Agronegócio em Foco - 03 Junho/19

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Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE GRÃOS ALIMENTÍCIOS Prof. Dr. Elmar Luiz Floss Engenheiro agrônomo e licenciado em Ciências, doutor em agronomia, professor e diretor do Instituto Incia, Passo Fundo-RS. E-mail: elmar@incia.com.br 1. INTRODUÇÃO A problemática relativa à produção de alimentos e à alimentação da população é um desafio permanente para todos os envolvidos direta ou indiretamente com tal assunto. A população mundial permaneceu, praticamente, estável desde as eras bíblicas até, aproximadamente, o ano 1.750. A partir dessa data, o crescimento demográfico aumentou acentuadamente, especialmente nos países subdesenvolvidos. Em 1798, Thomas Malthus postulava que a população crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética (Zwartz; Hautuast, 1979). O que poderia significar um panorama de uma grande epidemia de fome no mundo, especialmente, nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. No entanto, graças às novas tecnologias de produção implantadas nos últimos anos, a produção de alimentos cresce muito acima das estimativas e o crescimento demográfico caiu nos últimos anos. Ainda assim, há, aproximadamente, um bilhão de pessoas passando fome no mundo. Durante as décadas de 1950 e 1960, os mercadores de produtos agrícolas foram sustentados pela existência de estoques substanciais, especialmente de cereais. Entretanto, em 1972, a disponibilidade de alimentos foi afetada, com drástica queda de produção de anchovas pelo Peru, uma das importantes fontes proteicas para alimentação animal. Em consequência, aumentou a demanda de soja e outros alternativos proteicos, fazendo com que o preço dessa leguminosa quadruplicasse em poucos meses, ocasionando rápida diminuição dos estoques. Também em 1972, ocorreu uma queda de 30% na produção de trigo na União Soviética, ocorrendo uma grande comercialização desse produto, reduzindo os estoques americanos e provocando a elevação do preço de trigo, milho e arroz. Em adição a esse fato, a Índia e a China, normalmente autossuficientes em cereais, tiveram que importar trigo (Floss, 1985). A crise do petróleo, iniciada em 1973, provocou uma significativa alta no preço dos fertilizantes e combustíveis, gerando sérias dificuldades aos agricultores, especialmente nos países subdesenvolvidos, contribuindo para uma elevação dos preços internacionais dos alimentos (Floss, 1985). A redução de estoques de alimentos, que, segundo a Food Agricultura Organization (FAO) das Nações Unidas, chegou a um déficit de 18% em relação ao consumo mundial em 1974; a alta dos preços internacionais de alimentos; e os fatores restritivos ao aumento da produção nos países em desenvolvimento geraram crises de fome em vários desses países. Atualmente, segundo a FAO (2017), quase um bilhão de pessoas sofrem de fome crônica, beirando a miséria absoluta. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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A FAO, criada para cuidar da segurança alimentar no mundo, estima que, no ano de 2050, a população mundial será de 9,3 bilhões, um aumento de, aproximadamente, 2 bilhões de pessoas entre 2016 a 2050, o equivalente a 10 populações brasileiras. Para atender a essa demanda, a produção de alimentos terá que aumentar entre 50% e 60% até 2050, de um lado, devido ao aumento da população, e de outro, por conta do o aumento de consumo per capita. Espera-se que, em 2050, toda a população mundial esteja se alimentando adequadamente. De outro modo, há uma mudança ocorrendo na dieta mundial, com redução de consumo de cereais e tubérculos e com aumento do consumo de carnes, especialmente, suína e de aves. Para produzir um kg de proteína animal, há necessidade de aproximadamente 5 kg de proteína vegetal. A alimentação básica de suínos e frangos é uma ração com 70% de grãos de milho e 30% de farelo de soja. Por isso, estima-se que a produção mundial de soja terá que passar dos 351 milhões de t (USDA, 2017) para 600 milhões de t em 2050. A produção de milho deverá passar dos atuais 1,06 bilhão de t para 1,5 bilhão de t em 2050. O aumento da produção brasileira de carne de frango e de suínos é paralela ao aumento da produção brasileira de grãos de milho e soja. Além de atender ao mercado interno, o Brasil bate recordes anuais de exportação dessas carnes. Na China, por exemplo, de 10 a 12 milhões de pessoas passam, anualmente, da linha de pobreza absoluta para uma classe média consumidora. São pessoas que se alimentavam de baratas, gafanhotos e muitos outros insetos e começam a se alimentar de carne de frango, suína, bovina, de derivados lácteos e grãos. O mesmo está acontecendo na Índia e em outros países menores da Ásia. O mundo espera que metade desse aumento de 40% na produção de alimentos, esperado para os anos de 2013 a 2050, seja produzido no Brasil. O que se configura como um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma importante oportunidade de emprego, renda e tributos. Todo o dinheiro gerado no setor primário circula pelos demais setores econômicos, como comércio, indústria e serviços. O Agronegócio é o verdadeiro “setor primeiro” da economia brasileira e não apenas o “setor primário”. Os produtores rurais estão fazendo a sua parte. De 2000 a 2017, a produção brasileira total de grãos passou de 100 milhões de t para 237 milhões de t (soma de todos os grãos produzidos). A produção de carnes, leite, frutas e hortaliças também aumentou. Essa produção de grãos é realizada em apenas 59 milhões de ha, ou seja, 7,9 % do imenso território nacional de 850 milhões de ha. Na safra 2017/18, a produção brasileira de grãos alimentícios foi de 232 milhões de t, em 62 milhões de ha (CONAB, 2018). As culturas permanentes (cana de açúcar, café, cacau, citrus, dentre outras) ocupam outros 17 milhões de hectares cultivados. Sem destruir floresta amazônica e outros ecossistemas, ainda temos no Brasil, outros 104 milhões de ha disponíveis. A incorporação dessas áreas nos próximos anos será fundamental para atender a demanda por alimentos, além, é claro, do aumento da produtividade, com a utilização das modernas tecnologias que estão sendo desenvolvidas pela pesquisa. Estima-se que em 2050, o Brasil terá de produzir alimentos para, aproximadamente, 4 bilhões de pessoas. Desnecessário enfatizar que existe o sério problema da fome e que suas sequelas atingem amplos segmentos populacionais, estando por trás dos indicadores sociais, como mortalidade infantil, menor expectativa de vida, disparidade na distribuição de renda, desemprego, marginalidade, etc. (Fortes, 1988). Erradicar a fome e a desnutrição requer, não só um aumento na produção de alimentos, mas uma racional distribuição e comercialização desses produtos (Fortes, 1988). Se considerarmos a produção total de alimentos e a população mundial, poderíamos supor que o problema da fome não existe, levando em conta o alto volume de alimentos existente. Nesse sentido, San Martin (1987), cita que, em 1985, foram produzidos mais de 350 kg de cereais por habitante em todo o mundo, quantidade que equivale a mais de 3.500 kcal por dia para cada pessoa, sendo que 3.000 kcal/dia é o número considerado ideal para a manutenção de uma dieta saudável e equilibrada. Fortes (1988), considera, com base nos dados da FAO, um consumo mínimo de 2.550 calorias para os latinoamericanos, como algo imprescindível à sobrevivência, com sanidade física-mental. Isso significa Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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que a desnutrição não é por falta de alimentos e, sim, pelo não acesso ao alimento, especialmente, pela população mais pobre. 2. EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA No período de 1976 a 2017, a população brasileira cresceu de 110,1 milhões de habitantes para 207,7 milhões de habitantes, um crescimento de 88,6%, em apenas 41 anos (Tabela 1). Verificase uma tendência de queda na taxa demográfica nos últimos anos, especialmente, a partir de 1994, com o aumento de renda da população, determinado pelo controle da inflação a partir da implantação do Plano Real, que promoveu aumentos significativos no poder aquisitivo da classe trabalhadora, além de programas sociais implantados nos últimos anos. Tabela 1 – Evolução da população brasileira, de 1976 a 2017. Anos População 1976 110.123.500 1977 113.208.500 1978 116.393.100 1979 119.670.000 1980 119.011.052 1981 121.381.328 1982 124.250.840 1983 127.140.354 1984 130.082.524 1985 132.999.282 1986 135.814.249 1987 138.585.894 1988 141.312.997 1989 143.997.246 1990 146.592.579 1991 146.825.475 1992 151.546.843 1993 153.985.576 1994 156.430.949 1995 158.874.963 1996 161.323.169 1997 163.779.827 1998 166.252.088 1999 168.753.552 2000 169.799.170 2001 173.808.010 2002 176.303.919 2003 178.741.412 2004 181.105.601 2005 183.383.216 2006 185.564.212 2007 183.987.291 2008 189.612.814 2009 191.480.630 2010 190.755.799 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Fonte: adaptado de IBGE, 1977-2018.

197.397.018 199.242.462 201.032.714 202.768.562 204.450.649 206.885.089 207.700.000

Conforme os dados da Tabela 1, observa-se um crescimento linear da população, no período de 1976 a 2017, da ordem de 2.425,4 mil pessoas/ano. Considerando os períodos de 10 anos, aumentou de 110,1 milhões de habitantes em 1976, para 133,0 milhões em 1985 (+20,8%), para 158,9 milhões em 1995 (+19,4%), para 183,4 milhões em 2005 (+15,4%), e, para 204,4 milhões de habitantes em 2015 (+11,4%). Esses resultados comprovam a desaceleração da taxa demográfica no Brasil.

Figura 1 – Evolução da população brasileira no período 1976 a 2017. Fonte: adaptado de IBGE, 1977-2018. 3. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE GRÃOS ALIMENTÍCIOS 3.1 Situação mundial Os grãos, especialmente os cereais, são responsáveis pela maior parte dos alimentos produzidos para alimentação humana. Na presente análise, foram considerados os dez grãos alimentícios produzidos em maior quantidade no mundo e no Brasil: amendoim, arroz, aveia branca, centeio, cevada cervejeira, feijão, milho, soja, sorgo e trigo. Os cereais são os grãos alimentícios mais importantes na alimentação humana. Estima-se que, de modo geral, fornecem 70 a 80% do total de calorias na dieta do homem e mais de 2/3 das Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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proteínas de origem vegetal. O restante das proteínas vegetais é fornecido pelas leguminosas (Kent, 1971). Na Tabela 2, é apresentada a área cultivada, a produção e o rendimento das 10 principais culturas produtoras de grãos alimentícios, no mundo, na safra de 2017/2018 (USDA, 2018). Verificase, que a produção total desses grãos foi de 2.926,84 mil toneladas e que os quatro grãos mais importantes são, em ordem decrescente, o milho, trigo, arroz e soja. A área cultivada foi de 845,67 milhões de ha, sendo que as maiores áreas, em ordem decrescente, foram destinadas a trigo, milho, arroz e soja. Os maiores rendimentos médios são observados nas culturas do milho (5.630 kg.ha-1), arroz (4.540 kg.ha-1), trigo (3.450kg.ha-1 ) e soja (2.720kg.ha-1 ). Tabela 2 – Área cultivada, produção e rendimento de culturas produtoras de grãos alimentícios no mundo, em 2017/18. Culturas Área cultivada Produção Rendimento (1.000 ha) (1.000 t) (kg.ha-1) Milho 183,52 1.033,64 5.630 Arroz 161,62 491,57 4.540 Trigo 219,52 758,27 3.450 Soja 123,80 336,82 2.720 Cevada 48,12 144,27 3.000 Sorgo 40,02 57,85 1.450 Amendoim 26,32 45,56 1.730 Feijão* 29,23 23,14 792 Aveia 9,51 23,44 2.470 Centeio 4,01 12,28 3.060 Total 845,67 2.926,84 *Estimado Fonte: adaptado de USDA, 2018. Na análise da evolução da área cultivada das principais culturas produtoras de grãos alimentícios, no período de 1976/77 a 2016/17 (Tabela 3), observa-se que o maior crescimento foi apresentado pela soja (+219,8%), evoluindo de 37,2 milhões ha para 120,5 milhões ha. Seguida pela cultura do milho, cuja área cresceu de 124,2 para 183,6 milhões de ha (+47,8%) no período. Isso se explica pelo fato de que os grãos de milho e o farelo de soja se transformaram na base do arraçoamento de frangos, suínos, bovinos e outros animais, visando à produção de carne, ovos e leite. Também cresceu a área de cultivo do amendoim, de 18,8 para 25,5 milhões de ha (+35,8%); do feijão, de 23,32 para 29,23 milhões de ha (+25,1%); e do arroz de 141,9 a 160,1 milhões de ha (12,8%). As culturas que sofreram a maior redução de área cultivada foram as culturas do centeio (75,3%), da aveia branca (-63,4%), da cevada cervejeira (-40,4%), do sorgo (-13,6%) e do trigo (5,1%). O decréscimo do cultivo de cereais de inverno deve-se ao crescimento do rendimento do milho, substituindo esses grãos no arraçoamento animal, devido ao menor custo de produção desse cereal. Por exemplo, até meados dos anos 1980, aproximadamente, 78% dos grãos de aveia produzidos no mundo eram utilizados na alimentação animal, hoje, parcialmente, esses estão sendo substituídos pelo milho. Também é importante destacar que o milho, um cereal tropical, hoje, está adaptado às mais diferentes regiões de clima e solo do mundo, graças ao melhoramento genético. De outro modo, está havendo uma redução de consumo de cereais na dieta da população mundial, os quais estão sendo substituídos pelas carnes, devido às campanhas de redução da obesidade.

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Tabela 3 - Evolução da área cultivada (1.000 ha) das principais culturas alimentícias no mundo 1976/77 a 2016/17. Culturas 1976 1986 1996 2006 2010 2016 Variação 1976/77 à 2016/17 (%) Amendoim 18.761 19.072 22.388 21.495 24.012 25.48 +35,8 Aveia

27.323

24.414

19.772,1

11.662

9.076

9.44

-65,4

Arroz

144.471

150.297

155.610

159.417

160.07

+12,8

Centeio

141.86 0 17.257

15.371

11.155

5.814

5.335

4.26

-75,3

Cevada

81.036

79.171

65.728

56.374

47.594

48.29

-40,4

Feijão

23.320

26.527

25.860

27.422

29.895

29.23

+25,1

Milho

131.81

139.944

146.942

161.765

183.57

+47,8

Soja

124.20 9 37.168

51.896

61.094

95.275

102.556

120.5

+29,8

Sorgo

48.236

48.776

46.774

43.245

40.936

41.66

-13,6

217.219

222.4

-5,2

Trigo

234.41 227.752 226.862 211.184 8 Fonte: adaptado de FAO, 2014; USDA, 2017.

