REVISTA ABIMDE OUT 2015 - ED 8

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INFORME Outubro, 2015 - Edição 08

Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Principal entidade representativa dos setores de defesa e segurança do BRASIL completa 30 anos de luta por políticas mais sólidas para a indústria

VERDE AMARELAS

TÚNEL DO TEMPO

PESQUISA FIPE

Novo comandante da MB, Alte. Leal Ferreira, fala sobre o futuro da organização

FT Sistemas e o pioneirismo no desenvolvimento de VANTs no Brasil

Estudo encomendado pela ABIMDE traz balanço do mercado de defesa no País


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INFORME Ano 02 – Número 08

EXPEDIENTE

CONSELHO DIRETOR DA ABIMDE Presidente Sami Youssef Hassuani 1o Vice-Presidente Carlos Frederico Q. de Aguiar Vice-Presidente Executivo Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Vice-Presidentes Antonio Marcos Moraes Barros Celso Eduardo Fernandez Costa Eduardo Hermida Moretti Marcelio Carmo de Castro Pereira André Amaro da Silveira Diretores Wilson José Romão Gustavo Ramos José Carlos Cardoso Jorge Ramos de Oliveira Júnior Celso José Tiago Diretora Administrativa Heloísa Helena dos Santos Diretor Técnico Armando Lemos CONSELHO EDITORIAL Jornalista Responsável e Diretora de Redação Valéria Rossi | MTB: 0280207 Editora Claudia Pereira | MTB: 29.849 Diretora de Arte Luciana Ferraz Repórter Especial Karen Gobbatto Alexandra Penhalver Editora de Fotografia Carla Dias Assistente Administrativa Cássia Ruivo INFORME ABIMDE é uma publicação da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) Avenida Paulista, 460, 17o andar, conjunto B, Bela Vista, CEP 01310-000 Tel./Fax: (11) 3170-1860 Escritório Brasília:(61) 8183-0034 Lourenço Drummond Lemos Produção Editorial Rossi Comunicação Correspondência Rua Carlos Sampaio, 157, Mezanino, Bela Vista, São Paulo, SP | CEP 01333-021 Tel.: (11) 3262-0884 informeabimde@rossicomunicacao.com.br Foto capa: Reprodução Gráfica: Duograf

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ÍNDICE

04 | EDITORIAL A importância socioeconômica da indústria de defesa e segurança do Brasil 05 | VERDE AMARELAS Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, Comandante da Marinha do Brasil, fala do futuro e reforça a posição estratégica dos projetos em desenvolvimento pela organização 08 | JOGOS OLÍMPICOS Sistema SAGITARIO, da Atech, já opera no Centro de Controle de Aproximação do Galeão, no Rio de Janeiro 10 | POR DENTRO DA ABIMDE Há 30 anos lutando pelo crescimento da indústria de defesa e segurança no Brasil 11 | PESQUISA Estudo inédito encomendado pela ABIMDE junto à FIPE mostra a evolução e a importância do setor de defesa para a economia brasileira 12 | TRAJETÓRIA DGS Defence e as inovações na indústria brasileira de embarcações militares 15 | INTERNACIONAL ABIMDE compõe comitiva do ministro Jaques Wagner aos Estados Unidos com o objetivo de divulgar a indústria de defesa e segurança do Brasil

25 | ARTIGO Defesa como política de Estado - Perpétua Almeida 26 | ENFORCE TAC 5ª edição da feira realizada em Nurembergue, na Alemanha, apresenta soluções para as forças de segurança pública 28 | OFFSET IAI do Brasil vislumbra expansão e investimentos em novas parcerias 30 | TÚNEL DO TEMPO Pioneira no desenvolvimento de VANTs no Brasil: FT Sistemas completa 10 anos 35 | PARCERIA Deputado Carlos Zarattini fala dos desafios da Frente Parlamentar da Defesa 36 | COMITÊS Novidades do CSTA e do COMCIBER 37 | PONTO DE VISTA Base Industrial de Defesa: Os Primeiros Passos – Parte III

INFORME Outubro, 2015 - Edição 08

Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

PRINcIPAL ENTIDADE REPRESENTATIVA DOS SETORES DE DEFESA E SEgURANçA DO BRASIL cOMPLETA 30 ANOS DE LUTA POR POLíTIcAS MAIS SóLIDAS PARA A INDÚSTRIA

16 | MERCADO Shacman do Brasil intensifica trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e preparação dos veículos tipo VOP-1 para o mercado nacional 22 | MUNIÇÕES Desevolvimento da Limited Range, da CBC, contou com o uso de equipamentos modernos e de alta tecnologia

VERDE AMARELAS

TÚNEL DO TEMPO

PESQUISA FIPE

Novo comandante da MB, Alte. Leal Ferreira, fala sobre o futuro da corporação

FT Sistemas e o pioneirismo no desenvolvimento de VANTs no Brasil

Estudo encomendado pela ABIMDE traz balanço do mercado de defesa no País

18 | CAPA ABIMDE completa 30 anos com o reconhecimento de ser uma das entidades mais fortes do setor de defesa e segurança no Brasil


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EDITORIAL

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o observarmos a história recente das associações de classe no Brasil percebemos que o grande desafio é não perder força e espaço dentro do cenário nacional, além de não ter sua representatividade reduzida no que tange à participação de empresas associadas. No caminho para vencer este desafio, a ABIMDE tem se mostrado amplamente atuante em seu segmento e, a cada ano, reafirma seu compromisso com as companhias e organizações afiliadas frente ao fortalecimento entre as Forças Armadas e a indústria de defesa, trabalhando incessantemente para o crescimento do setor e de sua base industrial. Os anos de trabalho árduo e consistente da entidade ganharam corpo com a elaboração do estudo intitulado “Avaliação da importância socioeconômica da Indústria de Defesa e Segurança do Brasil”, elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) com a chancela do professor e ex-ministro Delfim Netto. Esta foi a primeira vez que o Brasil realizou um estudo científico sobre este tema. A pesquisa foi uma contribuição importante da ABIMDE para o setor, em comemoração aos seus 30 anos de atuação e de luta pela BID (Base Industrial de Defesa). Os investimentos em defesa e segurança trazem três importantes impactos para o País, sendo eles: soberania nacional e independência, ganhos socioeconômicos e aumento das exportações de produtos de alto valor agregado. A avaliação da Fipe quantificou o impacto atual das atividades de defesa e segurança (defesa, segurança pública e segurança privada) no PIB nacional e estimou os impactos diretos, indiretos e induzidos sobre a economia brasileira como um todo. A conclusão foi que os projetos existentes neste segmento geram aumento de produção, de emprego, de salários e remuneração de autônomos, de arrecadação, entre outros. Sentíamos que o mercado estava carente destas informações, de números que refletissem, de fato, para onde o setor caminha. Esperamos que esta pesquisa possa servir de apoio para empresas e governo no que se refere ao planejamento dos investimentos e das políticas das áreas de defesa e segurança para médio e longo prazos.

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A importância socioeconômica da Indústria de defesa e segurança do Brasil

Sami Youssef Youssef Hassuani Sami Hassuani Presidente da Presidente da ABIMDE ABIMDE


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VERDE AMARELAS

COMANDANTE DA MARINHA DO BRASIL FALA SOBRE PROJETOS E PERSPECTIVAS DA Organização PARA OS PRÓXIMOS ANOS por Valéria Rossi

“O

mar é de extrema importância para o Brasil”. Com essa afirmação, o Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, reforça a posição estratégica dos projetos que vêm sendo desenvolvidos pela Marinha do Brasil. No cargo desde o início do ano, o Comandante destaca que a Marinha está atenta e alinhada com a mensagem de austeridade defendida pelo Governo Federal, mas ressalta que os investimentos estão sendo mantidos nos projetos estratégicos como o Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), que deve receber ainda este ano R$ 1,77 bilhão. Há também o SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul) e o Programa Nuclear da Marinha (PNM), além dos esforços de manutenção e revitalização da estrutura da organização. Em relação ao patamar da Base de Indústria de Defesa (BID), o Comandante ressalta que o parque industrial brasileiro é composto por empresas avançadas, que possuem grande domínio tecnológico e são capazes de atender parte das necessidades das Forças Armadas, mas não em sua totalidade. “É preciso dominar a tecnologia de construção de navios militares de grande porte. Mas há dois aspectos a serem observados em relação ao desenvolvimento da BID”. Saiba quais são eles e quais projetos impactam diretamente a Base Industrial de Defesa na entrevista concedida pelo Comandante Eduardo Bacellar Leal Ferreira à Revista Informe ABIMDE. Informe ABIMDE - Quais as expectativas do senhor como novo Comandante da Marinha? Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira - Espero contribuir para que a Marinha do Brasil (MB) seja, cada vez mais, uma Força moderna, equilibrada

e balanceada, que disponha de meios compatíveis com a posição e aspirações do nosso País no cenário internacional e em sintonia com os anseios da sociedade brasileira. Assim, empenharei meus esforços para que a MB mantenha-se nas melhores condições possíveis de prontidão, focando no contínuo aperfeiçoamento da qualidade da instrução nas Escolas de Formação; no intensivo adestramento do pessoal que guarnece os meios operativos; e no atendimento das funções logísticas com o propósito de elevar as condições de pronto emprego dos meios operativos ora existentes, além de preparar a Força para manter os equipamentos que serão incorporados com a execução dos projetos estratégicos concebidos. Ademais, o País deve esperar uma Marinha cada vez mais próxima dos cidadãos, tanto nas ações cívico-sociais quanto no cumprimento eficiente das atribuições subsidiárias, principalmente às atinentes à Autoridade Marítima. Isso requer dedicação especial na sua atuação em águas litorâneas e interiores no que tange a segurança do tráfego aquaviário, a prevenção da poluição hídrica e a salvaguarda da vida humana no mar. IA - Quais as metas como novo comandante? Alte. Leal Ferreira - O mar é de extrema importância para o Brasil. Precisa ser vigiado e protegido em tempo de paz, e defendido em caso de conflito. As Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), nossa “Amazônia Azul”, tem de 4,5 milhões de Km². A tarefa de protegê-la é imensa e complexa, exigindo um Poder Naval moderno, equilibrado, adequadamente aparelhado e balanceado em quantidade e qualidade. Considero que meu grande desafio é garantir os recursos necessários para, em paralelo com

o desenvolvimento dos projetos estratégicos, dos quais destaco o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) e o Programa Nuclear da Marinha (PNM), manter a operação dos nossos meios atuais com capacidade que permita desencorajar ações adversas aos interesses nacionais. IA - As restrições orçamentárias vão atrapalhar muito os projetos da Marinha? Alte. Leal Ferreira - Entendendo o atual cenário econômico do Brasil, a Marinha é solidária aos esforços do governo neste momento de ajustes orçamentários. Assim, continuaremos aperfeiçoando a aplicação eficiente dos nossos recursos, garantindo a execução de atividades e projetos que são importantes para o País e buscando equilibrar a distribuição dos recursos disponíveis, sem nos descuidarmos das atribuições constitucionais e subsidiárias da Força. IA - Quais projetos estão em andamento? Existe a possibilidade para novos projetos em 2015? Alte. Leal Ferreira - No Plano de Ação 2015, alguns projetos/ programas foram considerados essenciais para a consecução dos objetivos da MB. Dentro das metas contidas no Programa de Aceleração e Crescimento (PAC) estão o Prosub e o PNM. Para as metas estratégicas da Força, destacam-se: a recuperação da capacidade operacional dos navios da Esquadra; o projeto de construção das Corvetas Classe “Tamandaré”; a obtenção de Navios-Patrulha de 500 ton; a aquisição e modernização de aeronaves; a modernização dos submarinos Classe “Tupi”; o projeto de modernização do Navio Aeródromo (NAe) “São Paulo”; a elaboração do projeto de arquitetura do Sistema de Gerenciamento da “Amazônia Azul” (SisGAAz); e a reconstrução


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da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Enquanto não ocorrer a sanção presidencial da Lei Orçamentária Anual (LOA) e os consequentes ajustes na previsão de investimentos para 2015 por parte da equipe econômica do Governo, a MB priorizará somente as despesas referentes aos contratos de funcionamento e manutenção, salvo despesas compromissadas em projetos estratégicos já consolidados e aquelas decorrentes de obrigações constitucionais ou legais da União.

