INFORME ABIMDE DEZEMBRO 2014

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INFORME Dezembro, 2014 - Edição 06

Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

retrospectiva AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS PONTUAM O QUE DE MELHOR ACONTECEU NOS SETORES DE DEFESA E SEGURANÇA AO LONGO DO ANO

VERDE AMARELAS

ESPECIAL

TÚNEL DO TEMPO

General Linhares, chefe do EPEx, fala da missão de solidificação de um Exército forte e modernizado

Parques Tecnológicos atuam como polos que estimulam e impulsionam a indústria nacional de defesa

Determinação e senso de oportunidade marcam os 20 anos da RF COM


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Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

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INFORME Ano 02 – Número 06

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ÍNDICE

EXPEDIENTE

04 | EDITORIAL Independência tecnológica

CONSELHO DIRETOR DA ABIMDE

05 | VERDE AMARELAS General-de-divisão Luiz Felipe Linhares Gomes, chefe do EPEx, fala da missão de levar a Força Terrestre da Era Industrial para a Era do Conhecimento

Presidente Sami Youssef Hassuani 1o Vice-Presidente Carlos Frederico Q. de Aguiar Vice-Presidente Executivo Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Vice-Presidentes Antonio Marcos Moraes Barros Celso Eduardo Fernandez Costa Eduardo Hermida Moretti Marcelio Carmo de Castro Pereira André Amaro da Silveira Diretores Wilson José Romão Gustavo Ramos José Carlos Cardoso Jorge Ramos de Oliveira Júnior Celso José Tiago Diretora Administrativa Heloísa Helena dos Santos Diretor Técnico Armando Lemos CONSELHO EDITORIAL Jornalista Responsável e Diretora de Redação Valéria Rossi | MTB: 0280207 Editora Claudia Pereira | MTB: 29.849 Diretora de Arte Luciana Ferraz Repórter Especial Karen Gobbatto Editora de Fotografia Carla Dias Revisora Leo Briotto Assistente Administrativa Cássia Ruivo INFORME ABIMDE é uma publicação da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) Avenida Paulista, 460, 17o andar, conjunto B, Bela Vista, CEP 01310-000 Tel./Fax: (11) 3170-1860 Escritório Brasília:(61) 8183-0034 Lourenço Drummond Lemos Produção Editorial Rossi Comunicação Correspondência Rua Carlos Sampaio, 157, Mezanino, Bela Vista, São Paulo, SP | CEP 01333-021 Tel.: (11) 3262-0884 informeabimde@rossicomunicacao.com.br Foto capa: Reprodução Gráfica HR – (11) 3349-6444

34 | PARCERIA Deputado reeleito Carlos Zarattini fala sobre sua relação com o setor e das perspectivas da Frente Parlamentar da Defesa Nacional em 2015 36 | TRAJETÓRIA A história de sucesso da Condor S/A Indústria Química

10 | CO-PRODUÇÃO Emgepron, em parceria com a belga Mecar, está produzindo munição 105mm para canhões 1A5 BR, US M68, UK L7 e similares

39 | FRONT VIRTUAL Coronel Fernando Adam, comandante do CIGE, apresenta os desafios do Brasil no que se refere a ataques cibernéticos

11 | POR DENTRO DA ABIMDE Avanços na defesa por um País mais soberano

40 | TÚNEL DO TEMPO Determinação e senso de oportunidade marcam os 20 anos da RF COM, líder em defesa e broadcast na integração de sistemas

12 | MERCADO Odebrecht Defesa e Tecnologia apresenta suas frentes de atuação com foco no desenvolvimento e na soberania do Brasil 14 | ESPECIAL A história de três importantes Parques Tecnológicos brasileiros: São José dos Campos e São Bernardo do Campo (SP) e Santa Maria Tecnoparque (RS)

44 | ASSESSORIA JURÍDICA Convênio ICMS 75/91 45 | PONTO DE VISTA Base Industrial de Defesa: Os Primeiros Passos – Parte I

INFORME Dezembro, 2014 - Edição 06

Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

18 | NOTÍCIAS DO SETOR Novidades sobre o KC-390, o Sisfron e o Inova Aerodefesa 20 | SEGURANÇA PÚBLICA Andrei Rodrigues, secretário da Sesge, fala da segurança nos Jogos Olímpicos de 2016 29 | ESPAÇO CORPORATIVO Agilidade e Flexibilidade 30 | COMITÊS ABIMDE Novidades dos comitês da ABIMDE: COMCIBER e CSTA 32 | ABRIGOS TEMPORÁRIOS Imbel apresenta produtos de alto desempenho adaptado às condições e peculiaridades dos biomas brasileiros e à realidade do Exército

retrospectiva AUTORIDADES E EMPRESÁRIOS PONTUAM O QUE DE MELHOR ACONTECEU NOS SETORES DE DEFESA E SEGURANÇA AO LONGO DO ANO

VERDE AMARELAS

ESPECIAL PARQUES TECNOLÓGICOS

TÚNEL DO TEMPO

General Linhares, chefe do EPEx, fala da missão de solidificação de um Exército forte e modernizado

Parques Tecnológicos atuam como polos que estimulam e impulsionam a indústria nacional de defesa

Determinação e senso de oportunidade marcam os 20 anos da RF COM

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22 | CAPA Autoridades e empresários da BID falam sobre os eventos mais positivos dos setores de defesa e segurança, ocorridos no Brasil, ao longo de 2014


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EDITORIAL

Divulgação

Independência Tecnológica

Sami Youssef Youssef Hassuani Sami Hassuani Presidente Presidente da da ABIMDE ABIMDE

O

conhecimento tecnológico está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento. Essa premissa começou a ser difundida a partir da primeira Revolução Industrial, no século XVIII, período que impulsionou o desenvolvimento de novas tecnologias e definiu as relações de poder entre as nações, principalmente no aspecto econômico. A ideia de que “quem domina o conhecimento tem o poder” está cada vez mais forte nos dias atuais. Na área de defesa, esse tema está ligado ao domínio das tecnologias críticas. Uma nação só atinge a independência tecnológica se os equipamentos e os sistemas tiverem uma rede de fornecedores no País (cadeia produtiva local). É necessário verticalizar as tecnologias críticas e desenvolver uma base abastecedora local, garantindo assim o crescimento, a soberania e a defesa do Brasil. Alcançar a independência tecnológica, em áreas altamente sensíveis, deve fazer parte da estratégia para o desenvolvimento e a sustentação da base logística de defesa brasileira. O domínio dessas tecnologias para um país é a força motriz para a prosperidade econômica nacional, tecnológica e de segurança, consideradas críticas por interesse nacional (Wagner; Popper 2003). O pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Siqueira Brick, salienta que para garantir a sua soberania e os seus interesses, nenhum país, que pretenda ser um ator relevante no sistema internacional, poderá prescindir de um complexo tecnológico-científico-industrial capaz de suprir as suas Forças Armadas com os produtos de defesa necessários para enfrentar ameaças que possam vir a ser apresentadas por quaisquer outros países (Brick, 2009). A própria Estratégia Nacional de Defesa (END), abrangente plano criado pelo governo em 2008, que estabelece as diretrizes da defesa nacional, reforça que a independência deve ser alcançada pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Destaca ainda que não é independente quem não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa, como para o desenvolvimento. Neste contexto, realizar grandes projetos nacionais não configura independência tecnológica. As iniciativas são louváveis e importantes para o desenvolvimento do País, porém não conferem a autonomia tecnológica tão almejada pelas nações. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) fez, em 2011, um diagnóstico da BID (Base Industrial de Defesa). O estudo apresenta propostas de políticas públicas que visam promover a capacitação, expansão, diversificação e o seu fortalecimento. Dentre elas, estão os instrumentos legais que asseguram os recursos de longo prazo necessários para a construção da autonomia tecnológica nacional (pesquisa, desenvolvimento e inovação) nos programas selecionados como estratégicos.


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VERDE AMARELAS

O

Escritório de Projetos do Exército (EPEx) tem uma missão importante, a de levar a Força Terrestre da Era Industrial para a Era do Conhecimento. Esse projeto vem sendo colocado em prática nos últimos anos e o status de algumas ações são relatadas nessa entrevista que o chefe do EPEx, General-de-divisão Luiz Felipe Linhares Gomes, concedeu à Revista Informe ABIMDE. O General também ressalta o quanto a Base Industrial de Defesa é importante para a consolidação desse movimento, contribuindo para o desenvolvimento do setor de pesquisa e dando suporte à solidificação de um Exército forte e modernizado. Esse processo ganhou força a partir de 2008, segundo o General, com a criação da Estratégia Nacional de Defesa (END). E deve garantir avanços, ampliando a presença da indústria nacional em outros mercados como o civil e o internacional. “Devemos enfatizar, também, que o domínio tecnológico de áreas sensíveis, como as relacionadas à Defesa, possibilita independência e segurança num contexto de possíveis conflitos, além de contribuir para a produção de materiais e serviços de alto valor agregado, incrementando a pauta de exportação brasileira”, destaca. INFORME ABIMDE - O senhor poderia falar um pouco sobre o papel do Escritório de Projetos do Exército (EPEx) e seu processo de transformação do Exército?

Exército Brasileiro: Entrando na Era do Conhecimento por Valéria Rossi

General-de-divisão Luiz Felipe Linhares Gomes - Resumidamente, o processo de transformação do Exército, que tem sua origem na Estratégia Nacional de Defesa, buscará transformar uma Força Terrestre da Era Industrial para outra da Era do Conhecimento, sem alterar, no entanto, seus princípios, crenças e valores. Nesse contexto, o EPEx tem a missão de gerenciar o portfólio de Projetos Geradores de Capacidades, que são os seguintes: Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), Proteger, Astros 2020, Guarani, Defesa Antiaérea, Defesa Cibernética e Recop (Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre). Para cumprir suas atribuições, o EPEx possui três seções: Coordenação e Integração; Contratos de Produtos de Defesa; e Relações Institucionais, que apoiam diretamente a todos os projetos. Além disso, compõe o Escritório uma unidade de parceria público-privada (PPP) e as equipes de gerenciamento de cada projeto gerador de capacidade. IA - Como estão os Projetos Estratégicos do Exército (PEE)? Poderia citar o status dos principais? General Linhares - Em verdade, temos dezoito Projetos Estratégicos, sendo sete Geradores de Capacidades, já citados anteriormente. Todos têm como finalidade se antepor às novas ameaças e permitir que o Exército Brasileiro esteja sempre em prontidão para atender às demandas que a Nação requer de sua Força Terrestre, de acordo com os novos cenários que

se apresentam. Temos outros onze, chamados Estruturantes, que entregarão ao Exército uma nova estrutura capaz de sustentar o Processo de Transformação. Em relação aos projetos geradores de capacidades, podemos dizer que o Projeto Estratégico Astros 2020 tem como objetivo dotar a corporação com novos armamentos e munições, com tecnologias militares de ponta que possibilitarão à Força Terrestre dispor de um sistema de apoio de fogo, com capacidade de empregar foguetes guiados e mísseis táticos de cruzeiro com alcance de até 300 km. Atualmente, o projeto encontra-se desenvolvendo o Míssil Tático de Cruzeiro AV-TM 300, o Foguete-Guiado SS-40 e as novas viaturas lançadoras, remuniciadoras, de comando e controle, meteorológica e de apoio ao solo. No entanto, desde a sua concepção, já foram realizados o projeto de engenharia, testes de voos, protótipos, definição de insumos agregados com elevada tecnologia e pintura com baixa resolução. Já o Sisfron tem como objetivo monitorar, controlar e atuar nas fronteiras terrestres, contribuindo para a inviolabilidade do território nacional, para a redução dos problemas advindos da região fronteiriça e para fortalecer a interoperabilidade, as operações interagências e a cooperação regional. Ressalta-se que o projeto-piloto, na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, vem trabalhando numa faixa de 650 quilômetros, que se estende do Rio Apa ao município de Mundo Novo. A ideia é concluirmos essa fase até 2015, após estenderemos o projeto para as outras regiões


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Divulgação

do País, dentro de uma ordem de prioridades. O projeto Proteger busca oferecer ao Brasil uma efetiva capacidade de proteção de suas Estruturas Estratégicas Terrestres (EETer), em complemento aos sistemas de segurança or-

gânica e de segurança pública já existentes, de modo a minimizar e mitigar riscos que possam comprometer a continuidade da prestação de serviços essenciais em significativas parcelas do território nacional, com os prejuízos exponenciais decorrentes da interdependência das estruturas estratégicas. O resumo da situação entre o ano passado e o atual, a respeito do Proteger, é o seguinte: adquiriu viaturas especiais e equipamentos individuais e coletivos para as organizações militares do Exército; realizou obras de adequação em diferentes guarnições do País; investiu em capacitação de pessoas e em sistemas de

simulação; e efetivou o processo de contratação de uma empresa para a revisão do Plano Básico e elaboração do Plano Executivo do projeto. O Defesa Antiaérea tem como objetivo dotar a Força Terrestre da capacidade de atender às necessidades de defesa das estruturas estratégicas terrestres do País, defendendo-as de possíveis ameaças provenientes do espaço aéreo. Atualmente, o projeto encontra-se realizando o gerenciamento das atividades referentes ao recebimento e operação das primeiras Viaturas Blindadas de Combate Antiaérea GEPARD, recentemente adquiridas do governo alemão, além de obtenção de radares (SABER M 60), de mísseis suecos RBS-70 e centros de operações, nível seção antiaérea. Destacamos que o projeto tem como finalidade reequipar as atuais Organizações Militares de Artilharia Antiaérea do Exército mediante a aquisição de novos modernização meios, dos meios existentes, desenvolvimento de itens específicos pelo fomento à Indústria Nacional de Defesa, capacitação de pessoal e a implantação de um Sistema Logístico Integrado, para oferecer suporte aos produtos de Defesa durante todos os seus ciclos de vida. Em relação ao Projeto Estratégico de Defesa Cibernética, a finalidade é incluir as Forças Armadas no restrito grupo de organizações nacionais e internacionais, que possuem a capacidade de desenvolver medidas