Em relação à evolução da produção de grãos, entre 1976/77 e 2016/17 (Tabela 4), verifica-se que a cultura que mais cresceu foi a da soja (+512,9%), seguida pela cultura do milho (+203,3%), do amendoim (+152,0%), do arroz (39,1%), do feijão (87,7%) e do trigo (69,9%). As culturas que sofreram as maiores reduções de produção foram aveia branca (-50%), centeio (-57,6%), cevada cervejeira (11,2%) e sorgo (-0,4%). O aumento do rendimento, determinado pela conjugação de fatores genéticos (cultivares), ambiente (solo e clima) e pelas práticas agrícolas de manejo utilizadas, representa na incorporação de novas fronteiras agrícolas. Quanto maior o rendimento por unidade de área, maior é a preservação de recusrosos naturais. Tabela 4 – Evolução da produção (1000 t) das principais culturas alimentícias no mundo 1976/ 77 a 2016/17. Culturas

1976

1986

1996

2006

2010

2016

Amendoim

17.002

21.504

31.147

33.354

37.954

42.89

+152,0

Aveia

46.665

44.449

31.203

22.631

19.623

23.32

-50,0

Arroz

347746

468.675

568.914

641.207

696.324

483.81

+39,1

Centeio

29.639

30.414

23.427

12.635

12.374

12.56

- 57,6

Cevada

166.596

177.169

155.319

139.494

123.545

148

-11,2

Feijão

12.327

15.144

16.940

20.609

22.923

23.14

+87,71

Milho

352.396

478.177

589.271

706.833

840.308

1.068,7 9

+203,3

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Variação 1976/77 a 2016/17 (%)

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Soja

57.399

94.446

130.206

221.919

264.992

351.78

+512,9

Sorgo

62.888

69.151

71.570

57.853

55.722

62.64

-0,4

653.655

754.31

+79,65

Trigo

419.868 528.685 858.197 602.892 Fonte: adaptado de FAO, 2014; USDA, 2017.

Os maiores rendimentos médios são observados na cultura do milho, que evoluiu de 2.837 kg/ha em 1976/77, para 5.820 kg/ha em 2016/17 (+ 105,1%), conforme observa-se na Tabela 5. A segunda cultura de maior rendimento é o arroz (4.510 kg/ha) que cresceu 84,0%, seguida pela cultura do trigo (3.390 kg/ha), cujo crescimento foi 89,3%, de cevada (3.060 kg/ha), mais 48,8%. O menor rendimento médio é da cultura do feijão, com apenas 792 kg/ha, seguida pela cultura do sorgo e do amendoim. Tabela 5 – Evolução do rendimento (kg/ha) das principais culturas alimentícias no mundo 1976/77 a 2016/17. Culturas 1976 1986 1996 2006 2010 2016 Variação 1976/77 a 2016/17 Amendoim 906 1.128 1.391 1.548 1.666 1.680 + 85,4 Aveia 1.709 1.821 1.860 1.941 2.177 2.470 + 44,6 Arroz 2.451 3.244 3.785 4.121 4.334 4.510 + 84,0 Centeio 1.710 1.979 2.100 2.173 2.399 2.950 + 72,5 Cevada 2.056 2.238 2.363 2.474 2.601 3.060 + 48,8 Feijão 529 571 655 752 765 792 + 49,7 Milho 2.837 3.628 4.221 4.810 5.183 5.820 + 105,1 Soja 1.544 1.820 2.131 2.329 2.583 2.920 + 89,1 Sorgo 1.304 1.418 1.530 1.338 1.418 1.500 + 15,0 Trigo 1.791 2.321 2.580 2.855 3.007 3.390 + 89,3 Fonte: adaptado de FAO, 2014; USDA, 2017. 3.2 Situação no Brasil O Brasil, até os anos 1970, era grande importador de alimentos, mesmo com uma das maiores áreas agrícolas do mundo. O processo brasileiro de industrialização, iniciado por Getúlio Vargas e seguido por Juscelino Kubistchek de Oliveira, promoveu um grande êxodo rural, entre 1950 e meados dos anos 1970. Em 1950, aproximadamente, 83% da população brasileira vivia no meio rural, produzindo alimentos para si e para os outros 17% da população que vivia na cidade. E, praticamente, a balança comercial internacional dependia apenas da exportação de café. A simples importação de tecnologias de manejo de culturas, dos países de clima temperado (Europa, Estados Unidos e Canadá), não permitia o aumento no rendimento das culturas aqui no Brasil, especialmente, nas regiões de clima tropical. Com o desenvolvimento de programas de pesquisa agrícola mais eficientes, a partir da criação da Embrapa nos anos 1970, de Universidades por meio dos cursos de mestrado e doutorado, das instituições estaduais de pesquisa (IAC, IAPAR, EPAGRI, EPAMIG, IPAGRO, dentre outras) e de instituições privadas de pesquisa (Coodetec, Fundacep/CCGL, Fundação Mato Grosso, Fundação Mato Grosso do Sul, Biotrigo Genética, OR Sementes, TMG, Brasmax, Donmário, Nidera, Syngenta Seeds, Bayer, Monsoy, Monsanto, Dekalb, Agroeste, Pioneer, dentre outras), foram geradas tecnologias de manejo das culturas para as condições mais tropicais. Assim, o cerrado brasileiro passou a ser incorporado à produção de grãos. Atualmente, somente 17% da população brasileira vive no meio rural, produzindo alimentos para si e para os outros 83% da Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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população que vive na cidade, sobrando ainda excedentes exportáveis que batem recorde a cada ano. O Brasil já é o 4º. maior exportador mundial de alimentos. Foi também de fundamental importância a adequação da legislação brasileira ao que ocorria nos países desenvolvidos, como a Lei de Patentes, a Lei de Proteção de Cultivares e a Lei de Biossegurança. Dessa forma, as grandes empresas internacionais vieram para o Brasil, trazendo tecnologias inovadoras na área de genética (especialmente, os cultivares transgênicos), fertilizantes, herbicidas, fungicidas, inseticidas, máquinas e equipamentos agrícolas, bioativadores, entre outras. A partir dos anos 2000, as modernas lavouras brasileiras praticam Agricultura de Precisão (a aplicação de precisão na agricultura), conjugando os avanços da nanotecnologia eletrônica (máquinas com computador de bordo, dosadores eletrônicos e GPS) com a nanotecnologia biológica (biologia molecular, reguladores vegetais e o uso de micronutrientes). Nas duas principais culturas brasileiras, soja e milho, que representam mais de 88% da produção brasileira de grãos, a genética e as tecnologias de manejo utilizadas para altos rendimentos, em mais de 80% foram desenvolvidas pelas empresas privadas de pesquisa. Na Tabela 6, é apresentada a evolução da população, da produção de grãos alimentícios e a produção per capita de grãos alimentícios, no Brasil, no período de 1976 a 2017. Verifica-se que a produção total dos 10 principais grãos alimentícios no Brasil cresceu de 48,3 milhões em 1976 para 58,4 milhões de t na safra 1985 (+209%), para 75,9 milhões de t em 2005 (+ 30,0 %), para 130,1 milhões t em 2005 (+ 71,4%), e, de para 186,6 milhões de t na safra 2015/2016 (+ 43,4%), conforme Tabela 6 e Figura 2. A produção recorde ocorreu na safra 2016/17, com 237 milhões de t e na safra 2017/18 ocorreu uma redução para 228,3 milhões de t. No ano 2000, chegava a 98 milhões de t e em 2017, a 237 milhões de t (+141,8% em 16 safras). Do ano 1976/77 a 2017/18, a produção total de grãos alimentícios apresentou um crescimento de 372,8%. Tabela 6 – Evolução da população, produção de grãos alimentícios e produção per capita de grãos alimentícios no Brasil, período 1976/77 a 2017/18. Anos População (mil) Total de produção (mil) Produção per capita (kg/pessoa/ano) 1976 110.124 48.291,2 438,52 1977 113.209 43.042,9 380,21 1978 116.393 41.354,8 355,30 1979 119.670 45.916,5 383,69 1980 119.011 52.662,7 442,50 1981 121.381 53.791,7 443,16 1982 124.251 46.387,2 373,34 1983 127.140 52.425,3 412,34 1984 130.083 53.643,4 412,38 1985 132.999 58.406,8 439,15 1986 135.814 62.514,1 460,29 1987 138.586 67.720,9 488,66 1988 141.313 66.908,0 473,47 1989 143.997 65.102,3 452,11 1990 146.593 63.151,8 430,80 1991 146.825 65.104,6 443,41 1992 151.547 66.864,3 441,21 1993 153.986 74.979,3 486,92 1994 156.431 82.512,6 527,47 1995 158.875 75.930,1 477,92 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1996 161.323 78.657,2 1997 163.780 75.710,6 1998 166.252 87.053,1 1999 168.754 85.792,1 2000 169.799 98.236,6 2001 173.808 101.064,4 2002 176.304 115.368,6 2003 178.741 135.057,1 2004 181.106 129.463,0 2005 183.383 130.132,5 2006 185.564 137.606,0 2007 183.987 151.334,4 2008 189.613 153.642,1 2009 191.481 152.617,4 2010 190.756 167.328,7 2011 197.397 186.693,8 2012 199.242 158.611,7 2013 201.033 185.880,9 2014 202.769 205.116,3 2015 204.451 186.621,8 2016 206.885 237.184,0 2017 207.700 228.333,5 Fonte: adaptado de CONAB, 2017; IBGE, 2018.

487,58 462,27 523,62 508,39 578,55 581,47 654,37 755,60 714,85 709,62 741,55 822,53 810,29 797,04 877,19 945,78 796,07 924,63 1.011,58 912,79 1.146,45 1.099,3

Pela Figura 2, verifica-se que entre os anos 1976 e 2000, houve um crescimento lento da produção brasileira de grãos. A partir dos anos 2000, inicia um crescimento linear da produção brasileira de grãos alimentícios. Isso se deve ao desenvolvimento acelerado de novos cultivares com maiores potenciais de rendimento e de outras tecnologias de manejo, aliado à melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. O resultado pode ser atribuído às diversas “revoluções tecnológicas” que ocorreram, especialmente a partir dos anos 1990, como o desenvolvimento de cultivares diferenciados (maiores potenciais de rendimento, menor estatura, ciclo mais curto e outras características agronômicas desejáveis), sobretudo a partir do desenvolvimento de cultivares transgênicos; de uma calagem mais eficiente (em muitas áreas associada a gessagem); de uma adubação mais equilibrada para atender aos maiores potenciais de rendimento; do controle mais eficiente de plantas daninhas, pragas e moléstias, e, ainda, como resultado de uma agricultura com precisão, utilizando as informações via satélite (GPS), com computador de bordo, dosadores eletrônicos, entre outras nanotecnologias eletrônicas, como ferramentas para maior eficiência no manejo das culturas.

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Figura 2 – Evolução da produção brasileira dos principais grãos alimentícios, de 1976/77 a 2016/17. Fonte: adaptado de FAO, 2014; CONAB, 2018; IBGE, 2017. Esse aumento significativo da produção de grãos permitiu uma oferta abundante de alimentos à população brasileira, o crescimento da produção de aves e de suínos e a exportação crescente de excedentes, garantindo uma balança comercial positiva ao Brasil. As divisas obtidas com a exportação do agronegócio financiam o desenvolvimento, promovendo o controle da inflação, a estabilidade econômica do país, e, por conseguinte, a estabilidade política. Atualmente, o único setor positivo na balança comercial no Brasil é o Agronegócio. A soja, grãos e derivados, é o principal produto brasileiro na pauta de exportação, cujas divisas variaram de 25 a 32 bilhões de dólares nos últimos 5 anos. Estamos vivendo o histórico “ciclo econômico da soja”. Dos 10 principais produtos da pauta de exportação, 9 são oriundos do Agronegócio. De outro modo, a produção brasileira de carne de suínos e aves aumenta linearmente com o aumento da produção de soja. As carnes, são o terceiro produto da pauta de exportação brasileira. A produção de carne suína e de frangos acompanha linearmente o aumento da produção brasileira de grãos de soja. Considerando a evolução da produção brasileira de grãos alimentícios e o crescimento da população, obtém-se a produção per capita de grãos (Figura 3). Verifica-se que essa evoluiu de 480 kg/per capita/ano, em 1976, para 439,15 kg/per capita/ano em 1985 (+ 8,5%); para 709,62 kg/per capita/ano em 2005 (+48,5%); e, para 912,79 kg/ per capita/ano, em 2015 (+ 28,6%). Na safra 2017/17, a produção per capita de grãos alimentícios foi recorde, 1.146,45 kg. Na safra 2017/18, foi de 1.049,3 kg/per capita/ano. Portanto, no período 1976/77 a 2017/2018, o crescimento da produção per capita de grãos alimentícios foi 150,7%. Um crescimento linear de 16,4 kg/per capita/ano (Figura 3).

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Figura 3 - Evolução da produção per capita de grãos alimentícios no Brasil, 1976/77 a 2016/17. Fonte: adaptado de FAO, 2014; CONAB, 2018; IBGE, 2017. Na safra 2017/2018, o Brasil colheu uma safra de mais de 2223,7 milhões de t de grãos alimentícios (CONAB, 2018), considerando somente as 10 principais culturas produtoras de grãos alimentícios, numa área de 60,2 milhões de ha (Tabela 7). Não estão incluídas culturas como triticale, canola, girassol, algodão e linho oleaginoso e outras. A principal cultura brasileira produtora de grãos é a soja com 119,3 milhões de t, seguida pela cultura do milho com 81,3 milhões de t. Essas duas culturas representam mais de 89% do total de grãos produzidos no Brasil na safra 2017/18. Seguem-se a produção de grãos do arroz (12.071,0 mil t), do trigo (4.263,5 mil t), do feijão (3.116,0 mil t), do sorgo (2.135,8 mil t), da aveia (633,8 mil t), do amendoim (511,5 mil t), da cevada cervejeira (282,1 mil t) e do centeio, com apenas 6,2 mil t (Tabela 7). Quanto à área de cultivo, também as culturas da soja (35.149,7 mil ha) e do milho (16.636,8 mil ha) são as mais importantes, o que representa 85,9% do total de área cultivada com esses 10 grãos alimentícios. Seguem-se as culturas do feijão (3.175,3 mil ha), do trigo (1.916,0 mil ha), do arroz (1.972,8 mil ha), conforme a Tabela 7. Em relação ao rendimento, em primeiro lugar está a cultura do arroz (6.119 kg.ha-1 ), seguida pela do milho (4.890 kg.ha-1 ), da cevada cervejeira (2.602 kg.ha-1 ), do amendoim (3.684 kg.ha-1 ), da soja (3.394 kg.ha-1 ), do trigo (2.225 kg.ha-1 ), do sorgo (2.731 kg.ha-1 ), da aveia branca 1.862 kg.ha-1 ) e do centeio (1.722 kg.ha), como se pode observar na Tabela 7. Tabela 7 - Área cultivada, produção e rendimento de diversos grãos alimentícios do Brasil, safra 2017/2018. Culturas Área (1.000 ha) Produção (1.000 t) Rendimento (kg.ha -¹) Soja 35.149,3 119.281,4 3.394 Milho 16.636,8 81.356,7 4.890 Arroz 1.972,8 12.071,0 6.119 Trigo 1,916,0 4.263,5 2.225 Feijão 3.173,3 3.116,0 981 Sorgo 782,2 2.135,8 2.731 Aveia 340,3 633,8 1.862 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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Cevada Amendoim Centeio Total Fonte: adaptado de Conab, 2018.

