Parque Mangal das Garças

PARQUE MANGAL DAS GARÇAS – ROSA GRENA KLIASS

Saleh, Isabella Costacurta; Graduação; Centro Universitário Belas Artes de São Paulo; Isabella.saleh@gmail.com

Resumo: Trabalho de pesquisa sobre a arquiteta e urbanista Rosa Grena Kliass, foi pioneira do paisagismo no Brasil e além de contar com muitos projetos executados, também possui prêmios e homenagens.

Palavras chave: Rosa Grena Kliass; Arquitetura paisagística; Vegetação.

Abstract:Research work on architect and urban planner Rosa Grena Kliass, was a pioneer of landscaping in Brazil and in addition to having many projects executed, she also has awards and honors.

Introdução O trabalho apresentado a seguir, conta com um estudo baseado na renomada arquiteta e urbanista, Rosa Grena Kliass.

Pioneira no paisagismo brasileiro, ela marca nosso país com projetos incríveis distribuídos por todo o redor, mostrando que a empatia e sensibilidade elevam o nosso olhar para outros patamares.

Quando você aprende a projetar pensando nas pessoas e em quem habitará aquele local, você faz algo humanizado e quando isso se conecta à natureza, vira uma obra de arte e é isso que iremos aprender com Rosa Kliass.

Biografia Rosa Grena Kliass, mulher, arquiteta e urbanista. Dedicou sua carreira à arquitetura paisagística, sendo pioneira da mesma no Brasil, marcando o ambiente com seus projetos admiráveis e sendo reconhecida não só nacionalmente, mas também internacionalmente.

Rosa Kliass, como ficou conhecida, nasceu em 1832 em São Roque - SP. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo (USP), finalizando sua graduação em 1955 e em 1989 terminou sua pós-graduação na mesma.

Figura 1 – Rosa Grena Kliass

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/rosa-kliass-arquitetura-paisagistica-mulheres-en trevista/ , 2022

Em 1975, vinte anos após a sua formação, a arquiteta já possuindo uma boa bagagem em relação ao assunto, decidiu fundar a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas ( Abap ) que fica localizada em São Paulo, no bairro da República. Além de ser a fundadora, ela também foi presidente do órgão durante quatro anos, de 1876 a 1880.

Inicialmente, Rosa ainda não sabia em qual área iria prosseguir dentro da arquitetura, porém, ela comenta que após Roberto Coelho Cardoso ( arquiteto e urbanista inglês que foi convidado para lecionar na USP ) entrou na universidade e virou seu professor, ela se apaixonou pelo paisagismo após ver seus projetos e decidiu que seguiria sua carreira ali.

Dentro de tantos anos de experiências, Rosa conta com muitos projetos paisagísticos executados, mas os que mais chamam a atenção é a revitalização do Vale do Anhangabaú e projetos paisagísticos na Avenida Paulista (pequena escala), Parque do Forte (entreoutros projetos no Amapá) e Parque Mangal das Garças que é o projeto abordado em questão no estudo, localizado no estado do Pará; ambos projetos são em larga escala.

Durante sua adolescência, nunca teve arquitetura e urbanismo como primeira opção de curso, porém, por uma coincidência do acaso, ela caiu nesse meio e criou um portfólio incrível com obras admiráveis.

Em entrevista ao CAU/BR, Rosa comenta muito sobre a importância de sabermos projetar um espaço, até porque não estamos projetando maquetes, devemos pensar em quem vai “habitar” aquele local, mesmo que seja por um instante, ela diz: “ São espaços reais que vão crescer independente de você ” e é essa frase que define a arquiteta, saber usar de empatia e pensar no contexto todo ( pessoas, natureza, local ) é o que faz a Rosa ser diferente e tão admirável.

