Caderno Caminhos e Aprendizados da Educação Ambiental no Projeto Semeando Água

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CAMINHOS E APRENDIZADOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROJETO SEMEANDO ÁGUA



CAMINHOS E APRENDIZADOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROJETO SEMEANDO ÁGUA

Equipe de Educação Ambiental Andrea Pupo, coordenadora de Educação Ambiental Beatriz Aranha, estagiária de educação ambiental

Gianlucca Consoli, estagiário de educação ambiental

Colaboradores

Alexandre Uezu, coordenador do Projeto

Cibele Quirino, coordenadora de Comunicação

Guilherme Ricardo Alves do Carmo, técnico de campo João Batista Gonçalves, técnico de campo

Pedro Tadeu Gonçalves da Silva – ações no Viveiro-escola do IPÊ Tiago Pavan Beltrame, coordenador de Restauração Florestal

Organização e Textos

Andrea Pupo e Cibele Quirino

Design

André Prata

Crédito da foto da capa Nani Jackson / Raw Filming

Consultores para projetos de horta e composteira Graça Fagundes

José Francisco Rodrigues Neto (Chico Minhoca)

Apoio

Secretarias de Educação e Meio Ambiente de Bragança Paulista, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista e Piracaia, no Estado de São Paulo, além de Camanducaia, Extrema e Itapeva, em Minas Gerais. Secretaria de Obras de Piracaia. Realização:

Patrocínio:


ÍNDICE Para que serve a Educação Ambiental?.................................................................................................................05 A Mata Atlântica do Sistema Cantareira...............................................................................................................06 De onde vem à água que abastece tanta gente......................................................................................................06 Por que falar de água ao ar livre?............................................................................................................................08 Caminho da Água....................................................................................................................................................08 Semear Água.............................................................................................................................................................10 Produção do Cantareira..........................................................................................................................................10 Impactos da escassez da água.................................................................................................................................11 Serviços Ecossistêmicos...........................................................................................................................................12 Experimento: como as florestas ajudam a garantir água de qualidade?............................................................14 Como aproveitar ao máximo a realidade dos diferentes públicos.....................................................................15 ODS, sim, acredite eles podem te ajudar e muito! ..............................................................................................16 Participar dos locais de decisão é fundamental....................................................................................................17 Conheça histórias de quem já colocou em prática a Educação Ambiental......................................................18 1. Educação Ambiental em Campo Para Educadores – Piracaia/SP.................................................................18 2. Outubro Rosa – Saúde e Meio Ambiente – Itapeva/MG................................................................................19 3. Educação Física e Ambiental – Uma Combinação que dá certo – Piracaia/SP...........................................20 4. Uma Aula Diferente no Dia Mundial das Florestas – Itapeva/MG...............................................................21 5. Agenda 2030 – E Agora? Por Onde Começar? – Joanópolis/SP....................................................................22 6. A Água, a Floresta e o Uso do Solo na Região do Sistema Cantareira – Joanópolis/SP.............................23 7. Dia Mundial da Água no Viveiro-Escola – Nazaré Paulista/SP.....................................................................24 8. Eucalipto, Papel e o Uso Responsável - Monte Verde/Camanducaia/MG....................................................25 9. Dia do Meio Ambiente em Outro Ambiente – Nazaré Paulista /SP..............................................................26 10. Abelhas, Polinização e Agrotóxicos – Bragança Paulista/SP.......................................................................27 11. Plantio com a Comunidade – Camanducaia/MG.........................................................................................28 12. Dia da Árvore, Mudas e Gibis – Mairiporã/ P...............................................................................................29 13. Sustentabilidade em Jogo – Nazaré Paulista/SP.............................................................................................30 14. Educação Ambiental na Primeira Infância – Nazaré Paulista/SP...............................................................31 15. Dias das Crianças – Nazaré Paulista/SP..........................................................................................................32 16. Resíduos Sólidos na Zona Rural: a Solução Começa na Pré-Escola – Nazaré Paulista/SP......................33 Referências Bibliográficas........................................................................................................................................34 4


PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL? Uma pista: só cuida quem conhece...

Viver em um ambiente equilibrado, capaz de proporcionar saúde, lazer e bem-estar é o mundo dos sonhos de todo educador ambiental. Um lugar onde as necessidades de todos os seres vivos possam ser supridas com qualidade, onde as pessoas tenham conhecimento e responsabilidade sobre os seus impactos e ajam de forma a evitá-los e, quando não for possível, possam ao menos minimizá-los. O mundo tem diversos educadores ambientais, com formações e áreas de atuação diferentes, em lugares e realidades bem distintas, mas em comum todos têm o compromisso com o desenvolvimento sustentável do planeta. Incansáveis, não desanimam diante das situações em que o ambiente pede socorro, vão logo arregaçando as mangas e mobilizando as pessoas para modificar um cenário, ainda que momentaneamente como nas ações de limpeza de praias e rios, por exemplo. Acreditam na mudança, apostam em um futuro melhor e por isso levam informação e conhecimento às pessoas.

Esses educadores estão atentos às questões ambientais globais, sempre tentando entender em quais frentes a sua atuação local com o a participação de alunos ou da comunidade pode somar esforços. Na região do Sistema Cantareira, que inclui municípios do Estado de São Paulo (Mairiporã, Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis e Bragança Paulista) e de Minas Gerais (Extrema, Itapeva e Camanducaia) os desafios ambientais têm um propósito essencial: a água. Quem vive aqui precisa conhecer os desafios que estão relacionados e articular ações para enfrentá-los por meio de estratégias inovadoras e eficientes, buscando o equilíbrio das questões ambientais, sociais e econômicas.

Se este material chegou às suas mãos é porque provavelmente você já faz educação ambiental ou está buscando inspiração para caminhar junto nesta jornada. Aproveite para valorizar o conhecimento que você já tem, ouça as dúvidas das pessoas, fique atento às notícias em diferentes veículos de comunicação. Se for professor, leve os seus alunos, sempre que possível, para fora da sala de aula privilegiando os locais mais próximos, reforçando que é possível aprender em qualquer lugar desde que o olhar esteja atento para o ambiente e o contexto. O contato com profissionais de outras áreas também pode ser estimulante. Promova a pesquisa, a busca por informações que contribuam para a compreensão dos problemas locais e a busca por soluções. Educando desta forma você e a sua comunidade serão capazes de promover mudanças. Aqui você encontrará, além das informações sobre a região do Sistema Cantareira, histórias reais e inspiradoras com crianças, jovens e adultos e sugestões de atividades. São trabalhos realizados por pessoas que têm brilho nos olhos e são os verdadeiros educadores ambientais, atores da conservação da sociobiodiversidade. Personagens de histórias de amor pela vida e de vontade de ajudar a construir um mundo melhor.