108,4 138,5 3,6 60.223,2

282,1 511,5 6,2 223.658,0

2.602 3.694 1.722 -

a) Cultura do amendoim Na cultura do amendoim, verifica-se uma redução da área cultivada de 371,4 mil ha na safra 1976/77 para 138,5 mil ha, na safra 2017/18 (- 62,7%), conforme Tabela 8. A produção cresceu no período de 509,9 mil t, em 1976/77, para 511,5 mil t em 2017/18 (+ 0,3%). O rendimento médio do amendoim no Brasil, no período 1976/77 a 2017/18, aumentou de 1.372,7 kg/ha para 3.694 kg/ha (Tabela 8), o que representa um aumento de 169,1%. O principal estado produtor é São Paulo, onde o amendoim é utilizado nas áreas de renovação de canaviais. O principal destino dos grãos é a alimentação humana, na forma natural ou industrializada (óleos, cremes). Tabela 8 - Evolução da área cultivada, produtividade e produção de grãos de amendoim, no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 371,4 1.372,7 509,9 1977 228,7 1.407,7 320,7 1978 253,7 1.280,6 325 1979 288,6 1.598,8 461,5 1980 312,9 1.542,9 482,8 1981 244,8 1.449,9 354,9 1982 236,8 1.340,1 317,4 1983 211,7 1.340 283,6 1984 150,6 1.650,3 248,6 1985 193,1 1.756,2 339,2 1986 159,1 1.347,8 214,5 1987 140,1 1.376,6 192,9 1988 97,8 1.685,6 164,8 1989 84,7 1.772,9 150,1 1990 83,5 1.654,9 138,3 1991 89,4 1.571,9 140,5 1992 100,6 1.710,6 172,1 1993 85,9 1.762,6 151,5 1994 91,9 1.743,6 160,2 1995 94,7 1.796,1 170,1 1996 80,7 1.909,7 154,1 1997 88,4 1.596,6 141,2 1998 102 1.892,8 193,1 1999 101,2 1.772,6 179,4 2000 102,9 1.792,6 184,4 2001 105 1.921,4 201,7 2002 97 2.011,3 195,2 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2003 89,1 2.105,1 2004 104,5 2.263 2005 136 2.317,1 2006 110,7 2.256 2007 113,7 2.315,4 2008 121,4 2.575,4 2009 94,3 2.710,4 2010 94,3 2.771,7 2011 106,6 2.919,6 2012 106,2 3.089,3 2013 108 3.362 2014 108,9 3.183 2015 119,6 3.396 2016 129,3 3.606 2017 138,5 3.694 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

187,7 236,4 315,2 249,9 263,4 312,8 255,6 261,4 311,4 328,1 363,1 346,8 406,1 466,2 511,5

Na Figura 4, observam-se as tendências da área cultivada, a produção e o rendimento do amendoim no Brasil, no período de 1976/1977 a 2017/2018. O crescimento anual do rendimento do amendoim no Brasil é da ordem de 50,3 kg/ha/ano, comparando o período 1976/77 aos anos 2017/18.

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Figura 4 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de amendoim, no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de FAO, 2014, IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação da Figura 5, observa-se uma variação do rendimento de amendoim, no Brasil, de 1.469,42 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.462,65 kg.ha-1 (1986/1995), configurando um decréscimo de 0,46%, de 1.955,22 kg.ha-1 (1996/2005), representando um crescimento de 33,7% e para 2.857,88 kg.ha-1 (2006/2015), o que representou +46,2%.

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Figura 5 – Evolução do rendimento de amendoim no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. b) Cultura do arroz A área de cultivo do arroz decresceu, no Brasil, de 6.656,4 mil ha em 1976/77, para 1.972,8 mil ha, em 2017/18 (- 70,36 %), conforme apresentado na Tabela 9. Isso se deve à redução da área cultivada do arroz de sequeiro no Brasil Central, utilizado, inicialmente, como primeiro cultivo na sistematização dos solos de cerrado. Esse arroz de sequeiro apresentava rendimentos muito menores do que o arroz irrigado. Entretanto, a produção brasileira de grãos de arroz cresceu de 9.757 mil t em 1976/77, para 12.071,0 mil t em 2017/18, o que representa um crescimento de 23,7% (Tabela 9). Esse é o resultado do aumento significativo do rendimento do arroz, que variou de 1.465,8 kg/ha em 1976/77 para 6.119 kg.ha-1 em 2017/18 (+ 317,5%). Esse aumento se deve ao maior potencial de rendimento, dos cultivares utilizados, à melhoria das práticas de manejo da cultura, e à redução da área cultivada com arroz de sequeiro, no Centro-oeste brasileiro. A maior área de arroz irrigado é plantada no estado do Rio Grande do Sul, cujos rendimentos cresceram significativamente nos últimos anos. Apesar desse crescimento, o arroz vive crises cíclicas com relação à comercialização. Isso porque, devido a acordos comerciais bilaterais do Brasil com o Uruguai, são importados todos os excedentes da produção daquele país. Frequentemente, a quantidade anual importada é exatamente igual aos excedentes da produção nacional, especialmente, a do Rio Grande do Sul. De outro modo, o consumo per capita de arroz está diminuindo no Brasil. Por essa razão, grandes áreas antes destinadas ao cultivo do arroz irrigado são, paulatinamente, utilizadas no cultivo da soja no Rio Grande do Sul. Mesmo com rendimentos ainda abaixo, quando comparados com os alcançados nas regiões altas do Rio Grande do Sul, é uma cultura de maior liquidez que o arroz. O cultivo de arroz em sucessão à soja também promove aumento no rendimento e na rentabilidade desse cereal. Tabela 9 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) 1976 6.656,4 1.465,8 1977 5.992,0 1.500,9 1978 5.623,5 1.297,4 1979 5.452,0 1.393,1 1980 6.243,1 1.565,8 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

de grãos de arroz no Produção (mil t) 9.757 8.993,7 7.296,1 7.995,2 9.775,7 15


1981 6.101,7 1.348,5 1982 6.024,6 1.615,8 1983 5.108,2 1.515,5 1984 5.351,4 1.686,9 1985 4.554,6 1.898 1986 5.590,9 1.861 1987 6.000,0 1.737,5 1988 5.960,9 1.980,6 1989 5.254,1 2.099,3 1990 3.946,6 1.880,3 1991 4.121,6 2.302 1992 4.687,0 2.134,9 1993 4.411,3 2.291,2 1994 4.414,8 2.387,6 1995 4.373,5 2.566,8 1996 3.253,7 2.656,5 1997 3.058,1 2.731 1998 3.062,2 2.519,8 1999 3.183,2 3.070,8 2000 3.655,2 3.033,9 2001 3.142,6 3.240,6 2002 3.145,8 3.324,1 2003 3.180,8 3.249 2004 3.733,1 3.556,5 2005 3.915,8 3.369,1 2006 2.970,9 3.879,8 2007 2.890,9 3.826 2008 2.850.6 4.231,1 2009 2.872,0 4.404,9 2010 2.722,4 4.127,2 2011 2.752,8 4.895,6 2012 2.370,2 4.806 2013 2.348,9 5.005,9 2014 2.295,10 5.424 2015 2.007,8 5.281 2016 1.980,9 6.223 2017 1.972,8 6.119 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

8.228,3 9.734,5 7.741,7 9.027,3 9.024,5 10.404,7 10.425,1 11.806,5 11.029,8 7.420,9 10.103,1 9.488 10.006,3 10.107,3 11.226,1 8.643,3 8.351,6 7.716 11.709,7 11.089,8 10.184 10.457,1 10.334,6 13.277 13.192,9 11.526,7 11.060,7 12.061,5 12.651,1 11.236 13.477 11.391,4 11.758,6 12.448,6 10.602,9 12.327,8 12.071,0

Na Figura 6, podem ser observadas as tendências da área cultivada, da produção e do rendimento médio de arroz no Brasil, no período de 1976/77 a 2017/18. Verifica-se um crescimento linear do rendimento médio da ordem de 108,97 kg/ha/ano. É o mais significativo crescimento linear do rendimento entre as 10 principais culturas produtoras de grãos alimentícios.

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Figura 6 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de arroz, no Brasil, safras 1976/1977 a 2017/2018. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018. Na análise da evolução das médias de rendimento de arroz, no Brasil, por décadas (Figura 7), Observa-se um crescimento de 1.528,77 kg.ha-1 (1976/1985), para 2.124,12 kg.ha-1 (1986/1995) (+38,9%); para 3.075,13 g.ha-1 (1996/2005) (+44,8%); e para 4.588,15 kg.ha-1 (2006/201) (+49,2%).

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Figura 7 – Evolução do rendimento de arroz no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. c) Cultura da aveia branca A área cultivada de aveia branca, no Brasil, aumentou de 36,2 mil ha na safra 1976, para 340,3 mil ha na safra 2017 (+ 640 %), conforme a Tabela 10. A maior área foi cultivada na safra de 2005 (367,9 mil ha) e, na safra 2016, foi obtida uma produção recorde 827,8 mil t, tornando-se o Brasil o 12º maior produtor mundial de grãos de aveia branca e o primeiro produtor na América Latina, naquele ano. A produção de grãos de aveia branca no Brasil cresceu de 38,9 mil t na safra 1976 para 633,8 mil t na safra 2017 (+1.529,3%) no período (Tabela 10). Essa produção fez com que o Brasil passasse de importador para exportador de grãos e derivados de aveia branca. O consumo interno de derivados de grãos de aveia na alimentação humana cresceu significativamente nos últimos anos, em função do valor nutritivo e funcional da aveia. Atualmente, aproximadamente 120 mil t de grãos de aveia são processados pelas indústrias de alimentos humanos. A maior parte do grão ainda é utilizada no arraçoamento de equinos e outros animais. Parte dos grãos de aveia é utilizada nas propriedades da região Norte do Estado do Rio Grande do Sul, na suplementação da alimentação de vacas leiteiras. Em relação ao rendimento, houve um crescimento médio de 1.076,2 kg/ha na safra 1976 para 1.862 kg.ha-1 na safra 2017 (+73,0%), conforme se observa na mesma Tabela 10. É o resultado do desenvolvimento de cultivares de maior potencial de rendimento pela Ufrgs, UPF, Iapar e Ufpel, bem como a utilização das modernas tecnologias de manejo da cultura. A maior produção de grãos é obtida no Rio Grande do Sul, seguido do estado do Paraná. Tabela 10 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de aveiabranca, no Brasil, safras 1976 a 2017. Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) Anos 1976 36,2 1.076,2 38,9 1977 39,7 942,5 37,4 1978 55,5 971,1 53,9 1979 62,6 919,1 57,5 1980 75,5 1.001,2 76,6 1981 90,2 1.091,4 98,4 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1982 94,5 649,8 1983 95,1 976 1984 113,7 998,3 1985 150,3 1.104,8 1986 123 1059,6 1987 131,4 1.263,5 1988 114,9 1.137,8 1989 195,1 1.169,6 1990 193,2 920,1 1991 265 869,3 1992 284 1.047 1993 268 980,6 1994 281,5 927 1995 165,1 1.095,1 1996 160,4 1.355 1997 196,8 1.162,3 1998 188,8 1.097,6 1999 218,8 1.316,2 2000 192,9 896,2 2001 257,4 1.329,8 2002 254,6 1.172,9 2003 297 1.464,5 2004 347,1 1.323,8 2005 367,9 1.419,9 2006 323,9 1.252 2007 136,9 1.736,3 2008 117 2.037,6 2009 134 1.883,8 2010 173,4 2.277,6 2011 172,1 2.167,1 2012 180,2 2.176,9 2013 214,5 2.232,2 2014 193,7 2.000 2015 189,5 1.853 2016 291,5 2.840 2017 340,3 1.862 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

61,4 92,8 113,5 166,1 130,3 166,1 130,7 228,2 177,7 230,4 297,3 262,8 260,9 180,8 217,4 196,9 207,2 288 172,9 342,3 298,6 435 459,5 522,4 405,6 237,8 238,5 252,5 395 373 392,3 478,7 307,4 351,2 827,8 633,8

Na Figura 8, observam-se as tendências na área cultivada, a produção e o rendimento médio de grãos de aveia no Brasil, de 1976 a 2017. Destacam-se os incrementos do rendimento obtidos a partir dos anos 2007. Menos produtores cultivaram aveia branca, em maiores áreas e com a utilização de tecnologias mais adequadas de manejo da cultura, houve um crescimento significativo no rendimento. O aumento linear do rendimento médio, no período, foi de 32,8 kg/ha/ano.

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Figura 8 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de aveia branca, no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2017. Quando se analisam as médias de rendimento de grãos de aveia branca, no Brasil, por períodos de 10 anos (Figura 9), verifica-se que passou de 973,04 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.046,96 kg.ha-1 (1986/1995), configurando +7,6%; para 1.253,83 kg.ha-1 nos anos de 1996/2005 (+19,8%); e, para 1.981,65 kg.ha-1 nos anos de 2006/2015, representando um crescimento de 56,5%.

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Figura 9 – Evolução do rendimento de aveia branca no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. d) Cultura do centeio A área cultivada de centeio é a menor de todas as 10 culturas selecionadas. Decresceu de 13,6 mil ha em 1976 para apenas 3,6 mil ha em 2017 (- 73,5%), conforme Tabela 11. O baixo rendimento da cultura e o hábito de consumo do pão de trigo, tipo francês, reduziram drasticamente o mercado desse cereal. A sua utilização é praticamente apenas em regiões de colonização polonesa, que tem o hábito do uso de farinha de centeio na panificação ou para fins dietéticos, especialmente pessoas com diabete. Na mesma Tabela 11, observa-se que a produção de grãos de centeio decresceu de 13 mil t em 1976 para apenas 6,2 mil t em 2017 (- 52,3 %). O rendimento médio evoluiu de 957,5 kg/ha em 1976 para 1,722 kg/ha em 2017 (+ 79,8 %). É o cereal de maior estatura e ciclo e de menor índice de colheita (relação grão/palha) entre os cereais de inverno. A sua palhada é excelente na sustentabilidade do sistema de plantio direto. Porém, é suscetível às mesmas moléstias necrotróficas do trigo, da cevada e de triticale, razão de sua exclusão no sistema de produção em que entram esses cereais. A cultura também é utilizada como forrageira, em pastejo e na elaboração de feno e silagem, além da cobertura verde/morta do solo. Tabela 11 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de centeio no Brasil, safras 1976 a 2017. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 13,6 957,5 13 1977 9 917 8,3 1978 8,1 897,2 7,3 1979 10,8 908,9 9,8 1980 12,2 858 10,4 1981 24,3 1.005,5 24,4 1982 4,7 805,5 3,8 1983 4,1 794,6 3,3 1984 3,7 756,1 2,8 1985 12,6 1.048,5 13,2 1986 5 1.004,9 5 1987 3 1.348,8 4 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1988 2,1 1.041 1989 3,8 1.039,7 1990 4,3 1.031,9 1991 5,2 1.202,6 1992 6,6 1.041,2 1993 975 5,6 1994 4,2 984,4 1995 2,6 978,8 1996 5,2 1.337,6 1997 8,2 868,8 1998 9,9 807,8 1999 6,5 1.298,4 2000 6,7 1.012,1 2001 6,9 1.194,9 2002 4,8 1.046,6 2003 2,7 1.393 2004 3,4 1.268,4 2005 4,5 1.344,7 2006 2,9 802,5 2007 3,8 1.195 2008 4,7 1.281,6 2009 3,6 1.080,5 2010 2,3 1.350,8 2011 2,3 1.503,2 2012 2,5 1.627,8 2013 2,5 1.658,1 2014 1,8 1.944 2015 1,7 1.706 2016 2,5 2.600 2017 3,6 1.722 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

2,2 4 4,5 6,3 6,9 5,4 4,1 2,5 7 7,1 8 8,5 6,7 8,2 5 3,8 4,3 6,1 2,3 4,6 6 3,9 3,1 3,5 4.1 4,2 3,5 2,9 6,5 6,2

Na Figura 10, é apresentado o gráfico que mostra as evoluções decrescentes da área cultivada e da produção de centeio no Brasil, no período de 1976 a 2017. O rendimento médio evoluiu linearmente na ordem de apenas 21,3 kg/ha/ano.