Durante toda a vida ela recebeu algumas homenagens importantes e prêmios, como por exemplo, ganhou o prêmio da Bienal de Arquitetura de Quito, em 2004, pelo seu projeto para o Parque da Juventude; foi a primeira mulher a receber o Colar de Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB); e também recebeu uma homenagem especial sendo honrada na Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Atualmente, a arquiteta está prestes a completar os seus 90 anos de idade, mas continua firme e forte nos seus croquis à mão livre e seus projetos paisagísticos. Ela reside no bairro do Itaim Bibi, onde mantém seu escritório instalado no mesmo. Caso, esteja com a demanda de projetos muito alta, ela faz parceria com outros escritórios para dar conta de tudo.

Em 2020, Rosa lançou um livro que foi um sucesso, chamado “ O livro da Rosa: vivências e paisagens ”. Seu coquetel de lançamento foi no honrado Instituto Tomie Ohtake e contou com a presença de seu filho Pedro Kliass e algumas amigas arquitetas como, Lucia Maria Sá Antunes Costa e Maria Cecília Barbieri Gorski.

A história do livro é bem interessante, ele surge através de uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e conta com uma bagagem de depoimentos de clientes, amigos, família e os profissionais que estiveram perto durante toda sua carreira.

Rosa Grena Kliass inspira, seu trabalho é arte e faz com que nós queiramos aprender mais sobre cada pedaço do paisagismo, suas obras merecem toda valorização e homenagens que já receberam até hoje. Ela enxerga o verdadeiro significado da natureza na paisagem e como ela mesma diz: “ O plano só fala em preservar e conservar o patrimônio ambiental e as áreas verdes, mas isso não significa nada. O que precisamos é ampliar. ” Ela nos mostra a resposta do porquê devemos inserir o verde nessa selva de pedra.

Figura 2 – Lançamento do livro “ O livro da Rosa: vivências e paisagens ”.

Fonte: http://www.rosakliass.com.br/ , 2022

Desenvolvimento dos projetos Rosa tem alguns critérios próprios que criou para execução de cada projeto, como por exemplo, pesquisar e estudar a vegetação local, ela não gosta de remover o existente, ela adora manter e trazer força para o que já está presente e depois ir completando com outras plantas locais.

Outra curiosidade é que quando ela é escolhida para fazer o projeto paisagístico de um local, ela sempre procura definir um tema e a partir daquilo ela desenvolve as suas ideias, sempre com os seus croquis a mão livre.

Uma coisa presente no paisagismo de Rosa que nos remete à lembrança das edificações de Oscar Niemeyer, são os traçados orgânicos que ela traz para o projeto, ela utiliza muito na hora de trazer uma forma homogênea para os caminhos, jardins e lagos, esse traçado é o que faz a integração de tudo.

Algo que também é pertinente em suas obras é a falta de cores variadas. A arquiteta busca sempre manter a mesma paleta de cores e evita diversificar muito.

Sobre o ambiente de intervenção, ela tenta não interferir tanto na topografia do terreno, sempre procura seguir o traçado natural, porém, se for necessário alguma alteração ela faz. É perceptível que a maioria de seus projetos são sem grandes desníveis ou até mesmo planos, mas ela consegue trazer uma ilusão de ambientes em níveis diferentes fantástica.

Outra preocupação que ela tem é que dependendo do local, além da flora, ela também quer trazer a fauna para o projeto, o que dependendo da região é algo extremamente positivo, pois ajuda cem por cento no ecossistema local.

Parque Mangal das Garças Após aprendermos um pouco sobre a história de Rosa Kliass e sobre o processo durante a criação de novos espaços, chegou a hora de falar do projeto escolhido para esse estudo: Parque Mangal das Garças, localizado em Belém - PA. O partido arquitetônico para execução do projeto foi “ janelas para o rio”, o que significava que eles queriam trazer a vista do Rio Guamá para a cidade, por isso o projeto tomou partido cem por cento através do rio.

Sua execução foi realizada no ano de 2005 e contou com a revitalização de uma área com mais de 40.000 m².

Em sua entrevista ao CAU/BR e sites focados no próprio parque é possível absorver muitas informações sobre esse projeto paisagístico incrível, de uma grande intensidade e novos desafios para se enfrentar.

