Elefantes brancos

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Estádios podem virar elefantes brancos Isadora Stentzler Em outubro de 2007, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, garantiu que a Copa no Brasil seria paga com recursos privados. As vésperas do mundial, no entanto, já foram gastos R$ 3,2 bilhões dos cofres públicos para reforma e construção de novas arenas, além do que, especulase que obras virem elefantes brancos após o mundial. De acordo com o diretor do Contas Abertas, Gil Castelo Branco, o medo é o legado que as obras deixarão. “[Os estádios] não terão um aproveitamento real depois da Copa, serão estruturas caras com dificuldade de contenção, que não estarão compatíveis com as cidades.” O economista ainda ressalta que destes, as arenas de Brasília, Manaus, Natal e Cuiabá se tornarão elefantes brancos. “E o primeiro da manada é o Mané Garrincha.” Construído em Brasília e sendo o mais caro dos estádios, o Tribunal de Contas da União (TCU) do Distrito Federal já investiga um possível desvio de dinheiro nas obras do Mané Garrincha, uma vez que o planejamento econômico inicial, no valor de aproximados R$ 700 milhões, sequer mencionava custos com a cobertura, cadeiras, gramado e placar eletrônico. Segundo Castelo Branco, estima-se que o desvio seja de mais de R$ 400 milhões. É o terceiro estádio mais caro do mundo, segundo pesquisa divulgada pela Pluri Consultoria que catalogou os 66 estádios mais caros. Em 10º lugar aparece a Arena Corinthians e em 19º a Arena Amazônia, de Manaus. Hoje, a arena de Brasília está com o dobro do valor inicial com um orçamento de 1,4 bilhão, e deste, já gastou 12 milhões acima, conforme dados divulgados no Portal da Transparência. A diferença do preço proposto em 2010 para 2014, equivale a mais de 12 mil casas populares no valor de R$ 55 mil. Coautor do projeto Copa Verde, Ian Mckee, que coordena as construções do estádio, explica que o valor excessivo se deve a alta tecnologia sustentável aplicada na obra, que custa caro. No entanto, não falou sobre as críticas de superfaturamento. A cidade também não possui tradição em futebol. Crítica que atinge as arenas do Amazonas, Cuiabá e Natal. O Manaus Futebol Clube, por exemplo, foi fundado em maio do ano passado, enquanto que o Cuiabá Futebol Clube nunca atingiu a série B do Brasileirão, oscilando sempre entre a C e a D. Já Natal, que conta com os times Alecrim, América e ABC, tem apenas o ABC na série B. As obras nos estádios dessas três cidades somam mais R$ 700 milhões, mas ainda não atingiram o orçamento previsto, de 1,6 bilhão, com obras em a ver.


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