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Figura 10 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de centeio no Brasil, safras 1976 a 2017. Fonte: adaptado de FAO, 2014, IBGE, 2016; Conab, 2018. Quanto à evolução da média de rendimento do centeio, no Brasil, período de 10 anos (Figura 11), observa-se que passou de 894,88 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.064,83 kg.ha-1 (1986/1995) representando +19,0%; para 1.157, 23 kg.ha-1 (1996/2005), configurando +8,7%; e para 1.414,95 kg.ha-1 (2006/2015), representando um crescimento de 22,3%.

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Figura 11 – Evolução do rendimento de centeio no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. e) Cultura da cevada cervejeira Em relação à cultura da cevada cervejeira, a área cultivada cresceu de 48,5 mil ha, na safra 1976, para 108,4 mil ha, na safra 2017 (+ 123,5%), conforme se observa na Tabela 12. Seu cultivo é integrado com as indústrias de malte, cujo fomento é realizado conforme suas necessidades no mercado interno, para atender parte da demanda das indústrias cervejeiras. Atualmente, 100% dos cultivares de cevada cervejeira cultivados no Brasil foram desenvolvidos pela Embrapa Trigo, de Passo Fundo-RS. A produção de grãos de cevada cervejeira aumentou de 61,5 mil t na safra 1976, para 282,1 mil t na safra 2017 (+358,7%). Os grãos são basicamente destinados à indústria cervejeira, e a produção nacional atende aproximadamente 25% da demanda nacional das indústrias de cerveja. A maior parte do grão (ou malte) é importada da Argentina, devido a acordos comerciais bilaterais entre os dois países. Com a instalação de uma nova maltaria pela Ambev, em Passo Fundo, acreditase que haverá um fomento ao cultivo desse cereal na região. Trata-se do cereal de inverno de maior liquidez no mercado (sistema integrado de produção), de maior potencial de rendimento, a cultura mais precoce, mas com os padrões mais rígidos de qualidade exigidos pelas indústrias. Em anos de maior intensidade de chuvas (especialmente em anos de El Niño), na fase de maturação, ocorre uma significativa redução do poder germinativo dos grãos. Quando o poder germinativo é menor que 95 %, seu destino é o arraçoamento animal, cujo valor de comercialização é muito menor. Quanto ao rendimento, cresceu de 1.269,1 kg/ha da safra 1976 para 2.602 kg.ha-1 na safra 2017 (+105 %), conforme a Tabela 12. Tabela 12 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de cevadacervejeira no Brasil, safras 1976 a 2017. Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) Anos 1976 48,5 1.269,1 61,5 1977 93,6 1.017,8 95,2 1978 89,4 1.609,4 143,9 1979 84,6 1.158,6 98,1 1980 72 1.036,5 74,6 1981 95,6 1.149,1 109,8 1982 166,8 590,4 98,5 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1983 120,9 1.032,7 1984 73,1 1.059,1 1985 110,3 1.546,7 1986 102,9 1.800,9 1987 101,6 1.913,5 1988 101,9 1.231 1989 113 2.190,3 1990 105 1.497,6 1991 97,4 1.145,8 1992 66,8 1.873,2 1993 67 1.639,5 1994 53,6 1.690,3 1995 69,4 1.506,4 1996 84 2.488,7 1997 127,6 2.028,1 1998 156 1.925,5 1999 137,2 2.345 2000 143,7 1.787,9 2001 142,9 2.082,7 2002 147,3 1.659,5 2003 119,2 2.896,4 2004 142,1 2.794,1 2005 144,5 2.257,6 2006 82,1 2.469,5 2007 100,2 2.348,8 2008 79,2 2.988,7 2009 2.598,4 77,4 2010 84,1 3.311,5 2011 88,2 3.443,9 2012 102,2 2.527,5 2013 85,37 3.721,9 2014 117,2 2.606 2015 102,4 2.568 2016 95,6 3.921 2017 108,4 2.602 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

124,9 77,5 170,6 185,3 194,5 125,5 247,5 157,3 111,6 125,2 109,9 90,6 104,6 209,2 258,8 300,3 321,7 257 297,7 244,6 345,3 397,1 326,2 202,9 235,5 236,9 201,2 278,5 303,8 258,5 317,8 305,4 263,0 374,8 282,1

O gráfico da evolução da área cultivada, produção e rendimento médio da cevada cervejeira, no Brasil, no período da safra 1976 a safra 2017, é apresentado na Figura 12. Verifica-se um crescimento linear do rendimento médio desse cereal de, aproximadamente, 52,68 kg/ha/ano.

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Figura 12 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento ((kg.ha-1) de grãos de cevada cervejeira, no Brasil, safras 1976 a 2017. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018. Em relação à evolução da média de rendimento de grãos de cevada cervejeira, no Brasil, por períodos de 10 anos (Figura 13), observa-se que passou de 1.146,94 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.648,85 kg.ha-1 (1986/1995) (+43,8%); para 2.226, 25 kg.ha-1 (1996/2005) (+35,0%); e, para 2.858,42 kg.ha-1 (2016/2015) (+28,4%).

Figura 13 – Evolução do rendimento de cevada cervejeira no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2016. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2015. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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f) Cultura do feijão A cultura do feijão, no Brasil, apresentou uma redução na área cultivada de 4.059,1 mil ha na safra 1976/77, para 3.175,3 mil ha na safra 2017/18 (- 21,8 %), conforme a Tabela 13. O mercado do feijão é inelástico, pois atende apenas ao mercado interno. Observa-se uma redução do consumo per capita de feijão no Brasil, a partir de 1994. Não há mercado para exportação de excedentes. Também, esse grão perde qualidades organolépticas e de cozimento com o armazenamento. Trata-se de uma cultura tipicamente de subsistência, produzida na agricultura familiar. No entanto, em várias regiões, são cultivadas grandes áreas, manejadas com modernas tecnologias, inclusive com irrigação, cujos rendimentos são elevados. Dessa forma, uma menor área de cultivo atende ao mercado consumidor. A produção brasileira de grãos de feijão aumentou de 1.840,3 mil t em 1976/77, para 3.116 mil t na safra 2017/18 (+ 69,3%), conforme se observa na Tabela 13. O uso de cultivares com maior potencial de rendimento e com uma melhor aplicação das modernas tecnologias no manejo da cultura, mesmo com a redução da área cultivada, resultou em aumento na produção. Isso pode ser comprovado pela análise do rendimento médio do feijão, que evoluiu de 453,4 kg.ha-1 na safra 1976/77, para 981 kg.ha-1 na safra 2017/2018 (+ 116,4%), conforme Tabela 13. Tabela 13 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de feijão no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 4.059,1 453,4 1.840,3 1977 4.551 503,2 2.290 1978 4.617,2 475,2 2.193,9 1979 4,212,4 519 2.186,3 1980 4.643,4 423,9 1.968,1 1981 5.026,9 465,7 2.340,9 1982 5.926,1 489,8 2.902,6 1983 4.064 388,9 1.580,5 1984 5.320,1 493,5 2.625,6 1985 5.315,8 479,5 2.548,7 1986 5.477,6 405,2 2.219,4 1987 5.221,7 384,2 2.006 1988 5.764,8 486,2 2.802,9 1989 5.175,2 446 2.308,3 1990 4,680 477,4 2.234,4 1991 5.433,6 505,1 2.744,7 1992 5.148,7 543,3 2.797,1 1993 3.884,3 638 2.478,3 1994 5.471,3 615,9 3.369,6 1995 5.006,4 588,5 2.946,1 1996 4.290,5 570,9 2.449,4 1997 4.401,7 645,3 2.840,2 1998 3.313,6 661,3 2.191,1 1999 4.154,1 681,5 2.830,9 2000 4.332,3 701,3 3.038,2 2001 3.449,6 711,2 2.453,4 2002 4.140,5 740,1 3.064,2 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

4.090,5 807,2 3.978,6 745,7 3.748,6 806,1 4.034,3 857,1 3.788,2 836,6 3.781,9 915,2 4.099,9 850,4 922,7 3.423,6 3.673,1 935,3 2.726,9 1.034,6 2.831 1.037,2 3.034,4 1.050 2.837,4 887 3.179,8 1.069 3.175,3 981 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

3.302 2.967 3.021,6 3.457,7 3.169,3 3.461,1 3.486,7 3.158,9 3.435,3 2.821,4 2.936,4 3.185,4 2.515,8 3.398,1 3.116,0

As tendências da área cultivada, produção de grãos e rendimento da cultura de feijão no Brasil, das safras 1976/77 a 2017/18, podem ser observadas na Figura 14. O crescimento médio do rendimento do feijão, no Brasil, foi de 15,8 kg/ha/ano, nesse período.

Figura 14 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de feijão, no Brasil, safra 1976/77 a 2017/18. Fonte: Adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

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Quanto à evolução das médias de rendimento de grãos de feijão, no Brasil, por décadas (Figura 15), observa-se que passou de 469,21 kg.ha-1 (1976/1985) para 508,98 kg.ha-1 (1986/1995) (+8,5%); para 707, 06 kg.ha-1 (1996/2005) (+38,9%); e, para 847,57 kg.ha-1 (2006/2015) (+19,8%).

Figura 15 – Evolução do rendimento de feijão no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. g) Cultura do milho A área cultivada de milho no Brasil aumentou de 11.797,6 mil ha, na safra 1976/77, para 16.636,8 mil ha, na safra 2017/18 (Tabela 14), o que representa um crescimento de 41,0%. Com o cultivo de cultivares mais precoces de soja e de milho, aumentou significativamente no Paraná e Centro-oeste brasileiro, o cultivo de milho safrinha ou segunda safra, cuja produção já é maior do que a da safra normal. A produção brasileira de milho cresceu de 17.751,1 mil t, na safra 1976/77, para 81.356,7 mil t na safra 2017/18 (+ 358,3%). A maior parte desse milho é usado, juntamente com o farelo de soja, na alimentação de frangos, suínos e outros animais. O rendimento médio do milho, no Brasil, cresceu de 1.596,7 kg/ha na safra 1976/77 para 4.890 kg/ha na safra 2017/18 (+206,3%), conforme a Tabela 14. No entanto, nas regiões de maior altitude, com temperaturas noturnas mais baixas, alta intensidade de radiação solar e com a aplicação das modernas tecnologias de manejo, esse rendimento médio é superior a 9 t/ha. Tabela 14 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de milho no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18 Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 11.797,6 1.596,7 17.751,1 1977 11.797,4 1.632,2 19.255,9 1978 11.124,8 1.219,7 13.569,4 1979 11.318,9 1.440,6 16.306,4 1980 11.451,3 1.779 20.372,1 1981 11.520,3 1.833 21.116,9 1982 12.619,5 1.730,9 21.842,5 1983 10.706 1.749,6 18.731,2 1984 12.018,4 1.761 21.164,1 1985 11.798,3 1.866,2 22.018,2 1986 12.601 1.648,6 20.541,2 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1987 13.499,4 1.984,3 1988 13.182 1.877,5 1989 12.919 2.058,2 1990 13.394,3 1.873,6 1991 13.063,7 1.808,4 1992 13.363,6 2.282,8 1993 11.869,7 2.532,1 1994 13.748,8 2.362,9 1995 13.946,3 2.600,5 1996 11.933,8 2.588 1997 12.562,1 2.697 1998 10.585,5 2.796,4 1999 11.611,5 2.759,1 2000 11.614,7 2.744,7 2001 12.330,3 3.402,6 2002 11.750,9 3.057,9 2003 12.965,7 3.727,3 2004 12.410,7 3.367,1 2005 11.549,4 3.040,3 2006 12.613,1 3.382,6 2007 13.767,4 3.785,2 2008 14.444,6 4.080 2009 13.654,7 3.714,5 2010 12.686,4 4.367,5 2011 13.218,9 4.210.7 2012 14.225,9 5.011,7 2013 15.317,4 5.258 2014 15.743,7 5.382 2015 15.992,5 4.178 2016 17.592,1 5.554 2017 16.636,8 4.890 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

26.786,7 24.749,9 26.589,9 21.347,8 23.624,3 30.506,1 30.055,6 32.487,6 36.267 32.185,2 32.948 29.601,8 32.037,6 31.879,4 41.955,3 35.933 48.327,3 41.787,6 35.113,3 42.661,7 52.112,2 58.933,3 50.719,8 55.394,8 55.660,4 71.296,4 80.538,5 84.729,2 66.530,6 97.712,0 81.356,7

Na Figura 16, podem ser observadas as tendências da área cultivada, a produção e o rendimento do milho no Brasil, no período de 1976/77 a 2017/18. Verifica-se um crescimento linear da média de rendimento, da ordem de 92 ,97kg/ha/ano.

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Figura 16 - Evolução da área cultivada (mil ha), rendimento e produção de grãos de milho, no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de milho, no Brasil, por décadas (Figura 17), observa-se uma evolução de 1.660,89 kg.ha-1 (1976/1985) para 2.102,89 kg.ha-1 (1986/1995) (+26,6%); para 3.018, 04 kg.ha-1 (1996/2005) (+43,5%); e para 4.337,02 kg.ha-1 (2006/2015) (+43,7%).