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de proteção e evitar ataques no tratégico Guarani tem por ob- Federal tem apoiado as soliciespaço cibernético. O Projeto, jetivo transformar as Organi- tações do Exército para o atencomo consequência da sua im- zações Militares de Infantaria dimento ao seu planejamento plementação, passou a ganhar Motorizada em Mecanizada, e estratégico, consideradas as forma por meio de dez projetos modernizar as Organizações Mi- possibilidades orçamentárias, estruturantes: Organização do litares de Cavalaria. Para isso, e esses PEE, de acordo com a Centro de Defesa Cibernética; está sendo desenvolvida a “Nova realidade de cada ano, realizam Planejamento e Execução da Família de Viatura Blindada de as adaptações de cronograma Segurança Cibernética; Estru- Rodas”, a fim de dotar a Força necessárias, mas em nenhum tura do Apoio Tecnológico e De- Terrestre de meios para incre- momento foram interrompidos. senvolvimento de Sistemas; Ar- mentar a dissuasão e a defesa cabouço Documental; Estrutura do território nacional. O Projeto IA – Qual a expectativa do de Capacitação e de Preparo e Guarani encontra-se realizando, Exército com a continuidade Emprego Operacional; Estrutura atualmente, a Experimentação do governo? para Produção do Conhecimento Doutrinária da Infantaria Meca- General Linhares – Este GoOriundo da Fonte Cibernética; nizada, o gerenciamento de con- verno tem procurado atender Estrutura da Pesquisa Científi- tratos assinados, a readequação aos planejamentos do Exército ca na Área Cibernética; Gestão de Organizações Militares para e temos a expectativa que com de Pessoal; Rádio Definido por receber as novas viaturas, o de- sua reeleição continue destiSoftware (RDS); e Rede Nacio- senvolvimento de simuladores, nando recursos orçamentários nal de Segurança da Informa- a integração dos sistemas de compatíveis com as necessidação e Criptografia (RENASIC). comando e controle, o gerencia- des dos próximos anos. O mais Atualmente, estamos na fase de mento do campo de batalha e os importante é a direção estaimplantação e seguindo o cro- demais softwares da viatura. Já belecida pelo Comandante do nograma previsto Exército (Cmt no plano do projeEx), com a Existe uma proposta orçamentária, priorização desto, e trabalha-se na tes projetos. potencialização da já encaminhada ao Congresso Defesa Cibernética Nacional, que retrata as nacional. IA – Como necessidades dos PEE em 2015 O Projeto Esficará o ortratégico Recuperaçamento em ção da Capacidade Operacional foram adquiridas 128 viaturas. 2015? Já existe alguma es(Recop) tem como objetivo dotimativa? tar as unidades operacionais de IA – Como fica cada projeto General Linhares- Existe uma material de emprego militar em para 2015? proposta orçamentária, já encaseu nível mínimo de prontidão General Linhares - Foram fei- minhada ao Congresso Nacioe operacionalidade, com a fina- tos os planejamentos para con- nal, que retrata as necessidades lidade de atender às exigências tinuidade das próximas fases dos PEE em 2015. Além de nosde defesa da Pátria previstas na dos projetos, tudo consolidado sas propostas, que fazem parConstituição da República Fe- numa proposta de LOA (Lei Or- te da proposta do Ministério da derativa do Brasil, assim como çamentária Anual), que atende- Defesa (MD), em face da duaàs operações de Garantia da Lei rá ao Planejamento Estratégico lidade de nossos projetos (aplie da Ordem e às diversas mis- do Exército. Caso seja atendida cação tanto no meio civil como sões subsidiárias atribuídas ao em sua totalidade a proposta, no meio militar), acredito que Ministério da Defesa. Dos 17 não haverá solução de continui- poderemos obter emendas parProjetos Integrantes, a “Moder- dade dos PEE e outras entregas lamentares, como ocorreu em nização da Frota” é o que tem serão disponibilizadas à socie- anos anteriores, que ampliam a mais impactado o Exército e a dade, que é o nosso cliente, ao nossa capacidade de empenhar Indústria Nacional. A aquisição longo do ano. recursos na persecução dos obde novas viaturas pelo EB na injetivos fixados. dústria automobilística nacional, IA – O senhor acredita que de uma forma geral, colaborou haverá alguma mudança ra- IA – O Exército terá novidana manutenção de empregos e dical na trajetória de alguns des em 2015? Novos projetos, na criação de novos postos de deles por conta do gover- pesquisas ou contratações? trabalho, inclusive de transpor- no, que inicia em 2015 uma General Linhares - Esses PEE tadoras, também beneficiadas nova etapa? O que falta para já foram priorizados pelo Cmt Ex nesse processo. que eles decolem? e são considerados os indutores Finalmente, o Projeto Es- General Linhares - O Governo do processo de transformação


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IA – Na área de Ciência & Tecnologia, o que podemos esperar do EPEx? General Linhares - A área de C&T é, ao lado da dimensão humana, o setor mais importante dos projetos e, também, do Processo de Transformação, já que estão baseados na inovação. Assim, sempre dependeremos de nossa capacidade, e de nossos parceiros da Base Industrial de Defesa (BID) para o desenvolvimento de novas tecnologias que responderão aos mandamentos doutrinários que estão em constante evolução. IA – Como a BID pode participar dos projetos de PPP (Parceria Público-Privada) do Exército? Como funciona A este processo? General Linhares - A BID é nossa parceira constante, assim como o meio acadêmico. As potencialidades desses dois ramos da hélice da inovação complementam os esforços do EB no campo da P&D de produtos de defesa, e o grande atrativo deste trabalho conjunto é a dualidade de aplicação dos projetos e a capacidade de gerar inúmeras empresas (spin off). Quanto à PPP, esta é uma modalidade de concessão que estamos estudando para possibilitar de maneira pioneira no nível federal o lançamento de projetos na educação (PPP Colégio Militar e Manaus), de Gestão e, na área de C&T, o projeto do Polo Científico e Tecnológico do Exército em Guaratiba (PCTEG) já descrito por um funcionário do MP (Ministério Público) como “um projeto de Estado”.

IA – O senhor acredita que

os próximos anos serão mais promissores para a BID dentro do mercado interno? General Linhares - Acredito que a evolução da BID foi acelerada com o advento da Estratégia Nacional de Defesa (END), em 2008, e tem a tendência de continuar ampliando para outros mercados, particularmente, no nosso entorno estratégico (Américas e África Ocidental).

fatizar, também, que o domínio tecnológico de áreas sensíveis, como as relacionadas à Defesa, possibilita independência e segurança num contexto de possíveis conflitos, além de contribuir para a produção de materiais e serviços de alto valor agregado, incrementando a pauta de exportação brasileira.

IA – O que falta na opinião do senhor para as empresas IA – Como o Exército pode de defesa atuarem mais no apoiar a BID no mercado ex- mercado dual? terno? General Linhares - O EB tem General Linhares - O Exército procurado, junto à ABIMDE (Asjá tem prestado esse apoio por sociação Brasileira das Indúsintermédio de seus adidos no trias de Materiais de Defesa e exterior, que colaboram com a Segurança) e aos departamendivulgação de nossas Empresas tos de defesa das diversas fedeEstratégicas de Defesa (EED), rações de indústrias estaduais, assim como para os diversos apresentar seu planejamento adidos dos países amigos cre- estratégico e o seu plano para denciados no Brasil. Além dis- obtenção das capacidades, visualizadas como necessárias ao processo de transformação. Com esta BID é nossa parceira constante, finalidade são realiassim como o meio acadêmico zados eventos com a participação dos meios acadêmico e so, em eventos internacionais, industrial. Assim, cada vez mais a presença de comitivas do EB conhecemos necessidades e contribui para divulgação das potencialidades de cada lado e empresas brasileiras. por intermédio dessa integração Outra propaganda efeti- acho que a atuação das empreva dos PRODE (Produtos de De- sas de defesa deve ser increfesa) é sua aquisição pelo EB, mentada. atestando sua qualidade tecnológica e seu desempenho ope- IA – Como o senhor avalia a racional. O que mais uma vez tecnologia desenvolvida em justifica orçamentos ampliados. nosso País? Nossas empresas atendem os anseios e IA – O senhor acredita que o necessidades das Forças Arsetor de defesa atua como um madas? indutor de desenvolvimento General Linhares - O grande para o nosso País? Como? desafio para nossa BID é a susGeneral Linhares - Além dos tentabilidade das empresas. Ou empregos diretamente ligados seja, a demanda do mercado à fabricação dos PRODE, com atender a manutenção da linha a dualidade dos produtos e sua de produção ou de pesquisa. Daí capacidade de dar origem a no- a grande importância do emprevas empresas, mesmo aque- go dual do produto: ampliar as las de menor vulto, é possível demandas para além das Forampliar os empregos diretos e ças. Nossa BID tem potencialiindiretos no País. Devemos en- dades e capacidades ilimitadas,

que hoje está a todo vapor no Exército. Antes de serem iniciados novos projetos, teremos que ter a sinalização de expansão do nosso orçamento.


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mas deve se reger pelas leis de mercado e, caso não tenha condições de sustentabilidade, não investirá no desenvolvimento de algumas tecnologias puramente de emprego militar. Se for este o caso, nos empurrará para a possibilidade de joint ventures com empresas de outros países e, em último caso, quando imprescindível, a compras internacionais, que nunca serão de grande vulto, até porque é interessante para o Brasil a autonomia e a independência tecnológicas. IA - Quais as possibilidades de negócios para a BID dentro do Exército? General Linhares - A busca por conhecer e desenvolver produtos identificados com o nosso plano de obtenção de capacidades materiais orienta de maneira completa a BID para o que a Força Terrestre identificou como prioritário para obtenção no curto, médio e longo prazo. Lembrando que tudo estará interligado com a nossa possibilidade orçamentária.

conhecimento de nossas capacidades nacionais, que são ilimitadas. IA – E como o senhor enxerga as parcerias firmadas com a indústria estrangeira para potencializar algumas de nossas empresas? General Linhares - Essa é uma das maneiras de termos acesso a novas tecnologias em curto prazo, pois as empresas estrangeiras podem identificar nessa modelagem uma maneira atrativa de entrar no mercado do nosso entorno estratégico (Américas e África ocidental). Além disso, as cláusulas de compensação (off set) de contratos com empresas internacionais exigem parceria com empresas nacionais para absorção de tecnologias.

IA – Na opinião do senhor, qual seria o cenário perfeito para o Exército Brasileiro nos próximos anos? General Linhares - Atendimento ao proposto pelo MD no PAED (Plano de Articulação e EquiIA – Qual conselho o senhor daria para as pamento de Defesa), que reúne informações das empresas que querem se relacionar com o três Forças sobre seus planejamentos estratégicos Exército Brasileiro? E como a indústria pode e suas necessidades. Sendo atendido esse PAED, fortalecer este relao Exército pocionamento? derá acompaO EB assinou com a ABIMDE um General Linhares nhar a ascen- O EB assinou com são do Brasil Memorando de Entendimento, a ABIMDE um Mepatamar ao cujo objeto é otimizar a morando de Entendide ator global. comunicação entre a Força e a BID mento, cujo objeto é IA - O seotimizar a comunicação entre a Força e a BID no tocante às nos- nhor acredita que outros projetos possam sas necessidades. Por exemplo, foi a partir des- ser incluídos no PAC? se instrumento de parceria que apresentamos General Linhares - Há interesse do EB em inao mercado nossa intenção de adquirir viaturas cluir mais alguns projetos, e continuamos apre4x4 blindadas com particulares requisitos. A bus- sentando esse pleito nas comunicações com o ca por informações de companhias nacionais e Ministério do Planejamento. O mais prioritário é internacionais surpreendeu as expectativas. O a inserção do Proteger, mas existem outros tamExército recebe visitas e organiza eventos, com a bém prioritários como o da Aviação do Exército, participação da BID, para aproximação e conheci- que hoje precisa de uma atenção especial. mento mútuo. IA – Como o senhor avalia a participação da IA – Como o senhor avalia a concorrência ABIMDE no setor de Defesa? que as empresas nacionais enfrentam dian- General Linhares - a ABIMDE, assim como os te do mercado estrangeiro? departamentos de defesa das Federações das InGeneral Linhares - A assinatura da lei 12.598, dústrias regionais, é um dos nossos mais querireferente à Empresa Estratégica de Defesa (EED) dos interlocutores para acesso às empresas da e que instituiu o Regime Especial Tributário para a BID. E esse relacionamento tem sido caracterizaIndústria de Defesa (Retid), permite uma partici- do por mútuo conhecimento e sucesso nas empação especial em licitações de PRODE e oferece preitadas para trabalharmos juntos, EB e BID, tratamento tributário diferenciado para as EED, para o desenvolvimento de uma indústria autôsendo uma grande colaboração para se elevar a noma e competitiva, com vistas ao mercado incompetitividade das empresas nacionais junto ternacional. ás empresas internacionais de maior experiência no ramo. Outras iniciativas estão previstas, mas como já falei esse é um caminho que exige o re-


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Divulgação

CO-PRODUÇÃO

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Munição 105mm “Leopard” em ação

tilizada por diversas Forças Armadas estrangeiras, a munição 105mm é empregada contra diversos meios, desde carros de combate com blindagem pesada até alvos leves. No Brasil, a Emgepron, em parceria com a empresa belga Mecar, iniciou a co-produção da munição 105mm para canhões 1A5 BR, US M68, UK L7 e similares, de acordo com normas e padrão de qualidade internacional. Em setembro, a Emgepron realizou, na linha 1 do Centro de Avaliações do Exército (CAEx), no Rio de Janeiro, uma demonstração de desempenho de tiro dessa munição, utilizada pelos carros de combate Leopard e M60. Foram avaliados no teste os efeitos terminais dos tipos HEP (High Explosive Prastic), empregada para destruição de casamatas, muros de concreto, veículos leves e obstáculos em geral; APFSDS (Armour Piercing Fin Stabilized Discarding Sabot), eficaz contra carros de combate e alvos de blindagem pesada; CNT (Canister), empregada contra tropas e em destruição de obs-

táculos em distâncias inferiores a 250 metros; e a TPCSDS (Target Pratice Cone Stabilized Discarding Sabot), que é utilizada em treinamento e possui desempenho balístico, até mil metros, idêntico à APFSDS, mas com alcance máximo de oito quilômetros, o que permite seu uso seguro em áreas com menor profundidade. A demonstração contou com a presença do Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia, General de Exército Sinclair James Mayer, do Comandante Militar do Leste, General-de-Exército Francisco Carlos Modesto, do Diretor de Sistemas de Armas da Marinha, Vice-Almirante Alípio Jorge Rodrigues da Silva, do Diretor-Presidente da Emgepron, Vice-Almirante (Ref°) Marcelio Carmo de Castro Pereira, do Comandante do Material do Corpo de Fuzileiros Navais, Contra-Almirante (FN) Gilmar Francisco Ferraçu, do Chefe do Centro Tecnológico do Exército, General-de-Brigada Cláudio Duarte de Moraes, do Comandante da Base de Apoio Logístico do Exército, General-de-Brigada Ronaldo Barcellos Ferreira de Araújo, do Chefe do Centro de Avaliações do Exército, General-de-Brigada José Carlos dos Santos, e do Diretor-Geral da Mecar, Simon Haye.