Considerando, também, que a situação econômica do País recomenda prudência e contenção de gastos, a MB avaliará oportunamente a inclusão de novos projetos em 2015. IA - Como ficam projetos como o Prosub e o Sisgaaz? Alte. Leal Ferreira - Quanto ao Prosub, trata-se de um programa de Estado, que foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal em 2013. Portanto, os recursos necessários para sua continuidade vêm sendo desembolsados normalmente. Na Lei Orçamentária Anual (LOA), de 2015, ainda não aprovada, há a previsão de investimento na ordem de R$ 1,77 bilhão no Prosub. Esse programa prevê a construção de: uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM); um complexo de Estaleiro e Base Naval (EBN) às margens da Baía de Sepetiba, no município de Itaguaí-RJ; quatro submarinos convencionais e um submarino com propulsão nuclear.

Em dezembro foi inaugurado o prédio principal do Estaleiro de Construção de Submarinos, que integra o complexo do EBN e abrigará recursos técnicos e industriais que permitirão a fabricação de até dois submarinos, simultaneamente. Atualmente, os quatro submarinos convencionais (S-BR) têm previsão de entrega entre 2018 e 2021. Em relação ao SN-BR, sua construção tem previsão de início para 2017, prontificação para 2023 e disponibilidade de pleno emprego operativo para 2025. Já o SisGAAz encontra-se em fase de contratação, que teve início com a divulgação da consulta ao mercado (“Request for Proposal” - RFP), em 20 de março de 2014. No dia 19 de janeiro deste ano, a Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha (DGePEM) recebeu três propostas de empresas interessadas em exercer o papel de Main Contractor: Embraer Defesa & Segurança, Odebrecht Defesa e Tecnologia e Orbital Engenharia, listadas em ordem alfabética. No momento, essas propostas estão em análise por uma Comissão de Avaliação da Arquitetura do Sistema (CAvA). No cronograma desse projeto estão previstos nove meses para a definição de uma short list a ser divulgada em 29 de outubro de 2015 e, após um período de refinamento das propostas restantes, no qual cada proponente apresentará a sua melhor oferta final, a vencedora será anunciada em 14 de junho de 2016. Essa fase será concluída com a assinatura do contrato para desenvolvimento do SisGAAz. IA - Quanto às Olimpíadas, como a Marinha está se preparando? Alte. Leal Ferreira - Para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, na área de segurança e defesa, está prevista a participação efetiva de diversos órgãos, dentre os quais podemos destacar os Ministérios da Defesa e da Justiça, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e órgãos de Segurança Pública de governos estaduais e municipais. Trata-se, portanto, de uma operação interagências,


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em que as Forças Armadas atuarão sob a coordenação do Ministério da Defesa, em cooperação com os demais órgãos. O planejamento da MB para o emprego dos seus meios em grandes eventos foi recentemente implementado durante a realização da Copa do Mundo FIFA 2014. A MB atua na segurança das áreas marítimas e fluviais, na proteção de estruturas estratégicas, na prevenção de combate ao terrorismo e como força de contingência. Em que pese a eficácia da Força Naval ter sido considerada satisfatória durante esse evento, aperfeiçoamentos serão implementados para os Jogos Olímpicos. Portanto, durante a realização das Olimpíadas, a MB contribuirá com a segurança, intensificando as patrulhas, inspeções e outras operações de caráter naval que sejam necessárias. É importante frisar também que a Força desenvolve o Programa Olímpico da Marinha (PROLIM), que tem como foco principal a preparação de atletas militares de alto rendimento para os Jogos Olímpicos Rio-2016. IA - Como o senhor avalia a tecnologia desenvolvida pela BID? Alte. Leal Ferreira - Entendo que o desenvolvimento tecnológico da nossa Base Industrial de Defesa (BID) é um processo contínuo. Em que pese a tecnologia disponível no Brasil ainda não permitir o atendimento de todas as demandas da MB, observo que diversas iniciativas para produção de armamentos, componentes diversos, equipamentos e sistemas militares vêm se multiplicando de forma acelerada. Avalio que esse impulso no desenvolvimento da BID tenha sido marcado por dois fatores preponderantes: os Projetos Estratégicos das Forças Armadas e o marco legal estabelecido pela Lei nº 12.598/2012, que regula a sistemática de compras, as contratações e o desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa no País. A Lei nº 12.598/2012, assinada em 28 de março de 2013, e regulamentada pelo Decreto nº 7.970, permitiu diminuir o custo de produção de companhias legalmente classificadas como estratégicas e estabeleceu incentivos ao

desenvolvimento de tecnologias indispensáveis ao Brasil. A regulamentação trouxe, ainda, a possibilidade de credenciar Empresas Estratégicas de Defesa (EED), homologar Produtos Estratégicos de Defesa (PED) e mapear as cadeias produtivas do setor. Para a consecução dos projetos estratégicos da MB, é fundamental a existência de uma estrutura nacional de defesa moderna, principalmente aquela ligada à construção naval. Nesse ponto, a Marinha vem estreitando os contatos com a indústria brasileira, a fim de que esta participe, em parceria com a Força, da consecução dos projetos e programas concebidos. Posso afiançar que o atual estágio de relacionamento com estaleiros e outras empresas do setor é de cooperação, e avalio que as tratativas conduzidas até o momento estão sendo construtivas. IA - As empresas nacionais atendem a demanda da Marinha? O que o Senhor poderia destacar em termos de tecnologia hoje dominada pelo Brasil? Alte. Leal Ferreira - Na área de engenharia naval, verifica-se que algumas empresas nacionais dominam a tecnologia de construção de embarcações militares de pequeno e médio porte. No entanto, é preciso também dominar a tecnologia de construção de navios militares de grande porte. Além disso, alguns dos principais equipamentos de bordo ainda não são fabricados no País. No tocante a área de sistema de armas, percebo a existência de empresas nacionais capazes de desenvolver e produzir sistemas de dados táticos e de armas, além de simuladores, munições, mísseis e radares. No setor aeronáutico, observo que o País possui tecnologia de ponta na área de sensores, sistemas táticos de missão, aviônica, armamento e simulação. Na área de telecomunicações, a MB ainda se ressente da necessidade de recorrer a produtos estrangeiros que, efetivamente, atendam aos requisitos militares estabelecidos para os seus meios operativos. IA - O que falta na opinião do

senhor para a BID deslanchar? Qual conselho o senhor daria para as empresas nesse atual momento econômico? Alte. Leal Ferreira - Considero que há dois aspectos que devem ser observados em relação ao desenvolvimento da BID. O primeiro, cabe a nós das Forças e do Governo, garantir um aporte estável e regular de investimentos na aquisição de bens/materiais e sistemas de defesa. A BID deve, por sua vez, perseguir a satisfação dessas demandas com economicidade e atualização tecnológica, investindo em pesquisa e na criação de produtos de uso dual. IA - Como o senhor avalia as parcerias feitas com empresas estrangeiras? Alte. Leal Ferreira - A parceria com empresas estrangeiras é necessária, a fim de permitir a transferência de tecnologia, com o aproveitamento da experiência e do conhecimento técnico/administrativo de organizações com a expertise na área de defesa. Isso permite que nossos futuros projetos estratégicos para reequipamento da MB tenham cada vez mais conteúdo nacional. IA - Qual a opinião do senhor sobre o papel da ABIMDE no setor? Alte. Leal Ferreira - A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) tem um papel fundamental para o desenvolvimento da BID, pois permite o estabelecimento de um forte elo entre as Forças Armadas e a indústria de defesa. Destaco a realização anual da Mostra da Base Industrial de Defesa, conhecida como BID-Brasil, na qual diversas empresas nacionais expõem as principais soluções tecnológicas e seus produtos a potenciais compradores internacionais. IA - Qual a perspectiva para o setor de defesa? Alte. Leal Ferreira – Estamos em um ano difícil, mas espero que haja recursos suficientes para a manutenção, ainda que com alguma perda de velocidade, dos principais projetos estratégicos da MB.


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JOGOS OLÍMPICOS

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Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos em 2016 e, com a proximidade de um dos maiores e mais importantes eventos esportivos internacionais, todas as atenções se voltam para o Brasil. O controle do espaço aéreo e o nível de segurança das operações no País são alguns dos assuntos que passarão a ganhar relevância nesse contexto, já que o tráfego de aeronaves se intensificará de forma significativa, em um curto espaço de tempo, com a chegada de centenas de delegações com atletas, patrocinadores e visitantes. Para se ter uma ideia, de acordo com o ministério do Turismo, o Brasil espera receber cerca de um milhão de turistas, fora o aumento na circulação de brasileiros se deslocando para assistir aos Jogos. Para atender a essa demanda, o Centro de Controle de Aproximação do Galeão (APPGL), no por Karen Gobbatto Rio de Janeiro, órgão que controla as saídas e chegadas de aeronaves dos aeroportos do Galeão, Santos Dumont e Jacarepaguá, já está operando com o SAGITARIO (Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional).

Luiz Perez/ DECEA

SAGITARIO aumenta a segurança das operações de pouso e decolagem nos aeroportos do Rio de Janeiro

Istalações do Centro de Controle de Aproximação do Galeão (APPGL), no Rio de Janeiro


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O sistema, que foi desenvolvido pela brasileira Atech, empresa do grupo Embraer, em parceria com a FAB (Força Aérea Brasileira), é um grande aliado no gerenciamento e controle dos pousos e decolagens dos aeroportos da capital fluminense – que registrou em 2014 um movimento de 357.198 aeronaves – 3,37% a mais que em 2013, quando o número foi de 345.558 operações, conforme o Anuário Estatístico de Tráfego Aéreo do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA). O SAGITARIO marca a evolução do sistema de controle aéreo no Brasil. Esta nova solução mostra avanços na comunicação, navegação e vigilância para o comando e o controle do espaço aéreo brasileiro. O sistema permite sobrepor imagens meteorológicas à imagem do setor controlado, para acompanhar, por exemplo, a evolução de mau tempo em determinada região. Os planos de voo também podem ser editados graficamente sobre o mapa, possibilitando a inserção, remoção e reposicionamento de informações do plano de voo e até mesmo o cancelamento de operações, o que permitirá ao controlador acompanhar com maior precisão a evolução de cada voo. O software foi desenvolvido com a participação dos próprios controladores, profissionais

que atuam na linha de frente do controle de tráfego aéreo, e disponibiliza um conjunto de ferramentas operacionais de apoio à tomada de decisão mais objetiva e ágil, seguindo as melhores práticas e recomendações existentes no mercado internacional, dentre elas, os sistemas especificados pela Eurocontrol (Organização Européia para a Segurança da Navegação Aérea). “Com o SAGITARIO, os controladores de tráfego aéreo conseguem gerenciar de forma efetiva o espaço aéreo provendo, assim, uma navegação segura para aeronaves, tripulações e passageiros”, destaca o presidente da Atech, Edson Mallaco. Atualmente, o sistema opera em diversos centros de controle do País como Recife, Brasília, Curitiba, Manaus, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O projeto de modernização dos Centros de Controle de Área (ACC) e dos Centros de Controle de Aproximação (APP), com a implantação do SAGITARIO, foi iniciado em 2012 e deverá ser concluído dentro de cinco anos, quando o sistema estará em operação em 25 APPs e em 5 ACCs, além do Laboratório de Simulação na Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá, e do Instituto de Controle do Espaço Aéreo, em São José dos Campos.


