VII Congresso ASBRo - Livro de Programa e resumos

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Livro de Programas e Resumos

VII Congresso da ASBRo - 2014

O procedimento de desenhos-estorias e as vivências emocionais de pais de filhos com traços autistas Maria Izilda Soares Martão Leila S. C. Tardivo Universidade de São Paulo

Nossa prática clínica e estudos por nós realizados sobre as vivências emocionais de pais de filhos com traços autistas apontaram para a necessidade de ampliar nossa compreensão acerca do psiquismo dos pais para pensar em meios de intervenções que favoreçam um contato mais efetivo consigo próprios e o estabelecimento de relações mais favoráveis com o filho autista. Este trabalho é um recorte de uma tese de Doutorado apresentada no IPUSP com esse propósito. Através da utilização do Diagnóstico de tipo compreensivo, conceito exposto por Walter Trinca, e uma metodologia clínica qualitativa, de base psicanalítica, realizamos 10 estudos de caso, de ambos os pais, casados, cujos filhos apresentassem traços autistas. Os sujeitos foram submetidos aos procedimentos: Entrevistas clínicas e o Procedimento de Desenhos-Estórias do mesmo autor, em cada um dos pais em separado. Ilustraremos com um caso clínico, de um casal, cujos nomes fictícios são Tereza e Luiz. Os resultados obtidos revelaram aspectos emocionais individuais dos participantes e aspectos da dinâmica do casal dentre os quais destacamos, dificuldades emocionais anteriores ao casamento, pouco continentes das próprias emoções, adiam o enfrentamento e a busca de solução para suas insatisfações emocionais individuais. Desejos de encontrar um ambiente mais favorável para usufruir a vida e refletir sobre si e sobre as próprias emoções, porém, frente à dura realidade que lhes fora imposta, sentem-se paralisados. Teresa mostrou condições emocionais mais favoráveis: identificou suas dificuldades e desejos de refletir sobre a paralisação em que vivia. Ela queria efetuar mudanças, mas não sabia por onde começar, queria trabalhar, fazer algo que desse sentido a sua vida. Ela reconheceu que ter um filho autista não implica necessariamente na anulação de si própria. Ambos relataram que têm percepção sobre suas dificuldades e que o autismo do filho não é o maior empecilho em suas vidas. Eles reconheceram que há fatores emocionais individuais e concluíram que necessitam de ajuda para ter mobilidade emocional e encontrar soluções que dêem sentido às suas vidas. Fato que denota que eles têm alguns recursos preservados. Como conclusão pode-se dizer da relevância do Procedimento de Desenhos-Estórias, enquanto técnica projetiva livre na apreensão dos aspectos subjetivos dos pais; da sua utilidade para a sociedade pela simplicidade e o baixo custo de sua aplicação; da importância da utilização do D-E como recurso utilizado em pesquisas ou na prática clínica com grande número de participantes independente da idade, escolaridade e condição social. Uma compreensão mais ampla dos aspectos psíquicos dos pais pode, ainda, embasar programas preventivos e interventivos, de forma a lhes fortalecer a autoestima, a esperança e os desejos de mudança. Palavras-chave: Procedimento D-E, Entrevista clínica, Autismo

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