Carla Dias

AVANÇOS NA DEFESA POR UM PAÍS MAIS SOBERANO

Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Vice-Presidente Executivo

E

stamos editando o sexto número de nosso Informe, o qual se consolida com matérias atuais, pertinentes e atraentes. Temos recebido retornos bastante encorajadores a que prossigamos neste programa de manter vivo e atual a “marca” ABIMDE, voz da Indústria de Defesa e Segurança. Realizamos a III Mostra BID BRASIL, a qual atingiu os propósitos desejados e as mensagens de avaliação indicam que estamos no bom caminho. A Mostra proporcionou maior conhecimento das capacidades de nossas indústrias, não só para as delegações estrangeiras como para as Forças Armadas e para os Órgãos de Segurança de nosso País. Apoiados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pelo Ministério da Defesa (MD) pudemos aumentar, significativamente, o número de expositores; tivemos a oportunidade de assistir palestras enriquecedoras e com informações que permitirão às Associadas a realização de negócios (refiro-me, especificamente, à palestra da ONU – Organização das Nações Unidas). Finalmente, recebemos boas notícias com o início da habilitação de Associadas ao Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid), mecanismo que, a nosso ver, ainda necessita de aprimoramentos, mas que certamente alavancará as empresas a ele habilitadas. O aniversário da ABIMDE foi comemorado com alegria e profissionalismo, com presença maciça das Associadas e das palestras dos Conselheiros, além das autoridades que prestigiaram o evento. Lançamos o vídeo institucional da ABIMDE, a Newsletter para informar eventos quase que em tempo real, e aprimoramos o “site” com ênfase para o diretório, relação das EED e das Declarações de Exclusividade. Uma vez mais precisamos da colaboração de todos para o aperfeiçoamento destas ferramentas que nos auxiliarão a prestar um melhor serviço às Associadas. O fim do ano se aproxima, temos a expectativa de um 2015 com muito trabalho, mas muitas realizações. Os nossos governantes e legisladores deverão receber da Associação o máximo de informações a fim de darem prosseguimento aos grandes projetos em andamento, bem como propiciarem a criação de novos empreendimentos que fortaleçam a Base Industrial de Defesa. Concluímos estas notas com o entusiasmo de quem viverá os dias do voo da aeronave de transporte, viaturas de transporte blindadas sobre rodas, submarinos e helicópteros produzidos por brasileiros, legando às gerações que nos sucedem um País mais soberano.

ABIMDE

POR DENTRO DA ABIMDE

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MERCADO

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Odebrecht Defesa e Tecnologia: foco no desenvolvimento e na soberania do Brasil

Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT) atua com foco no desenvolvimento e no emprego de tecnologias para a execução de projetos, fomentando o conteúdo nacional nos bens e serviços demandados pelo setor de defesa brasileiro. Entre as frentes de atuação da empresa estão desenvolver e executar soluções para as necessidades das Forças Armadas do Brasil, no contexto da implantação da Estratégia Nacional de Defesa (END); realizar investimentos e parcerias estratégicas, em alinhamento com o governo brasileiro, para o fortalecimento da indústria nacional de defesa e conceber, desenvolver, integrar, gerenciar tecnologias e produtos de uso militar e civil. Para desenvolver e aplicar tecnologias tão avançadas, a ODT conta, atualmente, com mais de 1.600 integrantes, incluindo equipes altamente capacitadas para atender as necessidades dos clientes. Mais de 33% de seus colaboradores têm entre nível superior e pós-doutorado. Em 2011, ao reunir a experiência nacional e internacional da Odebrecht na concepção e implementação de grandes projetos e gestão de empreendimentos de alta complexidade e de tecnologia de ponta, e a capacidade de desenvolvimento tecnológico da Mectron, a ODT fortaleceu sua posição no mercado de defesa nacional, expandindo a sua participação em importantes projetos estratégicos da Marinha do Brasil, da Força Aérea Brasileira e do Exército Brasileiro. Com o objetivo de oferecer soluções completas às Forças Armadas, a companhia tem participação em três empresas: Itaguaí Construções Navais (ICN), para a construção de submarinos de propulsão convencional e nuclear do Programa Nacional de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), da Marinha do Brasil; Consórcio Baia de Sepetiba (CBS), responsável pelo planejamento, coordenação, gestão e administração das interfaces do PROSUB; e Mectron, voltada para o desenvolvimento e fabricação de produtos de alta tecnologia e sistemas complexos para usos militar e civil.

PROSUB A Odebrecht Defesa e Tecnologia participa, em conjunto com a empresa francesa DCNS, do PROSUB como responsável pela implementação do complexo de estaleiro e base naval em Itaguaí (RJ), bem como pela fabricação de quatro submarinos de propulsão convencional e um de propulsão nuclear. Essa construção inclui a transferência tecnológica ao Brasil para ambos os projetos. No caso do submarino de propulsão nuclear, trata-se de um projeto que colocará o Brasil na lista do seleto grupo de países que dominam essa tecnologia, permitindo ao País ter um diferencial competitivo no cenário global, além de, futuramente, poder contribuir positivamente para a balança comercial brasileira. MECTRON Em 2011, a Odebrecht Defesa e Tecnologia assumiu o controle acionário da Mectron. Com mais de 20 anos de serviços prestados para as Forças Armadas, empresa atua nos mercados de defesa e aeroespacial. Integra sistemas complexos, com ênfase na concepção, projeto e fabricação de sistemas inteligentes, e produz equipamentos de tecnologia de ponta como mísseis, radares, sistemas aviônicos, sistemas de comunicação, controle e comando, todos de última geração. Entre os projetos em andamento conduzidos pela companhia, podemos destacar o LINK BR-2, que é um sistema de Comunicação Segura por Enlace de Dados (Data Link) para uso militar em teatros operacionais, com criptografia de dados, voz e imagens; participação no projeto Rádio Definido por Software de Defesa (RDS), que integra o Projeto Estratégico de Defesa Cibernética do Brasil; os mísseis MAA-1 (míssil ar-ar de curto alcance, 3ª geração), MAA-1B (míssil ar-ar de curto alcance, 4ª geração), A-DARTER (míssil ar-ar de curto alcance, 5ª geração, resultado de uma parceria entre o Brasil e a África do Sul), MAR-1 (míssil ar-superfície, antirradiação, destinado à supressão de radares) e MAN-SUP (míssil superfície-superfície, antinavio), entre outros; e SCP-01, que é um radar multifuncional da aero-


Divulgação

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nave AMX (A-1/A-1M) da Força Aérea Brasileira. Esses projetos têm importância na retenção de conhecimento no Brasil, pois permitem que o País passe a dominar tecnologias de ponta, criando uma rede nacional de conhecimento e inovação, que projetará o Brasil com destaque no setor de defesa mundial, contribuindo diretamente para o crescimento do País. Além disso, são estratégicos para a conquista da autonomia tecnológica brasileira e a garantia da soberania nacional, já que servem como instrumentos de dissuasão, garantindo a preservação dos recursos naturais brasileiros, estejam eles no mar, no ar ou na terra, além de ativos importantes e estratégicos para o País. Contudo, o conhecimento e domínio tecnológico precisam ser incentivados e mantidos pelo governo, que deve criar condições adequadas para que eles aconteçam de forma estratégica e constante. Hoje, o desafio para a indústria de defesa se manter capacitada e competitiva frente aos competidores globais, para continuar desenvolvendo produtos e soluções, está na garantia e constância de investimentos para o setor. Os projetos da área de defesa possuem a característica de desenvolvimento em médio e longo prazos e exigem um planejamento também a longo prazo, que está preconizado na Estratégia Nacional de Defesa (END). Também é importante mencionar que os recursos destinados à execução da END devem ser investidos em velocidade que nos permita criar o efeito de potencializar a geração do conhecimento e sua reutilização. Pois, do contrário, pequenos e inconstantes investimentos ou dotações esparsas não serão suficientes para a criação de uma massa crítica capaz de absorver e desenvolver tecnologia de forma constante, ou seja, uma geração de brasileiros voltados para o desenvolvimento de tecnologias críticas, imprescindíveis para a autonomia tecnológica e soberania da Nação.


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ESPECIAL

Parques Tecnológicos

pOlos de excelência

por Karen Gobbatto

O Fotos: Cláudio Capucho e divulgação

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior define os Parques Tecnológicos como “complexos de desenvolvimento econômico e tecnológico que visam a fomentar e promover sinergias nas atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação entre empresas e instituições científicas e tecnológicas, públicas e privadas, com apoio dos governos federal, estadual e municipal, comunidade local e setor privado”. Além disso, podemos complementar, afirmando que os Parques Tecnológicos atuam como polos de excelência com o intuito de impulsionar a indústria nacional, principalmente quando exploram a vocação econômica da região onde estão instalados. Dados de 2013, apresentados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, revelaram que os 80 Parques participantes da pesquisa geraram 32.237 empregos, distribuídos entre institutos de pesquisa (1.797), gestão


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Fundado em 2008, o local recebeu investimentos da ordem de R$ 10 milhões e conta com uma área de 4.500 metros quadrados de construção em um terreno com 78 mil metros quadrados. Nesse espaço, funcionam hoje quatro empresas e há mais quatro em processo de instalação. Algumas delas desenvolvem produtos e serviços com característica dual, ou seja, podendo ser aplicados tanto na área civil quanto na militar. Segundo o gestor executivo do Parque, Cristiano Silveira, a expectativa é que o local abrigue ao menos dez empresas voltadas para a área de Tecnologia e de Defesa até o final de 2015. O Santa Maria Tecnoparque foi concebido por meio do conceito da tríplice hélice, tendo entre os fundadores três universidades, entidades privadas e prefeitura. “O diferencial é que o Parque Tecnológico é da cidade e não vinculado apenas a uma universidade ou entidade específica. Somos pioneiros em adotar essa filosofia”, destaca Silveira. Em Santa Maria, o parque investe em cinco áreas prioritárias e o objetivo é que todas atuem convergindo para a Defesa. Essas áreas são: TI; Metal Mecânica; Economia Criativa; Agrotecnologia; e Defesa. O Exército já manifestou interesse em ter um espaço no local para ficar cada vez mais próximo das empresas e a Marinha também já estuda essa possibilidade, de acordo com o gestor. Para ser um polo de desenvolvimento o local conta com infraestrutura completa para atrair as empresas. São auditórios, salas para reuniões

das próprias estruturas (531) e iniciativa privada (29.909). A qualificação dessa mão de obra chamou a atenção, sendo que do total de empregos nas empresas, aproximadamente 13,5% envolvem mestres (2.950) e doutores (1.098). Dentre os mais de 80 Parques Tecnológicos existentes no Brasil, temos três exemplos que exploram a vocação para a área de Defesa, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de tecnologia para fortalecer a indústria nacional e contribuir para a soberania do País. Os municípios de Santa Maria (RS), São José dos Campos (SP) e São Bernardo do Campo (SP) saíram na frente e criaram estruturas propícias para o surgimento e a expansão de projetos e tendências tecnológicas voltados para esse setor. O município do Rio Grande do Sul espera ser referência no setor de Defesa e, para isso, conta com o Santa Maria Tecnoparque.


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Parque Tecnológico - São José dos Campos

e de videoconferência e laboratórios totalmente equipados. O parque também tem a localização como diferencial, ficando próximo de rodovias e ferrovia. Para se destacar no setor de Defesa, Silveira explica que a principal tarefa do parque é mobilizar empresas para diversificarem a produção, pensando em atender a esse setor. “A estratégia nacional é a de nacionalizar a defesa. Por isso, conversamos com a indústria e a área de TI para que pensem os projetos de maneira dual. Por exemplo, as empresas de games podem desenvolver projetos na área de simulação. Nosso foco é aproximar as empresas desse mercado e fazer com que pensem de que maneira investir em pesquisa e inovação. Por outro lado, também buscamos fomentar as pesquisas feitas nas universidades, aproximando-as do setor produtivo”, ressalta. Vocação Natural No Vale do Paraíba (SP), o Parque Tecnológico – São José dos Campos inaugurou, no dia 22 de novembro, o Centro Empresarial 2, com 23 empresas, e tendo capacidade para abrigar até 50. O Centro Empresarial 1, já existente desde 2010, conta com outras 25 pequenas e médias companhias. Dotado também de uma estrutura completa, moderna e funcional, com auditórios, laboratórios e oficinas, e um Centro de Convenções, o Parque Tecnológico está instalado em uma área de 1,2 milhão de metros quadrados e 36 mil metros quadrados de área construída. Nesse espaço encontram-se ainda uma incubadora, três universidades, e 12 empresas e instituições âncoras.

Santa Maria Tecnoparque

Somente no ano passado, as empresas do Centro Empresarial 1 faturaram R$ 37 milhões, um crescimento de 9% em relação ao ano anterior. A área de inovação e desenvolvimento é tamanha, que as empresas locais já contam com 29 patentes nacionais, oito internacionais e mais 14 estão em processo de registro. Além disso, desde que foi instituído, em 2006, o local já recebeu mais de R$ 1,7 bilhão em investimentos públicos e privados. O Parque tem em suas raízes a vocação regional como polo de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação, já que o Vale do Paraíba sedia importantes instituições voltadas para esse fim desde meados do século passado, quando o CTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) e o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) foram fundados. Apesar dessa vocação natural centrada no segmento aeroespacial e de Defesa, o Parque Tecnológico – São José dos Campos abriga empresas de vários setores, buscando ser multitemático. Além desses, há ainda: Agronegócio; Aeronáutico; Automotivo, Design Thinking; Engenharia de Produtos; Equipamentos Eletrônicos; Geoprocessamento; Geotecnologia; Máquinas e Equipamentos; Mobilidade Urbana; Óleo, Gás e Energia; Reciclagem e Resíduos Sólidos; Saúde e TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação). Visando a integração entre universidades, empresas e instituições de ensino e pesquisa, têm sido implantados no Parque Tecnológico – São José dos Campos os chamados Centros de Desenvolvimento Tecnológico. Nesses locais, fruto de parcerias entre grandes empresas de renome internacional, ditas “empresas âncora”, com


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universidades e instituições de ciência e tecnologia (ICTs), são criadas condições para a inovação tecnológica, desenvolvimento de produtos e qualificação de mão de obra. Os centros também são decisivos para o crescimento de cadeias produtivas, beneficiando micro e pequenas empresas que, na maioria das vezes, dedicam toda a sua produção às demandas de uma única empresa, vendo-se incentivadas a ampliar sua cadeia de produção para atender a outras demandas. No parque, uma iniciativa que também tem gerado bons resultados é o Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), uma incubadora que tem sido responsável pelo fomento e pela divulgação de produtos das empresas locais de engenharia e fabricação aeroespacial. Por meio do Cecompi foi criado o Cluster Aeroespacial Brasileiro (Brazilian Aerospace Cluster), que com muito sucesso tem inserido tais empresas no cenário aeroespacial internacional, com a participação em feiras e eventos internacionais de grande repercussão. Investimento na Defesa Tanto São Bernardo do Campo quanto os demais municípios do Grande ABC cresceram muito em função das indústrias automobilística e petroquímica, mas nos últimos anos, vislumbrando a diversificação econômica e para atender ao projeto da Estratégia Nacional de Defesa (END), foi desenvolvido o projeto “Nova Fronteira da Indústria de Defesa”. O projeto tem por objetivo atrair os elos da cadeia produtiva do setor e, além de movimentar a economia de São Bernardo do Campo (SBC) e do Grande ABC, contribuir com a soberania nacional.