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Figura 17 – Evolução do rendimento de milho no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. h) Cultura da soja A soja é a cultura alimentícia de maior área cultivada no Brasil e que evoluiu de 6.416,3 mil ha na safra 1976/77, para 35.149,3 mil ha na safra 2017/18 (Tabela 15), o que representa um crescimento de 447,8% no período. Esse crescimento da área cultivada deve-se, especialmente, ao cultivo dessa aleuro-oleaginosa no Brasil central, graças aos novos cultivares disponíveis e adaptados às regiões de menor latitude. Atualmente, seu cultivo é realizado em todos os estados brasileiros. Estima-se que nos próximos 10 anos, uma área equivalente a 7 milhões de ha de cerrado, hoje ocupada por pastagens degradadas, seja incorporada à produção de soja e de milho. A produção total de soja no Brasil cresceu de 11.227,1 mil t na safra 1976/77 para 119.281,4 mil t na safra 2017/18, o que representa um crescimento de 962,4% no período (Tabela 15). Dessa forma, o Brasil tornou-se o segundo maior produtor mundial de soja e o maior exportador de grãos e seus derivados. O óleo de soja é a principal matéria prima utilizada no Brasil na fabricação de biodiesel. O farelo é utilizado na alimentação de frangos, suínos e outros animais. A exportação de grãos de soja e de seus derivados gerou, em 2017, 32 bilhões de dólares no saldo na balança comercial brasileira, tornando-se o principal produto na pauta de exportação brasileira, seguido por minérios de ferro. O maior importador de soja e derivados do Brasil foi a China (75%). Esse resultado deve-se aos altos teores de proteína desse grão, cujo valor nutritivo e funcional é comparado à proteína animal (carnes, ovos e leite), apresentando, no entanto, custos muito menores. O rendimento da soja também apresentou um aumento expressivo no rendimento médio, que evoluiu de 1.749,8 kg/ha na safra 1976/77 para um recorde de 3.394 kg,há-1, na safra 2017/18, o que representa um crescimento de 94% (Tabela 15). Os maiores rendimentos são obtidos nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso. De 2007 a 2015, o rendimento médio da soja no Brasil cresceu 50 kg/ha/ano. No Paraná, esse crescimento foi 139, no Rio Grande do Sul de 109 e no Mato Grosso de apenas 10 kg/ha/ano. Para atender a uma demanda de soja de 600 milhões de t em 2050, o rendimento da soja no Brasil deverá chegar a 85 sacas/ha/ano, ou seja, um crescimento anual de aproximadamente 60kg/ha/ano.

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Tabela 15 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de soja no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 6.416,3 1.749,8 11.227,1 1977 7.070,2 1.776,9 12.513,4 1978 7.782,1 1.226 9.540,5 1979 8.256,1 1.240,3 10.240,3 1980 8.774 1.727,4 15.155,8 1981 8.501,1 1.765,3 15.007,4 1982 8.203,2 1.564,7 12.836 1983 8.137,1 1.792,1 14.582,3 1984 9.421,2 1.649,6 15.540,8 1985 10.153,4 1.800,2 18.278,6 1986 9.181,5 1.452,2 13.333,4 1987 9.129,8 1.859,5 16.977,2 1988 10.518,4 1.712,4 18.011,7 1989 12.200,6 1.971,4 24.051,7 1990 11.487,3 1.732,2 19.897,8 1991 9.616,6 1.553,3 14.937,8 1992 9.441,3 2.035,2 19.214,7 1993 10.635,3 2.124,2 22.591 1994 11.525,4 2.163,2 24.931,8 1995 11.675 2.199,8 25.682,6 1996 10.291,5 2.249,9 23.155,3 1997 11.486,5 2.297,6 26.391,4 1998 13.303,7 2.353,3 31.307,4 1999 13.061,4 2.372,4 30.987,5 2000 13.640 2.399,9 32.735 2001 13.974,3 2.795 39.058 2002 16.365,4 2.613,4 42.769 2003 18.524,8 2.802,7 51.919,4 2004 21.539 2.300,5 49.549,9 2005 22.948,9 2.230,3 51.182,1 2006 22.047,3 2.379,6 52.464,6 2007 20.565,3 2.813,3 57.857,2 2008 21.246,3 2.816,2 59.833,1 2009 21.750,5 2.636,5 57.345,4 2010 23.297,3 2.947,5 68.756,3 2011 23.968,7 3.121,4 74.815,4 2012 24.937,8 2.634,6 65.700,6 2013 27.864,9 2.9320 81.699, 2014 32.093,1 2.999 96.243,3 2015 33.251,9 2.870 95.434,6 2016 33.909,4 3.364 114.075,3 2017 35.149,3 3.394 119.281,4 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018. As tendências do crescimento da área cultivada, da produção de grãos e do rendimento médio da soja, no Brasil, no período de 1976/77 a 2017/18, são apresentadas na Figura 18. O crescimento linear da soja no período foi de aproximadamente 70,4 kg/ha/ano.

Figura 18 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de soja, no Brasil, safras 1976/1977 a 2017/2018. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018. Quanto à evolução das médias de rendimento de soja, no Brasil, por período de 10 anos (Figura 19), observa-se que evoluiu de 1.628,93 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.880,34 kg.ha-1 (1986/1995) (+15,4%); para 2.441,5 kg.ha-1 (1996/2005) (+29,8%); e, para 2.815, 01 kg.ha-1 (2006/2015) (+15,3%).

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Figura 19 – Evolução do rendimento de soja no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. i) Cultura do sorgo A área cultivada de sorgo evoluiu no Brasil, da safra 1976/77 de apenas 121,6 mil ha, para 782,2 mil ha na safra 2017/18 (Tabela 16), um crescimento de 543,3 %. Como o sorgo é mais tolerante às condições de baixa precipitação, sua área de cultivo aumentou com o cultivo após a soja no Brasil central. De outro modo, não há mais restrições do uso do sorgo nas fábricas de rações, em substituição ao milho, o que determinou o aumento da demanda desse cereal. A produção de sorgo aumentou de 277,2 mil t, na safra 1976/77, para 2.135,8 mil t, na safra 2017/18 (+ 670,5 %), conforme Tabela 16. O rendimento do sorgo teve uma aumento de 19,8%, evoluindo de 2.279,9 kg.ha-1, na safra 1976/77, para 2.731 kg.ha-1, na safra 2017/18 (Tabela 16). Apesar do maior potencial genético dos cultivares atualmente disponíveis, ainda é baixa a aplicação de insumos nessa cultura. Essa cultura também é usada como cultura forrageira e de cobertura verde/morta do solo, em várias regiões do Brasil. Tabela 16 – Evolução da área cultivada, no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) 1976 121,6 1977 177,6 1978 104,3 1979 71,7 1980 78,2 1981 92,1 1982 122,6 1983 136,2 1984 170,8 1985 170 1986 191 1987 227,2 1988 190,2 1989 161 1990 137,7 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

rendimento e produção de grãos de sorgo Rendimento (kg/ha) 2.279,9 2.449,5 2.180 1.700 2.305,3 2.309,3 1.846,6 1.701 1.830,2 1.576,5 1.875,1 1.904,6 1.518,1 1.464 1.715

Produção (mil t) 277,2 435,1 227,5 121,9 180,2 212,9 226,4 231,8 312,7 268,1 358,1 432,7 288,8 228,2 236,2 35


1991 173,6 1.483,4 1992 164,3 1.719 1993 139,7 2.016,7 1994 165,7 1.905,6 1995 153,9 1.798,1 1996 196 1.811,7 1997 274,6 1.975,7 1998 331,9 1.776,8 1999 352,3 1.571,1 2000 523,9 1.487,9 2001 486,1 1.880,7 2002 423,6 1.857,3 2003 753,7 2.394,5 2004 931 2.318,7 2005 788,1 1.929,2 2006 722,2 2.222,3 2007 662,9 2.173,1 2008 831,3 2.410,5 2009 793 2.337,8 2010 661,1 2.317,2 2011 757,4 2.549,7 2012 691,6 2.947,6 2013 772,9 2.682,4 2014 722,6 2.731 2015 579,0 1.782 2016 628,5 2.967 2017 782,2 2.731 Fonte: adaptado de FAO, 2014, IBGE, 2016; Conab, 2018.

257,5 282,4 281,9 315,9 276,8 356,4 542,5 589,8 553,6 779,6 914,3 786,7 1.804,9 2.158,8 1.520,5 1.604,9 1.440,7 2.004 1.853,9 1.532 1.931,1 2.038,7 2.073,2 1.973,4 1.031,5 1.864,8 2.135,8

As tendências da área cultivada, da produção e do rendimento do sorgo, no Brasil, no período 1976/77 a 2017/18, podem ser observados na Figura 20. Verifica-se uma estabilização na área cultivada, bem como na produção, a partir dos anos 2004. O aumento linear do rendimento foi de apenas 16,27 kg/ha/ano, no período 1976/77 a 2017/18.

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Figura 20 - Evolução da área cultivada (mil ha) , produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de sorgo, no Brasil, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016/ Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de sorgo, no Brasil, por períodos de 10 anos (Figura 21), verifica-se um declínio, de 2.013,3 kg.ha-1 (1976/1985) para 1,754,3 kg.ha-1 (1986/1995) (-12,8%), (1996/2005), o rendimento médio aumentou para 1.869 kg.ha-1 (+ 6,6%). Nos anos de 2006/2015, o rendimento médio alcançou 2.374,15 kg.ha-1 (+27,0%).

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Figura 21 – Evolução do rendimento de sorgo no Brasil, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2015. j) Cultura do trigo Mesmo o Brasil consumindo mais de 12 milhões de t de trigo por ano, a área cultivada desse cereal, diminuiu drasticamente nos últimos anos. Pela Tabela 17, verifica-se que, na safra 1976, a área cultivada de trigo, no Brasil, era de 3.539,8 mil ha, caindo para 1.916,0 mil ha na safra 2017 (45,9 %). A produção concentra-se, principalmente, nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Essa redução da área cultivada deve-se principalmente às políticas de importação do cereal da Argentina e outros países. Também, porque até poucos anos atrás, havia poucos cultivares de trigo tipo pão ou melhorador, disponíveis no mercado. Como a maior demanda de pão é o tipo francês, há necessidade de cultivares com essa qualidade, além de um manejo adequado para expressão desse potencial qualitativo, aliado a altos rendimentos. A produção de trigo, no Brasil, aumentou de 3.215,7 mil t, na safra 1976, para 4.263,5 mil t, na safra 2017 (+32,6 %), conforme Tabela 17. A maior produção nacional ocorreu na safra 2016, com 6.726,8 mil t. Atualmente, a produção interna atende aproximadamente 50% do total consumido. O rendimento do trigo no Brasil aumentou de 908,4 kg.ha-1 na safra 1976, para 2.2225 kg.ha1, na safra 2017 (Tabela 17), o que representa um aumento de 144,9%. Tabela 17 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de trigo no Brasil, safras 1976 a 2017. Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) Anos 1976 3.539,8 908,4 3.215,7 1977 3.153,3 655,2 2.066 1978 2.811,1 957,2 2.690,8 1979 3.830,5 764,1 2.926,7 1980 3.122,1 865,3 2.701,6 1981 1.920,1 1.050,8 2.209,6 1982 2.827,9 646 1.826,9 1983 1.879 1.190,3 2.236,7 1984 1.741,6 1.138,7 1.983,1 1985 2.676,7 1.614 4.320,2 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1986 3.897,7 1.446 1987 3.454,8 1.765,4 1988 3.476,2 1.652,8 1989 3.282,3 1.692,5 1990 2.680,9 1.154 1991 2.049,4 1.423,2 1992 1.955,6 1.429,5 1993 1.482 1.482,5 1994 1.348,8 1.554,1 1995 994,7 1.542 1996 1.795,9 1.833,4 1997 1.521,5 1.635,9 1998 1.408,8 1.611,1 1999 1.249,7 1.969,9 2000 1.065,9 1.558,8 2001 1.727,3 1.948 2002 2.104,9 1.475,4 2003 2.560,2 2.403,5 2004 2.807,2 2.072,8 2005 2.360,7 1.973,5 2006 1.560,1 1.592,5 2007 1.853,2 2.220 2008 2.363,8 2.549,7 2009 2.430,2 2.080,3 2010 2.181,5 2.828,8 2011 2.138,2 2.661,1 2012 1.891,4 2.315,8 2013 2.209,7 2.587,5 2014 2.758,0 2.165 2015 2.448,8 2.260 2016 2.118,4 3.175 2017 1.916,0 2.225 Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018.

5.638,4 6.099,1 5.745,6 5.555,1 3.093,7 2.916,8 2.795,6 2.197,3 2.096,2 1.533,8 3.292,7 2.489 2.269,8 2.461,8 1.661,5 3.364,9 3.105,6 6.153,5 5.818,8 4.658,7 2.484,8 4.114 6.027,1 5.055,5 6.171,2 5.690 4.380,2 5.717,8 5.971,1 5.534,9 6.726,8 4.263,5

Na Figura 22, pode-se observar as tendências da área cultivada, da produção de grãos e do rendimento do trigo, no Brasil, entre as safras de 1976 a 2017. O rendimento aumentou linearmente na ordem de 45,3 kg/ha/ano.

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Figura 22 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de trigo, no Brasil, safras 1976/ a 2017. Fonte: adaptado de FAO, 2014; IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação do rendimento médio de grãos de trigo, no Brasil, pelo período de 10 anos (Figura 23), verifica-se uma evolução da média de 979 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.514,2 kg.ha-1 (1986/1995) (+54,7%); para 1.848,23 kg.ha-1 (1996/2005) (+22,1%); e, para 2.326,07 kg.ha-1 (2006/2015) (+25,9%).

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Figura 23 – Evolução do rendimento de trigo no Brasil, pelo período de 10 anos, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. 3.3 Situação no Rio Grande do Sul O estado do Rio Grande do Sul cultivou um total de 8.597,2 mil ha com as dez principais culturas alimentícias na safra 2017/18 (Tabela 18). A maior área foi cultivada com a soja (5.692,1 mil ha), correspondendo a 66,2% do total da área cultivada. Uma das razões do aumento da área cultivada com soja, nos últimos anos, é a substituição paulatina de áreas de arroz por áreas de soja, bem como a incorporação de áreas de pastagens na fronteira com Uruguai e Argentina. A segunda cultura com maior área é o arroz (1.077,6 mil ha), seguida do milho (728,4 mil ha) e do trigo (699,2 mil ha) na safra 2017/18. Quanto à produção, na safra 2017/18, foi obtida uma safra de 32.435,3 mil t. Destaca-se a produção de soja de 17.150,3 mil t (52,9 % do total), de arroz (8.460,2 mil t), de milho (4.827,8 mil t) e de trigo (1.411,1 t), conforme Tabela 18. Em relação ao rendimento (Tabela 18), em primeiro lugar, ficou o arroz (7.851 kg.ha-1), seguido do milho (6.628 kg.ha-1), do amendoim (3.471 kg.ha-1), da soja (3.013 kg.ha-1), do sorgo (2.777 kg.ha-1), do trigo 2.070 kg.ha-1), da cevada cervejeira (2.006 kg.ha-1) e da aveia branca (1.849 kg.ha-1). Tabela 18 - Área cultivada, produção e rendimento de diversos grãos de alimentícios no RS, na safra 2017/18. Culturas Área (1.000 ha) Produção (1.000 t) Rendimento (kg/ha) Soja 5.692,1 17.150,3 3.013 Arroz 1.077,6 8.460,2 7.851 Milho 728,4 4.827,8 6.628 Trigo 699,2 1.411,1 2.070 Aveia 248,2 458,9 1.849 Feijão 58,8 107,6 1.830 Cevada 57,0 139,0 2.006 Sorgo 9,0 25,0 2.777 Amendoim 3,4 11,8 3.471 Centeio 1,5 3,0 2.000 Total 8.575,2 32.435,3 Fonte: adaptado de Conab, 2018.