Rafael Moreira, ex-prefeito de Belém, diz a Rosa que a cidade era uma e virou outra após essa intervenção paisagística feita por ela. Além de valorizar a cidade, intensificou a fauna e flora local.

Em primeiro lugar, um fato interessante é que o projeto é de um parque zoobotânico. O que significa? Significa que aquele local além de abrigar muitas espécies diferenciadas de plantas, também é morada de muitos animais, o que faz com que se crie todo um ecossistema novo para aquele local, até porque quando você dedica-se a cuidar de um lugar de forma correta, você faz com que coisas que estavam extintas voltem a se reproduzir.

Quando Rosa foi convidada para fazer o parque, ela já havia feito outros projetos em Belém, mas não com a mesma magnificência. E a proposta inicial do projeto (que não era da Rosa e sim do prefeito) era limpar a área, construir um restaurante e colocar uma vegetação nova.

Ao visitar o local a arquiteta avistou logo de cara um brejo e comentou que ela não iria destruir aquilo, pois, também estava ali presente a aninga, que é um tipo de vegetação da área nordeste e que estava praticamente extinta, não existia em mais nenhum lugar a não ser ali.

Rosa não removeu o brejo, ela fez mais que isso, conectou novamente o rio com o mangue e trouxe essa integração, fazendo com que a vegetação existente criasse forças para crescer. No início o prefeito não estava muito curtindo essa ideia, porque tinha uma parte do projeto que possuía uma floresta e ele dizia: “ Ninguém vai querer comprar os novos apartamentos porque aqui vai ser uma área de risco ” , mas a arquiteta completa dizendo: “ Não vai se você adotar o lugar e cuidar ”, dito e feito, ele fez de tudo para ali ser um local seguro, ele abraçou o projeto. Ela sempre dizia que ela nunca copiava um projeto, sempre criava algo novo e diferente.

Então, para iniciar a execução do projeto, começaram a derrubar o muro de contenção que havia entre o rio e o local, fazendo assim a ligação com o brejo (intervenção comentada mais acima), fazendo assim com que a vegetação existente crescesse novamente e dando a oportunidade dos moradores locais explorassem melhor a diversidade ecológica do ambiente amazônico.

Após isso, deu-se início a criação da área social (restaurantes) que Rafael havia pedido. A arquiteta fez o projeto todo em cima de pilotis que ficavam acima do brejo, que agora era rio, e conectado com a vegetação de aningas.

Durante todo o processo, além de toda a revitalização na parte vegetal, também foi criado o Farol de Belém, Mirante do Rio, Lago Cavername e da Ponta (ambos artificiais).

Atualmente, o parque acabou de receber muitas novidades interessantes, como a doação de vitórias-régias pelo Museu Emílio Goeldi (15/03/2022) e pássaros resgatados pela SEMMA de Salvaterra (24/02/2022).

A fauna local é muito diversificada e lá estão presentes flamingos, borboleta Júlia, garça branca grande, guará e etc.

Rosa diz que temos a “ síndrome de querer ser Deus ”, onde achamos que conseguimos projetar a perfeição, sendo que a perfeição só existe no que é real, ou seja, o que já habita aquele local e não o que vai ser implantado depois. Mas confesso que o projeto é admirável e ficou esplêndido.

Agora, vamos ver algumas vegetações de nossa flora. É existente a presença de Mangueira, Bacurizeiro, Aningas, Açaizeiro e etc.

Essa diversificação de fauna e flora é a essência de todo projeto, pois sem eles não haveria vida no local. Essa revitalização trouxe sentido para algo que já era existente mas não era valorizado.

Considerações finais Após ver tanto sobre um assunto que era um incômodo para mim, confesso que acabei mudando de opinião. Estudar sobre Rosa Grena Kliass e seus projetos, em específico o Parque Mangal das Garças, me fez refletir sobre a importância da vegetação ou revitalização urbana paisagística de um local.

Atualmente, nos preocupamos muito com a edificação e o concreto e nos esquecemos do mais importante, a natureza. Rosa já diz, só é natural o que já era existente ali, o que nós adicionamos depois não é, mas não importa, só de pensarmos no biofílico como algo essencial para o nosso viver, tudo muda.