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á estamos quase no fim de 2015. Novos dirigentes governamentais, parlamento renovado, severo ajuste econômico, incertezas diversas, abalos nas empresas, ingredientes que, embora amargos, não retiram o ânimo dos empresários do setor, que ao compreender que a Base Industrial de Defesa (BID) atua como braço civil da nossa soberania, não hesitaram em, uma vez mais, arregaçar as mangas e procurar soluções para suplantar a crise. Estamos completando 30 anos como Associação que realmente atua como “a voz da Indústria de Defesa e Segurança” nos diversos segmentos da sociedade e nos três poderes constituídos. Estruturamos nossas relações com o Executivo de diversas formas: participando de missão ao exterior e acompanhando o Ministro da Defesa, Jaques Wagner; estivemos presentes em feiras internacionais nos Emirados Árabes e na França; tivemos maciça exposição na feira LAAD 2015, onde assinamos memorandos de cooperação com Associações congêneres de Portugal e Suécia e recebemos, com satisfação, o Ministro da Defesa em algumas empresas, iniciando um ciclo de visitas às Associadas. Com o legislativo, estivemos presentes no lançamento da Frente Parlamentar de Defesa e recebemos a Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, à época, a deputada federal Perpétua Almeida, como palestrante, apresentando em ambas as ocasiões o resultado de nosso trabalho e a vontade férrea de fortalecer cada vez mais as indústrias que compõem a BID. Realizamos estudos e trabalhos visando esclarecer a sociedade sobre o valor dos investimentos em produtos e serviços ligados à defesa e à segurança, bem como procuramos reduzir as garantias exigidas pelos órgãos governamentais parametrizando os valores intelectuais que constituem o maior patrimônio das Associadas. Foram 30 anos vividos por empresários que acreditam em um Brasil melhor para as futuras gerações e que, atendendo a requisitos das Forças Armadas e dos Órgãos de Segurança, procuram oferecer os melhores produtos e serviços. Sem falsa modéstia, a família ABIMDE merece comemorar em grande estilo seus 30 anos. Não envelhecemos, nos aprimoramos. Certamente resta ainda muito o que fazer, mas estejam certos de que estamos dispostos a legar um Brasil mais soberano àqueles que nos sucederem.

Há 30 anos lutando pelo crescimento da indústria de defesa e segurança no Brasil

Carla Dias

Parabéns, ABIMDE!

Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Vice-Presidente Executivo

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POR DENTRO DA ABIMDE


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Indústria da Defesa e Segurança movimentou R$ 202 bi, em 2014

colaboração da Base Industrial de Defesa (BID) na economia foi medida por estudo inédito da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e mostra que o setor movimentou R$ 202 bilhões em 2014, ou seja, 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) Brasil. A pesquisa, encomendada pela ABIMDE, apresentou dados dos impactos diretos, indiretos e induzidos sobre a economia brasileira, valores a serem propiciados pelos projetos de investimento do PAED (Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa). “Ao comemorar os 30 anos da ABIMDE, apresentamos à sociedade o resultado dos impactos do setor de defesa na economia brasileira, mensurado pela FIPE com a chancela do ex-ministro Delfim Netto”, disse o presidente da associação Sami Youssef Hassuani. Como o PIB é o indicador do crescimento da economia, é determinante saber o valor da contribuição do setor para a cadeia produtiva. “Os efeitosdos impactos sociais e econômicos permitem estimar e planejar os resultados das políticas de longo prazo de investimentos do Governo no setor de defesa nacional”, afirma o economista e professor Joaquim José Martins Guilhoto, vice-diretor da FEA-USP/FIPE, que coordenou o estudo. O economista e ex-ministro Delfim Netto destacou que o setor da Defesa é responsável pela salvaguarda das “três forças independentes que dão sustentação à soberania nacional” – água, energia e alimentos, e ressaltou que a sociedade precisa entender a sua importância. “O Brasil precisa da indústria de defesa para ser capaz de proteger suas riquezas e seus direitos. É uma indústria dissuasiva, fundamental para a soberania nacional.” Em mensagem enviada à ABIMDE, o Ministro da Defesa, Jaques Wagner, declarou que é imprescindível que a sociedade brasileira conheça a importância socioeconômica da Indústria de Defesa. “As atividades do complexo de defesa e segurança brasileiro geram ganhos significativos para o nosso

por Alexandra Penhalver

país, promovem pesquisas e desenvolvimento de tecnologias nacionais - muitas delas de uso dual -, impulsionam a economia, aquecem o mercado de trabalho por meio de impactantes multiplicadores de emprego e geram produtos exportáveis de alto valor agregado.” Retorno de Impostos A pesquisa quantificou a produção, geração de emprego, renda, salário e remuneração de autônomos, arrecadação de tributos, valor adicionado e impacto no PIB do setor de defesa e segurança no Brasil, nos últimos seis anos (2009 – 2014), considerando toda a cadeia produtiva do setor, excluindo os desembolsos com os inativos. “A cada R$ 10 bilhões investidos no setor de defesa e segurança, o governo tem o retorno de R$ 5,5 bilhões em tributos. Este é um retorno muito maior que a média praticada na economia brasileira”, explica Guilhoto, da FIPE. O estudo destaca ainda o investimento em profissionais e o “arrasto tecnológico” que beneficia toda a sociedade. “Como os salários são acima da média da economia, se produz um efeito induzido expressivo, com impactos sociais e econômicos positivos, o que permite avaliar o quanto é crucial planejar as políticas de longo prazo de investimentos no setor de defesa nacional”, conclui Hassuani.

NÚMEROS • R$ 202 bilhões ou 3,7% do PIB/Brasil • R$ 110 bilhões: despesas correntes de Defesa e Segurança • R$ 47 bilhões: esfera estadual, representada pelas Polícias Militares • R$ 31 bilhões: Segurança Privada • R$ 25 bilhões: Defesa Nacional • R$ 7 bilhões: Segurança Federal Fonte: FIPE/ABIMDE


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DGS Defence: marca de inovação na indústria brasileira de embarcações militares

TRAJETÓRIA

Estaleiro sediado no Rio de Janeiro utiliza alta tecnologia em engenharia naval para atender missões especiais das Forças Armadas do Brasil

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Fotos: Divulgação

DGS Defence nasceu em 2007, em função da determinação e espírito inovador do desenhista industrial Abilio Di Gerardi, seu fundador e presidente. Em 1998, Abilio deixou para trás uma promissora carreira de executivo no setor de petróleo para se dedicar a uma empreitada que unia sua paixão por barcos a uma necessidade de mercado. Hoje, a DGS Defence é um estaleiro brasileiro dedicado a projetos e construção de embarcações militares com o uso de alta tecnologia em engenharia naval. Cada lancha da companhia é um projeto exclusivo, desenvolvido a partir das necessidades e características especiais das missões das Forças Armadas do Brasil. “Desenvolvemos uma nova geração de embarcações militares para o governo brasileiro com base em inovação

e excelência técnica”, explica Abilio Di Gerardi. Com oito anos no mercado naval, a DGS Defence cresce de forma sólida e sustentável. Ao longo dos últimos anos, desenvolveu e detém a patente das embarcações tubulares rígidas híbridas - ETRHs (Extreme Hull - XH®). As ETRHs não afundam, não pegam fogo, têm longa vida útil e baixo custo de manutenção. Por conta de seus produtos inovadores, a DGS já obteve no mercado inúmeros atestados de capacidade técnica de seus clientes, dentre eles, a a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro, a Polícia Federal e o GEFROM (Grupo Especial de Fronteira). Também é o único estaleiro do país que produz um modelo de lancha de interceptação e patrulha blindada e com sistema antirradar, as DGS 888 (Interceptor e Patrol).


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Principais produtos do estaleiro Primeira embarcação blindada e com tecnologia stealth (de baixa percepção por radares inimigos) do país, a DGS 888 foi idealizada para o trabalho da Polícia Federal (PF) brasileira na vigilância dos rios de fronteiras do país. Uma embarcação modelo Interceptor, com três motores de popa (900 HP), está sendo usada desde 2012 pela PF em Guaíra (PR), na divisa com o Paraguai. Entregue no ano passado, um modelo Patrol da 888 está em operação na região de Foz de Iguaçu. Com propulsão hidrojato a diesel, ela permite navegabilidade num espelho d’água de 30 centímetros. Os dois barcos dão apoio ao trabalho dos agentes federais na repressão ao contrabando e tráfico de drogas. Também há três embarcações modelo DGS XH 600 FH, fornecidas à Marinha, que estão em operação na fronteira leste do país, em apoio a importantes pesquisas científicas na Ilha de Trindade, e no Polo Sul em serviços de logística para a base brasileira de Comandante Ferraz, na Antártida. Com 6 metros de comprimento e motor de popa de até 150 HP, essa embarcação enfrenta todo o tipo de adversidade e abre caminho no mar em meio a grandes blocos de gelo para transportar militares e pesquisadores brasileiros pelo continente gelado. No portfólio da linha de produção da DGS Defence, destacam-se ainda o novo modelo da

DGS 650, equipado com motor de popa de 150 HP e com capacidade de transportar até oito pessoas (piloto e 7 passageiros); e a DGS 777, para até 14 pessoas (13 mais o tripulante), com motorização de até 350 HP e capacidade de transportar até 1.610kg de carga. Exercícios militares no Mar do Líbano A primeira geração da DGS 777, embarcação multimissão, equipou a Fragata Liberal da Marinha do Brasil, que participou no ano passado de várias operações navais no Mar do Líbano. Essas ações foram conduzidas pela Força-Tarefa Marítima da UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), criada em 2006 pela ONU para auxiliar a Marinha libanesa a patrulhar seu litoral. Nos exercícios em águas internacionais, foram realizadas ações de abordagem com apoio de mergulhadores, simulação de contato de interesse e abordagem do navio em conjunto com a Marinha da Alemanha, Líbano, Turquia, Indonésia e de Bangladesh. Recentemente, a DGS entregou à Marinha brasileira um novo modelo de embarcação da linha 650. O barco, batizado de Robalo, está sendo usado para patrulhar a área restrita do complexo do Depósito de Combustíveis da Marinha, no Rio de Janeiro, e para apoio a embarcações que abastecem naquela base.


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INTERNACIONAL

ABIMDE integrou comitiva do Ministro da Defesa em viagem aos Estados Unidos por Alexandra Penhalver

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VISITA ÀS ASSOCIADAS DA ABIMDE Em junho, Jaques Wagner iniciou agenda de visita às empresas filiadas à Associação . “O ministro quer conhecer nossos associados e, conforme disponibilidade de sua agenda, vamos marcar as visitas”, afirmou Sami Hassuani, presidente da ABIMDE. A primeira companhia visitada foi a Condor Tecnologias Não-Letal, líder mundial deste segmento, em 17 de junho. Na fábrica em Nova Iguaçu (RJ), o ministro foi recebido pelo presidente da empresa, Carlos Frederico de Aguiar. Já em 25 de junho, pouco antes de embarcar para os EUA, Wagner esteve em São José dos Campos (SP) e visitou a sede da Avibras, onde foi ciceroneado pelo presidente, Sami Hassuani. No mesmo dia, conheceu as instalações da Mectron. Ao lado do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o ministro da Defesa conheceu a Helibras, em 24 de julho, sendo recebido pelo presidente da empresa, Eduardo Marson, em Itajubá (MG). O comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, e o diretor do Departamento de Produtos de Defesa (DEPROD) do Ministério da Defesa, Brigadeiro José Augusto Crepaldi, também participaram da comitiva. Segundo Jaques Wagner, governo e indústrias do setor têm como interesses em comum “o desenvolvimento tecnológico dos produtos de defesa nacional, e que mesmo com “controle orçamentário (do governo) há esforços para que a indústria de defesa continue sendo estimulada a produzir”.