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a) Cultura do amendoim A área cultivada de amendoim no Rio Grande do Sul decresceu de 8,9 mil ha, na safra 1976/77, para apenas 3,6 mil ha, na safra 2017/18 (Tabela 19). E a produção de grãos cresceu de 9,5 mil t, na safra 1976/77, para 11,8 mil t, na safra 2017/18. Já o rendimento médio aumentou de 1.067 kg/ha, para 3.476 kg.ha-1 no mesmo período. Tabela 19 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de amendoim no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 8,9 1.067 9,5 1977 8,3 1.000 8,3 1978 7,2 819 5,9 1979 6,7 1.119 7,5 1980 6,0 1.083 6,5 1981 6,6 985 6,5 1982 6,4 1.000 6,4 1983 6,4 1.000 6,4 1984 6,5 1.000 6,5 1985 6,0 967 5,8 1986 5,5 1.018 5,6 1987 5,3 1.113 5,9 1988 5,0 1.160 5,8 1989 5,0 1.160 5,8 1990 4,9 1.143 5,6 1991 5,0 1.800 9,0 1992 5,0 1.140 5,7 1993 5,0 1.240 6,2 1994 5,0 1.240 6,2 1995 5,0 1.160 5,8 1996 5,1 1.255 6,4 1997 5,1 1.294 6,6 1998 4,8 1.375 6,6 1999 4,8 1.375 6,6 2000 4,9 1.408 6,9 2001 5,1 1.431 7,3 2002 4,9 1.408 6,9 2003 4,7 1.298 6,1 2004 4,6 875 4,0 2005 4,6 1.415 6,5 2006 4,6 1.500 6,9 2007 4,5 1.517 6,8 2008 4,3 1.465 6,3 2009 4,1 1.584 6,5 2010 3,9 1.671 6,5 2011 3,7 1.475 5,5 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2012 3,7 2013 3,2 2014 3 2015 3,4 2016 3,4 2017 3,6 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

1.550 1.716 2.450 3.400 3.471 3.276

5,7 5,5 7,4 11,6 11,8 11,8

As tendências da área cultivada, rendimento e produção de grãos de amendoim, no Rio Grande do Sul, no período das safras 1976/77 a 2017/18, podem ser observadas pelos gráficos da Figura 24. O incremento da média de rendimento foi de 35,5 kg/ha/ano.

Figura 24 - Evolução da área cultivada 9mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de amendoim, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de grãos de amendoim, no Rio Grande do Sul, por períodos de 10 anos, observa-se uma evolução de 1.004 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.217,4 kg.ha-1 (1986/1995) (+21,25%), para 1.313,4 kg.ha-1 (1996/2005) (+7,9%) e para 2.021,5 kg.ha-1 (2006/2015) (+53,9%), conforme expressa a Figura 25.

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Figura 25 – Evolução do rendimento de amendoim no Rio Grande do Sul safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. b) Cultura do arroz A área cultivada com arroz, no Rio Grande do Sul, aumentou de 566 mil ha, na safra 1976/77, para 1.100,7 mil ha (+ 94,4%), na safra 2017/18 (Tabela 20). A produção de grãos aumentou de 2.105 mil t, para 7.851 mil t, no mesmo período, o que representa um incremento de 301,9%. O rendimento médio do arroz cresceu de 3.719 kg/ha para 8.460,2 kg/ha (+273,0%), no mesmo período. Essa é uma das maiores médias de rendimento de arroz obtidas no mundo. Destaca-se que, o Rio Grande do Sul, praticamente só cultiva arroz irrigado, cujo rendimento é superior ao cultivo de arroz de sequeiro. Tabela 20 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de arroz no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 566 3.719 2.105 1977 538,8 3.729 2.009,1 1978 525 3.190 1.675 1979 619,3 3.645 2.257,4 1980 613 4.111 2.520 1981 613 4.100 2.513,3 1982 637,5 3.920 2.499 1983 700 4.785 3.349,5 1984 710 4.590 3.258,9 1985 745 4.200 3.129 1986 781,6 4.547 3.553,9 1987 808 4.930 3.983,4 1988 826,1 4.975 4.109,8 1989 751 4.900 3.679,9 1990 830 4.920 4.083,6 1991 875 5.220 4.567,5 1992 960 5.090 4.886,4 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1993 975 1994 975 1995 828,8 1996 779,1 1997 849,2 1998 985,1 1999 942,2 2000 940,3 2001 985 2002 960,4 2003 1.039,3 2004 1.049,6 2005 1.039,7 2006 954,4 2007 1.066,6 2008 1.105,6 2009 1.079,6 2010 1.171,6 2011 1.053 2012 1.021 2013 1.120,1 2014 1.120,1 2015 1.076,0 2016 1.100,7 2017 1.077,8 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2017.

4.330 5.200 5.080 5.340 4.250 5.690 5.400 5.520 5.548 4.890 6.064 5.912 6.610 6.726 6.902 7.150 6.781 7.600 7.350 7.475 7.243 7.700 6.837 7.930 8.460,2

4.221,8 5.070 4.210,3 4.160,4 3.609,1 5.605,2 5.087,9 5.190,5 5.464,8 4.696,4 6.432,7 6.332,9 6.872,4 6.419,3 7.361,7 7.905 7.320,8 8.904,2 7.739,6 7635 8.112,9 8.624,8 7.356,6 8.728,6 7.851

Na Figura 26, é apresentado o gráfico com as tendências da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de arroz, no período 1976/77 a 2017/18. O incremento da média de rendimento foi da ordem de 105 kg/ha/ano, nesse período.

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Figura 26 – Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de arroz, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: Adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de arroz, no Rio Grande do Sul, por décadas (Figura 27), observa-se que houve uma evolução de 3.998,9 kg.ha-1 (1976/1985) para 4.919,4 kg.ha1 (1986/1995) (+ 23,0%); para 5.522,4 kg.ha-1 (1996/2005) (+12,3%); e, para 7.176,4 kg.ha-1 (2006/2015) (+29,9%).

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Figura 27 – Evolução do rendimento (kg.ha-1) de arroz no Rio Grande do Sul, pelo período de 10 anos, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. c) Cultura da aveia branca A área cultivada de aveia branca cresceu de 29,5 mil ha na safra 1976, para uma área recorde de 248,2 mil ha na safra 2017, um aumento de 741% (Tabela 21). A produção de grãos de aveia branca evoluiu de 24,7 mil t, na safra 1976, para 458,9 mil t, na safra 2017 (+1.757,9%). O rendimento médio da aveia branca, no período, evoluiu de 837 kg/ha, na safra de 1976, para 1.849 kg/ha, na safra 2017, o que representa um crescimento de 120,9% (Tabela 21). As regiões de maior rendimento e melhor qualidade industrial são as mais frias, como Lagoa Vermelha, Vacaria, Esmeralda, Bom Jesus, Sananduva e outras. O fomento do cultivo de aveia branca, no Rio Grande do Sul, para indústria humana é realizada pela Quaker (Porto Alegre), pela Naturale – Cereais e Alimentos (Lagoa Vermelha) e Cotrijui (Ijuí). No Paraná, as principais regiões produtoras são Guarapuava, Ponta Grossa e Mauá da Serra, local da indústria processadora SL Cereais e Alimentos. A aveia branca também cultivada no Sul do Estado de São Paulo, abastecendo a indústria Ferla (São Paulo). Em escala menor, há cultivo de aveia branca também nos estados do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Tabela 21 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de aveia branca no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Área (mil ha) Rendimento (g/ha) Produção (mil t) Anos 1976 29,5 837 24,7 1977 41,8 952 39,8 1978 45,5 888 40,4 1979 51,4 932 47,9 1980 57,2 1.028 58,8 1981 63,7 549 35 1982 56,3 991 55,8 1983 60 967 58 1984 74,9 1.100 82,4 1985 71,8 969 69,6 1986 71,8 1.201 86,2 1987 82 1.100 90,2 1988 147 1.100 161,7 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1989 ? 1990 218,1 1991 199 1992 213,4 1993 222 1994 49,3 1995 45,1 1996 50,5 1997 64,6 1998 48,6 1999 49,6 2000 55,9 2001 55 2002 43 2003 49 2004 48,8 2005 51,5 2006 65,9 2007 66 2008 68,8 2009 77 2010 97,9 2011 97,9 2012 99,8 2013 102,5 2014 89 2015 118,4 2016 218,3 2017 248,2 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

? 1490 1.500 1.092 1080 961 1.561 1.065 1.187 1.577 1.595 1.694 1.550 1.880 1.885 1.990 2.000 1.450 1.920 2.049 2.006 2.300 2.383 2.122 2.682 1770 1.840 3.020 1.849

? 325 298,5 233 239,8 47,4 70,4 53,8 76,7 76,6 79,1 94,7 85,3 80,8 92,4 97,1 103 95,6 126,8 141 154,5 225,2 233,3 211,8 274,9 157,5 217,9 659,3 458,9

Na Figura 28, podem-se observar as tendências da área cultivada, a produção de grãos e o rendimento de aveia branca, no estado do Rio Grande do Sul, no período de 1976 a 2017. Verifica-se que o crescimento linear do rendimento foi de 34,6 kg/ha/ano.

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Figura 28 – Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de aveia branca, no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Fonte: Adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação da média de rendimento de grãos de aveia branca, no Rio Grande do Sul, por decênios (Figura 29), verifica-se que evoluiu de 921,3 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.108,5 kg.ha-1 na (1986/1995) (20,3%); para 1.642,3 kg.ha-1 (1996/2005) (+ 48,2%); e para 2.952,2 kg.ha-1 (2006/2015) (+ 79,8%).

Figura 29 – Evolução do rendimento de aveia branca no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2015. d) Cultura do centeio A área cultivada de centeio decresceu, no estado do Rio Grande do Sul, de 2,8 mil ha, na safra de 1976, para apenas 1,5 mil ha, na safra de 2017 (Tabela 22), um decréscimo de 53,6%. A produção de grãos também decresceu de 3,6 mil t, na safra 1976, para apenas 2,7 mil t, na safra 2017. O rendimento médio cresceu de 1.286 kg/ha, na safra 1976, para 1.826 kg/ha, na safra 2017. Tabela 22 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de centeio no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 2,8 1.286 3,6 1977 3,7 1.000 3,7 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1978 6,9 1979 5,4 1980 3,4 1981 2,6 1982 1,4 1983 0,9 1984 0,7 1985 0,7 1986 0,7 1987 0,7 1988 1,6 1989 1,6 1990 2,4 1991 2,4 1992 3,9 1993 3,4 1994 1,7 1995 3,8 1996 7,4 1997 7,6 1998 5,4 1999 5,7 2000 6,1 2001 4,5 2002 2,0 2003 2,0 2004 2,0 2005 3,7 2006 4,0 2007 2,9 2008 3,1 2009 3,0 2010 1,9 2011 1,6 2012 1,6 2013 1,5 2014 0,5 2015 0,5 2016 1,5 2017 1,5 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

710 1.019 941 462 857 667 857 1.000 1.000 1.143 1.313 1.125 1.400 1.500 1.189 1.176 1.294 1.395 730 770 1.285 980 1.170 1.000 1.270 1.300 1.300 1.440 1.400 1.222 1.213 1.222 1.180 1.476 1.570 1.600 1.500 1.200 2.700 1.826

4,9 5,5 3,2 1,2 1,2 0,6 0,6 0,7 0,7 0,8 2,1 1,8 3,4 3,6 4,6 4,0 2,2 5,3 5,4 5,9 6,9 5,6 7,1 4,5 2,5 2,6 2,6 5,3 5,6 3,6 3,8 3,7 2,2 2,4 2,4 2,4 0,8 0,6 4,1 2,7

As tendências da área cultivada, a produção e o rendimento de centeio são apresentadas na Figura 30. O crescimento linear do rendimento médio foi da ordem de apenas 18,8 kg/ha/ano. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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Figura 30 – Evolução da área cultivada (mil ha) , produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de centeio, no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na Figura 31, é apresentada a evolução da média de rendimento de centeio, no Rio Grande do Sul, em períodos de 10 anos. Observa-se um crescimento de +42,5%, passando de 879,9 kg.ha-1 , (1976/1985), para 1.253,5 kg.ha-1, (1986/1995); um decréscimo de -20,6%, passando para 994,5 kg.ha-1 (1996/2005); passou para 1.358,3 kg.ha-1 (2006/2015), representando um novo crescimento de +36,6%.

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Figura 31 – Evolução do rendimento de centeio no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. e) Cultura da cevada cervejeira A área cultivada de cevada cervejeira diminuiu no estado do Rio Grande do Sul de 58 mil ha, na safra 1976, para 57,0 mil ha, na safra 2017 (Tabela 23). A produção aumentou de 34,8 mil t, na safra 1976, para 114,3 mil t, na safra 2017. O rendimento evoluiu de 600 kg/ha, na safra de 1976, para 2.006 kg/ha, na safra de 2017. A instalação da maltaria da Ambev em Passo Fundo deve fomentar a produção de cevada na região e reduzir nossa dependência internacional desse cereal e do malte para atender a demanda crescente de cerveja no Brasil. Tabela 23 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de cevada cervejeira, no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Anos Área cultivada (mil ha) Rendimento (kg/há) Produção (mil t) 1976 58 600 34,8 1977 53,7 1.544 82,9 1978 41,4 807 33,4 1979 38,5 961 37 1980 58 1.800 104,4 1981 100 580 58 1982 92,5 1.069 98,9 1983 45 1.062 47,8 1984 48 1.150 55,2 1985 49,8 1.510 75,2 1986 41,3 1.700 70,2 1987 42,6 1.399 59,6 1988 56 1.950 109,2 1989 ? ? ? 1990 67,2 1.960 131,7 1991 46,3 2.000 92,6 1992 36,7 1.699 62,4 1993 35 1.786 62,5 1994 44,9 2.125 95,4 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

58,9 2.197 90 1.640 111,9 1.896 104,3 2.304 115,2 2.148 94,3 2.134 99 1.650 58 2.400 80 2.400 82,8 2.540 87,4 2.500 53,5 1.680 49,5 2.304 36,5 2.323 31,3 2.326 31,6 2.537 34 2.908 46,3 1.885 42,3 2.641 63 1800 49,5 1.500 51,8 3.274 57,0 2.006 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

129,4 147,6 212,2 240,3 247,4 201,2 163,4 139,2 192 210,3 218,5 89,9 114,1 84,8 72,8 80,2 98,9 87,3 111,7 113,4 74,3 169,6 114,3

As tendências da área cultivada, da produção e do rendimento da cevada cervejeira, no estado do Rio Grande do Sul, podem ser observadas na Figura 32. O rendimento médio, no período 1976 a 2017, foi de 35,5 kg.ha-1.

