. Foi assim para a jornalista Larissa Graciano. “Hoje, depois de ter filhos, compreendo mais minha mãe. A primeira coisa que eu posso falar é do amor. Agora eu entendo como minha mãe me ama e a meus irmãos. Simplesmente assim. Eu sei o tamanho do amor dela por nós”, reflete. “Entendo o motivo de acordar à noite e ver minha mãe de joelhos ou em pé na porta do meu quarto orando por mim. Às vezes, ela tinha pesadelos conosco ou sentia algo ruim, levantava, a hora que fosse, podia ter acabado de deitar, e ia orar por nós. Eu também já fiz tanto isso por meus filhos, e em quantas noites!”, exemplifica

E assim, dia após dia, Larissa vai descobrindo o que só as mães sabem: “Quantas noites ficamos acordadas, vendo se os filhos estão bem, olhando se estão respirando. Quantas vezes comemos só o resto da papinha do filho, porque passou da hora de comer. Quantas noites levantamos para cobrir o filho”, reflete. “Não tem nada de mágico em ser mãe. É apenas amor.”

Larissa não planejou a primeira filha. Ela tinha seis meses de casada quando engravidou. Foi um susto misturado com alegria. “No momento em que descobri que estava grávida, senti a felicidade de poder ser mãe e de gerar uma vida. Ao mesmo tempo, senti o peso da responsabilidade de ter alguém dependente de mim”, conta.

Com o desenvolvimento da gestação, a jornalista foi se acalmando. “Quando minha primeira filha nasceu, começamos uma nova vida, a três. Hoje vejo que meus filhos são a melhor parte de mim. Eles me fazem ser uma pessoa melhor”, destaca.

Existem, é claro, muitos desafios nessa jornada. “Alguns deles são vê-los crescer e ganhar asas, sentir saudades deles pequenos, passar por noites em claro, quando eles adoecem, educá-los para um mundo tão difícil. Enfim, compreender as fases, ajudá-los em seus dramas”, analisa.

E as alegrias — acrescenta — são inúmeras.

A psicólog a de um gru Raissa Mendes, co o po de mã es de prim rdenadora eira viage m.

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TENDÊNCIA

CONHEÇA AS

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PROFISSÕES DO FUTURO

E COMECE A SE PREPARAR PARA ELAS Relatório do Fórum um Econômico Mundial listou as profissões que gerarão 6 milhões de novas oportunidades de trabalho até 2022.

Por Débora Brito

M

ais oportunidades ou mais desigualdade? O que está por vir no mundo do trabalho reúne uma lista de profissões ainda desconhecidas, mas que já estão revolucionando a forma de encarar o processo seletivo para conseguir um emprego. A chamada revolução digital — ou quarta revolução industrial — trouxe novas funções, novos postos para novas necessidades. Um mundo com novos termos (a maioria em inglês), com foco em novas soluções para as diferentes demandas da sociedade.

De acordo com o relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial de Davos no começo deste ano, existem 96 “profissões do futuro”, que, juntas, poderão criar seis milhões de novas oportunidades de trabalho até 2022.

A lista reúne carreiras inusitadas, como engenheiro de nuvem, consultor de dados, especialista em transcrição médica e growth hacker (veja quadro).

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Revista Sicoob

“São profissões relacionadas à criatividade, à resolução de problemas, à geração de plataformas e voltadas para o impacto social. Quando falamos de profissões ligadas à área de inovação, transformação digital, data driven economy, inteligência artificial, são áreas que emergiram não só da disponibilidade tecnológica, mas das mudanças de comportamento da sociedade que estão tendo muita abertura no mercado de trabalho”, comenta Gláucia Alves, especialista em inovação e transformação digital da Fundação Dom Cabral.

Na lista de Davos, estas novas carreiras estão relacionadas a sete grandes áreas profissionais, que estão emergindo de forma conjunta sob a crescente adoção de novas tecnologias. São elas: Economia de Cuidado e Saúde — com o aumento da expectativa de vida da população, e toda a família trabalhando fora, cresceu a demanda pelo chamado home

care para pessoas idosas ou que necessitam de cuidado especial. A crescente automação da medicina também tem demandado novos profissionais na área de saúde.

Dados e inteligência artificial — é crescente a demanda pela extração de dados estratégicos para tomada de decisões aliadas à automação de serviços para agilizar e aperfeiçoar o atendimento de diversas necessidades. Também, as novas regulações de acesso à informação aumentaram a demanda por profissionais que tenham a capacidade de atender os requisitos legais de acesso a grandes volumes de dados e informação.

Engenharia e computação de nuvem — com a migração de boa parte das relações profissionais, pessoais e de consumo para o meio digital, ganham protagonismo os engenheiros que são capazes de desenvolver ambientes e

soluções tecnológicas que atendam às necessidades de interação e resolução de problemas.

Economia verde — a preocupação em conter efeitos das mudanças climáticas e com a escassez de recursos naturais, novos investimentos na área de sustentabilidade e o foco no uso de energias renováveis podem expandir as projeções de emprego no setor. Além disso, as empresas com responsabilidade social e ambiental têm vantagens com os consumidores.

mas, aplicativos e outras ferramentas que representem a solução de problemas diversos nas empresas e no cotidiano das pessoas.

Vendas e marketing — a área de marketing tem se sofisticado cada vez mais e buscado profissionais com capacidade de produzir conteúdo especializado para buscar de modo mais efetivo as novas formas e oportunidades de consumo — principalmente por meio das redes sociais.

Pessoas e cultura — mesmo com o protagonismo da tecnologia, a interação humana e o desenvolvimento das habilidades humanas são consideradas essenciais para atender às demandas da nova economia.

Desenvolvimento de produtos e serviços — é crescente a necessidade de profissionais que possam desenvolver sistemas, platafor-

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TENDÊNCIA

PROFISSÕES DO FUTURO

curso para qualificar novos desenvolvedores.

As primeiras turmas renderam tanto que o casal já vislumbra trabalhar somente com o curso nos próximos anos. “Percebemos que o mercado tem muita demanda e não está saturado, tem muita gente que ainda precisa se qualificar. Então, minha perspectiva para a carreira é, com meu marido, ensinar outras pessoas, disseminar a área e empreender”, conta Emilie.

MUDANÇA DE MINDSET

Em qualquer uma dessas áreas, valorizam-se os profissionais capazes de aplicar seus conhecimentos dentro de uma lógica digital — tendência que será fortalecida após a epidemia do coronavírus, que está obrigando toda a sociedade a operar dentro da lógica da internet.

“O advento das tecnologias exponenciais propiciou o encontro de soluções que antes eram restritas a grandes corporações ou a governos.

Com o acesso à internet, você pode ter acesso a informações e gerar um volume de conhecimento e de dados muito maior e, por consequência, tem a criação de empresas, startups e mudança nas profissões”, afirmou Gláucia Alves, que também é pesquisadora do Instituto Coppead, escola de negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A especialista cita ainda que as novas ocupações profissionais têm em comum o caráter da multidisciplinariedade e falta de hierarquia, dando autoridade a quem detém conhecimento especializado, além de favorecerem o empreendedorismo.

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Revista Sicoob

Gláucia lembra que esses fatores têm dado força à tendência conhecida como slash generation ou slash careers, cenário em que os profissionais realizam, ao mesmo tempo, com o apoio das tecnologias, diferentes tarefas, de áreas diversas, como lecionar em uma universidade e trabalhar com consultoria na área de projetos.

A ascensão rápida, com boa remuneração, deve-se às várias oportunidades da área que ainda tem poucos profissionais especializados disponíveis no mercado. “No meu LinkedIn, todo mundo sabe que eu estou trabalhando, mas recebo mensagens de oferta de vagas mais de uma vez por mês. A maior vantagem é essa: tem muita oportunidade. Mesmo nesta época de crise, ainda estão contratando”, comenta.

Com tantas ofertas no mercado e uma demanda crescente por qualificação na área, Emilie e seu esposo decidiram apostar na formação de novos profissionais. Italo Paiva, 24 anos, também é graduado em Engenharia de Software e montou um

O avanço das novas profissões têm levado à transformação de carreiras tradicionais, como o direito, a medicina e, principalmente, o jornalismo. A ascensão das novas tecnologias como principais meios de informação e como plataformas de compra e venda de diversos produtos ressignificou a forma de produzir conteúdo — inclusive o jornalístico e publicitário.

De olho nas novas oportunidades, o jornalista Almir Rizzatto fez a guinada para o marketing digital há mais de dez anos. Depois de passar por veículos tradicionais da imprensa, Rizzatto abriu, em 2006, a própria empresa de assessoria: a RZT Comunicação, em São Paulo.

O empreendimento encontrou novas demandas do mercado de comunicação, principalmente para gerenciar redes sociais, e na última década ampliou suas atividades para o marketing digital.

“Ali eu comecei a ver esse mercado com bastante interesse, uma nova porta para as agências, os clientes e para o jornalista. Comecei a estudar muito esse universo digital e já achava que era uma oportunidade do futuro por todas as possibilidades que as redes sociais já proporcionavam naquela época, que é a capacidade de falar com muitas pessoas,

PERCEBEMOS QUE O MERCADO TEM MUITA DEMANDA E NÃO ESTÁ SATURADO, TEM MUITA GENTE QUE AINDA PRECISA SE QUALIFICAR. ENTÃO, MINHA PERSPECTIVA PARA A CARREIRA É, COM MEU MARIDO, ENSINAR OUTRAS PESSOAS, DISSEMINAR A ÁREA E EMPREENDER.”

Emilie

atingir um público muito grande, por um custo baixíssimo”, completou.

Hoje, Rizzato também se dedica a compartilhar esse processo de reinvenção com jornalistas que estão buscando adicionar novas habilidades à experiência tradicional, seja para aumentar a remuneração ou para se manter relevante no mercado.

“O jornalista pode se beneficiar muito do marketing digital, desde que capacitado para isso, porque grande parte do que envolve marketing digital está relacionado a conteúdo. E ninguém melhor do que um jornalista para produzir conteúdo.

Então, para o jornalista, é um campo extremamente fértil, que tem potencial para crescer ainda mais daqui a um bom tempo; não vejo um caminho de volta, é daqui pra frente, cada vez com mais tecnologias, novas ferramentas.”

TEM DE SE LANÇAR A nova geração de comunicadores também está apostando nas oportunidades do marketing digital.

Pensando no futuro promissor da área, o jornalista Weverton Campos

Oliveira, 27 anos, decidiu ingressar em um MBA para se especializar na área.