REPRESA ATIBAINHA, EM NAZARÉ PAULISTA, QUE FORMA O SISTEMA CANTAREIRA

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A MATA ATLÂNTICA DO SISTEMA CANTAREIRA O Sistema Cantareira, um dos maiores sistemas de abastecimento de água no mundo, é formado por uma área onde estão 12 municípios: sendo oito no Estado de São Paulo – Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista, Piracaia e Vargem e quatro no Estado de Minas Gerais, Camanducaia, Extrema, Itapeva e Sapucaí-Mirim.

Da vegetação nativa, a Mata Atlântica, restam 35,4% em diferentes estágios de sucessão e perturbação. Há um número incrível de espécies de plantas, animais, fungos e outros microrganismos vivendo neste ecossistema, sendo que algumas dessas espécies ainda não foram catalogadas. O bioma Mata Atlântica é o mais rico em biodiversidade em todo o planeta e originalmente abrangia 1.300.000 km2, em 17 estados brasileiros. Atualmente, restam entre 11% e 16% da cobertura original em diferentes estágios de degradação.

No Sistema Cantareira, a cobertura vegetal típica é a Floresta Ombrófila Densa (do bioma da Mata Atlântica) caracterizada por áreas de elevadas temperaturas, com médias acima de 25°C e de alta precipitação distribuída durante o ano em variados tipos de solo.

A alta umidade propicia a predominância de uma vegetação marcada pela presença de lianas lenhosas (cipós) e epífitas (bromélias). Por conta da variação de altitude, a temperatura pode oscilar na região 1°C a cada 100 m de altitude. As áreas de maior altitude do Cantareira, muitas vezes com elevada declividade são recobertas por Floretas Ombrófilas Densa Montana (700m-1100m) e Alta Montana (>1110).

Na região do Sistema Cantareira há poucos fragmentos originais em estágios avançados e maduros, geralmente entremeados por áreas bastante degradadas e numerosos fragmentos médios e pequenos de vegetação secundária, que possuem como característica principal vegetação em diferentes estágios de restauração.

APPS DE TOPOS DE MORROS, MONTES E MONTANHAS – VISTA DA SERRA DA MANTIQUEIRA, NA REGIÃO DO SISTEMA CANTAREIRA.

DE ONDE VEM À ÁGUA QUE ABASTECE TANTA GENTE.... O Sistema Cantareira é uma área que concentra grande quantidade de nascentes, como forma de levar essa água para a região metropolitana de São Paulo. O Governo do Estado de São Paulo e a Sabesp construíram esse Sistema que é uma grande obra de engenharia concluída na década de 6


1970. Essa obra consistiu na criação e conexão dos cinco reservatórios, o que envolveu a transposição de importantes rios que nascem no sul do Estado de Minas Gerais. A água dos reservatórios abastece cerca de 7 milhões de pessoas apenas na Região Metropolitana de São Paulo. A água liberada à jusante (abaixo) do Sistema Cantareira segue para a bacia do Piracicaba onde as captações são utilizadas para abastecimento urbano e industrial, com destaque para as regiões de Campinas e de Piracicaba, onde a estimativa é a de que 5 milhões de pessoas se beneficiem do Cantareira.

INTERLIGAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS DO SISTEMA CANTAREIRA (FONTE: ANA/DAEE 2013*).

Caso Nazaré Paulista Durante a construção do Sistema Cantareira, as terras mais baixas do município de Nazaré Paulista - ocupadas por pequenos produtores rurais - foram alagadas pelos reservatórios, provocando o deslocamento compulsório de populações rurais para áreas urbanas e modificando, assim, o modo de uso e ocupação do solo. Com a modificação da paisagem em função da ocupação da água, o turismo despontou como atividade alternativa atraindo novos moradores provenientes principalmente da região metropolitana de São Paulo. Esse processo forçou o avanço da ocupação produtiva para as áreas mais altas das propriedades com menor aptidão agrícola, incentivando a expansão das pastagens e dos monocultivos de eucalipto, apesar dos desafios. O Cantareira apresenta características socioambientais e econômicas que precisam ser conhecidas e compreendidas, tanto pelos seus habitantes como também por quem se beneficia dos serviços ecossistêmicos produzidos nessa região: • 35% do território do Sistema Cantareira apresenta floresta nativa (Mata Atlântica) com espécies endêmicas da fauna e da flora; • 60% das Áreas de Preservação Permanente (APPS) estão desmatadas; o que revela a necessidade de se plantar cerca de 35 milhões de árvores para recuperar os 21 mil hectares que deveriam estar cobertos por floresta; 7


APP é a faixa de floresta que, por lei, deve estar presente em topos de morros e no entorno dos mananciais • A região é considerada área prioritária para ações de restauração ecológica por conectar dois maciços florestais importantes: as serras da Cantareira e da Mantiqueira;

• É preciso também melhorar o uso do solo em 100 mil hectares de pastagens compactadas e com erosão, assim a água da chuva terá condição de infiltrar e recarregar os lençóis freáticos; • O rendimento familiar médio na região é abaixo de 1 salário mínimo (IBGE, 2010), o que coloca a população em situação vulnerável frente à forte especulação imobiliária.

POR QUE FALAR DE ÁGUA AO AR LIVRE?

Mudar de ambiente por si só possibilita outra dinâmica com o público em questão. Com alunos, por exemplo, a novidade costuma estimular a participação mais ativa dos alunos. Quando o tema da ação envolve água, floresta, biodiversidade e produção de alimentos, por exemplo, a dupla - observação da paisagem e a discussão a partir das percepções - funciona como excelente ponto de partida. E acredite nos dois cenários é possível avançar na discussão, o que muda é a perspectiva, afinal se a produção de serviços ecossistêmicos é evidente, o número de beneficiários é maior do que as pessoas costumam estimar. Quando no entorno não há sinal da produção de água ou de alimentos, por exemplo, a dependência de outras regiões pode assustar. O que é bom e pode despertar um novo posicionamento, em especial, de quem vive nos grandes centros.

Você sabe de onde vem a água que você bebe? Quantas pessoas vivem no lugar onde a água nasce e a relação de quantas são abastecidas pelo mesmo sistema que você? Diante desse cenário, o desperdício apesar de ser uma ação individual tem impacto coletivo. Água boa tem que nascer e para isso é possível fazer mais do que apenas torcer e acompanhar as previsões de chuva. Participar de plantios e contribuir assim para o combate à erosão, dar preferência à produção de produtores rurais, incentivar a restauração florestal nas áreas de mananciais são também formas de contribuir com um lugar melhor para viver.

Para abastecer os grandes centros urbanos, a água viaja pela integração dos reservatórios, via bombeamento até chegar a abastecer populações que estão a dezenas de quilômetros de onde ela nasce. Diferente de quem vive no campo e retira a água do poço ou do rio, quem mora nas cidades têm acesso à água apenas a partir das torneiras e muitas vezes sequer já viu a água que bebe na natureza. Quais motivos explicam a necessidade de a água vir de tão longe, apesar dos rios e riachos que cortam as cidades? Pelo visto esse serviço ecossistêmico não está há tempos facilmente disponível... na condição necessária para o consumo humano. Em diversos países, mais de 748 milhões de pessoas passam sede, segundo balanço divulgado pela ONU, ao final da Década da Água para a Vida, em 2015. Cerca de 1.400 crianças morrem por dia de doenças relacionadas a falta de água e saneamento, mais de 800 delas com menos de cinco anos.