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Figura 32 – Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de cevada cervejeira, no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Fonte: adaptado do IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento da cevada cervejeira, no Rio Grande do Sul, pelos períodos de 10 anos (Figura 33), verifica-se que cresceu de 1.108,3 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.681,9 kg.ha-1 (1986/1995), representando +51,7%; para 1.921,2 kg.ha-1 (1996/2005), representando +14,2%; e para 2.190,4 kg.ha-1 (2006/2015), figurando um crescimento de +14,0%.

Figura 33 – Evolução do rendimento de cevada cervejeira no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016.

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f) Cultura do feijão A área cultivada de feijão, no estado do Rio Grande do Sul, decresceu de 175 mil ha na safra 1976/77 para 58,8 mil ha na safra de 2017/18 (Tabela 24), um decréscimo de -66,4%. A produção de grãos diminuiu de 117,5 mil t na safra 1976/77 para 107,6 mil t na safra 2016/17, decréscimo de -8,4%. O rendimento de grãos aumentou de 671 kg/ha, na safra de 1976/77, para 1.830 kg/ha, na safra 2016/17 (+172,7%). Tabela 24 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de feijão, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 175 671 117,5 1977 203,7 666 135,6 1978 178,3 789 140,6 1979 206 390 80,4 1980 207 638 132 1981 213,1 861 183,5 1982 200 452 90,4 1983 198 625 123,7 1984 202 696 140,5 1985 239,3 242 57,8 1986 227,1 474 107,6 1987 206,7 649 134,2 1988 191,8 733 140,5 1989 216,2 589 127,3 1990 226,4 560 126,7 1991 226,1 852 192,6 1992 217 675 146,5 1993 198 857 169,6 1994 224,6 858 192,8 1995 248 379 94,1 1996 195,8 767 150,2 1997 190,3 634 120,6 1998 200,3 762 152,7 1999 182 813 147,9 2000 151,5 964 146 2001 164,7 880 145 2002 159 854 135,8 2003 143,1 958 137,1 2004 111,7 668 74,6 2005 120,1 963 115,7 2006 119,6 1.223 146,3 2007 98,5 1.049 103,3 2008 117 1.072 125,4 2009 106,7 1.080 115,3 2010 92,4 1.341 123,9 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2011 81,3 2012 71,2 2013 65,9 2014 55,8 2015 67,9 2016 61,1 2017 58,8 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

1.157 1.330 1.561 1.625 1.797 1.563 1.830

94,1 94,7 102,9 90,7 122 95,5 107,6

Na Figura 34, é apresentado o gráfico das tendências da área cultivada, da produção e do rendimento de feijão no estado do Rio Grande do Sul, no período de 1976/77 a 2017/18. Observa-se que ocorreu um crescimento linear do rendimento do feijão no Rio Grande do Sul, de 25,4 kg/ha/ano, no período.

Figura 34 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de feijão, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de grãos de feijão, pelo período de 10 nos, no Rio Grande do Sul (Figua 35), verifica-se uma evolução de 666,8 kg.ha-1 (1976/1985) para 662,6 kg.ha-1 (1986/1995); uma queda de 0,63%; para 826,3 kg.ha-1 (1996/2005), crescimento de +24,7%; e para 1.313,5 kg.ha-1 (2006/2015), figurando crescimento de 59,0%. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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Figura 35 – Evolução do rendimento de feijão no Rio Grande do Sul safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. g) Cultura do milho A área cultivada de milho no Rio Grande do Sul apresentou um decréscimo de 1.673 mil ha, na safra 1976/77, para uma área de 728,4 mil ha, na safra 2017/18 (-56,5%), conforme a Tabela 25. A produção aumentou de 2.680 mil t, na safra 1976/77, para 4.827,8 mil t, na safra 2017/18 (+ 80,1%). O rendimento aumentou de 1.602 kg/ha, na safra 1976/77, para 6.680 kg/ha, na safra de 2017/18 (+317,0 %). Tabela 25 – Área cultivada (1000 ha), rendimento (kg/ha) e produção (1000 t) de milho no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 1.673 1.602 2.680 1977 1.651 1.320 2.180 1978 1.785 1.014 1.810 1979 1.863,5 1.714 3.194 1980 1.819 2.152 3.914 1981 1.910 1.648 3.148 1982 1.814,5 1.800 3.266 1983 1.911 1.780 3.402 1984 1.758 1.700 2.989 1985 1.758 1.100 1.934 1986 1.971,7 2.000 3.943 1987 1.683 1.570 2.642 1988 1.582 2.100 3.322 1989 1.646 2.450 4.033 1990 1.876,4 1.175 2.204,8 1991 2.010 2.670 5.366,7 1992 1.567,8 2.770 4.342,8 1993 1.700 2.865 4.870,5 1994 1.887 3.180 6.000,7 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1995 1.754,9 1996 1.649,6 1997 1.501,1 1998 1.471,1 1999 1.540 2000 1.663,2 2001 1.460 2002 1.408,9 2003 1.296,2 2004 1.237,9 2005 1.436 2006 1.385,7 2007 1.391 2008 1.388,5 2009 1.151 2010 1.099,2 2011 1.113,5 2012 1.046,7 2013 1.031,2 2014 941 2015 823 2016 804,9 2017 728,4 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

1.800 2.500 3.000 2.230 2.446 3.750 2.675 3.750 2.700 1.269 3.167 4.300 3.826 3.060 4.860 5.255 3.002 5.050 5.544 6.560 7.160 7.500 6.628

3.158,8 4.124 4.503,3 3.280,6 3.766,5 6.237 3.905,5 5.283,4 3.499,7 1.570,9 4.547,8 5.958,5 5.322 4.248,8 5.593,9 5.776,3 3.342,7 5.285,8 5.717,0 6.173 5.892,7 6.036,8 4.827,8

A evolução da área cultivada, da produção e do rendimento do milho no Rio Grande do Sul é apresentada na Figura 36. Observa-se que o rendimento aumentou 120,7 kg/ha/ano, no período 1976/77 a 2017/18, representando o crescimento de rendimento mais expressivo dentre todos as culturas produtoras de grãos alimentícios no Rio Grande do Sul.

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Figura 36 – Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) do milho no estado do Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de grãos de milho, no Rio Grande do Sul, pelo período de 10 anos (Figura 37), observa-se uma evolução de 1.583 kg.ha-1 (1976/1985) para 2.258 kg.ha-1 (1986/1995), figurando um volume de +42,3%; para 2.748,7 kg.ha-1 (1996/2005), representando um crescimento de +21,7%; e, para 4.861,7 kg.ha-1 (2006/2015), representando +76,9%.

Figura 37 – Evolução do rendimento de milho no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016.

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h) Cultura da soja A soja também é a principal cultura produtora de grãos no Rio Grande do Sul, pela área cultivada, produção e geração de divisas. A área cultivada de soja apresentou um crescimento de 3.490 mil ha, na safra 1976/77, para uma área recorde de 5.692,1 mil ha, na safra 2017/18 (Tabela 26), o que representa um aumento de 63,0%. A produção também aumentou de 5.650 mil t, na safra 1976/77, para um recorde de 17.150,3 mil t, na safra 2017/18 (+203,5%). O rendimento aumentou de 1.619 kg/ha, na safra 1976/77, para 3.030 kg/ha, na safra de 2017/18 (+87,2 %). Tabela 26 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de soja, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 3.490 1.619 5.650 1977 3.754 1.246 4.676 1978 3.950 911 3.600 1979 3.987 1.400 5.581,8 1980 3.849 1.595 6.139 1981 3.603 1.180 4.251,5 1982 3.567 1.458 5.200,5 1983 3.567 1.515 5.404 1984 3.637 1.570 5.710,1 1985 3.261 1.000 3.261 1986 3.160 1.600 5.056 1987 3.476 1.040 3.615 1988 3.684 1.700 6.262,8 1989 3.577 1.800 6.438,6 1990 3.269,4 720 2.354 1991 2.970 1.950 5.791,5 1992 3.100 2.030 6.293 1993 3.162 1.800 5.691,6 1994 3.015 2.040 6.150,6 1995 2.804 1.570 4.402,3 1996 2.944,2 1.620 4.769,6 1997 3.150,3 2.100 6.615,6 1998 3.134,5 1.520 4.764,4 1999 3.009,1 1.650 4.965 2000 2.970 2.395 7.113,2 2001 3.305,6 1.705 5.636 2002 3.593,7 2.680 9.631,1 2003 3.971 1.400 5.559,4 2004 4.090,1 698 2.854,9 2005 3.967,4 1.960 7.776,1 2006 3.892 2.550 9.924,6 2007 3.834 2.028 7.775,4 2008 3.822,5 2.070 7.912,6 2009 3.976,2 2.570 10.218,8 2010 2.845 4.084,8 11.621,3 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2011 4.197,2 2012 4.618,60 2013 4.939,6 2014 5.249,2 2015 5.455 2016 5.569,6 2017 5.692,1 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

1.555 2.714 2.605 2.835 2.970 3.360 3.030

6.526,6 12.534,9 12.867,7 14.881,5 16.201,4 18.713,9 17.150,3

A evolução da área cultivada, da produção e do rendimento da soja no Rio Grande do Sul, no período 1976/77 a 2017/18, pode ser observada nos gráficos da Figura 38. Verifica-se que o rendimento médio aumentou, no período, em 38,7 kg/ha/ano.

Figura 38 – Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de soja, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de grãos de soja, por décadas, no Rio Grande do Sul (Figua 39), observa-se uma evolução de 1.349,4 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.625 kg.ha-1 (1986/1995), figurando um crescimento de +20,4%; para 1.772,8 kg.ha-1 (1996/2015), representando uma evolução de +9,1%; e para 2.474, 2 kg.ha-1, configurando um crescimento de +39,6%.

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Figura 39 – Evolução do rendimento de soja no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. i) Cultura do sorgo A área cultivada do sorgo no Rio Grande do Sul decresceu de 91 mil ha, na safra 1976/77, para apenas 9 mil ha, na safra 2017/18 (Tabela 27), uma redução de -90,1 %. A maior área cultivada de sorgo, ocorreu na safra de 1986, com 128,8 mil ha. A produção de sorgo, no Rio Grande do Sul, decresceu de 214 mil t, na safra 1976/77 para apenas 25,0 mil t, na safra 2017/18 (Tabela 27), o que representa uma redução de 88,3%. A maior produção obtida, no período, foi na safra de 1983, com 141,2 mil t. Quanto ao rendimento, observou-se um aumento de 2.352 kg/ha, na safra de 1976/77, para 2.777 kg/ha, na safra 2017/18 (Tabela 27), um crescimento de 18,1%. Na safra 2000, foi obtido o maior rendimento médio do sorgo no Rio Grande Sul, com 2.736 kg/ha. Tabela 27 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de sorgo, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/18 Anos Área (mil ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 91,0 2.352 214 1977 56,7 2.213 125,5 1978 53,4 1.629 87 1979 58,7 2.399 140,8 1980 52,2 2.502 130,6 1981 50,4 2.095 105,6 1982 52,7 2.199 115,9 1983 64,2 2.199 141,2 1984 55 2.000 110 1985 63,8 2.000 127,6 1986 128,8 2.050 264 1987 59,2 1.546 91,5 1988 50 1.500 75 1989 54 1.800 97,2 1990 48,6 1.440 70 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

52 44 31,5 29,4 31,6 31,5 27 29,5 33,5 53,3 39 30 23,4 21,7 25 25,6 23,8 21,8 20,6 17,7 28,4 28,4 15,2 10,5

1.795 2.050 2.187 2.146 2.199 2.111 2.120 2.050 1.980 2.736 2.240 2.240 1.690 1.280 2.280 2.400 2.354 2.261 2.395 2.528 1.924 2.465 2.645 2.426

93,3 90,2 68,9 63,1 69,5 66,5 57,2 60,5 66,3 145,8 87,4 67,2 39,5 27,8 57 61,4 56 49,3 49,3 44,7 54,6 70 40,2 25,5

2015

9,0

2.929

26,4

2016

9.0

3.000

27,0

2017 9,0 2.777 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

25,0

As tendências da área cultivada, da produção e do rendimento de sorgo, no Rio Grande Sul, no período 1976/77 a 2017/18 são apresentadas na Figura 40. O crescimento linear do rendimento médio cresceu apenas 13,8 kg/ha/ano.

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Figura 40 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de sorgo, no Rio Grande do Sul, safras 1976/77 a 2017/2018. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de grãos de sorgo, pelo período de 10 anos, no Rio Grande do Sul (Figura 41), observa-se uma evolução de 1.938,9 kg.ha-1 (1976/1985) para 1,871,3 kg.ha-1 (1986/1995), configurando um declínio de 3,5%; para 2072,7 kg.ha-1 (1996/2005), representando um crescimento de 10,8%; e para 2.432,7 kg.ha-1 (2006/2015), um crescimento de +17,4%.

Figura 41 – Evolução do rendimento de sorgo no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2016. j) Cultura do trigo A área de trigo, no Rio Grande do Sul, decresceu de 1.481,9 mil ha, na safra 1976, para 699,2 mil ha, na safra 2017 (Tabela 28). Isso representa um decréscimo de 52,8 % no período. Na safra de 1979, foi cultivada a maior área de trigo no Rio Grande do Sul, no período considerado, com 1.980 mil ha. A produção de trigo, no Rio Grande do Sul, cresceu de 1.177,8 mil t, na safra 1976, para 1.276,7 mil t, na safra 2017 (Tabela 28), um crescimento de 8,4%. A maior produção, no período considerado, foi obtida na safra 2011, de 2.742,2 mil t. O rendimento de trigo, no Rio Grande do Sul, cresceu de 798 kg/ha, na safra 1976, para 1.826 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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kg/ha, na safra 2017 (Tabela 28), um aumento de 128,8%. O melhor rendimento médio foi obtido na safra 2011, com 2.941 kg/ha. Tabela 28 – Evolução da área cultivada, rendimento e produção de grãos de trigo, no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Área cultivada (mil Anos ha) Rendimento (kg/ha) Produção (mil t) 1976 1.481,9 798 1.177,8 1977 1.523,5 453 689,7 1978 1.243,8 1.214 1.510 1979 1.980 487 965 1980 1.335 787 1.050 1981 905,6 1.187 1.075 1982 1.313 420 551,5 1983 722,2 1.042 752,3 1984 765,5 828 633,8 1985 950 1.034 982,3 1986 1.188 1.516 1.801,0 1987 983 1.780 1.749,7 1988 1.030 1.580 1.627,4 1989 750 1.900 1.425 1990 959 1.360 1.304,2 1991 659 1.230 810,6 1992 461 2.050 945,1 1993 531 1.590 844,3 1994 543,2 1.520 825,7 1995 300 1.100 330 1996 570 1.740 991,8 1997 484,5 1.260 610,5 1998 392,4 1.415 555,2 1999 386,5 1.800 695,7 2000 557 1.600 891,2 2001 601,6 1.700 1.022,7 2002 790 1.400 1.106 2003 1.098,1 2.045 2.245,6 2004 1.098,1 1.940 2.130,3 2005 845,5 1.850 1.564,2 2006 693,3 1.050 728 2007 848,4 2.028 1.720,6 2008 980,3 2.100 2.058,6 2009 859,8 2.100 1.805,6 2010 793,1 2.490 1.974,8 2011 932,4 2.941 2.742,2 2012 976 1.941 1.894,8 2013 1.030,2 2.430 2.503,4 Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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2014 1.140 2015 861,3 2016 776,9 2017 699,2 Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018.