Formado em jornalismo há apenas quatro anos, pela Universidade Federal do Espírito Santo, Weverton logo percebeu que só o conhecimento adquirido na graduação não era insuficiente para alcançar as melhores oportunidades do mercado de comunicação.

“O mundo em que eu me formei não é mais o mundo de 2020 e, provavelmente, não vai ser o mesmo dos próximos dois anos. Eu estava me sentindo muito obsoleto, muito defasado, porque encontrei no mercado de trabalho desafios para os quais a academia não me preparou”, relata.

Com o MBA, Weverton sentiu-se encorajado a atender os clientes que antes rejeitava por insegurança e se juntou a dois sócios para tocar a Perform-Marketing Digital, em Vitória (ES). A empresa produz conteúdo especializado para diferentes

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Daí surgiu a ideia de criar a Escola Digitalista, que oferece diversos cursos e orientações sobre as novas ferramentas de produção de conteúdo, e ajudam os profissionais de comunicação a mudar de mindset, valorizar sua imagem (ou a de seu cliente/produto), fazer anúncios com conteúdo diferenciado e alcance, e desenvolver relacionamento com clientes, além de mensurar resultados e engajamento e desenvolver estratégias de geração de negócios.

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TENDÊNCIA

PROFISSÕES DO FUTURO

Conjunto de técnicas de otimização para sites, blogs e páginas na web. Essas otimizações visam alcançar bons rankings orgânicos, gerando tráfego e autoridade para um site ou blog.

tipos de clientes, desde escritórios de advocacia, construtoras, startups, consultórios médicos, entre outros. O novo empreendimento já conta com mais de 10 clientes fixos e vários que apresentam demandas pontuais. “É um mercado que não vai se saturar por um bom tempo. Não se trata apenas de estar presente na rede social, mas trata de estabelecer um relacionamento, oferecer algo que realmente agregue valor a quem está lhe acompanhando”, explica Weverton.

O jornalista ainda mantém o trabalho formal em uma assessoria de imprensa, onde tem aplicado o aprendizado com a nova área e sonha especializar-se mais, para aumentar sua rede de colaboradores e atrair clientes diversos. “É entender a demanda, do que as pessoas precisam; o marketing digital trabalha com necessidades. Não é só produzir um texto, mas um conteúdo que realmente esteja próximo do que as pessoas buscam, e é necessário um profissional que entenda disso”, completa.

CAMINHO SEM VOLTA De acordo com o relatório do Fórum Econômico de Davos, as áreas de vendas e marketing representarão 17% das novas oportunidades de trabalho que serão geradas nos próximos dois anos. “Existe uma infinidade de possibilidades, muita coisa vai vir, novas redes sociais, novas tecnologias, a questão da inteligência artificial, tudo isso virá em curto espaço de tempo”, avalia o jornalista Almir Rizzato.

Segundo ele, existem outras vantagens importantes do marketing 20

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do futuro: a possibilidade de gerar retorno de uma forma mais mensurável e concreta, atingindo um público mais segmentado. A atuação em nichos, por sua vez, reverte-se em aumento de vendas.

Rizzato sugere que as empresas interessadas em marketing foquem na técnica de Search Engine Optimization (SEO) para produzir o texto certo e garantir maior visibilidade em sites de busca, como o Google, a um custo baixo. “O marketing digital proporciona isso. Quando você faz um trabalho efetivo com técnicas de SEO num blog, por exemplo, ele vai proporcionar mais acessos à página dessa empresa ou desse profissional liberal. Consequentemente, vai aumentar os pedidos de cotação, de orçamento e as vendas”, disse.

Outra área em que o empreendedor aposta, principalmente no contexto da pandemia do coronavírus, é o mercado de infoprodutos, que incluem cursos on-line ou outros serviços digitalizados. “A educação nunca mais vai ser a mesma”, afirma o jornalista. “O digital vai estar presente em todos os centros de capacitação, em todos os níveis.”

A pesquisadora da Fundação Dom Cabral também aposta que a pandemia do coronavírus vai transformar o mercado de educação. “Essa crise propiciou a implantação do ensino a distância em instituições que a gente nunca imaginou. Será que isso não vai refletir numa mudança no mercado de trabalho de educação, que era um mercado estagnado há muito tempo? É muito interessante ver como a crise que a gente está vivendo tem acelerado ainda mais essa curva de transformação digital do que antes”, comenta.

MAIS DESIGUALDADE? Apesar do mundo de oportunidades oferecido pelas novas tecnologias, os especialistas alertam que nem

todos os profissionais conseguirão se enquadrar no novo mercado de trabalho.

O especialista em Recursos Humanos e Marketing da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Pinho ressalta: com o pleno avanço das plataformas digitais, certos ramos profissionais vão substituir antigos modelos de trabalho. “Tudo o que puder ser repetitivo, feito da mesma maneira seguidamente, num futuro bastante próximo não será mais feito por gente, mas por robôs, que conseguem produzir muito mais e melhor, com um custo significativamente menor”, destaca o especialista.

Enquadram-se aí os postos de trabalho relacionados ao telemarketing, caixas de supermercado, frentistas de postos de gasolina e até mesmo agricultores sem conhecimentos tecnológicos. “Muitos desses desempregados não conseguirão voltar ao mercado de trabalho”, alerta Pinho.

“Muitas tarefas ‘procedimentadas’ serão menos relevantes no futuro.

Existe uma grande possibilidade de automatização dessas tarefas, e as profissões relacionadas a esse tipo de atividade não vão ter um futuro muito promissor”, acrescenta Gláucia Alves.

A EDUCAÇÃO NUNCA MAIS VAI SER A MESMA. O DIGITAL VAI ESTAR PRESENTE EM TODOS OS CENTROS DE CAPACITAÇÃO, EM TODOS OS NÍVEIS” Almir Rizzato, jornalista

TUDO O QUE PUDER SER REPETITIVO, FEITO DA MESMA MANEIRA SEGUIDAMENTE, NUM FUTURO BASTANTE PRÓXIMO NÃO SERÁ MAIS FEITO POR GENTE, MAS POR ROBÔS, QUE CONSEGUEM PRODUZIR MUITO MAIS E MELHOR, COM UM CUSTO SIGNIFICATIVAMENTE MENOR.”

Jorge Pinho, especialista em Recursos Humanos e Marketing da Universidade de Brasília (UnB)

O filósofo israelense Yuval Novah Harari — autor dos livros Sapiens: uma breve história da humanidade e 21 lições para o século XXI — compartilha da mesma preocupação.

Em palestra proferida no Fórum Econômico de Davos, em janeiro deste ano, Harari elencou três desafios existenciais: a guerra nuclear; o colapso do meio ambiente; e as mudanças no mercado de trabalho provocadas pelas novas tecnologias, que levarão à criação de uma nova massa de pessoas sem condições de empregabilidade.

Para o filósofo, esse nova classe social — que antes executava trabalhos operacionais — precisará do apoio do Estado para se manter.

Acontece que a maioria dos países em desenvolvimento não possui políticas públicas de amparo aos desempregados. “As pessoas precisam aprender constantemente novas habilidades. A inteligência artificial existe somente há poucos anos, mas grandes mudanças ainda devem

acontecer e precisamos pensar em como proteger os trabalhadores”, discursou o filósofo, em Davos.

HUMANOS OU MÁQUINAS? O relatório de Davos também destaca que a ameaça da desigualdade de oportunidades, de salários e o desemprego será cada vez mais presente na nova economia. Uma opinião endossada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que também aponta o caráter paradoxal das novas profissões, uma vez que elas representam novas oportunidades mais bem remuneradas — principalmente para os profissionais mais jovens —, ao mesmo tempo que podem substituir facilmente a mão de obra humana por robôs ou inteligência artificial.

A boa notícia — segundo relatório recente do organismo internacional

— é que a automatização ainda não tirou o ser humano das preferências profissionais dos empregadores. As contratações dos últimos anos indicam que os empregadores estão fazendo uso mais intensivo da tecnologia, mas ainda não começaram a substituir profissionais por máquinas ou inteligências artificiais. O relatório da organização revela que a “destruição dos empregos”, devido à automatização em alguns setores, está sendo compensada pelo incremento do número de carreiras relacionadas à tecnologia e a habilidades exclusivamente humanas, como a empatia e a criatividade.

“Eu acho que, da mesma forma que a tecnologia substitui, ela também empodera. Nada é mais poderoso do que o homem com a máquina.

Eu acho que a capacidade do ser humano de criar demandas e a capacidade da tecnologia de realizar essas demandas também fazemsurgir novos empregos”, disse Gláucia Alves, da Fundação Dom Cabral.

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CAPA

PROFISSÕES DO FUTURO

EDUCAÇÃO É O CAMINHO Nesse cenário profissional de intensas transformações, existe pelo menos uma certeza: a educação será a maneira mais eficaz de evitar que muitos profissionais fiquem distantes das novas profissões.

“Uma boa formação — seja profissional ou humanista — será cada vez mais essencial no futuro”, explica o professor Jorge Pinho. ”Sem instrução, você tem a oferecer a sua força muscular.

Se não houver tarefas para isso, você não terá nada a oferecer.

Cada vez esse ramo da atividade primária vai reduzir, enquanto as outras, que exigem mais conhecimento tecnológico e científico, vão se expandir.”

O QUE VEM PELA FRENTE De acordo com o Fórum Econômico de Davos, sete grandes áreas concentrarão as principais oportunidades de trabalho até 2022.

Conheça algumas das profissões em alta relacionadas a esses setores.

A avaliação do professor alinha-se à análise dos economistas de Davos e dos especialistas da OIT. As entidades apontam que os novos profissionais devem ter diferentes habilidades, com conhecimento avançado nas áreas de negócios, informática e tecnologia.

Para a OIT, promover a aquisição de competências digitais com o aprendizado permanente pode ajudar os trabalhadores desempregados, de qualquer idade, a ingressar nas novas ocupações.

Gláucia Alves reforça que inovar não é opcional; a crise traz muitas oportunidades, mas é necessária a mudança de princípios e de mentalidade.

“Há uns anos, o que você aprendesse na faculdade seria útil pra sua carreira inteira. Hoje, em dois ou três anos você pode ficar obsoleto, porque a geração de conhecimento está muito intensa. A aprendizagem vai ser muito mais o trabalho em si e a capacidade de resolver problemas complexos do que daquilo que você decorou e repetiu uma vida inteira, porque cada vez menos vai ter essa solução única”, declarou.

GREEN MARKETERS (ESPECIALISTAS EM MARKETING VERDE) Profissionais responsáveis pela promoção de produtos e serviços sustentáveis e ecologicamente responsáveis.