CAMINHO DA ÁGUA

A água que chega até a região metropolitana de São Paulo, por exemplo, percorre um caminho de mais de 100 km, desde as inúmeras nascentes na região do Sistema Cantareira que contribuem com os reservatórios até a chegada da água nas casas de mais de 7,6 milhões de pessoas. Mesmo que para essas pessoas a água pareça nascer das torneiras de uma forma mágica, na verdade, no caso de quem está na região ela vem de muito, mas muito longe. São quilômetros de distância para que a água potável chegue perfeitamente até lá. 8

Esse processo se inicia nos municípios provedores, ou seja, os que fornecem água para o Siste-


ma Cantareira. Bragança Paulista, Joanópolis, Piracaia, Mairiporã e Nazaré Paulista, em São Paulo são desse grupo. Extrema, Itapeva, em Minas Gerais, também.

No quesito distância, Camanducaia, é o município mineiro de provedores mais distante do centro de tratamento em Guaraú, já em São Paulo, de onde a água sai em direção às cidades beneficiárias.

A água antes do reservatório

O Sistema Cantareira é formado por cinco reservatórios, Jaguari e Jacareí, em Bragança Paulista; Cachoeira, em Piracaia, Atibainha, em Nazaré Paulista e Paiva Castro, em Mairiporã. Mas qual o caminho que a água faz até chegar nesses locais?

A água vem das nascentes e dos rios que podem ser vistos com muita frequência na região. Uma prova disso é que caminhando por ali não é difícil encontrar propriedade com mais de 10 nascentes.

Apesar de toda essa abundância, durante a crise hídrica, que ocorreu entre 2013 e 2015, houve muitos relatos de moradores da região que viram algumas dessas nascentes secarem.

Todos esses fatores preocupam bastante quem mora região, só que isso também deve chamar a atenção de quem vê essa água apenas quando abre a torneira. Afinal, para 7,6 milhões de pessoas de São Paulo e da Região Metropolitana, a água, essa mesma que sacia a sede, vem de lá do Sistema Cantareira.

Como a chuva entra no processo?

A chuva é também bem importante para o Sistema Cantareira, mas você sabia que dependendo do uso do solo a chuva é absorvida de diferentes formas? Em áreas de Mata Atlântica, a água da chuva infiltra mais e melhor no solo, o que soma pontos quando o assunto é a segurança em relação à água que contribui com o Sistema.

Por outro lado, quando a vegetação está rala e o solo já apresenta erosão, aí nem a chuva consegue infiltrar como poderia. Em outras palavras, a gente acaba desperdiçando a chuva. Por esse motivo é essencial plantar nessa região, mas isso a gente te explica mais para frente.

Muitos quilômetros no meio do caminho

Mesmo que sejam produzidos cerca de 30 mil litros de água por segundo, a distribuição de toda essa quantidade vai para cidades distantes, onde poucas pessoas devem saber que são beneficiadas pelo Sistema Cantareira.

Uma das cidades que mais fica afastada dos reservatórios é São Caetano do Sul, a mais ou menos 140 quilômetros de distância. Com esse exemplo, a gente consegue ter uma noção da distância percorrida. REPRESA JAGUARI-JACAREÍ,EM BRAGANÇA PAULISTA

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SEMEAR ÁGUA Além da moderação no uso da água, é preciso contribuir com outras iniciativas para garantir água em quantidade e qualidade. Já ouviu falar em “semear água”? A conservação da mata nos arredores das nascentes e dos rios tem papel fundamental quando o assunto é água. Quando há floresta ou pasto volumoso, a maneira como o solo absorve a água da chuva contribui muito com todo o ecossistema.

Atualmente, há um déficit de 35 milhões de árvores na região. Essa recomposição deve ser feita com árvores nativas da Mata Atlântica. A vegetação é muito importante para o processo de semear água, já que contribui para a restauração da biodiversidade e também melhora a absorção da água pelo solo. Além desses benefícios, os plantios trazem uma melhora para os produtores rurais que, com esses ajustes, conseguem ter um ganho na qualidade do solo e assim aumentam a produtividade na mesma área. O trabalho de semear água traz uma contribuição fundamental de restabelecer a mata nativa onde ela não existia mais, na maioria das vezes, pela ação do homem.

A importância das APPs nas propriedades

Para que o ciclo ocorra da melhor maneira, as árvores nativas devem ser plantadas em regiões específicas das propriedades. Essas regiões são conhecidas como Áreas de Preservação Permanente (APP). As APPs, como o próprio nome já diz, têm a função de proteger a paisagem, os recursos hídricos e toda a biodiversidade da região.

As APPs são topos de morro e as áreas próximas às nascentes e aos rios, respeitando a distância de 15 metros para as nascentes, e a partir de 5 metros no mínimo (dependendo do tamanho da propriedade) para o restante do rio.

PRODUÇÃO DO CANTAREIRA

Além de sua importância no consumo, proteger o Sistema Cantareira é também conservar uma importante produção de alimentos.

Na região do Sistema Cantareira, em geral as propriedades rurais pertencem a pequenos produtores que também utilizam a água para alimentar o gado e cultivar alimentos.

Os municípios que são provedores do Sistema Cantareira, ou seja, que fornecem a água para ser tratada, produzem alimentos como batata, café e milho, além da criação de gado, tanto para o corte quanto para a produção de laticínios. Essas culturas dependem muito do Cantareira e isso destaca ainda mais a importância de sua conservação. Os agricultores são protagonistas nessa proteção, pois com o manejo dos animais e protegendo a água nas suas propriedades, eles ajudam na conservação e ainda melhoram a performance da sua produção. 10

Ilana Bar/ Estúdio Garagem

A região do Sistema Cantareira é cercada por várias propriedades rurais, que serão as primeiras a sentirem os efeitos de uma escassez de água. Essas áreas, além de produzirem alimentos, são responsáveis por abastecer também o Sistema Cantareira, uma vez que há inúmeras nascentes nesses locais.


Mudanças na produção O segredo é plantar algo mais do que legumes e hortaliças, semeando água. O processo consiste em preservar uma vegetação nativa em propriedades rurais próximas das nascentes dos rios.

Essa alteração gera um impacto na qualidade do solo e facilita o cultivo e a produção dos mais diversos tipos de alimentos. Para os pecuaristas, ainda há mais uma possibilidade de melhorar as condições da região e influenciar na produção de gado. No pasto, onde o rebanho fica, é preciso que o fazendeiro faça uma divisão em pequenos lotes, os piquetes. Dessa forma, ele demorará, de 30 a 40 dias, para voltar ao primeiro piquete. Isso dará tempo suficiente para a vegetação crescer e o gado terá capim mais verde e nutritivo para se alimentar.