No final de 2012, o município de SBC deu um passo importante nesse sentido e criou a Associação Parque Tecnológico do município, com o objetivo de promover pesquisa, desenvolvimento, inovação tecnológica e suporte a atividades empresariais em conhecimento. O local partirá de quatro âncoras básicas: a indústria de petróleo e gás, a indústria de defesa, design e complexo automotivo com ênfase em ferramentaria. Podendo ainda atuar em indústria de animação e em processos de inovação da administração pública. Representará, assim, o coroamento e a integração da estratégia de desenvolvimento econômico adotada para o município e região. Além disso, São Bernardo tem fomentado estratégias para fortalecer o setor de Defesa e Tecnologia, como a inauguração, em 2011, do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), consolidando a cooperação com empresas e universidades locais e instituições suecas; realização de três workshops pela empresa sueca Saab; e realização de um seminário pelo Consórcio Rafale Internacional, formado por empresas francesas. No CISB, como nos seminários e workshops, estiveram em pauta estudos e pesquisas conjuntos sobre nanotecnologia, aplicação de compósitos, novos materiais, bem como aplicações para a gestão urbana e até mesmo a participação cidadã dos munícipes, com apoio das novas tecnologias. Aliado à base industrial já existente, o Grande ABC busca tornar-se mais um polo do setor industrial de defesa, associando a já tradicional vocação industrial do local e a força de trabalho qualificada às necessidades das Forças Armadas Brasileiras.


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Fotos: Divulgação Embraer

NOTÍCIAS DO SETOR

KC-390 é apresentado pela Embraer em Gavião Peixoto

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o final de outubro, a Embraer apresentou, em sua fábrica em Gavião Peixoto (SP), o primeiro protótipo do avião de transporte militar KC-390. O evento contou com a presença do Ministro da Defesa, Celso Amorim, o Comandante da Força Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito e comitivas e representantes de mais de 30 países. O próximo passo da empresa será realizar testes em solo antes do primeiro voo da aeronave, previsto para ocorrer até o final de 2014. “Este marco significativo do Programa KC-390 demonstra a capacidade da Embraer de gerenciar um projeto complexo e de alta tecnologia como este, e de executá-lo dentro do planejamento previsto”, disse Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança. “O rollout abre caminho para o início dos testes em solo como preparação para o primeiro voo”. “O KC-390 será a espinha dorsal da aviação de transporte da FAB. Ele poderá operar tanto na Amazônia quanto na Antártica. As turbinas a jato conferem bastante agilidade à aeronave, que cumprirá todas as missões, mas muito mais rápi-

do e melhor”, afirmou o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Juniti Saito. Este avião é o primeiro de dois protótipos que serão usados nas campanhas de desenvolvimento, testes de solo, testes de voo e certificação. O KC-390 é um projeto conjunto da Força Aérea Brasileira com a Embraer para desenvolver e produzir um avião de transporte militar tático e reabastecimento em voo, que representa um avanço significativo em termos de tecnologia e inovação para a indústria aeronáutica brasileira. Trata-se de uma aeronave projetada para estabelecer novos padrões em sua categoria, com menor custo operacional e flexibilidade para executar uma ampla gama de missões: transporte e lançamento de cargas e tropas, reabastecimento aéreo, busca e resgate e combate a incêndios florestais, entre outras. No dia 20 de maio de 2014, a Embraer e a Força Aérea Brasileira assinaram o contrato de produção em série para a entrega de 28 aeronaves KC-390 e suporte logístico inicial. Além da encomenda da Força Aérea Brasileira, existem atualmente intenções de compra de outros países, totalizando 32 aeronaves.


Recursos podem chegar a R$ 291 milhões

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Plano de Apoio Conjunto Inova Aerodefesa vai beneficiar mais de 60 projetos de empresas e Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), com recursos não-reembolsáveis que podem chegar a até R$ 291 milhões. Parceria entre o Ministério da Defesa, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e a Agência Espacial Brasileira (AEB), o plano foi criado para impulsionar a produtividade do setor por meio de incentivo financeiro para o desenvolvimento de novas tecnologias. Além de gerar avanço científico, os produtos, criados a partir desse upgrade tecnológico, serão usados em ações estratégicas para a Defesa Nacional. Entre os projetos que receberão recursos do governo estão equipamentos de comunicações submarinas, radares, sistemas associados a microssatélites, além de produtos de comando e controle e sistemas de segurança e de vigilância.

SISFRON entra em atividade no MS

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Reprodução

primeira unidade do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) entrou em atividade em novembro último no município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. A ferramenta é um dos principais projetos estratégicos do Exército e tem como objetivo fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira, auxiliando as forças policiais a combater ilícitos como tráfico de drogas, roubos e contrabando. Para isso, o sistema fará uso de equipamentos tecnológicos de ponta, como radares e outros meios de sensoriamento, que serão aplicados ao longo dos 16,8 mil

quilômetros da fronteira nacional. Isso equivale a um monitoramento de aproximadamente 27% do território do País, abrangendo os Comandos Militares da Amazônia, do Norte, do Oeste e do Sul. Orçado em R$ 12 bilhões, o Sisfron fortalecerá a atuação do Exército na faixa de fronteira e ajudará a promover maior interação entre as Forças Armadas e órgãos de segurança pública e inteligência. Além disso, por envolver a indústria nacional de defesa desde a sua concepção, o projeto impulsiona a capacitação tecnológica e o domínio de conhecimentos considerados indispensáveis à defesa do País. Estima-se que, nos próximos anos, serão gerados cerca um mil empregos diretos e quatro mil indiretos.


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SEGURANÇA PÚBLICA

Os Jogos Olímpicos vêm aí

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Copa do Mundo se encerrou com um saldo muito positivo em todas as áreas, inclusive na de segurança pública, e essa experiência será de extrema importância para que o Brasil dê, novamente, um show de organização para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Segundo Andrei Augusto Passos Rodrigues, secretário da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), ligada ao Ministério da Justiça, o Brasil passa a ser modelo para outros países. Inclusive, essa experiência foi dividida com a comunidade internacional no final do último mês de outubro, quando Rodrigues representou o País em um evento da Interpol, realizado em Paris. “Estive nesse evento da Interpol para apresentar o modelo de integração desenvolvido no Brasil, que dá suporte aos grandes eventos”, comenta o secretário. Foram apresentadas as soluções tecnológicas de informação, serviços e infraestrutura desenvolvidas para os Centros Integrados de Comando e Controle, instalados nas 12 cidades-sede. Após esse balanço, começam a ser intensificadas as ações com foco nos Jogos Olímpicos. O evento vai ocorrer daqui a dois anos, mas a Sesge já vem

por Karen Gobbatto trabalhando no planejamento desde o ano passado. Devido ao perfil do evento, diferentemente do observado na Copa do Mundo, algumas ações precisarão ser adaptadas. Para as Olimpíadas são esperados mais de três milhões de turistas, mais de dez mil atletas e serão realizadas mais de 50 atividades simultâneas. Também haverá jogos em quatro Estados, além do Distrito Federal: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. “Já temos o protocolo de segurança definido e, a partir de agora, intensificamos o planejamento para, já a partir do próximo ano, realizar os eventos-teste com total segurança”, destaca. De acordo com o secretário, a Sesge tem contribuído com o desenvolvimento da indústria nacional de defesa, à medida que consome produtos, serviços e tecnologias locais. Mas, Rodrigues ressalta que a indústria brasileira, apesar de ter capacidade de fazer frente aos produtos internacionais, deve seguir os trâmites legais juntamente com as demais empresas. Legado O balanço da Sesge sobre a Copa do Mundo, e que passa a ser um legado para todo o País, vai além da implantação de novas tecnologias no


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Fotos: Divulgação

setor de segurança pública e passa por uma mudança de cultura na condução dos processos. Foram investidos mais de R$ 1 bilhão em equipamentos, entre eles, veículos, salas-cofres, centros integrados, entre outras infraestruturas. Também foi investido na capacitação de mais de 20.000 profissionais da área de segurança pública. Tais investimentos se juntaram à necessidade de adotar um trabalho conjunto e integrado entre todas as instituições ligadas à segurança. “Esse foi o maior legado. Respeitadas as individualidades e responsabilidades de cada instituição, todos entenderam que o trabalho integrado é de fundamental importância para o sucesso desse e de outros projetos”, enfatiza Rodrigues. Essa integração, aliada à alta tecnologia empregada, não está “adormecida” enquanto os Jogos Olímpicos não se iniciam. Com o final da Copa, todo o aparato permanece operante e revertido em projetos que beneficiam toda a sociedade. Entre os exemplos está o Centro de Comando e Controle Móvel que foi realocado para o bairro da Restinga, em Porto Alegre (RS). “Esse bairro apresentava elevados índices de criminalidade e, após a realocação, já são mais de 30 dias sem o registro de ocorrências no local”,

comemora o secretário. No Rio Grande do Norte, os veículos têm sido usados para garantir a segurança de eventos no interior do Estado. A Sesge também tem atuado em eventos como as eleições presidenciais e o Enem. Helicópteros das Polícias Militares receberam câmeras para auxiliar no monitoramento pelo ar, os Centros de Comando e Controle têm operado para dar assistência ao atendimento da Polícia Militar nos Estados, a transferência de presos conta com o apoio do aparato e da inteligência aplicada na Copa, e muito mais. Devido ao sucesso da Copa do Mundo, Rodrigues ressalta que a responsabilidade está ainda mais ampliada. “Garantimos um legado importante para o País e avançamos muito na segurança pública. Agora, precisamos ampliar esse trabalho e vamos nos empenhar para garantir uma festa bonita e tranquila para todos os brasileiros e para os turistas que vierem para acompanhar os Jogos Olímpicos”, conclui. Andrei Rodrigues, Secretário da Sesge


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O MELHOR DA DEFESA E SEGURANÇA EM 2014 Fotos: Felipe Barra/Carla Dias/Divulgação

por Claudia Pereira

Estádio do Maracanã durante a Copa do Mundo de 2014


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ão há dúvidas de que muitos acontecimentos marcaram o setor de defesa no Brasil em 2014 e, muitos deles, positivos para a BID (Base Industrial de Defesa). Empresas brasileiras se destacando em importantes eventos nacionais e internacionais, programas de subvenção econômica do Inova Aerodefesa, da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), avanços e investimentos nos grandes projetos de defesa como PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul) e Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira), aquisição do Gripen NG, rollout do KC-390, novos direcionamentos para a área cibernética, segurança e tecnologias usadas durante a Copa do Mundo, entre outros. A Informe ABIMDE conversou com autoridades das Forças Armadas e com empresários da BID, que apontaram os pontos mais positivos dos setores de defesa e segurança em 2014.

CELSO AMORIM Ministro da Defesa Na verdade, não houve apenas um único fato positivo na Defesa em 2014. Este foi um excelente ano para o nosso setor. Cito, em primeiro lugar, as conquistas na área da Força Aérea Brasileira (FAB). Nós assinamos o contrato de aquisição e desenvolvimento, no Brasil, dos caças Gripen NG. Também pudemos ver o rollout do avião cargueiro KC-390. Na Marinha, assistimos à conclusão de importantes etapas do PROSUB. Dentro de pouco tempo teremos o primeiro dos quatro submarinos convencionais, e seguimos firmes rumo ao desenvolvimento da unidade à propulsão nuclear. O Exército inaugurou a primeira unidade do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), em Mato Grosso do Sul, e recebeu o centésimo blindado Guarani. O ano de 2014 foi, portanto, um período de colher o que semeamos no passado. Uma safra de boas iniciativas, que já deu bons resultados num período relativamente curto se considerarmos a complexidade dos projetos da Defesa Nacional. Eu diria que este foi um ano de boa colheita, mas também de boa semeadura. Nossos projetos são hoje uma realidade e nosso futuro é promissor.

TENENTE-BRIGADEIRO-DO-AR JUNITI SAITO Comandante da Força Aérea Brasileira O ano de 2014 foi histórico para a Força Aérea Brasileira (FAB) com a assinatura dos contratos de aquisição das aeronaves KC-390 e Gripen NG. São projetos cuidadosamente especificados para servir ao nosso País, em total alinhamento com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, e vão representar um salto na capacidade operacional da FAB. Empresas da Base Industrial de Defesa são fundamentais nestes projetos, participando desde o desenvolvimento até o suporte às frotas operacionais. Em paralelo, prosseguem projetos de grande importância como o dos helicópteros EC725, do míssil A-Darter, e da modernização de caças F-5 e A-1.