Como as oportunidades em carreiras tradicionais tendem a diminuir, a principal recomendação do especialista em RH — para quem quer se manter empregado — é qualificar-se e identificar, entre as novas profissões, a que mais se adequa ao seu perfil.

“Para quem não estiver preparado, certamente o avanço das novas tecnologias será um golpe muito forte, e é um caminho sem volta. Minha orientação para os novos profissionais é buscar essa lista de atividades que serão necessárias e focar no aprendizado delas”, recomenda Pinho.

UMA BOA FORMAÇÃO — SEJA PROFISSIONAL OU HUMANISTA — SERÁ CADA VEZ MAIS ESSENCIAL NO FUTURO”

Jorge Pinho, especialista em Recursos Humanos e Marketing da Universidade de Brasília (UnB)

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Revista Sicoob

GROWTH HACKERS Profissionais que fazem um tipo de marketing mais criativo e inovador, orientado a experimentos científicos e recomendações com o objetivo de crescimento rápido das empresas.

ESPECIALISTAS DE CUSTOMER SUCCESS Profissionais responsáveis por monitorar a satisfação do cliente e garantir que ele alcance seus objetivos ou tenha suas necessidades atendidas com os produtos e serviços oferecidos pela empresa.

ASSISTENTE DE MÍDIAS SOCIAIS Trabalha diretamente na gestão das redes sociais, planejando publicações personalizadas em diferentes mídias, gerando conteúdo, produzindo artes, administrando engajamento dos usuários e criando anúncios.

ESPECIALISTA EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Profissional que desenvolve produtos, serviços ou sistemas inteligentes que podem automatizar diferentes atividades. Até 2022, a área de dados e inteligência artificial representará 100 de cada 10 mil oportunidades de trabalho.

CIENTISTA DE DADOS Profissional que extrai conhecimento e informação de dados, e contribui para a previsibilidade e tomada de decisão de empresas e instituições. O número de vagas para cientistas de dados é o terceiro maior entre as profissões do futuro.

TÉCNICO DE SISTEMA DE GERAÇÃO DE BIOGÁS EM ATERROS SANITÁRIOS Profissional que gerencia a destinação final de resíduos sólidos para gerar biogás a partir dos gases liberados no aterro e, a partir daí, produzir diferentes tipos de energia, como eletricidade, combustível, entre outros.

ESPECIALISTAS EM TRANSCRIÇÃO MÉDICA Profissionais que elaboram relatórios e fazem registros dos procedimentos médicos usados nos tratamentos de pacientes.

ENGENHEIRO FULL STACK Profissional que atua no desenvolvimento de projetos de software, tanto na programação da linguagem e dados (back-end), quanto no design da plataforma (front-end).

ENGENHEIRO DE NUVEM Responsável por analisar sistemas, identificar problemas, avaliar dados e conceber soluções para problemas relacionados à computação em nuvem. Deve dominar softwares como VMware e Microsoft Exchange, e saber desenvolver sistemas, aplicações e configurações de rede.

A relação completa das profissões do futuro está no relatório Jobs of Tomorrow: Mapping opportunity in the new economy (2020).

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INOVAÇÃO

RECICLE

A ECONOMIA DO

LIXO ZERO

Um novo modelo econômico começa a ganhar força no mundo.

O objetivo é criar um ecossistema industrial circular, sem desperdício de matéria-prima e com 100% de aproveitamento da cadeia produtiva Por Morilo Carvalho

T

odo mundo sabe que o ciclo econômico clássico é: extração de matéria-prima, transformação, uso e descarte, certo? Se você pudesse transformar este modelo em desenho, certamente seria o de uma linha – daí o nome oficial do que estamos falando: economia linear. Também fala-se muito que esse modelo dá sinais de colapso, não é? Então a hora, agora, é de unir as duas pontas dessa linha e transformá-la em círculo: o desenho que define, de forma simples, o significado de “economia circular”, ou seja, pensar que o resíduo gerado a partir da produção de um determinado 24

Revista Sicoob

produto pode (e deve) se transformar em outro. Assim, evita-se e impede-se o descarte e o desperdício de matéria-prima. Quer um exemplo?

Em Bali, na Indonésia, existe uma fábrica de sacolas feitas de mandioca. Após o uso, elas podem ser trituradas por outra empresa e transformadas em comida para peixes.

Assim, não há sobras no processo. Esse é um exemplo bem claro de aplicabilidade da economia circular. Ainda não ouviu falar sobre o assunto? Esta reportagem é para você.

Caso já conheça o conceito, continue a leitura: aqui temos

REÚSE

REDUZA

os dados que mostram a quantas anda a aplicação dessa ideia, os desafios que estão à frente e bons exemplos de gente que não apenas conhece e aplica, mas multiplica essa proposta.

Para começar nossa jornada, é preciso citar uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) junto a

“É preciso revolucionar a forma de pensar os negócios, com uma lógica de longo prazo que combine maior eficiência no uso de recursos com produtos inovadores, mais leves e duráveis e com aproveitamento de resíduos”, diz o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo.

A entidade coordena a Comissão de Estudo Especial de Economia Circular da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), responsável por definirposicionamentos do Brasil para a elaboração da Norma Internacional sobre Economia Circular. Esta, por sua vez, será pactuada pela International Organization for Standardization (ISO). Trocando em miúdos: a conclusão do trabalho da Comissão resultará em normas a serem adotadas pela indústria nacional — e a norma brasileira terá chancela internacional.

Foto Shutterstock

69,7 mil indústrias do país com mais de 10 funcionários. O estudo mostrou que, em outubro de 2019, 70% dos entrevistados ainda não haviam ouvido falar sobre esse modelo econômico. No entanto, 76,5% das indústrias já desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, como otimização de processos (56,5%), uso de insumos circulares (37,1%) e recuperação de recursos (24,1%).

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INOVAÇÃO

ECONOMIA CIRCULAR

PALAVRA DE ESPECIALISTA Em busca de mais informações sobre Economia Circular, a Revista Sicoob conversou sobre o tema com o diretor presidente da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), Armando Caldeira-Pires. Pesquisador e professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília, ele conhece o histórico do conceito e aponta caminhos.

Segundo Caldeira-Pires, a Economia Circular (EC) é, na realidade, oriunda do conceito de Ecologia Industrial — que utiliza os conhecimentos mapeados na área da ecologia

para a gestão de um polo industrial.

“A proposta da ecologia industrial é criar um ecossistema no qual diferentes indústrias e empresas troquem materiais entre si, numa grande cadeia cíclica, mantendo um desempenho econômico elevado numa determinada região, com reduzido uso de novas reservas e de emissões poluentes”, explica.

Ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si, ou com o meio orgânico ou inorgânico no qual vivem.

A economia circular, por sua vez, é uma evolução da ecologia industrial.

Nela, diversos polos industriais e regiões econômicas se comunicam, trocando seus materiais num processo cíclico contínuo, apresentando

um elevado índice de eficiência de uso dos seus materiais básicos. “Essa elevada eficiência é traduzida por um maior desempenho econômico, ao mesmo tempo em que o desempenho ambiental é também otimizado pela emissão minimizada de resíduos”, completa o pesquisador.

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA A economia circular não é exatamente um processo a ser implantado em empresas individuais, mas sim em um conjunto de empresas.

Retornando ao exemplo da ecologia industrial, um ecossistema existe a partir da coexistência de uma diversidade de seres vivos. Essa diversidade possibilita que diferentes indivíduos tenham diferentes capacidades de conversão dos materiais até que o ciclo seja fechado, ou seja, que o último indivíduo processe o material e entregue para o primeiro indivíduo a forma química necessária para o seu funcionamento.

Nesse contexto, não existe no Brasil nenhuma iniciativa que possa ser caracterizada como economia circular. “Hoje, a Finatec atua principalmente com setores individuais, mas não foi procurada para apoiar a gestão de projetos multissetoriais com essa finalidade”, conta Caldeira-Pires.

Armando Caldeira, diretorpresidente da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos - FINATEC

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Revista Sicoob

Para implementar a economia circular no país, seriam necessárias duas instâncias de investimento.

A primeira está relacionada ao governo, que tanto investe na pesquisa científica quanto define políticas públicas capazes de alavancar uma tecnologia ou processo industrial. “A segunda instância está relacionada aos investimentos individuais ou coletivos das empresas, na adequação máxima dos seus fluxos materiais de saída à qualidade para entrada em outras unidades, e na instalação das unidades tecnológicas de conversão de forma dos materiais”, acrescenta o professor.

Segundo o acadêmico, a implantação da economia circular no Brasil não é uma questão de atitudes simples e de boa vontade, mas de planejamento da produção industrial. Os desafios são muitos, já que, em um sistema de economia circular, a produção deixa de ser da responsabilidade particular de uma única empresa, e passa a ser do coletivo de empresas envolvidas no círculo específico.

“Em um ambiente de economia circular, há uma interdependência do sistema inteiro. Se por um lado, o desaparecimento de um player afeta a vida de todos, o lucro de um significa o lucro de todos; o aperfeiçoamento de um será disseminado pelos restantes, e todo o conjunto de empresas do sistema circular será impactado positivamente, seja no desempenho econômico global, mas também nos desempenhos ambiental e social”, explica.

PENSE GRANDE O simples fato de uma empresa conduzir seus resíduos à reciclagem já a enquadra no conceito de economia circular? “De forma nenhuma”, rejeita Caldeira-Pires. “A questão não é a condução dos resíduos à reciclagem.

A pergunta é outra:como produzir o produto principal, e um subproduto (outrora denominado resíduo) de forma que este tenha valor (qualidade) para ser utilizado como matéria-prima pela indústria seguinte do círculo da economia. Se esse valor (qualidade) não for percebido, a indústria seguinte não o utilizará nos seus processos, e aquele elo da cadeia será quebrado.”

Percebe-se que estamos diante de um imenso desafio. Ao comentar os resultados da pesquisa da CNI, por exemplo, o gerente executivo Davi Bomtempo conclui que “não é possível manter o modelo linear no longo prazo, mesmo com maior

eficiência no uso de insumos”. Mas o tamanho do desafio é também proporcional à motivação de quem busca esse caminho para a sociedade e — por que não? — para o planeta. Afinal, a economia circular se alinha à Agenda 2030, da ONU em pelo menos três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): o oitavo, “Emprego Digno e Crescimento Econômico”; o nono, “Indústria, Inovação e Infraestrutura”; e o décimo segundo, “Consumo e produção responsáveis”.

Plano de ação proposto pela ONU para erradicar a pobreza e fortalecer a paz universal. A Agenda 2030 foi assinada por líderes de 193 países — inclusive o Brasil — e indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que propõem metas claras para que todos os países adotem, de acordo com suas próprias prioridades.