Divulgação

omo o objetivo de divulgar a Indústria da Defesa e Segurança do Brasil e estreitar laços comerciais e tecnológicos com os Estados Unidos, além de potencializar as exportações brasileiras do setor, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, esteve naquele país, em companhia de comitiva formada por empresários ligados à ABIMDE e representantes da BID (Base Industrial de Defesa), em 26 de junho. O presidente da ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança), Sami Youssef Hassuani, fez parte da comitiva ao lado de executivos de 17 empresas brasileiras do setor e representante da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O grupo, liderado por Jaques Wagner, participou de encontro com empresários norte-americanos, na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, a convite do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, Brazil-U.S. Business Council, em Washington DC. Na reunião, o ministro brasileiro apresentou os projetos estratégicos do país e revelou que o governo do Brasil quer acelerar os processos bilaterais que podem estimular a parceria estratégica com os EUA. Também foram tratados temas de interesse comum das indústrias de ambos os países, além da criação de um fórum para aprimorar as relações no setor de defesa. Fizeram parte do grupo, empresas associadas à ABIMDE como Avibras, Action Cargo, Altave, AEL Sistemas, Bradar, Condor, Embraer, CBC, BR Defesa, BCA, DGS, Santos Lab, Storm e Rockwell Collins do Brasil.

Da esquerda para a direita: Leonardo Nogueira, da Altave; Frederico Aguiar, da Condor; Jaques Wagner, ministro da Defesa; Joarley Moisés, da BR Defesa; e Juliano Lázaro, da Bradar


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MERCADO

Fotos: Divulgação

SHACMAN QUER EXPANDIR COMERCIALIZAÇÃO DE VOP-1 NO BRASIL

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pós apresentar o projeto militar na feira LAAD Defence & Security 2015 e em reuniões específicas junto aos órgãos e autoridades competentes, a Shacman do Brasil intensifica seus trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e preparação dos veículos tipo VOP-1 para o mercado brasileiro. Com uma base própria no Brasil, a empresa está realizando exaustivos testes em pistas especiais, com componentes de fabricantes locais, para que os veículos suportem com alta performance o clima e os terrenos brasileiros, atendendo com excelência e total competência os requisitos operacionais básicos das forças armadas nacionais. “Os caminhões já apresentam total potencial e não te-


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mos preocupação quanto ao desempenho, estamos realizando diversos testes internos para nos certificarmos dos componentes nacionais que estamos desenvolvendo, pois iremos atender ao mercado brasileiro de maneira consolidada. A viatura e o soldado nunca podem parar”, comenta Thiago Satiro, 1º Tenente R/2 do quadro de material bélico e gerente de veículos militares da Shacman do Brasil. O primeiro caminhão a ser homologado é um modelo 6x6 com tração integral, que deverá ser entregue aos órgãos competentes até o final deste ano, podendo assim participar de futuras licitações para este tipo de veículo. O objetivo da Shacman do Brasil é atender a qualquer demanda das Forças Armadas dentro do seu portfólio.


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CAPA


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ABIMDE 30 Anos - Maturidade por Karen Gobbatto

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ortalecer a indústria de defesa e segurança, lutando por uma política pública e fiscal mais justa e que contribua para o desenvolvimento do setor, foi o que motivou um grupo de empresários – nove ao todo – a se unir, em 1985, e fundar a ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança). Iniciava-se aí a história da entidade. O que começou com nove empresários há 30 anos, hoje é uma das entidades mais fortes e representativas do segmento de defesa. Com 216 empresas associadas, congregando toda a cadeia produtiva, a entidade mantém, até hoje, o foco na necessidade de garantir políticas cada vez mais sólidas para que as indústrias de defesa brasileiras não apenas participem dos projetos ligados à soberania nacional, mas possam ser protagonistas desse desenvolvimento tecnológico como polo econômico e social. A participação econômica, inclusive, foi mapeada em recente estudo elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Aplicada), encomendado pela ABIMDE, que identificou que, somente em 2014, por exemplo, o setor foi responsável por movimentar mais de R$ 202 milhões, ou 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Além disso, foi verificado que o setor tem uma empregabilidade diferenciada, com mão de obra altamente especializada e salários acima da média de outras áreas (leia mais sobre o estudo na página 11). Mas, se a história da ABIMDE começou há 30 anos, a história da indústria de defesa do país é bem mais antiga e remete ao Brasil Colônia. Como bem ressalta o Almirante Marcílio Boavista da Cunha, membro do Conselho Consultivo da ABIMDE, no livro “A Indústria Brasileira de Material de Defesa”, publicado em 2010, a indústria de defesa brasileira teve seu embrião antes mesmo de a família real se transferir para o Brasil. Com a necessidade de proteger as fronteiras marítimas de invasões e pirataria, o Brasil Colônia desenvolveu uma rica indústria naval para a construção e a manutenção de embarcações, com destaque para os caravelões (pequenas caravelas). Além disso, criou também uma indústria bélica para a produção de armas e munições. Com a chegada da família Real, esse processo de implantação de uma indústria de defesa ganhou novo fôlego. Em 1808, por ocasião da criação da Real Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas por D. João VI, no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro (RJ), o país deu o primeiro passo para a retomada desse desenvolvimento. Por conta disso, a Fábrica de Pólvora, atual IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil), conquistou a primazia de ser considerada a primeira Empresa Estratégica de Defesa e Segurança do Brasil, ao ser, oficialmente, constituída nos termos da Lei nº 6.227, de 14 de julho de 1975, como uma empresa pública dependente, com personalidade jurídica de direito privado, vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio do Comando do Exército. A Segunda Guerra Mundial, relata o Almirante Boavista, deu novo impulso à Indústria Brasileira de Materiais de Defesa, mas, a partir da década de 1950, o país assina um acordo com os Es-


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tados Unidos de assistência militar para receber excedentes de guerra. “Ao usar essa facilidade, disfarçamos nossas reais necessidades de defesa e destruímos as iniciativas para atendê-las”, escreveu o Almirante. A década de 1980 chegou com novas perspectivas, com uma indústria de defesa nacional se reerguendo e um governo ciente da importância de se estimular a pesquisa e o avanço tecnológico nacional. Mas, como os empresários do setor “denunciavam”, a indústria brasileira não conseguia competir em igualdade de condições com a internacional, pois os impostos incidentes sobre o produto nacional pesavam muito, enquanto que havia produtos internacionais que chegavam a receber até mesmo isenção total de tarifas de importação. Este cenário foi o que motivou a criação da ABIMDE, que nesses 30 anos teve participação direta no fortalecimento do setor. O novo milênio chegou com novas perspectivas econômicas para todo o país e as indústrias de defesa também se beneficiaram dessa situação. Nas últimas décadas, o governo brasileiro passou a valorizar cada vez mais a necessidade de o país ter independência tecnológica e a cadeia produtiva estava preparada para atender o mercado. A ABIMDE teve papel fundamental para isso, destaca o presidente da entidade, SamiYoussef Hassuani. A força política da Associação, que a cada ano se faz mais presente, contribuiu para a adoção de novas diretrizes pelo governo brasileiro. Em 2008, foi apresentada, pelo Governo Federal, a Estratégia Nacional de Defesa (END), por meio do Decreto nº 6.708, de 18 de dezembro, dando nova perspectiva ao setor e definindo as políticas e orçamentos de médio e longo prazos, consolidando, assim, uma política nacional de valorização da indústria de defesa e que vislumbra, em última instância, a soberania nacional. Dentre outros objetivos, o projeto determina

a “reestruturação da indústria brasileira de material de defesa como propósito de assegurar que o atendimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas apoie-se em tecnologias sob domínio nacional”. Atualmente, mais de 90% das vendas do setor estão concentradas na relação com o governo brasileiro nas três esferas, municipal, estadual e federal. A Indústria de defesa e segurança no Brasil engloba uma série de atividades de produção e de serviços que, além de contribuírem para a segurança nacional, possuem um papel importante em termos de impactos econômicos e sociais. Para completar, a END determinou a transferência de tecnologia para a indústria nacional naqueles projetos em que o Brasil não tem o domínio do conhecimento. “Essa determinação tem sido decisiva para que a indústria nacional se desenvolva e conquiste condições de competir em nível de igualdade com os principais players mundiais”, destaca Hassuani. Com isso, o país passou a contar com uma política para a implantação de programas que visam aparelhar o Estado com tecnologia e equipamentos capazes de proteger o país. Entre eles, destacam-se o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), o SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul), o Proteger (Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres) e todos os demais projetos de integração nacional e de defesa. “Todos eles contam com a participação das indústrias de defesa, contemplando parcerias com empresas internacionais por meio da transferência tecnológica. Nesses últimos cinco anos, podemos dizer que a indústria de defesa brasileira avançou décadas na absorção de tecnologia crítica. Nada disso seria possível sem que todo o setor trabalhasse unido em busca de políticas públicas comuns”, reforça Hassuani.


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ABIMDE e o mercado “Parabenizo a ABIMDE por seus 30 anos de profícuas atividades contribuindo para ampliar, renovar e fortalecer a Base Industrial de Defesa brasileira. Ao priorizar esse setor, a ABIMDE criou condições para que o Brasil retome posição de destaque no mercado internacional, apostando na importância da indústria nacional de defesa como grande estimuladora de oportunidades para os projetos estratégicos e de consolidação da soberania do país. O desenvolvimento do setor de pesquisa e de tecnologia nacionais tem impulsionado a economia como um todo e, em particular, o mercado de trabalho. Além de influenciar positivamente a balança comercial ao gerar produtos de alto valor agregado para o mercado externo. Dessa forma, reforço o compromisso do Ministério da Defesa com o estímulo institucional à indústria de defesa brasileira, e com a continuidade dos investimentos nas Forças Armadas”. - Jaques Wagner, ministro da Defesa “Saudando a ABIMDE neste trigésimo aniversário, convido a Associação e a todos os leitores a refletirem sobre como podemos construir, juntos, uma cultura de defesa como política de Estado para que ela seja capaz de preparar nossas Forças Armadas para os desafios do presente e do futuro”. - Perpétua Almeida – ex-deputada federal pelo Acre e ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Hoje, atua como assessora especial do ministro da Defesa, Jaques Wagner.

presentes. Valorizar a indústria de defesa é, hoje, uma necessidade para a autonomia industrial, que garante nossa soberania, e para o fortalecimento de uma indústria nacional comprometida com a inovação tecnológica”. - Deputada Jô Moraes (PCdoB – MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional “Acho que a ABIMDE, nestes 30 anos, assume a sua maioridade. Sua participação e o seu papel adquiriram importância dentro da indústria de defesa nacional” - Beatriz Rosa, membro do Conselho Fiscal da ABIMDE “O interessante é notar como a ABIMDE conquistou credibilidade e confiança do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, tornando-se a representante da indústria de defesa nacional” Almirante Marcílio Boavista da Cunha, membro do Conselho Consultivo da ABIMDE. “Estamos neste mercado há 43 anos. A ABIMDE faz a grande diferença, principalmente para as micro empresas como a minha. Ao participar das atividades da entidade tentamos estar mais próximos do que está acontecendo em nosso mercado” - Odilon Lobo de Andrade Neto, empresário e membro antigo da ABIMDE

“Parabéns, ABIMDE, pelos 30 anos de serviços prestados à sociedade e ao setor de defesa. Acredito que a parceria da entidade com o congresso poderá contribuir para avançarmos ainda mais no setor de defesa, garantindo assim a soberania nacional”. - Deputado Federal Carlos Zarattini (PT – SP), presidente da Frente Parlamentar Mista da Defesa Nacional no Congresso Nacional

“A associação tem crescido e se fortalecido muito nos últimos anos. Tenho participado de forma ativa dos últimos sete anos de história e posso dizer que a ABIMDE tem um futuro promissor com o fortalecimento da Base da Indústria da Defesa (BID), sendo a ‘voz’ da indústria e demonstrando ao País a relevância de todos os associados, sejam nacionais ou multinacionais, grandes, médios ou pequenos. Todos produzem com foco no desenvolvimento do Brasil”. - Fernando Ikedo, membro do Conselho Consultivo da ABIMDE