Se o fazendeiro conseguir fazer uma divisão a partir de 20 piquetes, a expectativa é que os resultados sejam melhores, já que aumenta o tempo que o boi leva para retornar ao piquete inicial. Além desse efeito, a produção agrícola em equilíbrio com o meio ambiente, contribui para que animais importantes, como pássaros e as abelhas, consigam fazer o seu trabalho de espalhar as sementes e também de polinização. Tudo dentro do ciclo que a própria natureza cria para a conservação do meio ambiente.

IMPACTOS DA ESCASSEZ DA ÁGUA Além de uma grave crise no abastecimento de várias cidades, um cenário de escassez no Cantareira acarretaria graves consequências no fornecimento de água e de alimentos, tanto para quem vive na região do Sistema Cantareira quanto para quem está na área beneficiária do Sistema. Para os moradores da região, um cenário de crise hídrica, significa dificuldade para as produções agropecuárias, já que a água não será suficiente para abastecer todos os setores. Somado a isso, a quantidade de turistas que frequentam a região, seja para passeios, trilhas e as 11


E por fim, se a redução nas produções de alimentos já não fosse motivo suficiente para preocupação, afinal há menos comida, há um problema que é “mais visível” e impressiona ainda mais: abrir a torneira e não ter água.

Então, é preciso redobrar a atenção para que essa escassez de água não se torne, de fato, uma realidade. Por isso semear água é tão importante, assim como usá-la com moderação e responsabilidade, apoiar ações que ajudem a aumentar a segurança hídrica e deixar que a natureza siga o seu caminho sem tanta dificuldade.

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

A água é um dos serviços que a floresta proporciona sem cobrar nada e é essencial para todos os seres vivos. Esses serviços que recebemos da natureza são os chamados serviços ecossistêmicos. A quantidade e qualidade da água dependem do equilíbrio do ecossistema, neste caso, na região do Cantareira, da presença de floresta protegendo as nascentes, as margens dos córregos, rios e reservatórios. Nas cidades de Camanducaia, Extrema e Itapeva (MG) e em Mairiporã, Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis e Bragança Paulista (SP) estão as nascentes, córregos, rios e reservatórios que formam o Sistema Cantareira de abastecimento de água. Atualmente, esse sistema abastece cerca de 7,6 milhões de pessoas na capital e em municípios da Região Metropolitana de São Paulo. No interior, as regiões de Campinas e Piracicaba também recebem água deste, que é um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo. Os principais rios que formam o rio Piracicaba - Atibaia e Jaguari – nascem no Sistema Cantareira e dessa forma contribuem com a Bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Água é necessária para tudo: para beber, produzir alimentos, fornecer aos animais que criamos, lavar os alimentos, tomar banho, além da utilização nos serviços públicos, na indústria e no lazer.

Polinização

As abelhas são os agentes mais importantes na polinização, garantindo a produção de frutos e sementes e a reprodução de diversas plantas. Ao visitar as flores, as abelhas promovem o encontro de células reprodutoras das plantas, o que favorece a fecundação. Assim, ao visitar mais de 200 flores por dia, uma única abelha já ajuda muito na manutenção da biodiversidade. Sem o trabalho delas seria bem difícil comer manga, tomate, maçã e até vestir roupas de algodão. Isso sem falar no mel, um alimento produzido a partir do néctar recolhido das flores e processado pelas enzimas digestivas das abelhas. O mel sempre foi utilizado pela humanidade e apresenta muitas propriedades benéficas à saúde, além de ser delicioso. Embora elas sejam mais conhecidas pelos seus produtos, como mel, cera ou própolis, o trabalho de carregar o material genético de uma planta para outra é um importante serviço ecossistêmico. 12

André Prata

mais diversas atividades, também começará a diminuir, resultando em um impacto econômico. Afinal, com redução na quantidade de água, em pouco tempo as belezas naturais e a própria estrutura que esses locais oferecem serão prejudicadas.


Aproximadamente 1/3 das plantas cultivadas necessitam de serviço de polinização em algum grau e 90% delas produzem alimentos de largo consumo humano.

Ar

Purificação do ar, sequestro de carbono, ventos para a energia eólica estão entre os serviços ecossistêmicos oferecidos pelo Ar. Afinal, antes de qualquer coisa respirar é fundamental e a natureza garante a todos nós esse serviço. Se o homem tem potencial de comprometer a oferta dos serviços ecossistêmicos ele também conta com condições de contribuir para transformar esse cenário e enfim participar da solução ao invés do problema. Para isso muitas vezes não é preciso recorrer a tecnologias ultrassofisticadas, plantar está entre as principais ações, de preferência começando pelas áreas próximas aos cursos d’água, das nascentes e dos reservatórios. Dessa forma é possível melhorar a regulação da temperatura, aumentar a absorção da água da chuva pelo solo; o que destaca a integração entre os próprios serviços ecossistêmicos.

Floresta

Frutas, polinizadores, madeira, fibras, recursos genéticos, substâncias medicinais, proteção das bacias hidrográficas, controle de erosão, sequestro de carbono estão entre os produtos (serviços ecossistêmicos) oferecidos pelas florestas que ainda contribuem para a diminuição da temperatura na região e melhoram a absorção da água da chuva pelo solo.

Se as florestas armazenam gás carbônico (CO²), o corte e/ou a queima devolvem ao ambiente, adivinhe? Todo esse volume CO² até então estocado, o que torna o ar mais poluído, somando pontos para o aumento do efeito estufa e em direção ao agravamento das mudanças climáticas.

Saiba mais sobre os Serviços Ecossistêmicos

• Qualidade e regulação da água (ciclos de chuva para irrigação, disponibilidade de água para consumo, manutenção do habitat aquático e controle de erosão)

• Floresta (frutas, polinizadores, madeira, fibras, recursos genéticos, substâncias medicinais, proteção das bacias hidrográficas, controle de erosão, sequestro de carbono) • Qualidade do ar (ar para a vida e produção de energia eólica) • Alimentos (frutas e polinização)

• Paisagens naturais (cachoeiras, observação de animais selvagens, passeios) • Biodiversidade (recursos genéticos e produção de novos produtos)

Os serviços estão divididos em: Provisão, Regulação, Suporte e Culturais.