ELA ENSINA O CONCEITO — E VENDE! A brasiliense Gabriella Guimarães é engenheira ambiental, tem 35 anos e é dona da Inspira Verde, loja de produtos sustentáveis com foco no Movimento Lixo Zero. “Sempre direcionei meus estudos e tive experiências de trabalho na área de resíduos sólidos”, conta. “Colocar em prática mudanças de hábitos que estivessem de acordo com as necessidades do planeta sempre foi importante pra mim.

Fui mudando hábitos aos poucos e, durante um encerramento de ciclo de trabalho, percebi que poderia empreender na área de educação ambiental e, ao mesmo tempo, valorizar o surgimento de produtos voltados para o consumo consciente e a redução da geração de lixo, principalmente na indústria nacional”, conta. Cabe relembrar aqui: por não ser uma planta de negócios nos quais várias empresas se relacionam, a loja não faz, sozinha, a economia circular.

Mas usa seus conceitos amplamente.

Quer ver?

Em 2017, Gabriella começou a oferecer cursos de compostagem e a vender produtos com o propósito de reduzir a geração de lixo, como

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INOVAÇÃO

ECONOMIA CIRCULAR

composteiras domésticas, copos retráteis, canudos, absorventes reutilizáveis, entre outros. Ao mesmo tempo, já mantinha uma conta no Instagram para compartilhar conteúdos sobre hábitos sustentáveis, com base nos próprios conhecimentos técnicos da área (de resíduos) e das atitudes individuais que mantém.

“No fim de 2018, montei uma loja física para unir a venda de produtos com um espaço de cursos e encontros, com o objetivo de formar uma comunidade interessada em uma vida mais sustentável. Tenho mestrado em Desenvolvimento Sustentável e sou consultora pelo Instituto Lixo Zero Brasil, e comecei a oferecer consultorias para empresas, eventos e microempreendedores que buscam tanto a certificação Lixo Zero quanto a mudança de embalagens e uma melhor gestão de resíduos”, revela.

E OS GOVERNOS? Nos últimos anos, vários exemplos surgem pelo país e colocam freios ou bloqueadores à tradicional economia linear. É o caso das leis que proíbem o uso de copos, canudos e sacolas plásticas. Considerados resíduos de péssima possibilidade de degradação, que causam alto impacto ambiental e em grande escala, essas “sobras” do processo industrial encontram — pelo menos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília — o empecilho da proibição de seu consumo. Ponto para a economia circular, já que, neste caso, obriga-se a indústria a repensar suas matérias-primas e amplia-se, assim, o ambiente para que a produção industrial se organize a ponto de se reestruturar para mais nenhum resíduo sobrar no processo. E, na prática, é a primeira das instâncias de investimentos relatadas por Caldeira-Pires, a que “está relacionada ao governo, que investe na caracterização dos fluxos de materiais e das tecnologias existentes” — neste caso, criando os obstáculos que proporcionem a reinvenção de processos industriais.

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Revista Sicoob

Para Gabriella, esse tipo de marco regulatório também é muito importante: “esses estabelecimentos são os principais geradores desse tipo de plástico, e a proibição também acaba gerando, aos poucos, uma reflexão dos consumidores sobre a real necessidade desse tipo de produto. Copos, canudos, talheres, saquinhos que embalam os talheres, sacolas e outros destes plásticos possuem um valor de mercado muito baixo na indústria da reciclagem; então, eles não chegam a ser reciclados”.

Por outro lado, a mera substituição dos materiais tradicionalmente usados por outros, considerados biodegradáveis, ainda não resolve o problema: “muitas vezes, estes contêm petróleo e aditivos que os fazem se fragmentar mais rapidamente — o que pode produzir microplástico.

Além disso, com essa substituição, seguimos com a cultura do descartável. O ideal seria eliminar o uso de canudos, reduzir o uso de qualquer material descartável e exigir que os outros que sejam considerados necessários nos estabelecimentos sejam substituídos por bioplásticos compostáveis, feitos de materiais naturais”, defende Gabriella.

TÁ NA

REDE

POSTS QUE MARCARAM 6 mil as curtid 17 mil s a curtid

OI, AUMIGOS!

A Mel — mascote do Sicoob Ouro Verde — entrou em ação no dia da estréia do filme Dr. Dolittle, 20 de fevereiro, para conversar com os seus “aumigos”. O post foi destaque no número de interações e ficou entre as três publicações de maior notoriedade em engajamento do segmento de instituições financeiras.

HISTÓRIAS QUE MEXEM MUITO COM A GENTE

A gente adora contar histórias. Especialmente dos nossos cooperados. Há 12 anos, um grupo de Morada Nova (MG) se uniu. Eles procuraram o Sicoob que investiram em tecnologia e fundaram uma cooperativa. Rapidamente, atingiram a produção de 1 milhão de alevinos por mês.

Um crescimento que gerou emprego e renda para toda a comunidade.

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WE ARE THE CHAMPIONS

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Quem trabalha no Sicoob tem o maior orgulho de fazer parte da maior instituição financeira cooperativa do país. Prova disso foram os depoimentos das pessoas que participaram, do Programa de Visita ao Centro Corporativo Sicoob (Provi). Dá uma olhadinha no vídeo que preparamos sobre o evento.

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ORGULHO OLÍMPICO

As Olimpíadas de Tóquio foram adiadas para 2021, mas já tem atleta brasileira com o passaporte carimbado para o campeonato.

A canoísta Ana Sátila garantiu sua vaga nos jogos olímpicos e a marca do Sicoob para Tóquio. Parabéns, Ana!

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COOPERAÇÃO

EMPREENDEDORES

DO FUTURO

Programa do Instituto Sicoob ensina o valor da cooperação e do cooperativismo a quase mil alunos da rede pública, em três Estados brasileiros. Desafio é desenvolver, na prática, a liderança, o protagonismo e a responsabilidade socioambiental Por Amanda Cieglinski

P

ara quem olha de fora, pode parecer brincadeira de criança, mas o aprendizado é sério e segue por toda a vida. Em grupo, estudantes de escolas públicas montam seu próprio negócio: uma cooperativa. Cada um deles é, ao mesmo tempo, dono e empregado do empreendimento. Apesar da pouca idade, dirigem e coordenam as atividades, desde a elaboração do estatuto até a definição do uso das sobras (o equivalente ao lucro de uma empresa). O trabalho é acompanhado por um professor orientador, mas o protagonismo é mesmo dos pequenos.

Esse é um breve resumo do Programa Cooperativas Mirins, do Instituto Sicoob, que desde 2012 fomenta a formação de cooperativas em escolas e instituições que atendem crianças e adolescentes.

Nelas, os estudantes aprendem e exercitam a solidariedade, equidade, democracia, honestidade e transparência — valores essenciais que norteiam o cooperativismo em todos os países. Além disso, têm sua primeira experiência prática como empreendedores — habilidade fundamental para uma geração que lidará, no futuro, com um mercado de trabalho completamente diferente do que conhecemos hoje (veja matéria da página 16).

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Revista Sicoob

“O Cooperativa Mirim talvez seja um dos nossos programas mais relevantes. O que está por trás dele é sua aderência aos próprios objetivos estratégicos do Instituto de disseminar e criar a cultura cooperativista na comunidade. Nós queremos levar essa formação desde a tenra idade”, explica o superintendente do Instituto Sicoob, Luiz Edson Feltrim.

Atualmente, existem 25 cooperativas mirins em funcionamento no Pará, Paraná e Rio de Janeiro, com 925 participantes de 8 a 17 anos. As crianças decidem tudo nas assembleias, inclusive os chamados objetos de aprendizagem, que são o produto ou serviço que desenvolverão. Em geral, a produção é realizada no contraturno das

aulas regulares, com a supervisão do professor e a participação de todos os cooperados. Em espaços cedidos dentro da escola, ou até mesmo em sedes próprias, eles produzem papel reciclado, biscoitos, doces, artesanato e, principalmente, desenvolvem novas habilidades e um olhar diferenciado sobre a importância de colaborar com o crescimento sustentável do lugar onde vivem.

LIÇÕES DE AMOR Cooperação se aprende, sempre, em conjunto. Por isso, os alunos que aderem voluntariamente discutem e pesquisam cada aspecto que irá compor sua cooperativa, desde o estatuto, até o nome, o logotipo e, é claro, o objeto de aprendizagem do negócio. Em Toledo, no interior do Paraná, os alunos participantes da Cooperativa Escola Municipal Osvaldo Cruz (Cooemoc) foram buscar nas tradições da comunidade o seu objeto de aprendizagem: a bolacha decorada — tradição das culturas italiana e alemã, muito fortes na cidade.

“Elas são produzidas pelos próprios alunos, de acordo com as datas especiais. A ideia surgiu a partir de um estudo que eles fizeram, trazendo o conhecimento da comunidade: cooperativa é comunidade, e comunidade é cooperativa”, define a professora Loni Maria Dupont, orientadora do programa na escola. Hoje as crianças produzem e comercializam também outros produtos artesanais como difusores de ambiente e cartões feitos de papel reciclado.

Eles passam a se expressar muito melhor”, diz.

Loni acompanhou essa história desde o início, em 2012, quando a Cooemoc foi fundada e destaca o protagonismo dos alunos em cada etapa. O logotipo da cooperativa, um favo de mel, foi a escolha dos alunos. Na opinião deles, o trabalho das abelhas em uma colmeia era um símbolo perfeito da cooperação.

Hoje, Sara é vice-presidente do Cooemoc e enumera as tarefas que desempenha: “administrar a cooperativa, orientar os outros, conferir o trabalho, fazer a pauta das assembleias”. Quando chegar ao ensino médio, pelo estatuto, ela não poderá ser membro da organização, mas quer continuar apoiando as atividades como for possível. “Todo mundo que entra na cooperativa gosta! Lá tem sonho. A gente se realiza”, diz.

“A mudança de comportamento e de postura é visível. Elas entram bem individualistas, porque nossa sociedade é muito assim. E logo aprendem sobre cooperativismo, respeito com o outro, ajuda mútua.

São valores que eles levam consigo para toda a vida. Se acontece de um participante ser mal educado na escola, isso é trazido para reunião e discutido. Além disso, tem a questão da oratória.

Há três anos na cooperativa, Sara Richter, 12 anos, concorda. “Eu era muito tímida, não gostava de participar das peças da escola ou de ler textos em público. Como na cooperativa precisava me comunicar para defender meu ponto de vista, comecei a falar mais e melhor. Nisso, a cooperativa me auxiliou muito”, conta.

