Domingo, 27 de outubro de 2013 – Ano V, Número 251
Informativo - IPC
PASTORAL
A Avareza “Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus”. Lucas 12:15-21
T
alvez não exista outro pecado que mais caracterize o mundo atual que esse descrito por nosso Senhor no texto acima, isto é, a avareza. De início, podemos apontá-lo como um dos grandes responsáveis pela entrada do mal no universo e suas mazelas, como o surgimento de guerras e conflitos mundiais, diferenças gritantes entre 1º e 3º mundo, fome generalizada, escravidão do homem pelo homem, atual crise econômica europeia, desequilíbrio social, entre outras. A avareza é também conhecida como ganância, cobiça, amor ao dinheiro, materialismo, cupidez, ambição, desejo sôfrego, olho grande, inveja, etc. Porém, se manifesta, principalmente, como uma preocupação excessiva em possuir cada vez mais, não importando o que se tenha de fazer para isto. É incrível o que homens e mulheres podem fazer quando estão dominados pelo espírito da ganância. Basta lembrar qual foi o meio utilizado por Satanás para enganar Adão e Eva, ainda em estado de inocência (Gn. 3:6), o que Jezabel e seu marido, Acabe, rei de Samaria, fizeram para obter a vinha de Nabote (1º Rs. 21:2-16), porque Ananias e Safira, assim como muitos hoje, deixaram de dizimar corretamente, retendo e mentindo sobre algo que poderia ser mais bem empregado na igreja de seus dias. A preocupação em ter mais e mais se torna central na vida do avarento a ponto de desprezar as coisas espirituais e só pensar em acumular riquezas para si e não ser rico para com Deus, a semelhança do homem rico da nossa parábola (Lc. 12:16-21). Outra característica desse pecado é a preocupação em sempre lucrar alguma coisa
IPC
- Interessados pela Palavra de Deus
em qualquer área da vida, como fez Judas Iscariotes que vendeu seu mestre por trinta moedas de prata.
todas as armas que dispomos, inclusive com a mais poderosa delas, o Evangelho (não o social, do movimento liberal).
Outro ganancioso menos conhecido é Labão, para quem o casamento de sua irmã Rebeca, com Isaque, representava apenas pulseiras, pendentes e joias; e depois, o de suas próprias filhas, com Jacó, significava tão somente lucro líquido e certo em cima de seu futuro genro.
Uma das coisas mais trágicas acerca deste pecado é que ele se infiltrou na vida espiritual do povo de Deus, afetando suas motivações, atitudes e decisões, trazendo prejuízos para si e para sua comunidade, nos impedindo de dar, emprestar, ajudar o próximo e investir no Reino de Deus.
O avarento não faz nada de graça e quando faz espera receber em dobro o que fez. Ele imagina que o dinheiro é a salvação para todos os seus problemas, por isso é tão difícil para os que confiam nas riquezas entrar no Reino dos Céus (Mc. 10:24). As Escrituras sempre condenaram a atitudes daqueles que acumulam bens materiais visando unicamente o poder. Isaias protesta contra os latifundiários gananciosos que queriam ajuntar casas, terras e ficar como senhor de tudo (Is. 5:8). Miquéias denunciou aqueles que proposital e calculadamente, se apoderaram dos campos alheios por cobiça (Mq. 2:2). É a ganância, sem dúvida, que muito tem contribuído para o problema da desigualdade social em nosso país, resultando numa situação que se tornou, em parte, alvo das manifestações generalizadas por toda região. Basta olharmos para a sociedade ao nosso redor para verificarmos a triste realidade: poucos com muito e muitos sem nada ou quase nada. A Bíblia não nos permite acompanhar indiferentemente a miséria dos que são oprimidos por impiedosos dominadores avarentos. A injustiça social destaca-se tanto como inimiga dos homens como inimiga de Deus. Deve ser combatida ferozmente, com
- Prestando Serviço em Amor
Nem os bons exemplos de nossos lideres, nem o dever solene da profissão de fé, feito diante de Deus e da igreja, onde prometemos sustentá-la, inclusive financeiramente, e nem mesmo a força dos inúmeros mandamentos bíblicos com promessas como os descritos, por exemplo, em Provérbios 3:9-10 ou em Malaquias 3:10-12, nos tem motivados mais na luta contra o pecado da ganância. Outras consequências desastrosas desse pecado nos são dadas pelo apostolo Paulo em 1ª Tm. 6:9 e 10, quando nos alerta a respeito dos perigos das riquezas: tentação, cilada, muitas concupiscências, ruína, perdição, desvio da fé, tormentas e muitas dores. Estejamos, portanto, mais do que nunca, atentos as palavras de nosso Senhor: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza (Lc. 12:15). Que Deus tenha misericórdia e nos guarde também desse pecado. Amém.
Paulo Wanderley Presbítero da IPC
- Cultuando ao Deus vivo
www.ipcanoas.com.br