“A LENDA DE THYTH, O GIGANTE”, OU “O QUE JAZ SOB THE ÞIT” Kadija de Paula Maíra das Neves Pedro Victor Brandão A lenda a seguir foi recuperada durante o projeto the þit1, na cidade de Oer-Erkenshwick, Ruhrgebiet, Alemanha, no primeiro semestre de 2014. Ela foi lida pela primeira vez ao público por Nadine Molatta, atriz, e Ralf Rieder, ator e diretor teatral, durante a celebração de abertura do parque the þit em frente à prefeitura da cidade. the þit foi reserva temporária privada de patrimônio natural em um terreno alugado de 1200m2. No meio dela havia um trailer, onde três minas operantes de criptomoedas foram instaladas. Por quatro meses, the þit funcionou como um parque público para encontros, oficinas, e produção de recursos financeiros. O fundo gerado financiou o próprio aluguel do espaço, aluguel de mobília e parte dos eventos realizados. Durante os meses de funcionamento do projeto, os artistas Maíra das Neves e Pedro Victor Brandão exploraram a cidade e o bosque Haard, a poucos minutos dali. Com a consultoria criativa de Kadija de Paula, encontraram esse texto, a partir de vestígios e relatos coletados com moradores e no Arquivo da Cidade.
Em um tempo muito distante, quando as árvores do Haard eram ainda intocadas, viveu esta velha senhora. Com Geneviève, sua coruja de estimação, ela morava em uma modesta cabana de pedras escondida por uma cerca de árvores espinhosas chamadas Schlehe. Muitas gerações depois, no mesmo bosque, viveu um jovem Förster2 que amava a sensação de ficar sozinho na floresta. Certo dia, após uma longa meditação no Hochsitz3 ele ouviu um estrondo vindo da direção do Teufelstein4·. Ele correu até lá o mais rápido que pôde e, ao chegar, encontrou muita poeira no ar, como se a pedra gigante tivesse se movido! No meio da nuvem de poeira, pôde ver algo brilhante no chão. Conforme ele foi tirando a poeira do objeto, percebeu que aquilo era uma antiga caixa brilhante, feita da mais linda pedra. Dentro dela encontrou alguns textos escritos à mão em folhas bem finas e velhas. A maior parte estava podre, mas alguns trechos eram legíveis. Ele olhou ao redor para se certificar de que estava sozinho. Desdobrou trêmulo os pedaços delicados. Com bastante cuidado, ele puxou o primeiro, que dizia: “Tempestade de trovão. Nuvens se enrolam no firmamento negro enquanto ventos tenebrosos torcem e arrancam árvores. Raios explodem em cores tantas. Eles são sua
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