“Ao chegar aos seus 30 anos, a ABIMDE enfrenta o seu maior desafio: fazer com que o potencial inovador de suas associadas seja valorizado, particularmente, num momento em que o país busca sua reindustrialização. Num mundo em crise, onde a disputa por mercados se faz cada vez mais intensa, é na exportação de produtos com valor agregado a possibilidade real de o Brasil encontrar os caminhos para a superação dos obstáculos

“Hoje, a ABIMDE é a maior representante do setor que construiu o caminho para colocar, definitivamente, a indústria da defesa nacional na agenda do Brasil. Estabele um excelente contato com o governo, tanto no Executivo como no Legislativo. Sua atuação é firme e com vistas para o futuro”. - Coronel Cesar Lourenço Botti, chefe do Departamento de Relações de Mercado da Imbel


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CBC APRESENTA .50 LIMITED RANGE

MUNIÇÕES

Desenvolvimento da munição contou com time de especialistas CBC em balística e o uso de equipamentos modernos e de alta tecnologia

Fotos: Divulgação

Após o disparo, o movimento rotacional do projétil gera forças contrárias à resistência do ar que impedem que este tombe na direção paralela à trajetória. Esse fenômeno é chamado de estabilização giroscópica e é indispensável para que o projétil tenha uma performance consistente, seja em alcance, manutenção da velocidade linear, precisão, dentre outros aspectos. Em função do atrito com o ar, a velocidade linear do projétil naturalmente decai muito mais rapidamente do que a velocidade rotacional, o que garante uma trajetória estável ao projétil durante todo o percurso até o alvo. Ao contrário das munições convencionais, em que se busca minimizar as forças dissipativas de arraste, as munições Limited Range têm seu alcance limitado por meio da intencional redução da velocidade rotacional do projétil a partir de uma certa distância percorrida, definida pela distância usual empregada em treinamentos. O projétil Limited Range perde então sua estabilidade e atinge distâncias não maiores do que metade do alcance convencional. Da observação cuida-

dosa da ilustração do projétil abaixo, observa-se três frisos verticais usinados. Esses frisos são os responsáveis pelo aumento das forças de atrito radiais que reduzem a velocidade rotacional. O formato, quantidade e dimensões dos frisos definem quando o projétil perderá estabilidade em função da sua velocidade inicial. O desenvolvimento deste projétil especial exigiu um time de especialistas em balística e muitas horas de engenharia, além do uso de equipamentos modernos e de alta tecnologia. Durante a etapa de qualificação das munições Limited Range CBC no calibre 12,7x99 mm (.50 BMG), a empresa contou com a importante ajuda da Força Aérea Brasileira que, gentilmente, permitiu o uso de suas instalações no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno – CLBI, no Rio Grande do Norte, para execução do teste qualificatório de garantia de trajetória. Foram realizados mais de 2.000 disparos e, com o auxílio do experiente time de oficiais operadores do radar do CLBI, foi possível monitorar a trajetória e comprovar o alcance máximo dos projéteis.


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Em termos quantitativos, uma munição convencional CBC no calibre 12,7x99 mm tipo Comum M33 possui alcance máximo de aproximadamente 7.000 metros, enquanto a versão Limited Range tem alcance não maior que 3.500 metros. As trajetórias dos projéteis Convencional M33 e Limited Range são iguais, concordantes em até 800 metros de distância, ou seja, o caminho percorrido pelo projétil e o ponto de impacto são os mesmos, não sendo necessárias modificações nas condições de treinamento. Assim, as munições 12,7x99 mm Limited Range CBC oferecem vantagens operacionais e logísticas ao permitir o treinamento em áreas que antes não comportavam o calibre .50 BMG. Em fato, com um alcance máximo de 3.500 me-

tros, é possível adotar a mesma área de risco usada para o calibre 7,62x51 mm, aumentando significativamente o número de locais disponíveis para treinamento e, proporcionando assim, maior flexibilidade. Também garantem maior eficiência logística por permitir treinamentos mais próximos aos quartéis, garantindo economia de recursos envolvendo deslocamento de pessoal, equipamentos e insumos para áreas afastadas. Além de permitir treinamentos simultâneos em áreas maiores, tem a vantagem de não requerer modificação da arma ou instalação de kits de conversão. Essas munições são fabricadas seguindo os padrões de qualidade e desempenho estabelecidos pelas normas OTAN. Traçante

A CBC dispõe de munições com a tecnologia Limited Range no calibre 12,7x99mm nas versões Comum e Traçante, com as seguintes características:

12.7x99mm Limited Range Comum

12.7x99mm Limited Range Traçante

Comum

(1) Temperatura: 21°C; Provete (comprimento do cano): 1143mm (2)Valor de referência. Velocidade ajustada à permitir concordância com a munição .50 Comum M33 a 800m

Nos lançamentos de produtos militares dos últimos anos, destacam-se alguns projetos inovadores da CBC: ▪ 5,56 e 7,62 IR Tracer (Traçantes Infravermelho): Com traço visível apenas com óculos de visão noturna. Estas munições traçantes representam grande vantagem tática em operações noturnas, permitindo ao atirador a localização adequada do alvo, porém dificultando a sua localização pelo oponente. ▪ 5,56 Steel Arrow Tip (SAT): Nova geração de cartuchos 5,56 com alto poder de penetração e alcance, com performance superior ao calibre 7,62 Comum em alvos protegidos, permitindo um desempenho mais eficaz e a maior distância. Compatível com o novo Rifle IA2 fabricado pela Imbel.

▪ .223 Rem, .308 Win, .338 Lapua Magnum e .50 Sniper: Munições de alta precisão e elevada transferência de energiapara utilização tática, com alta confiabilidade de trajetória, mesmo após a transfixação de barreiras. Permite o uso em situações de risco extremo, envolvendo alvos localizados em situações urbanas ou de alta concentração de pessoas. ▪ 30x 173 mm: O mais recente produto desenvolvido na linha de médios calibres CBC, a munição 30x173 mm, é utilizada no novo blindado 6x6 do Exército Brasileiro, a VBTP-MR, também conhecida por Guarani. Disponível nas versões de projéteis de treinamento e operação, dos tipos Exercício Traçante (EX-T) e Alto-explosivo Incendiário (AEI).


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ARTIGO

DEFESA COMO POLÍTICA DE ESTADO

Gustavo Lima

“Estratégia Nacional de Defesa é inseparável de Estratégia Nacional de Desenvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação”. Se nos orientarmos pela frase grafada na Estratégia Nacional de Defesa (END), podemos afirmar que a defesa deve ser vista como um bem público em consonância com as demandas imediatas e de longo prazo de um país e de sua população. Portanto, deve ser um tema de domínio público, um modelo mental de consciência da própria sociedade. É neste sentido, e com este senso de responsabilidade imediata e estratégica, que o Brasil avançou significativamente na matéria. Em 2005, instituiu-se uma Política Nacional de Defesa, cujo objetivos e forma de alcance foram sintetizados na END, em 2008 - momento no qual as questões de defesa entraram, definitivamente, na agenda política nacional. Mas temos ainda um longo caminho pela frente para conseguirmos criar uma cultura de defesa como política de Estado e não apenas como política de governo. É pensando nesta direção, com suporte ao desenvolvimento de nosso país, que comemoramos os 30 anos da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE). A própria END tem, como segundo de seus três eixos estruturantes, a reorganização da indústria nacional de material de defesa para assegurar que o atendimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas apoie-se em tecnologias sob domínio nacional. E esta integra-

Perpétua Almeida

ção entre civis e militares em torno do desenvolvimento do Brasil, e da Soberania Nacional, é muito bem-vinda. Saudando a ABIMDE neste trigésimo aniversário, convido a Associação e a todos os leitores a refletirem sobre como podemos construir juntos uma cultura de defesa como política de Estado, para que ela seja capaz de preparar nossas Forças Armadas para os desafios do presente e do futuro. Assim, devemos pensar também como cada empresa de defesa se insere na tarefa de juntar-se aos Ministérios da Defesa, da Ciência e Tecnologia, da Indústria e Comércio, das Relações Exteriores e com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a fim de aglutinar forças e personalidades da política, da economia, da academia e dos diversos órgãos e instituições governamentais, com vistas à proteção da soberania do Brasil e do patrimônio de todos os brasileiros. Estas questões exigem, cada vez mais, coordenação entre pastas de governo e o envolvimento direto da sociedade em uma verdadeira “brigada” pela cultura de defesa. Esta é uma grande questão nacional e de interesse da nação brasileira – dentro de suas diversas expressões políticas, intelectuais e sociais, independentemente da cor partidária que esteja governando o país. Ela não é assunto de uma corporação, por mais importante que esta seja, nem é tema de especialista, mas localiza-se no contexto da independência e da soberanianacional. É tema de interesse de toda a nação e, portanto, base indispensável para nosso projeto de desenvolvimento.

Perpétua Almeida - Foi deputada federal pelo Acre por três mandatos e presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Está, atualmente, na assessoria do ministro da Defesa, Jaques Wagner. (perpetua.almeida@defesa.gov.br)


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ENFORCE TAC

Nurembergue Nurembergue éé ponto ponto de de encontro encontro para para especialistas especialistas em em segurança segurança pública pública

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erá realizada nos dias 2 e 3 de março de 2016, no Centro de Exposições de Nurembergue, na Alemanha, a 5ª edição da feira especializada Enforce Tac. Além de armas e munições para forças de segurança pública, optrônica e tecnologia de informação e comunicação, os expositores apresentarão na Enforce Tac também trajes de campanha, como coletes à prova de bala e de armas brancas, protetores de corpo e cabeça, escudos e capacetes, bem como veículos para campanhas especiais. Em paralelo, o Simpósio Técnico Europeu de Treinadores Policiais oferecerá, por meio do seu programa de palestras e treinamento prático, amplas oportunidades para intercâmbio técnico entre especialistas. A Enforce Tac desenvolveu-se a partir do tradicional Encontro de Autoridades da IWA OutdoorClassics, a feira líder internacional de caça e esporte de tiro ao alvo, equipamento de operações externas e de segurança civil e pública, há décadas realizada anualmente em Nurembergue.


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Fotos: Divulgação

a Segundo o Diretor de Exposições (IWA OutdoorClassics / Enforce Tac) Thomas Preutenborbeck, o crescente interesse em um intercâmbio internacional e ao mesmo tempo discreto sobre law enforcement (imposição legal), segurança e equipamento tático resultou em 2012 na estreia da Enforce Tac como feira especializada, autônoma e exclusiva. “Ela continua a ser realizada em estreita conexão com a IWA OutdoorClassics nos dois dias que a precedem, tendo em sua última edição atraído a Nurembergue 1.379 expositores e 42.000 visitantes técnicos de todo o mundo”, explica o executivo. A ideia de reunir um número controlável de especialistas de uma temática crítica em uma feira especializada de altíssimo nível, e não apenas em um evento técnico mais genérico, teve excelente repercussão: em 2015, nove entre dez expositores conseguiram atingir aqui seus principais grupos-alvo e entabular novos relaciona-

mentos comerciais. “A Enforce Tac foi projetada exclusivamente para as demandas de especialistas em segurança das forças policiais, de guarda de fronteiras, alfândega, justiça, polícia militar e das forças armadas. O acesso é sujeito a um rigoroso controle e é restrito a visitantes técnicos credenciados”, afirma Preutenborbeck. Em conjunto, a Enforce Tac e a IWA OutdoorClassics, imediatamente subsequente, oferecem um espectro abrangente de produtos de segurança, com a Enforce Tac constituindo o ambiente para contatos exclusivos com representantes das autoridades. Resumindo: em uma só viagem de trabalho duas feiras de alto calibre concentradas em um só lugar – a antiga cidade e centro comercial de Nurembergue no sul da Alemanha, atraente mesmo após o encerramento da feira.