O desmatamento, as queimadas e a produção de alimentos com a aplicação de produtos tóxicos são grandes ameaças à sobrevivência de todas as espécies, inclusive a dos seres humanos. São atividades que causam a diminuição ou a perda de serviços como a polinização e a provisão de água. Algumas pessoas seguem poluindo e degradando os corpos d’água e isso atinge a todos (inclusive elas), por meio de contaminações e inundações, por exemplo. O descarte de resíduos no ambiente é um exemplo do que é preciso evitar para que não ocorra a contaminação da água. O desmatamento também compromete a qualidade e a quantidade da água, pois quando o solo fica exposto é mais difícil para a água da chuva infiltrar e recarregar os lençóis de água subterrâneos. Ao contrário, a água escorre superficialmente e carrega com ela parte do solo com uma série de nutrientes para dentro 13


dos córregos e rios. O resultado disso é a erosão e o assoreamento, que podem ser explicados aos alunos por meio de um experimento simples que você pode conferir a seguir:

EXPERIMENTO: COMO AS FLORESTAS AJUDAM A GARANTIR ÁGUA DE QUALIDADE

A conservação da mata nativa está entre as principais formas de garantir quantidade e qualidade da água. No Sistema Cantareira, cerca de 60% das Áreas de Preservação Permanente (APPs) estão desmatadas, o que prejudica a capacidade da natureza de prover água.

1º passo: recursos necessários

• 2 fundos de garrafas pet de 2 litros (aproximadamente 15 cm de altura)

• 2 garrafas pet de 5 litros com tampa, cortadas na lateral (veja as fotos e o vídeo) • 2 porções iguais de terra

• Sementes (sugestão: alpiste, porque cresce rápido) • Estilete ou tesoura

• 2 recipientes com água (1 litro em cada recipiente)

Dica: organize os materiais duas semanas antes de começar este projeto. Assim você poderá cortar as garrafas (não é recomendável que esta tarefa seja realizada por crianças) e plantar as sementes. Desta forma, quando for realizar o experimento, as sementes já terão germinado e as plantas já estarão grandes o suficiente para o resultado esperado.

Na prática

Para trazer os temas “água e floresta” nada melhor do que problematizar. Uma boa pergunta pode ser o primeiro passo para dar início a este processo: “Como a mata ciliar protege os rios?”

Neste momento você precisará explicar o que é mata ciliar. A partir desta pergunta e com todo mundo* pensando sobre o assunto, siga em frente.

2º passo: elaborar hipóteses

Ouça, anote, organize, classifique as respostas. Solicite que os participantes que façam o mesmo no caderno, com as respostas que obtiveram nas conversas.

3º passo: testar (será que a mata ciliar realmente protege os rios???)

Agora é hora de colocar a mão na massa e construir o experimento que vai ajudar a responder a nossa pergunta. Reúna os materiais, organize o grupo e explique o passo-a-passo do experimento.

Com o estilete e a tesoura faça uma grande abertura nas garrafas maiores, que estão tampadas. Em seguida, coloque terra (a mesma quantidade) nas duas garrafas e, em apenas uma delas, semeie com o alpiste.

As garrafas de 2 litros devem ser cortadas ao meio no sentido transversal, como se fossem dois grandes copos para coletar a água, que irá escorrer das garrafas maiores.

Depois de 8 a 10 dias, quando as sementinhas de alpiste já tiverem germinado e as plantinhas estiverem com aproximadamente 12 cm de altura, é a hora de verificar se elas ajudam a proteger o solo. As garrafas com terra (uma com as plantas e outra só com a terra) devem ser seguradas com uma pequena inclinação (30º aproximadamente). Os copos coletores (garrafas pet cortadas na trans14


versal) estarão posicionados próximos das bocas dessas garrafas com terra, para coletar a água que irá escorrer.

A água (1 litro) deve ser colocada bem devagar sobre a terra e sobre as plantinhas. O material que escorrer para dentro dos copos coletores deve ser reservado para a comparação.

4º passo: coletar dados

Explique antes da realização do experimento como você sugere a coleta de dados. Poder ser por meio de fotos, desenhos ou relatórios. O importante é que todos saibam antecipadamente que, ao final de todo o processo, cada grupo precisará ter os dados organizados para comparar com outros grupos.

5º passo: comparar os resultados

COMO APROVEITAR AO MÁXIMO A REALIDADE DOS DIFERENTES PÚBLICOS Ser socialmente justo, ambientalmente responsável e economicamente viável estão entre os exercícios que devemos praticar sempre em todos os setores da vida. Agir de forma sustentável não é mais uma opção e sim uma emergência. Basta ler as notícias e olhar ao redor para sentir quantas mudanças queremos. As perguntas que ficam são: queremos mudar? Quanto do nosso exemplo contribui para influenciar outras pessoas para as mudanças que queremos?

Trazer para a discussão temas reais e locais é a melhor forma de trabalhar a sustentabilidade. Instigar crianças, jovens e adultos na busca por soluções, partindo de saberes e experiências do público em questão, esse é o verdadeiro exercícios de cidadania. Nessa dinâmica, os participantes vão perceber como podem ser sujeitos de mudanças necessárias para promover melhorias no meio em que vivem. O desafio dos educadores está em proporcionar esses exercícios de desenvolvimento sustentável e cidadania de forma transversal. No caso das escolas, é provável que o educador precise da ajuda da coordenação pedagógi15


ca e de educadores de outras áreas que irão contribuir para o desenvolvimento da visão sistêmica dos problemas e das soluções. Para isso, toda a equipe escolar precisa estar preparada e o Projeto Semeando Água pode ser um parceiro nesta jornada, ajudando as escolas que optarem por fazer a diferença na formação integral dos seus alunos.

ODS, SIM, ACREDITE ELES PODEM TE AJUDAR E MUITO!

Atualmente, os planejamentos em diferentes esferas do poder público e das organizações da sociedade civil são pautados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que substituíram os Objetivos do Milênio, após revisão da Organização das Nações Unidas (ONU).

Esses 17 objetivos são fruto do trabalho de mais de 150 líderes mundiais que se reuniram em setembro de 2015 na sede da ONU, em Nova York, para adotar formalmente uma nova agenda de desenvolvimento sustentável. Os ODS devem ser implementados por todos os países do mundo ao longo de 15 anos, até 2030. A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para o mundo seguir no caminho sustentável é necessário tomar medidas urgentes, ousadas e transformadoras. Os ODS constituem uma ambiciosa lista de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos todas as metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras dos piores efeitos adversos da mudança do clima. Na prática, os ODS representam uma poderosa ferramenta de planejamento, que pode ser utilizada para a revisão da Proposta Político Pedagógica da Escola, para o planejamento anual do currículo ou de um projeto.

Ao conhecer os ODS e as suas metas percebe-se que é possível adaptar uma agenda global para o âmbito local, de acordo com as circunstâncias e capacidades de cada localidade como a escola, o bairro, a cidade. Fica mais fácil compreender que precisamos trabalhar para enfrentar os complexos problemas da atualidade de forma integrada e com a participação de múltiplos setores. Esta prática pode trazer ganhos significativos para o processo de aprendizagem e de desenvolvimento, usando tempo e recursos de forma mais eficaz.