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ALMIRANTE-DE-ESQUADRA JULIO SOARES DE MOURA NETO, Comandante da Marinha O ano de 2014 tem sido marcado por diversas realizações significativas. A maioria delas se encaixa em uma sequência de empreendimentos que vem sendo concebidos e executados ao longo dos últimos anos, para atingir a visão de futuro projetada pela Marinha do Brasil (MB). Dentre esses avanços, destacam-se os seguintes: a) O prosseguimento dos empreendimentos do PROSUB: Decorrente da Estratégia Nacional de Defesa (END), é um marco absolutamente fundamental para elevar as capacidades da Força Naval a um patamar compatível com a estatura político-estratégica do nosso País. O programa vem alcançando grande impulso desde o seu início e, particularmente, em dezembro deste ano, será inaugurado o prédio principal do Estaleiro de Construção, em cerimônia que, possivelmente, contará com a presença da presidente da República. Paralelamente, as seções 3 e 4 do primeiro submarino convencional (S-BR1) já se encontram na UFEM e serão unidas às seções 1 e 2, sendo fabricadas no Brasil. O término da construção do primeiro submarino convencional está previsto para ocorrer em 2017. b) O avanço na etapa inicial do SisGAAz: O ano de 2014 vem sendo particularmente significativo para materializar o SisGAAz, pois marcou o término da fase de concepção e o início da fase de contratação do programa. Nesse contexto, mais de 160 empresas nacionais receberam as especificações estabelecidas pela Marinha e terão até 19 de janeiro de 2015 para apresentarem suas propostas de como atendê-las, que serão analisadas minuciosamente, a fim de permitir a seleção da Main Contractor para executar o programa. A previsão de início da construção dos subsistemas do SisGAAz é 2017, com término previsto para 2027. c) O recebimento de novos equipamentos: Ao longo de 2014 foram adquiridos vários equipamentos, além de terem sido firmados contratos para modernização de outros, dentre os principais: a aquisição de duas Lanchas de Patrulha de Rio (LPR-40), construídas pela COTECMAR (Colômbia); a aquisição do Navio de Transporte Fluvial (NTrFlu) “Almirante Leverger” e do Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) “Caravelas”, para operação na área do Comando do 6º Distrito Naval, baseado em Ladário-MS; o lançamento do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) “Vital de Oliveira” ao mar, no estaleiro Guangzhou Hantong Shipbuilding and Shipping Company, em Xinhui, República Popular da China. Sua prontificação está prevista para maio de 2015; prosseguimento na modernização dos aviões A-4 Skyhawk; o recebimento de viaturas blindadas “Piranha”, de fabricação suíça; o recebimento de helicópteros Super Cougar; o recebimento do Sistema Lançador de Foguetes Astros CFN 2020; e a celebração de contrato para modernização de oito helicópteros Super LynxMk 21A. d) O aprofundamento da cooperação internacional no âmbito naval: A MB vem aprofundando a cooperação com países amigos em diversas áreas, como na condução de operações multilaterais, intercâmbios, realização de cursos, entre outros. Cabe ao Brasil um papel significativo junto às nações em seu entorno estratégico. No caso da Marinha, isso se traduz, entre outras responsabilidades, em firmar sua posição de destaque dentro da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). O ano de 2014 tem sido profícuo nesse sentido, destacando-se a continuação do apoio na formação do poder naval da Namíbia, notadamente no estabelecimento da sua capacidade de comunicações navais; fornecimento de simulador de manobra para a Marinha de Moçambique; apoio na formação da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, entre outras.


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SAMI HASSUANI Presidente da ABIMDE O evento mais positivo foi a conclusão e a contratação dos programas de subvenção econômica do Inova Aerodefesa, da Finep. Estes programas permitem que as empresas do setor possam buscar inovações que lhes permitirão competir melhor no mercado nacional e internacional.

CARLOS AFONSO PIERANTONI GAMBÔA Vice-presidente executivo da ABIMDE Inúmeras conquistas da Base Industrial de Defesa marcaram o ano de 2014. Hierarquizá-las é tarefa difícil, pois diversos atores participaram deste crescente avanço. Com a participação direta da ABIMDE, destaco a ida de 85 empresas e entidades à feira Fidae (Chile) e a presença de 62 companhias na III Mostra BID Brasil (DF). Estes dois eventos indicam que, a despeito de todas as dificuldades, o empresariado do setor encontra-se unido e acredita em dias melhores para o País.

Rollout do KC-390, em Gavião Peixoto (SP)


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GENERAL-DE-DIVISÃO ADERICO PARDI MATTIOLI Diretor do departamento de Ciência e Tecnologia Industrial (DECTI) Como integrante da Secretaria de Produto de Defesa, destaco o sucesso da III Mostra BID-Brasil, que contou com o incondicional apoio da APEX e da ABIMDE. Entretanto, como diretor de Ciência e Tecnologia Industrial, elejo o lançamento do Programa Plataformas do Conhecimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Trata-se de um programa estratégico e ousado, que visa a conquista de capacitações críticas para a soberania e desenvolvimento do Brasil.

GENERAL-DE-DIVISÃO LUIZ FELIPE LINHARES GOMES Chefe do EPEx (Escritório de Projetos do Exército) No tocante ao EPEx, o evento mais importante foi a assinatura do Memorando de Entendimento com a ABIMDE, pois permitiu uma comunicação mais eficiente entre o Exército Brasileiro e a BID. Em 2014, os diversos desdobramentos oriundos daquele instrumento de parceria permitiram que as empresas do setor de defesa e segurança assimilassem as capacidades requeridas pela Força Terrestre, desenvolvendo ou produzindo PRODE com requisitos necessários e adequados ao Processo de Transformação do Exército.

JACKSON SCHNEIDER Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança Os investimentos do governo brasileiro em grandes projetos de defesa, como o Sisfron, o Satélite Geoestacionário, o KC-390 e o Projeto F-X2, entre outros, são extremamente importantes e positivos para toda a base industrial de defesa do País. Falando especificamente da Embraer, vale destacar a entrega dos primeiros aviões Super Tucanos à Força Aérea dos Estados Unidos e o rollout do avião de transporte militar tático KC-390.

ASTOR VASQUES Presidente da Bradar Em minha opinião foi a regulamentação do Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid). Creio que isto foi um divisor de águas para a indústria do setor, proporcionando maior competitividade no mercado internacional, mas antes de tudo um sinal claro de que o governo tem o propósito de recuperar esta indústria no Brasil. Esta medida traz confiança ao mercado e abre caminho para um maior relacionamento da indústria brasileira de defesa com parceiros internacionais, o que motiva uma maior transferência de tecnologia para o País.


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Protótipo do Gripen que será entregue à FAB

CARLOS RUST Presidente da RustCon Em 2014, vale a pena ressaltar o cunho paradoxal de algumas iniciativas que devem se desenvolver nos próximos anos. Um dos principais e mais relevantes eventos foi o lançamento do processo de aquisição do programa SisGAAz. Sobre a Rustcon, tivemos como pontos positivos a entrega da segunda versão do Simulador de Guerra Cibernética, que pode ser usado para capacitação, planejamento e operação de ações cibernéticas. E também tivemos a participação nas feiras Fidae e Euronaval (França), que nos abriu oportunidades internacionais.

RICARDO CAMPELLO Diretor da ARES O acontecimento mais importante para o setor de defesa e segurança no ano de 2014 foi a assinatura do contrato de aquisição do FX-2 Gripen, com amplos e duradouros reflexos positivos para a BID e para a motivação dos recursos humanos envolvidos na Defesa da Pátria.


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LUCIANO CARDIM Gerente sênior de relações governamentais da Motorola Solutions Ressaltamos a relevância dos investimentos realizados pelas várias instâncias de governo na modernização e expansão da infraestrutura de comunicações de missão crítica para atender os requisitos de defesa e segurança pública durante a Copa do Mundo. O uso de soluções como Centros Integrados de Comando e Controle, Sistemas Digitais de Radiocomunicação e de Comunicações em Banda Larga (4G/LTE), dedicadas exclusivamente à defesa e segurança pública durante o evento, confirmaram a efetividade de aplicação da tecnologia para a integração dos órgãos de segurança pública e defesa, bem como melhoria de desempenho e capacidade de resposta.

ANDRÉ BERTIN CCO da BCA Com certeza a Copa do Mundo foi o evento de maior importância para nosso segmento, pois o Brasil pôde promover a recepção de turistas e de autoridades do mundo inteiro em um padrão de segurança superior ao encontrado em nosso dia a dia. Isto nos garante maior credibilidade para incrementar o relacionamento internacional com o mercado. Certamente, o modelo de segurança adotado no Brasil, como por exemplo nas favelas do Rio de Janeiro, pôde ser, em parte, compartilhado com qualquer país do mundo e, o mais importante, com uma grande parcela de produtos da nossa BID.

CESAR LOURENÇO BOTTI Chefe do departamento de relações de mercado da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) A inédita inserção dos assuntos de defesa e segurança na agenda nacional, motivada pela implementação da Estratégica Nacional de Defesa e da Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (ENAFRON), associada à abertura de novas oportunidades mercadológicas, em consequência da implantação, embora tímida, dos projetos estratégicos indutores da transformação das Forças Armadas, e pelas demandas crescentes proporcionadas pelos grandes eventos; pelo fortalecimento da Base Industrial de Defesa do Brasil; e pela ação proativa e proficiente de fomento da BID, desenvolvida pela ABIMDE junto aos clientes institucionais, em especial Forças Armadas, parlamentares, formadores de opiniões, gestores públicos e privados e, ainda, segmentos expressivos da sociedade brasileira.

TARCÍSIO TAKASHI MUTA Presidente da Fundação Ezute Eu menciono a Copa do Mundo Fifa 2014, que demonstrou que o País, quando tem determinação política de enfrentar uma questão complexa, o faz com competência. Houve um trabalho de gestão na questão de segurança, que levou à integração entre as diversas esferas de poder (federal, estadual e municipal). Em um esforço conjunto e concentrado, com os recursos disponíveis, foi possível realizar o maior evento esportivo mundial com transparência nas ocorrências e dentro de taxas mundialmente aceitáveis.


ESPAÇO CORPORATIVO

AGILIDADE E FLEXIBILIDADE Os sistemas organizacionais mais adaptáveis são aqueles que operam nos limites da estabilidade para poder manobrar de forma efetiva durante a mudança, porém evitando que sejam tão instáveis a ponto de desmoronarem ou se tornarem impossíveis de manejar. As organizações que vencem continuamente são aquelas com uma cultura ágil: capazes de identificar ameaças e oportunidades no horizonte e rapidamente adotar atitudes para enfrentar a ameaça, desprendendo-se do passado e enfrentando as situações como elas são e não como gostariam que fossem. A capacidade de adaptação às rápidas mudanças nas condições dos negócios depende primeiramente das pessoas da organização, e não dos seus recursos, produtos ou tecnologia. As práticas e os comportamentos que compõem a cultura organizacional são ainda mais importantes para mudanças bem sucedidas do que as habilidades e as competências isoladas de suas pessoas. Ninguém sabe ao certo como predizer corretamente uma mudança. O que, no entanto, podemos predizer é que a marcha da mudança vai continuar e as organizações que provavelmente se sairão bem no longo prazo serão as organizações ágeis e flexíveis.

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Oito princípios estruturam uma organização ágil e flexível: Comprometimento – Focar no negócio, no que é necessário para ter sucesso e para atingir ou exceder a responsabilidade de tomar decisões. Criação de Valor – Assegurar que as atividades, os produtos e os serviços resultem em valor agregado para todos os envolvidos, encontrando formas para sempre incrementar este valor. Iniciativa – Encorajar as pessoas a tomar as iniciativas necessárias para que a organização realize o seu propósito. Liderança – Pesquisar o ambiente para antecipar desafios, comunicando estes desafios para a organização, e trabalhando com as pessoas visando encontrar meios adequados para enfrentá-los. Apoio às Mudanças – Reconhecer a mudança como um fenômeno constante, enxergando a equipe como capaz de influenciar efetivamente esta mudança, bem como à organização e ao seu próprio sucesso. Abertura – Compartilhar as informações apropriadas livremente através da organização, criando e mantendo um ambiente no qual as pessoas se sintam livres para levantar qualquer assunto com a confiança de que será considerado com seriedade. Aprendizado Contínuo – Procurar meios de aprender com cada oportunidade e com cada revés, arriscando cometer erros para desenvolver e competir efetivamente. Respeito e Desafio – Apoiar a discordância construtiva e considerar com justiça as visões alternativas.

Divulgação

“Agilidade e Flexibilidade = Força e Solidez”

Wladimir Palermo

Administrador de Empresas com diversas especializações na área do Comportamento Humano. Em Maio de 2007, constituiu a Persona Global Brasil, em sociedade com a Persona Global Inc, onde atua como CEO, além de Master Certificador para diversos programas. Em 2011, criou o programa Best In Class® Executive Counseling, destinado a presidentes, CEOs, diretores e gestores de alto nível em importantes organizações dos mais variados segmentos. Escreve, periodicamente, artigos relacionados ao Comportamento Humano e Liderança, que estão disponíveis em www. thebestinclass.com.br, na aba Artigos.


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COMITÊS ABIMDE

AVANÇOS NO SETOR DE SIMULAÇÃO E TREINAMENTO por Auro Azeredo Coordenador do CSTA

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este ano de 2014, o Comitê de Simulação e Treinamento da ABIMDE conseguiu realizar diversos eventos que possibilitaram uma maior sinergia e entendimento comuns entre as empresas membros de nosso comitê (43) e nossas Forças Armadas, estimulando novas demandas de serviços e aquisição de produtos de simulação e treinamento. Workshops: • Ferramentas de produtividade para simu- lação 1-Presagis • Ferramentas de produtividade para simu- lação 2-MäK • Ferramentas e técnicas de OTW – Christie.

FSTM: Fórum de Simulação e Treinamento Militar, realizado no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos, reuniu de um lado as empresas de simulação e treinamento do setor de defesa e, do outro, representantes das três Forças Armadas brasileiras. O evento contou com a presença de mais de 150 participantes ao longo dos três dias de intensos debates e palestras, abordando 25 temas afins a saber: • Forças Armadas – Expondo sua realidade e necessidades futuras; • Empresas de Tecnologia – Apresentados cases de solução tecnológica; • ICTs – Informando sobre suas capacitações e interesses de colaboração; • Institucional – Abordando contexto situacional, operacional e normativa do mercado.

Foi uma experiência muito positiva e que permitiu ampliar ainda mais o escopo de possibilidades de negócios envolvendo não apenas empresas nacionais, mas também dando maior entendimento às empresas estrangeiras quanto às perspectivas do mercado, para uso de suas soluções com maior participação das empresas locais e profissionais brasileiros à frente de suas realizações. Fruto deste encontro, almejamos que nossas Forças Armadas possuam um reconhecimento efetivo das empresas nacionais para soluções de simulação e treinamento, incluindo-as no cadastro nacional de produtos de defesa, o que o CSTA vem trabalhando junto ao SEPROD/MD (Secretaria de Produtos de Defesa), e que passe a ter uma rubrica própria para estes dispositivos de produtos e serviços no orçamento do setor. Estamos confiantes na realização do 2º FSTM, que deverá ser hospedado pela Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2015. O CSTA também fez diversas reuniões com cada uma das Forças Armadas no sentido de qualificar os requisitos técnicos para compra e aquisição de produtos e serviços de simulação e treinamento (estão publicados no site do CSTA http:// cstabimde.wix.com/csta), visando não apenas adequar e elevar o padrão técnico dos produtos a serem contratados como também de simplificar o entendimento dos pedidos com as empresas ofertantes, ampliando as possibilidades de participação de mais empresas sem perder a integridade dos objetivos a serem alcançados. Isto também possibilitou às Forças Armadas uma maior consciência sobre as possibilidades e oportunidades de forma mais inteligente e econômica do emprego de dispositivos de simulação e treinamento, apontando uma entidade responsável por estas tecnologias e possibilitando uma melhor compreensão das suas respectivas demandas. Nesta mesma linha, o CSTA, com apoio da ABIMDE e da APEX, realizará sua 3ª participação na IITSEC – Orlando/EUA, que é o maior evento de simulação e treinamento militar e segurança do mundo, com a participação de 10 empresas com potencial de exportação, além da presença do Ministério da Defesa (MD) e das demais Forças Armadas.