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Trajetória da IAI no Brasil conta com expansão e investimentos em novas parcerias por Karen Gobbatto

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á décadas atuando na América do Sul, a IAI (Israel Aerospace Industries) tem o Brasil como um de seus principais mercados na região. Tanto, que a companhia decidiu abrir um escritório no país para ter maior proximidade com os clientes e fortalecer as relações comerciais. Este foi o primeiro passo da estratégia de expansão da empresa israelense, que pretende ter uma base industrial no território nacional, bem como uma rede de apoio técnico para atender as necessidades locais. Dentro deste modelo, a empresa está aberta à transferência de tecnologia, tendo participação própria em algumas organizações e cooperação com outros parceiros estratégicos.

Desde que inaugurou seu escritório no Brasil, já fechou contrato de aquisição de participação com duas Empresas Estratégicas de Defesa (EED), IACIT – que atua na área de auxílios e controle da navegação aérea, radares, comunicação, optrônicos, C2 e contra medidas eletrônicas (Jammers), em 2013. Em 2014, foi a vez da Avionics – presente no mercado de equipamentos aviônicos, engenharia e certificação, modificação de aeronaves (militares e civis), simuladores e VANT’s. “As vantagens de tal operação é a participação na indústria brasileira com uma estratégia de difundir nossas atividades e presença no país e na região (América do Sul)”, sendo a única empresa estrangeira a ter participação em duas EED’s”, comenta Henrique Gomes, CEO da IAI do Brasil.


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Uma das principais conquistas da companhia no mercado nacional foi a concorrência do KC-X2 (aeronave de reabastecimento e de carga) para a Força Aérea Brasileira (FAB), um dos projetos estratégicos do governo brasileiro. Além deste, o executivo destaca a aquisição do VANT Heron 1 pela Polícia Federal. Atualmente, as parcerias com a IACIT e a Avionics também estão rendendo bons frutos. Com a IACIT está trabalhando no desenvolvimento do radar Over-the-horizon, utilizado para vigilância marítima. Com base em tecnologia desenvolvida em cooperação com a Elta (subsidiária da IAI), o radar está sendo instalado pela IACIT em uma base da Marinha do Brasil e entrará em teste de operação ainda este ano. Esta cooperação representou um grande ganho de tempo e de investimento na solução para a empresa nacional. Com a Avionics está avançando no desenvolvimento do VANT Caçador, projetado para atender requisitos brasileiros específicos, únicos e avançados com seus interesses estratégicos especiais. “A produção será realizada no Brasil por uma indústria local. A Avionics já começou o processo de produção, manutenção e operação para a fabricação do Caçador. A sede operacional está localizada no aeroporto de Botucatu (SP)”, explica Gomes. A IAI continua analisando o mercado para outros potenciais parceiros e investimentos que poderão, inclusive, serem anunciados em 2015 e 2016. “Certamente que a crise atual passará em breve e o Brasil seguirá seu caminho de crescimento. Acreditamos no mercado e no potencial do país, portanto, nós continuaremos a investir. Já realizamos altos investimentos locais e neste momento temos centenas de empregos diretos na IACIT e na Avionics, e teremos muito mais com a implementação dos nossos projetos nessas companhias e com o KC-X2”, finaliza o CEO da IAI do Brasil.

Tomás Faquini

Henrique Gomes, CEO da IAI do Brasil


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TÚNEL DO TEMPO

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FT Sistemas –

pioneira no desenvolvimento de VANTs

ioneirismo e inovação são características de empreendimentos de sucesso. Essa fórmula foi adotada pela FT Sistemas e vem fazendo parte de sua história durante seus dez anos de existência. Fundada em julho de 2005, a companhia brasileira, sediada em São José dos Campos, foi a primeira a se instalar na Incubaero, primeira incubadora de empresas e negócios criada para desenvolver o setor aeronáutico do país. A Incubaero foi criada pela Fundação Casimiro Montenegro Filho, conta com a parceria do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e de entidades de fomento tecnológico, entre elas o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Ciesp Regional (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Prefeitura de São José dos Campos. Esse ambiente efervescente foi ideal para os jovens pesquisadores do ITA, Nei Salis Brasil Neto e Benedito Carlos de Oliveira Maciel, fundarem a FT Sistemas. Com sabedoria e senso de oportunidade, souberam aproveitar a estrutura e laboratórios disponibilizados pelo CTA para se especializarem em um produto pouco conhecido na época – os VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados). Nesse ambiente propício à inovação é que, os então alunos de mestrado e doutorado, encontraram nos seus trabalhos de pesquisas a motivação para a constituição do que vem a ser hoje a empresa brasileira de VANTs Táticos Leves. Um dos mentores dessa empreitada foi o Prof. PhD. Elder Hemerly, professor titular na divisão de engenharia eletrônica do departamento de sistemas e controle do ITA. De acordo com Hemerly, a competência e a motivação dos fundadores da FT Sistemas aliadas à existência de um nicho de mercado e à possibilidade de converter conhecimento em tecnologia e processos com impacto social foram fundamentais para que ele incentivasse a criação da empresa. “Nesses dez anos, a FT, merecidamente, adquiriu reputação notável em sua área de atuação, lastreada em competência. Estrategicamente, a empresa concentra esforços em temas críticos

por Karen Gobbatto

e vislumbra a penetração no mercado internacional”, destaca Hemerly. Hoje, o produto VANT encontra um mercado em franca expansão, principalmente no mercado civil. Mas há dez anos, falar em VANTs era algo de vanguarda e com pouca literatura para pesquisa. Tanto que o primeiro veículo não tripulado do Exército Brasileiro tem a assinatura da FT Sistemas. “Vislumbramos que podíamos desenvolver um negócio voltado para a defesa, centrando em tecnologias embarcadas para aeronaves tripuladas e não tripuladas. Era uma época de grandes perspec-

Horus FT-100

tivas, com as novas políticas e leis de incentivo à inovação sendo implantadas no país”, relembra Nei Brasil, presidente da empresa. O projeto da FT Sistemas foi avaliado por um comitê formado por representantes das entidades parceiras na implantação da Incubaero, sendo a primeira companhia a se instalar no local. Anos depois, foi convidada a mudar-se para dentro de uma área no Parque Tecnológico de São José dos Campos, onde ocupou 600 metros quadrados. A empresa nasceu focada no setor de defesa, tendo a missão de dotar as FFAA (Forças Armadas) de tecnologias de VANTs para aplicação no monitoramento, reconhecimento aéreo, vigilância e imageamento em geral. “Os VANTs, em 2005, tinham muito pouco


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de aplicações civis já desenvolvidas. A FT foi fundada dentro da Força Aérea Brasileira e nossos primeiros contratos foram de na área de defesa. Portanto, a empresa é, antes de mais nada, focada neste setor”, explica Brasil. Já no início de 2006, a FT Sistemas venceu licitação do Projeto-VANT para participar do desenvolvimento do software do piloto-automático, que integra o sistema de navegação e controle da plataforma aérea. O Projeto-VANT, do Ministério da Defesa, teve a participação do Exército e da Marinha, por meio do CTEx (Centro Tecnológico do Exército), IPqM (Instituto de Pesquisas da Marinha) e DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), contando ainda com a Avibras como parceira industrial. A participação da FT teve duração de cinco anos e foi bem-sucedida, com a realização dos voos controlados remotamente. “Essa é uma tecnologia crítica na área de VANTs e o seu domínio garante uma independência importante para a soberania do país. Inclusive, podendo ser adaptada para aplicação em mísseis antinavio e mísseis de cruzeiro”, destaca o engenheiro aeronáutico, Flávio Araripe D’Oliveira, gerente do Projeto-VANT do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) do DCTA (Departamento de

Ciência e Tecnologia Aeroespacial). A partir do Projeto-VANT/MD, a empresa consolidou sua posição estratégica para o desenvolvimento da referida tecnologia crítica. Disponibilizou sua expertise para outras companhias importantes para a defesa nacional como a Avibras, sendo contratada para aplicar o conhecimento já construído para desenvolver o Sistema de Navegação e Controle-SNC para o Projeto VANT Falcão, veículo aéreo não tripulado de grande porte das FFAA brasileiras. Além disso, foi possível passar à fase seguinte de sua história, a de fabricante de seus próprios produtos e soluções na área de VANTs.

Fotos: Divulgação

O Projeto VANT VT15 – o Primeiro VANT do Exército Brasileiro Dois anos depois da fundação, a empresa passou por muitos avanços. Paralelamente ao Projeto-VANT, a FT Sistemas obteve a contrata-

ção da primeira subvenção da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para o desenvolvimento de sistemas embarcados. Neste mesmo ano, a organização firmou parceria, por meio de uma des suas controladas, com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para o desenvolvimento de sua primeira aeronave não tripulada. Pesando 70 quilos, com quatro metros de envergadura e 2,8 metros de comprimento, o protótipo da aeronave foi batizado de FT200 Watchdog. “O projeto da aeronave foi feito dentro da universidade, a FT desenvolveu o sistema de navegação e controle e depois disso, pegamos esse projeto acadêmico e transformamos em um produto para o mercado de defesa”, comenta Nei Brasil. Durante a LAAD 2007, o FT 200 foi apresentado ao mercado com o nome de Watchdog, sendo o primeiro VANT produzido com tecnologia nacional. “O fato obteve repercussão internacional”, comemora Brasil. Segundo ele, a especialização da empresa em um setor novo para o país, e ainda muito recente em todo o mundo, a credenciou para os projetos futuros como o domínio da tecnologia de decolagem e pouso automático, conquistado anos depois. Encontrando espaço fértil junto ao Exército Brasileiro, que tinha necessidade de começar a adotar a nova tecnologia, o projeto foi a base para as aeronaves do Projeto VANT VT-15 do próprio EB. Tal projeto, contratado a partir de 2008, quando a empresa venceu a licitação, culminou com a entrega de um sistema completo, composto por três aeronaves, uma estação de solo portátil e itens de apoio logístico. Voltado para ser empregado em aplicações de artilharia, reconhecimento e vigilância, as primeiras unidades tinham alcance de até 15 quilômetros e autonomia de duas horas de voo. Atualmente, o sistema, rebatizado como FT200, atende aos requisitos do VANT CAT2 do EB, com mais de 65 km de alcance e acima de 12 horas de autonomia, o que foi possível com alguns ajustes no projeto inicial. Em 2013, a FT Sistemas obteve o licenciamento da tecnologia do VT-15, algo inédito até então, o que possibilitou à empresa agregar novas funcionalidades ao VANT e mantê-lo sempre competitivo no mercado. Segundo o presidente da companhia, projetos como o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) e o Proteger (Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres) necessitarão de sistemas avançados na área de VANTs e o licenciamento permitirá avanços nesse quesito.