PARTICIPAR DOS LOCAIS DE DECISÃO É FUNDAMENTAL

Além de eleger representantes por meio de um processo democrático em eleições diretas, a sociedade se organiza em conselhos, fóruns e parlamentos para tratar diversos assuntos de interesses comuns. • Conselhos municipais de meio ambiente, saúde, segurança, educação, etc. • Seções da câmara de vereadores • Audiências públicas

• Apresentação do plano diretor do município • Comitês de Bacias Hidrográficas

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São alguns exemplos de instâncias decisórias importantes que são abertas à participação da sociedade civil, seja como membro representante de um grupo organizado com direito a voto ou apenas como ouvinte em reuniões que são sempre abertas ao público.

Procure conhecer a agenda dessas reuniões no seu município e estimule a participação dos mais jovens. Explique a eles a razão da existência desses grupos e como é importante compreender o funcionamento da democracia. Este exercício de participação política é fundamental para que a sociedade seja protagonista nos processos decisórios e não se posicione como vítima das decisões do poder executivo.

Você que é educador(a), se sente pronto para incorporar sustentabilidade ao currículo? Responda as perguntas abaixo e analise o seu resultado:

1) Saiu com os seus alunos da sala de aula para observar o entorno e aproveitou as observações deles para contextualizar um conteúdo novo? (olhar como ficou o pátio após o intervalo, por exemplo) 2) Proporcionou aos alunos uma visita a uma área verde? 3) Desenvolveu uma área verde na escola com a participação dos alunos? 4) Mantém horta ou jardim na escola com a participação de colegas do mesmo período e/ou de outro período? 5) Tem o apoio da equipe gestora para realizar atividades fora da sala de aula? 6) Sente-se seguro(a) para sair com os alunos? 7) Gostaria de ter apoio de outros educadores para sair com os alunos e/ou realizar experimentos fora da sala de aula? 8) Pode contar com colegas de outras áreas para desenvolver um projeto com os alunos? 9) Realizou projetos multidisciplinares com outros professores? 10) Solicitou a ajuda de atores que trabalham em outros setores do município para a realização de palestras e/ou fornecimento de dados reais e locais? (dados como o número de casos de dengue ou gastos com coleta e destinação de resíduos sólidos, por exemplo). 11) Acionou uma OSC (Organização da Sociedade Civil) local para algum tipo de ação (dentro ou fora da escola) com os alunos? 12) Capacitou-se recentemente para aprimorar o desempenho com os alunos? 13) Tem diálogo aberto com os alunos sobre os temas de interesse deles? 14) Consegue incorporar com facilidade as curiosidades e questionamentos dos alunos no currículo? 15) Envolve os familiares dos alunos na realização de tarefas escolares? (entrevistas, por exemplo) As Secretarias de Educação de todos os municípios-alvo do Projeto Semeando Água (Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis, Bragança Paulista e Mairiporã no Estado de São Paulo, Camanducaia, Itapeva e Extrema em Minas Gerais) já desenvolveram ações com a orientação da equipe de Educação Ambiental do Projeto e sabem que podem solicitar a presença da equipe em reuniões de planejamento ou em horários de trabalho pedagógico coletivo (HTPC).

A ferramenta educacional “Sustentabilidade em Jogo” é uma excelente opção para trabalhar os temas globais e ainda pensar em como agir localmente para atingir objetivos regionais. Gestores e educadores podem aprender trocando saberes e experiências por meio de um jogo de tabuleiro colaborativo, em que os temas sensíveis da comunidade podem ser abordados na resolução de desafios produzidos de forma customizada para o contexto em cada local, seja a escola, o bairro, o município ou uma região. 17


CONHEÇA HISTÓRIAS DE QUEM JÁ COLOCOU EM PRÁTICA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CAMPO PARA EDUCADORES O Projeto Semeando Água foi parceiro da Secretaria de Meio Ambiente de Piracaia nesta iniciativa. Educadores de todas as escolas da rede pública se reuniram em grupos ao longo de 4 dias para as capacitações ambientais no parque ecológico do município. O local é uma área verde urbana com mananciais, árvores centenárias e um pequeno viveiro. Stela Sargon, educadora da secretaria de meio ambiente, realizou as orientações relativas ao uso do parque com local de aprendizagem e a equipe do Projeto Semeando Água abordou o tema “produção de mudas de árvores nativas no viveiro” como uma estratégia educativa para alunos do ensino fundamental, incentivando a exploração do ambiente natural para o desenvolvimento de habilidades que estão previstas no currículo oficial.

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2. OUTUBRO ROSA – SAÚDE E MEIO AMBIENTE Trabalhar de forma articulada com outras instituições e setores é uma alternativa para somar esforços e atingir públicos diversos com informação de qualidade. Um exemplo desta integração de setores sociais aconteceu quando a equipe de educação ambiental do Projeto Semeando Água foi convidada pelo secretário de Meio Ambiente Gabriel Augusto Campos, do município de Itapeva – MG, para participar da Campanha Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama. A ação foi realizada no dia 20 de outubro de 2018 e teve como objetivo conscientizar e disseminar o conhecimento sobre algumas árvores nativas da região e a sua importância para a conservação dos mananciais em meio às estratégias de prevenção ao câncer, que foram coordenadas pela enfermeira e diretora do centro de saúde local, Mariana Prado. Houve distribuição de mudas e almanaques às crianças que participaram do evento onde foram alcançadas 89 pessoas.

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3. EDUCAÇÃO FÍSICA E AMBIENTAL – UMA COMBINAÇÃO QUE DÁ CERTO A professora Ágata Ariane Pinto, da EMEF Cel. Thomaz Gonçalves da Rocha Cunha em Piracaia – SP sempre teve certeza disso. Assim, em parceria com a professora Ana Paula da Silva Pinto, do 3º ano A, iniciou um projeto socioambiental com os alunos. Separação de resíduos sólidos, reaproveitamento de materiais para trabalhos escolares e revitalização de uma área pública com a ajuda da equipe do Projeto Semeando Água foram algumas das ações. O plantio de árvores nativas ao redor do lago da praça Horácio da Silva Pinto, no Bairro Jardim Santos Reis foi o ponto alto do projeto, que envolveu também os técnicos das secretarias de meio ambiente e de educação, para o planejamento e preparação da área de plantio e para o transporte dos alunos em horário de aula. Neste dia 23 de novembro de 2018 e nas aulas que o antecederam, os alunos estudaram as principais características das espécies que foram plantadas como, altura, cor das flores, frutos, animais polinizadores e dispersores de sementes.

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4. UMA AULA DIFERENTE NO DIA MUNDIAL DAS FLORESTAS O professor Sidney Rosa chamou a equipe do Projeto Semeando Água para doar as mudas e auxiliá-lo para a realização do plantio de árvores nativas com os seus alunos do ensino médio, da Escola Estadual Dr. José Rodrigues Seabra, em Itapeva – MG. Foi no dia 21 de março de 2019, quando é celebrado o Dia Mundial das Florestas, que os 29 estudantes foram transportados de ônibus até a área de manancial que era utilizada anteriormente para transbordo dos resíduos sólidos do município. Os alunos compreenderam que o local não era adequado para esta finalidade e que agora a área está em processo de recuperação ambiental. O envolvimento da comunidade é fundamental neste processo, que poderá levar anos até que a vegetação nativa consiga se recuperar e exercer as suas funções originais, entre elas a de proteger a água.