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istemas cibernéticos, ou seja, todos aqueles relacionados com comunicação e controle, fazem parte natural dos ciclos de C2 das Forças Armadas (FFAA) em todo o mundo. Com a doutrina de Guerra Baseada em Redes (Netcentric Warfare), preconizada na Estratégia Nacional de Defesa (END), os sistemas cibernéticos ganham cada vez mais a capacidade de automatizar ciclos inteiros de decisão e atuação, chegando, em definitivo, aos sistemas de controle, com desdobramentos cinéticos. Segurança cibernética, portanto, extrapola ativos de informação – é fundamental também para a proteção de ativos físicos e preservação da vida. Com a interconexão crescente de sistemas de informação, sistemas de controle e os chamados sistemas ciber-físicos (sistemas que possuem de forma embarcada e integrada componentes atuadores, sensores, de processamento e de comunicação), crescem também a necessidade de confiança em tais sistemas. Neste contexto, como então pode o cliente/usuário final obter a conpor Roberto Gallo fiança que necessita de seus sisteCoordenador do COMCIBER mas cibernéticos? Historicamente, tal confiança depende tanto de critérios técnicos como não técnicos, como por exemplo, a reputação dos fornecedores, a existência de conflitos de interesse entre Estados e, evidentemente, a análise técnica objetiva dos sistemas de interesse. Ciente da importância de tal análise, o CDCiber/DCT/EB iniciou, recentemente, o projeto de pesquisa para o estabelecimento do “Sistema de Homologação e Certificação de Produtos e Serviços de Defesa Cibernética – SHCDCiber”, com a participação da Universidade de Brasília (UNB), e envolvimento de pesquisadores e consultores de diversas instituições (academia, indústria e governo), incluindo a presidência da república, a Universidade de São Paulo (USP), o INMETRO e o COMCIBER/ABIMDE. Esta fase do projeto tem duração estimada de sete meses e ocorre de forma concomitante aos estudos para o estabelecimento da Escola Nacional de Defesa Cibernética, a ENaDCiber. Uma vez implantado, o SHCDCiber proverá toda a infraestrutura e regulamentação para que produtos cibernéticos sejam analisados, certificados e homologados quanto ao seu funcionamento, provendo assim critérios objetivos aos compradores e usuários de que aqueles sistemas de interesse fazem exatamente aquilo que declaram – e nada mais.

Homologação de Produtos de Defesa Cibernética


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Abrigos Temporários

Fotos: Divulgação

IMBEL® Inovando em prol das Ações de Defesa Civil

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Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL®), Empresa Estratégica de Defesa e Segurança desde 1808, desenvolveu, por solicitação do Comando do Exército, os Sistemas de Abrigos Temporários - SATi, integrado por abrigos temporários de alto desempenho, adaptado às condições e peculiaridades dos biomas brasileiros e à realidade conjuntural do Exército Brasileiro. O SATi foi projetado para abrigar tropas de todas as características, empregadas em missões de Defesa da Pátria, Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e episódicas, como as missões humanitárias e de segurança a grandes eventos. Projetado e desenvolvido em sua Unidade de Produção, Fábrica Presidente Vargas (FPV/IMBEL®), os produtos da Linha de campanha e humanitária SATi inovam por atenderem os requisitos de confiabilidade, rusticidade, flexibilidade, emprego dual, com viés logístico e de mobilização, e humanitário; resistente a ventos fortes; possibilidade de mo-

dulação longitudinal e transversal, estrutura tubular leve, resistente e intercambiável; dotado de tecidos técnicos com tratamento antimofo, antibactéria, proteção à degradação por raios UV, proteção para retardo à propagação de chamas, permeabilidade seletiva, conexões rígidas, com engates rápidos e sistemas de trancamento; conforto térmico e piso em PVC de fácil higienização. A IMBEL®, tendo como atributo as especificidades de ser uma Empresa Pública de Defesa e Segurança, norteada pelos ditames constitucionais e legais, entre as quais se destacam a responsabilidade socioambiental, decidiu desenvolver, a partir da tecnologia do SATi, a linha de Produtos EcoSATi, adequada às ações de Defesa Civil . Os produtos da Linha EcoSATi são tropicalizados e customizáveis, que atendem às expectativas dos clientes no que tange aos requisitos de confiabilidade, conforto, rusticidade, rapidez e flexibilidade no manuseio e emprego.


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Barracas de defesa civil apresentadas pela IMBEL® no XIV SENABOM

PARTICIPAÇÃO DA IMBEL® NO XIV SENABOM A Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL®) participou, no período de 3 a 5 de setembro de 2014, do XIV Seminário Nacional dos Bombeiros Militares - SENABOM. O evento, ocorrido na cidade de Goiânia (GO), contou com a participação de corporações de bombeiros militares de todos os estados da Federação, além de diversos órgãos ligados à Defesa Civil. O SENABOM é um evento anual do calendário do corpo de bombeiros de todo o País. Nele, as corporações têm contato com as inovações tecnológicas das áreas de combate a incêndio, resgate, salvamento, prevenção de acidentes e catástrofes naturais. Além disso, são conduzidas discussões sobre esses temas de forma a difundir melhores práticas e padronizar procedimentos doutrinários. No SENABOM, a IMBEL® pôde apresentar um segmento de seu portfólio com aplicabilidade dual, ou seja, materiais que, além da sua utilização na área de Defesa, tem largo emprego na Defesa Civil e apoio às atividades dos bombeiros militares. Entre tais equipamentos, destacam-se os novos Sistemas de Abrigos Temporários (SATi), abrigos de alto desempenho e o equipamento de comunicações portátil TPP 1400, recentemente lançado e adquirido pelo Exército Brasileiro. Os demais produtos IMBEL®, em especial, pistolas, facas, carabinas e fuzis, foram apresentados por meio de banners, folders, catálogos e impressos. O estande IMBEL® foi bastante visitado e os produtos demonstraram ter grandes possibilidades de mercado e excelente aceitação por parte do público especializado visitante. A participação da IMBEL® foi coroada de êxito, contribuindo significativamente para colimar os objetivos de promover e divulgar aos públicos-alvo, institucional e privado – Corporações de Bombeiros Militares, Polícias Militares e Civis, Guardas Municipais, atiradores, caçadores e público em geral – , a Empresa e seu portfólio de produtos e, ainda, consolidar a marca “IMBEL® - Empresa Estratégica de Defesa e Segurança desde 1808”.


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PARCERIA

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A favor do fortalecimento da Defesa no País

Deputado reeleito Carlos Zarattini (PT/SP) é um dos grandes parceiros da ABIMDE na luta pelo fortalecimento e expansão do setor de defesa no Brasil. Em seu terceiro mandato como deputado federal, é titular da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) e suplente da Comissão de Minas e Energia (CME). Também atua em importantes Comissões Especiais como, por exemplo, a que discute o PL 5692/13 – Proteção das Riquezas da Amazônia, e a que discorre sobre o PL 3538/12 – Criação da Empresa Amazul de Tecnologias. Como Coordenador da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, que tem como principal objetivo examinar um adequado Sistema de Defesa voltado para a preservação da Soberania Nacional e do Estado Democrático de Direito, tem sido importante interlocutor no diálogo entre governo e indústria. Dentro das atividades relacionadas à Frente estão: buscar relações com universidades, centros de pesquisa e afins; elaborar calendário anual de seminários, debates e demais eventos a serem programados ao longo do trabalho de atuação dos parlamentares; buscar articulação com frentes similares de parlamentos de outros países, em especial da América do Sul; fomentar o intercâmbio, a cooperação e a troca de informações recíprocas entre o Parlamento, a Defesa e as Forças Armadas; editar cadastro/anuário da legislação de defesa em tramitação no Congresso Nacional. Em conversa com a revista Informe ABIMDE, o parlamentar falou sobre a importância de se ter uma indústria de defesa forte e capaz de gerar negócios para o País. INFORME ABIMDE - Quando o senhor começou a se relacionar com o setor de defesa? Deputado Carlos Zarattini - A partir do momento que vi o setor de defesa como importante nicho para o desenvolvimento tecnológico e econômico no País. O governo trabalhou para firmar um acordo com a França (que envolve a construção de helicópteros e submarinos com transferência de tecnologia) e, depois disso, conhecendo

por Claudia Pereira

os projetos das Forças Armadas, continuamos, outros parlamentares e eu, a atuação para que este setor possa estar cada vez mais fortalecido. IA - Como o senhor avalia a atuação da Frente Parlamentar da Defesa Nacional no ano de 2014? Zarattini - Este ano, trabalhamos mais na defesa para o fluxo de recursos para a continuidade dos atuais projetos. Tivemos atrasos e lutamos junto ao governo para diminuir esses adiamentos. No conjunto, a atividade como um todo teve certa redução. IA - Quais os principais pontos tratados pela Frente ao longo do ano? Zarattini - A Frente lutou por recursos para todos os projetos que solicitaram auxílio, mas em especial posso destacar o Astros 2020, que é de extrema importância para o País, o desenvolvimento dos helicópteros no Brasil e o submarino nuclear. IA - Como será a atuação em 2015? Já existe algo programado? Zarattini - Em 2015, será o início de um novo mandato. Pretendemos reconstituir a Frente e ter a adesão de novos deputados. Queremos também buscar atingir o senado, para que tenhamos uma força maior. Temos a intenção de fazer um momento no congresso de conhecimento desses projetos. Além disso, ter contato permanente com as Forças Armadas e com a indústria será muito importante para que possamos obter novas informações sobre os projetos em desenvolvimento. IA - Este ano, quais foram as principais conquistas do setor de defesa? Zarattini - Não diria especificamente este ano, mas nos últimos anos tivemos a firmação da END (Estratégia Nacional de Defesa), que nasceu como uma ideia, um projeto, e hoje é uma realidade. Para mim, esta foi a maior conquista do setor até hoje. Agora, vamos iniciar o debate do novo Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), dentre outros tantos pontos a serem debatidos neste segmento. Posso dizer que os planos estão caminhando.


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IA - Como o senhor avalia os investimentos feitos na área de defesa e segurança em 2014? Zarattini - Avalio como positivo. Infelizmente, tivemos uma retração da arrecadação do País como um todo. A crise internacional prejudicou muito nossa economia, pois tivemos redução de exportação. Acredito que isto seja apenas um momento pelo qual estamos passamos e, em 2015, devemos restabelecer e ampliar os investimentos. IA - O que é preciso para que o País deslanche neste segmento e possa competir de perto com o mercado internacional? Zarattini - É preciso definir qual mercado pretendemos atingir. É bem evidente que o mais próximo é a América Latina, e que também existe um grande interesse do Brasil no mercado africano. Temos de estreitar nossa relação com as Forças Armadas dessas regiões para que conheçam melhor nossa tecnologia e nosso desenvolvimento industrial. IA - Qual a importância da ABIMDE para o setor de defesa? Zarattini - A ABIMDE vem atuando de forma importante no segmento e se tornou uma porta-voz da indústria. Tem feito discussões e debates com o governo e se mantido como uma voz presente. Queremos que a indústria esteja próxima do governo, falando sobre suas necessidades e projetos. Por meio da ABIMDE esse diálogo tem se tornado cada vez mais amplo.

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Fotos: Divulgação

TRAJETÓRIA

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O VOO DA CONDOR

empresa Condor S/A Indústria Química, hoje mais conhecida como CONDOR Tecnologias Não Letais, foi fundada em 1985, fruto da aquisição de parte de uma tradicional fabricante de material bélico dos idos de 1960, a Química Tupan. À época, a Química Tupan produzia explosivos civis como nitropenta, utilizados em cordéis detonantes e espoletas iniciadoras, além de munições de caça, pólvora, granadas defensivas, entre outros. A Condor então chegou a ter algum sucesso em exportação operando seus negócios por meio da Trade Company, Engexco, subsidiária da Engesa, fornecendo granadas fumígenas 81mm, para carro de combate, para Iraque, Líbia, Chile e Uruguai, além de fornecer internamente para o Exército Brasileiro equipar seus carros Urutu e Cascavel. Em âmbito nacional, em um cenário de mudança política e instabilidade econômica, os movimentos sociais e as organizações de defesa dos direitos humanos ganharam força, tornando-se cada vez mais presentes e influentes junto à opinião pública e à mídia. Isso trouxe à discussão questões que implicavam diretamente em mudanças de alguns paradigmas, principalmente so-

bre a atuação das polícias, que não dispunham de alternativas à força letal, passando a ser exigido maior equilíbrio e proporcionalidade no emprego da força. No mês de outubro de 1992, o Brasil foi notícia em todo mundo por conta do episódio que ficou conhecido como “massacre do Carandiru”, onde 111 detentos morreram após uma rebelião. A ação foi questionada por organismos internacionais de direitos humanos e muito se discutiu sobre o que poderia ser feito para evitar a tragédia. Ainda em 1992, Carlos Erane de Aguiar, sócio-fundador da Condor, junto com Antônio Carlos Magalhães, então diretor industrial da empresa, realizaram um “management buyout” adquirindo pleno controle da empresa. Em meio à incerteza do mercado nacional, Carlos Erane incentivou seu filho, Frederico Aguiar, a procurar novos mercados e parcerias no Continente Europeu, o que resultou em contratos de representação da Nico Pyrotechnik, empresa alemã do Grupo Rheinmetall; da RBR Armour, empresa inglesa fabricante de capacetes e de coletes balísticos; e um acordo de distribuição de máscaras italianas SGE. Adicionalmente, o trabalho com essas renomadas empresas forneceram “network” internacional,