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Aplicação Dual: Caso Xerém Pioneira também em ações de Defesa Civil Outro sistema de sucesso comprovado é o Horus FT-100. Começou a ser desenvolvido pela empresa em 2009, por intermédio de um contrato de desenvolvimento da Finep, sob um protocolo de intenções com o Exército Brasileiro. O Horus é um VANT projetado para ser utilizado em aplicações de curto alcance, em missões que envolvem desde busca de alvos de artilharia e auxílio no deslocamento de infantaria e cavalaria, passando por operações especiais de contraterrorismo, reconhecimento policial urbano e vigilância perimetral. Com envergadura de 2,7 metros, comprimento de 1,9 metros e pesando em torno de seis a oito quilos, a aeronave não tripulada foi utilizada, em 2013, para auxiliar nos esforços civis de reconhecimento das áreas atingidas pelas fortes chuvas no distrito de Xerém, localizado

FT-200 VT-15

no município de Duque de Caxias (RJ). O sistema foi requisitado pelo CeEstAD (Centro Estadual de Administração de Desastres), do Departamento Geral de Defesa Civil. “Foi a primeira vez que um VANT foi utilizado para o levantamento de áreas atingidas por desastres naturais no Brasil. A contribuição desta tecnologia foi fundamental para acelerar os esforços de salvamento das vítimas”, comenta o presidente da FT Sistemas. Segundo o Major Montenegro, gerente mi-

Fundação

JUL/2005

litar do Projeto Piloto de Doutrina da 4ª Subchefia do Estado-Maior do Exército, que utiliza o Horus FT-100, o sucesso do desempenho do produto e do trabalho com a FT Sistemas em Xerém foi o que levou ao convite para a empresa se tornar parceira em desenvolvimento científico no IME (Instituto Militar de Engenharia). “Durante o apoio prestado pelo EB à Defesa Civil do Rio de Janeiro, no desastre natural de Xerém, o Horus obteve as primeiras imagens aéreas do local, permitindo, por exemplo, que as Forças de Segurança entendessem que a represa havia ruído e não transbordado”, comenta o Major Montenegro. Decolagem e Pouso Automático – Um marco da aviação brasileira O pioneirismo não para por aí. Além de ter sido a primeira empresa a fornecer VANTs para o Exército Brasileiro, a FT Sistemas é uma das

companhias nacionais que integram um seleto grupo que detém a tecnologia de decolagem e pouso automático dos VANTs. Esse domínio tecnológico ocorre muito em função da organização ter importantes contratos com as Forças Armadas. Para Nei Brasil, o fato de a FT ter nascido dentro das instalações do CTA sempre foi desafiada a aplicar os conhecimentos e as capacidades no desenvolvimento de tecnologia crítica. “Essa proximidade nos deu condições de produzir sistemas avançados e, hoje, participamos de um grupo restrito de empresas que dominam essa tecnologia”, orgulha-se Brasil. Dentre as tecnologias críticas já desenvolvi-

Primeiro contrato com a Força Aérea Brasileira para o desenvolvimento do Projeto-VANT

Contratação da primeira subvenção da Finep para o desenvolvimento de sistemas embarcados

Criação da joint venture chamada Flight Solutions, parceria com a empresa ACS e com a UFMG para o desenvolvimento do primeiro VANT da empresa, lançado na LAAD 2007 e caracterizando os primeiros VANTs

Contratação do VANT VT-15 pelo Exército Brasileiro

Contratação do desenvolvimento do Horus FT-100 em cooperação com o Exército Brasileiro, CTEx, financiado pela Finep

Contratação para o desenvolvimento do Sistema de Navegação e Controle do Falcão pela Avibras

JAN/2006

SET/2007

DEZ/2007

ABR/2008

2008/2009

Jul/2009

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das pela empresa, o Sistema de Decolagem e Pouso Automáticos (DPA) para VANTs é algo único no país. A empresa iniciou esse projeto em 2010, que contou com gerenciamento do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, tendo ainda apoio do Ministério da Defesa e a participação do Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). Os testes de pouso e decolagem feitos com o sistema embarcado no protótipo do VANT Acauã foram um sucesso, representando um marco para a indústria aeronáutica nacional. “Hoje, temos uma posição consolidada no setor. Nossos produtos são reconhecidos e homologados pelas Forças Armadas. Além disso, estamos em processo de certificação dos nossos produtos para aplicação civil”, conta Brasil. O Horus FT100: o VANT CAT 1 do Exército Brasileiro O ano era 2013, com grandes avanços na FT Sistema, que acabava de finalizar o desenvolvimento do Horus FT100, o Mini-VANT da empresa que foi desenvolvido sob um Protocolo de Intenções com o Centro Tecnológico do Exército e com a participação do Instituto Militar de Engenharia. Após os testes finais de desenvolvimento e qualificação, realizados no campo de testes de Gericinó, no Rio de Janeiro, o Exército Brasileiro, por meio do IME e do Projeto Estratégico OCOP (Obtenção da Capacidade Operacional Plena), realizou as primeiras encomendas do que viria a ser, no futuro muito próximo, o Produto Estratégico de Defesa Horus FT100, o único VANT aderente aos Requisitos Operacionais Básicos 06/10 do Estado-Maior do Exército (EME). “No final de 2013, quando houve a demanda pela Experimentação Doutrinária pelo 9º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha – Grupo Major Cantuária) de SARP (Sistema Aéreo Remotamente Pilotado), o Horus surgiu novamente”, comenta o Major Montenegro. E completa: “A FT Sistemas é a Empresa Estratégica de Defesa escolhida pelo

Entrega dos VANTs VT-15 para o Exército Brasileiro, CTEx, no BAVEx (Batalhão de Aviação do Exército)

Operação do Horus FT-100 em Xerém por ocasião dos desastres naturais e em cooperação com o Exército Brasileiro, IME

Assinatura do contrato de licenciamento da tecnologia VT-15 do Exército Brasileiro, CTEx, para a FT

JUL/2010

JAN/2013

AGO/2013

Exército Brasileiro para a execução do Projeto Piloto de Doutrina da 4ª Subchefia do Estado-Maior do Exército, por se tratar da única empresa no Brasil a possuir um produto que satisfaça os Requisitos Operacionais Básicos do Exército em Veículos Aéreos Não Tripulados Categoria 1”, explica o Major. Com a entrega definitiva dos sistemas encomendados, o Exército Brasileiro foi dotado desta tecnologia indispensável para a consecução de suas atividades de vigilância e monitoramento remoto, aplicável, por exemplo, nos grandes eventos, em missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e em missões de combate a crimes fronteiriços. A primeira exportação de um VANT brasileiro O apetite para o pioneirismo não acaba por aí. Após realizar as vendas dos primeiros lotes do Produto Estratégico de Defesa Horus FT100 para o Exército, a FT Sistemas venceu uma concorrência internacional para fornecimento do mesmo produto a um Ministério de Defesa do continente africano, cujo nome do País está coberto por sigilo contratual. A negociação contou com a participação de órgãos nacionais como o Ministério da Defesa e das Relações Exteriores, respeitando os ditames da Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar (PNEMEM). Com isso, o pavilhão nacional tremula nos céus daquele continente por meio da entrada em operação das unidades encomendadas e entregues pela FT Sistemas, fato que fez com que o Brasil entrasse na seleta lista de exportadores desta tecnologia em nível global. “O domínio dessa tecnologia é importante para o país porque mostra a nossa capacidade instalada. É mais um degrau sendo conquistado, o que estimulará essa e outras empresas a desenvolverem, no futuro, produtos ainda mais sofisticados e com grandes chances de novas exportações”, comenta o gerente do Departamento de Produtos de Defesa (DEPROD) do Ministério da

Primeira decolagem e pouso automático do Projeto-VANT, garantindo o domínio completo da tecnologia de navegação e controle de VANTs no Brasil

SET e NOV/ 2013

FT é credenciada como uma das 26 EED pelo Ministério da Defesa

DEZ/2013

Primeira exportação brasileira de VANTs, FT exporta o FT-100 para a África

SET/2014

Entrega, para o Exército Brasileiro, IME, dos primeiros 4 Horus FT-100

DEZ/2014


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Defesa, Coronel

Equipamento de solo

Hilton Grossi, que ressaltou a importância dessa conquista para o fortalecimento da indústria nacional de defesa e o quanto o governo se esforça para apoiar o setor. EED Em função dos resultados exitosos nos projetos na área de VANTs, a maioria deles executados em cooperação com as FFAA, no final de 2013, a FT Sistemas recebeu do Ministério da Defesa o certificado de Empresa Estratégica de Defesa (EED). A Comissão Mista da Indústria de Defesa (CMID), após análise interministerial, aprovou o credenciamento da fabricante de VANTs considerando os resultados já apresentados pela companhia no cenário nacional. “Esse foi um reconhecimento importante na história da FT Sistemas, reforçando nossa parceria com as Forças Armadas e valorizando as iniciativas nacionais de consolidar a indústria de defesa. Nosso objetivo maior é colocar, efetivamente, os VANTs nas Forças Armadas e, principalmente, colocar a tecnologia a serviço do país”, comenta o Nei Brasil, presidente da empresa. Produtos A FT Sistemas possui em seu portfólio uma família de VANTs táticos leves para aplicações militares, civis e governamentais, composta pelo Mini VANT Horus FT-100, o VANT Embarcado FT-150 X1 e o VANT Tático FT-200. O Horus FT-100 é um VANT de asa fixa e propulsão elétrica. Foi projetado para ser utilizado em aplicações típicas de curto alcance realizadas por pelotões, companhias ou até batalhões. No setor privado, pode ser utilizado para aerolevantamento, em geral, por clientes que demandam flexibilidade e mobilidade para operações a curtas distâncias (10-30 km). Baseado em qualquer cidade com acesso a rede de aviação comercial, o sistema e sua equipe de operações podem ser despachados para qualquer localidade do Brasil, por exemplo, em um dia. É capaz de realizar o aerolevantamento de até 4 mil hectares por voo. O FT-150 X1 é um VANT de asa fixa e propulsão de combustão interna, projetado para ser utilizado em aplicações típicas de médio alcance e

média altitude realizadas por companhias ou até batalhões e regimentos. O FT-150 é a nova geração de aeronaves remotamente pilotadas de táticos leves. Foi projetado para operar sem a necessidade de pista e em navios sem convés. No setor privado é ideal para aplicações em regiões remotas, com pouca infraestrutura. A operação em áreas extensas, de difícil acesso a partir de embarcações, como na Amazônia, é a aplicação ideal para o X1. Com alcance de até 100 milhas náuticas, pode monitorar até 200 milhas náuticas de dutos, estradas ou hidrovias a partir de pontos móveis. O FT 150 é outro produto da empresa homologado pelo MD como Produto Estratégico de Defesa. O FT-200 é um VANT de asa fixa e propulsão de combustão interna, projetado para ser utilizado em aplicações típicas de médio alcance e média altitude realizadas por regimentos, brigadas ou divisões. Aplicações típicas incluem, também, a busca, identificação e determinação de posição de alvos de artilharia, além da avaliação de danos, bem como a vigilância e o monitoramento de grandes áreas. A operação do sistema é realizada por meio de estação de solo versátil, podendo ser móvel, instalada em shelters ou em instalações fixas. No setor pri vado é ideal para operações em regiões determinadas, prestando serviços de aerolevantamento a partir de uma base conhecida. Com seu alcance de até 100 milhas náuticas, em regiões de agricultura, por exemplo, pode dar cobertura de serviços de aerolevantamento a partir de uma base fixa para mais de 10 milhões de hectares. O portfólio conta ainda com serviços de suporte logístico, operações, processamento e pesquisa & desenvolvimento. Nesse último quesito, Nei Brasil destaca que a empresa sempre busca inovar com o desenvolvimento de novas tecnologias e adequação das já existentes para aplicação nos diversos setores, mas faz segredo sobre o assunto. “Temos iniciativas e investimentos na área de P&D que envolvem o desenvolvimento tecnológico para emprego em mercados específicos, que em breve poderão ser conhecidos. São, principalmente, projetos de novos produtos e o aprimoramento da família de VANTs com novas plataformas e tecnologias para melhorar a eficiência, com estudo de energias alternativas e novos materiais”, comenta o executivo. Equipe VANT Acauã

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PARCERIA

Frente Parlamentar faz linha de defesa do setor no Congresso

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Indústria da Defesa e Segurança tem o apoio da Frente Parlamentar Mista da Defesa Nacional, presidida pelo Deputado Federal Carlos Zarattini (PT-SP), nesta 55ª legislatura, no Congresso Nacional. Zarattini acredita que é fundamental “a construção conjunta de um pensamento e de ações da defesa como política de Estado e não só de governo”. Leia os principais trechos da entrevista do deputado concedida ao Informe ABIMDE. Informe ABIMDE – Quais os desafios da Frente Parlamentar da Defesa neste ano? Deputado Carlos Zarattini – Apoiar as ações políticas, legislativas e orçamentárias necessárias para garantir as condições para a implantação da Estratégia Nacional de Defesa, e o melhor desenvolvimento dos Projetos Estratégicos de Defesa dentro de um cenário de ampla democracia. Além de ampliar o debate sobre o Livro Branco da Defesa Nacional, que vai ser reavaliado. Outro ponto central é a revisão da política salarial dos militares. IA – Quais as metas estipuladas para a Frente Parlamentar da Defesa? Zarattini – A meta primordial é trabalhar para apoiar a continuidade dos Projetos Estratégicos de Defesa. Com o apoio da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e parceria da Subcomissão Permanente, vamos acompanhar os Projetos Estratégicos das Forças Armadas e aspectos relacionados às fronteiras brasileiras, a qual também sou o presidente, além de visitas técnicas às instalações militares onde se desenvolvem os principais projetos estratégicos das Forças Armadas.

