Espaço Memória Ginásio São Francisco Instituto Espinhaço

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2ª Parte

Texto sobre o Ginásio São Francisco elaborado a partir da documentação levantada

A

documentação reunida nos permite reconstruir a trajetória histórica do Colégio desde a sua fundação, em 1918, até a sua total desativação, no ano de 1979. Para melhor se contemplar essa trajetória, tornou-se necessário dividir esse processo em três etapas: 1ª – que vai de sua fundação até o ano de 1930; 2ª – que vai de 1931, quando adota o ensino secundário, até 1970; 3ª – que vai de 1971, quando recebe o ensino de 2º grau ou científico, até sua extinção, ao final do ano letivo de 1979. Esta divisão cronológica é necessária, na medida em que reflete a própria situação do ensino no Brasil, em cada etapa acima adotada, cujas mudanças, direcionadas a partir dos poderes públicos federal e estadual, incidiram em cheio sobre as escolas, tanto públicas quanto particulares, localizadas em pontos tão distantes dos grandes centros, como foi o caso do educandário situado em Conceição do Mato Dentro.

1ª Etapa Das origens até o ano de 1930: Tempos de afirmação Antes de entrarmos no âmbito narrativo do Ginásio propriamente dito, é interessante apontar aqui os antecedentes históricos que conduziram à concretização desse empreendimento em Conceição do Mato Dentro. Nessa perspectiva, podemos afirmar que o surgimento do Ginásio Agrícola São Francisco, em fins da segunda década do século XX, está relacionado a três importantes fatores que, de certa forma, se interligam na história mineira, embora também tenham suas raízes lançadas na história do Brasil colonial. O primeiro fator está ligado à fundação da cidade de Itambacuri pelos frades capuchinhos,

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na segunda metade do século XIX. Mas, antes de narrar esta epopeia histórica, é preciso recuar um pouco para demonstrar o papel desses missionários “ambulantes” na formação religiosa e cultural do Brasil. Inicialmente, é importante entender quem eram esses frades capuchinhos. Trata-se de um ramo da família dos Franciscanos, surgido por volta de 1520, quando um monge franciscano, por nome Mateo da Bascio, originário da região de Marche, na Itália, se deu conta de que a roupa vestida pelos franciscanos não era do mesmo tipo daquela vestida por São Francisco. Assim, ele confeccionou um capuz pontudo, deixou a barba crescer e passou a andar descalço. Seus superiores tentaram suprimir essas inovações, mas, em 1528, ele obteve o consentimento do papa Clemente VII. Foi-lhe dada permissão de viver como um eremita e de ir aonde quisesse para rezar pelos pobres. Essas permissões não foram dadas somente a ele, mas a todos que desejassem se juntar a ele, a fim de restaurar a obediência literal às regras do fundador da Ordem, São Francisco de Assis. Logo, outros viriam se juntar ao ermitão. Os Franciscanos Observantes se opuseram ao movimento, mas os Conventuais o apoiaram, de modo que Matteo e seus irmãos se reuniram em uma congregação que se intitulou Frades Menores Eremitas, como um ramo dos Franciscanos Conventuais, mas com um vigário próprio, embora sujeito à jurisdição do Geral dos Conventuais. O nome popular de frade capuchinho deriva do nome do capuz (capucize) usado por eles. Os frades capuchinhos atuaram no Brasil casualmente: a chegada deles não estava ligada a percursos coloniais portugueses. Os primeiros

Lançamento da Pedra Fundamental do Santuário do Bom Jesus do Matozinhos em 1931


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