Informativo - IPC
Domingo, 06 de Março de 2016 – Ano VIII, Número 374
PASTORAL
Lares Hospitaleiros que Constrangem de tanto Amor
É notável perceber a hospitalidade de muitos lares relatados nas Escrituras. Lídia, uma recém-convertida, é um exemplo disso. Não apenas tinha seu lar aberto para receber as pessoas, mas tinha o anelo sincero de ver as pessoas em sua casa ao ponto de constranger as pessoas a isso. “Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos rogou, dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e aí ficai. E nos constrangeu a isso. [...] Tendo-se retirado do cárcere, dirigiram-se para a casa de Lídia e, vendo os irmãos, os confortaram. Então, partiram” (Atos 16:14-15, 40). O termo usado aqui é παρεβιασατο (parebiasato) e aparece novamente em Lucas 24:29 quando os discípulos maravilhados e preocupados porque o dia já declinava, pediu ao mestre para que ficasse: “e eles o constrangeram (παρεβιασαντο) a isso”. A ideia é de alguém que fala de tal modo que convence com sua bondade e não simplesmente pelos seus argumentos. Como é importante pensar neste acolhimento em amor que constrange e faz com que as pessoas sempre queiram voltar, assim como fizeram com Lídia logo que saíram do cárcere, não apenas para rever a irmã hospedeira, mas para rever os irmãos que certamente ali também estariam reunidos num ambiente de amor fraternal (v. 40). Outra revelação bíblica digna de observação, diz respeito a pessoas que por onde andavam reuniam a Igreja em sua casa: “Saudai Priscila e Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu querido Epêneto, primícias da Ásia para Cristo” (Romanos 16:3-5). Aqui temos uma família que abre as portas de
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sua casa para receber pessoas para serem ensinadas e acolhidas no Reino de Deus. Isso é algo notável! Não é a primeira vez que isso acontece com este casal: “As igrejas da Ásia vos saúdam. No Senhor, muito vos saúdam Áqüila e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles” (1ª Coríntios 16:19). A menção de Priscila e Áquila sempre juntos, é citada por Paulo três vezes (Rm. 16:3; 1Co. 16:19; 2ª Tm. 4:19) e também três vezes por Lucas (At. 18:2, 18, 26). Eles foram andarilhos viajantes, e como peregrinos mudaram-se de lugar muitas vezes. Eram fabricantes de tendas como Paulo foi, e tiveram grande aproximação, amizade, chegando até mesmo a dividir o lar (At. 18:3). Eram parceiros na vocação diária e na proclamação do evangelho. Hendriksen comentando a aproximação de Paulo com Priscila e Áquila, e sua disposição para reunir a Igreja em sua casa, declara: “Paulo não perde tempo em fazer todo mundo saber o que Prisca e Áquila fizeram por ele. Nossa passagem (Rm.16:3-5) revela que, por toda parte, sempre que as igrejas gentílicas eram estabelecidas, mensagens de louvor e gratidão ecoavam em virtude dessa lealdade autosacrificadora de Prisca e Áquila. Observe também que, agora, o casal está outra vez de volta a Roma, para onde o apóstolo está enviando esta carta. Uma vez mais, como em Éfeso, o lar de Prisca e Áquila é lugar de reunião para a congregação”. Também digno de observação é a referência que encontramos da Igreja de Laodiceia nos seus primórdios: “Saudai os irmãos de Laodicéia, e Ninfa, e à igreja que ela hospeda em sua casa” (Colossenses 4:15). Ao observar textos que falam de pessoas que reuniam a congregação dos fiéis em Cristo em suas casas, devemos perceber que esta era uma prática comum no início da história da Igreja, e como observou Martin, “o uso de um lar para a assembleia cristã é bem atestado no período do Novo Testamento”. Hendriksen, todavia, nos oferece ainda outra possibilidade de entendimento ao afirmar que
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“talvez um grupo de laodicenses que moravam perto, mas separados dos outros por uma distancia inconveniente, se reunia em sua casa para prestar culto. Assim saudações especiais são extensivas a eles e à sua hospedeira”. Parece que a referência a hospedar, seja mais do que simplesmente reunir, dando o sentido de guarida aos que vinha de longe. Seja como for, parece que Ninfa era alguém que estava abrindo sua casa não apenas para reunir, mas até mesmo para hospedar os crentes, sejam eles de perto ou de longe, para ali buscarem a Deus. Outra referência a estes irmãos hospedeiros da Igreja é o irmão Gaio: “Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro e de toda a igreja. Saúda-vos Erasto, tesoureiro da cidade, e o irmão Quarto” (Romanos 16:23). É notável perceber a existência de irmãos que tinham vidas tão abnegadas quanto Gaio que “estava sempre disposto a oferecer hospitalidade a qualquer crente que porventura necessitasse dele. Estamos pensando em especial nos viajantes. Isso não exclui a possibilidade de que o lar de Gaio pudesse também servir de casa-igreja para parte da congregação”. Nesta passagem temos a expressão ξενος (zenos) que ocorre 27 vezes no NT sendo traduzida muitas vezes como “residir” (At. 17:21), “hospedar” (Mt. 25:35). Dando-nos a ideia de que Gaio era alguém que de fato hospedava em sua casa muitas pessoas da Igreja, ou seja, todos tinham ali, um ancoradouro certo. Sua casa era uma hospedaria e um lugar de refúgio e de busca da presença do Senhor. Que nossas casas, ao exemplo do NT, possam ser lares hospitaleiros, lugares de refugio para a Igreja do Senhor!
Rev. Daniel Alves Pastor da IPC
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