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5. AGENDA 2030 – E AGORA? POR ONDE COMEÇAR? Quem conhece os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), no início tem esta sensação de que há tanto por fazer e de não saber por onde começar... Logo se percebe que ninguém faz nada sozinho e a diretora Renata Conti, da EMEF Emília Ximenes Capozoli foi logo chamando a equipe do Projeto Semeando Água. A ideia era apresentar os ODS aos educadores e discutir com eles algumas estratégias de como implementar ações no contexto das escolas de educação infantil e de ensino fundamental no município de Joanópolis. Na ocasião, em 2 de maio de 2019, estavam reunidos 41 educadores, de duas escolas. As gestoras já haviam sido capacitadas pelo projeto em uma ação na Secretaria Municipal de Educação em agosto do ano anterior.

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6. A ÁGUA, A FLORESTA E O USO DO SOLO NA REGIÃO DO SISTEMA CANTAREIRA A ação realizada na EMEF Emília Ximenes Capozoli com 45 estudantes foi para abordar conceitos relacionados à água e à floresta e como esses recursos são dependentes e indispensáveis. A diretora Renata Conti sabia que os professores estavam trabalhando esta temática por meio da “Aventura Socioambiental”, que é o material do Projeto Semeando Água para subsidiar o trabalho dos educadores nesta área. Por isso, solicitou a ajuda da equipe do Projeto Semeando Água para levar aos alunos uma experiência em que uma das causas do assoreamento dos corpos d’água é simulada. Com materiais e procedimentos simples foi possível mostrar aos alunos e conversar com eles sobre erosão do solo, infiltração e recarga dos mananciais. A atividade ocorreu no dia 24 de maio de 2019.

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7. DIA MUNDIAL DA ÁGUA NO VIVEIRO-ESCOLA – NAZARÉ PAULISTA O professor de Geografia Luis Gustavo Campos Souza e o coordenador pedagógico Daniel Hermenegildo da Silva, ambos da Escola Estadual Professor Fábio Hacl Pínola, planejaram uma aula diferente para marcar o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março de 2019. A aula foi realizada no viveiro-escola do IPÊ, localizado no bairro Vicente Nunes, em Nazaré Paulista. Participaram das atividades 55 alunos do ensino fundamental divididos em dois grupos, que foram recebidos pela equipe do Projeto Semeando Água. As atividades começaram com uma conversa sobre a ocorrência da Mata Atlântica na região, a biodiversidade e a relação da floresta com a conservação dos recursos hídricos. Na sequência os alunos conheceram as etapas de produção de mudas de árvores nativas no viveiro, desde o local onde as sementes germinam, passando pelo “berçário”, onde elas recebem cuidados especiais para os primeiros períodos de crescimento, a estufa e a área de rustificação, que é o local de preparação das mudas para o plantio definitivo no solo.

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8. EUCALIPTO, PAPEL E O USO RESPONSÁVEL - MONTE VERDE/ CAMANDUCAIA Em região onde as florestas de eucalipto são comuns na paisagem, a diretora Cesarina Barbosa Borges, da Escola Municipal de Educação Infantil Karlis Kempis, em Monte Verde, subdistrito de Camanducaia-MG estava preocupada com o desperdício de papel. O seu desejo era que as crianças compreendessem a pressão que as plantações de eucalipto fazem sobre a floresta nativa, tão importante para a provisão da água no Sistema Cantareira. Outro ponto era que eles conhecessem a cadeia produtiva deste recurso que é tão utilizado por todos, e não apenas na escola. A equipe do Projeto Semeando Água esteve lá no dia 16 de maio de 2019, para uma conversa com 198 crianças e 10 professoras. Foram abordados assuntos relacionados à cadeia produtiva do papel, à produção de celulose, ao uso do papel em sala de aula, consumo consciente e responsabilidade no descarte.

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9. DIA DO MEIO AMBIENTE EM OUTRO AMBIENTE Foi o que a diretora Roseli Aparecida de Souza Novais, da EMEF Faustino Penalva, em Nazaré Paulista – SP proporcionou aos alunos do 3º ano no dia 5 de junho, quando é celebrado o Dia do Meio Ambiente. Alguns dias antes os alunos começaram a ser sensibilizados e preparados para a ocasião pela professora Natanaely Pinheiro da Silva e pela equipe do Projeto Semeando Água. Além de conhecer algumas características das espécies que seriam plantadas nas margens do reservatório de água Atibainha, os alunos foram estimulados a preparar uma carta em que fariam um alerta aos “adultos” sobre a situação do planeta e sobre os comportamentos que precisam mudar para proporcionar condições ambientais dignas às futuras gerações. No dia da atividade de campo os alunos puderam ler e entregar as cartas aos “adultos”, colaboradores da Refinaria de Paulínia (Replan). Foi um momento de muita emoção para os dois públicos, que logo em seguida realizaram o plantio das árvores.

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10. ABELHAS, POLINIZAÇÃO E AGROTÓXICOS – BRAGANÇA PAULISTA A professora Maria Cristina Muñoz Franco e as suas colegas da Escola Municipal Ladislau Leme, em Bragança Paulista convidaram a equipe do Projeto Semeando Água para ajudar complementar as aulas sobre polinização e abelhas. Foi no dia 7 de junho de 2019 que estivemos lá com 95 crianças e 5 professoras das turmas dos anos iniciais do ensino fundamental. Para ressaltar a importância dos serviços ecossistêmicos realizamos uma dinâmica no pátio. Cada turma de alunos foi dividida em grupos simbolizando floresta, água, polinizadores e flores que sustentavam o planeta Terra (analogia com a bola). Era narrada uma história às crianças sobre o uso do agrotóxico que aos poucos ia eliminando esses serviços, de modo que no final não sobrava ninguém para sustentar a bola que acabava derrubada no chão, simbolizando a morte do planeta.

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11. PLANTIO COM A COMUNIDADE Um plantio de mudas de árvores nativas foi realizado em área pública com a comunidade de São Mateus de Minas, subdistrito de Camanducaia – MG, envolvendo alunos e professores da Escola Municipal Francisco Leite Melo. Foi no dia 2 de julho de 2019, envolvendo cerca de 60 crianças, professores, servidores da prefeitura e membros da comunidade. Além de ajudar no plantio, as crianças apresentaram os seus trabalhos de pesquisa sobre as espécies de árvores que estavam sendo plantadas, bem como os serviços ecossistêmicos que serão proporcionados por elas. A equipe do Projeto Semeando Água contribuiu com os educadores por meio de orientações para a realização deste trabalho com os alunos, tanto nas atividades anteriores ao plantio, na doação das mudas, como também orientou a organização de equipes para as ações de manutenção da área durante do período de férias escolares. A atividade só ocorreu por conta da parceria entre a vereadora Maria Delza Santos Silva, a secretária de Meio Ambiente Ariane Cristine da Silva e a diretora da escola Alexandra Regina Couto.