Sara divide a liderança da cooperativa com Arthur Zimmermann, 11 anos, presidente da Cooemoc.

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COOPERAÇÃO

EMPREENDEDORES DO FUTURO

“Antes eu era diferente. Não gostava de ajudar as pessoas; elas me chamavam e eu não escutava. Agora, ajudo sempre que posso. Tudo mudou porque a gente conhece mais pessoas e vai aprendendo sobre a cooperação”, resume.

Em todo o país, 73 professores em 24 escolas participam do programa.

Loni aposentou-se de parte das suas atividades da escola e não atua mais em sala, mas não abre mão do trabalho como orientadora da cooperativa.

“Quero continuar até quando eu puder, porque isso também me fez crescer. Eu aprendi e evolui com as crianças. Me faz ter uma vida melhor em relação a mim, aos meus amigos e à minha família”, diz.

CENÁRIO DE EXPANSÃO Para os próximos anos, os planos do Instituto Sicoob são de levar a experiência das cooperativas mirins para mais Estados, por meio das cooperativas singulares. Um levantamento com as Centrais indicou a expectativa de criação de 30 novas cooperativas em 2020, em diferentes Estados. A projeção, entretanto, vai depender dos impactos da epidemia de coronavírus nos calendários escolares.

Quem participa do programa recomenda e conta quais são os benefícios que a comunidade escolar recebe em troca. “Vale super a pena.

No começo, a gente achava que era um bicho-papão, mas era a melhor coisa que poderia ter nos acontecido, porque o crescimento dos alunos é uma coisa fora do comum, a gente vê eles

Arthur Zimmermann e Sara Richter são, respectivamente, presidente e vicepresidente de uma cooperativa mirim: “A gente se realiza”, diz Sara.

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Revista Sicoob

crescendo como pessoas”, conta a professora Telma Cristina Trindade, da Escola Municipalizada Prefeito João Gurito, em Mendes (RJ).

O colégio recebeu a primeira cooperativa mirim do Estado do Rio de Janeiro, a Unicoop. O programa teve início em 2018, com a capacitação dos professores e a mobilização da comunidade. Em 2019, começaram as atividades e o objeto de aprendizagem escolhido pelos alunos foi proporcionar a criação de um parque para a comunidade onde a escola estava inserida. Após o envio de uma carta e de um encontro com o prefeito da cidade, a área foi cedida, e o parque está sendo construído pelo município.

Telma conta que não apenas o desempenho dos alunos mudou, mas também o envolvimento de toda a comunidade escolar. Os pais passaram a participar mais dos eventos da escola, o que melhorou a relação dos professores com as famílias, melhorando o clima escolar.

Cerca de 70 crianças, entre 8 e 10 anos, participam da Unicoop. O próximo objetivo é conseguir uma sede própria para a cooperativa, onde os alunos possam iniciar a produção do novo objeto de aprendizagem: o biscoito. “Todo mundo nasce com

AS COOPERATIVAS MIRINS SÃO EXTREMAMENTE RELEVANTES PARA A SUCESSÃO E PERENIDADE DO SISTEMA COOPERATIVISTA, ELES SERÃO FUTUROS LÍDERES.” Airton Bagli, do Sicoob Unicoob Meridional, apoiador de quatro cooperativas mirins paranaenses.

“TODO MUNDO NASCE COM A SEMENTINHA DA COOPERAÇÃO, MAS FALTA ALGO PARA DESPERTAR”

Telma Cristina Trindade, professora da Escola Municipalizada Prefeito João Gurito, em Mendes (RJ) A psicóloga Raissa Mendes, coordenadora de um grupo de mães de primeira viagem.

a sementinha da cooperação, mas falta algo para despertar”, defende a professora.

Esse, aliás, é um dos principais frutos do programa: levar os valores do cooperativismo muito mais longe.

“Lógico que gostaríamos que as crianças, quando crescessem, fossem para o cooperativismo. Mas, muito mais do que isso, queremos que elas incorporem os princípios e a essência do movimento na sua vida cotidiana. Assim, no futuro, elas poderão ser líderes no comércio, na indústria, na política ou no cooperativismo. E se tivéssemos toda a sociedade vivendo a cooperação, na prática, teríamos uma sociedade muito mais solidária e humana”, acredita o superintendente do Instituto Sicoob, Luiz Feltrim.

Alunos aprendem a prática da cooperação na Cooperativa Escola Municipal Osvaldo Cruz (Cooemoc), em Toledo, no interior do Paraná.

nacionalizado em 2018. Gerente do Instituto Sicoob, Emanuelle Moraes acompanhou o programa desde o início e conta que a inspiração veio de uma cidade ainda mais ao sul: Sunchales, na Argentina, considerada a capital do cooperativismo daquele país.

histórias de transformação da comunidade escolar por meio do cooperativismo.

DO SUL PARA O BRASIL

“Em Sunchales, existem cooperativas escolares em todas as escolas. Nós fomos até lá para conhecer a experiência incrível do programa. Nosso desafio foi desenvolver uma metodologia que conversasse com a cultura do estado do Paraná, mas desse certo em nosso país, porque Sunchales é uma cidade completamente cooperativista ”, recorda Emanuelle.

A próxima parada foi Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, que desenvolve o programa das cooperativas escolares da Serra Gaúcha. A partir dessas visitas e inspirações, o Instituto desenvolveu sua própria metodologia e o material pedagógico, que dão embasamento ao programa.

Uma figura central para que o sucesso do programa são as Pessoas de Apoio Estratégico (PAEs), colaboradores das cooperativas Sicoob que apoiam a execução do programa na ponta. Para se tornar realidade, cada cooperativa mirim precisa percorrer um caminho que começa com a apresentação da proposta à secretaria de educação e a escolha da unidade escolar que receberá o programa. Depois, a proposta é apresentada para o corpo pedagógico da unidade, identifica-se o professor com perfil para coordenar o trabalho, e é feita a formação.

Só por fim os pais e, em seguida, as crianças, são chamados para a fase de sensibilização e adesão, explica Airton Bagli, que atua como PAE da Cooperativa Sicoob Unicoob Meridional, apoiando quatro cooperativas mirins paranaenses.

Das 25 cooperativas mirins em funcionamento atualmente no Brasil, 22 estão no Paraná, reunindo 827 associados. Essa concentração tem relação com a própria história do Instituto Sicoob, criado em 2004 pelo Sicoob Metropolitano, cooperativa de Maringá (PR), e

A primeira cooperativa mirim apoiada pelo Sicoob nasceu em 2012, em Paranavaí (PR). Foi a Coopercriança, em parceria com a Casa da Criança — entidade social que atende meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social. De lá para cá, o programa coleciona

“As cooperativas mirins são extremamente relevantes para a sucessão e perenidade do sistema cooperativista, eles serão futuros líderes.

Diante desse universo tão competitivo e agressivo, a gente está propondo uma volta aos valores e princípios da cooperação”, conclui Bagli.

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SUA EMPRESA

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Confira!

Por Mariana Branco

D

e um momento para o outro, tudo mudou. A pandemia do novo coronavírus forçou empresas a fecharem as portas e pessoas a ficarem em casa. Para sobreviver, foi preciso mudar junto.

Profissionais tiveram de adaptar suas rotinas ao home office, lojas precisaram investir pesado em divulgação nas redes sociais e serviços de delivery. Mas será mesmo mudança? Ou a crise sanitária acelerou um processo já em curso? As soluções e tecnologias cujo uso foram intensificados com a pandemia já existiam — e muitas vieram para ficar.

“A crise do coronavírus pegou todo mundo de surpresa. Quem não estava acostumado, teve de se adaptar de uma hora para outra. Apesar de já existir uma tendência tecnológica nas empresas, muitas achavam que não iam precisar mudar nada tão cedo, estavam na zona de

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Revista Sicoob

conforto”, analisa Rita Brum, coach de carreira e mestre em psicologia.

O impacto da Covid-19 veio em grande escala não só na saúde, mas no mundo dos negócios. Em fins de março — mês em que começou a política de isolamento — um levantamento da empresa de pesquisa Hibou e da plataforma de dados Indico com 2,4 mil entrevistados mostrou que 59,9% dos brasileiros estava trabalhando em home office e 41,6% usavam ferramentas de videoconferência. E estar em casa não significa trabalhar menos. Ao contrário: segundo o estudo, 25,2% dos entrevistados afirmaram estar trabalhando mais do que antes.

De acordo com Rita Brum, o trabalho à distância é um desafio, tanto para empresas quanto para funcionários. Às empresas, ela recomenda clareza ao acordar com os empregados o regime de trabalho e as entregas esperadas. “Home office é diferente

de teletrabalho. É preciso definir se o funcionário vai usar a própria internet, a própria estrutura. Então, aconselho a ter isso muito bem estabelecido do ponto de vista jurídico. É o que eu sempre digo: você precisa se empenhar, para depois cobrar desempenho da equipe”.

BOM SENSO Desde que o mundo entrou em estado de alerta por conta da pandemia do coronavírus, empregados e empregadores enfrentam maratonas de reuniões virtuais para mostrar que conseguem manter (ou superar) a performance profissional que tinham antes de começarem a trabalhar remotamente. Tamanha pressão pode abalar, em muito, a saúde física e mental desses profissionais.

Você sabe a diferença?

Teletrabalho e home office não são a mesma coisa.

Teletrabalho - O teletrabalho foi regulamentado em 2017 e prevê que o empregado trabalhe de forma remota sem que haja o controle da jornada, ou seja, nesse tipo de trabalho não é possível o recebimento de horas extras.

Home office - É aquele regime que possibilita que o trabalhador eventualmente realize atividades de casa, seguindo sua mesma função e a jornada de trabalho cumprida no escritório.

“A gente tem de levar em consideração que as pessoas não estão trabalhando em casa. Elas estão em casa, durante uma crise, tentando trabalhar. Essa é uma sensibilidade que o gestor precisa ter”, explica Marina de Goes Ferreira, gerente de Gestão de Pessoas do Sicoob Confederação. Segundo a executiva, uma coisa é trabalhar em casa, com os filhos na escola e com o apoio de uma empregada.

Outra coisa bem diferente é cobrar alta performance de profissionais que estão acumulando as tarefas de casa, do trabalho e da família, em um momento de medos e incertezas, sem poder sair na rua para se distrair ou praticar atividades físicas.

“Falar em produtividade, nesse momento, é delicado, pois cada empregado encontra-se em um cenário diferente”, pondera a executiva. “É importante entender a

O D S AI HAN M L ER ABA S o A TR alh R b a r PA IVO o t ões S a r ç pa CA DUT tra a I s o i i c d up D O SA í s o p r a o a o o fas pr PR CA im balh a um x are ente E t i ist D má tra as

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SUA EMPRESA

DÁ PRA SER PRODUTIVO EM TEMPOS DE PANDEMIA?