1.330 1.700 3.214 1.826

1.516,2 1.464,2 2.497,0 1.276,7

Na Figura 42, podem-se observar as tendências da área cultivada, na produção e no rendimento médio de trigo, no Rio Grande do Sul, no período 1976 a 2017. O crescimento linear no período foi da ordem de 36,2kg/ha/ano.

Figura 42 - Evolução da área cultivada (mil ha), produção (mil t) e rendimento (kg.ha-1) de grãos de trigo, no Rio Grande do Sul, safras 1976 a 2017. Fonte: adaptado de IBGE, 2016; Conab, 2018. Na comparação das médias de rendimento de trigo, no Rio Grande do Sul, por períodos de 10 anos (Figura 43), verifica-se que ocorreu uma evolução de 755,2 kg.ha-1 (1976/1985) para 1.522,6 kg.ha-1 (1986/1995), configurando um crescimento de 101,6%; passando para 1.675 kg.ha-1 (1996/2005), o que representou +10,0%; e para 2011 kg.ha-1 (2006/2015), um crescimento de 20,0%.

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Figura 43 – Evolução do rendimento de trigo no Rio Grande do Sul, por décadas, safras 1976 a 2015. Fonte: adaptado de Conab, 1977 a 2015. 4. CESTA BÁSICA, HÁBITO E EDUCAÇÃO ALIMENTAR A cesta básica é elitizada em alguns produtos alimentares. Por exemplo, observa-se que, na sua composição, participam produtos como tomate e batata, não considerando produtos como mandioca, batata–doce e milho. Também o ovo e a margarina fazem parte da relação de produtos, os quais podem ser produzidos também em todo o Brasil. De um lado, entende-se o aspecto político da presença desses produtos na composição da cesta básica e, de outro, reconhece-se que isso influencia a educação básica alimentar. Não se pode conceber que produtos de ampla adaptação às diferentes condições edafo-climáticas do Brasil, como o milho, a mandioca e a batata-doce, não componham a relação de produtos básicos para a dieta alimentar. A mandioca poderia substituir parte das necessidades de calorias necessárias. E a grande vantagem é que não precisa ser industrializada como, por exemplo, o trigo, baixando o custo do produto. Deve-se salientar também que é uma cultura com extraordinária versatilidade agronômica e de utilização, senão vejamos; produz mesmo em solos pobres, não necessita de fungicida ou inseticida, pode ser “armazenada” no campo de um ano para o outro e tem excelente aceitação para alimentação animal. A batata-doce também poderia substituir, ao menos em parte, a batata que é preconizada na composição da cesta básica. Também é um produto de consumo direto, de fácil conservação, sem necessidade de intermediários ou indústrias para processá-las. É, igualmente, uma cultura de alto rendimento por área, adaptada, portanto, também para pequenas propriedades, ou seja, poderia ser produzida próximo dos centros de consumo e com isso chegaria com preços baixos à mesa do consumidor. Quanto ao milho, um dos cereais mais versáteis no que se refere a formas de utilização na alimentação, também não compõe a relação de produto de cesta básica. Esses três produtos citados deveriam ser mais utilizados na alimentação humana. O hábito alimentar da população talvez tenha sido formado para consumo de farinha de trigo e pão. Porém, com a retirada do subsídio do trigo, essa substituição poderá ser posta em prática. A forma mais eficaz de adequar o hábito alimentar da população, induzindo-a a consumir produtos que o Brasil produz é educar as crianças (Floss, 1985). Nesse sentido, a merenda escolar apresenta uma ótima oportunidade, pois a população jovem formaria o hábito alimentar e teria a educação para consumo de produtos regionais, atendendo às peculiaridades dos produtos produzidos nas distintas regiões do Brasil. Além de reduzir os custos da Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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ração da merenda escolar, estimularia o consumo dos produtos locais, favorecendo também os produtos da região. Quanto ao suprimento de proteínas, não se entende porque o ovo não participa como fonte de proteínas. É um produto fácil de ser produzido em qualquer parte do país e também essencial para a alimentação infantil. Apresenta baixos preços, quando comparado com outras fontes de proteína animal. A soja, que o Brasil é o segundo maior produtor mundial, é uma das maiores fontes de proteínas vegetal, mas praticamente não é consumida pela população brasileira, a não ser o óleo. É a única proteína vegetal que apresenta valor nutritivo e biológico semelhante à proteína animal, advinda das carnes, do ovo e do leite. Boa parte da necessidade de proteína poderia ser fornecida pela soja (Canto; Santos, 1982). Além de sua utilização na merenda escolar, deveria ser pesquisada uma forma de consumo adaptado ao hábito alimentar da população brasileira. Conclui-se que, há produtos alternativos de fácil produção em todo o Brasil, que serviriam para atenuar a fome e a deficiência alimentar mais grave de grande parte da população brasileira, especialmente a de mais baixa renda. É necessário adequar o hábito alimentar ao que se produz no país, pois são produtos mais baratos e de composição semelhante a alguns produtos da cesta básica que são mais caros. As crianças são a melhor alternativa para educação e formação do hábito alimentar. Há necessidade de se conhecer e dar conhecimento à população brasileira, a respeito da composição, e/ou do valor biológico dos diferentes alimentos, bem como da importância de consumo de uma ração bem balanceada. 5. LOGÍSTICA, BUROCRACIA E AGROINDUSTRIALIZAÇÃO As safras recordes alcançadas pelo Brasil nos últimos anos são o resultado da interação dos principais fatores que influenciam na produtividade/rendimento das culturas que são as condições adequadas de solo (propriedades físicas, químicas e biológicas), o clima favorável (chuva, insolação, temperatura, umidade relativa, etc.), a genética diferenciada (cultivares com maiores potenciais de rendimento, melhor qualidade industrial e nutritiva, adaptados às diferentes condições de ambiente, resistência às principais moléstias e tolerância a estresses abióticos) e a aplicação das modernas tecnologias de manejo das culturas, garantindo um equilíbrio nutricional e hormonal e a sanidade das plantas. Nos últimos 22 anos (1995 a 2017), a produção brasileira de grãos aumentou de 75 milhões de t para 237 milhões de t, um aumento 216% no período, ou seja, mais de 9,8% ao ano. Essa elevação significativa da produção de grãos alimentícios tem garantido o abastecimento interno e a exportação de excedentes crescentes, cujas divisas têm mantido a balança comercial brasileira positiva. O maior desafio é levar essa produção recorde, da região produtora aos armazéns, portos e indústrias, num curto período de tempo. 5.1 Faltam armazéns Nos países desenvolvidos, com políticas de segurança alimentar, a capacidade de armazenamento de grãos alimentícios é duas vezes a capacidade produtiva anual. Além de segurança alimentar, a maior capacidade armazenadora representa um poder de barganha para o produtor comercializar sua safra com preços melhores, que normalmente, ocorrem na entressafra. Graças aos investimentos e o empreendedorismo dos atores das cadeias produtivas de grãos, a produção brasileira cresceu significativamente a partir de 1994. Mas, a capacidade de armazenamento não acompanhou esses crescimentos. Os caminhões viraram armazéns de grãos. Quem viaja ao Mato Grosso observa grandes quantidades de milho jogadas em montanhas a céu aberto ao redor de armazéns. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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Enquanto a produção brasileira de grãos é estimada em 238 milhões de t temos uma capacidade de armazenamento, em condições técnicas adequadas, de apenas 143 milhões de t. O governo deve criar linhas de financiamento, com juros compatíveis e longos prazos, para que produtores, cooperativas, cerealistas e indústrias possam construir, de forma rápida e econômica, armazéns no Brasil, especialmente, nas novas fronteiras agrícolas. 5.2 As estradas Quem viaja por outros estados brasileiros verifica com facilidade o quanto estamos mal de rodovias no Rio Grande do Sul. No estado de São Paulo, praticamente todas as estradas federais e estaduais estão duplicadas. O mesmo acontece também nas principais rodovias dos estados do Paraná e Minas Gerais. Temos, no Rio Grande do Sul, duplicada, apenas, e há muitos anos, a BR 101, entre Porto Alegre e Osório. A BR 386, conhecida como a Estrada da Produção ou Rodovia Governador Leonel de Moura Brizola, também já deveria estar duplicada. Uma rodovia extremamente relevante no escoamento da produção ao grande centro metropolitano e também ao Porto de Rio Grande. O curto trecho em duplicação, entre Porto Alegre e Estrela, é pouco pela importância e o movimento de caminhões e carros que apresenta. Também é o caso da BR 285, a rodovia Leste/Oeste do RS, que liga o Brasil ao Mercosul, que não tem nenhum trecho duplicado. 5.3 O Brasil precisa de ferrovias Na década de 1950, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira iniciou a implantação das indústrias automotivas no Brasil, inclusive a indústria de pneus. A Fábrica Nacional de MotoresFNM, dos primeiros caminhões, foi instalada no seu estado natal, Minas Gerais. A partir dessa época, as ferrovias brasileiras foram esquecidas e os investimentos públicos foram priorizados para o transporte rodoviário. No final da década de 1950, começam as campanhas nacionalistas, defendendo a estatização das vias férias. O resultado dessa política foi o sucateamento da rede ferroviária brasileira, com participação cada vez menor no nosso transporte. Em 1996, é realizada a privatização da rede, tendo como objetivo aumentar a participação do transporte ferroviário, considerando a incapacidade de investimentos federais. Foram privatizadas as linhas férreas e também os trens. Em várias regiões, as empresas privadas que adquiriram a rede, fizeram investimentos, no entanto, atendem apenas a seus interesses, especialmente, no transporte de minérios. De maneira geral, ao invés dos desejados investimentos privados no setor, na maioria das regiões, a rede ferroviária encolheu. A partir do ano 2009, observa-se uma retomada, envolvendo governos municipais, estaduais e federais e a iniciativa privada. Com destaque para a construção da ferrovia que pode ligar o Porto de Rio Grande com o Porto de Belém do Pará ou Itaqui, em São Luis do Maranhão, construindo a verdadeira Ferrovia Norte-Sul. Lateralmente, essa linha férrea mestre estaria ligando as mais diferentes regiões brasileiras. Inclusive, a extensão ligando o Oceano Atlântico com o Oceano Pacífico, no Sul via Brasil-Paraguai-Argentina-Chile e no Centro-norte na via Brasil- Bolívia-Peru. No entanto, em razão da grande crise de corrupção, envolvendo políticos e construtoras, as obras estão estagnadas. 5.4 Faltam portos Além da falta de caminhões, de estradas em boas condições de tráfego, a falta de maiores investimentos em ferrovias e a falta de capacidade de armazenamento, outro problema logístico sério no Brasil é a questão da insuficiência de portos. Os investimentos realizados nos últimos anos foram muito aquém das necessidades diante do crescimento da produção nacional de grãos e carnes. Isso limita significativamente nossa competitividade no mercado mundial. Assistimos frequentemente pela TV, as imagens de mais de 40 km de caminhões esperando descarregar soja em alguns portos brasileiros, especialmente em Paranaguá e Santos. Esse tempo perdido pelos caminhoneiros aumenta o custo, que representa menos renda aos produtores. E, no Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 03 | junho de 2019

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mar, muitos navios esperando para carregar ou descarregar. Cada dia parado de um navio tem um custo entre 30 a 60 mil dólares. No mês de maio de 2013, o Congresso Nacional aprovou uma legislação portuária para o Brasil. O governo federal, finalmente, sentiu que há um grande problema para o desenvolvimento brasileiro que é a falta de portos que atendam à necessidade de exportação e importação. O crescimento vertiginoso da produção brasileira de grãos e o aumento na exportação criaram um verdadeiro colapso nos serviços portuários. A primeira necessidade é a ampliação dos portos. Como o governo federal é um “paquiderma” (pesado e lento nas ações), a solução é a privatização paulatina dos portos, bem como, permitir a exploração dos serviços portuários pelas empresas privadas. A falta de investimentos dos últimos anos gerou esses problemas. Não é fácil construir um porto. Estima-se que o licenciamento ambiental e legal de áreas costeiras para construção de portos demora, aproximadamente, 3,5 anos. A construção propriamente dita outros 3,5 anos, para um porto da capacidade de Santos, Paranaguá ou Rio Grande. Portanto, uma vez sancionada a lei, considerando ainda a elaboração dos editais de licitação, não teremos um novo porto antes de 2020. Se a produção brasileira de grãos e quantidades exportadas continuar crescendo na ordem de 7% ao ano, em 2020, a necessidade terá aumentado em 60%. Portanto, o caos portuário é inevitável, porque os governos se preocupam mais com o custeio, com as eleições (a busca da perpetuação no poder) e sem planejamento de investimentos a médio e longo prazo. Obras que, obrigatoriamente, são mais longas que os mandatos. O Brasil ocupa 135º. lugar no mundo, quanto à infraestrutura em portos. Mesmo considerando os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), estamos em último lugar. A melhor estrutura de portos é da África do Sul (52º no mundo), seguido de China (59º), Índia (80º) e Rússia (93º). O descarregamento de cargas especiais em portos brasileiros demora, aproximadamente, 10 dias, sendo 5,5 dias de trâmites burocráticos e 4,5 na operação de descarregamento propriamente dita. São vários órgãos públicos que necessitam aprovar, distantes um do outro. Outro fator inexplicável é que a alfândega ou aduana não funciona 24h, como deveria. Somente atende, no horário comercial, ainda que exista um decreto assinado em 1966, pelo então presidente Castelo Branco, determinando que as aduanas alfandegárias funcionem 24h por dia. Até o atual ano de 2019, isso não foi regulamentado, principalmente, devido ao corporativismo dos sindicatos portuários. Se o decreto fosse colocado em prática, ganharíamos, de um dia para outro, uma capacidade portuária equivalente a um porto de Paranaguá. Portanto, isso não depende apenas de verbas, e, sim, de vontade política. 5.5 Agroindustrialização O estímulo à agroindústria visaria atender também o pequeno produtor que colocaria seus produtos no mercado interno. Além de regulador de abastecimento de mercado interno, o pequeno produtor permaneceria no campo, não agravando os problemas sociais criados com sua vinda para as cidades. Essa é também a forma mais barata de criar empregos, a custos muito mais baixos que criar emprego na zona urbana. O Brasil precisa reduzir paulatinamente a exportação de matérias primas (ex. grãos), para agregar renda pelo processamento e pela distribuição. “País que exporta matérias primas, exporta empregos, renda e tributos”.

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