IA – O que a Frente pode fazer para apoiar a BID (Base Industrial de De-

fesa) no mercado interno e exportações? Zarattini – Esse fortalecimento da BID é imprescindível para a consolidação e maior respeito por parte da comunidade internacional. Um dos objetivos é mapear as cadeias produtivas do setor, estabelecer parcerias estratégicas em defesa com outros países, estimulando as exportações, e que os acordos firmados com outras nações estabeleçam transferência de tecnologias e conhecimento com maior grau de conteúdo nacional nos contratados de compra firmados com empresas estrangeiras. Buscamos também indicar políticas públicas para fortalecer a indústria nacional. IA – Como a Frente avalia o papel da ABIMDE? Zarattini – Grande parte do sucesso das relações entre o Legislativo e a indústria nacional de defesa deve-se ao trabalho executado pela ABIMDE nos últimos anos. Acredito que a ABIMDE tem função extraordinária no crescimento e no desenvolvimento dos projetos estratégicos de defesa e na área da segurança nacional. Pondero também que os empresários do setor atuam de forma intensa no sentido de contribuir para a construção de um pensamento e de ações da defesa como política de Estado e não só de governo.

Lucio Bernardo Jr.

IA – Como senhor avalia os reflexos na questão atual da situação econômica no setor? Zarattini – Passamos por um momento de ajuste econômico que gerou alguns contingenciamentos, mas isso não vai paralisar o andamento dos projetos estratégicos. Esse momento requer também ações de ampliação do mercado externo. Defendo que o Brasil discuta a possibilidade de se estabelecer orçamento plurianual para a defesa.

por Alexandra Penhalver


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COMITÊS

CSTA se aproxima do setor produtivo e do governo por Auro Azeredo*

No mês de junho, o CSTA (Comitê de Simulação e Treinamento da ABIMDE) teve a honra de apoiar a inciativa do Exército Brasileiro, por meio do Comando de Operações Terrestres (COTER), no evento CSTM – Conferência de Simulação e Tecnologias Militares, no Quartel General do Exército, em Brasília. O evento, que apresentou o panorama global das atividades de pesquisa, ciência e inovação de tecnologia de uso militar, buscou aproximar militares, indústria e acadêmicos. A conferência foi prestigiada pelo Comandante do Exército, General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas e por demais autoridades. Na ocasião, também foi realizada exposição de produtos de 40 empresas, nacionais e estrangeiras, desenvolvedoras de equipamentos e sistemas na área de tecnologia militar e de simuladores. Visite: www.cstm2015.com.br.

EVENTOS O CSTA também participou do Workshop de Simuladores e Defesa Cibernética com o tema “Mercado de Simuladores Militares no Brasil”. O evento foi realizado pelo Comitê da Indústria de Defesa e Segurança da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Comdefesa/Fiergs), pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), pela Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (ADESM), e pelo Santa Maria Tecnoparque, em julho, na cidade de Santa Maria (RS). Em São Paulo, o comitê busca maior presença no âmbito da Segurança Pública do Estado para ampliar as possibilidades de negócios das empresas e organizar eventos específicos para 2016. Também nos reunimos com a Assessora Especial do Ministro da Defesa, Perpétua Almeida, para tratar de extensa pauta sobre o segmento e para aprofundar a parceria com o ministério. *Coordenador do CSTA

Conscientização e Segurança Cibernética por Roberto Gallo*

No Brasil, para cada cem dólares investidos no agregado de sistemas de informação, telecomunicações e controle, apenas quatro são aplicados em segurança cibernética. Estes números contrastam com aqueles encontrados em outras economias do porte da brasileira, onde os investimentos estão na faixa de 10% a 15%. Este dado econométrico é apenas mais uma evidência que dá suporte à percepção, entre os especialistas, de que o país se encontra em situação extrema de vulnerabilidade. Apenas pequenos núcleos – de operadores de infraestruturas críticas, nos setores público e produtivo e sociedade – entendem sobre estes riscos informacionais e cinéticos. Isto porque, no mundo cibernético, o dano pode se materializar sem se tornar evidente como, por exemplo, um segredo industrial sendo roubado ou condições de negociação vazadas. O adversário é tipicamente estratégico, isto é, só atua no momento de máximo benefício para si próprio, talvez anos após ter invadido um sistema.

Em geral, os gestores não têm treinamento e conscientização para entender como estes riscos se aplicam aos negócios. Porém, se quisermos uma sociedade e uma nação mais seguras, precisamos ser capazes de comunicar aos tomadores de decisão (C-level) os riscos aos quais as suas missões estão submetidas. As atividades do Comitê de Cibernética da ABIMDE estão centradas, no segundo semestre de 2015, em ações de conscientização sobre cibernética para tomadores de decisão, sempre informando como a indústria atuante do Brasil pode ajudar a garantir todos os tipos de missão.

*Coordenador do COMCIBER

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BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: Os Primeiros Passos

PONTO DE VISTA

Parte III* PERÍODO COLONIAL II (1763 a 1815)

implantação de fábricas e manufaturas no Brasil e extinguindo a quase totalidade das existentes. A fundação do Arsenal Real da Marinha, Embora não dirigido diretamente à construção hoje Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, data naval, esse alvará provocou a redução das ativide 1763. Com sua sede localizada em frente ao dades dos arsenais que passaram a se concenMorro de São Bento, reuniu as principais oficinas trar em reparo e manutenção. e artífices então existentes na cidade. A primei- Ainda nessa época foi instituído o Arsenal ra obra encomendada ao Arsenal foi a constru- de Pernambuco, em 1789, situado no centro da ção da nau “São Sebastião”, lançada ao mar em cidade de Recife, organizando as oficinas então 1767, que prestou serviços por longos anos à Ar- existentes. O Arsenal de Santos, no litoral paumada portuguesa . Em 1770, foi a vez do Arse- lista, só recebeu esse nome em 1820, depois do nal de Marinha da Bahia, continuador da Ribeira período colonial; e o Arsenal de Mato Grosso foi das Naus de Salvador, localizado na cidade baixa, criado em 1860, em Cuiabá, e transferido para onde hoje se instala a Capitania dos Portos da Ladário em 1873. Bahia. A situação começou a mudar com a chega Também nessa época, em 1764, foi inicia- da da família real portuguesa em 1808. D. João da a construção do Arsenal do Trem, hoje Arse- VI revogou o alvará de D. Maria e abriu os pornal de Guerra do Rio (AGR), junto ao Forte de tos ao comércio exterior, fixando taxa alta para São Tiago e à Casa do Trem, destinado ao repa- produtos importados (os produtos portugueses ro de armas e pagavam taxas mefabricação de nores). O Príncipe munições. Regente não apenas Como explicado, a história da BID é quase tão Portugal, autorizou como pasextensa quanto a do Brasil e a Ribeira das Naus de Salvador, criada em meados do século XVI, como colonisou a incentivar a foi a primeira indústria de defesa implantada zador, sempre instalação de fábrino território brasileiro. fez restrições cas no Brasil, conao desenvolvicedendo isenção de mento de ativiimportação de madades industriais no Brasil. Seguindo as regras térias-primas, isenção de imposto de exportação da teoria econômica do mercantilismo, apenas para produtos manufaturados no País e subsídios uma pequena indústria para consumo interno era para a construção das primeiras manufaturas. permitida, devido às distâncias entre a metrópo- Ainda assim, boa parte das manufaturas le e a colônia. Como exceções, a construção e o criadas não vingou. As pequenas fábricas, sem reparo naval, para apoio à esquadra portuguesa, mão de obra especializada e sem uma verdadeira e as atividades industriais ligadas à agricultura e organização fabril, não puderam competir com à mineração. as importações inglesas, mais baratas e de qua Quando certas indústrias começaram a lidade muito superior, preferidas pela maioria da crescer, como a têxtil, Portugal considerou que população em condições de consumir. Em 1810, estava sendo aberta forte concorrência ao co- um contrato comercial com a Inglaterra fixou, mércio da corte, o que poderia tornar a colônia por quinze anos, uma taxa de importação muito independente financeiramente e incentivar sua baixa para as mercadorias inglesas. independência política. Assim, em janeiro de O desenvolvimento industrial brasileiro foi 1785, alegando que “grande número de fábri- pequeno nesse período. Entre as poucas iniciacas e manufaturas se têm difundido em diferen- tivas de sucesso conta-se a criação, em 1808, tes capitanias do Brasil, com grave prejuízo da da Fábrica Real de Pólvora da Lagoa Rodrigo de cultura, e da lavoura, e da exploração de terras Freitas, na cidade do Rio de Janeiro, logo a seguir minerais”, D. Maria I assinou alvará proibindo a transferida para Magé, RJ, e posteriormente de-


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nominada Fábrica da Estrela. Como organização militar e, a partir de 1975, como importante unidade fabril da empresa estatal Imbel – Indústria de Material Bélico do Brasil, especializou-se na fabricação de pólvoras e explosivos, sendo hoje a única produtora de RDX (hexogênio) da América Latina. A estrutura militar melhorou sua organização, modernizou-se, e as tropas de primeira linha começaram francamente a admitir brasileiros. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Divulgação

A colônia portuguesa, até então denominada Estado do Brasil, foi elevada à categoria de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1815. A capital do Reino Unido passou a ser a cidade do Rio de Janeiro. A partir desse evento, mudanças importantes começaram a acontecer. Várias instituições militares e tropas regulares de Portugal foram enviadas para o Brasil. Começou a haver maior autonomia em relação a Portugal, culminando com a criação das Secretarias de Estado da “Marinha e Domínios Ultramarinos” e da “Guerra e Estrangeiros”, precursores dos Ministérios da Marinha e da Guerra. Mercenários, como o Lorde Cochrane, foram contratados para combater revoluções e acabaram compondo o primeiro oficialato das Forças Armadas brasileiras. Fábricas e indústrias militares foram criadas e a BID seguiu seu rumo.

Almirante Marcílio Boavista da Cunha Membro do Conselho Consultivo da ABIMDE

Como explicado, a história da BID é quase tão extensa quanto a do Brasil e a Ribeira das Naus de Salvador, criada em meados do século XVI, foi a primeira indústria de defesa implantada no território brasileiro. De 1815 até o presente, a BID passou por períodos subsequentes de valorização e enfraquecimento. Atualmente, experimenta uma nova fase de otimismo, com a produção de equipamentos, sistemas e serviços de grande complexidade, como navios e submarinos, aeronaves militares, carros de combate, sistemas de armas, de combate, de busca e monitoramento, de comando e controle, mísseis, foguetes, minas e munições diversas. Hoje, várias situações justificam o otimismo da BID. Entre elas, podemos citar: o esforço de modernização e equipamento das Forças Armadas brasileiras; a atuação de um órgão de Governo responsável por seu desenvolvimento, a Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD do MD); o contínuo fortalecimento da associação que congrega as indústrias de defesa, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança ABIMDE; e a edição de uma sequência de documentos importantes de Governo que reconhecem a importância da BID para o País e recomendam o seu fortalecimento .


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SEJA UM ASSOCIADO (11) 3170-1860 Avenida Paulista, nº 460, 17º andar, cj B, Bela Vista, São Paulo, SP | CEP 01310-000 ABIMDE@ABIMDE.org.br www.ABIMDE.org.br

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Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa


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