FERRAMENTAS QUE PODEM FACILITAR O TRABALHO A DISTÂNCIA, SOZINHO OU EM EQUIPE PARA CRIAR PLANILHAS E GRÁFICOS GOOGLE SHEETS

Permite fazer planilhas on-line, com salvamento automático na nuvem. De fácil acesso e gratuito. Se você tem uma conta do Gmail, já tem acesso à planilhas Google.

BIRT

ZOHO SHEETS

É particularmente útil para visualização e análise de dados. Seus recursos incluem listas, gráficos, tabelas de referência cruzada, cartas e documentos e relatórios compostos. É gratuita, mas disponível apenas em inglês.

GOOGLE SLIDES

Além de criar apresentações de slides, permite a produção de capas de ebook, infográficos, cartões de visita, banners para redes sociais e todo tipo de peças gráficas. Disponível nas versões gratuita e paga.

Ótima opção para pequenas empresas, é gratuito para até 25 pessoas.

Também arquiva suas planilhas na nuvem, permitindo a colaboração entre os usuários do grupo.

PARA FAZER APRESENTAÇÕES PREZI

Plataforma que realiza apresentações repletas de movimento. A versão completa, que permite criar gráficos e transições personalizadas é paga.

CANVA

Ferramenta gratuita que permite escolher layouts para diversos tipos de apresentação. Assim como o Google Sheets, está disponível para quem tem Gmail.

PARA COMPARTILHAR DOCUMENTOS WETRANSFER

Serviço on-line de transferência de arquivos que suporta até 2GB na versão gratuita. Para usá-lo, não é necessário criar nenhuma conta, basta fornecer um endereço de e-mail.

DROPBOX

Site gratuito que oferece 2 GB de espaço para que usuários hospedem praticamente qualquer tipo de arquivo. Além disso, permite o compartilhamento de arquivos por link.

SHAREPOINT

Plataforma utilizada para a criação de intranets empresariais que podem ser acessadas remotamen-te, oferecendo um lugar centralizado para compartilhamento de conteúdo com todo o time.

PARA CONVERSAR COM A EQUIPE SKYPE

É o canal de comunicação mais antigo para ligações pela internet, presente no mercado de 2003. O software permite conversas on-line, por meio de conexões de voz e vídeo.

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Permite participar de conferências em áudio ou vídeo gratuitamente. O acesso também é fácil: basta criar uma sala, gerar o link e enviar aos participantes, que também devem ter o programa instalado.

GOOGLE HANGOUTS MEET

Para iniciar uma videoconferência, basta escolher um contato, caso tenha uma conta Google ativa. Aceita até 100 pessoas na mesma chamada de vídeo.

MICROSOFT TEAMS

Plataforma unificada de comunicação e colaboração que combina bate-papo, videoconferências, armazenamento de arquivos e integração de aplicativos no local de trabalho.

WHATSAPP CONFERENCE

É o mais limitado. Permite videoconferência em grupo de até quatro pessoas. Pode ser uma opção prática para chamadas breves.

PARA ORGANIZAR TRABALHO TEAMGANTT

Plataforma orientada à produtividade de grupos de trabalho.

As equipes podem criar projetos do zero, usando um modelo em branco ou já predefinido. Permite exportação de informação em formato PDF ou CSV. É possível usar por 30 dias grátis.

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Revista Sicoob

TRELLO

Ferramenta gratuita de organização de fluxo de trabalho, intuitiva e visual. Baseia-se na criação de listas de tarefas.

realidade do indivíduo para exigir dele uma produtividade coerente.

A saúde física das pessoas está diretamente relacionada à saúde mental. Temos de ser sensíveis para entender que as pessoas ainda estão se adaptando a essa nova realidade, que não tem nada de confortável”.

Para tranquilizar os funcionários neste momento de crise, o Sicoob Confederação suspendeu desligamentos até o fim da pandemia e está realizando pesquisas internas para entender como eles estão lidando com o período de isolamento. Além disso, produziu uma cartilha sobre home office para funcionários e gestores, orientando a não realização de trabalhos fora do horário do expediente.

“As pessoas e acham que ser produtivo é trabalhar mais. Não é bem assim. Ser produtivo é se organizar, planejar as entregas, sem abrir mão das pausas de descanso e da própria saúde”, analisa Marina. A gestora destaca: em um cenário como este, de crise e incertezas, é fundamental encontrar tempo para cuidar um de nós mesmos, mesmo que isso signifique dar uma pausa nos noticiários, no trabalho e nas tarefas domésticas.

Já a coach de carreira Rita Brum destaca que a produtividade a distância varia segundo o perfil de cada um. “Tem profissionais que gostam muito do contato com outras pessoas. Outros adoram trabalhar sozinhos”, diz. No entanto, independentemente dos perfis em que você se encaixa, há algumas práticas que podem ajudar a render mais, como delimitar o horário de trabalho e ter uma agenda de tarefas. Outro ponto fundamental é ter um espaço de trabalho silencioso e bem organizado.

O QUE VEIO PARA FICAR? Para Renata Monnerat, gerente de marketing de um shopping em Brasília, as restrições da pandemia proporcionaram aprendizado profissional e pessoal. As reuniões on-line, por exemplo, ensinaram-na a ser mais objetiva. “Apesar de [as reuniões a distância] serem muito

cansativas, eu acho que vieram para ficar. Como sou muito faladeira, acabo me dispersando muito nas reuniões presenciais. Com os encontros virtuais, tenho sido mais objetiva”, conta.

A coach Rita Brum concorda com Renata e acrescenta: soluções como o home office e as reuniões a distância — usando aplicativos como Teams, Zoom, Hangouts — devem permanecer mesmo após a pandemia. “Isso vai ser uma tendência pela economia de tempo, de dinheiro”, avalia.

Outra mudança que certamente veio para ficar é o trabalho remoto. Na opinião das três especialistas entrevistadas para esta reportagem, muitas empresas reverão a necessidade de presença física dos funcionários.

“A gente entende que tem uma transformação acontecendo. Alguns funcionários já sinalizaram que gostariam de continuar trabalhando remotamente ou com flexibilização dos modelos de trabalhos, podendo intercalar presencial com trabalho remoto. Mas nem todo mundo quer estar assim, até por falta de infraestrutura para isso”, explica a gerente de Gestão de Pessoas do Sicoob Confederação. Até o fechamento desta edição, 88% dos funcionários da Confederação estavam trabalhando remotamente, 5% estavam de férias e apenas 7% continuavam trabalhando presencialmente.

REINVENÇÃO Para as pequenas e microempresas brasileiras, o coronavírus trouxe uma série de novos desafios. Além de afetar as rotinas produtivas dos empregados, o isolamento social também gerou a queda do consumo e da renda no país. “Quem ainda não investia em vendas pela internet, precisou correr para se adaptar”, constata Rita Brum.

Dona de uma loja de roupas de bebês, a microempresária Kamila Castro faz parte do grupo de empreendedores que precisou entrar de cabeça no mundo digital, por conta da pandemia. Para melhor atender

os clientes, ela passou a vender pelo WhatsApp e a entregar roupinhas em casa com seu próprio carro.

A empresária afirma que toma todos os cuidados com a saúde das clientes, especialmente porque elas têm bebês em casas. “Eu faço todo o processo recomendado pelos médicos: Borrifo álcool nas roupas, comprei lenço umedecido que tem álcool 70% e passo nas sacolas. Também só entrego as roupas com o pagamento feito on-line, para não ter de pegar em dinheiro ou usar maquininha.

Tem cliente que nem desce, a gente deixa a sacola na portaria.”

A loja também implementou um serviço em que mães podem fazer uma lista de presentes para aniversários virtuais — que se tornaram comuns com o isolamento — e enviar aos convidados. “O convidado compra com a gente, e entregamos direto na casa do aniversariante”, diz Kamila.

MAIS DIVULGAÇÃO Além do WhatsApp, Kamila está recorrendo a outras redes sociais para captar e fidelizar clientes. A empresa também mudou sua estratégia de marketing. “Eu já investia antes em redes sociais, mas não do jeito que a gente está fazendo agora. Sempre patrocinava só pelo Instagram. Agora, a gente está patrocinando também pelo Facebook”, explica.

A pandemia também acelerou a adoção de um botão que leva das postagens direto para o WhatsApp. “Quem está fazendo isso é a nossa agência de publicidade. Quando você clica em cima da foto, já cai direto no WhatsApp da loja”, diz a empresária.

Kamila acredita que o aprendizado advindo da pandemia ficará para a vida. “Muitas empresas estão se reinventando, e os consumidores estão gostando disso. Se a gente simplesmente fechasse as portas e esperasse a pandemia passar, como iríamos atender nossos clientes? Como ajudaríamos a manter a economia funcionando?”, questiona.

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SUA VIDA

VEGANE-SE! A busca por um estilo de vida 100% livre de produtos de origem animal está crescendo em todo o mundo, especialmente entre os mais jovens. E você: seria capaz de não comer ou comprar produtos de origem animal?

Por Amanda Cieglinski

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quilo que nós colocamos no prato impacta diretamente nossa saúde e qualidade de vida. Mas, você já pensou de que forma os hábitos alimentares de cada um afetam o meio ambiente e a vida de outros animais? Essa é a ideia que move os veganos, grupo que vem crescendo em todo o mundo e se abstém do uso e consumo de qualquer produto de origem animal.

Os veganos são conhecidos principalmente pela adoção da chamada dieta vegetariana estrita, ou seja, 100% livre de carnes, ovos, leite e seus derivados. Uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Sociedade Brasileira de Vegetarianismo (SBV), apontou que 14% da população se autodeclarava vegetariana — o que representaria cerca de 30 milhões de brasileiros que excluíram a proteína animal de suas refeições. Mas a filosofia do veganismo vai muito além da

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Revista Sicoob

alimentação. Ela exclui também o uso de vestuário de couro e produtos de higiene que tenham sido testados em animais, por exemplo. Um estilo de vida que vem conquistando cada vez mais adeptos em todo o mundo. “É muito comum que as pessoas enxerguem o veganismo como uma dieta. O veganismo adota a dieta vegetariana estrita, sem nenhum produto de origem animal, mas também é um posicionamento ético, uma forma diferente de ver o mundo. A gente não acredita que a nossa espécie [humana] possa explorar outras espécies como bem entender”, define o designer e ativista Vitor Ávila, 32 anos.

da indústria do entretenimento — que nos últimos anos se dedicaram a mostrar como são feitos a criação e o abate dos animais para consumo humano — também são apontados como decisivos para a “conversão” de muitos onívoros em veganos.