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imprescindível para a expansão da empresa por ta do Seminário podemos citar a Edição da Portameio da exportação de seus produtos. ria Nº 387 de 01/09/2006, da Polícia Federal, que Quatro anos depois, em 1996, em Eldora- estabelece a obrigatoriedade de 100 horas-aula do dos Carajás, um novo conflito entre manifes- sobre uso de não letais nos cursos de formação tantes “sem-terra” e a Polícia do Pará resultou na de vigilantes de segurança privada. morte de 19 pessoas e 67 feridos. Mais uma vez o O lançamento do Programa Nacional de Seemprego proporcional da força pelos agentes da gurança com Cidadania (PRONASCI), em agosto lei voltou a ser discutido e o uso de tecnologias de 2007, é um marco no que se refere à inclusão não letais tornou-se um imperativo. do conceito do uso progressivo da força e da apliDiante desse cenário, a Condor identificou uma cabilidade das tecnologias não letais na Política demanda crescente por soluções diferentes das de Segurança Pública do País, além de privilegiar armas de fogo, soluções estas que preservassem a qualificação das polícias, incluindo práticas de a vida dos cidadãos e que, ao mesmo tempo, fos- segurança-cidadã como a utilização de tecnolose capaz de neutralizar agressores sem causar gias não letais, entre outras. Um dos pilares do ferimentos graves ou a morte: a força aplicada de conceito de segurança-cidadã, inserido no PROmaneira proporcional. NASCI, é o emprego de tecnologias não letais no A Organização das Nações Unidas (ONU), combate ao crime, garantindo a integridade física em seu 8º Congresso, no ano de 1990, ocorrido dos cidadãos e do próprio agente da lei. em Havana (Cuba), empregou pela primeira vez, No seguimento militar dos EUA, passou em nível internacional, o termo não letal, cujo a ser crescente a preocupação com o uso difetexto de suas resoluções recomenda aos países- renciado da força em operações assimétricas de -membros que desenvolvam “armas não letais”, “Military Operations Other Than War - MOOTW”. tanto quanto possível, com a finalidade de reduzir No Brasil, na doutrina do conceito de Garantia da a violência, morte e ferimentos desnecessários Lei e da Ordem – GLO, bem como em Operações aos cidadãos. Com esse respaldo internacional, a de Missões de Paz, pode-se dizer que as Forças Condor iniciou um intenso programa de divulga- Armadas brasileiras são pioneiras na adoção de ção do conceito junto às autoridades de seguran- equipamentos não letais em missões de paz, com ça pública no âmbito federal, estadual e munici- destaque para sua atuação na Missão das Nações pal, bem como nas esferas militares, por meio de Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). palestras, seminários e diversos outros eventos Nesse contexto, na década de 1990, acomtemáticos. panhando a revolução tecnológica mundial, a Em 2003, com o intuito de reforçar a divul- Condor lança-se no mercado internacional e ingação do “conceito não letal”, a Condor promove veste os primeiros esforços em exportação com a publicação no Brasil da tradução do livro “Futu- considerável sucesso. Os produtos da empresa re War”, do Coronel John B. Alexander, consultor chegam a países como Argélia, Colômbia, Turdo Departamento de Defesa Americano, ex-co- quia, Jordânia, entre outros. mandante dos “Boinas Verdes” na Guerra do Vie- O Instituto Fraunhofer, instituição alemã tnã e considerado o maior especialista em armas de tecnologia, promove edição bienal do Simnão letais do mundo. Na versão em português, o pósio Europeu Não Letal, onde a Condor sempre livro foi intitulado “Armas Não Letais – Alternati- esteve presente desde a 1ª Edição, em 2001, vas para os conflitos do Século XXI”. contribuindo com a relevância de seus resultados Em 2006, como mais um esforço da em- para a formulação de políticas e doutrinas de empresa, a Condor de forma conjunta com o Ministério da Justiça, por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e Fundação Polícia Federal de Apoio ao Ensino e à Pesquisa realizou, em Brasília, o 1º Seminário Internacional de Tecnologias Não Letais. O evento reuniu especialistas do mundo inteiro e um público de mais de 700 pessoas das áreas do Executivo, Judiciário, Legislativo, das Forças Armadas e de Segurança Pública. Primeiro embarque para a Argélia utilizando um avião Ilayushin/76, Como consequência direcom capacidade de 40 ton. de carga


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prego de armas não letais no âmbito militar e de segurança pública, na Europa e também no Brasil. Em sua 4ª edição, no ano de 2007, a Condor apresentou o trabalho “Non-Lethal Technologies in Brazil”. Desde a sua fundação, a empresa, além de ampliar seu portfólio de produtos, também alcançou a marca de exportação para 45 países. A Condor fornece, inclusive, materiais para a ONU para utilização em suas forças de paz. Alguns dos diferenciais da empresa são: seu parque industrial, sua divisão de treinamento, as soluções desenvolvidas de acordo com a demanda do cliente e as parcerias com organismos militares e de segurança pública. A empresa possui em seu portfólio mais de 130 produtos homologados pelo Exército Brasileiro e reconhecidos mundialmente por sua qualidade, fato que tem atraído o interesse das forças de segurança de diversas nações. A companhia foi uma das primeiras a ser classificada pelo Ministério da Defesa como Empresa Estratégica de Defesa (EED). Por meio de sua empresa de representações, a Welser, complementa o portfólio dos produtos da Condor, com equipamentos de renomada qualidade, em variadas áreas para aplicação militar e policial. Destacamos a Altave, fabricante nacional de “balões cativos”, a FNHerstal com o Dispositivo Não-Letal - FN303, entre muitos outros. É importante lembrar que, em 2013, por ocasião da visita do Papa e da Copa do Mundo, o País foi surpreendido por intensas manifestações populares contra aumento de tarifas de ônibus, gastos com a Copa, contra atos de corrupção, etc. Nessas oportunidades, os movimentos sociais levaram às ruas cerca de um milhão e quinhentas mil pessoas, simultaneamente, em cerca de cem cidades brasileiras que, inicialmente, clamavam por mudanças de forma pacífica. Porém, em um segundo momento, grupos radicais passaram a promover depredações e vandalismos, como a

Cerimônia do Prêmio “Faz Diferença”, categoria Economia e Desenvolvimento do Estado do RJ, concedido pelo Jornal O Globo, em parceria com a FIRJAN

tentativa de invasão ao Congresso Nacional e ao Palácio do Itamaraty, em Brasília, e a tentativa de ocupação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e da prefeitura, em São Paulo. Foi um período de quase um mês com intensos e graves confrontos entre vândalos, manifestantes e polícias. Naquele episódio, a Condor teve um papel crucial para a manutenção da ordem e da lei, disponibilizando todo o seu estoque de materiais não letais, inclusive os destinados ao mercado externo, para que as autoridades Militares e Policiais pudessem agir com energia, sem que tivesse ocorrido nenhuma morte sequer diretamente relacionada com o emprego de dispositivos não letais. Infelizmente, nessa mesma época, alguns países como a Síria e a Venezuela empregavam armas de fogo em situações semelhantes, resultando em inúmeras mortes. Como empresa familiar, o seu desafio permanente é a perpetuação da companhia acima de qualquer perspectiva personalista, assim, no dia 11/11/11, um acordo de acionistas implantou o modelo escolhido de governança corporativa, foi criado um Conselho de Administração presidido por Carlos Erane de Aguiar, cabendo a Frederico Aguiar, o papel de principal executivo. Os resultados alcançados mostraram que a decisão foi acertada, pois neste período, até os dias de hoje, a Condor quadruplicou o seu faturamento e ampliou a sua presença no mercado internacional, passando de 10 para 45 países. Para seguir crescendo, a empresa aposta na internacionalização, no investimento contínuo em tecnologia, na prioridade das políticas públicas e no fortalecimento do setor de defesa e segurança que comungam de mesma base industrial, em sua maioria, e são cruciais para o fortaEvento EED - Frederico Aguiar (esq.) recebe diploma do Comandante da lecimento econômico do Brasil, com Aeronáutica, Ten-Brig-Ar Juniti Saito, na presença do Ministro da Defesa, Celso Amorim exportação de alto valor agregado.


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Reprodução

Front Virtual

Guerra Cibernética: uma realidade sem volta

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por Karen Gobbatto

Comandante do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (CIGE) do Exército Brasileiro, Coronel Fernando Adam, fala dos desafios do Brasil no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias que possam auxiliar o País a enfrentar possíveis ataques cibernéticos. O que antes parecia ficção, visto apenas em filmes, hoje é uma realidade sem volta. A cibernética faz parte das prioridades do governo brasileiro e integra os projetos estratégicos das Forças Armadas desde 2011. A preparação de tropas em simuladores de guerra eletrônica está no dia a dia dos treinamentos do Exército. De acordo com o Cel. Adam, o risco de ataques virtuais é iminente diante da velocidade que caminha a tecnologia. Quando assumiu o CIGE, em fevereiro de 2013, a busca por novas tecnologias e simuladores de ponta já estava em andamento. “Havia disponível no mercado internacional muitas caixas-pretas, simuladores importados, desenvolvidos com outras características

que não se encaixavam com a realidade brasileira”, explica o comandante. Segundo ele, os cenários eram limitados e mais se pareciam com jogos. Foi em 2011 que começaram a ser geradas as primeiras especificações para desenvolver no Brasil um simulador que atendesse às necessidades do Exército. “Foi um desafio tanto para nós quanto para a empresa selecionada para trabalhar nesse programa”, conta o Coronel. Em 2012, ainda no comando de seu antecessor, foi entregue a primeira fase do SIMOC, simulador desenvolvido pela empresa brasileira RustCon. Para o comandante, uma grande surpresa, pois o equipamento “era mais flexível e possuía cenários mais condizentes às nossas necessidades, e o mais importante, nacional”. Para ele, ter o domínio dessa tecnologia no Brasil é muito importante, já que a guerra cibernética passou a ser uma preocupação mundial. Hoje, garante que o País está muito bem respaldado tecnologicamente para preparar seus soldados. “Para nós é motivo de orgulho termos um simulador que podemos ajustar aos nossos cenários, nossas necessidades, sem manter qualquer dependência estrangeira.” Ele cita, por exemplo, como foi a preparação para a Copa do Mundo. “Pudemos lançar cenários próximos à realidade, simular situações de conflitos próximas ao campo de futebol, invasões de redes, dentre outros problemas.” Para o comandante, a cibernética é um caminho sem volta, “daqui para frente temos apenas que evoluir cada vez mais. A guerra virtual não é mais ficção, coisa de filme, ela é real e o Brasil tem que estar pronto para se defender no front cibernéCoronel Fernando Adam, Comandante do CIGE tico”, finaliza.


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Fotos: Divulgação

TÚNEL DO TEMPO

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Liderança em Defesa e Broadcast na integração de sistemas

por Karen Gobbatto

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história de sucesso da RF COM pode ser explicada por uma série de fatores, mas a determinação de seu fundador, Paulo César Ceragioli, aliada ao senso de oportunidade sempre marcaram a trajetória da empresa. Tudo começou em 1994, quando o empresário, que ainda trabalhava na antiga Tecnasa, revendia equipamentos para o Programa Ruralcel, voltado para expandir a telefonia móvel nas áreas rurais do País. Paulo César também ministrava treinamentos e criou manuais técnicos para os integradores de sistemas. Nessa atividade, foi incentivado a abrir a própria empresa. Aí nascia a RF COM que, nesses 20 anos, expandiu o ramo de atuação e hoje é líder em diversos segmentos. De representante e revendedora de equipamentos de telefonia móvel, a RF COM foi assumindo novos desafios ao longo dos anos. A área de revenda continua, mas foi acrescida por outros projetos, entre eles, os voltados para a área de Defesa, como a fabricação de shelters (abrigos) e a integração de sistemas de comunicação. Os negócios na área militar representam, atualmente, 50% das atividades da empresa, principalmente com o ingresso da companhia no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sis-


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fron), do Exército Brasileiro, desde 2013. “Todas as unidades móveis do Projeto Sisfron são desenvolvidas pela RF COM. Além de desenvolver os shelters, tudo que envolver comunicação para as viaturas, a RF COM está presente”, explica o gerente de projetos da empresa, Rafael Naves. A atuação no setor de Defesa tornou-se constante a partir de 2007, com uma parceria com a então Orbisat, hoje Bradar, no fornecimento de shelters e na integração de sistemas para o Centro de Operações do Radar SABER M60. Esse abrigo seguiu os padrões desenvolvidos pela RF COM para os clientes civis, atendendo as necessidades do protótipo COAAe (Centro de Operações Antiaéreas) e marcou a entrada da empresa na área militar. “A RF COM é mais do que uma fabricante de shelters. Nosso carro-chefe é a integração de sistemas de comunicação e o nosso diferencial é desenvolver esse tipo de projeto atendendo as necessidades de cada cliente”, ressalta Naves. De acordo com Ceragioli, CEO da empresa, mesmo os shelters, móveis ou fixos, são construídos com layouts variados para receberem os equipamentos de comunicação, de acordo com as necessidades de cada projeto ou cliente. No caso do Projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), que também contou com a participação da RF COM, a empresa desenvolveu as bancadas de testes para os sistemas do projeto. Ceragioli aponta a qualidade dos produtos desenvolvidos pela empresa e a customização dos projetos como os grandes diferenciais da companhia, o que a torna a líder brasileira no fornecimento de shelters. Um dos recentes projetos de integração de sistemas de comunicação da área de defesa foi colocado em prática na Copa do Mundo, realizada este ano no Brasil. A RF COM ficou responsável por integrar o Centro de Comando e Controle Móvel do Exército para o evento, instalando dois centros por cidade-sede, além de bases móveis. Algumas delas identificadas com o tradicional desenho de camuflagem do Exército e outras não, para garantir ainda mais sigilo nas operações, segundo Ceragioli. “Foi um projeto muito interessante para a RF COM, pois contribuímos diretamente para o sucesso da segurança de um evento internacional desse porte”, orgulha-se o CEO.

Broadcast Outra área de domínio e liderança da RF COM é a de Broadcast, com o fornecimento de produtos, serviços e sistemas integrados para empresas de Rádio e Televisão e geradoras de conteúdo. Essa área começou a ser desenvolvida também a partir da fabricação das ERBs Móveis (Estações Rádio-Base Celulares Móveis). Com o conhecimento adquirido com esses projetos e com a telefonia móvel, a RF COM deu um passo importante na consolidação da empresa nesse setor, passando a oferecer tecnologia nacional para as emissoras de rádio e de televisão. A empresa é responsável por construir e montar estúdios móveis e carros links das principais emissoras do País, garantindo a transmissão ao vivo dos mais variados eventos, com a qualidade de som e imagem exigidos. O primeiro projeto nessa área foi para a TV Vanguarda, afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba, em 2001, quando foi construída a primeira Unidade Móvel de Jornalismo. “Esse projeto marcou a entrada da RF COM nesse setor, que hoje lideramos no Brasil com mais de 150 unidades produzidas”, destaca Ceragioli. Em 2004, a empresa dá mais um passo em direção a essa liderança ao projetar e fabricar a primeira Unidade Móvel Modular de Produção para a TV Globo, substituindo as importações desse tipo de equipamento. A RF COM conta não apenas com a TV Globo em seu portfólio de clientes, mas com as principais emissoras de televisão abertas. “Além da busca para melhorar nosso produto, buscamos identificar as necessidades do mercado. Para isso, além de participarmos ativamente das principais feiras do setor no Brasil e no mundo, mantemos contato direto com nossos clientes, indo no campo operacional de cada um para verificar como a empresa pode contribuir para a evolução do trabalho”, reforça Ceragioli. Diferenciais Outros setores que também se beneficiam com a expertise da RF COM na área de telecomunicações são o de Óleo e Gás e Mineração. Para esses setores, a empresa de São José dos Campos (SP) é fornecedora prioritária de estações móveis e fixas de comunicação via satélite. Essas estações são instaladas em áreas remotas como plataformas de exploração de petróleo e minas, permitindo a comunicação com os centros operacionais das empresas.