A flora melhora o ar, traz cor e principalmente vida. Um paisagismo bem elaborado muda a forma de pensar e de existir, porque algo feito de forma orgânica e leve, acaba trazendo muitos pontos positivos, não só estéticos como também para a saúde de quem ali frequenta.

Rosa Kliass me ensinou que eu não projeto para mim, nada é meu, eu projeto para o próximo e é por isso que eu devo ser tão empática no meu meio de trabalho.

Cada projeto é único e segue sua própria ideologia, esse partido “ janelas para o rio” tem uma essência que com certeza nenhum outro projeto tem, a vida. A revitalização proposta pela arquiteta trouxe vida, não só para a vegetação que ali entrava em extinção, mas também para a cidade. A cidade aprendeu a ressignificar e dar valor à sua fauna e flora local, o que faz com que esse projeto seja tão importante.

No final, o parque foi realmente abraçado pela cidade e órgãos governamentais. Até hoje segue bem cuidado e com toda a sua vegetação preservada, sendo visível que todo o esforço de Rosa para manter o que já havia e trazer o rio novamente para a “cidade” , valeu a pena.

Figura 3 – Vista aérea da área de intervenção e o rio Guamá

Fonte: http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2632/19/Maria%20Cecilia%20Barbieri%20Gorski19.pdf , 2022

Figura 4 – Vista aérea do projeto concretizado

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/481251910165980294/, 2022

Referências bibliográficas PDF estudo de caso, aluno não identificado da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Disponível

em:

<http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2632/19/Maria%20Cecilia%20Barbieri%20Gor ski19.pdf> Acesso em: 21 mar. 2022 Vídeo

sobre

o

Parque

Mangal

das

Garças

de

Rosa

Kliass

<https://www.youtube.com/watch?v=HwmWE7RkAvA> Acesso em: 21 mar. 2022 Vídeo

sobre

o

Parque

Mangal

das

Garças

de

Rosa

<https://www.youtube.com/watch?v=fNpOZ8IuXsA> Acesso em: 21 mar. 2022

Kliass

Vídeo

sobre

o

Parque

Mangal

das

Garças

de

Rosa

Kliass

<https://www.youtube.com/watch?v=83NwlMpjO5U> Acesso em: 21 mar. 2022 WEG

BLOG

TOMADA

&

INTERRUPTORES

<https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/grandes-nomes-da-arquitetura-brasileira-traj etoria-de-rosa-grena-kliass/#:~:text=Rosa%20Kliass%20nasceu%20em%201932,em%2019 89%20na%20mesma%20institui%C3%A7%C3%A3o.> Acesso em: 22 mar. 2022

Vander

Luiz

contando

sobre

o

livro

de

Rosa

Kliass

<https://vanderluiz.com.br/rosa-kliass-rosinha-de-sao-roque-ajardina-o-mundo/> Acesso em: 22 mar. 2022

Site oficial da Rosa Kliass <http://www.rosakliass.com.br/> Acesso em: 22 mar. 2022 Site

oficial

do

Conselho

de

Arquitetura

e

urbanismo

de

São

Paulo

<https://www.causp.gov.br/?p=14950> Acesso em: 23 mar. 2022

Vitruvius,

entrevista

com

a

arquiteta

<https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/16.063/5585?page=1> Acesso em: 23 mar.

2022

Site oficial do Conselho de Arquitetura e urbanismo do Rio de Janeiro https://www.caurj.gov.br/rosa-kliass-recebe-o-primeiro-colar-de-ouro-do-iab-concedido-a-um a-mulher/ Acesso em: 23 mar. 2022

Site oficial da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ARQUITETOS E URBANISTAS http://www.abap.org.br/ Acesso em: 23 mar. 2022

Site

oficial

do

Parque

Mangal

das

http://www.mangaldasgarcas.com.br/parque-ambiental/ Acesso em: 21 mar. 2022

Graças