Vitor é vegano há cerca de quatro anos e mantém um canal no YouTube (youtube.com/veganovitor) com mais de 17 mil inscritos. Tanto na plataforma quanto em outras redes sociais, ele se dedica a apresentar os conceitos do veganismo de um jeito fácil, para incentivar mais pessoas a se tornarem ativistas pelos direitos dos animais.

Para ele, “o futuro é vegano”. Essa convicção o faz manter um podcast, com sua companheira Bárbara Miranda: o

Hora do Abacate. Além disso, o casal promove ações educativas presenciais.

Apesar de não haver levantamento ou censo oficial sobre o veganismo no Brasil, quem está envolvido com o tema acredita que há um crescente interesse pelo assunto, graças à internet, que ampliou o acesso às informações relacionadas à causa animal e conectou quem pensa de forma semelhante. Documentários e outros produtos

Outro indicativo desse crescimento é a atenção que a própria indústria de alimentos tem dado a esse público, desenvolvendo novos produtos e tecnologias para suprir as necessidades de quem cortou os produtos de origem animal de seu cotidiano. Há desde empresas que nasceram para criar produtos exclusivamente para esse público, como a Fazenda do Futuro (veja quadro), até grandes marcas do ramo agropecuário que estão desenvolvendo soluções próprias. A Marfrig, uma das maiores empresas do mundo de produtos alimentícios de origem animal, lançou no ano passado um hambúrguer 100% vegetal.

GATILHO PARA A MUDANÇA Existe uma percepção, entre quem já é vegano, de que o interesse por esse estilo de vida tem crescido principalmente entre os mais jovens, que estão mais abertos e dispostos a mudar

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SUA VIDA

VEGANE-SE

hábitos. “As pessoas mais velhas têm maior dificuldade de mudar porque passaram mais tempo ouvindo que era aceitável se alimentar de outros animais”, explica Vítor. “Vejo essa diferença geracional com bons olhos porque, quanto mais nova for a pessoa, mais tempo ela terá para influenciar outras a também se tornarem veganas.”

O fato é que a procura por uma dieta vegana tem crescido no consultório da nutricionista Shila Minari e nos de seus colegas de profissão. “Recomendo sempre que as pessoas façam essa mudança de forma gradual”, ensina Shila, que era vegetariana e há um ano passou para o veganismo. “Uma mudança lenta e planejada é mais confortável para ajustar a rotina e o próprio organismo. Antes de excluir, é melhor começar pela inclusão de receitas vegetarianas. Outra dica é passar a comer carne em apenas uma das refeições. Em seguida, pode-se alternar os dias de consumo, até chegar à retirada total.”

Segundo Shila, um dos principais questionamentos a respeito da dieta vegana é se ela é capaz de fornecer a quantidade nutrientes necessária — em especial de proteínas. Esse, aliás,

é um dos principais “mitos” alimentares da atualidade, uma vez que é possível encontrar proteína em grandes quantidades também em outros alimentos.

“A proteína está em tudo, em maiores ou menores concentrações”, esclarece a nutricionista. “Os alimentos que mais fornecem esse nutriente são as leguminosas como feijão, grão-de-bico e lentilha, mas também temos nos cereais (como arroz), nas castanhas e nos próprios vegetais. Somando esse consumo, é bem fácil atingir a recomendação diária.”

Shila aponta, entretanto, que um nutriente presente nas carnes precisa ser olhado com atenção pelos veganos: a vitamina B12, importante para o sistema nervoso. Nesse caso, a recomendação para quem adota a dieta vegana é fazer uma suplementação desse nutriente.

Além de carnes, ovos e leite, os veganos precisam estar atentos para evitar aditivos químicos que também são de origem animal — embora boa parte das pessoas não saiba. É o caso de alguns corantes usados em alimentos de cor avermelhada, ou mesmo da própolis, que por vir da abelha tem origem animal.

TIPOS DE VEGANOS E VEGETARIANOS Entenda a diferença entre vegetarianos e veganos Ovolactovegetarianos

Lactovegetarianos

Vegetarianos restritos

Veganos

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Não consomem laticínios

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Não consomem nada de origem animal na alimentação

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Não consomem carne Não consomem ovos

Não consomem nada de origem animal

(alimentação, vestuário, beleza etc.)

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Revista Sicoob

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VEGANO SÓ COME SALADA? De jeito nenhum! As dezenas de canais de receitas veganas no YouTube estão aí para provar que é possível ter um cardápio variado em opções, desde brigadeiro, passando por pizzas e tortas, até estrogonofe.

Os próprios restaurantes tradicionais — e até mesmo hamburguerias — têm incluído opções veganas nos menus para atender a esse público.

Para Shila, os hábitos alimentares e a variedade de opções de vegetais tornam mais fácil a tarefa de ser vegetariano ou vegano no Brasil. “Um prato tradicional de arroz, feijão e legumes já é vegano, e é muito fácil de encontrar. No café da manhã, por exemplo, as pessoas já comem cuscuz, leite de coco, frutas”, pontua.

Na avaliação de Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IAmazon), a decisão de não comer carne pode colaborar, sim, com a redução dos desmatamentos no Brasil e no mundo. Para isso, no entanto, é preciso que um volume grande de pessoas opte, de fato, pelo veganismo ou vegetarianismo.

Barreto destaca outra maneira de a redução do consumo de carne impactar positivamente o meio ambiente. “O gás metano emitido durante a digestão do boi tem um poder de aquecimento da atmosfera 25 vezes maior do que o gás carbônico expelido pelos carburadores dos carros. Reduzindo o rebanho, automaticamente reduziremos a emissão de gases do efeito estufa no país”, explica o pesquisador.

Dispostos a colaborar com essa mudança, grandes produtores de carne já estão pensando em produtos alternativos à base de vegetal. “O consumidor está mudando e buscando escolhas de consumo cada vez mais conscientes. Por isso, é preciso se preparar para essa transformação e, além da pecuária, investir em outros produtos ecologicamente sustentáveis”, argumenta Barreto.

O ambientalista também defende que o setor financeiro tem um papel importante a desempenhar no fortalecimento de modelos de produção mais sustentáveis. “As cooperativas financeiras e os bancos comerciais deveriam investir em empresas e pessoas que trabalhem para um futuro em que os processos sejam mais limpos. É preciso investir, agora, nessa transformação”, conclui.

PARA VER E

PENSAR Alguns filmes e documentários nos últimos anos contribuíram muito para a adesão de mais pessoas ao veganismo.

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Cowspiracy Documentário de Kip Andersen e Keeghan Kuhn, examina os impactos da agropecuária intensiva no meio ambiente e no aquecimento global. O filme questiona por que a questão é pouco discutida por diversos setores da sociedade, inclusive pelos ambientalistas.

Okja Dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-oh, vencedor de várias estatuetas do Oscar de 2020, com Parasita, o filme mostra a saga da jovem Mikha e de sua porca gigante e melhor amiga, chamada Okja.

Ela arrisca tudo para evitar que o animal seja levado por uma multinacional.

Terráqueos Documentário de 2005 dirigido pelo ambientalista norte-americano Shaun Monson. É um retrato pesado da realidade da indústria de produção de carnes, laticínios e outros produtos que envolvem a exploração animal. Contém imagens fortes, que deixam o telespectador desconfortável.

The Game Changers James Cameron, diretor de grandes sucessos, como Titanic, é o produtor executivo deste documentário, que desconstrói a relação entre força e consumo de carne ao contar a história de atletas vegetarianos. A obra conta com a participação de Arnold Schwarzenegger e do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

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SEU DINHEIRO

A VIDA É CHEIA DE RISCOS,

MAS É POSSÍVEL LIDAR COM ELES Em tempos de incerteza, a valorização da vida e do bem-estar ganha mais importância. Entenda por que ter um seguro é uma das melhores formas de lidar com os infortúnios.

Por Pedro Rafael Vilela

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Revista Sicoob

A pensionista Marimar Nascimento de Almeida, associada do Sicoob no município de União (MT), sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2019. Graças ao seguro contratado (ainda em 2013), com cobertura para doenças graves, ela contou que pôde enfrentar o tratamento e todo o processo de recuperação com segurança financeira. Sem falar que, com o benefício recebido, ela também conseguiu custear o tratamento da mãe, que ficou doente na mesma época. “Agradeço à minha gerente pela insistência, que fez com que eu fizesse esse seguro, porque nos oferecem e a gente sempre diz ‘depois’”, admite.

No caso de Marilene Berna, moradora de Coronel Freitas (SC), a história foi parecida. Há alguns anos, ela descobriu um grave câncer nos rins. “Quando o médico me deu a notícia, meu mundo caiu, não consegui pensar mais em nada”, conta. Um mês após a descoberta da doença, ela lembrou que tinha contratado um seguro de vida no Sicoob. A apólice permitiu que ela pudesse pagar a cirurgia e boa parte do tratamento. “Se eu não tivesse essa ajuda, esse seguro, eu não sei o que seria hoje de mim”, afirma.

Em tempos de coronavírus, a importância de um seguro fica ainda mais evidente. A pandemia mostrou ao mundo que a prevenção é sempre a melhor estratégia contra os imprevistos da vida. “Nosso trabalho é conscientizar.

Costumo dizer que não temos o que fazer em relação ao problema emocional provocado por toda perda ou problema de saúde, mas a gente tem a responsabilidade de cuidar da s a ú d e financeira dos nosso cooperados”, afirma Guilherme Ferreira, diretor de seguros de vida do Sicoob.

Há cerca de três anos, nossa cooperativa conta com sua própria empresa de seguros de vida. “Já temos mais de um milhão de vidas protegidas pelos seguros da cooperativa”, celebra. O crescimento, de 2018 para 2019, foi de 50%, e a expectativa para esse ano é de 35%.

O principal diferencial dos produtos vendidos pelo Sicoob aos seus cooperados é a ideia de criar uma cultura de proteção, argumenta Guilherme Ferreira. “A gente não quer empurrar produtos desnecessários para o cooperado. Nossa proposta é estabelecer uma relação de proteção com esse cooperado, no contexto das suas necessidades”, diz.

NOVOS RUMOS A história de Marilene e Marimar ainda não representa a da maioria da população brasileira quando o assunto é seguro. Embora seja um mercado relevante e em crescimento, a cultura de contratar seguros no país ainda é bem menos disseminada do que em países desenvolvidos. Um estudo da Universidade Oxford, de 2017, aponta que o Brasil tem o menor número de pessoas com seguros de vida, na comparação com outros 11 países. Segundo esse levantamento, apenas 19% dos brasileiros possuem o benefício, enquanto a média global é de 32% de segurados. A pesquisa mostrou, no entanto, que 56% dos entrevistados consideravam adquirir o produto.