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Além disso, a empresa é representante e revendedora de produtos importados. Em um desses casos, a RF COM forneceu equipamentos para a Polícia Federal para detecção de produtos tóxicos, além de treinamento para operar o equipamento. Tais produtos são usados em operações em aeroportos, portos e estradas. No portfólio de produtos e serviços há ainda o desenvolvimento de equipamentos e software para um sistema de posicionamento de antenas de micro-ondas. Inicialmente, o projeto foi pensado para a área civil, mas foi absorvido pelo setor de defesa, dentro do projeto Sisfron, para auxiliar o operador a fazer remotamente os ajustes das antenas de transmissão de dados. A RF COM também marcou presença no CBERS (China Brazil Earth Resources Satellite), ao construir um módulo climatizado para envio do satélite para o lançamento na China. A empresa também se orgulha de ter criado uma sala blindada para teste de rádio frequência de celular para a Vivo, e de ter projetado e fabricado o Intercom, um sistema de intercomunicação instalado dentro dos shelters. Parceiros O reconhecimento da RF COM ocorre em todos os se-

RAIO-X Nome: RF COM Fundação: 1994 Atuação: Telecomunicações, Broadcast e Defesa/Segurança

tores e por diversas empresas e instituições. Desde sua inauguração, a companhia firmou parceria com os principais fornecedores de equipamentos e produtos de telecomunicações em todo o mundo. Entre elas estão a Will Burt Company, a Cummins Onan Power Generation, a HWH Corporation, a Commscope Inc, entre outras. A Will Burt é uma que premiou a RF COM como distribuidor internacional, em 2001. Certificações A RF COM possui importantes certificações, credenciamentos e registros: - Está em processo de certificação para obter a ISO 18001: 2007 (Saúde e Segurança) e a ISO 14001: 2004 (Meio Ambiente); - Certificado ISO 9001:2008 – Sistema de Gestão da Qualidade; desde 2011; - Registro ITAR (International Traffic in Arms Regula tions), concedido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, em 2013, permitindo que a em presa RF COM importe equipamentos de cunho mi litar produzidos por aquele País; - Registro de Fabricante de Veículos junto ao DENA TRAN, desde 2005; - Credenciamento como EED (Empresa Estratégica de Defesa) pelo Ministério da Defesa (DOU de 30 de maio 2014).

Funcionários: 200 Clientes: mais de 700 ativos Sede-própria: 35.000 m² de área total e 6.160 m² de área construída

Atuação A RF COM oferece Produtos, Serviços e Sistemas Integrados para aplicações nos segmentos de: - Telecomunicações - Defesa e Segurança - Operadoras de Telefonia Celular - Forças Armadas - Fabricantes de Equipamentos de - Defesa Civil Telecomunicações - Corpo de Bombeiros - Agências Reguladoras (Anatel) - Polícia Civil e Militar - Polícia Federal e Estaduais - Broadcast - Óleo e Gás - Empresas de Rádio e Televisão - Mineração - Geradoras de Conteúdo


LINHA DO TEMPO

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2007

Dezembro – Assinado contrato com a FINEP para o projeto “Desenvolvimento de Tecnologia para Fabricação e Integração de Shelter Militar com Blindagem Eletromagnética para Estação de Solo

2009

Setembro - É fundada a RF COM Sistemas Ltda., para fornecer equipamentos e treinamento do Programa Ruralcel

Janeiro – Assinado contrato com a FINEP para o projeto “Desenvolvimento e Fabricação de Shelter Compacto Integrado Com Blindagem Eletromagnética para Monitoramento e Guerra Eletrônica”

JANEIRO – Assinado contrato com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para financiamento do “Projeto de concepção e desenvolvimento de tecnologia para a medição de cobertura de sistemas de comunicação sem fio, com aplicação direta em telefonia celular”

Abril - Assinado contrato com a FINEP para a subvenção do projeto “Sistema de Comunicação Transportável Via Satélite para Guerra Eletrônica e Comunicação Tática”

1994 1998

Agosto - Entregue as primeiras Estações RádioBase Celulares (ERBs) Móveis com mastro telescópico, integradas em contêiner, usando semirreboque pesado;

2000

Novembro – Entregue a primeira ERB Móvel com mastro telescópico, usando o semirreboque RF COM SR 2000, especialmente projetado para essa aplicação

2001

MARÇO – Desenvolvido o sistema de Mastro Telescópico para as Unidades de Controle do Sistema ASTROS, da Avibras, que foram exportadas para Malásia Recebe prêmio como Distribuidor Internacional da Will-Burt USA (Mastros Telescópicos) “For outstanding sales, service and innovation” Dezembro – Projetada e fabricada a primeira Unidade Móvel de Jornalismo, em parceria com a TV Vanguarda, afiliada TV Globo

2002 2004

Março – Mudança para a sede própria

MARÇO – Projetada e fabricada a primeira Unidade Móvel Modular de Produção, em parceria com a TV Globo

2010

Setembro - A RF COM recebeu da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) a Declaração de Exclusividade de fabricação dos shelters militares S-280, S-788, S-394 e S-262

2011

Dezembro – Primeiro contrato com a Base Administrativa da Brigada de Operações Especiais do Exército, para fornecimento de Plataforma Móvel de Comando e Controle, utilizando Carroceria Modular instalada em caminhão

2012

Dezembro – Primeiro grande contrato com o Ministério da Justiça envolvendo o fornecimento de equipamentos Detectores de Gás para Defesa Química, Biológica e Radiológica (DBQN) para Segurança de Grandes Eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas

2013 2014

FEVEREIRO – Ampliação do parque fabril, fechamento do contrato para fornecimento de shelters para o Exército (Projeto Sisfron)

maio – Credenciada como Empresa Estratégica de Defesa (EED) pelo Ministério da Defesa


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ASSESSORIA JURÍDICA

E

m um país em que 36% de seu produto interno bruto (PIB) são expendidos em tributos, quanto mais as empresas tiverem informações que permitam diminuir os seus custos com a carga tributária, melhor. Na presente edição, a Assessoria Jurídica da ABIMDE dará algumas informações sobre o Convênio ICMS 75/91, pelo qual a base de cálculo do ICMS para produtos aeronáuticos é de 4% (quatro por cento) ao invés dos 18% (dezoito por cento), que é a alíquota mais comum no Estado de São Paulo, por exemplo. Assinado no ano de 1991, por todos os Estados e pelo Distrito Federal, o Convênio possibilita a alíquota reduzida nas operações mercantis com aviões, helicópteros, planadores, simuladores de voo, paraquedas, bem como partes, peças, acessórios, matérias-primas, equipamentos, ferramental e material de uso e consumo empregados na fabricação e manutenção das aeronaves e simuladores. De acordo com o previsto no Convênio, o benefício poderá ser usufruído pelas empresas nacionais da indústria aeronáutica, de transporte aéreo, de serviços aéreos especializados, de manutenção aeronáutica, da rede de comercialização e importadoras de material aeronáutico e aeroclubes. O Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI) – pertencente ao DCTA, e que funciona como um elo entre a FAB e as indústrias – analisa as empresas candidatas à fruição dos benefícios do Convênio ICMS 75/91, e encaminha ao Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) a relação das que se enquadrem ao previsto na legislação. O site (www.ifi.cta.br) mostra-se bem completo, inclusive com as orientações e os formulários a serem preenchidos pelas empresas quando da solicitação de inclusão ou manutenção no Convênio ICMS. O referido site também possui as diretrizes para as empresas se cadastrarem no Catálogo de Empresas do Setor Aeroespacial (CESAER), que possibilita aos consulentes o acesso rápido às linhas de produtos e serviços das empresas do setor aeronáutico situadas no território nacional. Vale ressaltar que o CESAER também está disponível para outros países, funcionando como um canal de divulgação das empresas e produtos do setor aeronáutico do Brasil. Daí que, conjugando-se o Convênio ICMS 75/91 com o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (Retid) e outras espécies de benefícios fiscais, cabe às companhias se adequarem ao disposto na legislação e fazerem uso dessas vantagens tributárias, visando pelo menos minorar a escorchante carga tributária a qual se acha submetido o setor produtivo do nosso País. Mussoline da Silveira Soares Filho é advogado, com especializações em Direito Tributário e Direito Processual Civil, Assessor Jurídico da ABIMDE e sócio do Pinheiro Bittencourt Advogados, escritório especializado em Direito Tributário e Empresarial sediado em São José dos Campos, com filial na cidade de São Paulo. É também Coronel Intendente da Reserva Remunerada da Força Aérea Brasileira.

Divulgação

CONVÊNIO ICMS 75/91

Mussoline da Silveira Soares Filho

Advogado, com especializações em Direito Tributário e Direito Processual Civil, Assessor Jurídico da ABIMDE e sócio do Pinheiro Bittencourt Advogados, escritório especializado em Direito Tributário e Empresarial sediado em São José dos Campos, com filial na cidade de São Paulo. É também Coronel Intendente da Reserva Remunerada da Força Aérea Brasileira.


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PONTO DE VISTA

Parte I

*

BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: Os Primeiros Passos

O

Ministério da Defesa define a Base Industrial de Defesa (BID) como o conjunto das empresas e instituições que participam de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos de defesa. Pode-se questionar quando e onde teve origem a BID brasileira. Este artigo pretende mostrar, analisando as atividades industriais e de apoio logístico no período colonial, que a BID não é o resultado de esforços recentes de criação. A história da BID é quase tão extensa quanto a do Brasil, e a Ribeira das Naus de Salvador foi a primeira indústria de defesa implantada no território brasileiro. Considera-se que até 1500, o território brasileiro era habitado apenas por indígenas. O espaço de tempo entre o Descobrimento do Brasil e o início de seu povoamento, em 1530, é chamado de período pré-colonial. O período colonial, durante o qual o território brasileiro foi uma colônia do império ultramarino português, se estende de 1530 até 1815, ano da criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500 a 1530) Durante o período pré-colonial, o território brasileiro foi palco de atividades exclusivamente extrativistas. Os índios que aqui habitavam viviam de caça, pesca e coleta, com algumas poucas tribos praticando agricultura ocasional. Ao entrar em contato com os europeus, sentiram-se incentivados a extrair recursos naturais das regiões costeiras para realizar escambo e obter as novidades trazidas por aqueles. Os exploradores portugueses não encontraram fartas riquezas metálicas como os espanhóis em suas terras recém-descobertas. Dizia-se que nada havia de muito interessante na Terra de Santa Cruz, além de papagaios, macacos, e uma madeira de tingir, muito valorizada na Europa. Algumas expedições portuguesas foram organizadas para explorar o território e extrair toras da planta nativa. No entanto, os portugueses não estavam sozinhos. Corsários de nações não contempladas no Tratado de Tordesilhas - ingleses, holandeses e, principalmente, franceses - também passaram a frequentar a costa brasileira. Chegaram a ser construídas algumas feitorias para armazenar as toras até seu transporte e evitar a intervenção de navios corsários. O resultado, no entanto, não foi positivo nem duradouro. Resultou em grande devastação das matas costeiras e em nenhum núcleo de povoamento permanente.


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PERÍODO COLONIAL I (1530 a 1763) A necessidade de proteger as costas brasileiras contra a rapinagem de piratas e a cobiça de algumas nações preocupava o governo português. Era preciso desenvolver um poder naval adequado, na época, à defesa da Colônia. Estava claro, no entanto, que a presença de navios itinerantes não seria suficiente para afugentar os demais europeus que, cada vez mais ousados, fincavam os pés nas terras americanas. A ameaça representada especialmente pelos franceses induziu Portugal, a partir de 1530, a defender as terras brasileiras por um processo mais seguro, o de ocupação efetiva do território por meio de povoamento e colonização. Houve muita dificuldade para implementar essa estratégia. Poucos se interessavam pelo Brasil. O comércio com o Oriente estava no apogeu e concentrava as atenções da reduzida população de Portugal (inferior a dois milhões). A colonização não seria possível sem grandes incentivos. Assim, o rei abriu mão de seus poderes soberanos em benefício dos súditos que se dispusessem a arcar com os custos e o risco da colonização. Foi adotado o sistema de capitanias hereditárias, das quais apenas Pernambuco e São Vicente conseguiram vencer as dificuldades. As demais foram abandonadas ou apenas vegetaram, com pequeno número de colonos ocupando locais isolados da faixa litorânea. As comunicações marítimas ganharam uma importância fundamental para apoiar os navios portugueses que aqui operavam, e as atividades marítimas exercidas pelos próprios colonos, facilidades industriais e de apoio (manutenção, reparo, armazenagem e distribuição) foram logo criadas. Os portugueses cedo perceberam “as vantagens que haveria em fazer aqui todos os tipos de embarcações, aproveitando a qualidade, abundância e variedade de madeiras então existentes, do que se fez, inclusive, grande exportação para Portugal”. Contribuiu também para isso a posição geográfica e estratégica da colônia, em relação à rota da Índia. Assim, as atividades em construção naval ocorreram desde os primeiros tempos coloniais. As primeiras embarcações de tipo europeu aqui construídas, dois pequenos bergantins, utilizaram materiais disponíveis na área do Rio de Janeiro, em 1531, provavelmente em caráter de urgência. Refletindo a preocupação com a defesa, um regimento datado de 1548 impunha a todo habitante da colônia a obrigação de possuir uma arma de fogo, pólvora e munição. Thomé de Souza, ao instalar o Governo Geral em 1549, trouxe de Portugal um grupo de artífices especializados, que incluía um mestre de construção, carpinteiros, calafates e um ferreiro. Esses artífices e seus aprendizes, ajudantes e sucessores criaram as condições para o estabelecimento do primeiro estaleiro em território brasileiro, a Ribeira das Naus de Salvador. Ali foram construídos navios, continuadamente, vários de grande porte, até quase o fim do século XIX. Esse foi o berço da BID.

Divulgação

*A continuação deste artigo será publicada na próxima edição.

Almirante Marcílio Boavista da Cunha Membro do Conselho Consultivo da ABIMDE


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