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12. DIA DA ÁRVORE, MUDAS E GIBIS Assim foi celebrado o Dia da Árvore na Escola Municipal Jose Anoni, localizada bem próxima ao rio Juqueri, em Mairiporã-SP, com plantio de mudas nativas da Mata Atlântica pelos alunos do terceiro ano, no dia 24 de setembro de 2019. As equipes do Projeto Semeando Água e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente proporcionaram essa experiência aos alunos, que obtiveram várias características das espécies que foram plantadas e que foram elogiados pelo cuidado com o jardim comunitário, localizado próximo à escola, onde o plantio foi realizado. Após as conversas e o esclarecimento de todas as suas dúvidas, os alunos voltaram para a escola com os gibis da Turma da Mônica, que contém histórias com a temática ambiental e foi elaborado pela comunicadora do projeto. Um kit desses gibis também foi doado à biblioteca, o que vem se repetindo em outras escolas dos municípios da região do Sistema Cantareira.

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13. SUSTENTABILIDADE EM JOGO Quem acredita que educação ambiental é coisa de crianças e professores está muito enganado. Em Nazaré Paulista há um grupo de lideranças de empresas da região que se reúne mensalmente para estudar e trocar experiências. É o grupo Geração de Valor. O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e o Projeto Semeando Água integram este grupo desde o início. Um dos encontros aconteceu na sede do IPÊ e os temas relacionados à conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável foram pautas de três das nove reuniões que aconteceram até este momento. Nas duas ocasiões mais recentes (21 de agosto e 25 de setembro de 2019) a ferramenta “Sustentabilidade em Jogo” foi aplicada com os participantes. De forma lúdica e instigante os grupos passaram cerca de quatro horas conversando, trocando experiências e conhecimentos na área, com a moderação de membros da equipe do Projeto Semeando Água. O jogo pode ser adaptado para atender necessidades e resolução de desafios na área de sustentabilidade em diferentes contextos (escolas, empresas, bancos, etc.) e com diversos públicos.

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14. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA Para celebrar o dia da Árvore, a diretora Sandra Campos da creche Girassol, no município de Nazaré Paulista – SP, solicitou à equipe do Projeto Semeando Água um plantio de árvores nativas da Mata Atlântica no pátio. O evento aconteceu no dia 11 de setembro de 2019, com participação ativa das crianças. Durante a ação, a fala dos educadores foi no sentido de ressaltar para as crianças a importância de plantar árvores nativas da região para o equilíbrio da fauna local e a conservação dos recursos hídricos. As crianças aprenderam também o passo-a-passo sobre o plantio das árvores, incluindo o preparo da terra com húmus da própria composteira da creche.

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15. DIAS DAS CRIANÇAS O convite do Departamento de Educação da Prefeitura do Município de Nazaré Paulista para realizar ações de educação ambiental no evento do Dia das Crianças foi recebido com alegria pela equipe do Projeto Semeando Água. O “Espaço Natureza” ofereceu materiais para a confecção de máscaras de animais da Mata Atlântica, exposição de fotos de ações do Projeto Semeando Água nas escolas e creches do município, leitura de livros infantis com temas ambientais e ainda proporcionou a experiência de conhecer algumas mudas de árvores e as suas respectivas sementes. Teve muito bate-papo, principalmente com os familiares das crianças e até a demonstração de um experimento para explicar a importância da floresta para a conservação da água e do solo. O evento aconteceu na manhã do dia 12 de outubro de 2019 na Praça Álvaro Guião, em Nazaré Paulista em meio a diversas outras iniciativas educativas e de recreação, que foram proporcionadas pela Prefeitura e outros parceiros locais.

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16. RESÍDUOS SÓLIDOS NA ZONA RURAL: A SOLUÇÃO COMEÇA NA PRÉ-ESCOLA O passo-a-passo para a construção de uma composteira foi o tema de uma das edições da Aventura Socioambiental, um material educativo que subsidia a ação dos educadores que precisam acessar informações de qualidade para trabalhar a educação ambiental com os alunos. Na Escola Municipal Joaquim Francisco Bueno, localizada no Bairro Atibainha em Nazaré Paulista – SP a composteira foi adotada como uma alternativa para a destinação dos resíduos orgânicos da cozinha, assim como em outras escolas e creches do município. Verduras, cascas de frutas e legumes agora são tratados de outra forma. Ao invés de irem para o “lixo” são separados, cortados em pedaços pequenos e colocados diariamente na composteira, sempre com uma cobertura de folhas secas para reter a umidade e não produzir odor, o que poderia atrair insetos. Todo o processo foi apresentado primeiro às merendeiras das escolas e creches e, posteriormente, aos alunos, que hoje são aliados na introdução dos resíduos, na retirada e utilização do adubo e do chorume nas hortas e jardins. A diretora das escolas rurais Adriana Pinheiro, acompanhou a equipe do projeto Semeando Água e ajudou a reforçar a importância do uso da composteira para a redução dos resíduos que são encaminhados ao aterro sanitário localizado em outro município. A atividade na escola Joaquim Francisco Bueno ocorreu no dia 17 de outubro de 2019, com cerca de 15 crianças, que já conheciam diversos conceitos importantes que foram abordados pela professora Roseli Gomes de Moraes em suas aulas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação. 2017. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação e Cultura. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/11/7._Orientações_aos_Conselhos.pdf. Acesso em: 16/11/2019.

Carvalho, ICM. 2004. Educação ambiental crítica: nomes e endereçamentos da educação. Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. 2012. O Futuro que queremos. Organização das Nações Unidas. Disponível em: < http://www.agenda2030. com.br/saiba_mais/publicacoes>. Acesso em: 08/10/2019.

Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. 2015. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Organização das Nações Unidas. Disponível em:< http://www.agenda2030.com.br/saiba_mais/publicacoes>. Acesso em: 10/10/2019. Padua, SM; Tabanez, MF; Souza, MG. 2003. A abordagem participativa na educação para a conservação da natureza. In: Cullen Jr, L.; Rudran, R.; Valladares-Padua C. Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre, 2.

SÃO PAULO. Secretaria de Educação. 2019. Currículo Paulista. São Paulo: Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação. Disponível em: http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/84/docs/pdf/curriculo_paulista_26_07_2019.pdf. Acesso em: 13/11/2019. Uezu, A; Sarcinelli, O; Chiodi, R; Jenkins, CN; Martins, CS. 2017. Atlas dos serviços ambientais do Sistema Cantareira. Instituto de Pesquisas Ecológicas, 1.ed., Nazaré Paulista.

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