Boletim Informativo do dia 03 de maio

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Informativo Semanal | 03 de Maio de 2015 Estação Colheita

Igreja Presbiteriana Independente de Dourados

Gente feliz que se importa com pessoas!

TRABALHO: PUNIÇÃO DE DEUS OU CASTIGO DOS HOMENS?

U

ma das palavras do vocabulário da nossa língua portuguesa que mais sofre com má interpretação é o termo TRABALHO. Permita-me explicar o porquê desta afirmação. Um exemplo clássico da deturpação deste termo está localizado no contexto religioso. É consenso entre a maioria dos cristãos que trabalho nada mais é do que a punição de Deus diante da desobediência e rebeldia do primeiro casal no jardim de Deus. Ledo engano, pois este conceito está disseminado na população apenas como fato ao nível do senso comum e, por sua vez, não pode ser biblicamente comprovado. Ora, se o homem já trabalhava (lavrava e cuidava do solo - Gênesis 2:15), é incoerente dizer que o trabalho foi dado como uma maneira de Deus castigar o ser humano. Está claro que o trabalho não é o resultado da maldição de Deus sobre a humanidade. Mas o pecado, este triste companheiro da raça humana, é maior responsável pela dificuldade na vida do homem, não apenas no mundo profissional, como também em todas as esferas da existência. No entanto, lamentavelmente, o que predomina em nossos dias é a equivocada conclusão vinda do ambiente senso-comum-religioso que geralmente apresenta o trabalho como castigo e maldição de Deus. Como se isso não fosse o suficiente, temos de igual forma um problema com este termo no contexto sóciolinguístico. Estudiosos da etimologia acreditam que o termo “trabalho” é a evolução da palavra latina “tripalium”. Perceba a semelhança na pronúncia. Infelizmente, a associação destas palavras não poderia ser mais prejudicial, pois, tripalium, é a palavra que designava um instrumento de tortura para escravos no contexto do Império Romano. Portanto, diante deste fato, o imaginário sócio-cultural desta palavra nos remete inconscientemente ao contexto do trabalho como uma severa punição. Talvez sejam estes, dois fortes argumentos que explicam o motivo pelo qual muitos não estão num “caso de amor” com suas profissões. É bem provável que estejam dizendo coisas diferentes quando expressam a frase: “Tchau, vou trabalhar”. No imaginário religioso podem estar dizendo: “Tchau, vou para o castigo que Deus deu a todo ser humano”. Ou, no imaginário cultural, é possível que estejam

Missão IPID

declarando: “Tchau, vou para a punição severa que todo escravo está sujeito”. Triste esta condição, não acha? Foi diante da degeneração do sentido da palavra trabalho, que um dos grandes pensadores brasileiros, Mário Sérgio Cortella, sugeriu num dos seus livros que troquemos a palavra latina tripalium pelo termo grego poiésis. Este último refere-se ao trabalho onde o escultor/artesão identificase com o que está fazendo e imprime no seu trabalho sua própria identidade e tem nele identificação. Todo trabalho deve levar o ser humano à estreita identificação com o que se faz, pois, “se trabalho e não me identifico com a minha obra, torno-me alienado” (Karl Marx). Digno de nota é o fato que, muito antes de Marx e Cortella, o apóstolo Paulo já havia orientado sua comunidade a interpretar o trabalho não como lugar de punição ou escravidão, e sim como lugar de glorificação a Deus. Escrevendo aos escravos de Colossos, o Apóstolo disse: “E tudo o que fizerdes, fazei de todo coração como para o Senhor e não para homens (...) A Cristo, o Senhor, que estais servindo” (Colossenses 3:23). Paulo dá um golpe fatal

no trabalho como uma punição e o coloca na condição de instrumento de obra e exaltação a Deus. Assim, entenda que seu trabalho não é castigo (tripalium) nem maldição (punição divina). Aprenda a vê-lo como oportunidade de fazer uma obra (poiésis) onde você identifica os sinais da graça de Deus e glorifica-o através disto. Recupere o sentido da palavra trabalho. E, da próxima vez que sair de casa, diga: “Tchau, vou fazer uma obra”. Feliz dia do trabalho!

Pastor

Denis Vicentin

“Nossa missão é glorificar a Deus, no poder do Espírito Santo, trazendo pessoas para Jesus, tornando-as membro do corpo, desenvolvendo nelas o caráter de Cristo, equipando-as para o serviço na igreja e no mundo.”


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