No setor de seguro automotivo — que, ao lado dos seguros de vida, representa a maior fatia desses contratos —, apesar de ser um item de primeira necessidade para quem possui um carro, especialmente nas grandes cidades, é um produto que abrange cerca de 20% da frota nacional de veículos.

“O seguro é reconhecido como umimportante instrumento de proteção à vida das pessoas e de preservação do patrimônio pessoal e dos seus negócios, com efeitos diretos no seu bem-estar e no de toda a sociedade. As inúmeras garantias oferecidas pelos seus produtos asseguram tranquilidade e respaldo financeiro em momentos de vulnerabilidade ou de infortúnios que contribuem para a retomada da normalidade da vida pessoal ou

profissional”, afirma Marcio Coriolano, Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Fotos Shutterstock

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inda não é possível prever o futuro, mas é perfeitamente possível — e recomendável — prevenir-se para evitar situações indesejáveis, tantas vezes angustiantes, mas que fazem parte da vida das pessoas. O seguro é tido por especialistas como uma forma eficaz de se proteger financeiramente diante de problemas de saúde e danos patrimoniais, riscos previsíveis de uma sociedade contemporânea.

Atualmente, a receita anual de prêmios do setor de seguros representa cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) do Brasil. O segmento soma R$ 1,3 trilhão em ativos financeiros no país, segundo dados da CNSeg.

UM NOVO OLHAR Para especialistas ouvidos pela reportagem, há dois fatores que se combinam para o Brasil ser um mercado emergente de seguros, com uma cobertura ainda pequena, se comparada ao tamanho da população. O primeiro deles é a desigualdade de renda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda domiciliar per capita no Brasil foi de R$ 1.439, em 2019.

Já o preço médio de uma apólice de seguro automotivo gira em torno de R$ 1,7 mil. O segundo fator está relacionado a uma cultura de proteção ainda pouco disseminada.

“De um lado, faz-se necessária a participação do Estado, no sentido de promover políticas públicas que melhorem o nível cultural, de educação e, principalmente, a distribuição de renda. A gente é a oitava ou nona economia do planeta e, na hora em que vamos falar em distribuição de renda, estamos entre os últimos dez países. Mas também existe um nível de penetração que é possível fazer a despeito dos obstáculos de renda média. É preciso informar melhor o consumidor sobre a variedade de produtos e serviços disponíveis, que cabe na renda do trabalhador”, analisa Edmur de Almeida, diretor da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP). Um exemplo de desinformação nesse segmento é as pessoas acharem que o seguro residencial é muito mais caro, por exemplo, que um seguro de automóvel.

“A pessoa tende a imaginar que, se um seguro de carro custa, por exemplo, R$ 2 mil, com o preço do veículo na faixa de R$ 50 mil, a sua casa, no valor de R$ 500 mil, terá, proporcionalmente, um seguro bem mais caro. Mas a casa não está exposta como um carro, que circula pela cidade. O seguro residencial é muito mais barato”, explica Henrique Jersey, que atua no setor de seguros do Sicoob.

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Enquanto o prêmio pago por um seguro de carro gira em torno de 2% do preço do valor do bem, no caso da residência, esse valor é cerca de 0,17% o preço de mercado do imóvel. Além disso, o seguro residencial costuma vir com uma série de vantagens, como mão de obra para reparos hidráulicos e elétricos que fazem parte do cotidiano de uma casa e que, muitas vezes, dão trabalho, dor de cabeça e geram custo aos moradores.

PAPEL SOCIAL Uma dimensão importante do seguro é seu papel social, tanto em um contexto familiar e de negócios quanto na alavancagem da economia do país. O seguro de vida prestamista, por exemplo, uma das modalidades oferecidas pelo Sicoob, é um produto atrelado às operações de crédito dos cooperados e, em caso de falecimento, previne a família de herdar dívidas e compromissos financeiros de quem contraiu o empréstimo.

“Você imagina um cooperado que tomou R$ 50 mil numa cooperativa do Sicoob e, eventualmente, algum tempo depois, vem a falecer. O seguro prestamista quita a dívida. Além de proteger a cooperativa, protege a família do cooperado, que não precisou terminar de pagar de pagar essa dívida”, detalha Guilherme Ferreira, diretor de seguros de vida do Sicoob.

Além de garantir o bem-estar de empresas e pessoas físicas seguradas, o seguro oferece uma importante contribuição para a poupança nacional e se tornou um dos maiores investidores institucionais do país. O setor é responsável por

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Revista Sicoob

25% da rolagem da dívida pública, potencializado o financiamento da atividade empresarial e de investimentos do governo, garantindo o funcionamento da economia, mesmo em períodos de baixo crescimento.

“O dinheiro que a seguradora recebe com o pagamento dos prêmios, além de garantir a indenização de sinistros, é investido em títulos públicos, ou seja, financia o Estado brasileiro. Com isso, o governo tem mais dinheiro para investir em infraestrutura, obras, hospitais, escolas. Quanto mais a população faz seguro, mais ela enxerga o retorno do investimento em infraestrutura. O contrário disso gera um círculo vicioso: se pouca gente faz seguro, o Estado tem maior dificuldade e acaba dependendo mais exclusivamente dos impostos, ou seja, o seguro garante a proteção da vida e do patrimônio — que é sua função mais importante —, mas cumpre um papel no bem-estar geral da população e do país”, explica Edmur de Almeida.

TENDÊNCIAS No ano passado, o mercado de seguros do Brasil cresceu 12,1%, segundo dados da CNSeg, valor muito superior ao crescimento do PIB, que foi de 1,1%. A expectativa é de continuidade dessa trajetória de crescimento, apesar dos fortes impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus no país. Para o presidente do CNSeg, o setor, como um todo, tem buscado diversificar os produtos oferecidos e se adequar às tendências do futuro, com forte apelo em tecnologia e em processos ágeis e simplificados.

“Além de oferecer uma variedade crescente de produtos, as seguradoras estão fazendo a lição de casa: reduziram processos, implantaram novos parques tecnológicos, reviram políticas de tarifas e se adequaram à moderna cultura de compliance e de eficiência. A Reforma da Previdência já está estimulando a nova percepção da população de que caberá a cada um a responsabilidade pela sua poupança de longo prazo. As operadoras de previdência privada deram respostas rápidas e estão oferecendo fundos mais agressivos, com redução de taxas de juros e do valor do tíquete de entrada”, afirma Marcio Coriolano.

Uma dessas tendências é o uso de tecnologia embarcada para a oferta de seguros cada vez mais customizados, uma realidade em países da Europa e nos Estados Unidos. “São produtos que usam dados de telemetria, por exemplo, para definir o estilo de condução de um determinado usuário e, com isso, oferecer um seguro de automóvel mais barato, mais adequado ao perfil daquele condutor”, exemplifica Henrique Jersey.

Existem também iniciativas de cooperativas, como o Sicoob, e bancos populares para oferecer produtos de baixíssimo custo paras as classes C e D. Países como Índia e México já contam com esses produtos, mas o Brasil ainda precisa avançar. São seguros de vida contratados junto a pequenas operações de crédito, que devem se expandir nos próximos anos.

A combinação entre seguro e financiamento bancário é uma realidade. No setor de seguro gerais, o Sicoob já oferece, por exemplo, seguros de automóveis financiados com a operação de crédito para a aquisição do veículo, de forma desburocratizada. “Quando o cooperado contrata o crédito automotivo, ele já contrata o seguro junto”, afirma Jersey.

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SEGUROS PATRIMONIAIS

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ARTIGO

COOPERATIVISMO FINANCEIRO:

ANTES, DURANTE E APÓS A PANDEMIA A SOLIDARIEDADE É O SENTIMENTO QUE MELHOR EXPRESSAO RESPEITO PELA DIGNIDADE HUMANA.” FRANZ KAFKA

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ais recentemente, no mundo corporativo, vem tomando corpo um movimento que defende organizações menos extrativistas e mais colaborativas, dispostas a lançar um olhar também para o entorno social da atividade econômica.

O lucro, portanto, não deveria mais ser o único objetivo das empresas.

Esse modelo de negócios tem no cooperativismo um precedente à altura. Com efeito, as sociedades cooperativas, desde a origem, operam sob uma perspectiva sistêmica, interdependente, colaborativa e sustentável — em contraponto à visão interna, autocentrada, competitiva e de curto prazo —, promovendo a conexão entre a prosperidade individual e a prosperidade coletiva; entre o empreender e o servir; entre o gerar e o regenerar; entre o receber e o dar.

A geração de valor compartilhado, por sinal, constitui o objetivo nuclear do sétimo princípio cooperativista, e é a razão de ser do empreendedorismo cooperativo.

O apoio aos menos afortunados, portanto, sempre foi o principal compromisso e o cotidiano do cooperativismo, Ênio Meinen, diretor de operações do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), coautor do livro Cooperativismo Financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios e autor de Cooperativismo Financeiro: virtudes e oportunidades – Ensaios sobre a perenidade do empreendimento cooperativo (Confebras, 2016), obra também disponível na língua inglesa.

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razão pela qual a presente crise não lhe impôs acionar emergencialmente e pontualmente o modo humanitário ou de chamamento à consciência.

As cooperativas financeiras, desde o princípio da Covid-19, honraram o seu propósito, acolhendo e abraçando a sua gente e o ambiente circundante, provendo soluções voltadas ao enfrentamento da doença, à resiliência econômica e à mitigação de privações básicas.

E é justamente essa atenção diferenciada com os cooperados e os seus territórios que ajudará as cooperativas a saírem ainda mais fortalecidas deste que é o maior flagelo da nossa geração.

As comunidades estão, e continuarão, atentas aos nossos movimentos, como estiveram em outros momentos de adversidade. O sentimento de pertencimento se acentuará, e a sociedade saberá exercer gratidão com aqueles que, mais uma vez, tem sido solidários nos momentos mais difíceis. É claro que temos deveres de casa por fazer, sobretudo exercitar mais fortemente as oportunidades de ganho de escala e de economia de escopo, ampliando o volume de negócios, atraindo mais cooperados, revisitando estruturas e ampliando a intercooperação.

Mais, isso tudo não é problema. Afinal, para dar concretude ao nosso propósito, temos todas as soluções de negócios, preços justos e competitivos, tecnologia de ponta, profissionais engajados e muitas pessoas dispostas a empreender conosco!

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